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Já o socialismo era criticado pelos teóricos corporativistas por impor uma falsa
igualdade social através da força, por pregar o materialismo e por não reconhecer os
valores culturais e religiosos de cada país. A ditadura do proletariado era vista pelo
corporativismo como uma solução com potencial para gerar novas formas de opressão e
conflito.
A partir destas visões, o corporativismo era apresentado como uma saída intermediária
entre estes dois sistemas, através da manutenção das hierarquias, porém diminuindo as
desigualdades sociais; evitar o conflito e acabar com a luta de classes; gerar harmonia
social, progresso, desenvolvimento e paz. Para atingir este objetivo, o Estado precisaria
concentrar mais poderes, para definir novas formas de organização e participação. As
organizações e partidos tradicionais da política liberal deveriam ser substituídas por
novas organizações produtoras de consenso.
A doutrina corporativista pregava que a população deveria trabalhar em conjunto com o
governo, e a melhor forma de demonstração desse apoio se daria através de atividades
cívicas e econômicas e não através de ações político-partidárias. As divergências
ideológicas deveriam ser exterminadas, o governo seria responsável pela formulação de
diretrizes para a nação e caberia a todos colaborar nesse sentido.
Nesse sentido, nosso modelo sindical foi construído visando ao controle social, onde
fosse possível levar à construção de um país harmonioso e pacífico, através da
imposição de uma filosofia social em contraponto à filosofia individualista do
liberalismo ou à filosofia classista do socialismo.
Os sindicatos também tinham como objetivo criar atrativos para que os trabalhadores
rurais migrassem para o trabalho industrial nas cidades, através da criação de direitos
trabalhistas que beneficiavam apenas os trabalhadores urbanos, tornando o trabalho
nesse local mais atraente. Também é importante ressaltar que através dos sindicatos o
governo tinha controle sobre as atividades dos trabalhadores, podendo evitar greves ou
silenciar o movimento operário. Em suma, ao passo que o governo reconhecia os
sindicatos como instrumentos de organização, também criava restrições para que os
trabalhadores acionassem o mesmo na luta pelos seus direitos.
Em 1917, foi criada pelo Poder Legislativo a Comissão de Legislação Social na Câmara
dos Deputados, que tinha como finalidade discutir o que deveria ser feito em termos de
legislação trabalhista para o país.
A Lei Eloy Chaves, elaborada em 1923, criou a Caixa de Aposentadorias e Pensões dos
Ferroviários, que posteriormente se expandiram para outras categorias profissionais.
Neste mesmo ano, foi criado o Conselho Nacional do Trabalho, vinculado ao Ministério
da Agricultura, Indústria e Comércio, com diferentes atribuições, inclusive jurídicas na
apuração de processos administrativos. Em 1927 foi criado o Código de Menores,
regulamentado em 1933 e pouco antes de 1930 algumas categorias profissionais
passaram a ser beneficiadas com leis de proteção contra acidentes de trabalho, assim
como houve expansão da lei de férias para diversas categorias.
Cabe ressaltar que neste contexto político social anterior a 1930, as questões sociais já
eram uma preocupação do governo, o que desmonta a ideia de que essas questões só
passaram a ser tratadas depois de Getúlio Vargas. Outro ponto importante é que mesmo
com a ampliação de benefícios trabalhistas, o governo não dispunha de recursos para
garantir e fiscalizar a aplicação das leis nas fábricas, fato que não era exclusivamente
um caso brasileiro. A conquista das leis trabalhistas foi alcançada devido aos esforços
dos trabalhadores e da sociedade brasileira e não apenas à iniciativa do Estado.
Neste momento, surge a figura do “pelego”. Em alusão à peça colocada nos arreios para
amaciar o assento e diminuir o atrito entre o corpo humano e o corpo do cavalo,
chamada de pelego, neste sentido o “pelego” atua de forma a amaciar o contato entre
patrões e empregados – ao mesmo tempo que representava os interesses dos
trabalhadores, fazia-o de forma a não contrariar os interesses do capital e do governo.
JUSTIÇA, PREVIDÊNCIA E SEGURANÇA SOCIAL PARA O TRABALHO
A criação do salário mínimo pelo decreto-lei nº 2.162 de 1º de maio de 1940 foi uma
das leis mais conhecidas da era Vargas.
Apesar do crescimento da rede de seguridade social dos anos 1930 até o fim do Estado
Novo, vale ressaltar que durante o processo de elaboração de direitos, a maioria da
população estava excluída, pois os direitos eram garantidos apenas aos trabalhadores
urbanos pertencentes às categorias reconhecidas e regulamentadas pelo Estado, que
possuíssem carteira de trabalho e que estivesse assinada, além dos benefícios que
somente eram concedidos aos trabalhadores membros dos sindicatos.