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CIP—Brasi. Catalogaczo-na-fonte (Cimara Brasileira do Livro, SP 1. Psicologia do adoleseente 1 Titulo. I ‘Uma abordagem concsitual da psicologia da cpp-155.5 ADOLESCENCIA E INDIVIDUALIDADE Uma Abordagem Conceitual da Psicologia da Adolescéncia JUDITH E. GALLATIN Eastern Michigan University Tradupao: Antonio Carlos Amador Pereira Departamento de Psicol Desenvolvimento Pontificia Universidade Catdlica de So Paulo, Rosane Amador Pereira Departamento de Psicologia do Desenvolvimento Pontificia Universidade Catélica de Séo Paulo, Le HARBRA EDITORA HARPER & ROW DO BRASIL LTDA. ‘fo Paulo ~ Bogotd — Sidney ~ So 10 — Nova Torque ~ Londres = Téquio A Teoria da Personalidade de Erikson NOTAS BIOGRAFICAS De todos os tebricos que nés consultamos detalhadamente, talvez Erikson seja o @ aquele cuja carreira 6 a menos clas sicamente "académica”. Ele nasceu em Hamburgo, em 1902, e seus pais eram dinamarqueses. Separaram-se logo apés seu nascimento, e ele teve como padrasto um padiatra judeu. Embora realmente gostasse de seu padrasto, ele (1970) que este “backgroun« judeu, seus colegas de cl Aparentemente, Eri apelidavam-no jocosamente de “‘judeu”. também no se enquadrava bem nar 0 curso ele resolveu estudar numa escola de arte, em vez de ingressar nut Contudo, ele logo descobriu que também nao pod assim, passou grande parte do final le sua adolescéncia e seus primei- * Pessoa que nio ¢ judia. 178 Fos anos de vida adulta vagueando de pafs em pats, ora dedicando-se pintura, ora dando aulas particulares para se sustentar. Quando contava com uns vinte e cinco anos, Peter Blos, um amigo de Ham- burgo com quem ele se encontrava de vez em quando em suas viagens, convidou-o para juntarse a um grupo pertencente a uma pequena escola progressista em Viena.! A escola era financiada por Dorothy Burlingham, uma americana rica que se interessou muito pela psica niélise, foi para Viena a fim de sor analisada por Sigmund Freud e permanecera Ié, tendo se tornado uma analista leiga.? ‘través de Mrs, Burlingham, Erikson entrou em contato com ‘outros membros do famoso “Circulo de Viena”, entre os quais Anna, ha de Sigmund Freud, que estava extremamente envolvida na De fato, Anna Freud ficou to impressionada com os talentos comecar um treinamento independente e comegou a especi Entretanto, no comego dos anos 3 ’ ascenso’ de Hitler tornaram dificil a sua permanéncia em Viena e ole foi para Copenhagen, emigrando em seguida para os Estados Unidos. nto, tem residido neste pafs, ensinando em institutos de como a Fundacéo Menninger, a Universidade de Harvard lade de California em Berkeley, escrevendo e trabalhan- Algumas das_principais Erikson vieram de fora dau influéncias sobre o pensamento de ersidade. Em 1938, Scuder Mekeel, 0 para participar de uma festigagdes de campo. Entéo, Erikson viajou por uma vas em Nebraska, onde teve @ oportunidade de observer a vida dos {ndios Sioux e estudar uma cultura radicalmente diferente de qualquer outra que ele j4 conhecera. Talvez, mais do que qualquer outra coisa, tenham sido estes contatos com os Sioux que comecaram a convencé-lo de que a teoria psicanalitica possu‘a E interessante nota 0 6 considerado um expect Jue Blos também se tornou um psicanelista famoso scentes perturbados. {ornassem certas limitagSes. Esta era capaz de explicar, de forma bastantl vel, 05 comportamentos extremos dentro de uma determinada. porém, n&o continha o arcabougo conceitual necessério pal adequadamente com o normal e com o trivial. Por exemplo, 00 derando os Sioux, Erikson pensou que poderia encontrar uma | entre um ritual religioso sanguindrio na idade adulta e algumas pi de alimentagdo bastante rispidas no comego da infancia, Conti ao descrever suas observages, Erikson sentiu-se impelido a acroscol ‘Mas, quando nés tentamos definir o estado de relativo equilforio ‘esses extremos draméticos, @ entéo desejamos saber 0 que caract ‘quando ele limita'se a ser simplesmente um ‘ndio calmo, dedicado a0 tra Ccotidiano do ciclo anual, percebemos que falta & nossa descriesio um quedro de referéncia adequado. (1968, p. 61)° A impressiio de que a psicanélise era capaz de explicar me| as agdes “bizarras” do que o comportamento normal, tornou-se md armadas, durante a Segunda Guerra Mundi mente impressionado com a adeptabi um habitat mais artificial que um submarino, com suas idas e vindag sob 0 oceano e seus compartimentos pequenos. Apesar disso, apou entrar em contato com diversos tripulantes de submarinos, Erikson no pode conter sua surpresa diante da forma como eles se adaptavam Aquelas grotescas condicdes de vida: Com surpreendente tato e sabedoria inatos, séo feitos ecordos silencio» ‘05, através dos quals 0’ comandante se converte no sistema sensorial, cérobro @ acordos, os membros da tripulagéo mobilizam em si préprios mé ensatérios (por exemplo, 0 uso coletivo dos mantimentos generasamente for necidos), permitindo 4 tripulagdo enfrentar a monotonia e, ao mesmo tempo, estar pronta para a aco imediata. (1958, p. 52) Uma vez mais, a psicandlise, orientada como 6 para os conflitos © @ , € incapaz de propor uma explicacio satisfatoria para este tipo de ajustamento saudével. 3 Em nossa explicago da teoria de Erikson, ossas citagdes de sou and Crisis. Este livro é ‘anos. ‘compéndio dos trabalhios de 180 Finalmente, Erikson concluiu que a psicandlise também néo Podia explicar completamente o fracasso do individuo ao tentar en- frentar as tenses provocadas pela guerra. Havia soldados que volta- yam do combate para os Estados Unidos, perturbados e estranhamente "fora de Durante as noites sem fim, eles ficavam entre 0 Cila de ruldos irritantes © 0 Caribdis dos sonhos angustiosos, que os despertavam subitamenta das mo- ‘mentas de sono profundo em que, a custo, imergiam. Durante o dia, eles podiam 80 ver incapazes de lembrar certas coisas; estando nas préprias vizinhangas de suas casas erravam 0 caminho, ou de repente notavam que, a0 conversarem com ‘alguém haviam, sem querer, embaralhado as idéias. (1960, p. 41) Usando 0 esquema psicanalitico, certamente poderfamos assumir que os terrfveis eventos da guerra reativaram nestes homens alguns dos “complexos” da infancia, fortemente reprimidos e hd esquecidos, e que agora eles se sentiam ameacados de serem invadidos por seus conflitos inconscientes. Entretanto, o que parecia ser para Erikson de igual, ou até mesmo de ma : “Eles no podiam confiar nos processos caracter(sticos do fun- cionamento do ego, por meio dos quais se organiza 0 tempo e 0 es- aco e se pe a prova a verdade”’ (7950, p. 47). Além disso, os choques que estes veteranos haviam sofrido talvez tivessem ativado conflitos infantis remotos e, de alguma forma, tivessem thes roubado a habi dade de categorizar e integrar a experiéncia. Como Erikson escreveu depois, eles haviam perdido “um sentido de mesmidade pessoal e de continuidade historica” (7968, p. 17). Em sintese, cada um deles estava sofrendo uma “crise de identidadk Baseando-se em suas observagdes antropolégicas e naquelas feitas na época da guerra, Erikson comecou a formular uma teoria Hf do que a psicd- is fossem extre- nalidade como um processo mais dindmico e continuo, um proceso que, pelo bem ou pelo mal, comecava no berco e terminava no tumulo. E, embora concordasse. que a gratificagdo de certos instintos fosse uma forga diretriz da vida, ele concluiu que algo denominado “sintese egdica’” — a ordenagdo e integracdo das experiéncias — era igualmente AS CONTRIBUICOES DE HARTMANN Para ser precisa, Erikson nao foi o dnico membro do Cfrculo 1 de Viena que veio a defender tais idéias. Mesmo antes de deixal Austria, escreve Erikson em sau estudo autobiografico (7970), Ani Freud outro membro do Circulo, Heinz Hartmann, estiveram envi vidos em debates tedricos sobre a natureza do id e do ego. Anna Freu de ego — pensamento, percepedo, coordenacio, localizagdo espacial, realizagdo de tarefes — sio supostas como inexistentes, mesmo qui em estado rudimentar ao nascimento. O que se supe 6 que o recém: -nascido consiste apenas de um id — conjunto desordenado de impulsos e pulsdes. Somente 4 medida que o bebé vé frustrados seus desejo! isfagdio imediata destes impulsos é que se desenvolvem as varia lades do ego e, portanto, de acordo com o modelo freudiano 10 “depende” fundamentalmente do id. Toda a sua ener demandas do id. (Um exemplo desta linha de racio vimos, é a afirmacdo de Anna Freud de que o aumento dag fades intelectuais do adolescente é simplesmente o resultado da “intelectualizacdo”’.) Hartmann, por outro lado, afirmava que muitas das atividades lades humanas néo pareciam estar vinculadas as." exceto em condigées bastante raras. Embora estas habilidades — andar, felar, ler, dirigir um automével — pudessem ser perturbadas, parece le em sua parte das pessoas, elas se tornavam . Talvez, sugeriu Hartmann, 0 ego. ou, em seus termos, “neutra: a energia proveniente do id e dirigila para propésitos adaptatl: vos, ao invés de defensivos. Ou talvez até haja alguma “energia | a0 nascimento, como Hartmann chegou a propor (7939). Mesmo 0 mais frégil bebé pode perceber as grandes mudangas de seu ambiente {por exemplo, sabitas mudangas de iluminagdo, sons fortes, umidade), E possivel que aquilo que os psicanalistas denominaram ego fossa, a0 menos em parte, decorrente destas capacidades rudimentares ou “‘aparato do ego” como Hartmann as chamou. Em sintese, ao nascer © beb8 pode ser algo mais que um mero “conjunto de impulsos” @ aquilo em que o ego se tornaré pode depender, em parte, de capaci: dades inatas. Além disso — e talvez fosse esta a nogéo que teve maior impacto sobre Erikson — uma vez que o bebé possui tais capacidades € i que, ao nascer, ele é capaz de responder as mudangas do set 182 biente, mesmo que de forma primitiva, seria util pensar que ele nasce “pré-adaptado” ao ambiente e, portanto, exige que 0 mundo o trate com um certo grau de ordem e consisténcla. Mudancas radicais em seu ambiente, tratamento inconsistente e abusos podem dificultar o desenvolvimento normal de suas habilidades “adaptativas”. De qualquer forma, Erikson estava consciente deste debate entre Anna Freud e Hartmann e da proposta de revisio da teoria psicanalitica feita por Hartmann, Mas, foi sua prdpria experiéncia de campo — suas excursbes antropolégicas ¢ observagdes feitas na 6poca da guerra — que 0 convenceram da validade desta nova logia do ego”. Entretanto, uma vez que estes conceitos foram as lados a seu proprio pensamento, eles se tornaram a base de uma teo! do desenvolvimento da personalidad singularmente compreensiva. © que deve ser lembrado, para nosso propésito especifico, é que esta teoria: 1. Contém elementos de todas as outras que revimos, 2. Retrata a adolescéncia como um perfodo-chave no desenvolvimento da personalidade, 3. Prope uma possivel solugio para o dilema da tempestade e tor- menta, 4. Fornece um arcabougo conceitual para muitas das facetas do desen- volvimento normal e anormal do adolescente. De fato, 0 Unico aspecto da adolescéncia que esta nfo trata adequada- mente € 0 desenvolvimento feminino. Sua teoria também é extrema- mente complexa e intrincada, porque retrata o desenvolvimento da personalidade como um processo continuo e infinito. Assim, mais que nunca 6 necessirio examinar as idéias de Erikson sobre a adoles- céncia, dentro do contexto de suas formulagées mais gerais. PRINCIPIOS BASICOS DA TEORIA DE ERIKSON nica”. Como jé foi mencionado, uma série de influéncias e e Te ee ay eer que na_psican havia muita énfase nos aspectos icos” © “defensivos" da natureza_ humane, e consideracdes nntes sobre os aspectos “adaptativos” e “criativos”. Os analistas originariamente assumiram que poderiam aprender muito sobre a personalidade normal, estudar do a personalidade anormal e imaginando onde é que o desenvolyi_ mento do © préprio Sigmund Freud, para justificar esta abordagem, ““nés vemos a estrutura de um cristal apenas quando este se quebra’ Mas Erikson nos adverte que hi uma diferenca entre o cristal, qui é inanimado, e um organismo vivo. O organismo “ndo pode ser divi dido, sem que haja um definhamento das partes” (1968, p. 276) Conseqiientemente, a teoria de Erikson se dedica menos ao ej do de uma personalidade dividida em elementos constitutivos (| “ego” © "superego”) enfatizando mais como esta se constrél e se organiza gradualmente. Esta énfase na personalidade como um “todo orgénico” sem divida nos ajuda a compreender por que Eriksant estende sua explicag3o do desenvol ento humano desde a infangl até a velhice (a: wés de parar, como a maioria dos tedricos, na idac adulta) ‘As Trés Dimensies do Desenvolvimento da Personalidad Segundo Erikson, 0 que nés chamamos de ” resulta da interagdo continua de trés grandes sistemas: o bioldgici © social ¢ o individual. Estes trés sistemas so insepardveis e mutu mente interdependentes. Nenhum deles pode existir sem os outro: A. dimensio biolégica Quanto ao nivel biolégico, Erikson concorda com o ponto de vista psicanalitico de que o recém-nascido humano_posst im poderoso conjunto de impulsos e pulsdes. Entri tanto, tendo sido influenciado por Hartmann (e por sua nogéo de que o bebé nasce pré-adaptado a um “ambiente médic il acrescenta a este conjunto bésico de in: ‘ordem e consisténcia, uma necessidade de “ riéncia”, como ele a descreve. E, praticamente, como todos os outr: tedricos que tratam do assunto dos estagios, ele acredita que o dese! volvimento ocorre numa seqiéncia mais ou menos previsi esta 6, em parte, governada por algum tipo de mecanismo inato ou fator “/maturacional’ De fato, Erikson acredita que este tipo de mecanismo é sul jacente a todo desenvolvimento organico — humano ou nao — e s¢ refere a ele como o principio epigenético: “Algo generalizado, esse 1 frinefio afirma que tudo o que cresce tem um plano bisico, © ¢ partir deste que se erguem as partes ou pecas componentes, tendo 184. cada_uma delas 0 seu préprio momento de ascensio, até que todas tenham surgido para formar um todo em funcionamento” (7968, p. 92). A dimensao social Entretanto, este plano bésico néo pode se desenvolver no vacuo. Na verdade, em particular para os seres hu- Manos, que nascem num estado de grande dependéncia, a dimensio biolégica no tem sentido sem que se assuma também’ a existéncia de uma dimenséo social. Os impulsos do bebé néo podem ser satis- feitos, seu sentido de ordem e consisténcia nao pode ser mantido e suas potencialidades no podem ser manifestas na auséncia de outras Pessoas. Para que sobreviva, ele precisa ser cuidado e, para que tudo corra bem, aqueles que se responsabilizam por ele devem fazé-lo de forma a ir de encontro a suas necessidades: Deve'se acrescentar que a fraqueza do bebé dé-the poder: a partir de sua prépria dependéncia © fragilidade, ele faz sinals aos quais seu for ‘bem orientado por uma capacidede de reagdo que combine padrées “instintivos”” ®@ tradizionais, é peculiarmente sensivel. A presenca de um bebé exerce um do- minio persistente e sistematico sobre as vides exteriores e interiores de todos ‘95 membros de uma casa, E tao vélido dizer que os bebés controlem @ eriam suas familias como 0 inverso. Uma tamflia s6 pode educar um bebé & medida que é ‘educada por ele. Seu crescimento consiste numa série de desatios équeles que servem ds suas potencialidades de interago social recentamente desonvolvides. (1988, pp. 95-96) Também 6 claro que para que o bebé se torne aquilo que 16s conhecemos como um “ser humano civilizedo”, ele tem que fazer todo 0 tipo de ajustamento ao resto de sua familia. Da mesma forma que eles devem aprender coisas a respeito de seus habi des, 0 bebé precisa aprender algo a respeito dos hébitos dele, Em sintese, a dimenséo social do desenvolvimento da personalidade envolve uma série de acomodagSes mituas. Relatividade cultural O treinamento antropolégico de Erikson Certamente levou-o a perceber que a natureza exata destas acomoda- ‘ges pode variar muito de uma cultura para outra. As necessidades © vulnerabilidades do bebé determinam os “limites externos” destas relagdes com sua familia — no se pode permitir que ele morra de ¢ ele nao pode ser tratado muito bruscamente — mas entre estes s hd bastante margem para uma grande variedade de estilos e prdticas educativas. Erikson sintetiza este principio da “relatividade cultural” como segue: Embora seja muito claro o que se deve fazer para se mani vivo ~ 05 cuidados m‘nimos necessérios — @ 0 que se deve fazer para i s0fa fisicamente lesedo nem eronicamonte perturbado — 0 méximo de tolerével neste periodo inicial ~, hé uma certa amplitude de variaglio que pode acontecer 0 diferentes culturas fazem extanso uso de suas f para decidir 0 que elas consideram vidvel e insistem em chamar do (1968, p. 98) E ele dé alguns exemplos: Algumas pessoas pensam que um beb8, para nio enfiar os ded préprios olhas, deve ficar necessariamente enfaixado a maior parte do di ante quese todo 0 primsiro ano, ¢ também pensam que ele deve sor oft ‘ou alimentado toda vez que choramingar. Outros pensam que ele devo $e) Jiberdade de seus membros e mové-los & vontade o mais cedo poss/vel, mi ‘bém que, de modo geral, deve ser forgado a chorar, “implorando” por suas ‘¢80s, até que fique roxo. (1968, pp. 98-99) indulgente ou imponha sua vontade sobre o bebé de uma fo) |. Apesar de uma determinada cultura pari jo, € mesmo cruel a um observador, Erikson insi que hd “uma i e pré-cient/tica — nasi posi¢go de que aqui que é ‘bom para a criat que se supde que el pode ‘mantenha no esquer I Por outro lado, os pais do um bem cedo que se espera que ele peito de suas necessidades corporai bebé de Samoa podem antever-lhe uma existéncia menos condicia nada a habitos — e, portanto, sujeité-lo a menos restriges. Mesmo assim, cada cultura deve, ao menos até um certo ponta, respeitar 0 “plano bésico"” do bebé e, embora cada cultura possa (0 uma forma diferente de lidar com este plano bdsico, todas elas possuett) um objetivo comum: transformar suas “‘crianoas dependentes"” oft “adultos maturos’. Assim sendo, a vida social de um ser human tende a tomar um padréo semelhante, no importa a cultura espee(fica @ que 0 individuo pertenca. No comeco da infancia a crianga inte principalmente com uns poucos adultos que tomam conta dela, al mas vezes apenas com um dos pais, sua mée. A medida qi habilidades sociais se desenvolvem, em parte devido aos cuidados ela recebe e em parte como resultado da "maturaco”, sua gama interago se amplia. Ela se torna capaz de interagir com um nimero cada vez maior de pessoas de diversas idades e fungées, ¢ sous relacio- 186 amentos véo se ampliando progressivamente. Quando o individuo atinge a idade adulta, ele assume seu lugar numa sociedade que possui Um conjunto de costumes e instituigdes com varios graus de comple- xidade. E, certamente, mesmo durante a vida adulta, a medida que o fendmeno biolégico do envelhecimento vai ocorrendo, as relagdes, de um individuo com os outros e seu status na sociedade continuam ‘4.90 modificar. E esta interago entre 0 biolégico e o social, em todas as cul turas, que produz 0 que nés chamamos de "personalidade humana’. E assim, reescrevendo 0 “‘princtpio epigenético"” bdsico e aplicando-o especificamente ao desenvolvimento da personalidade, Erikson declara: “Portanto, pode-se dizer que a personalidade se desenvolve de acordo com passos pré-determinados, que tornam o organismo humano apto para se dirigir a, estar alerta para e interagir com um raio cada vez maior de it ignificativas” (1968, p. 93), A dimensio individual Entretanto, a despeito da existéncia de um plano ba: l6gico e social, nunca duas pessoas desenvolvem personalidades com uma necessidade de categorizar e organizar suas experiéncias, nunca duas pessoas nascem com exatamente 0 mesmo equipamento para fazé-lo. Cada uma percebe e responde ao mundo de uma forma um pouco diferente, ¢ a forma como ela seré percebida e com que responder a ela serd particular. Conseqiientemente, nunca duas pes: no desenvolvimento da personalidade. © Coneeito de Identidade Se estes trés sistemas — social e individual — coorde- ham-se adequadamente, o resultado ima pessoa que poderia ser denominada sadia, uma pessoa que “domina ativamente seu ambiente, mostra_uma certa unidade da personalidade e & capaz de perceber corretamente 0 mundo e a si mesma.” (1968, p. 92)* Além disso, * Erikson. {do personalidade sadi i 8 sua colega Marie Jahoda a originalidade desta definiggo a a ‘como vimos, Erikson considera estes trés_sistemas_insepa aspecto que ficaré mais claro quando nés examinarmos 0 que € o principal responsivel por sua notoriedade: © conceit tidade. Erikson afirma que o ser humano psicologicamente sio que_desenvolveu um “firme sentido de identidade”. Tal ‘tem que procurar se colocar naquilo que Erikson chama “egos ‘temporal’. Isto envolve o reconhecimento de que ele é uma Gnica, dentro de uma determinada sociedade, com um pasado, pre e futuro particulares. Aqueles que néo conseguem integrar suas Fiéncias desta forma séo, no m{nimo, menos integrados e unific do que os que conseguem realizar esta integracdo e se a desorganize fa sintese do ego é suficientemente severa, eles podem tornar-s@ sf mente perturbados. Portanto, a unidade final da personalidade dep de um firme sentido de identidade. Além disso, numa especuilagdo algo antropolégica ¢ arqu gica, Erikson sugere que a evoluc&o humana tornou essencial o dest volvimento de um sentido de identidade. A medida que a civilizag progrediu, cada tribo teve que conceber-se como sendo talvez para distinguir e conseguir dar um sentido a todas as diferei de cor, costumes e aparéncia que haviam emergido. Isto levou catl uma delas a se ver como uma pseudoespécie, segundo os termos di Erikson: “Primeiro, cada horda ou tribo, clase e nario mas, depois, tamb cada associagio religiosa, tornou-se a espécie humana, cansiderando todos 0 utros uma inveneao extravagante e gratuita de algume deidede irrelevanto, Para Teforcar a ilusio de ter sido a escolhide, cade tribo reconhece uma criagho di Si prOpri, uma mitologia e posteriormente uma histéria, garantind assim, @ I dade a uma determinada ecologie @ moralidade. (1968, p. 41) E, 0 que era valido para cada grupo também tornou-se vilido para cada ser humano. Cada pessoa desenvolve a necessidade de sentir-s@ "dentro de seu préprio grupo. Erikson adi que, propositalmente, deixou meio amb/guo o significado intidade”” mas, a despeito desta perspectiva evol ele a define como: a. um sentido consciente da singularidade indivi b.um esforgo inconsciente para manter a continuidade da experiéncla c. uma solidariedade para com os ideais de um grupo (1968, p. 208) Em outras palavras, a identidade, como o desenvolvimento da perso: alidade em geral, tem uma dimensio bioldgica, uma dimenso social uma individual (ou ego). 188 individuo consegue construir uma identidad cada ser humano tem uma necessidade de esta_que, presui io_““esforgo_inconsciente para manter a’ continu Mas ele ndo pode desenvolver este sentimento de ser Gnico e de possuir um destino préprio e singular a auséncia de uma cultura, Como jé foi assinalado, a cultura propor- ciona os culdados @ a consisténcia necessdrios para o desenvolvimento de_um ego, e também fornece um conjunto de rétulos e diretrizes ue _permitem que 0 ego, & medida que se desenvolve, formule uma identidac sim, para que a identidade de um individuo tenha uma base sdlida, ele deve manter um sent idariedade para com _os ideais do grupo”. Desde o ‘io da vida, ele deve acreditar que estd seguindo com sucesso as diretrizes impostas por sua cultura, € que estas 0 conduzem a Ges significativas :" ... uma crianga, ao crescer, deve captar um sentimento vitalizador da realidade a partir da consciéncia de que o seu modo individual de dominar a experiéncia, a sintese de seu ego, é uma variante bem sucedida de uma identida grupal, sendo coerente com o seu plano espacio-temporal e vital” (1968, p. 49). Para ilustrar a complexa interagdo entre o ego da crianca, seu corpo em desenvolvimento e seu ambiente so Erikson examina as conseqiiéncias do fato de se aprender a andar: Uma crianga que acaba de percebor que é capaz de andar .. tornaso consciente de seu novo status @ estatura de “alguém que pode andar”, sejam quais forem as conotagées que isso possa ter nas coordenades do plano vital de sua cultura — ser “aquele que correré velozmente atrés da presa em fuga”, “aquele que ir longe", “aquele que andaré ereto" ou “aquele que poderd ir muito longe”, ‘Ser “alguém que pode andar” converte:se em uma ds diversas etapas no desanval. vimento da crianga, que contribui para o estabelecimento de uma auto-estima , através de coincidéncia de controle fisico e significado cultural, do prazor = © resultado da percepedo da crianga de que des @ tragos que ela domina conferem-lhe um certo sta- tus — que proporciona as bases para um firme sentido de identidade. Se tudo decorre sem problemas, esta auto-esti se torna uma convicgio de que o ego é capaz Cazes em direcgo a um futuro coletivo tang! dese desenvoiver e se tornar um ego bem o1 Tealidade social” (7968, p. 49). Adolescéncia ¢ identidade A medida que a teoria de Erikson de que esté em vias izado, dentro de uma 189) teoria organica — isto 6, considera o desenvolvimento da pei lidade como um processo que se desenrola da infancia a velhice — descreve a formacao da identidade como algo que: ‘estd sempre mudando se desenvolvendo: na mothor das hipdteses, & um cess0 de diferenciacao crescente que se torna ainda mais abrangente, & medida que 0 indivfduo vai se tornando cada vez mais consciente de um circulo crescet)- temente mais amplo de outras pessoas que sio significativas para ele, desde ‘pessoa materna até a “humaninade”. O processo “inicia-se” em algum momento durante 0 primeiro encontro verdadeiro da mie e bebé, enquanto duas pessoas que podem tocarse ¢ reconhecer-se mutuamente, e s6 “termina” quando se diss 0 poder da afirmagao mtitua do homem, (1968, p. 23) Certamente, é de importancia fundamental para nés o fato de q| Erikson designa a adolescéncia como um per cu crucial para a formagdo da identidade. Erikson insiste que no é senfo. neste estégio que 0 individuo pode localizar vordadeiramente seu ogo ho tempo e no espaco, reconhecendo que teve um passado Unico divisando um futuro também pessoal. para si préprio. O que oco1 precisamente ‘urante a adolescéncia “8, em muitos aspectos, deter! nado por aquilo que ocorreu antes”, mas também “determina mul do que se seguiré” (7968, p. 23). E, uma vez que a adolescéncia oct tuma posigio chave na teoria de Erikson — como o perodo que, a0. mesmo tempo, recapitula todos os estdgios anteriores e antecipa tod aqueles que virdo — é imposs{vel discutir sua perspectiva do desenvo| vimento da adolescéncia sem examinarmos, primeiramente, de ql forma ele trata 0 desenvolvimento humano geral. E assim, passaremos agora a uma revisio das “oito idades do homem". As Cito Idades do Homem. Erikson, como Anna Freud e Sullivan, acredita que toda existéncia hur evolui_em decorréncia da necessi um certo vendo, centra-se_no_ego e parece considerar a “‘continuidade da exp riéneia” como a varidvel mais critica no desenvolvimento da persorit * E claro que nés também encontramos este prine(pio na teoria de Jol Piaget. 190 lidade. Se um individuo deve alcangar lidade'" de que Erikson fala, se ele busca ser um sucedido a0 relacionar_as_memorias.e experiéncias.de-um.estégio com aquelas de todos os outros estégios. Sob um exame detalhado, parece que neste “‘esforgo para manter a continuidade” hd uma tentativa de estabelecer_ uma série complexa de equilibrios, Cada estégio da vida_se_desenrola_de acordo com um plano de base definido e a0 menos_parclalmente inato, ¢ cada um deles apresenta ao_individuo um desafio caracteristico. E desde que este plano néo pode se desen- volver sem um suporte social, cada estégio também apresenta um desafio a sociedade. © conceito de crise normativa Erikson descreve estes desatios como crises normativas ou conflitos nucleares, @ afirma que hé deles a_serem resolvidos, desde o nascimento até a morte. Entretan- jesma forma que nenhuma pessoa pode ter seus impulsos sempre icados” ou estar sempre “livre de ansiedade”, ninguém pode um conflito nuclear “de uma vez por todas”, mas sim, alguma forma buscar 0 equilfbrio. Consequentemente, cada confiito ise deixa sua marca no mente que acontecer, uma vez que o guma continuidade em suas exper aco humanas devem neces: ir juntas, cada con- flito também deixa sua marca na sociedade, Para cada uma das oito idades do homem, hd instituigdes e valores correspondentes, ‘iduo teré que alcangar al- uma vez que a vida ea Confianga bésica versus desconfianca bésica A discussio das trés primeiras idades do homem revela-nos em que medida a teoria de Erikson incorporou e elaborou algumas idéias que nds j4 encontramos em outras teorias ~ particularmente em Anna Freud e Sullivan. Erikson se utiliza do conceito de modalidade, ao invés de instinto, quando trata destas trés fase: que ocupam_o mesmo. lapso. de tempo s oral, anal e félico da teoria psicanalitica. Erikson utiliza ide" para descrever a forma como o ego da crianca mundo e, portanto, este ¢ um conceito mais amplo durante a idade do homem que corresponde ao estégio oral, na teoria psicanalitica, Erikson admite que a crianca estd voltada para a gratificagao de certos instintos orais, mas ele insiste que esta centracdo é apenas uma parte de um proceso maior. A situa- go real com a qual a crianca se defronta transcende o “comer” © 0 “sugar” e envolve um tipo mais geral de “incorporacdo’: nto ele deve ser bem_ E claro que, além da necessidade irresistivel do alimento, ut ‘rapidamente passa a ser, receptivo em muitos outros aspectos. Da adequados que Ihe scjam dados, ele logo se mostra disposto e capaz de rar” corm seus olhos tudo 0 que entrar em seu campo visual. Os sous também parecem “incorporar’’ tudo 0 que gera uma sensaéo agraddvel, p.98) Em outras palavras, n6s_poderiamos dizer_que_durant cias — além de seus instintos — é “oral” ou "incorporativo”. A medida que esté, em grande parte, limitado a uma incorporagao de sensagdes, éle depende bastante das outras Seu ego, qué ainda esta comegando a se formar, € incapaz de p dependeré dos outros para tornar o mundo sufici e ordenado. ‘atério, devemos zelar para que seus sentidos sojam estimulados @ os alimentos ‘hos sojam dados na proporgio adequede ena hora corta; caso contririo 4 sus Lisposicso de aceitar poderd converterse numa defesa difuss ou numa leary (1968, p. 98) ae Devido & sua desproteco e dependéncia, o bebé precisa alguma certeza de que suas necessidades sero atendidas ass forem manifestadas e, por ironia, esta é a Unica forma dele coogi a sobrepujar sua dependénci |. A partir da regularidade e con Sisténcia segundo a qual as pessoas lhe respondem, armazena imagen, mem@rias e expectativas. E a0 aprender que é capaz de fazer com. as outras pessoas aparecam, ele também aprende que pode “confiat!” nnelas, quando néo esto presentes. a A primeira realizagéo social do, bebé é, portento, sua disposieao de deixar sua mie sair de seu alcance sem que se produza nele ansiedade ou raiva indevid, orgs oe orous uma ere incre, canto quo. um. eve exter Br vistvel. E esta consistfncia, continuldade e mesmidade da experitncia quo ‘Proporciona um sentido rudimentar de identidade do ego... (1960, p. 247) Portanto, a primeira idade_do_homem_é, segundo Eke caracterizada_por_um_conflito_nuclear entre a confianga e a fianga. E improvével que um bebé tenha suas necessidades sa it, ‘a ponto de superar totalmente sua “desconfianca” e, além disso, uma vez que 0 mundo do qual ele participa apresenta alguns perigos @ ’ 192 armadilhas bastante reais, um certo grau de desconfianca é, sem divida, essencial. Entretanto, para que o ego da realmente comece 0 Grduo processo de construgéo de uma. identidade, é desejével que a balanca para o lado da confianea, Obviamente, este conflito_entre_confianga_e desconfianga & de_natureza_interpessoal. Neste primeiro perfodo da vida, o que a crianga aprende 6 a contar (ou ndo contar) com as outras pessoas. Suas interagSes_com_elas Ihe proporciona, em parte, a base para a identidade. Portanto, 0 conceito de conflito nuclear de 10s detectar uma semelhanca entre ele e Sullivan. Apesar desta ter sido mencionada raras vezes (Goethals e Klos, e do préprio Erikson se referir a Sullivan apenas de passagem, deixa de ser notdvel. Contudo, Erikson elaborou_o tema das relagées ,interpessoais de forma diferente da de Sullivan. Ele introduz muito mais considera es sociolégicas e antropolégicas do que Sullivan, ao tratar do desen- volvimento da personalidade. Como nés jd mencionamos, cada idade do_homem’ esté sistematicamente correlacionada com uma “forcat’ tude” humana especifica e, de forma mais geral, com uma ‘A respeito desta primeira idade do homem, Erikson afirma que o adulto, da mesma forma que o bebé, nunca resolve totalmente © conflito entre a confianga e a desconfianca. A necessidade de con- fianga num ser superior é quase que universal entre os adultos ¢ @_instituigdo cultural derivada deste primeiro estégio é a rel Erikson alega que 0 sentido de confianca do bebé também. um pre- cursor da simples e basica virtude da f8 no adulto: Quando superamos a nose amnésia universal dos aspectos terrificantes da inféncia, também podemos reconhecer, agradecidos, 0 fato de que, em prin- cfpio, a gléria da inféncia sobrevive também na vida adulta. A contianga torna-se, pois, @ capacidade de so tar £6 — uma necessidade vital para a qual o homem tem do oncontrar alguma confirmagio institucional. Ao que parece, a religifo é a mais antiga e tom sido a instituigio mais duradoura a servi¢o de um ritual de restaura ‘pf do um sentimento de confianca, na forma de 16, oferecenda, ao mesmo tem. Po, uma maneira tangive! para um sentimento do Mal, contra © qual promete ‘armar e defender 0 homem, (1968, p. 106) Autonomia versus vergonha e davida A concep¢go do segundo @stégio do homem, segundo Erikson, mostra uma combinaggo de psi- ferpessoal @ antro cia das fungdes de eliminaco e o ste estégio que ocupa o mesmo lapso de tempo que (aproximedamente dos 18 meses aos 3 anos). Entretanto iste que o elemento fundamental 6 a modalidade, De fato, nesta época provavelmente a crianga ito preocupada com suas atividades anai: se ir’. Esta é a forma de operagio de sous esfincter s aspectos, também de seu ego. © significado Ultimo deste segundo estégio da fase da infincie idade de exercer um controle. mente, ela se vé em disputas com seus tras so contidas e desencadeadas, especialmente nas guerrilhas entre vontades desiguais, pois’a crianga muitas vezes nfo esté a altura do sua propria e violenta vontade e os pais e a crianga néo estao, fr qUentemente, de acordo entre si (7968, p. 107). Se a crianca tent ser mais auténoma do que seus pais consideram adeq por exemplo, insiste em “conservar” um objeto proibido, ou deixa ir” com um acesso de Furia — pode se deparar com o fato de que ainda é tomparativamente fraca e dependente. Portanto, para Eriks0l © conflito nuclear que caracteriza a segunda idade do homem é ui luta entre um sentido de “autonomia” por um lado e, por outro, um sentimento de “‘vergonha e divida”’. E ele afirma novamente que (da mesma forma como na confianca versus desconfianca) ern a satide da crianga necessite mais da so necessérias para equilibrar a balan. Portanto, este estégio torna-se decisivo para que se estabelera wna pr. porgio entre boa vontade amorosa ea auto-insisténcia odiosa, entre a cooperaglo 12-2 teimosia, entre a expressio pessoal e a auto-repressio compulsiva .. Soment 2 firmeza parental pode proteger a crianga contra as conseqiiéncies de sua di creunspecpio ainda ndo educedes. Mas 0 seu ambiente também dove ‘em seu desejo de “fazer es coisas por si mesma”, a0 mesmo tempo effi 194 ‘que a protege de dues forcas emergentes: » primeira deles é 0 sentimento de que 50 expds, prematura ¢ insensotamente e que nds denominamos de vergonha; € segunda, aquela.descontianga secundiria, equela “dupla admiracio” ¢ que nds chamamos ddvida — divida de si mesmo e dévida quanto 4 firmeza e perspicdcia do sous educadores, (1968, pp. 109-110) Portanto, s6 através das interagdes com seus pais é que a crianca pode esperar conseguir um equil/brio satisfatorio entre a autonomia & 4 divida quanto a si mesma, Eles devem continuar a fornecer um apoio 4 seu ego ainda limitado, tentando néo restringi-lo em demasia, embora freqiientemente facam os julgamentos em seu lugar. Enquanto que an- toriormente o que se exigia era uma certa consisténcia e previsibilidade, agora devem comecar a introduzir um respeito saudavel (mas no Muito opressivo) s regras e requlamentos. Este segundo estdgio, como o precedente, tem um impacto duradouro tanto na sociedade quanto_na_natureza-humana. Por ser neste perfodo que a necessidade de autonomia da crianga, sua vontade d i i primeira vez, Erikson “poder da vontade” da vida adulta. E, a medida que esta também € a idade do homem em que_o controle e as “'regras’” comecam a figurar sig 8, Erikson estabelece um paralelo entre o conflito pais-filhos ea le! © ordem instituidas: “A necessidade bdsica do homem de alcancar stla autonomia parece ter uma salvaguarde institucional no principio da lei e da ordem, 0 qual atribui tanto no dia a dia quanto ) iativa versus culpa Durante a terceira idade do homem, a crianga depara-se com um conflito semelhante aquele que enfrentou no segundo estégio. A dependéncia de seus pais co! lentamente, suas capacidades tornam-se mais rel cléncia das diferengas entre sua prépria autonomia e a dos outros é cada_vez_maior. Conseqilentemente, Ihe é natural o desenvolvimento de_um interesse pessoal pelos seus préprios érgios geni esse interpessoal pelo pai do sexo oposto. Mas, o problema pi deste perfodo (que corresponde ao “estagio falico” na teoric na) transcende estas preocupagées. O complexo de Edipo, afirma Erikson, @ apenas uma conseqiiéncia das diversas mudancas f(sicas que ocorrem. Quando a crianga tem trés ou quatro anos, ela é capaz de se introduzir no mundo muito mais vigorosamente do que antes. mo também seus genitais) funciona agora de uma forma intrusdo sobre ou no corpo dos outros, atra femente a mais assustedora, a idéia do falus namento de certas partes do corpo ea forma segundo a qual o ego se desenvolve, sua teor veria se adequar a esta diferenca bisica - De fato, sua teoria contém tal adequacéo, la permani surpreendentemente proxima ao modelo psicanalitico ortodoxo) ‘As_menines sofrem freqiientemente uma importante mudanga fase porque, mais cedo ou mais tarde, elas observam qué embora sua dade locomotors, mental e social seja to vigorosa quanto a do menino, tindo-Ihes assim tornaremse verdadeiros ‘moleques’, faltarihes um it e por isso, elas perdem algumas. prerrogativas. importantes, fase classes. Enquanto 0 menino tem este draio_vistvel, erétil € compl 40 qual pode ligar sonhos de grandeza adult inente alimentaré sonhos de igualdade sexi testemunho analogamente tangrvel do seu futuro., (1868, p. 117) Aparentemente, Erikson néo considera que as pect micas da menina Si ortodoxa neste pont um tipo “masculino’ ikson declara que quando o menino e @ menina_entri na terceira_idade do_homem, eles comecam a se relacionar_com.0 mundo de uma forma bastante diferente. Enquanto que o menino © Talvez seja este o aspecto mais controverso da teoria de Erikson @ nds voltaremos @ ele, mais detalhadamente, no Capitulo 12. 196 Pode buscar ativamente o que ele espera da vida, a menina deve adotar 4m meio mais passivo de satisfazer suas necessi © estéaio ambulatério, da atividade vem acrescentar ao repertério de modalidades a de “produzi ‘que correspondam as modalidades sociais bisioas. As palavras sugerem a alegria da competicao, a insisténcia nos objetivos, © prazer da conquista_No menino, a éntase px ataque_frontal; na ‘certas autorimagens sexuais que se tornario ositivo e negativo de sua identidade futura, (196: Nao importando as diferencas de estilo pessoal, as criancas de ambos os sexos deve aprender a controlar suas atividades durante este perfodo. Como na fase precedente, seus esforcos de auto-afirmacdo inevitavelmente_encontram certos obstdculos. Exemplificando, nova- mente, com a situacdo edipica, Erikson descreve a poss(vel conseqiién- cia dos esforgos da crianga para competir com os pai = @ iniciativa trouxe consigo uma ‘208 que tinham chegado primeira lidade antecipatéria em relagio portanto, podem ocupar, com seu prepara va da crianga estava iniclalmente dirigide lidede, essas tentativas de delimitagio de uma estera de privilégios freqtientemente amargas e essencialmente fiteis, atingem agora No duelo final por uma posieSo favoréval junto a umm dos pais: 0 vel necessério redunda em culpa @ ansiedade. (1968, pp. 11 Portanto, Erikson_caracteriza_o do homem como uma luta da mesma forma que a iniciativa, pode ser exces Porque a crianga tornou-se muito mais ativa e expansiva, ela pode se imaginar cometendo faltas horrivels e, igualmente, sofrendo puni- Nao obstante, um certo grau de culpa é necessario para jiativa desmadida, , este sentimento de culpa é internalizado"’ do que a vergonha que surgiu durante o sequndo estégio. que a crianga se torne mais responsdvel por suas ages "A crianga ... sente agora no 56 um_medo de ser_descoberta, mas também escuta a ‘voz interior” da auto-observaedo, da auto-orienta- gllo_e da_auto:punigo, que a divide radicalmente, em seu proprio {ntimo: esta € uma nova e poderosa alienagao. Este é 0 fundamento ontogenético da moralidade’" (7968, p. 179). nuclear_da_tercei cee A balanga pode pender muito mais em direcdo a culp dendo, em grande medida, das interagdes da crianca Eles podem sobrecarregar sua jovem consciéncia e suf de i A nte_suas_energias, Embora eles devam desencoraja das tentativas que a crianga faz para desafid-los diretamente, declara que é igualmente importante que os pais indiquem o crianga pode fazer: -~-@ fdade litdica depende da existéncia de uma familia bésica, qua en @ crianga, através do exemplo paciente, ande termine 0 jogo e 0 propésito sivel comeca, e onde as “proibicbes s80 suplantadas através de caminhos nados © de ag6es vigorosas. Pois as criangas procuram, agora, novas i que parecam prometer um campo de ini Vineulados a uma irremediével rivalidade do lar. estimulando assim a imaginacéo da crianca com visteK do que ela poderd ser algum dia. Se tudo ocorrer normalmenté, #1 terceira_idade do homem “resulta, eventualment jue limita os horizontes do_permi as diretrizes em relacdo aquilo que é poss{vel e tar lam os sonhos infantis as diversas metas da tecnok (1968, p. 12: Ao Ihe transmitir algumas impresses sobre a vida que oli pode esperar levar “quando for gente grande’ ‘objetivos aos quais pode aspirar, os pais di quanto para a cultura. Erikson sugere quo infancia tornam-se as bases di bigdo na ide bigio, uma sociedade tornar-se-ia in: © conflito entr na forma de umi io especffica, mo a religiéo ou um prine cipio especitico como a lei e a ordem, Erikson acredita que possamos tracar_um etos de apo através desta terceira crise normativa, EM) outras palavras, o problema de como a energia humana é canalizada pode ter sua origem na inféncia, mas também permanece como Ufh problema para os adultos, e cada cultura precisa fornecer algumas diretrizes para a atividade adulta. Além disso, as criangas devem comes ar_a sentir (e os adultos devem contirmar_este sentimento) EL agSes servern_a_algum propésito. Segundo Erikson, portanto, ia 198 terceira idade do homem se deriva tanto um etos de ago quanto a virtude matura de ‘um sentido da-vida’'. Produtividade versus inferioridade Se a viséo que Erikson dé dos trés primeiros estégios do desenvolvimento humano contém uma forte tendéncia psicanalftica, sua descrigiio da quarta fase apresenta ‘um notavel afastamento da mesma. Embora ele assinale que esta fase {que corresponde a “‘laténcia’” na teoria psicanal teriores 8 medida que ndo se trata da passagem de para uma nova modalidade de dor que este perfodo é muito mais ortodoxos — e neste aspecto ele se assemelha, A quarta_idade_do_homem, segundo. Eriks: is uma vez, a Sullivan. , estende-se durante os ‘anos em que a crianca freqiienta a escola elementar’’ (grosseiramente dos seis aos doze anos) e, como Sullivan, ele enfatiza o impacto que a educagdo pode exercer durante estes anos. Mas novamente, a aborda- gem de Erikson é mais “antropolégica”, enquanto que a de Sullivan limita-se principalmente a sociedade americana. Erikson esclarece da seguinte forma o que ele considera o conflito nuclear desta fase universal: Quando alcancam a idade escolar, as criancas de todas as culturas recebern Instrugao sistemitica ombora esta néo seja, de Forma alguma, dada no tipo de escola existénte entre os poves alfabetizacios, onde as pessoas so agrupadas am torno de professores que aprenderam como ensinar. Nos poves préletrados, muito 4 gprendido através dos adultos que se tornam professores mais por aclamacio do que nomeagéo @ muitas coisas também sio aprendides com a& criangas mois volhas, mas 0s conhecimentos adquiridos se relacionam com as aptidées bésicas de tecnologia simples que podem ser entendidas no momento em que a crianca std pronta para manojar os utensilios, as ferramentas e as armas (ou facsimiles estas) usadas pelos adultos. A crianca ingressa na tecnologia de sua tribo muito _graduatmente, mas também muito diretamente, (1968, pp. 122-123) E, apesar do sistema educacional das sociedades mais avancadas ser, geralmente muito mais formal, Erikson considera que a diferenca @ apenas uma questio de grau, s poves mais instruidos, onde hé profissies mals especializadas, deve preparer a crianga, comecando pola sua alfabetizapiio. Depois éihe dada a educacéo bdsica mais ampla possivel, para o maior riimero de carreiras possivels. Quanto ‘maior for a especializara0, mais indistinto se torna 0 objetivo da iniciativa, mais ‘complicada a realidede social e mais vagos os papéis do pai e da mée. Assim, entre 4 jnféncia e a idede aduita, a8 nossas criangas vao 3 escola e a aptidéo escolar parece er para muitos um mundo em si, com suas metas e limitagées proprias, suas reall- Z0p0s e decepeSes. (1968, p. 123) "as habilidades necessérias para o tral sociedade. Mesmo nas culturas mais avancadas, estas hal manecem sendo as prosaicas habilidades de leitura, escrita e Mesmo nas sociedades mais industrializadas, elas so as pedras ful mentais ou, como Erikson as chama, “ferramentas” da tecno! Mas, 0 aprendizado destas habilidades ‘requer_ um certo grau de di plina fo mesmo tipo de disciplina que presumivelmente sera ap mais tarde, “no emprego”). Portanto, durante a quarta idade mem, todas as sociedades, e especialmente as mais tecnologicamel adas, defrontam-se_com_a_tarefa de transformar_o jativa em um “sentido de produtividade’* E claro que o processo total que foi superprotegida por sua far sua mamée do que os conhecidos; poderé ai em casa, do que uma crianca crescida na escol ela pode achar que o sisterna educacional nao é de serventia para s0| talentos: ”... a vida escolar talvez ndo esteja apta a sustentar as pi messas das fases anteriores, pois nada do que a crianga aprend@u fazer bem até af parece ser importante para seus colegas ou professo E, além disso, ela poderd também estar potencialmente apta a soba sair-se em aspectos que esto latentes e que, se ndo forem despertos agora, talvez se desenvolvam tarde, ou mesmo, nunca venham desenvolver” (7968, p. 124). Mas, o que talvez seja mais sério é jover na escola comeca, inevitavelmente, a aprender algo a resp do “padréo de aco" da sua sociedade —e, portanto, a respelto preconceito e da discriminacdo: E neste ponto que a sociedade mais ampla torne-se signiticativa pl @ crianga, 20 admiti-la em papéis preparatérios para a tecnologia e a economy Teniz. Entretanto, 6 quando ela descobre, imediatomente, que a cor de su pele Gu os antecedentes de sue feria, mals do que o seu desejo e vontade de spre) der, sho os fatores que decidem 0 seu valar como aluno ou aprendiz. A p Bo" himana para sentirse imprestével pode ser fatalmente agravada_ como determinante do desenvolvimento do caréter. (1968, p. 124) Portanto, durante a quarta idade do homem, o sentimento de produ tividade da crianea sempre competiré com um “'sentimento de inte joridade”. Entretanto, 6 importante enfatizar uma vez mais que, di acordo com Erikson, nenhum destes sentidos deverd se ressalr dal Ee 200 siadamente. As desvantagens de se deixar que as criangas desenvolvam um sentimento de inferioridade jd so conhecidas pelos educadores, mas também ¢ possivel que a crianga desenvolva um sentimento de produtividade excessivo. Portanto, este perfodo evidencia a séria responsabilidade dos professores, pois eles representam para a crianca toda uma classe le adultos, fora do circulo familiar. Se eles tendem a manter a wzer_da vida escolar |_uma_extenso austera da a crianca pode {ornar-se totalmente dependente dos deveres prescritos. Ele poderd, assim, aprender muito do que é absolutamente necessério ¢ desenvolver um sentido de de. vor inabalével. Mas, talvez, ela nunca venha a desaprender um autodominio desne- ‘essério © custozo, com o qual poderd tornar sua propria vide futura e a de ourtras ‘pessoas deplorivel e, de fato prejudicar, assim, © desejo natural que seus filhos trio do aprender a trabalhar. (1968, p. 126) Por outro lado, provavelmente também ‘Mmas_normas, embora estas néo devam ser arbitréri ‘educago americana, por exemplo, a tendéncia em diregio a permis- sividade “quando levada ao extremo, redunda no sé na conhecida objecdo popular de que as criangas jé néio aprendem na escola, mas também em certos sentimentos nas criangas, como os expressos numa famosa pergunta de um garoto de cidade grande: ‘Professor, temos que fazer hoje o que nds queremos fazer?" (1968, pp. 126-12: sintese, 0 equilfbrio entre a produtividade e a inferioridade é delica- do e, como no caso de todos os outros conflitos nucleares, supée-se que também tenha um efeito sobre a natureza humana e a sociedade. A crianga que tem sorte, termina o quarto estagio da vida com sua auto-estima intacta_e um sentimento de produtividade que pode, segundo Erikson, ser posteriormente transformado num sentimento dle competéncia. Ela também comeca a aprender muitas coisas a res- peito dos tipos de ocupaggo que sua sociedade valoriza e qual seré @ posi¢&o que poderd aspirar nesta hierarquia ocupacional. Nas pala- vras de Erikson, ela comeca a captar 0 etos tecnolégico de sua cultura. ) Identidade versus confusdo de papéis Durante as _quatro_pri- moiras idades do homem, que nds jé analisamos, 0 ego do jovem, Supondo-se que no tenham ocorrido problemas, foi se_ampliando gradativamente em seu repertorio de habilidades e faculdades. Ele % tornou cada vez mais.capaz de sintetizar e integrar a experiéncia. Mas, como se supée que a necessidade de continuidade ¢ poderosa, presumivelmente, o ego continuard a se desenvolver durante as quatro idades posteriores. Entretanto, como nés j4 apontamos, Erik: ‘a quinta idade do homem, como vez que o ego da crianca j que ocorre durante a adolescéncia determinaré “muito. do qj a seguir”.” jeste ponto, continuando a amadurecer @.a a mes e valores de sua cultura, inevitavelmente, a crianga apret a respeito de si mesma, As interacdes com as outras pessoas impresses a respeito das caracteristicas que ela tem em co ‘outras pessoas e também lhe informa aquelas que Ihe sio dnicas. Sintese, ela comegou a formular uma identidade. Entretanto, continuo de avancos e recuos: «- @ formagio de identidade requer-um-processo.de reflexio o. ¢40 simulténeas, um proceso que ocorre em todos os névels.de funciol fan definiu um conjunto semelhante de operagdes mental de “padrées de supervisio”, mas se refere a tal fendmeno pi cipalmente para explicar 0 comportamento “so do). Este proceso resultaré numa identidade, numa "consciénela lularidade individual”, que antecede a adolescéncia. Por que é a adolescéncia o periodo crucial para a form da identidade? Erikson menciona diversas razBes, mas parece qui mais fundamental referese as capacidades do ego do adolesi Para que uma pessoa forme uma identidade e determine em que me dida ela é: como todas as outras pessoas, . Como algumas outras pessoas, éomo nenhuma outra pessoa, ese 7 N6s podemos observar que esta nogio & semelhante 20 concelto de “imiar desonvolvimental” de Sullivan. 202 ela deve ser capaz de considerar, rapidamente, uma série de alterna- tivas diferentes.* Ela deve ser capaz de colocar sua existéncia dentro daquilo que Erikson denominou “perspectiva histérica’’, avaliando, © tipo de individuo que foi no passado, que é no presente e que prova- velmente poderd vir a ser no futuro. Obviamente, todo este processo, que. envolve a andlise simultanea de muitas po: lades ¢ alternativas, € intelectual, Ele depende de um complexo conjunto de habilidades cognitivas, e estas habilidades, como nds sabemos através do trabalho no se desenvolvem antes da adolescéncia. As habilidades cognitivas que se desenvolvem durante a primeira mé da segunda década da existéncia humana fornecem um poderoso instru ‘para as tarefas que 0 jovem deve executar. Piaget chama as aquisi¢fes cognitivas feitas por volta dos quinze anos de “operacées formais”. Isso significa que o joven pode agora lidar com proposicdes hipotéticas e pode pensar em variéveis poss/vels © relapées potenciais — e manipulislas exclusivamente em pensamento, indepen onto de cortas veriticagées concretas, previamente necessdries ... Tal orientacdo cognitiva néo se estabelece como um contraste, mas sim como um complexo da necessidede do jovem desenvolver um sentido de identidade, pois entre todas fazer uma sérle te selecies cada vez 1s de compromissos_pessoais, ocupacionais, sexuais e ideolégicos. Erikson assinala que o adolescente, além de possuir as apti- des necessérias para decidir-se quanto a uma identidade, também se defronta com certas presses para que o faa. Seu ego é capaz de sintetizar suas percepoées e memérias melhor do que 0 ego da crianga, ¢ ele também possui_ mais percepgdes e memerias para sintetizar. Tendo entrado_num estagi entre a infanci adulta, 0 adolescents essoais, ocupacionais, sexuais e ideolégicos — que serio exigidos dele, antes que atinja a maturidade. Como Erikson observa: {sto € inevitével num periodo da vide em que 0 corpo muda radicalmente de proporpées, a puberdade genital inunda o corpo e a imaginagio com tode es- pécie de impulsos, 2 intimidade com o outro sexo se inicia e, ocasionalmente, ‘imposta ao jovem, e 0 futuro imediato 0 coloca dante de um numero excessivo de possibilidades e escolhas conflitantes. (1968, pp. 132-133) * Esta formula é uma pardfrase de Kluckhohn e Murray. Veja 0 Capitulo 2,p.20 Para no se perder entre as escolhas possiveis, o ado deve comegar a se definir segundo algumas dimensbes, Neste 0 éle pode se apoiar nas identificagSes do passado — nos sent| de confianga, iniciativa e produtividade que tenham resulta suas tentativas de enfrentar as outras crises normativas ~, deve olhar adiante, para os conflitos nucleares da idade adult, de desenvolver suas proprias estratégias para enfrenté-los, qUentemente, a identidade que finalmente se estabelece por do final da adolescét st superordenada a qualquer ide! particular com os juos do passado: ela inclui todas as cages significativas, mas também todo razoavelmente coerente e Unico” (7968, p. 167). ‘Uma vez que muitas coisas esto acontecendo ao me: po e urna vez que o adolescente deve tomar uma série de gran ses @ respeito de si, no simplesmente com base naquilo. qu tornar, mas também sobre suas melhores expectativas a que ele poderd vir a ser, hé, neste perfodo, considerdvel sio de identidade” Nos j4 examinamos os precursores deste conflito em discusséio sobre 03 quatro estégios anteriores. Mas, 0 conflito do 6 necessirio fazer uma breve andlise cleares da idade adulta que séo antecipados durante a ado! cia — antes de examinarmos mais detalhadamente a crise de Idi dade propriamente dita. 6) _ Intimidade versus isolamento A medida que Erikson coh ra @ interagdo social como uma das influéncias fundamentals © desenvolvimento da personalidade, néo podemos acusé-lo de neg] genciar este fator espectfico. Além és jd fizemos diversas paragSes entre sua teoria e a de Sullivan, que também dé grande Onfal 0 aspecto interpessoal. Entretanto, a visio do sexto conflito nucldll de Erikson, “intimidade versus isolamento”, revela uma difer interessante em relacdo a Sullivan, a qual serve para aclarar 0 concel de identidade. Sullivan fala de uma “necestidede de intimideds” quo ordi durante a fase pré-adolescente (a fase que, de alguma forma, o com 0 quarto estégio de Erikson). Ele argumenta que a aa que 0 pré-adolescente sente de ter um relacionamento intimo COM 204 des, vontades, gostos e antipatias, uma pessoa serd incapaz de admirar uma outra; nem 6 provavel que ela encontre alguém que a admire. E, como se supde na teoria de Erikson que a identidade do individuo ‘Ado tome sua forma iva antes do final da adolescéncia, néo ha qualquer mengio a antes do inicio da idade adulta. A "verdadeira segundo a descricéo de Erikson Imente_um contraponto tanto quanto uma fusio de identida- des” (7968, p. 735). O que na adolescéncia parece ser a intimidade — 0 “romance adolescente” — freqtientemente é apenas uma mera fusdo. © casal adolescente que ndo pode se separar reflete 0 fato de que eles ainda estéo um tanto inseguros de si mesmos: “Em grande parte, © amor adolescente é uma tentativa de definir uma identidade, pi tando sua prépria_auto-imagem difusa no outro e, vendo-a’ assim, refletida e gradualmente aclarada. E por isso que boa parte do amor: entre os jovens consiste de conversas”. (1968, p. 132). Por outro lado, durante a adolescéncia pode haver tentatives igualmente signifi. cativas de se excluir o outro, de se buscar um sentimento de identidade através de simples “contrapont A. definieto {de_uma identidede) também pode ser procurada através to meios destrativos. O jovem pode tornarse extremamente vottedo @ sua “turma’” ‘ntolerante cruel, exciuindo os outros que sio “diferentes” quento a cor da pole ou formegio cultural, gostos © habilidades e, froquentemento, em aspectos totalmente insigniticantes como vestuério © gestos, arbitrariemente Selecionados como os sinais que permitem ou impede que um individuo faca parte do grupo. (1968, p. 132) A medida que as oscilacées entre estes dois extremos desapare- cem gradativamente, e a identidade do jovem adquire uma forma, emerge entio uma verdadeira capacidade de intimidade. Mas esta capacidade deve ser contrabalancada por um sentimento de /so/amento, Do ponto de vista de Erikson, 0 adulto jovern deve ser cay sar carinho Para com 08 outros ¢ também de amigos de seus inimigos, mas também deve sentir-se suficientemente Seguro a respeito de si mesmo, para que possa tolerar — e mesmo gostar — de ser quem ele 6. As duas preocupagées principais do adulto, mor eo trabalho, requerem um equilfbrio entre estas duas ten. jas opostas: 208 Perguntaram uma vez a Freud 0 que ele considerava que uma pessou normal deveria ser capaz de fazer bem. Provavelmente, o interlocutor esperav uma resposta complicada “profunda”. Mas Froud disso, simplesmente: “Liobon und arbeiten” (Amar e trabalhar). Vale a pena refletirmos sobre esta formula simples: ela vai so tornando mais profunda, & medide que pensamos a seu respeito, Pois, quando Freud disse “amar”, ele queria dizer tanto a generosidade da inti: ‘midede, quanto 0 amor genital; @ quando disse amar @ trabalhar, ele considerava uma produtividede geral de trabalho que néo preocupasse 0 individuo. @ ponto dele perder o seu direito ou capacidade de ser uma criatura sexual © amoross, (1968, p. 136) © individuo que teme a intimidade pode evitar 0 contato com ag outras pessoas e usar seu trabalho como uma protegfo, mas a pessoa que néo suporta ficar sozinha, que é incapaz de se afastar dos outros, dio. consegue trabalh ; “Em termos ideais, esta idade do homem, com sua énfase_no amor e na produtividade, & caracterizada pela ampliag#o dos horizon- tes sociais. O adulto jovem deve sair dos confinamentos do lar paterno @ 88 integrar numa comunidade mais ampla e variada. No adult saudavel, este novo sentimento de participagéio encoraja um tipo d sentimento de camaradagem e solidariedade que nao oxistia antes, Se a virtude que emana deste estagio é 0 “amor”, entéo, declara Erikson, a instituicao social associada a esta idade é um sistema ético, Pois este tipo de sistema (como nés vimos no trabalho de Kohibera) ultrapassa_prinefpios como “dever” e “obediéncia”, e ressalta uma dignidade inerente a toda a humanidak +» & medida que as éreas de responsabilidade do adulto vio sendo grada tivamente delineadas, e que a compet tivel séo diferenciados um do outro, eles acabam eventualmente ficando sujeltos aguele sentimento ético que caracteriza o adulto e que sucede @ convicelia ideold: 4gica da adolescéncia e 0 moralismo da inféncia, (1968, p. 136) Generatividade versus estagnagéio Mas, embora 0 adulto joven. esteja mais ativamente engajado na comunidade do que o adolescente, sua_participacdo ainda é algo limitada. Tendo s6 recentemente. 0 integrado no mundo do trabalho o so tornado capaz de travar relaci namentos intimos, ele ainda no prestou, em sentido amplo, sua con tribuiggo a sociedade. Em termos esta contribu ic , Erikson sugere que isto dev ocorrer, para que o adulto. maturo consiga manter seu sentido de totalidade e de razio de ser: A evolugio fez do homem um animal capaz de aprender @ ensinar, visto 206 que a dependéncia e @ maturidade sio reciprocas: 0 homem maturo procisa sentir gue é um ser necessério @.a maturidade 6 dirigido, pela natureca, a culdar daqueles ‘que ainda deverdo atingi-la, A ge ‘pacéio em estabelecer e orientar a geragio seguinte. (1968, p. 138) Talvez a forma mais Sbvia de se demonstrar preocupagéo pela geragdo seguinte esté em produzi-la e, pata S_ pessoas (parti- cularmente para as mulheres), 0 Thais la. generatividade 6 criar uma familia. Além disso, ao tratar da ia e da adolescéncia, Erikson faz diversas referéncias indiretas a sétima idade do homem. 5 adultos so, acima de tudo, necessdrios para assegurar o desenvol mento adequado dos individuos que esto pasando pelas outras idades do homem, onde a dependéncia é maior. Sem seus cuidados néo 6 Possfvel um sentimento de confianga, autonomia, iva, produti- vidade — ou mesmo de identidade. Sua conviegdo de que 0 que estio fazendo € importante © seus sentimentos de que, de alguma forma, Suas_acBes so consistentes com os objetivos que estabeleceram na vida apéiam as tentativas da crianca integrar suas experiéncias: Nés jd sugerimos que o sentimento de contianga do bebé é um reflexo da £6 dos pais; analogamente 0 sentimento de autonomia é um reflexo da dignt. dade deles enquanto sores auténomos. Pois, seja 0 que for que facamos, a crianga ercoberd, basicamente, 0 que rege noscas vidas enquanto seres amorosos, co- Operatives @ firmes, @ © que nos torna odiosos, angustisdos e dividitios. (1968, p.113) Ao tratar deste estdgio maturo da vida, Erikson enfatiza uma vez mais que “uma familia s6 pode educar dm bebé, a medida que 6 educada por ele’, mas ele também parece querer dizer que os seres humanos necessitam formar uma familia e educar seus filhos, ___ Entretanto, embora Erikson seja particularmente parcial considerar que o cuidado dos fi dade, ele admite que esta nao ‘Suas mengées a outras cont lhos € um instrumento da generat! Gnica maneira de servir & sociedade. ices soam algo “sarcdsticas”. Mas, mesmo assim, ele observa: “E claro que existem pessoas que, por infortdnio ou por dotes especiais e genufnos para outras coisas, nao Jem seus impulsos a uma progénie propria, mas a outras formas feresses @ criatividades altru(sticos, que podem absorver seu impulso para a paternidade (7968, p. 138) Ele também esté bastante consciente de que o simples ato de gerar um filho ndo 6 suficiente para assegurar um sentimento de generativida: Por outro lado, 0 mero fato de ter ou mesmo querer filhos no “realiza”” ide, portanto, 8 primordialmente, a preacu- generatividede. Ao que parece, alguns pais jovens sofrem de um. retard Thy capacidade do desonvolver um cuidedo verdadeiro para cor seus filho Wezes, as razées se encontram nas fatos da inféncie, em identificagées defeltuo om 0s pals; num egorsmo excessive baseado numa personelidade que Tormou com demasiado rigor; @ na falta de ¥8, de uma “‘renca na espéc {aria com que um filho parecesse ser uma responsabilidade bem vind, p. 138) ‘Além disso, aqueles que tém filhos meramente porque ia ser feito” podem se sentir, mais tarde, oprimidos por U sentiment de estagnaeo — como aquelas pessoas que se descobrt ppresas_num_emprego enfadonho e pouco recompensador. 10, a estagnacao 6 a contrapartida negativa da generatividade, hora de acordo com a assercdo de Erikson de que a resolucio evidente que o “cuidado” & a virtul ima idade do homem. Mas, devi iplica numa preocupagdo a descrever apenas uma insti ser definida a partir desse perfodo. Ao invés disso, Integridade versus desesperanga Como jé deve ter se tornado evidente, o trabalho de Erikson possui um aspecto filos6fico e “huma: é precisamente com esta perspectiva que ele con lo vital humano. Se é verdade que uma das necessidades do _homem 6 dar significado e continuidade sua expo rloncia, a oitava idade do homem é aquela em que isto se torna mals marcante. “Em nossa e em muitas outras culturas (embora isto ndo ocorra ‘m todas) esta avaliaggo final freqiientemente nos deixa como imagem ‘a desesperanca. O velho é considerado como tendo perdido sua satide @ capacidades. Ele é retratado como tendo se tornado muito fra00, esorganizado ou ”sem capacidade” de realizar um trabalho produ: 208 tivo, normalmente como uma reliquia da geracdo passada. Sem divi 8 pessoas que sofrem ao passarem seus ditimos anos de vida sob tais condigées podem considerar que suas podem ter muito valor: As evidéncies clinicas ¢ antropoligicas sugerem que a falta ou a perda desta integragio cumulatia do ego s0 manifesta no desgosto @.no dezeepera: 0 destino néo é aceito como uma estrutura da vida, a morte no & vista como um limite. 0 desespero expressa a sensapio de que 0 tompo 4 pouco, demasiada- Imisantropie_ ou desprezo erénico para com deverminades insttul- as — um desgosto @ um desprezo que, quando nao esto all visio de uma vida superior, apenas significam 0 desdém da pessoa por si mesma, (1968, p. 140) Mas Erikson nos adverte, mesmo quando descreve os reveses que esta época pode causar, que hd um outro aspecto do conflito nuclear da velhice e, portanto, uma outra alternativa para o desespero. riores e.as destino & integridade. identidade passaram vital_e sua prdpria vida pode ser encarada sequndo uma perspectiva verdadeiramente hist Somente a pessoa idosa que zelou pelas coisas ¢ pessoas e so adaptou 20s triunfos @ desspontamentos de ser, necessariamente, a gerador sar isto do que integridade. Ma falta de uma definicio procise, assinalarei alguns atributos desta fase fa sado_@ pronta a assumir & lideranga no presente, @ eventualmente a renunciar @ e513. E 9 aceitagdo de seu ciclo vite Ticativas @ indispenséveis & sua vide, néo permit Tica, assim, um novo e diferente amor pelos préprios iberto do desejo de que eles poderiam tor sido diferentes, @ uma aceitapa0 do fato de que cada um & responsével por sua propria vide, € uma sensagso de camaradagem para com ‘homens e mulheres de épocas distantes e de diferentes ocupapées, que eriarsm ‘ordens, objetos e idéies transmitindo dignidade e amor humanos. Embora cénscio a relatividade de todos os virios esti ida que deram significado a0 esforco humano, 0 individuo que atingiu a integridede esté pronto para defender a digni- dade de’ seu préprio estilo ce vida, contra todas as ameagas fisicas @ econdmicas. Pois ele sabe que uma vide individual é a coincidéncia acidental de um tnico ciclo vital com um Unica segmento de hist6ria e que, para ele, toda a integridede humana @ mamém e coincide com aquele estilo de integridade que ele co! ppp. 139-140) E, inspirado pelo exemplo daqueles que alca dade na velhice, Erikson designa a sabedoria como a salientada nesta etapa final da vida e d adres que de alguma forma deverdo f@ natureza humana, as inst humana séo_mutuamente da vida provém da inter mos todas as virtudes humanas exceto a 4 6 apropriado agora relembrarmos que Et! lade do homem, a adolescénci papel eentral_dentro de todo o complexo isso, a forma com que caracteriza a adolescéncia © a veh fe semelhante. A, Com a aproximagao do quéo bem sucedido ele foi ordenagio de suas qualidades Gnicas e sues oportunidades, Ma: acordo com Erikson, 0 que acontece (ou ndo acontece) durant adolescéncia, pode di sord encarada na velhice. O individuo idoso luta para dar um.se fa todo o seu passado, tendo em vista que hd muito pouco a se ef adolescente tenta coordenar tanto o seu pasado mas conclus6es a respeito de seus, 210 de Erikson, agora estamos prontos para focalizar mais detalhadamente © perfodo que ele considera to importante. REFERENCIAS ERIKSON, E. Autobiographic Notes on the Identity Crisis, Daedalus, 1970, 99, "730-758. ERIKSON, E. Childhood and Society. New York: Ego Psychology and the Problem of Ad r Now York: Inter- national Universities, 1939. A Teoria do Desenvolvime: : do Adolescente de Erikso adolescéncia tem uma posicéo de destaque na teoria de Erikso adolesc8ncia que emerge tal sentido de ‘estdgios da vida também apresentam suas crises — crise de cortfianca, au ‘tonomia, produtividade e integridede, por exemplo — mas no é senfio ha adolescéncia que © individu desenvolve os pi ‘cimento fisiolégico, maturidade mental e respon: © preparam para experimentar e ultrapassar a (1968, p. 91). ‘Além disso, esta crise incorpora elementos de todas as outras, De alguma forma, ela & prenunciada em cada um dos conflitos nu- oleares que a precederam. Ela também recapitula todos eles, além de antecipar os trés conflitos que se desenrolargo na idade adulta. Em sfntese, a formagdo da identidade entalha um conjunto bastante com: plexo de relago entre os diversos estégios do desenvolvimento humano, a adolescéncia estd assentada no meio do caminho. de identidade | 212 © DIAGRAMA EPIGENETICO Para tornar mais claro o processo total, Erikson criou um “dia grama epigenético”, reproduzido na Figura 2. Hé uma coordenada ver. | tical (caselas 1,5 ~ V,5), uma coordenada horizontal Bice INTEGRIOADE. DEStsrenanca| ‘aos aloes 7 @ VIIL,B). nhecida, consistindo das oito idades ‘do homem. A coordenada vertical representa as contribuigdes especificas dos quatro estagios da infancia a crise de identidade da adolescéncia e a horizontal representa os varios aspectos da crise de identidade em Tendo estudado a diagonal (que descreve as oito idades do homer 16s passaremos agora as coordenadas vertical e horizontal. ‘GENERATE Sioaoe ESfcnagéo Tsar oS Eto ge Retordas intaaipaoe oluizaso Sowa! Wocawento | A Coordenada Vertical Como era de se esperar, cada uma das quatro primeiras idades do homiem tem um impacto sobre a natureza humana e a sociedade, e também, sobre a crise de identidade da adolescéncia. De fato, o diagra. ma indica que se as experiéncias da crianga em qualquer destes quatro estégios forem suficientemente perturbadoras, sua identidade pode Ser irremediavelmente “‘bloqueada’’. Ela pode atingir a adolescéncia com um sentido grande demais de isolamento, diivida, inibig§o ou inutilidade que a incapacita de realizar iplexa integracéo necesséria a0 desenvolvimento de uma verdadeira dade. Entretanto, se o jover foi bem sucedido, cada um dos estagios d i mais positive do que negativamente: “ou seja, a confianca primitiva no reconhecimento mituo; os rudimentos de uma vontade de sermos 16s préprios; a previso do que poderemos vir a ser; e a capacidade de aprender como ser, habilidosamente, aquilo que estamos prestes a Nos tornar’ (7968, p. 780). Estes precursores da identidade constit ir em parte, as bases para um “sentido consciente da singularidade indivi dual na adolescéncia”. CGNFUsAo DE OeNTIDADE eeatfea> oo Provo doPansis nibs ae rapes ] ipeNTIOADE Sinan de eis FaopuTVE Bae pt rae Ope ors IMIciATIVA eis Espeimonasio se] Apenaiznem Fat do ope id Asnocaern soio VERGonHa € AUTONOMIA | paving! T | I A Coordenada Horizontal Entretanto, uma vez que estamos tratando da adolescéncia, a coordenada horizontal é a que mais merece nossa atenc3o, porque descreve a crise de identidade do adolescente e releva suas relacdes ‘com todas as outras crises normativas do ciclo vital humano. O conflito nuclear da adolescéncia, como a teoria de Erikson o descreve, envolve feaion: Diagrams Epigenitico de Erikson. (Extraido de Erk Erikson, Identity: Youth and Criss, N ee ‘CONFIANGA BEscow. FIANGA vu | wi vin 214 a resolugio de sete "conflitos parciais’", cada um dos quais reflete um dos quatro conflitos da infancia, ou uma das trés crises da idade adulta. Um sentido seguro de identidade requer 0 sucesso na resolucao de todos 08 sete. E apenas desta forma que o individuo pode desligarse de seu passado e preparar-se adequadamente para o futuro, Embora o adolescente deva lutar com muitos conflitos parciais ao mesmo tempo, sem divida seré Util examinarmos cada um deles separadamente. Perspectiva temporal versus confusio temporal Obviamente, a Feconciliago do passado com o futuro vincula-se a um sentido de tem- \cdo € apropriadamente a primeira a ser considerada nna descri¢o da crise de identidade do adolescente, segundo Erikson. A fim de formular um plano coerente para sua vida adulta, 0 adolescente deve avaliar aquilo que ele se tornou, e ponderar aquilo que ele gostaria de se tornar. A fim de dirigir suas energias para algum fim, ele deve ser capaz de estimar, com base em sua experiéncia passada, quéo longe ele deve ir para que atinja o objetivo que escolheu. Um componente le uma identidade vidvel é, portanto, uma perspectiva vem deve escolher entre uma multiplici- 3 idades, para coordenar seu +» ereio que todo adolescente se depara com momentos 0 menos passa- geiros, em que entra em choque com o préprio tempo. Em sua forma normal @ transit6ria, essa nova espécie de desconfianca resulta, répida ou gradualmente, em spoctivas que permitem exigem um investimento intenso e até mesmo fand- no futuro, ou uma breve conjetura sobre uma série de futuros possiveis. (1968, 7 storia prévia, 20s futuros projetos representa um tipo de equilibrio feito pelo adolescente, mas este problema ndo 6 inteiramente novo. Na verdade, Erikson compara estes eforcos j © bebé realiza durante a primeira idade do homem: “A exper tempo provém unicamente da adaptagéo do bebé aos ciclos tensdio das necessidades, retardo da satisfagio e saciagdo desta” (7! 1p. 181). O bebé atinge uma impressao bastante primitiva da continui- Nn descreve a sindrome de no Capitulo 11), ele se 215 dade que denominamos “tempo”, a partir das idades vindas daqueles ue cuidam dele. Felizmente, ele aprende a “‘confiar’” no fato de que fistas figuras reaparecero consistente e pontualmente, ao invés de fivabar sendo vitima de uma “‘desconfianca”’, com toda a sua tendéncia i desorganizac&o e imprevisibilidade. Os esforcos do adolescente para volocar sua prépria vida numa perspectiva temporal, embora de forma ‘mais elaborada, se baseiam neste conflito nuclear original. igo Erikson sublinha a existéncia de indo se refere ao segundo conflito par- \¢0 do passado e o planejamento do Autocerteza versus que ele tem uma chance razodvel de alcancar seus objetivos fa idade adulta. Erikson denomina esta convicc&o interna de auto- corteza. Entretanto, a autocerteza s6 pode ser adquirida através do guto-exame e 6 nisto que repousa seu maior perigo. Em suas tentativas do avaliar seus “‘Iucros e perdas”, o adolescente pode se sentir tomado por uma dolorosa inibigdo: A inibi¢#o & uma nova edieao daquela davida original que diz respeito a contianca que os pais merecem e que a propria crianga merece, e somente na ado- lescéncia tal divide autoconsciente se refere 4 validade de todo 0 perfodo da Infancia, que agora & deixado para trés, e, ainda, a confienca depositada em todo 0 universo social, que agora é questionado. A obrigacao atual de vincular-se com lum sentido de livre arbitrio @ uma identidade aut6noma poderé despertar uma dolorosa vergonha global, de certo modo compardvel 4 vergonha e raiva decorren- (es de ser totalmente visivel aos adultos que tudo sabem — agora, porém, esta vergonha se refere a0 fato de que o joven tem uma personalidade publica, exposta ‘40s companheiros de sua idade e 20 julgamento dos I/deres. (1968, p. Erikson comenta que este conflito é resolvido, para a maioria dos jovens, de forma bem sucedida: “Tudo isso, no curso normal dos acontecimentos, é contrabalangado pela autocerteza, agora caracteriza- da por um sentido definitive de independéncia da familia, encarada como a matriz das auto-imagens, e por uma certeza antecipat (1968, p. 183). Mas, como é evidente, este segundo conflito par‘ © eco de um conflito nuclear anterior. Em suas tentativas de alcancar um sentido maturo de si mesmo, o jovem se apéia no sentimento bésico, de autonomia que emergiu durante a segunda crise da inféncia. E como se na con’ do adolescente ecoasse o reconhecimento ocorrido na infancia de que ele é um ser autonomo. De forma semelhante, a inibic&o

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