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TV Digital Avançado

Da Teoria à Prática

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Fundação Instituto Nacional de Telecomunicações – Finatel
TV Digital Avançado
Da Teoria à Prática

Equipe Multidisciplinar

Prof. MsC. Carlos Augusto Rocha Douglas Rosa


Pró-diretor de desenvolvimento de Webmaster e Suporte Técnico
tecnologias e inovação
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Gerente da Educação Continuada
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Coordenadora NEaD e Designer Instrucional
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Autor e Professor-tutor

2013
Boas-vindas!
Prezado(a) Aluno(a):

Este livro digital foi desenvolvido pelo Inatel a fim de que você possa realizar
as leituras do conteúdo didático com maior conforto, além de ter acesso a uma
série de recursos importantes para o seu processo de aprendizagem.

A versão PDF permite que você salve e imprima a apostila. Ao final do curso,
você terá um rico material de consulta para ser usado ao longo de sua vida.

A estrutura do livro PDF permite que você tenha acesso à Lista de Ilustrações,
à Lista de Tabelas, à Lista de Siglas e Abreviações, bem como ao Sumário, os
quais contêm hiperlinks que dão acesso direto às suas partes.

Ao final de cada página da apostila, há um espaço exclusivo para se realizar


anotações, onde suas reflexões e dúvidas poderão escritas para posterior
interação com o professor e com os seus colegas nos fóruns e bate papos.

Eventualmente, no texto aparecerão termos técnicos obscuros e esses são


esclarecidos e apresentados no glossário.

A versão PDF, também, traz exercícios de fixação na forma de quizzes para


serem respondidos na apostila. O gabarito se encontra no final desse arquivo.

Bons estudos!
Lista de Ilustrações
Figura 1: Parâmetros do sistema ISDB-Tb para cálculo da taxa de transmissão [1] 10
Figura 2: Esquema conceitual de transmissão OFDM 12
Figura 3: Esquemática de codificação de canal do ISDB 14
Figura 4: Configurações de transmissão do ISDB-Tb 15
Figura 5: Resultados dos cálculos de taxa de transmissão 17
Figura 6: Tipos e pontos de interface na cadeia de transmissão de TV Digital [2] 19
Figura 7: Quadro de pontos de interface para sincronismo em SFN [2] 20
Figura 8: Análises de interferência intrassimbólica e interssimbólica no sistema OFDM 21
Figura 9: Análise de recepção com remontagem do fluxo BTS 22
Figura 10: Exemplos de cálculos para redes SFN 23
Figura 11: Ilustração dos conceitos relacionados ao Gap Filler 27
Figura 12: Diagrama em blocos da estrutura do Gap Filler para retransmissão de TV Digital 28
Figura 13: Tipos de recepção de sinal 29
Figura 14: Vantagens e Desvantagens dos sistemas regenerativos e não regenerativos 30
Figura 15: Modelagem e análise da realimentação dos sistemas de Gap Filler 31
Figura 16: Conceitos do cancelador de ecos – modelos de estudo 33
Figura 17: Visão do painel frontal e traseiro do Gap Filler Linear [3] 33
Figura 18: Especificações de potência da família ISCHIO de Gap Filler Linear [3] 33
Figura 19: Esquemático em diagrama de blocos do sistema Gap Filler 34
Figura 20: Exemplos de diagrama de irradiação para antenas para recepção de Gap Filler 36
Figura 21: Exemplos de diagrama de irradiação para antenas para transmissão de Gap Filler 37
Figura 22: Esquemas de implementação de posicionamento das antenas de recepção e transmissão
38
Figura 23: Implementação de posicionamento das antenas e análise de medidas 39
Figura 24: Esquemático de ligações do sistema Gap Filler 40
Figura 25: Pontos e conexões do paneil traseiro do sistema – gaveta de excitação e gaveta de potência
41
Figura 26: Setup de análise do sistema Gap Filler 41
Figura 27: Conceitos relacionados ao acoplamento em sistemas de Gap Filler 42
Figura 28: Análise da resposta ao impulso do canal na recepção de sinais do Gap Filler e a ação do algoritmo
de cancelamento de eco 43
Figura 29: Equipamento – Sistema Gap Filler e o controle automático de ganho 44
Figura 30: Cálculo da margem de operação do sistema Gap Filler 45
Figura 31: Controle do APL no nível de transmissão devido ao nível de entrada do Gap Filler 46
Figura 32: Análise do cenário de interferência em sistemas Gap Filler 47
Figura 33: Produto de intermodulação de terceira ordem interferindo no canal 30 48
Figura 34: Exemplos de cálculos para produto de intermodulação de terceira ordem 48
Figura 35: Cálculos de Link Budget para acoplamento dos canais no Gap Filler 49
Figura 36: Cálculo da margem de ganho de operação do Gap Filler 50
Lista de Siglas e Abreviações
AGC - Automatic Gain Control
APL - Automatic Power Limitation
BTS - Broadcast Transport Stream
BTS-OFDM - Broadcast Transport Stream - Ortogonal Frequency Division Multiplexing
FEC - Forward Error Coding
GPS - Global Positioning System
IFFT - Inverse Fast Fourier Transform
IG - Intervalo de Guarda
ISDB - International System for Digital Broadcast
ISDB-TB - International System for Digital Broadcast-Terrestrial Brazilian
MER - Modulation Error Ratio
MFN - Multiple Frequency Network
MUX-ISDB-Tb - Multiplex-International System for Digital Broadcast Terrestrial Brazilian
OFDM - Ortogonal Frequency Division Multiplexing
QAM - Quadrature Amplitude Modulation
QPSK - Quadrature Phase Shift Keying
RF - Radio Frequency
RS - Reed Solomon
SFN - Single Frequency Network
STL - Studio Transmitter Link
TS - Transport Stream
TS-MPEG - Transport Stream-Moving Picture Experts Group
TSP - Transport Stream Packet
TTL - Transmitter-Transmitter Link
UHF - Ultra High Frequency
Sumário
Módulo 5 - Conceitos de Sistemas de Telecomunicações 8
Capítulo 1 - Sistema ISDB-Tb – Parâmetros de Transmissão 9
Capítulo 2 - Sistemas de Redes SFN 18
Quiz 24
Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler 26
3.1 Gap Filler – Linear: Overview 33
3.1.1 Procedimentos de Instalação do Gap Filler 34
3.1.1.1 Recomendações para sistemas irradiantes 35
3.1.1.2 Instalação do Sistema – Gap Filler 40
3.1.1.3 Operações e Análises do Sistema – Gap Filler 42
Gabarito - Quiz 52
8 Módulo 5 - Conceitos de Sistemas de Telecomunicações

Módulo 5 - Conceitos de Sistemas de Telecomunicações

Este Módulo 5 do curso EaD em TV Digital Avançado – Da Teoria à Prática tem caráter complementar
uma vez que podemos debater sobre os equipamentos já estudados a luz das situações discutidas neste
módulo. Como primeiro objetivo, realiza-se um estudo mais detalhado a fim de compreender os cálculos
das taxas de transmissão do sistema de TV Digital dentro da etapa de channel coding para dimensionar
os serviços das camadas hierárquicas entendendo o processamento que é realizado sobre o fluxo
BTS. Adiante, tem-se explicações mais detalhadas de redes SFN contemplando os conceitos sobre
a interferência intrassimbólica e a interssimbólica bem como os impactos de operação em frequência
única. Neste cenário, aborda-se de forma mais prática a Solução de Gap Filler da Linear, contemplando
inúmeras informações do equipamento, práticas de configuração e operação além de conceitos que
explicam o funcionamento do cancelador de ecos e a essência da operação do Gap Filler.

Anotações
Capítulo 1 - Sistema ISDB-Tb – Parâmetros de Transmissão 9

Capítulo 1 - Sistema ISDB-Tb – Parâmetros de Transmissão

A análise dos parâmetros de codificação de canal do sistema ISDB-


Tb é fundamental na determinação das características operacionais
do sistema. Conforme comentado nos módulos anteriores,
a estrutura BTS de transmissão é adequada à radiodifusão e
transporta as informações que revelam como o sistema de TV Digital
está configurado. O objetivo desta seção é prover novamente as
informações sistêmicas do ISDB no intuito de desenvolver expressões
de cálculo para a vazão total do sistema de TV Digital. Em outras
palavras, pode-se adentrar nas funcionalidades operacionais do
Modulador a fim de determinar a vazão total do sistema ISDB-Tb,
considerando as configurações e toda parametrização do sistema
de TV Digital. Vale ressaltar, que o espectro destinado a radiodifusão
do serviço de TV Digital compreende 14 segmentos totais em uma
porção de 6MHz. Esta é a largura de faixa total do sinal ISDB-Tb e o
aproveitamento máximo desse espectro de 6MHz é a principal missão
do sistema de comunicação de TV Digital. A primeira informação vem
com o fato de que somente 13 segmentos são úteis dentro dos 14
totais, ou seja, o espaçamento de um segmento é reservado como
banda de guarda para o sinal ISDB-Tb. Conforme conhecimento,

Anotações
10 Capítulo 1 - Sistema ISDB-Tb – Parâmetros de Transmissão

o esquema de segmentação do sistema ISDB-Tb ser configurada de forma independente quanto


é caracterizado pela transmissão por múltiplas aos seus parâmetros de transmissão, como
portadoras. Isso significa que cada segmento Modulação, Correção de Erros e Profundidade de
é composto por um conjunto de subportadoras Entrelaçamento. A alteração dos parâmetros de
OFDM. Logo, tais segmentos são denominados transmissão e do estágio de codificação de canal
também de segmentos OFDM. Portanto, cada um impactarão na vazão útil de dados do sistema
terá um espaçamento, em Hz de: ISDB-Tb. Logo, o nível de proteção adicionada ao
sinal de TV Digital pode ser controlado segundo
as configurações de FEC e alterará a taxa útil
(1)
de nosso sinal-serviço. O primeiro ponto a tratar
dentro da caracterização da taxa de transmissão
Sendo que BWS representa a largura de faixa de total do sistema de TV Digital ISDB-Tb é, portanto,
cada segmento OFDM e BWC é a largura de faixa do fazer uma síntese dos principais parâmetros de
canal (6MHz). Repare que o segmento OFDM é a transmissão utilizados para calcular essa taxa
unidade básica de transmissão do esquema BTS- total. A Figura 1 ilustra um quadro que traz os
OFDM de TV Digital. Um conjunto de segmentos parâmetros necessários para o cálculo da vazão
OFDM forma uma camada hierárquica que pode do sistema.

Figura 1: Parâmetros do sistema ISDB-Tb para cálculo da taxa de transmissão [1]

Anotações
Capítulo 1 - Sistema ISDB-Tb – Parâmetros de Transmissão 11

O número total de subportadoras ativas em cada Observa-se que uma parcela temporal do símbolo
modo de operação do sistema é igual à soma de OFDM é destinada à implementação do intervalo
todas as subportadoras de cada segmento mais de guarda, para a proteção do sistema frente
uma unidade, conforme descreve a equação: ao cenário de múltiplos percursos. Assim, se a
dispersão temporal do canal de comunicação for
(2) menor do que a duração do intervalo de guarda,
o sistema estará protegido da interferência
Na qual, β é o número de subportadoras por interssimbólica. Neste sentido, o tamanho do
segmento OFDM, levando a um espaçamento intervalo de guarda é expresso como uma fração do
entre subportadoras de acordo com a seguinte tempo útil de símbolo OFDM, dado pela equação:
equação:
(6)
(3)
Logo, a parcela temporal de intervalo de guarda
É importante notar que tais informações como o mais a duração útil do símbolo OFDM são iguais à
espaçamento e o número de subportadoras por duração total do símbolo OFDM de TV Digital, de
segmento mudam com o modo de operação. acordo com a equação:
Nos cálculos da IFFT do núcleo do sistema de
(7)
modulação, o modo de operação determina o
comprimento do processamento da IFFT, ou seja,
O inverso do tempo de duração do símbolo OFDM
a quantidade de pontos usados na operação
nos traz a taxa de transmissão de símbolos OFDM.
matemática da transformada rápida inversa de
Repare que a taxa de transmissão de símbolos
Fourier. Assim, o período de amostragem utilizado
OFDM, ROFDM depende da duração útil do símbolo
na IFFT é calculado como sendo o inverso da
e, portanto do modo de operação e também da
frequência de amostragem utilizada no processo de
razão do intervalo de guarda do sistema.
transformação, conforme exemplifica a equação:
(8)
(4)
A Figura 2 ajuda na compreensão da formação
Assim, a duração útil de um símbolo OFDM está
do símbolo OFDM e no entendimento da taxa
relacionada com o tempo de amostragem da
de símbolos OFDM. O princípio desta técnica de
IFFT e com o número de subportadoras para o
transmissão consiste em dividir a sequência de
processamento da transformada, de acordo com
dados, que deve ser transmitida a uma taxa de Rs
a seguinte equação:
símbolos seriais/segundo em N feixes de dados
paralelos, cada um operando a uma taxa de Rs ⁄N
(5)
símbolos por segundo.

Anotações
12 Capítulo 1 - Sistema ISDB-Tb – Parâmetros de Transmissão

Figura 2: Esquema conceitual de transmissão OFDM

De acordo com o modo de operação, tem-se


(11)
um número α de subportadoras por segmento
diferente, ou seja, operando no modo um, tem-se
α=96, no modo dois, tem-se α=192, enquanto que É importante notar que a taxa calculada para cada
no modo três, tem-se α=384 subportadoras por segmento é caracterizada como geral, pois ainda
segmento. Assim, a taxa útil de cada segmento de não foram considerados os parâmetros de channel
dados é a taxa de símbolos OFDM multiplicada pela coding, como modulação e FEC, por exemplo.
quantidade de subportadoras de cada segmento. Assim, a nível sistêmico, os parâmetros colocados
se aplicam a qualquer segmento OFDM. Neste
(9) sentido, inserem-se as características de modulação
e proteção, visualizando os impactos no cálculo da
É interessante notar que, no ISDB-Tb, a vazão de taxa útil de cada segmento OFDM. Primeiramente,
cada segmento de dados não muda, se for alterado tem-se a modulação digital empregada para
o modo de operação (e por consequência α) porque o respectivo conjunto de segmentos (camada
a relação entre o número de subportadoras por hierárquica). Assim, a equação para o cálculo da
segmento e o número de subportadoras utilizadas taxa útil de dados por segmento fica ponderada
para o cálculo da IFFT são constantes, de acordo pela ordem da modulação utilizada, uma vez que
com a seguinte equação: existe a correspondência entre a taxa de símbolos
seriais do segmento e a taxa de bits que entra no
(10) modulador digital. A construção de cada símbolo
serial complexo é realizada por um conjunto de
bits que obedece a regra do mapper do esquema
Nesse modo, é possível reescrever a equação que
de modulação digital. Portanto, a equação da taxa
define a taxa útil de cada segmento, da seguinte
total de bits do segmento de dados fica expressa
forma:
como sendo a taxa de símbolos seriais por

Anotações
Capítulo 1 - Sistema ISDB-Tb – Parâmetros de Transmissão 13

segmento, multiplicada pelo logaritmo da ordem ao fluxo de dados BTS que será modulado. É
da modulação, conforme mostra a equação: por este motivo que se opera com tal cascata de
códigos corretores. O que o decodificador Viterbi
(12) não consegue corrigir, o decoder Reed Solomon
tenta proteger. Os pacotes do fluxo BTS possuem
Nela, observa-se que cada camada hierárquica tamanho de 204 bytes, com estes últimos 16 bytes
pode ser configurada com uma modulação digital representando as informações necessárias para
diferente e isso significa que a taxa total de bits dos a distribuição hierárquica correta na etapa de
segmentos pode mudar de acordo com a ordem codificação de canal. Na etapa de remultiplexação
da modulação. Outra parametrização importante – início do processo de codificação de canal,
no cálculo da taxa útil de bits por segmento é o estes bytes são interpretados e substituídos pela
esquema de códigos empregados na correção proteção Reed Solomon. Logo, o codificador RS
de erros, ou seja, a taxa total de bits do segmento atua em nível de bytes, por meio da relação de
é calculada por meio da taxa de símbolos seriais 188 bytes com 204 bytes. Assim, a taxa útil de
ponderada pela razão de codificação do sistema bits relacionada ao processo Reed Solomon fica
de correção. A razão de codificação r expressa expressa como sendo a multiplicação da taxa de
a quantidade de redundância inserida ao fluxo bits do processo convolucional pela relação que
para a etapa de correção de erros. Logo, uma denota a inserção de redundância do código RS.
razão de codificação menor (1/2, 2/3) representa
maior redundância inserida (maior robustez) e, (14)
portanto, menor vazão útil de dados. Já uma
razão de codificação maior (5/6, 7/8) traduz menor
Ao relacionar a equação da taxa total de bits por
redundância inserida (menor robustez) e, portanto,
segmento com os cálculos, considerando os
maior vazão útil de dados. A equação abaixo
processos de codificação de canal (Convolucional
mostra o cálculo da taxa total de bits por segmento,
e RS), é possível calcular a vazão útil por segmento
considerando a atuação da FEC do processo inner
para qualquer configuração do sistema ISDB-Tb.
code convolucional, como sendo a multiplicação
da taxa de bits total do segmento pela razão de
codificação. (15)

(13) Baseado no desenvolvimento e análises de taxas


de transmissão evidenciados, a Figura 3 propõe
O relevante neste âmbito é que se podem ter um esquemático da etapa de codificação de canal
diferentes razões de codificação para diferentes do ISDB-Tb, contemplando uma configuração de
camadas hierárquicas, o que significa que a transmissão para as camadas A, B e C do sistema
taxa RBCod-segmento pode possuir valores diferentes, ISDB. O objetivo é evidenciar o cálculo de taxa
segundo a modulação e taxa empregadas. Além nos pontos indicados na Figura 3 e mostrar como
do parâmetro de codificação de canal interna podemos fazer esses cálculos. É importante notar
relacionada à operação convolucional (Viterbi), tem- que cada bloco que compõe o sistema pode ter ou
se o codificador externo, empregando códigos do não influência na taxa de transmissão hierárquica
tipo Reed Solomon. O objetivo da etapa de channel das camadas de TV Digital.
coding do sistema ISDB-Tb é prover proteção

Anotações
14 Capítulo 1 - Sistema ISDB-Tb – Parâmetros de Transmissão

Figura 3: Esquemática de codificação de canal do ISDB

Anotações
Capítulo 1 - Sistema ISDB-Tb – Parâmetros de Transmissão 15

As configurações sistêmicas de cada Layer são o sinal HD enquanto a transmissão one-seg ocorre
mostradas abaixo no quadro de transmissão da na camada A, ficando a camada C sem utilização.
Figura 4. Assim, nota-se que a camada B transporta

Figura 4: Configurações de transmissão do ISDB-Tb

A vazão total de dados na saída do sistema cálculos.


se relaciona com as características OFDM. Para se realizar o cálculo da taxa de símbolos
Primeiramente, deve-se observar qual é a cadência OFDM é necessário conhecer o tempo total do
de amostragem IFFT, dando origem ao tempo de símbolo OFDM, através da equação:
amostragem (inverso da taxa) para os posteriores

(16)

Recordando o modo de operação 1 (2048 Substituindo valores, encontra-se o tempo total do


subportadoras totais) e o inverso da frequência de símbolo OFDM como sendo:
amostragem, tem-se que TU=N ts=2048 x 123.06ns.

(17)

Assim, a taxa de símbolos OFDM por segundo é igual ao inverso do tempo de sinalização OFDM.

(18)

Anotações
16 Capítulo 1 - Sistema ISDB-Tb – Parâmetros de Transmissão

A taxa de um segmento corresponde a multiplicação subportadoras totais compõe o símbolo OFDM


da taxa de símbolos OFDM pelo número de enquanto um conjunto de segmentos constituem
subportadoras dentro de um segmento. No caso uma camada hierárquica. Em outras palavras, a
do Modo de operação 1, tem-se 96 subportadoras junção das camadas hierárquicas do sistema gera
dentro de um único segmento OFDM. Cada o símbolo OFDM de TV Digital composto por todas
subportadora será modulada por um símbolo as subportadoras. Assim, tem-se o valor da taxa de
complexo da modulação digital. O conjunto de transmissão por segmento:

(19)

Isso significa que a taxa de dados da camada único segmento, destinado ao serviço one-seg.
hierárquica A (dada em símbolos por segundo) O mesmo cálculo pode ser feito para a camada
é a multiplicação da taxa de segmento pelo B, contemplando os 12 segmentos restantes da
número de segmentos que formam a camada A, estratégia de transmissão hierárquica. Assim, tem-
que no caso de nossa transmissão é somente um se:

(20)
(21)

É interessante notar que a vazão de dados na saída camadas que compõe o esquema de combinação
do combinador hierárquico é a soma das taxas das hierárquica, resultando em:

(22)
(23)
(24)

Neste sentido, pode-se evidenciar as taxas na camadas hierárquicas e multiplicando pela


entrada do codificador convolucional, empregando razão de codificação da FEC configurada para a
as taxas totais calculadas para as respectivas respectiva camada.

(25)
(26)

Após a ponderação pela taxa de codificação, pode- as taxas contempladas pelo codificador interno
se partir para a análise da taxa de transmissão antes com a razão Reed-Solomon relacionada com o
e após o codificador Reed-Solomon, evidenciando tamanho dos pacotes do fluxo BTS.

(27)
(28)

Anotações
Capítulo 1 - Sistema ISDB-Tb – Parâmetros de Transmissão 17

Assim, realizado o cálculo da taxa de saída do a taxa de entrada do codificador Reed Solomon,
RS pode usar a relação 188/204 para encontrar resultando em:

(29)

O quadro da Figura 5 mostra os resultados de módulo traz outras configurações de transmissão


cálculo para as taxas de transmissão nas posições contemplando outros pontos de análise da etapa
selecionadas anteriormente. O desafio de nosso de channel coding do ISDB.

Figura 5: Resultados dos cálculos de taxa de transmissão

Anotações
18 Capítulo 2 - Sistemas de Redes SFN

Capítulo 2 - Sistemas de Redes SFN

As implantações e operações das redes de frequência única


dependem de uma série de fatores de projeto e dimensionamento
que devem ser revisados antes de serem postos em execução.
Foi visto que, a partir das características da transmissão OFDM e
seu intervalo de guarda é possível assegurar certa qualidade nas
recepções de TV Digital em um ambiente com vários transmissores
ISDB-Tb, os quais irradiam os sinais de TV no mesmo canal de RF.

Anotações
Capítulo 2 - Sistemas de Redes SFN 19

As redes SFN têm como principal objetivo prover de TV Digital – ABNT NBR 15608 especifica um
uma operação eficiente em termos espectrais, guia de sincronização para redes SFN, relatando
deixando de utilizar canais de RF que seriam os diversos métodos de sincronização. Os
designados aos outros transmissores da rede. esquemas de sincronização são estudados pelos
Logo, o planejamento de frequências se torna ainda pontos de interface, conforme mostra a Figura 6.
mais importante, bem como o dimensionamento A interface I/F (1) indica o ponto relacionado ao
de toda a rede de radiodifusão que poderá sinal Transport Stream TS-MPEG (ASI), vindo do
operar em frequência única. A questão principal sistema de codificação, na saída da multiplexação
está em realizar uma análise dos atrasos de de áudio e vídeo para formação do TS(1). O
propagação envolvidos na rede, contemplando os processo de remultiplexação é em essência o
processamentos e Links adicionais de distribuição papel do MUX-ISDB-Tb, dando origem ao ponto
do fluxo BTS. A disposição dos transmissores na de interface I/F(2) e ao sinal TS(2) denominado de
rede influencia significativamente nestes atrasos, B-TS ou BTS (Broadcast Transport Stream). Após
e por consequência no funcionamento da rede esta etapa, têm-se os blocos de codificação de
SFN. A interferência existente na rede SFN (Self canal (correção de erros) e geração do símbolo
interference SFN) para um dado espaçamento entre OFDM, dando origem ao ponto de interface I/F(3),
os transmissores pode ser reduzida pela alteração culminando na montagem e estrutura do quadro
dos parâmetros de transmissão, como o aumento OFDM de transmissão para posterior etapa de
do intervalo de guarda, por exemplo. Controlando os frequência intermediária (FI) e batimento para
parâmetros de transmissão da rede, contemplando frequência de canal – RF.
a base OFDM de transmissão é possível manter
essa autointerferência a níveis baixos, garantindo
ótima recepção digital dentro da rede. Antes de
se analisar questões relacionadas ao processo
de alteração ou otimização destes parâmetros de
transmissão, é imprescindível, por em prática o
correto sincronismo entre os transmissores. Manter
a referência (tempo/frequência) dos transmissores
ISDB-Tb é a principal diretriz de funcionamento
de uma rede SFN. Ao perder o sincronismo, a
probabilidade de falhas aumenta, levando a uma
queda de qualidade do serviço de radiodifusão
na área de cobertura. Os símbolos OFDM são
gerados com base em um clock de amostragem Figura 6: Tipos e pontos de interface na
cadeia de transmissão de TV Digital [2]
no processo IFFT dos moduladores. Isso significa
que para implementar uma rede SFN por meio de
sinais OFDM, é necessário que todos esses clocks O processo de sincronização de redes SFN é
de frequência de amostragem sejam idênticos. Em baseado no uso de esquemas de sincronização,
outras palavras, existe uma pequena tolerância que utilizam estes pontos de interface como
(mínima) de 1Hz nas variações de frequência de referência para o alcance de sincronismo entre as
transmissão de cada subportadora OFDM. Se estações da rede SFN. Assim, na distribuição dos
uma subportadora sofrer variações e diferir de sinais pela rede surgem os sinais denominados STL
outras estações, esta diferença afeta o período do (Studio Transmitter Link), que é essencialmente a
símbolo OFDM, que é a velocidade do símbolo. interligação dos equipamentos de geração do sinal
Consequentemente, um símbolo se desloca além (lado estúdio-emissora) e a estação de transmissão
do intervalo de guarda, provocando interferências ISDB-Tb Já o TTL (Transmitter – Transmitter Link),
entre símbolos OFDM, levando à degradação do apresenta como ocorre a interligação-link entre
processo de recepção. A norma de operações transmissores estações ISDB-Tb da rede SFN.

Anotações
20 Capítulo 2 - Sistemas de Redes SFN

A Figura 7, extraída do Guia de operações ISDB, Stream Packet) nulo específico a fim de realizar
traz as relações existentes entre os pontos de a conversão de sincronização SFN. Entretanto,
interfaces e os esquemas de sincronização. Repare no sistema de televisão digital terrestre são
que nos pontos de RF e I/F(3) são necessárias transmitidas até três camadas hierárquicas como
apenas sincronizações de RF, tanto no caso de uma única “camada” de radiodifusão. No caso
transmissão por micro-ondas quanto por STL/ de transmissão de camadas, é necessário um
TTL. Já nos pontos I/F(1) e I/F(2) têm-se diferentes dispositivo de conversão de sincronização em
descrições e observações para os esquemas de cada camada [2]. Isso aumenta a complexidade
sincronização implementados. Em suma, surgem deste esquema para sincronismo. Além disso, é
as sincronizações escrava, completa, de conversão muito importante que se tenha o mesmo fluxo
e de referência colocadas no Guia. BTS – sinal em todas as estações da rede SFN.
Devido à inserção de pacotes na composição
• Sincronização Completa: O esquema de do Stream, tem-se uma descaracterização
sincronização completa nos remete à seguinte do fluxo, dando origem a outro símbolo
afirmação; qualquer modulador-estação OFDM na modulação, diferente do símbolo
ISDB pode ter seu clock como uma base de OFDM originado na geradora. Isso implica na
sincronismo para toda a rede de radiodifusão. inviabilidade de recepção por parte da SFN,
Isso significa que um modulador da rede pode levando a degradação de recepção dos sinais
ser usado como a referência para os outros ao longo da cobertura SFN. Fica constatado
moduladores. É recomendável o planejamento e que o esquema de conversão de sincronização
implantação de um Link dedicado ao transporte para gerência de sincronismo em redes SFN
desse sinal para a implementação do esquema não é recomendável.
de Sincronização Completa.
• Sincronização Escrava: O esquema de
sincronização escrava estabelece uma relação
entre o clock do multiplexador – gerador do
BTS com os outros moduladores da rede SFN.
Assim, existe um sincronismo escravo por parte
de todos os moduladores da rede para com
o Mux-ISDB-Tb. Os clocks dos moduladores
estão todos sincronizados com o clock do Mux
do estúdio-geradora.
• Sincronização de Referência: É interessante
notar que todo o sistema de radiodifusão SFN
estará sincronizado com um sinal que não é da
própria rede de radiodifusão. A implementação Figura 7: Quadro de pontos de interface
da sincronização de referência pode ser feita para sincronismo em SFN [2]
com um sinal de GPS estável, sincronizando
estúdio e todas as estações geradoras da rede É muito importante que dentro das escolhas de
SFN. esquemas de sincronização para implementação
• Conversão de Sincronização (quase do sincronismo em SFN, exista uma precisão
sincronização): Este método de sincronização de frequência – estabilidade nos clocks dos
é baseado em um esquema de “bufferização” equipamentos e também no processo da IFFT. De
de sinais que são repassados aos próximos acordo com as normatizações ABNT, a precisão
transmissores da rede. Mais especificamente, o de frequência de RF para SFN deve ser de 1Hz,
sinal TS que vem da estação geradora é passado enquanto que para a operação MFN pode ser de
para os próximos transmissores com uma 500Hz. Isso traduz o impacto de sincronismo no
alteração-inserção de pacote (TSP – Transport sucesso de operação em frequência única.

Anotações
Capítulo 2 - Sistemas de Redes SFN 21

Uma das principais preocupações em sistemas SFN • Com base na estimação da resposta em
vem com as análises de interferências provocadas frequência é realizada a equalização do
pela disposição dos transmissores na rede. Dentro sinal, combatendo o efeito da interferência
dos critérios de implantação, destaca-se o respeito intrassimbólica provocada pelo ambiente
ao critério do intervalo de guarda em conjunto com multipercurso.
as questões de sincronismo da rede. Conforme
mencionado, é necessário que o mesmo símbolo A Figura 8 ajuda a ilustrar os conceitos que
OFDM seja gerado nas diversas estações SFN. circundam a recepção ortogonal frente aos
Nas zonas críticas de recepção, deve-se lidar com atrasos provocados pelo canal. O sistema de
situações envolvendo o mesmo símbolo OFDM a comunicação, que opera sem intervalo de guarda
fim de manipular e mitigar os efeitos de dois tipos (azul-acima), mostra os efeitos de interferência
de interferências (intrassimbólica e interssimbólica) da versão atrasada do símbolo OFDM-1 com
que surgem no cenário multipercurso. A recepção ele mesmo (interferência intrassimbólica) e com
ortogonal OFDM contempla o processo de a recepção do símbolo OFDM-2 (interferência
estimação de canal e equalização no domínio interssimbólica). Já o sistema mostrado abaixo,
da frequência para compensar a interferência (verde) retrata a recepção dos símbolos OFDM
intrassimbólica provacada pela ação do canal. Já com a implementação do intervalo de guarda
a interferência interssimbólica advinda também do (prefixo cíclico OFDM), combatendo os efeitos da
cenário multipercurso que supera o espalhamento interferência interssimbólica. A versão atrasada do
de atraso do canal é nociva à recepção ortogonal. símbolo OFDM-1 não provoca interferências na
Sintetiza-se a ideia de acordo com os seguintes recepção do símbolo OFDM-2, justamente pela
tópicos em sequência: implementação do prefixo cíclico. É importante
notar que a interferência intrassimbólica aparece
• O sistema de múltiplas portadoras OFDM em ambas as análises e deve ser considerada
inclui um prefixo cíclico (IG) ao sinal e um pelo sistema de recepção. Assim, mesmo com a
conjunto de subportadoras de referência para utilização do IG não combatemos totalmente os
proteger o sistema e combater o efeito do canal efeitos de atraso multipercurso do canal, devido à
multipercurso. interferência intrassimbólica.
• O prefixo cíclico provê uma proteção contra
a interferência interssimbólica enquanto sua
duração for maior que os atrasos dos múltiplos
percursos do canal.
• No entanto, ainda existe uma interferência
intrassimbólica causando alterações na
amplitude e fase de cada subportadora do
sinal transmitido. Isso acontece em virtude de
uma autointerferência do sinal OFDM e essa
combinação produz modificações na amplitude
e fase do sinal recebido.
• Para mitigar esse efeito, são enviadas as
denominadas subportadoras de referência a fim
de se produzir uma estimação da resposta em
frequência do canal. Técnicas de interpolação Figura 8: Análises de interferência intrassim-
bólica e interssimbólica no sistema OFDM
são utilizadas para implementar a estimação da
resposta em frequência do canal.

Anotações
22 Capítulo 2 - Sistemas de Redes SFN

Considerando tais conceitos dentro da concepção por exemplo. Isso faz com que o símbolo OFDM
das redes SFN, nota-se que o mesmo símbolo gerado via IFFT seja diferente da geradora, em
OFDM deve ser gerado nos transmissores para termos de envoltória e forma de onda temporal.
que o intervalo de guarda seja parametrizado, No momento de análise de interferência, nota-
segundo os planejamentos de distância e se que a interferência intrassimbólica que seria
configuração do sistema de TV Digital. A Figura 9 combatida com a equalização de canal, agora se
ilustra uma operação equivocada de transmissão apresenta como uma interferência interssimbólica,
pela remontagem do fluxo BTS e a geração de um dificultando todo o processo de recepção
novo símbolo OFDM. Isso significa que o símbolo ortogonal OFDM, pois essencialmente trata-se
OFDM-1 (da geradora-mux) é diferente do símbolo de símbolos OFDM diferentes. Ao mesmo tempo,
OFDM-1 (re-modulado - transmissor SFN). A nota-se que o atraso provocado pelo canal traz
remultiplexação dos pacotes na montagem do sérias consequências ao sistema de recepção,
BTS é única em cada seção, assim como as exigindo flexibilidade de configuração para com o
etapas de channel coding e dispersão de energia, parâmetro IG.

Figura 9: Análise de recepção com remontagem do fluxo BTS

Anotações
Capítulo 2 - Sistemas de Redes SFN 23

Observando a Figura 10, é possível estimar os propagação tem-se o tempo de propagação total
tempos de propagação de sinais, nas situações da retransmissora girando em torno de 120us. São
da geradora e retransmissão. O importante a exemplos e valores hipotéticos a fim de facilitar
notar é que existe uma distância de 35Km entre os os cálculos demostrando que a diferença destes
transmissores que gera um atraso na distribuição tempos totais de propagação deve possuir valor
de microondas do fluxo BTS. Levando em conta os da ordem do intervalo de guarda. Se o IG da rede
limites de potência, ficam determinada as regiões for maior que 37us, o sinal proveniente da estação
de alcance-cobertura das estações da rede e retransmissora (repare que as estações estão
o problema vem em determinar as condições sincronizadas e irradiaram o sinal ao mesmo tempo)
de operação nas zonas críticas de recepção. O chega ao receptor da zona crítica em um tempo
tempo total de propagação do sinal da geradora maior que o intervalo de guarda, degradando a
gira em torno de 83us enquanto o tempo total qualidade de recepção. O intervalo temporal de
de propagação da retransmissora contempla o 37us corresponde a um espaço de 11Km com
atraso de distribuição do BTS de 90us na rede. uma onda eletromagnética se propagando com
Somando o atraso de distribuição com o atraso de velocidade c.

Figura 10: Exemplos de cálculos para redes SFN

Anotações
Quiz
Chegou a hora de fazer um pequeno teste para avaliar o que
você aprendeu. Responda as questões abaixo e confira as
respostas corretas no final do livro.
Este questionário não é avaliativo, mas sim para fixação do conteúdo.

1. Qual a ordem correta para utilização dos parâmetros do Sistema ISDB-Tb?

a. Operação SFN - Análises de b. Análises de Configuração c. Análise da Codificação de


Configuração (Cálculo de taxas de (Cálculo de taxas de transmissão) - canal(modulação) - Operação MFN
transmissão) - Gap Filler; Operação SFN - Gap Filler; - Operação SFN.

2. O espectro destinado a radiodifusão de TV Digital (ISDB-Tb), compreende:

a. 14 segmentos totais em uma b. 12 segmentos totais em uma c. 14 segmentos totais em uma


porção de 6MHz; porção de 8MHz; porção de 8MHz.

3. O nível de proteção adicionado ao sinal de TV Digital pode ser controlado segundo as configurações de:

a. FEC; b. CRC; c. BST-OFDM.

4. Se a dispersão temporal do canal de comunicação for menor que a duração do intervalo de guarda:

a. O sistema estará sofrendo b. O sistema estará protegido da c. O sistema sofrerá interferência


interferência intersimbólica, devido interferência intersimbólica; intersimbólica, pois não possui
ao cenário de multipercursos; uma parcela temporal destinada
à implementação do intervalo de
guarda.

5. A taxa de transmissão de símbolos OFDM, depende:

a. Da duração útil do símbolo, que b. Da duração útil do símbolo, que c. Da duração útil do símbolo, que
corresponde às configurações de corresponde ao entrelaçamento e o corresponde ao modo de operação
FEC e sua parcela temporal; número de subportadoras; e a razão do intervalo de guarda do
sistema.
6. O objetivo da etapa de channel coding do sistema ISDB-Tb, é:

a. Fornecer vazão total de b. Gerar uma taxa de símbolos c. Prover proteção ao fluxo de
dados na saída do sistema de OFDM que seja igual ao inverso do dados BTS que será modulado.
remultiplexação; tempo de sinalização; Operando com cascata de códigos
corretores.

7. A razão pela qual o símbolo OFDM gerado via IFFT seja diferente da geradora, é:

a. Intervalos de guarda maiores do b. A equalização do sinal que c. A remultiplexação dos pacotes


que a dispersão temporal do canal combate o efeito da Interferência na montagem do BTS que é feita
de comunicação; Intrassimbólica provocada pelo de forma única em cada seção,
ambiente multipercurso; bem como etapas de channel
coding e dispersão de energia.
26 Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler

Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler

Conforme discutido nos módulos, os cenários de propagação


de televisão digital são adversos e contemplam mecanismos de
propagação gerais das comunicações sem fio. As condições
terrestres de propagação são inúmeras e isso reflete em uma
verdadeira ‘mancha’ de cobertura com zonas críticas para a recepção
dos sinais de TVD. Dentro do planejamento de cobertura, devem-se
tomar precauções no dimensionamento do projeto com base nos
objetivos e Status de operação das emissoras, a fim de cobrir a área
com qualidade. A própria essência de operação digital é diferente do
sistema analógico no sentido de abertura de sinal. Isso significa que
existe um limiar de operação que deve ser ultrapassado (nível) para
que os receptores possam abrir o sinal de TV Digital. Ainda assim,
conforme discutido em muitos casos, as zonas de sombreamento
se apresentam como áreas onde este limiar de operação/recepção
não é atingido, ou seja, não existe nível de sinal suficiente para
sensibilizar os receptores dessas zonas críticas. A Figura 11 mostra
uma ilustração conceitual de uma zona crítica de recepção de TV
Digital e a solução Gap Filler, sendo utilizada como reforçador de
sinais para solução do problema de cobertura.

Anotações
Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler 27

Figura 11: Ilustração dos conceitos relacionados ao Gap Filler

Essencialmente, o Gap Filler é um reforçador de O primeiro ponto a ganhar atenção vem com as
sinais. O projeto de um Gap Filler conta com a análises de isolação do sistema irradiante. O
diretriz de minimizar as deficiências de cobertura cenário do Gap e as condições de retransmissão
da rede, entregando um sinal de qualidade a luz do projeto de cobertura são os principais
aos receptores garantindo uma boa eficiência pontos na implementação deste equipamento
espectral e qualidade de sinal. É exatamente na rede de radiodifusão. A direção ou onde o
pelo funcionamento do sistema de TV Digital Gap Filler irá ‘iluminar’ e em qual direção tem-
que é possível a implementação de Gap Fillers se o sinal da estação geradora são pontos que
nos projetos de cobertura. Ao pensar no sistema devem estar claros e impactam consideravelmente
analógico e resgatar sua falta de robustez aos na operação eficiente do Gap Filler devido às
efeitos dos múltiplos percursos, ainda assim, questões de realimentação de sinais. Assim, na
tem-se o sinal (baixo nível) da estação principal Figura 12 é mostrada uma antena direcional que
provocando interferência nos sinais retransmitidos. captará o sinal da estação geradora. Geralmente,
Nos receptores digitais, a técnica ortogonal de o sistema é implantado no alto de edifícios, com
recepção OFDM em conjunto com os códigos uma torre que possua o máximo de visibilidade
corretores de erros proveem a robustez necessária com a estação principal. Neste sentido, tem-se um
para a abertura de sinal, levando em conta que a processamento de RF com a filtragem de canal
potência de operação dos sistemas digitais é menor para evitar ao máximo as interferências na sintonia
quando comparada com os sistemas analógicos. dos sinais que chegam ao sistema de Gap Filler.
Em outras palavras, o efeito de interferência
fantasma não apareceria com a utilização do Gap
Filler. A Figura 12 mostra um diagrama em blocos
simplificado do sistema Gap Filler, evidenciando as
principais etapas de funcionamento do reforçador.

Anotações
28 Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler

Quanto mais eficiente é o sistema de filtragem antena de recepção do sinal da estação geradora.
de canal do Gap, mais limpa é a operação de Logo, vários desafios surgem na operação do
retransmissão. No intuito de aumentar a eficiência Gap Filler e alguns procedimentos na instalação
dos próximos estágios, o amplificador de RF devem ser observados para que os desafios sejam
(baixo valor de Figura de Ruído) reforça o sinal vencidos. É necessário atentar para a intensidade
de RF a fim de cumprir a missão principal do Gap de campo máxima fora da área de atuação do Gap
Filler, enquanto o controle automático de ganho Filler. Dentro da zona crítica, o sinal da estação
equaliza o sinal de TV Digital, em termos de nível principal é considerado como sinal interferente
ao longo da faixa ocupada. Isso significa que o ao passo que fora da zona crítica, o sinal – Gap
AGC (Automatic Gain Control) faz a compensação Filler passa a ser indesejado. A partir de um
de níveis baixos e atenuação dos níveis altos conjunto de medidas tomadas em uma grade de
no intuito de planificar o nível do sinal de saída. pontos na área de cobertura do Gap Filler, obtém-
Depois de realizado o controle de ganho, tem-se se o limite inferior de intensidade de campo do
o estágio de Downconverter para a frequência sinal proveniente da estação principal. Este limite
intermediária (F.I) do sistema e preparação para a determina a intensidade mínima de sinal que deve
etapa de Upconverter de canal para retransmissão. ser projetada para o Gap Filler nesta mesma área.
No diagrama, fica exposta uma estrutura de torre O mesmo raciocínio se aplica às medidas fora da
compartilhada com o sistema de irradiação de área de cobertura do Gap Filler, que revela qual
recepção e retransmissão com o desafio de é a intensidade máxima de sinal que deve ser
isolação entre antenas. O que ocorre de fato é projetada no Gap Filler na mesma área.
uma realimentação do sinal retransmitido pela

Figura 12: Diagrama em blocos da estrutura do Gap Filler para retransmissão de TV Digital

Anotações
Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler 29

Mais especificamente, o sistema Gap Filler atua de são em primeira instância, diferentes. A operação
forma regenerativa no sinal de TV Digital, dando em SFN visa aumentar a eficiência do espectro
origem a diferentes tipos de repetição de sinais. pela implantação de uma rede de radiodifusão
Neste sentido, observa-se, na Figura 13, a evidência que opere no mesmo canal de RF, abrindo
das compatibilidades com a implantação de redes possibilidades para a ampliação da cobertura
SFN, no que diz respeito à operação do Gap Filler. sempre visando níveis satisfatórios de qualidade
Ambos os sistemas, SFN e Gap Filler aproveitam as de sinal. Já a operação do Gap Filler é focada na
vantagens do sistema digital OFDM via intervalo de solução dos problemas de sombreamento e falhas
guarda, mas os propósitos principais das soluções na implementação dos planos de cobertura.

Figura 13: Tipos de recepção de sinal

Anotações
30 Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler

Dependendo da frequência de operação do Gap mas não elimina os efeitos da interferência


Filler e do tipo (regenerativo ou não-regenerativo), intrassimbólica. Logo, a repetição de sinal com
têm-se diferentes prospecções de operação. Gap Filler regenerativo operando no mesmo
Na implementação dos Gap Fillers para solução canal de RF da rede SFN não é viável na prática,
de cobertura com redes SFN (mesmo canal de ficando o Gap Filler não regenerativo com o cargo
RF), é impossível operar com a demodulação do de compatibilidade SFN. É por esse motivo que
sinal, uma vez que ocorre a volta do Stream (BTS) se tem a etapa Downconverter para a frequência
original e será necessário, portanto, reconstruir intermediária seguida do estágio de Upconverter
o BTS. A remultiplexação de BTS e geração do de canal. No âmbito da operação com canal de RF
sinal de TV Digital OFDM inviabilizam a operação diferente, se a regeneração estiver implementada
em frequência única, pois um dos principais no Gap Filler, tem-se um retransmissor de sinais
requisitos de operação para SFN é garantir que que amplia a cobertura – soluciona o problema
todas as estações irradiem exatamente o mesmo de sombreamento em outro canal. Se não estiver
símbolo OFDM. Se for realizada a demodulação/ implementada a demodulação – regeneração
modulação do sinal, nas zonas de recepção têm- no Gap Filler, tem-se o denominado Gap Filler
se os sinais OFDM da estação geradora (BTS Transposer, pois este só realizou a translação de
Original) e os sinais OFDM (BTS remultiplexado) canal do sinal de TV Digital. A Figura 14 mostra
proveniente do Gap Filler, caracterizando uma comparação entre os sistemas regenerativos
um cenário de interferência interssimbólica e e não regenerativos com suas principais vantagens
intrassimbólica. O intervalo de guarda do sistema e desvantagens do ponto de vista de operação em
preserva nosso receptor dos múltiplos percursos e SFN e qualidade de retransmissão.
por consequência da interferência interssimbólica,

Figura 14: Vantagens e Desvantagens dos sistemas regenerativos e não regenerativos

Anotações
Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler 31

A principal diferença reside no atraso provocado ambiente multipercurso com alto potencial de
pelo sistema Gap Filler e a presença ou não da interferência, em termos de níveis e atrasos,
etapa de decodificação de canal – correção de ou seja, os sinais retransmitidos pelo Gap Filler
erros. A operação em SFN acontece no mesmo conturbarão o símbolo OFDM captado pela antena
canal e requisita maior eficiência de retransmissão de recepção. Enquanto o sistema de retransmissão-
do equipamento, uma vez que não é feita a amplificação atua, os sinais são realimentados e
demodulação do sinal de TV Digital. Em ambos todo o sistema do Gap Filler pode entrar em um
os casos, precisa-se reforçar – amplificar o sinal Loop de interferências, destruindo a operação do
e lidar com problemas de isolação de antenas e Gap Filler, impossibilitando a recepção OFDM da
interferências co-canal e canal adjacente. Neste estação geradora. Já com o desenvolvimento das
sentido, a etapa de RF – Amplificação – sintonia técnicas de processamento dos sistemas digitais,
– filtragem do Gap Filler deve ser realizada com é possível implementar etapas que combatam os
a máxima eficiência possível, respeitando as efeitos dessa realimentação.
normatizações da ABNT NBR15601, no tocante
das interferências. É importante ressaltar que a
operação não regenerativa no mesmo canal de
RF contabiliza o Gap Filler dentro do planejamento
SFN da rede de radiodifusão, como se ele passasse
a ser um micro transmissor ISDB-Tb. Comparando
potências, Gap Fillers classificados como de baixa
potência operam com 100mw a 5W, enquanto
os sistemas de maior potência sobem para 50W.
Em todos os casos, a preocupação com o elo de
realimentação do Gap Filler se faz constante em
muitos cases de implantação. Para combater o
problema, é necessário distanciar as antenas do
sistema irradiante na torre de transmissão, a fim
de evitar a captação do sinal retransmitido pela
antena receptora. Na maioria dos casos, surge o
entrave nas questões de espaço das torres. Assim,
o uso de canceladores de eco nos sistemas de
Gap Filler se faz necessário, e a eficiência desta
etapa impacta na eficiência de retransmissão
como um todo. A Figura 15 mostra o modelo de
funcionamento do Gap Filler com os dois sistemas
fundamentais na operação por retransmissão.
O efeito visto pelo fenômeno da realimentação
do sistema via antenas é o surgimento de ecos
captados pela antena receptora, que recebe o
sinal da estação geradora. A Figura 15 mostra um
modelo simplificado que é possível intuir sobre
o impacto da realimentação no sinal recebido,
degradando significativamente o sinal proveniente Figura 15: Modelagem e análise da
da estação geradora. O efeito da realimentação realimentação dos sistemas de Gap Filler
pode ser comparado com o surgimento de um

Anotações
32 Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler

O objetivo em si é combater os efeitos dos ecos descarta as informações assegurando que toda
que retornam ao sistema de entrada do Gap Filler, a interferência provocada ao sinal recebido
através de um algoritmo de processamento digital dentro do intervalo de guarda não será
para cancelamento de ecos implementado dentro processada. O entrave surge na configuração
do sistema de processamento do Gap Filler. Em de tal parâmetro, uma vez que quando se
essência, o problema é equivalente ao cenário aumenta o comprimento-tamanho-duração
de um canal multipercurso, porém construído por do intervalo de guarda, deixa-se de transmitir-
meio da isolação não ideal entre as antenas de processar informações úteis. Tipicamente, têm-
recepção e retransmissão do sistema. Conforme se configurações da ordem de 20μs a 200μs.
já dito, os padrões de TV Digital lidam com tal No sistema ISDB-Tb, operam-se com as razões
ambiente multipercurso de diferentes formas. Por do intervalo, de acordo com o comprimento
exemplo: do símbolo OFDM, que muda com o modo de
operação do sistema de TV Digital.
• O sistema americano de portadora única -
ATSC - utiliza um equalizador temporal para Se o sistema de Gap Filler operar com um atraso
eliminar os efeitos de interferências provocados muito grande em relação ao sinal principal, dentro
pelas versões atrasadas de sinais que chegam da zona de cobertura do Gap Filler, as questões
ao sistema de recepção. No entanto, o próprio do intervalo de guarda podem ser comprometidas.
sistema de portadora única não é robusto frente Logo, conforme exposto, é interessante que a
à seletividade em frequência do canal, além operação de retransmissão do Gap Filler tenha
de existirem limitações no próprio equalizador o mínimo Delay possível. O funcionamento da
temporal. Tipicamente, os equalizadores ATSC etapa de cancelamento de ecos é baseado em
operam dentro de janelas temporais da ordem um algoritmo que tenta mapear o perfil de atrasos
de 50μs para a realização da equalização e de acoplamento originado pela realimentação
combate a estes efeitos de canal. Ainda assim, existente. A Figura 16 ilustra o conceito do
existem recomendações que apontam para cancelador de ecos através da passagem de taps
a operação em janelas de tempo maiores que denotam o cenário multipercurso que surge
contemplando valores negativos de atraso na antena de recepção do Gap Filler. Assim,
(significa que sinais de menor amplitude baseada na estimação do cenário multipercurso
chegaram ao receptor antes do sinal dito como recebido, modela-se um equalizador adaptativo no
principal – maior amplitude-nível). intuito de agir com ganhos contrários nas mesmas
• Já em sistemas baseados na tecnologia linhas de atraso do cenário multipercurso, fazendo
OFDM, os ecos-multipercursos são tratados de com que o eco que chega naquele instante seja
forma diferente pela implementação do intervalo atenuado pelo Gap Filler. Trata-se, portanto de
de guarda inserido entre os símbolos OFDM, técnicas de processamento de sinais avançadas
a fim de acomodar os vários sinais atrasados para estimação do comportamento do canal e
que possam potencializar a interferência combate adaptativo ao cenário multipercurso –
interssimbólica. Durante todo o tempo de acoplamento que chega à antena de recepção do
intervalo de guarda, o receptor simplesmente Gap Filler.

Anotações
Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler 33

Figura 16: Conceitos do cancelador de ecos – modelos de estudo

3.1 Gap Filler – Linear: Overview

A solução da Linear para sistemas de Gap Filler,


o equipamento ISG7xxLA, que é, essencialmente,
um repetidor de canal de sinal de TV Digital em
UHF para o padrão ISDB-Tb. A Figura 17 mostra
a visão do painel frontal e traseiro do Gap Filler
evidenciando o módulo de controle e a etapa
de potência. Conforme destacado em outros
equipamentos da Linear, o sistema microcontrolado
permite a realização de monitoramento e
supervisão de todas as funções do Gap Filler. O
Display e o teclado frontal nos permitem configurar
e ter acesso a todas as leituras e alarmes do
equipamento. Figura 17: Visão do painel frontal e traseiro
do Gap Filler Linear [3]

A Figura 18 mostra um quadro com as principais


especificações de potência da família ISCHIO de
Gap Fillers Linear. É importante considerar aqui,
que os níveis de potência são dados em potência
média, relacionada com a máscara crítica (50dB)
e são medidos na saída do Gap Filler após o filtro.

Figura 18: Especificações de potência da


família ISCHIO de Gap Filler Linear [3]

Anotações
34 Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler

A composição esquemática do sistema de Gap topologia combline. Possui seis (ou sete) polos de
Filler (Figura 19) começa com um filtro de canal sintonia para a geração dos pontos de transmissão
de entrada para seleção correta do canal UHF de zeros (TZ), os quais estão localizados próximos
para repetição do sinal, seguido de uma unidade da banda passante correspondente ao canal
excitadora Gap Filler para o processamento de de UHF sintonizado. Após o filtro de saída, tem-
sinal de TV Digital. Após o processamento de se a implementação de uma sonda de UHF para
sinais feito pelo Gap Filler (dependendo do tipo de extração do sinal retransmitido através duas
Gap Filler), tem-se uma etapa de amplificação de amostras de sinal, em conectores tipo N Fêmea.
potência constituída pela Gaveta de potência que O nível de sinal presente nestes conectores é de
opera com ganho típico de 47dB em toda a faixa 0dBm. O sinal da sonda pode ser utilizado para
de UHF. O módulo CL6-7X50C é um filtro passa medidas com analisador de espectro e potência
banda para canais em UHF e foi desenvolvido na

Figura 19: Esquemático em diagrama de blocos do sistema Gap Filler

3.1.1 Procedimentos de Instalação do Gap Filler

No âmbito de instalação do Gap Filler, já foram • Altura:


retratadas inúmeras preocupações e cabe - A altura depende principalmente do sinal
neste tópico, evidenciar quais são as principais recebido e das condições de transmissão
recomendações no processo de instalação do (obstruções, área de atendimento, etc.). É
equipamento: importante observar a altura da antena em
relação ao para-raios, já que esta deve ficar
• Fixação de Cabos, Antenas e Conectores; dentro do cone de proteção do para-raios.
• Direção das Antenas e ângulos de abertura: • Distância:
- Para direcionar as antenas de maneira - Conforme referenciado, a distância entre as
correta, deve ser utilizado uma bússola ou antenas de recepção e transmissão deve ser
teodolito. a maior possível, com a finalidade de isolar o
- O ajuste fino da antena de recepção é feito sinal recebido e o sinal transmitido. No caso
utilizando um medidor de intensidade de de Gap Filler, deve-se procurar “esconder”
campo. uma antena da outra, colocando-as em faces
diferentes de um prédio, por exemplo.

Anotações
Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler 35

3.1.1.1 Recomendações para sistemas irradiantes

O tópico de distância retratado nos procedimentos


acima possui expressiva importância no correto
funcionamento do Gap Filler pós-instalação,
influenciando na eficiência do processo de
retransmissão de sinais. As especificações das
antenas de transmissão e recepção giram em
torno do próprio cenário de operação do Gap
Filler. Ainda assim, é possível elaborar diretrizes e
recomendações para os sistemas irradiantes, a fim
de maximizar a eficiência de operação do Gap Filler.
Uma das principais preocupações na recepção de
sinais é o ambiente multipercurso degradante à
qualidade (MER) do sinal recebido, dificultando a
retransmissão. Para isso, é muito importante que a
antena de recepção do Gap Filler tenha o máximo
de “visada” com o sinal vindo da estação geradora.
Isso significa que no projeto e planejamento dos
sistemas irradiantes, as antenas de recepção
devem possuir alto ganho – diretividade, a fim de
minimizar os efeitos de múltiplos percursos. Ao
mesmo tempo, recomenda-se que a antena tenha
alta relação frente-costas, a fim de evitar a captura
de sinais em direções não desejadas, vindas até
mesmo da antena de transmissão do sistema
(realimentação). Uma opção recomendável para
a antena de recepção é uma parábola UHF, por
exemplo. A Figura 20 ilustra alguns diagramas de
irradiação de antenas que podem ser utilizadas na
recepção de sinais do Gap Filler.

Anotações
36 Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler

Figura 20: Exemplos de diagrama de irradiação para antenas para recepção de Gap Filler

Já o caso da antena de transmissão tem-se outra em Gap Filler. Normalmente, são empregadas
perspectiva de irradiação, a qual contempla um polarizações elípticas ou horizontais nestes
diagrama relativamente mais aberto do que a antena sistemas irradiantes. Antenas que operam com a
de recepção. Pode-se citar uma recomendação de polarização elíptica apresentam vantagens que
abertura de lobo principal entre 90º e 140º graus, derivam do próprio posicionamento de recepção
prestando muita atenção no surgimento de lobos (independente), como das questões relacionadas
secundários que originam fortes acoplamentos aos fenômenos de propagação (difração, linha
entre as antenas, causando os ecos que degradam de visada, obstáculos, meio de propagação)
a operação do Gap Filler. Um forte acoplamento descorrelacionados frente à polarização da onda
significa alta realimentação entre as antenas, que eletromagnética. A Figura 21 ilustra exemplos de
exige mais isolação para a operação. Uma antena diagrama de irradiação para antenas (painel – 1
painel ou slot são exemplos de sistemas irradiantes face) de transmissão que podem ser utilizadas em
utilizados como antenas para transmissão de sinais sistemas de Gap Filler.

Anotações
Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler 37

Figura 21: Exemplos de diagrama de irradiação para antenas para transmissão de Gap Filler

Anotações
38 Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler

Ressalta-se que, durante toda a instalação da parte baixa, isolada da torre de transmissão. O abrigo
de RF e dos sistemas irradiantes, o Gap Filler deve contempla todos os equipamentos necessários
estar desligado. Dentro do projeto de instalação, é para retransmissão de sinais e o Gap Filler. No
recomendável a isolação máxima entre as antenas, caso mostrado à direita, surge uma dificuldade
contemplando distâncias típicas de 15 metros de recepção do sinal principal em virtude de
entre a antena de recepção e a de transmissão obstáculos próximos ao abrigo, por exemplo. Neste
do sistema. Além disso, é interessante que as sentido, pode-se empregar a antena de recepção
antenas estejam apontadas em direções opostas. no alto da torre de transmissão ficando a antena de
Logicamente, que tal disposição depende muito transmissão do Gap Filler em uma localização mais
do cenário de retransmissão. Em alguns casos baixa, como na base da torre ou teto do abrigo, por
não é possível proceder com as antenas opostas, exemplo. A maximização de nível do sinal recebido
devendo-se, portanto, lançar mão de distâncias pode ser alcançada se a antena de recepção estiver
verticais maiores, além de manobras de isolação no topo da torre, mas o foco de implementação
na própria torre de antenas, no intuito de afastá-las é a maximização da isolação entre as antenas.
o máximo possível. A Figura 22 ilustra esquemas Pode-se pensar em casos de compartilhamento
de posicionamento que podem ser implementados de torre com as preocupações de realimentação,
na prática de instalação das antenas do sistema sempre levantadas exaustivamente nos módulos
Gap Filler. Ambos os casos são posicionamentos estudados. Ainda na Figura 22, o esquema
corretos. No cenário mostrado à esquerda, tem-se de posicionamento mostrado mais abaixo (à
o posicionamento sem obstáculos empregando esquerda) retrata um procedimento incorreto de
a antena diretiva para recepção em altura mais instalação das antenas do sistema Gap Filler.

Figura 22: Esquemas de implementação de posicionamento das antenas de recepção e transmissão

Anotações
Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler 39

Além da menor altura para recepção dos sinais mostra a interligação da antena de recepção com
(que pode comprometer o nível de sinal recebido), um equipamento Anritsu, a fim de avaliar o perfil
a disposição das antenas neste esquema gera de atrasos de recepção. Neste sentido, deve-
um alto acoplamento. Uma das medidas a serem se agir no intuito de miminizar os percursos que
tomadas em um caso como este é partir para chegam fora do intervalo de guarda do sistema
ajustes de isolação na própria torre de transmissão. de recepção. A medida Delay Profile revela este
Mais à direita é mostrado um esquema envolvendo cenário em conjunto com a MER para cada Layer
uma proteção metálica que ajuda relativamente e a MER total de recepção. A resposta ao impulso
(repare) na isolação entre as antenas. Com o e a resposta em frequência medidas no ponto de
dimensionamento e escolha das antenas de recepção do Gap Filler nos dá informações sobre
recepção e transmissão sendo analisadas, o comportamento do canal de comunicação no
é recomendável proceder com uma série de ponto de operação do Gap Filler. Neste momento,
medidas, a fim de posicionar corretamente a antena já se possui informações para caracterização da
de recepção. O objetivo desta etapa é minimizar operação do Gap Filler, pois a correta recepção
os efeitos dos múltiplos percursos, avaliando a do sinal de TV Digital é o primeiro passo para o
qualidade de demodulação (MER – Anritsu) por sucesso na retransmissão do Gap Filler.
meio da medida de Delay Profile. A Figura 23

Figura 23: Implementação de posicionamento das antenas e análise de medidas

Em termos práticos, é interessante encontrar (mais), ressaltando a estabilidade nessas medidas


um nível de recepção aceitável para o Gap Filler, ao longo de uma duração temporal. Variações
dentro de um range de entre -50dBm e -20dBm, bruscas de MER (maiores do que 5dB a 7dB ou
por exemplo. Quanto maior esse nível, melhor mais) indicam uma instabilidade e evidenciam uma
recepção melhorando a operação do Gap Filler. zona de recepção com comportamento de canal
É importante verificar a oscilação dos valores (com alto grau de variabilidade temporal) capaz de
de channel power e taxa de erro de modulação afetar e degradar a demodulação ortogonal OFDM
nas medidas. Uma MER considerada ótima para do sistema de recepção.
recepção de sinais gira em torno do valor de 30dB

Anotações
40 Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler

3.1.1.2 Instalação do Sistema – Gap Filler

Sendo realizado o conjunto de medidas para Gap Filler que está atrelado à gaveta de potência-
análise e posicionamento da antena de recepção, amplificação do sistema. Após o processamento
tem-se o início da instalação do equipamento Gap do sinal e amplificação de potência, encaminha-se
Filler e seus componentes. O Gap Filler Linear é o sinal de TV Digital para o filtro de máscara para
composto dos seguintes componentes: fechar a retransmissão via antena de transmissão.
Cabe ressaltar algumas informações a respeito
• Filtro de Recepção (LINEAR) dos próprios equipamentos da Linear. A primeira
• Cabo de Conexão de 2 metros (Filtro de delas está relacionada às sondas antes e após
Recepção → Gaveta Excitadora) o filtro de máscara. Nas versões mais atuais dos
• Gaveta de Excitação equipamentos, a sonda Before Filter foi substituída
• Gaveta de Potência por um sample interno na gaveta de potência.
• Sondas Before e After Filter Pode-se fazer a verificação na própria gaveta de
• Cabo de Conexão de 1 metro (Gaveta de potência, ou seja, verificando se esta possui (ou
Potência → Filtro Máscara de Saída) não) um conector SMA ao lado do conector N de
• Filtro Máscara de Saída (COM-TECH ou saída. Caso possua, esta saída pode ser utilizada
SPINNER) como Sample Before Filter. Se o equipamento
possuir somente uma sonda, esta deve ficar antes
A Figura 24 mostra um esquemático de como do Filtro Máscara de Saída para que possa ser
devem ser realizadas as conexões entre os feita a pré-correção Não-Linear do Sinal. Depois
principais componentes do Gap Filler. Nota-se de executar a pré-correção Não-Linear, esta sonda
que o filtro de entrada seleciona o canal desejado deve ser posicionada após o Filtro Máscara de
para retransmissão e envia o sinal de TV Digital ao Saída.

Figura 24: Esquemático de ligações do sistema Gap Filler

É muito importante que os filtros fiquem equipamento já contabilizam essas distâncias. No


posicionados distantes do Gap Filler. Em um intuito de exemplificar e esclarecer o funcionamento
ambiente como um abrigo, é recomendável instalar do Gap Filler, é interessante examinar as conexões
os filtros (de entrada e saída) nas paredes do que existem no painel traseiro do equipamento.
ambiente, por exemplo. O importante é proteger A Figura 25 mostra os pontos-conexões entre
o equipamento e colocar os filtros distantes entre a gaveta de excitação (Gap Filler) e a gaveta de
si e do Gap Filler. Os cabos fornecidos com o potência do sistema.

Anotações
Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler 41

Figura 25: Pontos e conexões do paneil traseiro do sistema – gaveta de excitação e gaveta de potência

Primeiramente, deve-se conectar a malha de um esquemático replicado das outras figuras


aterramento das gavetas de excitação e potência que denota o Setup para análise de instalação e
ao ponto GND, mostrado na Figura 25. O cabo operação do Gap Filler com os pontos importantes
(normalmente com 2 metros de comprimento) que para realização de medidas. Conforme citado,
vem do filtro de entrada do sistema vai na entrada a análise do sinal recebido é feita no ponto A do
2-RF Input do Gap Filler, enquanto a saída do Gap setup. No ponto B, tem-se a análise do sinal na
Filler (3-RF Output) vai na entrada (3-RF Input) da saída do filtro de máscara, ou seja, realiza-se tal
gaveta de potência. A saída Sample RF da gaveta medida para verificar o status do sinal de TV Digital
de potência é encaminhada à entrada Before Filter de saída do Gap Filler, confirmando a correta
da gaveta de excitação ou equivalentemente a operação do sistema. Neste sentido, ocorre uma
saída de uma Sonda Before Filter à entrada Before série de ações que começam com a configuração
Filter da gaveta de excitação. Além disso, devem- da gaveta de excitação, verificando seu
se realizar conexões entre o conector Control funcionamento e programando as pré-correções
I/O (parte de baixo) e os conectores DB9 Macho (não-linear e linear). Após tal procedimento, é feita
e Fêmea para comunicação entre a gaveta de a verificação do status operacional da gaveta de
potência e excitação. A saída 6-RF Output deve potência, consultando os valores de correntes dos
ser levada à entrada do filtro de máscara de transistores, medidas de alimentação e alarmes
saída do sistema Gap Filler. A Figura 26 ilustra importantes na etapa de amplificação.

Figura 26: Setup de análise do sistema Gap Filler

Anotações
42 Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler

3.1.1.3 Operações e Análises do Sistema – Gap Filler

A eficiência de um sistema Gap Filler não nos vários pontos de nosso Setup de medidas. As
regenerativo operando em SFN, por exemplo, restrições de implementação estão amarradas no
depende muito das configurações da gaveta de mínimo acoplamento entre as antenas e no correto
excitação e de potência, contemplando as etapas planejamento da rede SFN e na contabilização
de pré-correção e o cancelamento de eco. O desafio do Gap Filler nessa rede de frequência única. A
é provocar o mínimo de atraso de trânsito no Gap Figura 27 retrata conceitualmente a definição do
Filler e ao mesmo tempo combater com eficácia acoplamento no sistema, evidenciando a resposta
os ecos que retornam pela antena de transmissão. ao impulso do canal medida na recepção do Gap
Tudo isso pode ser avaliado com a medida de MER Filler.

Figura 27: Conceitos relacionados ao acoplamento em sistemas de Gap Filler

Dentro desse âmbito, é muito importante ressaltar


que o acoplamento dependerá basicamente dos
seguintes fatores:
• Do nível do sinal recebido pelo Gap Filler (Rx)
• Do nível do sinal transmitido pelo Gap Filler
(Tx)
• Da isolação entre as antenas de recepção e
transmissão
• Tais análises em conjunto com a isolação
determinam o nível do sinal acoplado (R’x)

Anotações
Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler 43

O resultado desses fatores junto ao acoplamento


se relacionam com uma margem de operação,
que depende do nível do acoplamento e do nível
do sinal recebido. Mais especificamente, pode-se
definir essa margem segundo a seguinte equação:
Margem=Potência do sinal acoplado (dBm)-Potência do sinal recebido (dBm) (30)

Repare que quando o eco tem mais força (maior de obter uma retransmissão sem problemas. A
nível) do que o sinal recebido, a margem é Figura 28 mostra o resultado do novo algoritmo de
positiva, enquanto na situação cujo o sinal de cancelamento de ecos implementado no Gap Filler
entrada tem mais nível do que o eco, tem-se uma Linear. Nota-se que o cancelamento do segundo
margem negativa de resultado. O equipamento eco, que é muito crítico no sistema mostrado
Gap Filler mostra o nível do sinal recebido pelo na figura, gira em torno de 30dB, retratando a
sistema (dBm) e o parâmetro Loop Gain que é a eficiência do algoritmo. O objetivo em si, conforme
margem calculada relacionada com a potência referenciado, é desenvolver um sistema para
do sinal acoplado e com o nível do sinal recebido atingir uma equalização equilibrada de níveis
pelo Gap Filler. Neste sentido, tem-se o intuito de priorizando o sinal principal em virtude do cenário
alcançar um Loop Gain negativo para uma eficiente de realimentação.
operação de cancelamento de ecos, no intuito

Figura 28: Análise da resposta ao impulso do canal na recepção de sinais do


Gap Filler e a ação do algoritmo de cancelamento de eco

Anotações
44 Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler

As características do cancelamento de eco


são analisadas por meio de um parâmetro
denominado APL (Automatic Power Limitation)
que está relacionado à potência do equipamento.
Ressalta-se novamente que a qualidade de
retransmissão – sinal, depende da eficiência do
processo de cancelamento de eco e da rejeição
ao primeiro eco, que deve girar em torno de 30dB,
conforme o exemplo anterior. A máxima relação de
acoplamento do sistema Gap Filler pode ir até 10dB.
Isso significa que o APL atua no sentido de manter
essa relação controlando a potência de saída do
Gap Filler. Primeiramente, observando a Figura
29, nota-se a importância na atuação do controle
automático de ganho, a fim de equalizar o nível
de saída do sinal frente às variações de entrada.
A isolação colocada entre as antenas tem valor
80dB enquanto o nível do eco de realimentação é
de -40dBm.

Figura 29: Equipamento – Sistema Gap Filler e o controle automático de ganho

Anotações
Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler 45

Assumindo uma condição de recepção


desfavorável, pode-se assumir o nível do sinal de
entrada girando em torno de -50dBm. A Figura
30 ilustra o mesmo esquemático representado,
considerando a operação do Gap Filler com
-50dBm de nível de entrada. Na solução da Linear,
normalmente o Gap Filler opera com 10Watts
(40dBm) levando a uma margem de operação
de 10dB. O AGC possui a responsabilidade de
controlar o nível de potência sempre constante
mesmo com grandes variações de nível do sinal
de entrada.

Figura 30: Cálculo da margem de operação do sistema Gap Filler

Anotações
46 Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler

A Figura 31 ilustra uma situação onde ocorre a situação no Gap Filler. Pode-se parametrizar o
queda de nível de transmissão em 3dB, levando controle APL e a margem através da medida de
a uma nova atuação do APL no nível de saída do MER no Gap Filler. Mais especificamente, o nível de
Gap Filler. O objetivo é manter a margem menor do realimentação pode ser influenciado indiretamente
que 10dB. Isso significa que o APL atua reduzindo via potência de transmissão. Assim, programa-
a potência de transmissão do Gap Filler, reduzindo se o APL para operar com esta margem de 10dB
por consequência, o nível do sinal de realimentação baseado em uma MER estável para a operação do
devido ao acoplamento entre os sistemas Gap Filler. Dependendo das condições de medida
irradiantes. A potência de transmissão do Gap de MER, é necessário aumentar essa margem
Filler agora é de 37dBm e a margem relacionada atuando na potência de transmissão de acordo
ao eco de -43dBm é mantida em 10dB. Este valor com os níveis de entrada para prover uma menor
de margem relativo ao APL pode ser programado e realimentação resultando em uma MER com maior
quando o próprio sistema baixa a potência, devido nível/qualidade.
ao controle APL, tem-se um alarme indicando tal

Figura 31: Controle do APL no nível de transmissão devido ao nível de entrada do Gap Filler

A Figura 32 ilustra o cenário de interferência acoplamento que vem do transmissor analógico.


entre um transmissor analógico, operando no Mesmo sem a presença de outro transmissor, a
canal 31 em um sistema Gap Filler que esta própria instalação do Gap Filler requer cuidados
fazendo a retransmissão no canal 30. Trata-se de adicionais quando comparada à instalação de um
uma interferência de canal adjacente no sistema transmissor, por exemplo.
Gap Filler e que deve levar em conta o nível de

Anotações
Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler 47

Figura 32: Análise do cenário de interferência em sistemas Gap Filler

A questão chave para compreender as interferências mas também múltiplos das somas e diferenças
entre canais no espectro vem com os conceitos do destas frequências. O impacto disso é justamente
produto de intermodulação dos sistemas de RF. o aparecimento das interferências provocadas
Essencialmente, em nosso sistema de recepção, em outros canais, que é o caso da situação do
dentro da etapa de sintonia de radiofrequência, Gap Filler e o transmissor analógico. A Figura 33
os sinais que compõem esta etapa entram em um mostra o produto de intermodulação de terceira
sistema não linear (sintonizador - processamento ordem produzido pela presença do sinal do
– mixer complexo) que gera esse produto de transmissor analógico no canal 30, que é o canal
intermodulação em sua saída em virtude dos de operação do Gap Filler enquanto a Figura 34
sinais de entrada, compostos por diferentes mostra um exemplo de cálculo referente às normas
frequências. Em outras palavras, surgem outras que especificam o produto de intermodulação de
componentes de frequência na saída do sistema, terceira ordem.
não somente os harmônicos dos sinais envolvidos,

Anotações
48 Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler

Assumindo uma condição de potência de


transmissão relacionada à portadora de vídeo
(analógico) de 62dBm e ressaltando a margem
de 60dB referente ao produto de intermodulação
Figura 33: Produto de intermodulação de de terceira ordem, nota-se o nível da interferência
terceira ordem interferindo no canal 30 provocada gira em torno de 2dBm.

Figura 34: Exemplos de cálculos para produto de intermodulação de terceira ordem

Anotações
Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler 49

O sinal proveniente do transmissor analógico sinal através de um cálculo de Link Budget para
será recebido pelo sistema de recepção do Gap o acoplamento do sinal do transmissor analógico
Filler. O objetivo aqui é estimar esse nível de sinal na antena de recepção do Gap Filler. A equação é
recebido. É possível predizer a intensidade deste mostrada abaixo:

(31)

TX=>Potência de Transmissão ISO=>Isolação entre as antenas de Tx e Rx


GTX= >Ganho da antena de transmissão GRX= >Ganho da antena de recepção
F⁄CTX= >Relação frente-costas da antena de transmissão F⁄CRX= >Relação frente-costas da antena de recepção

O primeiro ponto a notar é que quanto maior a do acoplamento. Repare que o acoplamento é
isolação entre as antenas, menor é o acoplamento. calculado para os canais 30 e 31. Isso significa que
O mesmo ocorre quando se têm uma boa relação o Gap Filler enfrentará uma interferência dentro do
frente-costas das antenas de Tx e Rx. Naturalmente, canal 30 de operação de -73dBm (acoplamento
que o ganho dos sistemas irradiantes atua no ch 30) relativa ao produto de intermodulação
sentido de maximizar o acoplamento, trazendo uma (2dBm) enquanto o acoplamento do canal 31 esta
análise mais complexa do Link Budget. A Figura 35 relacionado à própria potência de transmissão
traz possíveis valores para montagem de um Link analógica (62dBm) causando um acoplamento
Budget com informações práticas sobre o cálculo maior girando em torno de -13dBm.

Figura 35: Cálculos de Link Budget para acoplamento dos canais no Gap Filler

Anotações
50 Capítulo 3 - Sistemas de Gap Filler

Observando as condições de recepção do Gap CH30, nunca maior.


Filler, nota-se que além do sinal que se deseja O Gap Filler Linear suporta 10dB, ou seja, o sinal
retransmitir, o Gap Filler irá receber o sinal interferente no CH31 pode ser até 10dB maior
interferente do Tx analógico no canal 30. A Figura que o sinal recebido pelo Gap Filler no CH30.
36 ilustra o cenário onde o nível do sinal recebido Para combater o problema dessa interferência
pelo sistema é de -50dBm. Esse sinal está vindo adjacente, o filtro de máscara atua atenuando
da geradora e deverá ser retransmitido. Surge toda a emissão fora da banda (vindo de outros
aqui um conceito muito importante na operação canais) que se apresenta como um potencial
de retransmissão com Gap Filler que relaciona o de interferência para o canal 30. No entanto, é
nível do sinal recebido (retransmissão) com o nível importante notar que o filtro de máscara não
do sinal no canal adjacente. A diferença entre o revolve o problema do produto de intermodulação
nível do sinal recebido e o nível do sinal no canal dentro do canal 30. Isso significa que o produto
adjacente nunca deve exceder a Margem de de intermodulação de terceira ordem é um tipo de
Ganho de Operação do sistema Gap Filler. Esta é interferência caracterizada como in-band noise que
uma condição de funcionamento do Gap Filller o irá degradar a MER do Gap Filler. A questão chave
que significa que a margem de ganho de operação diz respeito ao nível do IMD3 dentro da banda de
é uma feature – característica do Gap Filler, operação do Gap Filler. Se o IMD3 for da ordem
especificada em manual-fabricante. A maioria dos de grandeza do sinal recebido, o Gap Filler não
fabricantes suporta Margem de Ganho de 0dB, ou funcionará, devido ao alto nível de degradação
seja, o sinal interferente do CH31 pode ser igual provocado pelo produto de intermodulação gerado
ou menor que o sinal recebido pelo Gap Filler no pelo transmissor adjacente.

Figura 36: Cálculo da margem de ganho de operação do Gap Filler

Anotações
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Referências Bibliográficas
[1] ABNT NBR15601 - Sistema de Transmissão - Radiodifusão - Norma TV Digital

[2] ABNT NBR15608 - TV Digital: Guia de Operação do Sistema de Transmissão

[3] - ISCHIO GAP FILLERS Repetidores em Canal Manual de Operação - Material - Treinamento Hi-
tachi Linear

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