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Uma máquina de indução trifásica possui enrolamentos de estator nos quais é aplicada
a tensão alternada de alimentação. O rotor pode ser composto por uma gaiola curto-circuitada
ou por enrolamentos que permitam circulação de corrente. De qualquer forma, por efeito
transformador, o campo magnético produzido pelos enrolamentos do estator induz correntes
no rotor, de modo que, da interação de ambos campos magnéticos será produzido o torque que
levará a máquina à rotação.
Dada a característica trifásica da alimentação do estator e à distribuição espacial dos
enrolamentos, o campo produzido pelo estator é girante, ou seja, sua resultante possui um
movimento rotacional. O campo produzido pelas correntes induzidas no rotor terá a mesma
característica, procurando sempre acompanhar o campo girante do estator.
Se o rotor girar na mesma velocidade do campo girante, não haverá corrente induzida,
uma vez que não haverá variação de fluxo pelas espiras do rotor. Não havendo corrente, não
haverá torque. Desta análise qualitativa pode-se concluir que a produção de torque no eixo da
máquina deriva do fato de que a velocidade do rotor ser sempre diferente do que a velocidade
do campo girante. A figura 7.1 ilustra a formação do campo girante.
A corrente induzida no rotor possui uma freqüência que é a diferença das freqüências
angulares do campo girante e do rotor. Assim, na partida, com a máquina parada, as correntes
serão de 60Hz (supondo esta a freqüência de alimentação da máquina). À medida que a
máquina ganha velocidade, tal freqüência vai caindo, até chegar, tipicamente, a poucos Hz,
quando atingir a velocidade de regime.
A velocidade angular do campo girante depende, além da freqüência de alimentação,
do chamado número de pólos da máquina. O número de pólos indica quantos enrolamentos,
deslocados espacialmente (simetricamente) no estator, são alimentados pela mesma tensão de
fase. Assim, se 3 enrolamentos (1 para cada fase) estiverem dispostos num arco de 180 graus e
outros 3 enrolamentos ocuparem os outros 180 graus do perímetro do estator, diz-se que esta é
uma máquina de 4 pólos (ou 2 pares de pólos).
f c b d f
φa 0
a c e
S
g b
N
-1.0
a
ω φc
φc φb φc φb
N S N
φa φa φa φa
S S
S N
N
φb φc φb ω φc
ω
2⋅ω
ωs = (7.1)
p
φ ( t ) = φ m ⋅ cos(ω m ⋅ t + δ − ω s ⋅ t ) (7.2)
A tensão induzida por fase nos enrolamentos do rotor é (supondo rotor bobinado):
dφ
e r (t ) = N r ⋅ = − N r ⋅ φ m ⋅ (ω s − ω m ) ⋅ sin [(ω s − ω m ) ⋅ t − δ] (7.3)
dt
e r ( t ) = − s ⋅ 2 ⋅ E r ⋅ sin( s ⋅ ω s ⋅ t − δ) (7.4)
( ωs − ω m )
s= (7.5)
ωs
+ + + +
R 'r
s.Er R 'r Vs Es Er s
I' I Ns Nr I'
r s (b) r
(a)
jX R jXr
s s
I
+ m
Rr
+
Vs s
Vm=Es Rm jXm
Is Ir
(c)
Figura 7.3 Modelos circuitais para motor de indução: a) circuito do rotor;
b) com rotor e estator separados, c) com rotor refletido ao lado do estator.
s⋅ E r
I 'r = (7.5)
R 'r + j ⋅ s ⋅ X 'r
Er
I 'r = (7.5.a)
R 'r
+ j ⋅ X 'r
s
O modelo do rotor pode, então, ser modificado, a fim de que o escorregamento afete
apenas a resistência do rotor, como se vê na figura 7.3.b, onde se inclui também um circuito
equivalente para o estator.
Refletindo o lado do rotor para o do estator, tem-se o circuito equivalente mostrado em
7.3.c. Indica-se nesta figura a reatância de magnetização, Xm e a resistência relativa às perdas
no ferro da máquina, Rm. A resistência do enrolamento do estator é Rs e a reatância de
dispersão, Xs.
As perdas no cobre podem ser estimadas por:
Ps = 3 ⋅ I s2 ⋅ R s (7.6)
Pr = 3 ⋅ I 2r ⋅ R r (7.7)
2
3 ⋅ Vm 3 ⋅ Vs2
Pc = ≈ (7.8)
Rm Rm
Rr
Pg = 3 ⋅ I r2 ⋅ (7.9)
s
Pd = Pg − Pr = Pg ⋅ (1 − s) (7.10)
O torque desenvolvido é:
Pd Pg
Td = = (7.11)
ωm ωs
A potência de entrada é:
Pi = Pc + Ps + Pg = 3 ⋅ Vs ⋅ I s ⋅ cos θ s (7.12)
Po = Pd − Px (7.13)
A eficiência será:
Po Pd − Px
η= = (7.14)
Pi Pc + Ps + Pg
η ≈ 1− s (7.15)
Is jXs Rs jXr
I
+ m Rr
Vs s
jXm
Zi I s= I r
− X m ⋅ ( X s + X r ) + j ⋅ X m ⋅ ( R s + R r s)
Zi = (7.16)
R s + R r s + j ⋅ ( Xm + Xs + Xr )
Rr
−1
Rs +
s −1 X m + X s + X r
θm = π − tan + tan (7.17)
Xs + Xr Rr
Rs + s
Vs
Ir = 1/ 2
(7.18)
R 2
2
R s + s + ( X s + X r )
r
3 ⋅ R r ⋅ Vs2
Td = (7.19)
R 2 2
s ⋅ ω s ⋅ R s + r s + ( X s + X r )
A figura 7.5 mostra uma curva torque - velocidade típica para um motor alimentado a
partir de uma fonte de tensão senoidal de freqüência e amplitude fixas. Existem 3 regiões de
operação:
• tração (0<s<1)
• regeneração (s<0)
• reversão (1<s<2)
2ωs ωs 0 −ωs
Td ωm
Regeneração Tração Reversão
Tmm
Ts
0 ωs
ωs ωm ωm
ωm
ωs
Tmr s
1 0.5 0 0.5 1 1.5 2
-sm sm
Figura 7.5 Característica torque-velocidade de máquina de indução.
Rr
sm = ± (7.20)
[ R s2 + (Xs + Xr ) ]
2 1/ 2
3Vs2
Tmm = (7.21)
2
2ω s ⋅ R s + R s2 + ( X s + X r )
3Vs2
Tmr = (7.22)
2
2ωs ⋅ − R s + R s2 + ( X s + X r )
3R r ⋅ Vs2
Td = (7.23)
R 2 2
s ⋅ ωs ⋅ r s + ( X s + X r )
3R r ⋅ Vs2
Ts = (7.24)
[
ωs ⋅ ( R r ) + ( X s + X r )
2 2
]
Rr
sm = ± (7.25)
Xs + Xr
3 ⋅ Vs2
Tmm = −Tmr = (7.26)
2ωs ⋅ (X s + X r )
Td 2 ⋅ s ⋅ sm
= 2 (7.27)
Tmm s m + s 2
Ts 2 ⋅ sm
= 2 (7.28)
Tmm s m + 1
Para s<1 e s2<<sm2, o torque normalizado pode, ainda, ser aproximado por:
Td 2s ωs − ω m
= =2 (7.29)
Tmm s m s m ⋅ ωs
s ⋅T
ωm = ωs ⋅ 1 − m d (7.30)
2 ⋅ Tmm
0.5
0.5
0 0
0.2 0.4 0.6 0.8 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05
s s
FP 0.5
0
0.05 0.1 0.15 0.2
s
Figura 7.7 Fator de potência do motor.
5Rr
0.5
Rr
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 ωs
ωm
Figura 7.8 Característica torque - velocidade para diferentes valores de resistência de rotor.
Ld
Retificador
Estator Rx Estator
Id
Rotor Rx Rotor Vd R
Vdc
Rx
(a)
(b)
Ld
Retificador Retificador
Estator
Id Controlado
Rotor Vd Vdc Trafo Rede
(c)
Td Torque da carga
1
100% Vs
0.5
75% Vs
50% Vs
A tensão do estator pode ser variada por meio de um controlador de tensão CA,
formado por tiristores, operando com controle de fase. Sua simplicidade justifica seu uso em
sistemas de baixa performance e potência, como ventiladores e bombas centrífugas, que
precisam de baixo torque de partida. Outra possibilidade é o uso de um inversor trifásico,
operando com freqüência constante e tensão ajustável, seja variando a tensão CC, por uso de
MLP. O fato de a tensão de partida ser reduzida permite uma limitação na corrente de partida.
A figura 7.11 mostra, esquematicamente, os acionamentos.
(a) (b)
Figura 7.11 Controle da tensão de estator por inversor (a) e controlador CA (b).
ωs = b ⋅ ωb (7.31)
b ⋅ ωb − ωm ω
s= = 1− m (7.32)
b ⋅ ωb b ⋅ ωb
3 ⋅ R r ⋅ Vs2
Td = (7.33)
R 2 2
s ⋅ b ⋅ ω b ⋅ R s + r s + ( b ⋅ X s + b ⋅ X r )
Td/Tm
1.2
0.8
0.6
b=1
0.4
b=1.5
0.2
b=2 b=2.5
0
0.5 1 1.5 2 2.5
ω m = ωb * b b>1
Figura 7.12 Característica torque - velocidade com controle da freqüência.
0.833
T( s , 1 ) 0.667
T( s , .8 ) 0.5
T( s , .6 )
0.333
0.167
0
0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
ω m = b * ωb b<1
Figura 7.13 Característica torque - velocidade com controle de tensão/freqüência.
Uma vez que a tensão nominal da máquina não deve ser excedida, este tipo de
acionamento aplica-se para velocidades abaixo da velocidade base. O acionador mais usual é
do tipo inversor com controle MLP ou de onda quase-quadrada, que permita ajustar
simultaneamente tensão e freqüência. Um inversor de onda quadrada necessita de uma tensão
no barramento CC variável. Para velocidades muito baixas pode-se ainda fazer uso de
cicloconversores (conversores CA-CA).
À medida que a freqüência se reduz, o fluxo de entreferro tende a diminuir devido à
queda de tensão na impedância série do estator, levando à redução na tensão aplicada sobre a
reatância de magnetização, o que conduz à necessidade de se elevar a tensão em tais situações
para se manter o torque.
jI i ⋅ X m
Ir = (7.34)
Rs + Rr + j(X m + X s + X r )
s
3R r ⋅ ( X m ⋅ I i ) 2
Td = (7.34.a)
R
2
2
s ⋅ ωs R s + r + (X m + X s + X r )
s
3R r ⋅ (X m ⋅ I i ) 2
Ts = (7.35)
[
ω s (R s + R r ) + (X m + X s + X r )
2 2
]
O escorregamento para o torque máximo é:
Rr
sm = ± (7.36)
+(Xm + Xs + Xr )
2
R 2s
3 ⋅ L2m
Tm = ⋅ I 2i (7.37)
2( L m + L r )
I1>I2>I3 I1
I2
I3
V-
V+
V+
Linha Vcc
Motor ca
Figura 7.16 Estrutura básica de sistema para acionamento em corrente de máquina ca.
devem ser considerados no dimensionamento dos elementos. Este intervalo termina com os
capacitores C1 e C3 carregados como mostrado na figura 7.19.d estando C5 com tensão nula.
A figura 7.20 mostra uma forma de onda típica da tensão entre fases deste tipo de inversor.
Icc T1 T3 T5
C5
-Vca+
Sw
+Vab- +Vbc-
b c
a
C1 C3
D1 D3 D5
C
E
R Ls
B
E
A
E
D4 D6 N D2
-Vtr+
C4
+Vrs- +Vst-
C6 C2
T4 T6 T2
T3
θ
T5 -Icc
T4 2π
T6 2/3 Icc
T2 θ
t1 Conexão triângulo
Figura 7.18. Condução dos tiristores e formas de corrente na carga.
Icc T1 T3 T5 Icc T1 T5
C5 T3
C5
+ - + -
+ - + - + -
b c b c
a a
C1 C3 C1 C3
D1 D3 D5 D1 D3 D5
E E
C R Ls C R Ls
B B
E E
A A
E E
D4 D6 N D2 D4 D6 N D2
-Vtr+ -Vtr+
C4 C4
+Vrs- +Vst- +Vrs- +Vst-
C6 C2 C6 C2
T4 T6 T2 T4 T6 T2
(a) (b)
Icc T1 T3 T5 Icc T1 T3 T5
C5
C5
+ -
- + + - - + + -
b c b c
a a
C1 C3 C1 C3
D1 D3 D5 D1 D3 D5
E E
C R Ls C R Ls
B B
V BA E E
A A
E E
D4 D6 N D2 D4 D6 N D2
-Vtr+ -Vtr+
C4 C4
+Vrs- +Vst- +Vrs- +Vst-
C6 C2 C6 C2
T4 T6 T2 T4 T6 T2
(c) (d)
Figura 7.19. Estágios de operação do inversor fonte de corrente com tiristores.
Figura 7.20 Forma de onda típica de tensão de linha para inversor de corrente a tiristores.
Icc
+ A + B + C
E E E
Icc
Carga
Cf
S. B. Dewan, G. R. Slemon and A. Straughen: “Power Semiconductor Drives”. John Wiley &
Sons., New York, 1984