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ROTEIRO 1

* Me apresentar, dizer do meu passado e onde estamos


CHAMADA:
Olá me chamo Ramon Fernandes, e este é o , um podcast
dedicado a entender a música que nos cerca, especialmente aquela
que habita em nós!

Um pouco ambicioso, não?! Mas posso garantir que, mais do que


conceitos ou termos complicados, o que ofereço é a passagem para uma
viagem. Partindo de hoje, só pra constar dia 09/04/20, vou levá-los, pelos
próximos episódios, a entrar em contato com uma parte interior e intima
que, espero, traga à luz nossas conexões e entendimentos acerca da
música.

Não prometo que os que decidirem vir comigo sairão daqui com respostas,
e já aviso que tudo que falarei está impregnado de minha opinião, mas
também haverão informações e questionamentos importantes para cumprir
o objetivo desse podcast: alimentar, em mim, e em você a curiosidade
sobre nossa relação com a música! Aqui serei não só um indivíduo, mas
também observador do mundo que me cerca. Para você que decidiu
embarcar comigo, vamos navegar por diferentes entendimentos do que é a
música, questionaremos onde ela habita, se ela é uma linguagem universal,
qual a sua relação com o nosso corpo, os seus limites, suas funções
histórica, documental, expressiva....

Para quem acha que a tarefa é simples, começo com um desafio. Se puder,
me responda: “Por que você escuta as músicas que escuta?”, ou ainda
melhor: “Por que você não escuta outras músicas que não as que você
gosta?”. Entender o que está por de trás da idéia de gosto, de onde ele
surge, quais seus papéis, nos leva a pensar qual a influência da música na
formação de uma identidade, individual ou coletiva. O que proponho aqui,
é também a descoberta do nosso “Eu” por meio da música, das ligações
entre a música e várias visões de mundo, e também nas implicações disso
no nosso dia-a-dia.

* Explicação do surgimento do podcast


E como surgiu a idéia desse podcast? Talvez tenha começado a partir de
uma série de questionamentos sobre o meu gosto, minhas visões sobre a
música, sobre minha própria identidade. Por conta de diversos
acontecimentos no decorrer dos últimos anos, fui provocado a me definir
enquanto ser no mundo, e então a dar voz e nome aos meus sentimentos e
experiências. Nesse momento me vi sem palavras, não conseguia me fazer
entendido, ou achar suficiente a forma com que a linguagem podia traduzir
meus sentimentos. Então veio um estalo, não que seja algo absurdamente
novo, mas me parecia muito mais fácil me entender fazendo referência a
sons, ao estado em que ficava quando escutava um artista, ou mesmo a
reação aos ruídos mais corriqueiros… veja só, por exemplo, como é que
você explica aquela agonia interminável de quando alguém passa a unha
no quadro de giz? É eu sou velho desse tanto… Ou me diga se você
consegue descrever a tranquilidade que toma conta ao ouvir o barulho da
água correndo com passarinhos cantando ao fundo? Por que para mim
tranquilidade não basta para descrever essa sensação.

Mas ainda faltavam alguns movimentos para que o podcast tomasse forma.
O passo seguinte foi tentar explicar se, ou como, minha identidade poderia
ser expressa por meio das músicas que eu ouvia, ou que me marcaram.
Então pensei em fazer uma lista com os álbuns que poderiam cumprir esse
papel. Acreditem, foi um trabalho complicado, a cada lembrança que
acessava, tinha um novo sentimento que parecia só caber naquela música,
e então a lista ficava interminável. Foi aí que botei um limite, 25 discos,
número redondo, múltiplo de cinco, nem muito nem pouco! E entendam
bem, não acho que pessoa alguma possa ser reduzida assim, mas pelo
menos uma idéia de quem somos dá pra passar com essa quantidade.
Porém apenas fazer a lista não bastava, não tinha tanto sentido, é óbvio
que eu conseguiria me reconhecer naquela seleção, afinal fui eu que a fiz,
eu que tinho uma relação emocional com ela. Assim, achei que seria uma
boa idéia compartilhar com as pessoas mais próximas e ver até onde seria
possível comunicar o que penso que sou, já que outras pessoas certamente
teriam reações diferentes com aqueles sons. Além disso, surgiu também
uma curiosidade, um vontde de troca. Saber como cada um reagiria aos
discos, seria tão interessante quanto me descobrir naquela lista. Pronto
estava montado o experimento, começei a compartilhar essa lista pelo
instagram junto com o que cada álbuns representavam em mim, inclusive
esse processo ainda está se desenrolando, se ficou interessado me
procurem lá no instagram é @ramon_momom.

A parte final da história veio com uma amiga, Pita Nice: a mulher das
milhões de ideias de negócios, da criatividade, do empreender... Ela havia
me convidado para formatar a pesquisa dela em um podcast para poder
concorrer em editais. O projeto em si acabou não indo para frente, mas
abriu meus olhos para a possibilidade de transformar saberes nesse outro
formato. Daí então, foi só um passo: Juntando essa vontade de me fazer
entendido, com os conhecimentos musicais e corporais que já tinha
acumulado ao longo dos anos, com a possibilidade de trocas feitas nas
redes sociais. Então, chegou a minha vez de pedir ajuda, e com suporte e
auxílio de Pita, aqui estamos, começando esse projeto. Espero que me
acompanhem na minha jornada em buscas de entender não só os porquês
das minhas preferências musicais, ou como eu relaciono meus valores e
objetivos de vida com a música, mas tambem explorar para além do meu
mundo particular como a música pode agir sobre todos nós.
* Contar minha Hisória
Para que me entendam acho importante me apresentar. Como já disse, me
chamo Ramon Fernandes, sou natural de Itapetinga, interior da Bahia, foi
nesse lugar que cresci e começei a explorar minhas possibilidades.
Minha história com a música começa cedo, reza a lenda que para saber se
uma comida me agradava ou não bastava escutar, a cada mastigada lá
estava eu cantarolando! Mesmo vindo de uma dessas famílias que não têm
um cotidiano exatemente cercado por um fundo musical, minhas primeiras
referências foram familiares. Os assobios extremamente afinados e
articulados de meu pai, com repertório dos mais variados, que vai das
pregas do vestido azul de Calu, passando por modinhas, sambas de roda,
Luiz Melodia até chegar em Pink Floyd. Já da minha mãe recebo
influências mais tímidas, quando escutava música geralmente se um pop-
rock nacional, ou um disco-pop nostálgico do tipo ABBA ou A-ha.

Com 11 anos, depois de muito apertar o juízo de meus pais, ganhei de


presente um violão, que continua comigo ainda hoje. Aí começa a saga de
materializar no mundo os sons da minha cabeça. Essa é uma história bem
comum aos amadores do violão, de grão em grão, com um vizinho do tio,
ou o amigo do irmão ia contruindo os primeiros acodes, entendendo e
reproduzindo rítmos. Também passei pelas famigeradas revistinhas, com as
suas versões simplificadas. Quem nunca guardou o dinheirinho do lanche
para poder descobrir um novo som no fim da semana, que atire a primeira
pedra? Nessa busca informal que construí meus conhecimentos, horas a fio
tentanto aprender novos sons, mais desafiadores, batidas diferentes… Mas
do que tudo isso, passei a desenvolver minhas percepções nas
complexidades presente em cada música, apreciar as diferentes vozes dos
instrumentos e eventualmente passei a ter a minha própria voz. Tocar
passou a ser fonte de autoestima, satisfação, meditação, um lugar para
onde podia deixar fluir sentimentos e sensações que não podia digerir de
outra forma.
No final do ensino médio, me vi num dilema usual aos garotos de classe
media: qual carreira seguir? Sonhava viver da música, mas não tinha
bagagem suficiente para isso. Decidi pela vida dupla, seguir outra carreira,
mas também me dedicar a desvendar mais o universo musical. Então me
mudo para Viçosa, Minas Gerais, para fazer meus estudos universitários.
Alí mesmo com pouco tempo para me dedicar a música, passei a ter
contato com alguns shows, espetáculos, um festival de jazz, bandas
internacionais… Mas também conheço uma distância cultutral que me
pesou. Passei a perceber as influências geográficas na minha formação,
nunca antes na minha vida Caymmi vazia tanto sentido, “ai que saudade
tinha da Bahia”. Amo Milton, Lô, João Bosco, mas a Bahia me fazia falta,
nesse momento me reconecto a ela com os sambas, redescubro Gil, a
beleza em Caetano…
Ao me formar, tenho a chance de voltar para meu estado. Agora na capital,
Salvador, posso estar em contato com um cenário musical mais
consistente, e me pemitir outras possibilidades musicais. Por
características históricas e geográficas essa região é muito particular, o
toque das percussões, o rítmo e as trocas de uma cidade turística, a
presença do mar… tudo isso contribui para um sotaque único. Foi aqui em
Salvador que passei a ter outros contatos com a musicalidade, na capoeira,
nos sambas, no Tambor de Crioula, com minha mestra Dandara Baldez,
reconheci o rítmo que habita em mim, e que já estava presente em meus
sons, mas que eu não entendia profundamente como centralidade.

Mas meu interesse pela música se extende até seus objetos: os musicais. O
universo da construção, a ciênca dos funcionamentos, a luthieria… Guardo
lembraças de cada contato com um novo instrumento. O primeiro deles, o
violão de um dos meus primos, que sempre que o visitava na cidade dele
era obrigatório ficar admirado. Lembro bem do piano eletrônico estilo
Rhodes que a maestrina Leniza usava, e até hoje fico deslumbrado ao
lembrar dum contrabaixo acústico, o único instrumento numa sala
iluminada por uma fresta de sol, nesse época mal alcançava a escala
daquele instrumento.

Este foi nosso primeiro episódio do ________, contei um pouco mais


sobre quem vos fala, e sobre o pojeto em sí do que sobre a música; mas
espero que me acompanhem e aproveitem a viajem. Obrigado pela
companhia, ah e já ia me esquecendo, as músicas ouvidas aqui estarão na
descrição do episódio junto com sugestões de leituras para quem quiser se
aprofundar no debate. Té mais

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