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Betão Armado e Pré-Esforçado I

MÓDULO 1 – Introdução ao comportamento das estruturas de


betão armado

1. Comportamento do Betão Estrutural

Notações

f – resistência do material
fc – tensão de rotura do betão à compressão
fct - tensão de rotura do betão à tracção
Ec – módulo de elasticidade do betão
fy – tensão de cedência do aço
fu – tensão de rotura do aço
Es – módulo de elasticidade do aço

1.1. ELEMENTO DE BETÃO SEM INCLUSÃO DE ARMADURAS

Considere-se a viga de betão simples ilustrada na figura seguinte, bem como os


diagramas de esforços correspondentes a uma carga pontual genérica P aplicada a
meio vão.

0.50

0.20
5.00

P/2 P/2

DEV
P/2
(+)

(-) P/2

DMF

(+)

PL/4

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Betão Armado e Pré-Esforçado I

Como se pode verificar, o maior momento flector ocorre a meio vão, estando esta
secção sujeita ao seguinte diagrama de tensões normais.
σ2

h/2
G M

h/2

y σ1

M×y M I
Tensões: σ = I ; σmáx = w em que w = y (módulo de flexão)
máx

b h3 2 b h2
(para uma secção rectangular, w = 12 × h = 6 )

Para um determinado nível de carga P ocorrerá a fendilhação da secção de meio vão


(por ser a secção mais esforçada) e, consequentemente a rotura da viga.

Na figura seguinte podem observar-se os diagramas momentos-curvaturas e carga-


deslocamento que ilustram o comportamento da viga de betão simples desde o início
do carregamento até à rotura (rotura frágil).

a) Diagrama momento-curvatura b) Diagrama carga-deslocamento

M P

EI (rigidez de flexão)

1/ R δ

Este comportamento resulta da lei de comportamento do material betão:

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(20 a 80 MPa) Índice c – “concrete”


fc

fc – tensão de rotura do betão à compressão


Ec (≈30 GPa) fct – tensão de rotura do betão à tracção
Ec – módulo de elasticidade do betão
≈ 3.5‰ ε
f ct (2 a 5 MPa)

Através da análise da relação constitutiva do betão pode concluir-se que este é um


material que possui uma boa resistência à compressão e uma baixa resistência à
tracção (da ordem de 1/10 a 1/15 da resistência à compressão).

Cálculo do momento de fendilhação

Admite-se fct = 2.0 MPa


M M×v bh2
σ= w = I e w= 6 (para uma secção rectangular)

Deste modo, o momento de fendilhação pode ser calculado pela expressão:

0.20 × 0.502
Mcr = fct × w = 2 × 103 × 6 = 16.7 kNm

A carga P que provoca o início da fendilhação está associada ao momento de


fendilhação podendo ser calculada através da seguinte relação:

PL 4Mcr 4 × 16.7
Mcr = 4 ⇒ P = L = 5 = 13.4 kN

Conclusão: Uma viga de betão simples não explora a capacidade resistente do


material em compressão, e está associada a uma baixa capacidade de
carga (condicionada pela fendilhação) e a uma rotura frágil.

Solução: Introduzir um material com boa resistência à tracção nas regiões onde é
necessário ⇒ Betão armado (betão +armadura)

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1.2. ELEMENTO DE BETÃO ARMADO

Armadura: material dúctil com bom comportamento quer à tracção quer à compressão

fu Índice s – “steel”
(200 a 800 MPa) fy
Índice y – “yeld” (cedência)

Es (≈200 GPa)
fy+ ≈ fy-

2.5 a 10% ε

fy

A introdução deste elemento no betão permite melhorar consideravelmente o


comportamento deste material, dado que, após a fendilhação, as tensões de tracção
passam a ser resistidas pela armadura.

Na figura seguinte podem observar-se os diagramas momentos-curvaturas e carga-


deslocamento que ilustram o comportamento da viga de betão armado desde o início
do carregamento até à rotura.

a) Diagrama momento-curvatura b) Diagrama carga-deslocamento

M I P
II
(2) (3)
(1) - fendilhação do betão
(1)
Mcr (2) - cedência das armaduras
(3) - rotura

1/ R δ

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1.3. CÁLCULO DAS TENSÕES NUMA SECÇÃO APÓS FENDILHAÇÃO

Considere-se a seguinte secção de betão armado.

Admite-se:

As = 10.0 cm2
d 0.50
d = 0.45 m (altura útil da armadura)

Ec = 30 GPa

0.20 Es = 200 GPa

(i) Cálculo da quantidade mínima de armadura a adoptar por forma a resistir às


tensões de tracção, após a fendilhação do betão

Fc
h 1
Fs ≥ Fct ⇔ As, min × fyk ≥ b × 2 × 2 fct ⇔

0.5 3 1 4 2
Fct h/2 ⇔ As, min ≥ 0.2 × 4 × 2×10 × 400×103 × 10 = 1.25 cm

b f ct

(antes de fendilhar)

(ii) Cálculo do estado de tensão na secção imediatamente após a fendilhação do betão

Hipóteses consideradas:

− O betão não resiste à tracção


− As secções mantêm-se planas após a fendilhação

εc σc
(Fc)
(-)
x
LN
d M cr
z
(+)
εs σs (Fs)

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Cálculo da posição da linha neutra

Através da determinação do centro de gravidade da secção homogeneizada,

∑Ai xi bx × x/2 + As × Es/Ec × d Es x Es


x= = ⇔ x bx + As × E  = bx × 2 + As × E × d ⇔
∑Ai bx + As × Es /Ec  c  c

Es bx2 Es bx2 Es
⇔ bx2 + As × E × x = 2 + As × E × d ⇔ = As × (d - x)
c c 2 Ec
(equação que traduz a igualdade de momentos estáticos)

Para a secção em estudo,

0.2x2 -4 200 2 -3
2 = 10×10 x 30 (0.45 - x) ⇔ 0.1x + 6.67×10 - 0.03 = 0 ⇒ x = 0.143 m
x 0.143
z = d - 3 = 0.45 - 3 = 0.40 m

Cálculo da tensão no betão (σc)

Mcr 16.7
Por equilíbrio: Mcr = Fs × z = Fc × z =16.7 kNm ⇔ Fc = z = 0.40 = 41.8 kN

σc × x × b 2Fc 2 × 41.8
Fc = ⇔ σc = bx = = 2923 kN/m2 ≅ 2.9 MPa
2 0.20 × 0.143

Cálculo da tensão nas armaduras (σs)

Fs 41.8
Fs = σs × As ⇔ σs = A = = 41800 kN/m2 = 41.8 MPa
s 10 × 10-4

Cálculo das extensões máxima no betão e nas armaduras (εc e εs)


σc
ε = E =
2923
= 0.097×10-3 ≅ 0.1‰
 30×106
c
c
σ=E×ε⇒
ε σs 41800
 s = E =
s 200×106
= 0.2‰

εc x d-x 0.45 - 0.143


ou = d - x ⇒ εs = x εc = × 0.097×10-3 = 0.2‰
εs 0.143

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εc = 0.1‰ -2.9

(-)
0.143
LN

1/R
(+)
εs = 0.2‰ 41.8

ε σ [MPa]
Cálculo da curvatura

1 εc + εs 0.1×10-3 + 0.2×10-3
R = d = 0.45 = 6.67×10-4 m-1

Antes da fendilhação,
2.0 εc
(-) σc 2.0
εc = E = = 6.67×10-5
c 30×103

1 2 × 6.67×10-5
R = 0.5 = 2.67×10-4 m-1
(+)

2.0 εc
σ [MPa]

1 / RI
Conforme se pode verificar, 1 / R ≅ 2.5
II

1.4. CÁLCULO DO MOMENTO DE CEDÊNCIA DA SECÇÃO

Em estado II (estado fendilhado) a linha neutra é invariável, pelo que, a um acréscimo


do momento flector irá somente corresponder um aumento de curvatura com
consequente aumento de tensões.
εc σ c1 σ c2
(-)

LN

(+)
εs σ s1 σ s2
M1 M2 > M1

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A continuação da aplicação da carga P conduz ao aumento das tensões nas fibras


(para a região de comportamento não linear).
σc 1 σ c2
Fc Fc

LN LN

z1 M1 z2 M2
M 1 < M2

F s1 F s2

A variação do braço não é significativa (z1 ≅ z2), pelo que My ≅ z × F

Cálculo do momento de cedência da secção

σs = fy = 400M Pa ⇒ Fs = 400×103 × 10×10-4 = 400 kN


z = 0.40m ⇒ My = 0.4 × 400 = 160 kNm

1.5. DIFERENÇA DO COMPORTAMENTO SECÇÃO / ESTRUTURA

a) Secção b) Estrutura

M I M I
II II

My = 160

Mcr = 16.7

1 /R 1 /R

As estruturas são compostas por inúmeras secções pelo que, o efeito da fendilhação
em algumas secções (perda de rigidez brusca nessas secções), vai conduzir a uma
diminuição gradual de rigidez da estrutura.
P
(2) (3)

(1)

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1.6. DETERMINAÇÃO DA REGIÃO ONDE OCORRE FENDILHAÇÃO NUMA VIGA PARA UM


DETERMINADO CARREGAMENTO

Região onde ocorre


DMF fendilhação para Pmáx

Mcr

Mmáx

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2. O Conceito de Segurança no Dimensionamento de Estruturas

2.1. OBJECTIVOS DE SEGURANÇA NA ENGENHARIA ESTRUTURAL EM GERAL

1) Garantir um bom comportamento das estruturas em situação corrente de serviço

Na forma regulamentar este objectivo corresponde a verificar a segurança aos


Estados Limite de Utilização:

‰ Limitar a deformação (estruturas em geral)


L
δserviço ≤ δadmissível ≅ 400
 

‰ Controlar os níveis de fendilhação (estruturas de betão armado em particular)

ωserviço ≤ ωadmissível (0.2 a 0.4mm)

‰ Garantir um adequado comportamento dinâmico (estruturas em geral)

(ex: controlo de frequências próprias de vibração)

2) Assegurar um nível de segurança adequado em relação a determinadas situações


de rotura (rotura local ou global da estrutura)

Na forma regulamentar este objectivo corresponde a verificar a segurança aos


Estados Limite Últimos

‰ Flexão

‰ Esforço transverso

‰ Encurvadura

‰ Equilíbrio

2.2. FILOSOFIA ADOPTADA NA VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA EM RELAÇÃO AOS ESTADOS


LIMITE ÚLTIMOS

1) Definição de valores característicos para:

‰ valores das acções Ssk (95% de probabilidade de não serem excedidos)

‰ resistências dos materiais SRk (95% de probabilidade de serem superiores).

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2) Adopção de coeficientes de segurança parciais que:

‰ majorem as cargas, consoante o tipo de acção:

• Acções permanentes: valor aproximadamente constante durante a vida


útil da estrutura (ex: peso próprio, equipamentos fixos, etc.)

γg = 1.0 ou 1.35 (consoante a acção for ou não favorável)

• Acções variáveis: variam durante a vida útil da estrutura (ex: sobrecarga,


vento, sismo, variação de temperatura, etc.)

γq = 0.0 ou 1.5 (consoante a acção for ou não desfavorável)

• Acções acidentais: muito fraca probabilidade de ocorrência durante a


vida útil da estrutura (ex: explosões, choques, incêndios, etc.) γa = 1.0

‰ minorem as resistências dos diferentes tipos de materiais:

• Armaduras (γs = 1.15)

• Betão (γc = 1.5)


fyk fck
Exemplo: fyd = ;f =
γs cd γc

3) Estabelecimento de combinações de acções, conforme especificado no RSA

Exemplo: Ssd = γg Sg + γq (Sq + Σψ0 Sq) (ψ0 ≤ 1 – coeficiente de combinação)

4) Avaliação dos efeitos estruturais das acções na estrutura, usualmente com base
numa análise elástica linear da mesma, e obtenção de esforços de cálculo

Exemplo: Msd = γg Mg + γq Mq + γq ψ0i Mqi

5) Avaliação das resistências de cálculo e capacidades resistentes (forças ou esforços)


fyk
Exemplo: MRd = As × 1.15 × z

6) Verificação da condição de segurança SSd ≤ SRd

Exemplo: Msd ≤ MRd

No caso do exemplo anterior,


PL 5 400
M = 4 ⇒ Msd = 1.5 × P × 4 ≤ MRd = 10×10-4 × 1.15 × 103 × 0.40 ⇔ P ≤ 74.2 kN

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Relação que estabelece a condição de segurança

Ssm Ssk Ssd SRd SRk SRm

Acções ou efeitos das acções Resistência

De acordo com esta formulação, a probabilidade de ruína de uma estrutura, projectada


e construída de acordo com os requisitos regulamentares, deverá ser inferior a 10-5.

2.3. FILOSOFIA ADOPTADA NA VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA EM RELAÇÃO AOS ESTADOS


LIMITES DE UTILIZAÇÃO

1) Definição dos valores da acção que actuam na estrutura

2) Estabelecimento de combinações de acções, conforme preconizado no RSA:

‰ Combinação quase permanente de acções: Estado limite de longa duração


(≥ 50% do tempo de vida da estrutura) Scqp = G + Σψ2 Q

‰ Combinação frequente acções: Estado limite de curta duração (≥ 5% do


tempo de vida da estrutura) Sfreq = G + ψ1 Q + Σψ2 Qi

‰ Combinação rara: Estado limite de muito curta duração (algumas horas no


período de vida da estrutura) Sraro = G + Q + Σψ1 Qi
(ψ2 < ψ1 < 1.0)

Q – acção variável de base


Qi – restantes acções variáveis

3) Avaliação dos efeitos estruturais das acções, considerando em geral uma análise
elástica linear e as propriedades médias dos materiais por forma a estimar o
comportamento previsível. Em geral é importante considerar os efeitos da fendilhação
(perda de rigidez) e fluência do betão

4) Verificar a condição de segurança

Exemplo: δserviço ≤ δadmissível

Esta formulação conduz a que a probabilidade de serem excedidos valores


admissíveis seja da ordem de 10-1.

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EXERCÍCIO 3

Considere a estrutura da figura seguinte:

Materiais: C25/30, A400


4.00 4.00 4.00 4.00

Acções:
Peso próprio
Revestimento=2.0 kN/m2
Sobrecarga = 3.0 kN/m2

10.00 S2
Coeficientes de majoração:
γG = γQ = 1.5

Coeficientes de combinação:
S1 ψ1 = 0.4 ; ψ2 = 0.2

3.00 Secção da viga: 0.30×0.85 m2

Espessura da laje: 0.15m

a) Determine, para as secções S1 e S2 da viga, os valores de cálculo dos esforços.

b) Calcule, para as mesmas secções, os esforços para as combinações rara,


frequente e quase-permanente.

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RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO 3

1. Modelo de cálculo:

Modelo para o cálculo da viga Corte transversal à viga


rev, q
g, q
0.15
S2 S1
0.70
10.00 3.00
0.30
4.00

Comentários ao modelo de cálculo:


− Consideraram-se as vigas como contínuas, i.e., desprezou-se a continuidade
na ligação aos pilares;
− Considerou-se que as lajes descarregam apenas nas vigas transversais.

2. Cálculo das acções na viga

2.1. Carga permanente

• Peso próprio
pp = γbetão × Área = [4 × 0.15 + (0.85 – 0.15) × 0.30] × 25 = 20.3kN/m

• Revestimento
rev = 2.0 × 4.0 = 8.0kN/m

cp = pp + rev = 20.3 + 8.0 = 28.3kN/m

2.2. Sobrecarga

sc = 3.0 × 4.0 = 12.0kN/m

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3. Diagrama de esforços para uma carga unitária

p=1 kN/m

S1 S2

10.00 3.00

RA RB

DEV
[kN] 4.55 3.0
(+) (+)
(-)
x
5.45
DMF 4.5
[kNm]
(-)

(+)

10.25

(i) Cálculo das reacções de apoio


13
ΣMA = 0 ⇔ 10 × RB – 1.0 × 13 × 2 = 0 ⇔ RB = 8.45kN

ΣF = 0 ⇔ RA + RB = 13 ⇒ RA = 13 – 8.45 = 4.55kN

(ii) Cálculo do momento flector a ½ vão

3
MB = – 1 × 3 × 2 = - 4.5kN/m
pL2/8
102 4.5
M½vão = 1 × 8 - 2 = 10.25kNm L/2 L/2

(ii) Cálculo do momento flector máximo

4.55 + 5.45 10.0


4.55 = x ⇒ x = 4.55m

4.55 × 4.55
Mmáx = 2 = 10.35kNm

⇒ M½vão ≅ Mmáx

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ALÍNEA A)

Secção S1 Secção S2

MS1
G
= – 4.5 × 28.3 = - 127.35 kNm MS2
G
= 10.25 × 28.3 = 290.1 kNm

MS1
Q
= – 4.5 × 12.0 = - 54 kNm MS2
Q
= 10.25 × 12.0 = 123.0 kNm

VS1
G
= –5.45 × 28.3 = 154.2 kN

VS1
Q
= –5.45 × 12.0 = 65.4 kN

Valores de cálculo dos esforços

MS1
sd
= 1.5 × (MS1
G Q)
+ MS1 = 1.5 × (-127.35 - 54) = -272.0 kNm

MS2
sd
= 1.5 × (MS2
G Q)
+ MS2 = 1.5 × (290.1 + 123) = 619.7 kNm

VS1
Sd
= 1.5 × (VS1
G Q)
+ VS1 = 1.5 × (-154.2 - 65.4) = -329.4 kN

Consideração de alternância de sobrecarga

A sobrecarga, sendo uma acção variável, pode actuar em qualquer tramo. Assim, para
cada caso, há que verificar a hipótese de carga mais desfavorável.

Se se considerar apenas a actuação da sobrecarga no tramo apoiado, o momento


flector obtido a meio vão desse tramo será superior ao calculado considerando a
sobrecarga a actuar em toda a viga (calculado anteriormente).

Deste modo,

q
g

12 × 102
MS2
Q
= 8 = 150 kNm ; MS2
G
= 10.25 × 28.3 = 290.1 kNm

⇒ MS2
sd
= 1.5 × (290.1 + 150) = 660.2 kNm

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ALÍNEA B)

Secção S1

Mc rara = MG + MQ = -127.35 - 54 = - 181.4 kNm

Mc freq = MG + ψ1 MQ = -127.35 - 0.4 × 54 = -149.0 kNm

Mcqp = MG + ψ2 MQ = -127.35 - 0.2 × 54 = – 138.2 kNm

Vc rara = VG + VQ = 154.2 + 65.4 = 219.6 kN

Vc freq = VG + ψ1 VQ = 154.2 + 0.4 × 65.4 = 180.36 kN

Vcqp = VG + ψ2 VQ = 154.2 + 0.2 × 65.4 = 167.3 kN

Secção S2

Mc rara = MG + MQ = 290.1 + 123.0 = 413.1 kNm

Mc freq = MG + ψ1 MQ = 290.1 + 0.4 × 123 = 339.3 kNm

Mcqp = MG + ψ2 MQ = 290.1 + 0.2 × 123 = 314.7 kNm

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3. Materiais

3.1. CARACTERIZAÇÃO DOS BETÕES

Os betões são classificados por classes de resistência.

As classes de resistência estão definidas de acordo com os valores característicos de


tensão de rotura à compressão aos 28 dias de idade, referidos a provetes cúbicos ou
provetes cilíndricos.

No quadro seguinte apresentam-se, para as várias classes de resistência do betão, os


valores característicos e de cálculo das tensões de rotura à compressão (fck e fcd), bem
como o valor médio da tensão de rotura à tracção (fctm) e módulo de elasticidade aos
28 dias (Ec, 28)

B15 B20 B25 B30 B35 B40 B45 B50 B55


Classe
C12/15 C16/20 C20/25 C25/30 C30/37 C35/45 C40/50 C45/55 C50/60
cub. 15 20 25 30 37 45 50 55 60
fck
cil.
[MPa] 12 16 20 25 30 35 40 45 50
fcd
8.0 10.7 13.3 16.7 20.0 23.3 26.7 30.0 33.3
[MPa]
fctm
1.6 1.9 2.2 2.6 2.9 3.2 3.5 3.8 4.1
[MPa]
Ec,28
26.0 27.5 29.0 30.5 32.0 33.5 35.0 36.0 37.0
[GPa]

3.1.1. Tensões de rotura do betão

A partir dos valores característicos das tensões de rotura à compressão ou à tracção,


definem-se os valores de cálculo:

cil.
f ck fctk
fcd = , fctd = com γc = 1.5 (fckcil ≈ 0.8 fckcubos)
γc γc

O valor médio da tensão de rotura do betão à tracção é dado pela expressão:

fctm = 0.30 fck2/3

Nota: o valor de fcd é definido a partir da resistência em cilindros, dado que estes provetes são
mais representativos da resistência do betão em peças longas.

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3.1.2. Módulo de elasticidade do betão

Com vista ao tratamento de problemas estruturais que envolvem deformação em


regime de funcionamento praticamente elástico, considera-se um módulo de
elasticidade secante do betão aos 28 dias de idade. Este módulo de elasticidade, tal
como a figura seguinte indica, encontra-se definido para σc = 0 e σc = 0.4 fck.

(Verificação da segurança aos estados limites de utilização)

σc

Ec
f ck

0.4 f ck

εc

3.1.3. Determinação do valor característico da tensão de rotura do betão à


compressão fck a partir do ensaio de um conjunto de provetes

fck = fcm - λ Sn , Sn – desvio padrão das resistências das amostras

λ – parâmetro que depende do número de ensaios

n 6 10 15

λ 1.87 1.62 1.48

3.2. CARACTERIZAÇÃO DAS ARMADURAS

As armaduras classificam-se em:

‰ armaduras para betão armado

‰ armaduras de pré-esforço

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3.2.1. Classificação das armaduras para betão armado

‰ processo de fabrico

• aço natural (laminado a quente) (N)

• aço endurecido a frio (E)

‰ aderência

• alta aderência (superfície rugosa ou nervurada) (R)

• aderência normal (superfície lisa) (L)

‰ resistência

• (A235), A400, A500

Designação das armaduras: A500 N R

fyk aderência

processo de fabrico

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