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E-Book - o Papel Da Segurança Privada em Estádios de Futebol em Pernambuco - Dr. Cleano Lima Alves
E-Book - o Papel Da Segurança Privada em Estádios de Futebol em Pernambuco - Dr. Cleano Lima Alves
2020
AGRADECIMENTOS
Dedico este E-book a minha esposa Lays, a minha filha Talita, a minha neta
Ester e a minha mãe (in memorian), que, de muitas formas, me
incentivaram e ajudaram para que fosse possível a concretização deste
projeto. Acima de tudo, dedico-o a meu Deus, maior pilar na construção de
meu caráter – a Ele rendo todas as homenagens.
2020
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RESUMO
4
LISTA DE IMAGENS
Imagem 1 – Registro do assassinato do torcedor Paulo Ricardo Gomes da Silva, durante jogo
entre Santa Cruz e Paraná, no estádio do Arruda, em 2014. _________________________ 25
Imagem 2 – Registro de violência entre as torcidas após jogo em Recife. 2013. _________ 25
Imagem 3 – Registro de torcedores do Santa Cruz em confronto com a Polícia Militar na Ilha
do Retiro. 2014. ___________________________________________________________ 26
Imagem 5 – Registro de torcedora sendo atendida pelo serviço médico no estádio, vítima de
conflitos entre as torcidas. 2017. ______________________________________________ 28
Imagem 8 – Registro do entorno do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos antes do
jogo. Pouca iluminação e ausência de segurança pública ou privada. Recife, 2017. _______ 35
Imagem 9 – Registro do entorno do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos antes do
jogo. Refletores acesos apenas minutos antes do início do jogo. Presença da Polícia Militar.
Recife, 2017. ______________________________________________________________ 35
Imagem 10 – Registro do entorno do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos antes
do jogo. Presença do grupamento a cavalo da Polícia Militar. Recife, 2017. ____________ 36
Imagem 11 – Registro do entorno do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos antes
do jogo. Presença de “flanelinhas” guardando veículos. Recife, 2017. _________________ 36
Imagem 12 – Registro do entorno do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos antes
do jogo. Presença de segurança privada sem uso de equipamentos adequados. Recife, 2017. 37
Imagem 13 – Registro da parte interna do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos
antes do jogo. Presença de segurança privada sem uso de equipamentos adequados. Recife,
2017. ____________________________________________________________________ 37
Imagem 14 – Registro da parte interna do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos
antes do jogo. Presença de segurança privada em posicionamento não estratégico diante da
amplidão do espaço. Recife, 2017. _____________________________________________ 38
Imagem 15 – Registro da parte interna do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos
antes do jogo. Presença de segurança privada desatenta em função complementar. Recife,
2017. ____________________________________________________________________ 38
5
Imagem 16 – Registro da parte interna do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos
antes do jogo. Presença de ferros, grades e tablados apresentando risco potencial em situações
de conflito. Recife, 2017. ____________________________________________________ 39
Imagem 17 – Registro da parte interna do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos
antes do jogo. Presença de ferros, grades e tablados apresentando risco potencial em situações
de conflito. Recife, 2017. ____________________________________________________ 39
Imagem 18 – Registro da parte interna do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos
antes do jogo. Presença de número reduzido de agentes públicos ou privados. Recife, 2017. 40
Imagem 19 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro)
durante o jogo. Segmentação das torcidas rivais por setores com presença de barreiras físicas
e atuação da Polícia Militar. Recife, 2017. _______________________________________ 42
Imagem 20 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro)
durante o jogo. Momento de revolta da torcida visitante, com contenção da Polícia Militar.
Recife, 2017. ______________________________________________________________ 43
Imagem 23 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro)
momento antes do jogo. Primeira barreira de acesso ao estádio, na estrada social, com revista
de torcedores realizada pela Polícia Militar. Recife, 2017. __________________________ 44
Imagem 24 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro)
momento antes do jogo. Segunda barreira de acesso ao estádio, com utilização de catracas e
segurança realizada pela Polícia Militar. Recife, 2017. _____________________________ 45
Imagem 25 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro)
momento antes do jogo. Presença de policiais do batalhão de Choque posicionados nas gerais
e sociais onde ficarão, respectivamente, as torcidas do Náutico e do Sport. Recife, 2017. __ 45
Imagem 26 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro)
durante o jogo. Setor da torcida anfitrião sem presença da Polícia Militar ou de segurança
privada. Recife, 2017. _______________________________________________________ 46
Imagem 27 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro)
durante o jogo. Setor da torcida anfitrião sem presença da Polícia Militar ou de segurança
privada. Recife, 2017. _______________________________________________________ 46
Imagem 28 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro)
durante o jogo. Setor da torcida anfitrião sem presença da Polícia Militar ou de segurança
privada. Recife, 2017. _______________________________________________________ 47
Imagem 29 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro)
durante o jogo. Momento em que a torcida visitante tenta avançar para o interior do estádio e
laterais com intuito de se confrontar com a torcida anfitriã. Recife, 2017. ______________ 47
6
Imagem 30 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro)
durante o jogo. Geral frontal à social e cadeiras do Sport literalmente cheias, sem registro da
presença de policiais e segurança privada. Recife, 2017. ____________________________ 48
Imagem 31 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro)
durante o jogo. Presença de reforço policial nas arquibancadas pelo Batalhão de Choque.
Recife, 2017. ______________________________________________________________ 48
Imagem 32 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro)
durante o jogo. A presença de segurança privada coadjuvando o Batalhão de Choque numa
tentativa da torcida do Sport romper a grande de proteção que separava as duas torcidas.
Recife, 2017. ______________________________________________________________ 49
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................09
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................60
4. REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................62
5. RESUMO FINAL..........................................................................................................................................64
6. QUESTIONÁRIO..........................................................................................................................................65
7. INFORMAÇÕES ADICIONAIS.......................................................................................................................69
8
INTRODUÇÃO
9
privado, que reúne características de ambos. Os estádios de futebol são exemplos de espaços
privados com forte utilização do grande público em períodos sazonais.
O futebol é considerado o esporte mais popular do mundo, envolvendo direta ou
indiretamente bilhões de pessoas, entre praticantes amadores, atletas profissionais, torcedores
e recursos financeiros incalculáveis (MURAD, 2013). O Estado de Pernambuco conta com 38
estádios, sendo os principais localizados na capital1, e estão relacionados aos seus respectivos
times2, e a Arena Pernambuco, construída para o mundial de futebol de 2014. Juntos, os
estádios têm capacidade para receber cerca de 154 mil torcedores.
A problemática da violência nos estádios é uma questão nacional. Entre 1999 e 2008,42
torcedores morreram em conflitos dentro, no entorno ou nos acessos aos estádios de futebol,
(MURAD, 2013). Contudo, essa violência encontra também forte expressão no cenário local.
Notícias sobre violência nos estádios de futebol são frequentes no Estado de Pernambuco. A
violência afeta tanto aqueles que frequentam os locais dos jogos como as pessoas que
convivem indiretamente com esses grandes eventos.
A violência nos estádios de Pernambuco não é diferente dos outros locais do Brasil.
Exemplos não faltam para retratar a falta de segurança vivenciada nesses eventos. Talvez um
dos casos mais emblemáticos, de repercussão nacional, tenha sido o assassinato do torcedor
do Sport Paulo Ricardo Gomes da Silva, 26 anos, atingido por um vaso sanitário atirado do
anel superior do estádio do Arruda, em Recife, em 2014 (ZIRPOLI, 2014).
Como apontou a impressa, à época, a presença do aparato policial já não é mais garantia
de segurança para o cidadão em eventos esportivos. O comportamento imprevisível dos
grandes aglomerados de pessoas já causou tragédias em eventos esportivos, culturais e até em
encontros religiosos. Há anos os cientistas tentam explicar que um indivíduo sozinho, em
geral, toma decisões mais sóbrias, mas, na multidão, passa a fazer parte de uma massa com
vontade própria e, às vezes, desordenada. Um bom profissional de segurança pública jamais
poderá olvidar disso (VALLA, 2013).
Com a previsão de realização dos megaeventos no Brasil (Jornada Mundial da
Juventude, de 2013, a Copa das Confederações, em 2013, a Copa do Mundo FIFA 2014 e os
Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016), foram necessárias diversas ações conjuntas entre
segurança pública e privada para proporcionar uma segurança condizente com a grandeza
desses eventos. Nesse sentido, a Polícia Federal, por meio da Portaria nº 3.233/2012 –
DG/DPF, que dispõe sobre as novas regras de segurança privada, visando atender aos novos
1
Arruda , Ilha do Retiro e Aflitos.
2
Santa Cruz, Sport e Náutico, respectivamente.
10
desafios dos grandes eventos. Nesse novo instrumento, foi criado o Curso de Extensão em
Segurança para Grandes Eventos, como forma de qualificar e especializar os vigilantes para
atuação nos locais onde haja grande concentração de pessoas, principalmente nos estádios de
futebol, a exemplo dos megaeventos, além de prever a utilização de segurança privada nos
eventos esportivos de forma integrada aos órgãos de segurança pública (POLÍCIA
FEDERAL, 2012).
O objetivo dessa iniciativa foi que a segurança privada utilizada em grandes eventos
seja oriunda de mão de obra especializada, sob pena de multa e de outras penalidades pela
Polícia Federal, que é a responsável pelo controle da segurança privada no Brasil. É
indiscutível que toda a atenção precisa ser dada aos grandes eventos, isso porque um
indivíduo pode agir de forma totalmente atípica quando faz parte de uma aglomeração.
Urge que a sociedade, como um todo, atente para a segurança pública, pois é dever do
Estado, direito e responsabilidade de todos, devendo ser exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Tal pensamento precisa ser estendido
na organização e realização das partidas de futebol em Pernambuco, pois, se houver uma
maior participação de vigilantes de segurança privada nos estádios de futebol, talvez seja
possível o Estado direcionar seu aparato militar para atuar nos arredores dos estádios de
futebol e, com isso, gerar uma maior segurança para todos os que estão direta e indiretamente
envolvidos nesses eventos.
Nesse sentido, é preciso avaliar o papel da segurança privada nos jogos de futebol em
Pernambuco, com a perspectiva de contribuir para uma possível parceria entre as seguranças
pública e privada, visto, ao se identificarem as vulnerabilidades da segurança nos estádios
durante uma partida de futebol, ao avaliar o papel da segurança privada na realização dos
jogos de futebol, ao apresentar a exequibilidade da parceria entre segurança privada e pública
nos jogos de futebol no Estado de Pernambuco, ao apontar as formas possíveis de atuação da
segurança privada em contribuição à segurança pública, com destaque para jogos de futebol
em Pernambuco, busca-se não fazer uma ilação desmedida, mas uma construção que viabilize
um ambiente que seja uma demonstração do bem-estar social, que é um direito do cidadão
torcedor.
No intuito de atender a tais objetivos, a pesquisa foi desenvolvida como um estudo de
caso. O estudo de caso consiste na observação detalhada de um contexto, ou indivíduo, de
uma única fonte de documentos, ou de um acontecimento específico, tendo como foco o
esclarecimento de uma decisão ou de um conjunto de decisões, o motivo pelo qual foram
tomadas, como foram implementadas e com quais resultados (SCHRAMM, 1971 apudYIN,
11
2004). Ele possibilita a utilização de um conjunto variado de técnicas de coleta de dados, e é
indicado para casos em que há impossibilidade de realização de experimentos, pouco ou
nenhum controle sobre os eventos analisados, foco em acontecimentos contemporâneos
e questionamentos sobre como e porque determinados fenômenos sociais acontecem
(YIN, 2004; CAMPOMAR, 1991; MEIRINHOS e OSÓRIO, 2010).
Considera-se aqui, também, a adequação do estudo de caso devido à proposta de
investigação estar focada em um fenômeno contemporâneo, no qual as relações entre ele e o
seu contexto não estão claramente definidos, conforme argumenta Yin (2004).
A pesquisa foi de cunho exploratório, na qual se buscaram informações sobre assuntos
com pouco tratamento. Gil (1995) argumenta que a pesquisa é de caráter exploratório quando
visa oferecer uma versão preliminar, em andamento, sobre o problema abordado, buscando
desvendar aspectos ainda não enfatizados, ampliando, assim, o escopo a ser estudado em
outras ocasiões. Destarte, essa pesquisa foi interpretativa, com caráter exploratório, e
eminentemente qualitativa.
A utilização da pesquisa qualitativa, aqui, relaciona-se a sua característica central de
buscar compreender processos dinâmicos vividos por grupos sociais, descrevendo a
complexidade de determinado problema e analisando a interação de certas variáveis
(RICHARDSON, 2009). Em geral, ela possibilita maior nível de profundidade no
entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos (RICHARDSON, 2009)
e compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas, que visam descrever e
decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Tem por objetivo, nesse
sentido, traduzir e expressar os sentidos do mundo social (NEVES, 1996).
Inicialmente, foi realizada a revisão bibliográfica, que resultou no referencial teórico
delineado no primeiro capítulo. Em seguida, foi realizada a coleta de dados, na qual foram
realizadas entrevistas e observação direta, como exposto adiante. Os dados coletados foram
analisados à luz do referencial teórico selecionado, gerando o relatório final de pesquisa.
A coleta de dados contou com um instrumento qualitativo3 para a coleta de questões
relevantes. Foi utilizado um questionário com questões abertas, respondido autonomamente
pelos informantes.
A seleção dos informantes focou em profissionais da área de segurança e em
frequentadores assíduos dos jogos de futebol em Pernambuco. Buscamos conceber
informações que possam nortear quais contribuições podem existir na parceria entre a
3
Disponível no apêndice.
12
segurança pública e privada nos jogos de futebol. Ao todo, foram coletadas informações de 10
informantes:
13
O trabalho está estruturado da seguinte maneira: o primeiro capítulo apresenta os
contornos teóricos e metodológicos relacionados à problemática apresentada. Em seguida, o
segundo capítulo apresenta os resultados e a discussão dos dados coletados, apresentando um
conjunto de vulnerabilidades físicas e organizacionais encontradas nos estádios por meio de
observação direta, corroboradas pelas entrevistas. Ao final do capítulo, são feitas
recomendações e propostas de modernização nos estádios de Pernambuco, com projeções
reais da utilização da segurança privada e outras ferramentas. O capítulo final, por sua vez,
arremata as considerações feitas nos capítulos anteriores.
14
1. SEGURANÇA EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL DO ESTADO DE PERNAMBUCO
15
O modelo regulatório existente no Brasil encontra respaldo nos modelos de normas e
padrões no cenário internacional. O perfil da regulação da segurança no Brasil permite
enquadrar o modelo do país como abrangente, porém com baixa capacidade regulatória
(ZANETIC, 2005, 2010a, 2010b, 2012). O surgimento oficial dos serviços de segurança
privada ocorreu sob determinação legal para a atuação das empresas de segurança nas
instituições financeiras, nos anos 1950. O aumento no número de assaltos nas décadas
seguintes consolidou a necessidade do serviço, tendo se tornado obrigatório nos bancos em
1969, com o Decreto-Lei n° 1.034, de 21 de outubro de 1969.
Com a expansão do setor, a legislação existente logo se torna insuficiente, levando à
nova regulamentação em 1983. O quadro abaixo apresenta a legislação acerca da segurança
privada no Brasil:
LEGISLAÇÃO ANO CAPUT
LEI FEDERAL Nº 7.102, DE 1983 Dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros,
20 DE JUNHO DE 1983. estabelece normas para constituição e funcionamento das
empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de
transporte de valores, e dá outras providências.
DECRETO FEDERAL 1983 Regulamenta a Lei Federal nº 7.102, de 20 de junho de 1983,
Nº 89.056, DE 24 DE que "dispõe sobre segurança para estabelecimentos
NOVEMBRO 1983. financeiros, estabelece normas para constituição e
funcionamento das empresas particulares que exploram
serviços de vigilância e de transporte de valores e dá outras
providências”.
Portaria 346/06 – DG/DPF 2006 Institui o Sistema de Gestão Eletrônica de Segurança Privada –
GESP e dá outras providências. Atualizado em 25/08/2010
PORTARIA 2012 A presente portaria disciplina, em todo o território nacional, as
Nº 3.233/2012-DG/DPF, atividades de segurança privada, armada ou desarmada,
DE 10 DE DEZEMBRO DE desenvolvidas pelas empresas especializadas, pelas que
2012. possuem serviço orgânico de segurança e pelos profissionais
que nelas atuam, bem como regula a fiscalização dos planos de
segurança dos estabelecimentos financeiros.
PORTARIA 2012 Dispõe sobre as normas relacionadas ao credenciamento de
N° 12.620/2012 instrutores dos cursos voltados à formação, reciclagem e
CGCSP/DIREX, alterada especialização dos profissionais de segurança privada (alterada
pela Portaria nº pela Portaria nº 30.536 – CGCSP, de 07 de fevereiro de 2013,
30.536/2013 e pela publicada no DOU em 08/02/2013 e pela Portaria 32.981/2014,
Portaria 32.981/2014 – publicada no DOU de 25/03/2014).
CGCSP
Portaria nº 30.633-2013 – 2013 Homologação do Curso de Instrutor em Segurança para
CGCSP Grandes Eventos.
Portaria nº 30.569/2013 – 2013 Dispõe sobre os novos modelos e a forma de confecção,
CGCSP/DIREX controle e emissão de Certificado de Segurança, Portaria de
Aprovação de Plano de Segurança, Certificado de Vistoria e de
Guia de Autorização de Transporte de Armas, Munições e
Apetrechos de Recarga.
16
PORTARIA Nº 2013 Dispõe sobre a forma e prazo de prorrogação da validade do
30.544/2013 – protocolo de requerimento de expedição da Carteira Nacional
GAB/CGCSP de Vigilante.
PORTARIA Nº 2013 Dispõe sobre as normas relacionadas à forma de emprego dos
30.491/2013 – meios de comunicação entre as empresas de segurança privada
GAB/CGCSP e seus veículos, e entre os vigilantes que atuam na atividade de
transporte de valores. Alterada pela Portaria 32.541/13 –
CGSCP.
PORTARIA Nº 32.451/13 – 2013 Altera a Portaria n° 30.491/2013.
CGCSP
PORTARIA Nº 3948-2013 – 2013 Altera, excepcionalmente para o ano de 2013, o prazo final de
DG-DPF apresentação de renovação do plano de segurança tratado no
art. 103, caput, da Portaria nº 3.233/2012-DG/DPF.
PORTARIA Nº 2013 Dispõe sobre as normas relacionadas à forma de emprego dos
30.491/2013 – meios de comunicação entre as empresas de segurança privada
GAB/CGCSP e seus veículos, e entre os vigilantes que atuam na atividade de
transporte de valores. Alterada pela Portaria 32.451/2013.
PORTARIA Nº 3.559- 2013 Altera a Portaria nº 3.233/12-DG/DPF.Altera o prazo de
DG/DPF exigência da qualificação do vigilante no curso de extensão em
grandes eventos.
PORTARIA Nº 2014 Publicação da Portaria nº. 32.943 (DOU Seção 1, 21/3/2014),
32.943/2014 – que alterou o art. 7º da Portaria nº. 30.491-2013-CGCSP.
GAB/CGCSP
PORTARIA Nº 2014 Dispõe sobre as normas relacionadas ao credenciamento de
32.981/2014 – CGCSP – instrutores dos cursos voltados à formação, reciclagem e
altera o texto da Portaria especialização dos profissionais de segurança privada (Portaria
n° 12.620/2012 publicada no DOU em 25/03/2014).
PORTARIA Nº 08/2015 – 2015 Delega a atribuição de julgar em primeiro grau os processos
DIREX/DPF, DE 26 DE administrativos punitivos em matéria de segurança privada ao
MAIO DE 2015 Coordenador-Geral de Controle de Segurança Privada.
PORTARIA Nº 485 – MJ, 2015 Altera a Portaria nº 2.494, de 3 de setembro de 2004, do
DE 25 DE MAIO DE 2015 Ministério da Justiça, que trata da Comissão Consultiva para
Assuntos de Segurança Privada, e o anexo da Portaria nº 1.546-
MJ, do Ministério da Justiça, que trata do regimento interno da
Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada.
PORTARIA Nº 33.731 – 2016 Autoriza a utilização de elemento adicional de segurança
CGCSP/DIREX classificado como injetor de poliuretano em cofres de veículos
especiais de transporte de valores. Publicada no DOU em 30 de
agosto de 2016, seção 1, página 31.
Fonte: Do Autor.
17
a passagem de responsabilização dos Estados para o governo federal. De acordo com esse
primeiro decreto, os vigilantes possuíam status de policiais, situação que mudou em 1983,
com a passagem do treinamento para o setor privado e do controle das atividades para o
Ministério da Justiça e o Departamento da Polícia Federal. A partir daí, os vigilantes não têm
mais status de policiais, no entanto, são autorizados a poder usar armas de fogo em serviço. O
marco regulatório atual da segurança privada é legislado pela Lei Federal nº 7.102, de 20 de
junho de 1983, e pelos Decreto Federal nº 89.056, de 24 de novembro de 1983,e Decreto
Federal nº 1.592, de 10 de agosto de 1995, complementados por decretos e portarias
específicas, que atribuíram novos requerimentos à regulação(ZANETIC, 2005, 2010a, 2010b,
2012). Passemos agora à discussão específica sobre a segurança privada e pública em espaços
semipúblicos.
Um dos espaços que têm requerido o exercício da segurança privada no Brasil são os
chamados espaço semipúblicos. Trata-se de espaços intermediários entre o público e o
privado. O espaço privado é caracterizado pelo alto grau de controle do seu ocupante, o qual
permanece nele por longos períodos. O exemplo mais evidente desse tipo de espaço é a
habitação. O espaço público, por sua vez, ao menos em teoria, pertence a todos. É ocupado
sazonalmente por uma pessoa ou um grupo, que se comportam ali conforme normas sociais e
costumes locais(EPPINGHAUS, 2004).
O espaço semipúblico, porém, reúne características de ambos os espaços. Sua ocupação
por grupos ocorre segundo regras relativamente formais, que identificam o direito de acesso e
uso do território. Ele não é nem completamente privado, nem totalmente público. E
corresponde a ambientes onde ocorrem reuniões de grupos que tenham identidades em
comum(EPPINGHAUS, 2004). Alguns exemplos disso são os shoppings centers, centros de
exposições, casas de eventos e espetáculos diversos, além dos estádios de futebol(ZANETIC,
2005, 2010a, 2010b, 2012). É a esse último que se refere o presente trabalho.
Os estádios de futebol são exemplos de espaços privados com forte utilização do grande
público em períodos sazonais. Eles são o palco do futebol espetáculo, de alto rendimento,
movimentando centenas de milhares de torcedores todos os anos, em torno de diversos
eventos. Trata-se de um cenário de forte apego emocional, em torno de disputas quase sempre
acirradas, com frequentes casos de violência e enfrentamentos entre torcidas. Estudo realizado
18
por Reis (2005) aponta questões culturais e estruturais entre as principais causas da violência
em estádios no Brasil.
Nesse contexto, é indiscutível a atenção necessária aos grandes eventos esportivos,
tendo em vista que o comportamento esperado dos indivíduos em grandes aglomerações de
pessoas tende a ser totalmente imprevisível. Como argumenta VALLA (2013),
Isto pode acontecer quando se participa demasiado a sério num desporto, talvez na
sequência de pressões sociais ou de recompensas financeiras e do prestígio
envolvido. Em resultado disso, o nível de tensão pode elevar-se até um ponto em
que o equilíbrio entre a rivalidade amigável e hostil se inclina a favor da última.
Nestas circunstâncias, as regras e as convenções destinadas a limitar a violência e a
orientá-la para caminhos socialmente aceitáveis são suspensas e, então, pode surgir a
luta a sério. Desse modo, no futebol e no râguebi pode jogar-se com o objetivo de
impor danos físicos e dor. Ou no boxe, onde o infligir de ferimentos constitui uma
parte legítima da prova, torna-se possível a luta depois de ter terminado o assalto ou
após o final da prova. Contudo, os padrões que governam a expressão e o controlo
da violência não são os mesmos em todas as sociedades. E, na nossa própria
sociedade, diferem entre grupos ou desportos diferentes, e não foram sempre os
mesmos em todos os períodos históricos (p. 331).
19
Não obstante a determinação legal (Lei Federal n° 10.671, de 15 de maio de 2003 –
Estatuto do Torcedor –, incisos I a X) de que o torcedor tenha um comportamento condizente
com a paz pública e a capacidade que os jogos têm de “promover e dinamizar a interação entre
público de todas as idades” (ALMEIDA, 2013), as pessoas, quando estão em aglomeração,
acabam por demonstrar um comportamento totalmente diferente do seu habitual. A violência
ligada aos estádios não tem classe social, é generalizada, atinge os limites internos do campo e
alcança toda a sociedade. A análise de DAMATTA (2006) explicita um pouco esse cenário:
20
prevenção da violência nos esportes é de responsabilidade do poder público, das
confederações, federações, ligas, clubes, associações ou entidades esportivas,
entidades recreativas e associações de torcedores, inclusive de seus respectivos
dirigentes, bem como daqueles que, de qualquer forma, promovem, organizam,
coordenam ou participam dos eventos esportivos.
21
subsidiário, não deve ser visto como um chamamento à guerra, mas como a ultimaratio do
Estado para garantir a exequibilidade das políticas sociais, da prevenção e da redução dos
riscos, das medidas administrativas que visem à garantia da dignidade humana.
Nesse sentido, a complementaridade da segurança pública em espaços semipúblicos
deve ser realizada com a segurança privada. Durantea realização da Jornada Mundial da
Juventude de 2013, a Copa das Confederações 2013, a Copa do Mundo FIFA 2014 e os Jogos
Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016, foram necessárias diversas ações conjuntas entre
segurança pública e privada para proporcionar uma segurança condizente com a grandeza
desses eventos. Nesse sentido, a Polícia Federal publicou, no dia 13 de dezembro de 2012, a
Portaria nº 3.233/2012 – DG/DPF, que dispõe sobre as novas regras de segurança privada,
visando atender aos novos desafios dos grandes eventos:
Neste novo instrumento, foi criado o Curso de Extensão em Segurança para Grandes
Eventos, como forma de qualificar e especializar os vigilantes para atuação nos
locais onde haja grande concentração de pessoas, principalmente nos estádios de
futebol, a exemplo da Copa das Confederações de 2013 e Copa do Mundo de 2014,
conforme modelo padrão da FIFA, que prevê a utilização de segurança privada nos
eventos esportivos de forma integrada aos órgãos de segurança pública
(ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DELEGADOS DE POLÍCIA FEDERAL,
2012).
A segurança privada mostra-se, portanto, como uma aliada da sociedade para conter os
avanços da criminalidade em espaços semipúblicos, como os estádios de futebol. Nos
megaeventos esportivos sediados no Brasil, a segurança privada teve um papel significativo
para a prevenção da violência nos ambientes internos desses eventos e agiu de forma
preventiva para a segurança de todos os que participaram desses grandes acontecimentos do
esporte mundial. Dessa forma, os responsáveis pela organização e execução dos eventos de
futebol precisam enxergar na segurança privada, especializada em grandes eventos, uma
aliada para garantir a segurança.
Deve-se, assim, afastar a dicotomia entre segurança pública e privada e, em contínuo,
desenvolver a compreensão de que ambas são parte de um conjunto de ações que podem
prevenir e garantir a segurança nos estádios de futebol.
22
1.3. A QUESTÃO A VIOLÊNCIA NOS ESTÁDIOS DE FUTEBOL DE PERNAMBUCO
A violência nos estádios de Pernambuco não é diferente dos outros locais do Brasil.
Embora os dados sobre esses eventos violentos sejam escassos, exemplos não faltam para
retratar a falta de segurança vivenciada nesses eventos. Em 2012, o Brasil foi o recordista
mundial de mortes de torcedores em consequência de conflitos entre torcidas organizadas. Ao
todo, foram 23 óbitos, ultrapassando Argentina e a Itália, das quais, há uma década,
estávamos atrás (MURAD, 2013). Entre 2010 e 2016, foram registradas, no Brasil,113 mortes
relacionadas a futebol. O ano de 2013 foi o mais violento, com 30 mortes. Já em 2015, a cifra
caiu pela metade, com 15 mortes comprovadamente ligadas a torcidas organizadas
(PORTINARI, 2016).
VIEIRA & DE SIQUEIRA(2008) obtiveram dados exclusivos sobre a violência nos
estádios em Pernambuco, uma vez que não existe uma quantificação específica para esses
eventos. Segundo os autores, o Batalhão de Choque da Polícia Militar de Pernambuco, por
meio do Capitão Ronaldo, responsável por essas operações da corporação em estádios de
futebol, informou que, em 2003, o efetivo deteve 828 pessoas, sendo 178 encaminhadas às
delegacias, tanto as dos estádios de futebol, chamadas de Delegacias Itinerantes, quanto às de
plantão (localizadas nos bairros). Em 2004, foram informadas 750 detenções e 113 prisões,
em face da gravidade das ocorrências. Todas essas prisões foram ocorridas por ocasião das
partidas de futebol, válidas pelo Campeonato Pernambucano de Futebol e Brasileiro da Série
“B”, nos quais os três grandes times de futebol de Pernambuco participaram(VIEIRA & DE
SIQUEIRA, 2008, p. 59).
De acordo com dados fornecidos pelo Batalhão de Choque do Estado de Pernambuco,
as ocorrências mais comuns nos estádios de futebol de Pernambuco são as “Condutas
inconvenientes/Provocação de tumulto”, seguidas da posse de drogas. Contudo, uma
diversidade grande de atitudes desviantes tem sido registradas sob a categoria outros.4
4
No item “outros” estão reunidas as seguintes categorias: atitude suspeita; cambismo/circ. de moeda falsa;
tráfico de drogas; falsidade ideológica; comércio de bebida alcoólica; consumo de bebida alcoólica;
desacato/resistência; lesão corporal; desobediência; furto (cvp); apologia à violência; arremesso de objeto no
campo; atentado violento ao pudor; dano ao patrimônio; invasão de campo; porte de arma branca.
23
Figura 1– Número de encaminhamentos à delegacia por tipo de evento. Ilha do Retiro, Arruda e Arena
Pernambuco, 2016.
OUTROS
POSSE DE DROGAS
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
CONDUTA INCOVENIENTE /
POSSE DE DROGAS AGRESSÃO / VIAS DE FATO OUTROS
PROVOCAÇÃO DE TUMULTO
ILHA DO RETIRO 37 18 0 7
ARRUDA 14 2 0 6
ARENA PERNAMBUCO 41 4 0 12
24
Imagem 1– Registro do assassinato do torcedor Paulo Ricardo Gomes da Silva, durante jogo entre Santa
Cruz e Paraná, no estádio do Arruda, em 2014.
Inúmeros casos podem ilustrar esse cenário pernambucano. Em 2016, em jogo entre
Santa Cruz e Sport, um torcedor do Santa Cruz ficou gravemente ferido após ser espancado
durante uma briga de torcida no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife.
25
Ainda em 2016, um torcedor foi alvejado com tiros na cabeça em um confronto entre
membros de torcidas organizadas do Sport (Torcida Jovem) e do Náutico (Fanáutico).
Durante esse episódio, um ônibus levando torcedores da uniformizada rubro-negra, após o
jogo Sport vs Campinense, realizado em outro horário, encontrou com torcedores do Náutico.
Depois de provocações e brigas, um tiro foi disparado, atingindo, assim, o torcedor alvirrubro.
No mesmo ano, 2016, a torcida tricolor entrou em confronto com a Polícia Militar no
“Clássico das Multidões” (Sport vs Santa Cruz), na Ilha do Retiro. Cenas de violência foram
protagonizadas envolvendo a torcida do Santa Cruz, do Sport e a Polícia Militar.
Imagem 3– Registro de torcedores do Santa Cruz em confronto com a Polícia Militar na Ilha do Retiro.
2014.
26
Imagem 4– Registro de confronto entre Polícia Militar de Pernambuco e torcida do Náutico.
2015.
Recentemente, abril de 2017, no jogo entre Náutico e Santa Cruz, no estádio do Arruda,
torcedores da organizada do Náutico entraram em confronto com a Polícia Militar – mais uma
vez, torcedores que não têm nada a ver com a violência foram vítimas desse quadro, que não
para em Pernambuco. As imagens registraram o momento em que os policiais, em busca de
um integrante da torcida organizada, desferem golpes de cassetetes, sem que ele tenha
esboçado nenhum tipo de reação, provocando tumulto e correria entre os demais torcedores a
sua volta (PORTAL CLUBE NÁUTICO CAPIBARIBE, 2017).
27
Imagem 5– Registro de torcedora sendo atendida pelo serviço médico no estádio, vítima de conflitos entre
as torcidas. 2017.
28
Imagem 6– Registro da escolta da Polícia Militar de Pernambuco à Torcida Organizada do Sport Clube
do Recife. 2015
Imagem 7– Registro da escolta da Polícia Militar de Pernambuco à Torcida Organizada do Sport Clube
do Recife. 2013.
29
Em 2013, após uma série de atos violentos entre as torcidas, a Secretaria de Defesa
Social de Pernambuco anunciou um conjunto de medidas para conter episódios futuros.
Segundo Alessandro Carvalho, Secretário Executivo de Defesa Social de Pernambuco à
época, em entrevista concedida à Rede Globo, no dia 5 de março 2013:
De acordo com o sociólogo Gilberto da Motta, especialista no tema, o Estado não tem
trabalhado de forma contínua para coibir a violência dos torcedores. Segundo ele, os
torcedores “sabem que serão repreendidos apenas nos dias dos jogos e depois ficarão impunes
por seus delitos. Historicamente, não há registro de punições de verdade. Então se sentem
mais à vontade para infringir a lei”(MOTTA, 2013). As torcidas organizadas podem ser um
espaço de sociabilidade, expressão de identidade e sentimento de pertença de indivíduos de
vários grupos e classes sociais, que se identificam e se reconhecem como integrantes de um
mesmo grupo, por meio de seus símbolos e valores. Elas já são um fenômeno característico
das grandes metrópoles e fazem parte da realidade das diversas classes sociais.
Nesse contexto, a identidade social dos jovens passa a ser firmada na necessidade
de “ser diferente”, uma tentativa diária de provar que é capaz, seja através de
práticas construtivas para a vida social (estudo, mercado de trabalho, atividade
artística, esportes, etc.), seja através de atos ilícitos (consumo e venda de
entorpecentes, violência, crimes, etc.), contudo, que os tornem visíveis por algum
intervalo de tempo (SOUZA, 2010).
Igor de Mesquita Pípolo (2010) adverte que é um mito pensar que eventos que se
repetem podem ter sempre o mesmo plano de segurança. Cada evento de grande porte é único,
pois as aglomerações são formadas por indivíduos, tais sujeitos mudam de um evento para o
outro, principalmente nos jogos de futebol. A quantidade de torcedores varia de um jogo para
o outro; o contexto dos jogos muda de um evento para o outro; a própria situação do time
durante o campeonato afeta o comportamento da torcida. Além disso, a situação pessoal do
torcedor interfere e varia de um evento para o outro.
30
As explicações para tais eventos violentos são diversas, tanto por parte dos torcedores,
dos dirigentes esportivos e do Estado. Carlos Pimenta (2000) fez uma observação dos
discursos das “autoridades esportivas” e dos “torcedores”, e reuniu um conjunto das
justificativas mais correntes. Segundo ele, são as seguintes: a) má distribuição de renda; b)
exploração dos dirigentes esportivos e dos líderes das “torcidas”; c) efeitos da criminalidade;
d) ausência de expectativa de futuro aos jovens; e) ausência do Estado, enquanto mentor de
políticas públicas de formação social; f) efeitos da pobreza; g) afrouxamento da ordem legal
e das posturas repressivas das instituições de segurança e justiça; h) falta de emprego; i)
miséria generalizada; j) familiarização com a violência; k) falta de infraestrutura nos
estádios de futebol; l) má arbitragem; m) gozações de adversários; n) derrota de uma partida
de futebol (PIMENTA, 2000).
A insegurança que atinge as pessoas envolvidas diretamente e indiretamente em grandes
eventos, e em especial nos jogos de futebol, não é exclusividade do Estado de Pernambuco.
Tal fenômeno, promove, também, uma reflexão sobre o papel da segurança privada e suas
contribuições para a segurança nos estádios.
Com exceção do conjunto de variáveis intangíveis apontadas pelos dirigentes e
torcedores, quase sempre se eximindo da responsabilidade, como argumenta Motta (2013), os
itens em destaque nos dão pistas sobre a atuação do setor privado na minimização dos
conflitos. Não se trata, contudo, de propor um processo obtuso de endurecimento das penas e
do processo repressivo, mas de garantir elementos preventivos à violência, complementares à
atuação do Estado e que garantam a segurança dos torcedores, conforme propomos no
Capítulo2.
31
2. SEGURANÇA EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL DO ESTADO DE PERNAMBUCO:
UM DIAGNÓSTICO
Este capítulo apresenta a análise dos dados coletados em confronto com o marco teórico
delineado anteriormente. Conforme argumentado, o problema da violência nos estádios é
brasileiro, sendo Pernambuco também alvo da questão. Embora essa violência seja reflexo de
aspectos culturais da disputa, do modelo de interação no esporte e entre as torcidas, ela
também acompanha o nível de civilidade da sociedade, acompanhando também a violência
presente na própria coletividade. Contudo, uma série de elementos preventivos, de naturezas
diversas, pode ajudar a minimizar a quantidade de eventos violentos no contexto dos estádios
de futebol.
Para além disso, os estádios se constituem em um tipo específico de espaço social,
considerado semipúblico, reunindo, ao mesmo tempo, características de espaços privados e de
espaços públicos, sem serem completamente um ou outro. Os estádios de futebol são,
portanto, exemplos de espaços privados com forte utilização do grande público em períodos
sazonais, em um cenário de forte apego emocional, em torno de disputas quase sempre
acirradas, com frequentes casos de violência e enfrentamentos entre torcidas.
Ademais, os estádios de futebol brasileiros são instalações esportivas, cujas estruturas
físicas foram dimensionadas para um contexto diferente e menos complexo, em termos de
necessidade de segurança daquele encontrado atualmente nos eventos esportivos que sediam
jogos importantes (ENSSLIN, L.; ENSSLIN, S. R.; PACHECO, G. C., 2012). Ensslinet al
(2012) realizaram uma análise sobre o período de construção dos estádios brasileiros e
identificam que 87% deles foram construídos há mais de 20 anos. Especificamente em
Pernambuco, com exceção do Estádio Governador Carlos Wilson Campos (Arena
Pernambuco), construído para a Copa do Mundo de 2014, dois5 são da década de 1930 e um6
dos anos 1970.
5
Estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro) – 1937. Estádio Eládio de Barros Carvalho (Aflitos) –
1939.
6
Estádio José do Rego Maciel (Arruda) – 1972.
32
2.1. ELEMENTOS VULNERÁVEIS OBSERVADOS DIRETAMENTE
33
recepcionarem outros veículos à medida que se aproximava o início do jogo. Vale acrescentar
que não foi percebida a presença de policiais próximos daquele grupo.
Foi verificado também que aqueles que faziam o papel de vigilantes estavam sem os
equipamentos adequados e necessários para o exercício da função. Na entrada superior das
Arquibancadas havia alguns policiais cuidando da abordagem dos torcedores que chegavam.
Todavia, havia seguranças orgânicos demonstrando postura inadequada às normas de
segurança e despreparo para aquele tipo de missão, pois se colocaram de costas para a entrada
principal.
Na entrada Superior Geral houve abordagem por policiais que faziam a revista e, logo
na retaguarda, visualizei outro grupo de segurança orgânica, junto, demonstrando desatenção
aos cuidados exigidos pelas normas de segurança. Tais profissionais, se fossem oriundos da
segurança privada, treinados como exige a legislação da PF, sem sombra de dúvidas
desempenhariam um trabalho efetivo, com profissionalismo e com proficiência no
cumprimento dessas diversas atribuições inerentes à segurança privada, e que iria contribuir
de maneira satisfatória e com brilhantismo diante desses virtuais desafios.
Mesmo considerando os dois clubes já classificados, foi observado um número razoável
de torcedores das torcidas do Santa Cruz e do Náutico – com isso, o número de policiais
plotados no posto está muito aquém de mitigar os riscos ou mesmo neutralizar um conflito no
interior do estádio. No segundo tempo do jogo, houve um conflito entre a torcida do Náutico e
a Polícia Militar. E o quantitativo de segurança, aquém do necessário, foi mais uma vez
evidenciado.
34
2.1.1.3. Registros de imagem
Imagem 8– Registro do entorno do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos antes de jogo. Pouca
iluminação e ausência de segurança pública ou privada. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
Imagem 9– Registro do entorno do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos antes de jogo.
Refletores acessos apenas minutos antes do início do jogo. Presença da Polícia Militar. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
35
Imagem 10– Registro do entorno do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos antes de jogo.
Presença do grupamento a cavalo da Polícia Militar. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
Imagem 11– Registro do entorno do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos antes de jogo.
Presença de “flanelinhas” guardando veículos. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
36
Imagem 12– Registro do entorno do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos antes de jogo.
Presença de segurança privada sem uso de equipamentos adequados. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
Imagem 13– Registro da parte interna do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos antes de jogo.
Presença de segurança privada sem uso de equipamentos adequados. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
37
Imagem 14– Registro da parte interna do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos antes de jogo.
Presença de segurança privada em posicionamento não estratégico diante da amplidão do espaço. Recife,
2017.
Fonte: Do Autor.
Imagem 15– Registro da parte interna do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos antes de jogo.
Presença de segurança privada desatenta em função complementar. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
38
Imagem 16– Registro da parte interna do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos antes de jogo.
Presença de ferros, grades e tablados apresentando risco potencial em situações de conflito. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
Imagem 17– Registro da parte interna do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos antes de jogo.
Presença de ferros, grades e tablados apresentando risco potencial em situações de conflito. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
39
Imagem 18– Registro da parte interna do estádio José do Rego Maciel (Arruda) momentos antes de jogo.
Presença de número reduzido de agentes públicos ou privados. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
Durante a visita realizada no Estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro), foi
identificada falha nas traves e telas que dividiam setores de torcidas rivais, amplificando os
esforços necessários da segurança pública ou privada.
40
2.1.2.2. Problemas organizacionais
Durante a visita realizada no Estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro), foi
registrada a presença de frações de tropa da Polícia Militar de Pernambuco fazendo ensaio da
segurança para o referido evento. A primeira barreira foi identificada na estrada social do
estádio, onde a Polícia Militar procedia à revista de torcedores. Em seguida, os torcedores
passavam por uma catraca, com presença de segurança orgânica. Até este momento, não fora
percebida a presença de segurança terceirizada privada.
No lado externo do estádio, observou-se a presença de policiais do batalhão de Choque
posicionados nas gerais e sociais onde ficaram, respectivamente, as torcidas do Náutico e do
Sport, e cujas áreas estavam devidamente protegidas por barreiras laterais. Na área social,
onde ficou localizada parte da torcida do Sport, não foi percebida presença de policiais da
Polícia Militar, tampouco de segurança privada. Vê-se, assim, um vácuo dos dois tipos e
presenças de profissionais de segurança na respectiva ala.
Na área Social e das Cadeiras, onde estão localizadas também as emissoras de
comunicações, também não foi percebida presença de policiais da PM nem, tampouco, de
segurança privada. Geral do Sport literalmente preenchida e registro do campo: neste
contingente de torcedores não foi percebido presença de policiais da PM nem, tampouco, de
segurança privada.
Na arquibancada Geral, onde permaneceu a torcida visitante (Náutico), foram
presenciadas diversas tentativas de invadir outro setor do estádio para confrontarem a torcida
anfitriã. Os PMS existentes naquela área coibiram e neutralizam de imediato a tentativa de
invasão por parte daqueles torcedores. Tal área foi reforçada, de imediato, por dois soldados e
coadjuvados por dois cães no local situado próximo à trave, onde apresentava vulnerabilidade
e potencial de riscos por conta da fragilidade da abertura da tela.
Pode-se notar que, na hipótese de os torcedores do Náutico concretizarem seus
objetivos, a segurança estaria comprometida, mesmo com a intervenção de imediato.
Momentos de acirramento dos ânimos ocorreram a cada novo gol. Durante o segundo gol,
mais um momento de agitação na torcida visitante, que foi contido com um reforço policial
nas arquibancadas pelo Batalhão de Choque. Novamente, o Batalhão conseguiu conter as
ações dos manifestantes por meio do uso de armamento não letal. Da mesma maneira, no
momento da virada do jogo, quando o time do Sport faz o terceiro gol, parte da torcida tenta ir
41
ao confronto com a torcida do Náutico. Na parte superior da Geral do Náutico foi possível
visualizar um reforço do Batalhão de Choque e a torcida do Sport tentando avançar e romper
as grades de proteção.
Nesse primeiro momento, pôde-se visualizar a presença de profissionais da segurança
privada contratada para o evento. Estavam dotados com armas não letais, capacete similar ao
do Batalhão de Choque, colete e demais acessórios previstos em legislação da Polícia Federal.
A chegada daqueles profissionais da segurança privada foi vital para reforçar o trabalho do
Batalhão de Choque. Notadamente, em relação ao evento, por ser de grande monta, havia um
número bastante reduzido de segurança privada.
Imagem 19– Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro) durante o
jogo. Segmentação das torcidas rivais por setores com presença de barreiras físicas e atuação da Polícia
Militar. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
42
Imagem 20 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro) durante o
jogo. Momento de revolta da torcida visitante, com contenção da Polícia Militar. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
Imagem 21 – Registro do entorno do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro) momento antes
do jogo. Presença da Polícia Militar antes do jogo. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
43
Imagem 22 – Registro do entorno do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro) momento antes
do jogo. Presença da Polícia Militar antes do jogo. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
Imagem 23 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro) momento
antes do jogo. Primeira barreira de acesso ao estádio, na estrada social, com revista de torcedores
realizada pela Polícia Militar. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
44
Imagem 24 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro) momento
antes do jogo. Segunda barreira de acesso ao estádio, com utilização de catracas e segurança realizada
pela Polícia Militar. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
Imagem 25 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro) momento
antes do jogo. Presença de policiais do Batalhão de Choque posicionados nas Gerais e Sociais, onde
ficarão, respectivamente, as torcidas do Náutico e do Sport. Recife, 2017.
45
Imagem 26 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro) durante o
jogo. Setor da torcida anfitrião sem presença da Polícia Militar ou de segurança privada. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
Imagem 27 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro) durante o
jogo. Setor da torcida anfitrião sem presença da Polícia Militar ou de segurança privada. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
46
Imagem 28 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro) durante o
jogo. Setor da torcida anfitrião sem presença da Polícia Militar ou de segurança privada. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
Imagem 29 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro) durante o
jogo. Momento em que a torcida visitante tenta avançar para o interior do estádio e laterais com intuito
de se confrontar com a torcida anfitriã. Recife, 2017.
47
Fonte: Do Autor.
Imagem 30 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro) durante o
jogo. Geral frontal à Social e Cadeiras do Sport literalmente cheias, sem registro da presença de policiais
e segurança privada. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
Imagem 31 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro) durante o
jogo. Presença de reforço policial nas Arquibancadas pelo Batalhão de Choque. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
48
Imagem 32 – Registro da parte interna do estádio Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro) durante o
jogo. A presença de segurança privada coadjuvando o Batalhão de Choque em uma tentativa da torcida
do Sport romper a grade de proteção que separava as duas torcidas. Recife, 2017.
Fonte: Do Autor.
49
controle e ordenamentos dos seus estacionamentos e ampliando a contratação da segurança
privada” (José Manoel Nascimento, policial Federal e advogado). Corrobora esse argumento o
depoimento do Sr. Celso Simonetti:
50
dos jogos do em Pernambuco. Auditor fiscal, formado em Ciências
Contábeis.)
Contudo, a necessidade de mais segurança privada nos estádios tem esbarrado em uma
dificuldade operacional:
51
(1995), quatro fatores principais levam a desastres em eventos com multidão e confinamento
relativo, como é o caso dos estádios de futebol:
a) Planejamento inadequado;
b) Multidão excitada;
c) Ausência de gestão de multidão e controle;
d) Falha ou risco no ambiente.
52
Imagem 34 –Exemplo de disposição de torcedores em fila, com auxílio de barreiras físicas para
organização de bilheteria, na Arena Pernambuco.
53
Imagem 36 – Projeção da utilização de segurança privada ativa em atividade preventiva, distribuída de
maneira estratégica nos setores do estádio.
Fonte: Do Autor.
Fonte: Do Autor.
54
Imagem 38 – Projeção da utilização de segurança privada ativa em atividade preventiva, distribuída de
maneira estratégica nos setores do estádio.
Fonte: Do Autor.
Fonte: Do Autor.
55
Imagem 40 – Projeção da utilização de segurança privada ativa em atividade preventiva, realizando
rondas no interior do estádio.
Fonte: Do Autor.
Imagem 41 – Proposta de equipamento de comunicação a ser utilizado pela segurança privada, com seus
componentes e a Polícia Militar.
56
Imagem 42 – Proposta de Colete a ser utilizado pelos seguranças no interior do estádio.
57
Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias
Militares e Corpos de Bombeiros Militares.
Por seu turno, a Portaria n° 387/2006 – DG/DPF, com as alterações introduzidas pela
Portaria nº 515/2007 – DG/DPF, estabelece, entre as atividades de segurança privada, o
emprego em eventos sociais, bem como permite a escolta armada e a segurança de pessoas:
58
Imagem 43– Proposta de fluxo de interação entre segurança privada e pública.
UNIDADE DE
SEGURANÇA
CCOS ESTÁDIO
VIGILÂNCIA
MÓVEL-ESTÁDIO
CCOS/CFTV
EMPRESA
POLÍCIA MILITAR
Fonte: Do Autor.
59
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
60
Por fim, foram feitas algumas recomendações para melhoria da segurança nos estádios,
com projeções reais da utilização da segurança privada, de barreiras físicas para ordenamento
da multidão, bem como de equipamentos e ferramenta de gestão integrada entre segurança
privada e pública.
Dessa maneira, a segurança privada jamais poderá substituir o dever do Estado de
garantir segurança aos cidadãos, mas só quando o poder público reconhecer suas limitações e
compreender que segurança privada pode ser uma ferramenta de grande valia nas execuções
de políticas públicas é que poderemos encontrar saídas mais criativas e menos dispendiosas
para atender ao clamor social por segurança.
61
4. REFERÊNCIAS
ALMEIDA, João Luís Pereira de. Gestão de Eventos Desportivos: O Controlo de Multidões e
os seus intervenientes na Segurança dos Estádios. 2013. 80 f. Dissertação (Mestrado em
Gestão do Desporto) - Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa. 2013. Disponível em:
https:<//www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/5665/1/Tese%20J.%20Almeida.pdf>.
Acesso em: 05 nov 2016.
BRASIL. Lei Complementar n. 97, de 9 de junho de 1999. Dispõe sobre as normas gerais
para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas. Brasília. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp97.htm>. Acesso em: 22 mar. 2016.
CASTRO, C. O. Brasil é o recordista de mortes por causa do futebol. O Globo, pp. 1-7, 2014.
CRUZ, S. Torcedor morre atingido por privada atirada da arquibancada do Arruda Incidente
aconteceu logo após a partida entre Santa Cruz e Paraná. pp. 6-8, 2017.
DAMATTA, R. A bola corre mais que os homens: duas copas, treze crônicas e três ensaios
sobre futebol. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.
ELIAS, Nobert; DUNNING, Eric. A busca da excitação. Lisboa: Difel Editora, 1992.
G1, P. Medidas para prevenir violência nos estádios são anunciadas em PE. Portal G1, 5 mar.
2013.
62
MARIOVET, S. Violencia nos Espetaculos de FutebolSociologia-Problemas e Practicas,
1992.
ZIRPOLI, C. Vítima fatal na violência sem controle do futebol pernambucano. Portal Diario
de Pernambuco, 3 maio 2014.
63
5. RESUMO FINAL
7
NETO, Cláudio Pereira de Souza. Comentário ao artigo 144º.In: CANOTILHO, J. J. Gomes; MENDES,
Gilmar F.; SARLET, Ingo W.; STRECK, Lenio L. (Coords.). Comentários à Constituição do Brasil. São
Paulo: Saraiva/Almedina, 2013. p.624-625.
64
responsabilidade de todos, conforme se verifica na leitura do artigo 144 da Carta
Constitucional. A atuação estatal por meio de políticas públicas tem o condão de garantir um
ambiente de bem-estar, que só é possível se garantida a segurança prevista naquela Carta.
Para isso, o Estado precisa voltar seus olhos para a segurança privada, enxergando-a não
como uma concorrente, mas como uma parceira na consecução de sua missão constitucional.
A segurança privada jamais poderá substituir o dever do Estado de garantir
segurança aos cidadãos. Mas só quando o poder público reconhecer suas limitações e
compreender que segurança privada pode ser uma ferramenta de grande valia nas execuções
de políticas públicas é que poderemos encontrar saídas mais criativas e menos dispendiosas
paraatender o clamor social por segurança.
Mesmo sem um ambiente de instabilidade, a segurança pública, embora presente
nos estádios, não tem sido suficiente para coibir os atos de bestialidades cometidos por
aqueles que se dizem apaixonados pelo futebol.
6. QUESTIONÁRIO
a) A segurança nos jogos de futebol em Pernambuco seria mais eficiente se todo o efetivo
Militar, que fica dentro dos estádios, estivesse também presente nas ruas em torno dos
estádios e dentro dos campos estivessem presentes agentes de segurança privada,
capacitados para atuarem em grandes eventos.
( ) Concordo integralmente
( ) Concordo parcialmente
( )Discordo integralmente
( ) Discordo parcialmente
65
Comentários cabíveis:
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________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
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________________________________________________________________________
b) A presença dos “Flanelinhas” em torno dos estádios de futebol, muitas vezes coagindo os
torcedores ao pagamento adiantado de valores absurdos com a promessa de “guardarem”
os carros, favorece a sensação de insegurança. Isso é um reflexo da falta de policiamento
nas ruas durante os jogos.
( ) Concordo integralmente
( ) Concordo parcialmente
( ) Discordo integralmente
( ) Discordo parcialmente
Comentários cabíveis:
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___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
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c) Recentemente, o Brasil foi palco de grandes eventos. Alguns foram esportivos, como os
Jogos Mundiais Militares de 2011, a Copa das Confederações em 2013, a Copa do
Mundo de Futebol FIFA 2014 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016.
Especialmente na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos, por meio das transmissões
desses eventos, foi perceptível a presença dos agentes de segurança privada? E quanto às
forças de segurança pública, elas eram perceptíveis dentro ou fora dos locais dos grandes
eventos?
Comentários cabíveis:
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d) Se o(a) senhor(a) foi ao estádio de futebol nos últimos dois anos, como avalia os
seguintes temas?
Considere: 1 = péssimo 2 = ruim, 3 = regular, 4 = bom e 5 = ótimo
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e) O artigo 1°-A do Estatuto do Torcedor diz:“A prevenção da violência nos esportes é de
responsabilidade do poder público, das confederações, federações, ligas, clubes,
associações ou entidades esportivas, entidades recreativas e associações de torcedores,
inclusive de seus respectivos dirigentes, bem como daqueles que, de qualquer forma,
promovem, organizam, coordenam ou participam dos eventos esportivos”. Como a
responsabilidade pela segurança é dever de todos, o Estado de Pernambuco deveria exigir
um maior investimento em segurança por parte dos clubes de futebol na realização dos
jogos.
( ) Concordo integralmente
( ) Concordo parcialmente
( ) Discordo integralmente
( ) Discordo parcialmente
Comentários cabíveis:
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f) O artigo 2o do Estatuto do Torcedor define torcedor como toda pessoa que aprecie,
apoie ou se associe a qualquer entidade de prática desportiva do país e acompanhe a
prática de determinada modalidade esportiva. Em sua opinião, existe uma
preocupação com a segurança do torcedor que frequenta os estádios de futebol?
Comentários cabíveis:
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( ) Concordo integralmente
( ) Concordo parcialmente
( ) Discordo integralmente
( ) Discordo parcialmente
Comentários cabíveis:
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7. INFORMAÇÕES ADICIONAIS
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A. Número de ocorrências policiais nos estádios de Pernambuco. 2015-2017 (até abril)
FURTO (CVP) 1 0 0 0 0 0 0 0 0
INVASÃO DE CAMPO 0 8 0 2 0 0 0 0 0
PORTE DE ARMA BRANCA 0 0 0 1 0 0 0 0 0
POSSE DE DROGAS 26 4 5 10 2 2 3 18 3
total 143 57 7 26 22 15 15 62 11
Fonte: Batalhão de Choque Recife/PE.
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