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A importância da língua portuguesa e suas implicações são evidentes, mormente, na

vida profissional. Basta refletir acerca da principal razão de eliminação de candidatos à


vagas de emprego em determinados setores. A linguagem é o cartão de visita. Ao ouvir
alguém por cinco minutos, já temos a ideia formada da formação da pessoa que está
falando.
O português é a língua oficial de oito países do mundo, espalhados em quatro continentes.
Estima-se que quase 250 milhões de pessoas falem o idioma. Depois do Brasil, os países
onde o português é mais falado são Moçambique (19 milhões), Portugal e Angola (11
milhões cada um) e Guiné Bissau (mais de um milhão).
A língua portuguesa reflete, em muitos sentidos, o espírito aglutinador de seus falantes. Por
causa das invasões mouras à Península Ibérica, região da Europa onde se localiza Portugal,
e devido à colonização portuguesa de vastas regiões na América do Sul, África e Ásia, a
nossa língua entrou em contato com os falares de diferentes regiões do mundo. Como
resultado disso, o nosso idioma acabou enriquecido com inúmeras palavras oriundas do
árabe, das línguas indígenas brasileiras e das línguas africanas. De certa forma, o
sincretismo observado nas nossas relações sociais transparece também na nossa forma de
falar.
A língua é um universo muito nosso – e desconhecido, o da língua portuguesa. Poucas
vezes pensamos nela direito, tão habitual o seu uso, tampouco nos despregamos de
seus efeitos. A língua que usamos revela o que somos, e nem sempre nos damos
conta. Está na música, na arte, no trabalho, na política, em toda a cultura, trai
preconceitos, as ênfases do passado e os papéis que adotamos nas nossas relações
sociais.
O interesse pelo português se evidencia para além do estudo da gramática ou de seus
padrões. O domínio da linguagem, tanto oral quanto escrita, tornou-se indispensável
para a vida profissional e é por intermédio dela que se garante a própria cidadania.
É a essa demanda prática e social que a revista Língua pretende atender, ao identificar
e colocar em discussão o que há de mais relevante no idioma português, na fala
brasileira e variantes.
Assim, disse Fernando Pessoa: “minha pátria é a língua portuguesa”. Não se importava que
invadissem Portugal, desde que não mexessem com ele. Mas isso não era egoísmo. No
fundo, o escritor sabia que, enquanto houvesse o nosso jeito de falar, não perderíamos a
identidade, não nos abateríamos diante dos infortúnios, não perderíamos a voz, nem nosso
reflexo no espelho.

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