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Cristo Entre Outros Deuses
Cristo Entre Outros Deuses
\L u tzer
Autor
Mestre em Letrns e Teologia e doutor em Leis,
o autor já escreveu diversos livros e é
pastor-presiden te da Igreja Memorial Moody,
em Chicago, onde mora com a esposa e três filhas.
Erwin E. Lutzer
U m a d efesa da f é cristã
num a era de to lerâ n cia
©
CPAD
Todos os direitos reservados. Copyright © 2000 para a língua portuguesa da Casa
Publicadora das Assembléias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.
ISBN: 85-263-0260-4
C D D : 239 - Apologética
I a edição/2000
Para meus pais, Gustav e Wanda Lutzer,
cujas vidas e palavras ensinaram-me desde
cedo que Jesus Cristo tem de ser apreciado
como o Filho de Deus, o único Salvador.
SUMÁRIO
Prefácio............................................................................................ 7
Introdução................................................................................ 9
2. O ÍCONE DA TOLERÂNCIA.....................................................29
Como chegamos a esse ponto?
3. A BUSCA DA VERDADE...........................................................47
Se é verdade para mim, é verdade para você?
4. UM NASCIMENTO EXTRAORDINÁRIO................................. 67
0 que é preciso para ser salvador?
J. I. Packer
Vancouver, Canadá
INTRODUÇÃO
Numa época em que o interesse por Jesus éstá crescendo cada vez
mais, não é segredo que as religiões do mundo estejam aumentando
numa proporção sem precedentes nos Estados Unidos. Embora o cris
tianismo historicamente tenha insistido em sua singularidade, muitos
líderes religiosos estão predizendo que os problemas do mundo estão
ficando tão terríveis que a unidade religiosa será inevitável em um fu
turo próximo.
Nunca escrevi um livro com tal peso, uma convicção crescente de
que à medida que marchamos para o próximo século, é absolutamente
essencial que nós, como crentes, tenhamos Cristo não apenas em nos
sos corações, mas também em nossas cabeças. Precisamos ser capazes
de convidar os outros a investigar as declarações de Cristo sem embara
ço ou medo de que as evidências à nossa fé se evaporem.; Precisamos de
respostas para nós e para os outros| nesta época em que a verdade reli
giosa foi reclassificada como pouco mais que opinião pessoal e experi
ência particular.
Quero agradecer a meu amigo Ravi Zacharias por me permitir usar o
título Cristo Entre Outros deuses na publicação deste livro. Há vários
anos ouvi uma de suas pregações intitulada “Jesus entre outros deuses”,
1o CRISTO ENTRE OUTROS deuses
que ficou encravada em minha mente. Ainda que o conteúdo deste livro
seja completamente meu, escrevi a Ravi perguntando-lhe se poderia ser-
me dada a opção de usar uma versão do seu título, o que ele graciosa
mente concordou. Sou grato por sua amizade e regozijo-me em seu mi
nistério mundialmente eficaz.
Agradeço aos membros e amigos da Igreja Memorial Moody. Eles me
ouviram pregar o conteúdo essencial deste livro, entregue no formato
de uma série de mensagens no outono de 1993. Por quinze anos, tem
sido meu o privilégio de ocupar esse púlpito histórico para pregar, e
nunca fiquei cansado do trabalho nem menosprezei tal honra. Graças às
orações do povo de Deus, tenho sido abençoado com a oportunidade
de servir a Cristo além das paredes da Igreja Memorial Moody, por meio
de conferências e da escrita.
Uma palavra especial de agradecimento à minha assistente adminis
trativa, Pauline Epps, que passou muitas horas diagramando o manuscri
to e dando sugestões úteis. E mais importante: dou meu apreço amoro
so à minha esposa, Rebecca, e às nossas três filhas, Lori, Lynn e Lisa, que
foram muito compreensíveis durante os dias em que este livro estava no
topo de minhas prioridades, e me mantinha horas a fio em meu gabine
te de estudos.
Todo louvor seja dado ao meu Senhor e Salvador Jesus Cristo, a quem
amo e em cuja defesa escrevi este livro. Sentir-me-ei plenamente recom
pensado se aqueles que o lerem vierem a amar a Cristo ainda mais, a
adorá-lo com mais fervor e a defendê-lo com maior convicção e graça.
1
o s
“DEUSES” ESTÃO
AVANÇANDO
Vocêjá percebeu o panorama geral?
nam-se ou morram!”
Essa mensagem parecia dominar todas as sessões do Parlamen
to das Religiões do Mundo, que se realizou em Chicago, Esta
dos Unidos, em 1993. E o grupo mais freqüentemente visto como quem
tem senso crítico — as pessoas a quem jamais se pensou que entrassem
nessa agenda de unificação —, era aquele pertencente à fé cristã históri
ca. Estou convencido de que uma irresistível torrente religiosa está var
rendo os Estados Unidos. A mensagem que ouvi no parlamento foi que
era melhor subirmos a bordo ou seriamos deixados a nadar (ou nos
afogar) sozinhos!
Os deuses estão avançando, e ai daquele que ficar no caminho de sua
agenda de trabalho! Com ideais elevados e planos utópicos de unificar
as religiões do mundo para o bem comum, esse parlamento foi convoca
do para derrubar as barreiras existentes na marcha acelerada em direção
à unidade. Seis mil representantes reuniram-se para aprender uns dos
outros, explorar áreas de concordância e obter um melhor entendimen
to das suas heranças religiosas. Eles também promoveram uma ética glo
1 2 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
rar suas convicções com as de Cristo (alguns dessas histórias estão neste
livro). Em terceiro lugar, almejei olhar pela janela da profecia, para ver a
formação de um sistema religioso mundial que, com toda a probabilida
de, será a base do breve reinado do anticristo no planeta Terra.
As premissas que em todas as sessões foram declaradas diretamente
ou manifestas de modo implícito já se enraizaram em nossa cultura. As
sista aos programas de entrevistas, leia os jornais, ou participe da junta
diretora da escola de sua cidade, e você descobrirá que estes pontos de
vistas são amplamente aceitos e raramente contestados.
A VISÃO DA UNIDADE
Mais tarde, neste livro, discutirei o que acontecerá àqueles que não
subscreverem esta agenda. É evidente que em breve todos teremos de
decidir, porque no ano 2000 a transformação estará bem adiantada.
Testemunhos— aos montes— foram dados acerca dos benefícios pessoais
daqueles que dedicaram tempo para harmonizar a mentalidade racional do
oriente religioso com a experiência mística do ocidente religioso. A unidade
religiosa mudará o mundo, porque ela começa mudando os indivíduos.
Uma mulher afirmou ter sido curada mediante a meditação mística;
outra disse que seu casamento fora salvo pela religião da Nova Era. Um
homem declarou que somente depois de aprofundar-se no hinduísmo é
que “encontrou a outra metade da sua alma”. As palavras usadas com
freqüência foram “realização”, “paz” ou “energia”. Sim, havia uma por
ção de testemunhos que diziam: “Funciona!”
ILUSTMÇÕES DA UNIDADE
tam no que acreditam; mas à medida que nos dirigimos para o centro,
achamos um significado mais profundo. Então, (3) finalmente no cubo
descobrimos nossa verdadeira unidade; aqui está “o brilhante céu azul”,
como ouvi certa pessoa dizer. Agora podemos apreciar melhor as outras
religiões, porque as vemos pela lente da unidade e fé interiores.
OBSTÁCULOS À UNIDADE
Mas o que devemos fazer com nossas crenças doutrinárias, essas tei
mosas convicções que são obstáculos à unidade? Em uma das sessões do
parlamento, disse certo líderPSegurem-se firmes em suas cadeiras, como
se vocês pudessem passar pelo teto caso se soltassem. Agora pensem em
uma de suas mais apreciadas crenças — soltem sua cadeira e sua estima
da crença! Nada aconteceu, certo? Agora vocês sabem como eífD epois
nos disseram que podíamos recuperar nossa crença — muito obrigado!
Só precisamos nos acostumar a “soltá-las”!
Se ainda tínhamos relutância em “soltar” nossas queridas crenças, havia
um seminário intitulado “Um Vocabulário para o Século XXI”, o qual objetivava
demonstrar que todas as supostas doutrinas não passavam de metáforas para
um significado mais prolundo. Em termos práticos, significa que o indivíduo
pode abandonai- suas doutrinas sem abrir mão da terminologia que as co
munica.. ‘A Bíblia não disse o que a maioria pensa ter ela dito”; tudo o que se
exige é que abandonemos nossas doutrinas, e então perceberemos que suas
metáforas receberão um significado mais profiindo e oculto. Se apenas avan
çássemos além das fases infantis de nossa crença religiosa e crescêssemos
para a maturidade, a maturidade inclusiva.
O cristianismo, disseram-nos, fracassara — ao menos em sua forma
comum no mundo ocidental. Desperdiçamos os recursos da terra por
causa da tola noção de que devemos ter domínio sobre ela.iO cristianis
mo fala de amor e produz ódio; fala de um Criador e, não obstante,
divide a criação com suas doutrinas estreitas?A mensagem era clara: é
tempo de mudar. O Cristianismo é como um barco que nos fez através-
2 0 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
E a Bíblia?
E óbvio que, se a Bíblia tem de se harmonizar com quaisquer pontos
de vista religiosos, ela tem de ser reinterpretada, “ajustada”. Sempre que
participo de um programa de entrevistas ou debato sobre os méritos de
Cristo, ouço as pessoas me dizerem: “Esta é a sua interpretação!” A im
pressão que se tem é que a Bíblia pode ser facilmente despojada de seu
significado literal e tornada compatível com qualquer ponto de vista.
Agora que a tentativa de unificar as religiões do mundo é assunto
sério, foi lançado recentem ente um livro com o título The Bible
Illuminated (ABíblia Iluminada). Trata-se de uma coleção das histórias
da Bíblia (do Antigo e Novo Testamentos) que interpreta tais relatos de
um ponto de vista universal. 0 editor/autor do livro, Swami. Bhaktipada,
afirma que sua meta é “dar aos cristãos e adeptos de outros credos uma
compreensão da Bíblia que não é sectária, a fim de incentivar uma avali
ação da Bíblia como expressão particular da verdade eterna que é ensi
nada nas grandes tradições religiosas de todo o mundo”.6
The Bible Illuminated, que vem com 101 gravuras místicas, é parte
de uma série de livros designados a mostrar que todas as religiões do
mundo têm unidade intrínseca. Swami já publicou The Ramayana
OS “DEUSES” ESTÃO AVANÇANDO 2 1
E Cristo?
No caminho do “plano global” para a unidade religiosa está a pessoa
de Cristo. Historicamente, o cristianismo o tem considerado inigualável,
o Filho unigênito especial de Deus, o Senhor, o Salvador. Mas muitos
cristãos — ou pelo menos muitos daqueles que usam o rótulo de cristão
— estão começando a pensar que já não podemos mais manter a exclusi
vidade em meio à crescente consciência de outras convicções religiosas.
E o ímpeto à unidade é muito forte e sedutor para ser resistido.
Aqui estão três maneiras possíveis de relacionar Cristo com os desa
fios de outras religiões:
Primeiramente' existe o pluralismo —a afirmação direta de que te
mos de aceitar todas as religiões como iguais. Cristo é só um homem,
um profeta, um entre várias opções, e não necessariamente uma opção
melhor entre outras. 0 pluralismo insiste que até a palavra tolerância
cheira a fanatismo, a insinuação de que temos de “tolerar” aqueles que
são diferentes de nós. Não devemos apenas tolerar as religiões diferen
tes; devemos conceder a elas o mesmo respeito que damos à nossa. Nes
se cenário Cristo é interpretado de forma genérica, mas Ele sempre é
//V d Z/Z3/V/S/W .'? " /jjB-M P "
2 2 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
EVocê?
O interesse por Cristo está em ascensão. Um recente artigo no U.S.
News & World Report declara que “a busca pelo Jesus histórico está ob
tendo uma nova onda de energia cultural”.10 Todos os dias — nas igrejas,
em grupos de auto-ajuda, em controvérsias em casa e no escritório —
Cristo é discutido. De fato, o interesse por Ele parece estar aumentando
juntamente com a proliferação de novas espécies de religião privatizada.
Cristo está sendo redefinido para ajustar-se ao sincretismo de nossos
tempos. Mais tarde explicarei por que muitos que falam bem de Jesus
estão na realidade minando-lhe a credibilidade.
Descobri que, [quanto menos algumas pessoas sabem de Cristo, mais
elas gostam dEle. O bebê na manjedoura toca até a mais cínica alma que
há muito perdeu o interesse por religião. O secularista que está inclina
do a reformar a sociedade cita com reverência versículos selecionados
do Sermão da Montanha. E os modelos religiosos usam Cristo como seu
exemplo de humildade, sacrifício e bondade. Ele é digno de ser falado
em tons de respeito. Alguns dizem que Ele é “o primeiro entre iguais”.
Não obstante, em tudo isso, o louvor a Ele é contido e débil.
: Considerando que Cristo disse que o mundo o odiaria, podemos estar
bastante certos de que, quando o mundo o ama é porque o mundo fez de
Cristo also que Ele não éJO Cristo bíblico não pode ser posto de lado; Ele
fica em nosso caminho forçando-nos a tomar uma decisão, quer para a
direita, quer para a esquerda. Em sua presença a neutralidade é impossí
vel. O bebê na manjedoura logo cresce para tornar-se Deus, o Rei.
Escrevi este livro para apresentar razões para que Cristo sempre seja o único.
Todas as tentativas de uni-lo com as religiões do mundo estão fadadas a fracassar.
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O S “D E U S E S ” ESTAO AVANÇANDO 2 5
Assim que explicarmos suas credenciais e o Evangelho que Ele nos trouxe, perce
beremos que a fé cristã é exclusiva e tem de ser logicamente assim. Em meio a
acusações de fanatismo, nossa tarefa é ser amorosamente exclusivos. Se há boas-
novas neste mundo, os seguidores de Cristo têm de proclamá-las.
A Bíblia traça definida linha pelos povos do mundo, mas não é uma linha
entre raças, nações ou mesmo culturas. Esta linha separa Cristo e seus segui
dores de todas as outras opções religiosas. Estou resolvido a ajudar-nos na
identificação dessa linha, a mostrar onde ela deve ser traçada e a dar razões
que comprovam que não temos direito algum de movê-la do lugar.
fz? Agentes do FBI contaram-me que não gastam muito tempo examinando
dinheiro falso, visto que há muitas variedades de notas falsas. Em vez disso,
eles analisam com atenção e minúcia as cédulas genuínas, observando todos
os seus detalhes únicos. Armados com um bom conhecimento das cédulas
autênticas, eles podem reconhecer falsificações de qualquer tipo. Aqueles
que estão familiarizados com a verdade reconhecem o erro quando o vêem.
Já mencionei que este livro é um estudo sobre Cristo contra o pano de
fundo de outras preferências religiosas. Se fizermos um exame cuidadoso
do artigo genuíno, ou seja, do Deus-homem, reconheceremos outros mes
tres que têm origem e crença diferentes. Pretendo demonstrai' quefainda
que outras religiões peguem homens maus e tentem melhorá-los, somen
te uma tem a capacidade de pegar homens mortos e ressuscitá-los.
_ j- Quando se viaja pela Suíça, com freqüência se vê ao longe duas mon
tanhas que parecem estar juntas, mas à medida que a pessoa se aproxi
ma, nota que elas estão separadas por precipícios muito escarpados. E
bem abaixo, existe uma corredeira impossível de ser atravessada.
Dê uma olhada superficial em Cristo e nos outros deuses. Você pode
achar que existam algumas semelhanças impressionantes. Faça um exa
me mais demorado e descobrirá que eles estão separados por um abis
mo intransponível. Cristo tem pouco em comum com os outros mes
tres, profetas, swamis e gurus. Não se trata apenas de Ele estar no ponto
mais alto do que os outros; em sua presença os outros desaparecem em
algum lugar além do horizonte.
2 6 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
NOTAS
DA TOLERÂNCIA
Como chegamos a esse ponto?
criativa da humanidade. Deus, segundo ela, pode ser nossa idéia mais
interessante. Ela declara que Yahweh (palavra hebraica para [eovál era,
originalmente um selvagem deus»da guerra e uma das várias deidades,
adoradas pelos israelitas. Levou sete séculos para que esse ser desagra
dável evoluísse no leová Todo-poderoso, proclamado pelos profetas como
o único e exclusivo Deus. Idéias novas sobre Deus sempre têm surgido
em resposta às novas necessidades psicológicas. De fato, ela raciocina
que, se as grandes crenças não tivessem a capacidade de mudar, possi
velmente teriam acabado. Por conseguinte, cada geração tem de criar
sua própria concepção imaginativa de Deus.1
Então é Deus que cria o homem ou é o homem que criou Deus?
Paulo ensinou que as pessoas muitas vezes criam deuses de acordo com
sua preferência pessoal. Os pagãos “m udaram a glória do Deus
incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de
aves, e de quadrúpedes, e de répteis” (Rm 1.23). Sim, os indivíduos e as
culturas podem criar deuses.
Nossa sociedade altamente especializada e orientada ao consumidor
já redefiniu Deus, de forma que Ele não se levanta para julgar nossa
cultura, mas antes, a endossa. De acordo com o livro The Day America
Told the Truth (0 Dia em que os Americanos Falaram a Verdade), a
palavra Deus para a maioria dos americanos é “um reflexo distante e
pálido do Deus dos seus antepassados.... Este não é o ‘Deus ciumento’
da Velha Aliança, mas... uma sensação geral de bem e felicidade no mun
do”.2 Alguém disse que para o homem moderno o céu parece o maior
shopping center que se possa imaginar. Temos um deus que deseia o
nosso prazer, um deus (ou deusa, se você preferir) que promove o femi
nismo, as preferências sexuais, o aborto e o individualismo radical. Te
mos um deus que está inteiramente comprometido com nossa felicida
de e que acredita no potencial humano. Temos um deus que nos deixa
compilar nossos próprios dez mandamentos.
Para oue esse deus mais bondoso e gentil florescesse, tivemos de
curvar-nos diante de outro deus, o qual não é perturbado pela diversida-
O ÍCONE DA TOLERÂNCIA 3 1
-UMlJOl/OX)íe£tTO M E £ /a JW
A MEGAMUDANÇA IDEOLÓGICA
tirania religiosa deve, é claro, ser abominada; mas quando o gênero hu
mano usa a ambicionada liberdade para negar Deus, segue-se uma tira
nia pior.
Quando perguntaram a Solzenitsyn como poderia tantos milhões de
pessoas serem brutalmente assassinadas sob a bandeira do ateísmo, ele
respondeu:‘(“Nós nos esquecemos de Deus”. Dostoiévski tinha razão:
“Quando Deus não existe, tudo é permitido’!
Falando dos falsos mestres, Pedro escreve: “Prometendo-lhes liber
dade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém
é vencido, do tal faz-se também servo” (2 Pedro 2.19).
Esta troca de pensamento levou a outras óbvias mudanças no modo
como a verdade (se é que ela existe) foi vista. Jdéias trazem conseqüên
cias. Quando subimos a bordo de um trem ideológico, temos de ir até o
seu destino final.
Woody Allen, que justificou sua relação sexual com a enteada, disse: “O
coração quer o que quer”. Tal como com a moralidade, assim é com a religião
—você tem a sua, eu tenho a minha e para nós não há como decidir quem está
certo. Aquilo em que meu coração acreditar torna-se certopara mim.
Da Objetividade ao Pragmatismo
Se não há ponto de referência fixo, se não há base objetiva para a
moralidade e a religião, então tem os de aceitar o relativismo e seu
irmão ideológico gêm eo,'o'pragm atism o: o que funciona .s eJo rna
certo.
William Jam es escreveu o livro Pragmatism (Pragm atism o), no
qual afirma q u e /s e a hipótese de Deus funciona satisfatoriam en
te no mais am plo sentido da palavra, então é verd ad e”.6 Ele per
sistiu na afirmativa de que tem os de adiar nossa resp osta à per
gunta “qual religião é a m elh or”, pois “no final das contas, ainda
não sabem os com certeza qual religião vai dar mais ce rto ”. Deve
m os julgar todos os pontos de vista pelo quanto receb em os por
nossos esforços (ele o cham ou de “valor líquido disponível” de
um a cren ça religiosa).
Michael Horton, em seu excelente livro Made in America — The
Shaping o f Modem Evangelicalism (Feito nos Estados Unidos— A con
figuração do Moderno Evangelicalismo Americano), ressalta que hoje
o cristianismo tem de competir com uma variedade de programas de
auto-ajuda. Tem de produzir saúde, riqueza e felicidade. Sabe-se que o
hipnotismo ajuda a superar o vício de fumar; comprimidos podem ser
tomados para vencer a obesidade; e a terapia auxilia aqueles que são
sexualmente viciados. O cristianismo é comparado a uma total confu
são de programas de auto-ajuda que garantem maximizar a quantida
de de felicidade dos indivíduos mediante o sucesso financeiro e pesso-
- 4 al. “Como um novo inseticida”, escreve Horton, “Deus tem de passar
no teste de utilidade para ser admitido no m ercado”.7
O ÍCONE DA TOLERÂNCIA 3 9
Então como viemos parar aqui? Quando rejeitamos a Bíblia que está
enraizada no solo da história e do pensamento racional, descobrimos
que a única alternativa foi reclassificar a religião e os valores como ques
tões de opinião pessoal e experiências particulares. Sem a fundação, a
casa da religião/moral teve de ser movida para areias movediças, onde as
contradições e os absurdos tiveram de coexistir de alguma maneira.
Para mudar a figura de linguagem, quando a voz do árbitro foi abafa
da por um coro de vozes competidoras, todo jogador ficou livre para
escrever as regras que satisfizessem as próprias necessidades. Conside
rando que todo mundo tinha uma opinião diferente sobre o que era
melhor para si, perspectivas contraditórias tiveram de ser toleradas sem
a tentativa de arbitrar entre elas. A tolerância negligente tornou-se uma
necessidade pragmática.
Matemática, história e ciências ainda mantiveram o respeito e assim,
foram consideradas racionais e objetivas. Religião e valores foram pos
tos num arquivo especial marcado: Opiniões Particulares. A verdade já
não era estimada como tendo qualquer tipo de universalidade, mas era
apenas uma declaração pessoal sobre o que nos faz sentir bem. Vinte e
duas mil mulheres reuniram-se recentemente em Mineápolis, para uma
conferência sob a bandeira da “Re-imagem”. A conferência enfatizou que
as mulheres deveriam formar as próprias opiniões sobre a deidade a
partir de experiências pessoais. A deusa SíjSfia foi honrada, exemplificando
que a teologia deveria ser gerada “de baixo para cima”.
Somos chamados a levantar-nos contra a insistência de nossa geração em
afirmar que a religião não lida com a verdade, mas é tão somente uma questão
de gosto pessoal, como alguém que gosta de jazz ou de Bach. No debate da
religião temos de encarar questões sobre a verdade. Quando as pessoas fize
rem reivindicações religiosas, temos todo o direito de pedir-lhes as provas.
Não podemos deixar que as pessoas sintam-se confortáveis com uma crença
que as faz igualai' Cristo e Shirley MacLaine. Opiniões particulares devem ser
expostas pelo que elas são, e a pressão deve ser feita através da pergunta: “Que
evidências você tem para provai- que suas opiniões são de fato a verdade?”
O ÍCONE DA TOLERÂNCIA 4 3
NOTAS
Ravi Zacharias observou que a maioria das pessoas acha que todas as
religiões do mundo são essencialmente as mesmas e apenas superficial
mente diferentes. Mas disse ele que o oposto é que é verdadeiro: as
religiões do mundo são essencialmente diferentes e apenas superficial
mente as mesmas.
Vamos fazer uma rápida comparação entre algumas das princi
pais religiões no que tange a somente dois pontos doutrinários: (1) A
compreensão que tais religiões têm de Deus como Ser Supremo; e (2) A
doutrina da salvação que preconizam.
O Ser Supremo
Como você pode ter adivinhado, as principais religiões não-cristãs
não só discordam em relação ao entendimento que têm do Ser Supre
mo, ou Deus, mas nem mesmo concordam entre si se tal Ser (de qual
quer descrição) existe!
O hinduísmo acredita em 300.000 deuses. A maioria dos devotos
venera ou adora alguns favoritos, mas respeita todos. Se perguntamos
com o esses deuses podem coexistir pacificamente, a resposta é que
(eles só representam uma força impessoal, o Brahma, o Único, a Alma
do Cosmo. Nossa meta é perder nossa identidade nessa unicidade su
prema.
O hinduísmo não se preocupa com contradições, por conseguinte,
há muitos e freqüentes caminhos contraditórios para a mesma realidade
suprema. A lógica existiria num plano mais baixo. A medida que nos
aproximamos do Supremo, todas as distinções desaparecem e tudo con
verge no Um. Como as outras religiões orientais, o hinduísmo é melhor
descrito como uma árvore com muitos ramos diferentes e contraditóri
os. Considerando que absorveu muitas idéias pagãs, não tem um corpo
de doutrinas claramente definido.
O xintoísmo, encontrado principalmente no Japão, é animista e acre
dita que os deuses (kami) moram em todas as criaturas — até nas árvo
A BUSCA DA VERDADE 5 3
res, no solo ou objetos. Mas não pensemos que esses deuses são distin
tos dos objetos em que habitam; são parte do mundo natural. Esses deu
ses são indiferentes à moralidade e não fazem nenhuma contribuição
para a batalha entre o bem e o mal. Visto que os deuses raramente se
ofendem, o pecado não existe. Desarmonia, sim; pecado, não.
Em contraste, a maioria dos budistas nem mesmo acredita em um
deus (ou deuses). Quando o Parlamento das Religiões do Mundo publi
cou uma ética global, nem chegou a usar a palavra Deus, porque alguns
budistas teriam ficado ofendidos. Os monges insistiam que quando um
budista reza, está na verdade meditando, falando consigo mesmo.
O islamismo é monoteísta (declara crer em um Deus apenas), con
ceito tomado por empréstimo da tradição hebraico-cristã. Esta deida
de não é uma trindade, e está tão distante de nós que nunca poderia
tornar-se homem. Alá não é o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,
mas era, na realidade, a deidade tribal de Maomé, que elevou seu deus
à posição de Governante Supremo.2 Alá também não pode ser associa
do a outros deuses não-cristãos por causa do credo básico: “Não há
nenhum Deus, senão Alá, e Maomé é o seu profeta”. Sua distância
moral e espiritual de nós torna necessário que ele fique em grande
parte afastado dos acontecimentos deste mundo. O fatalismo, muitas
vezes cruel, governa.
A última linha é: as religiões não-cristãs não podem sequer concordar
com uma compreensão básica do Ser Supremo. Pense em quão vastas as
diferenças seriam se comparássemos essas idéias com o cristianismo!
A Doutrina da Salvação
Os hindus e os budistas crêem que estamos presos num ciclo de
renascimentos; nós transmigramos, embora não esteja claro como o fa
zemos. Ambas as religiões acreditam que o problema do homem não é o
pecado, e sim a ignorância. Através da meditação e obediência, pode
mos ser tirados da confusão para a realidade.
5 4 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
CARACTERÍSTICAS DÁ VERDADE
“Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis
meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, fa
lou Cristo aos discípulos (Jo 8.31,32). Quer acentuemos a autoridade
de Cristo, quer não, temos de concordar que a verdade tem certas carac
terísticas necessárias.
A Verdade É Universal
Quando Cristo afirmou que a verdade existe, isso, necessariamente,
implica que a falsidade também existe. Suas opiniões pessoais sobre re
ligião podem ser verdadeiras; mas neste caso, elas também serão verda
deiras para todos. Se você conhece um amigo que diz: “Cristo é a verda
de para você, mas não para mim”, diga-lhe com amor:f“Você tem direito
à sua própria opinião particular, mas não tem direito à sua própria ver
dade particular!”/
5 8 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
A Verdade É Consistente
0 cristianismo afirma que nem mesmo Deus é capaz de contradizer-se a
si mesmo. Ele não pode negai- e afirmai- a mesma coisa, da mesma maneira e
ao mesmo tempo. Se pudesse, então não se poderia crer em nenhuma das
suas promessas, pois o conttário poderia ser igualmente verdadeiro!
Assim, o que respondemos a essa gente de mentalidade ecumênica,
afirmando-nos que devemos descartar nossas diferenças e nos unir com
base na experiência interior? Pense novamente na roda (descrita no ca
pítulo 1). Ela supostamente ilustra que, à medida que as diferentes reli
giões (raios) se orientam para o cubo, são unificadas. Pense comigo e
veja se esta ilustração é útil ou enganosa.
A BUSCA DA VERDADE 6 1
A Verdade Liberta
Os céticos concordam que passamos a vida buscando a verdade. Tal
vez queiramos descobrir a verdade sobre nosso companheiro de traba
lho, nossos vizinhos e nosso cônjuge. A comunicação presume que exis
te a verdade e o erro; também presume que a verdade é preferível ao
erro, e saber esta diferença é importante para nosso bem-estar.
O mesmo pode ser dito a respeito da verdade religiosa. Se existe e
pode ser conhecida, destrancaria muitos mistérios que infestam a men
te. Como chegamos aqui? Qual é o propósito de nossa existência? O que
acontecerá no futuro? Como obter realização pessoal? A verdade tem
poder; é libertadora.
Quando Cristo disse que a verdade liberta, estava falando de certo
tipo de liberdade, uma liberdade que muitas pessoas podem não se pre
ocupar em ter, mas que pelo menos alguns a buscariam. Os judeus não
se viam como havendo sido escravos de quem quer que fosse, por isso
6 4 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
sentiam-se confusos pelas palavras de Cristo. Ele não estava falando so
bre liberdade política ou econômica. Estava falando sobre liberdade es
piritual, o privilégio de ser livre da tirania do pecado. Ele ensinou que,
no fim, esse tipo de liberdade é o mais importante de todos.
Cristo. Então como poderiam dar sua máxima lealdade a um mero ho
mem, quando tinham empenhado máxima lealdade ao Deus-Homem?
E que eles identificaram uma brecha intransponível entre o cristia
nismo e todas as outras opções. Creram que procurar a verdade religio
sa em outro lugar era chegar a um beco sem saída. Qualquer semelhança
entre a religião deles e as religiões de Roma era superficial e enganosa.
Seu compromisso era com a verdade, sua universalidade e consistência.
Eles teriam concordado com o bispo Neill: “Se o cristianismo for purga
do de sua singularidade, será transformado em algo diferente de si mes
mo; é como tirar cloro do cloreto”.
Quando minimizamos a diferença entre o cristianismo e as outras
religiões, perdemos o núcleo central dos seus ensinos. O restante deste
livro é dedicado a mostrar que Cristo permanece único, incomparável e,
em última instância, sem oposição.
Venha comigo enquanto o procuramos.
NOTAS
UM
NASCIMENTO /
EXTMORDINARIO
0 que é preciso para ser salvador?
Se de modo natural tivesse sido o filho de Adão, Ele teria sido pecador.
A concepção virginal preservou sua inocência. Maria experimentou
um milagre especial que assegurou a perfeição do seu Filho. Ele era
como nós, mas com uma diferença importante.
Para ser Salvador, Cristo tinha de satisfazer três exigências. Primeiro, Ele
tinha de ser do sexo masculino, nascido de mulher, como predito em Gênesis
3.15. Ele tinha de ser um de nós para nos redimir. Nenhum anjo poderia ter
levado nosso pecado; Ele tinha de nos representar sob todos os aspectos.
Segundo, Ele tinha de ser sem pecado para ter a perfeição que Deus
exige. Como pecadores, não podemos pagar nosso próprio pecado mesmo
que sofrêssemos para sempre, muito menos pagar pelo pecado de outra
pessoa. Se o sacrifício foi aceito, dependia do seu valor, da sua perfeição.
Terceiro, Ele também tinha de ser Deus, de forma que pudesse ser
dito que o próprio Deus empreendeu uma missão de salvação para re
conciliar a humanidade pecadora. Se a salvação é do Senhor, Ele tinha
de prover o próprio sacrifício que exigiu.
Revisemos este trecho de teologia: quando Adão pecou, todo o gêne
ro humano foi envolvido. Assim como o enorme carvalho está na bolota,
assim todos estávamos em Adão e herdamos sua pecaminosidade. Paulo
deixou claro que todos nós não apenas pecamos em Adão, mas por ele
somos pecadores por natureza. Se Cristo tinha de ser sem pecado, então
não podia ter um pai humano.
Mas Cristo não poderia ter nascido como criança comum e, então, mais
tarde (talvez no batismo), ser infundido com a natureza divina? Isso foi suge
rido, mas essa teoria apresenta outro problema, ou seja, o que teria aconte
cido com os pecados que Ele teria cometido antes desta transformação? Cris
to não se tornou alguém diferente; Ele sempre foi a mesma pessoa.
Outros têm argumentado que, se Cristo tivesse pai humano, Deus ain
da poderia ter providenciado um milagre e tê-lo feito sem pecado. Visto
7 2 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
que Deus é capaz de todos os tipos de milagres, isto é possível, mas como
escreveu Alva J. McClain: “Um homem sem pecado no reino moral seria
um milagre maior do que o nascimento virginal no reino biológico”.
Note o quanto é claro o ensinamento da concepção virginal: “Ora, o nasci
mento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José,
antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo” (Mt 1.18).
Lucas registra: “E disse Maria ao anjo: Como se fará isso, visto que
não conheço varão? E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o
Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra;
pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de
Deus” (Lc 1.34,35). A criança já era santa antes de nascer!
Deus, tenho certeza, poderia ter preservado a inocência de Cristo de
diferentes maneiras, mas Ele escolheu fazê-lo pela concepção virginal. O
feto é descrito como “o Santo, que de ti há de nascer”, palavras que não
podem ser aplicadas a qualquer um de nós. Como nós Ele foi concebido
de mulher, mas sem pecado. A encarnação já aconteceu no útero de Maria.
Como poderíamos esperar, sempre tem havido aqueles que negam o
nascimento virginal. Tais indivíduos estão determinados a despojar Cris
to de suas credenciais de Salvador; insistem que Ele foi somente um
homem com a capacidade de nos direcionar a ideais éticos, mas não
mais qualificado do que nós p ara içar-nos de n ossa p ró p ria
pecaminosidade. Talvez Ele até possa nos dar algumas “aulas de nata
ção”, mas é incapaz de nos estender uma mão poderosa.
Talvez você tenha se batido com sua crença no nascimento virginal de
Cristo. Pode ser que você tenha ouvido falar que está baseada em antigas
mitologias encontradas em outras religiões e diversas lendas pagãs. Vamos
investigai- algumas destas objeções e ver se elas fazem sentido.
lhos. Estas narrativas são, para citar as palavras de Robert Gromacki, “ba
nhadas em santidade”. Há um golfo moral e ético que separa as narrati
vas do Novo Testamento da mitologia pagã.
Em contraste com estas lendas, os escritores do Novo Testamento
eram sóbrios e com edidos, e é evidente que pretendiam ser enten
didos literalm ente. Os relatos do nascim ento são narrados com m o
deração e têm dignidade, plausibilidade e elevado caráter m oral.
É digno de nota que os rum ores pagãos sobre os deuses que
engravidaram mulheres surgiram depois que os indivíduos ficaram fa
mosos. Não há nenhum documento que dê a entender ter reivindicado
tais milagres na época do próprio nascimento. Em contraste, a concep
ção virginal de Cristo foi predita.
bre a gravidez, ele teria sabido. Claro que José também teria sabido
da verdade. No que diz respeito ao assunto muitas pessoas de Nazaré
ficariam sabendo.
Os cristãos primitivos tinham uma paixão em disseminar a fé cristã.
Certamente que não teriam encoberto as narrativas sobre Cristo com
uma história de reputação duvidosa, a qual teriam suspeitado que nin
guém acreditaria. Eles criam no relato e outros também, porque tinham
os sinais de autenticidade. Não são as semelhanças das lendas que nos
impressionam; são as dessemelhanças.
Vamos examinar mais detidamente uma versão contemporânea da teo
ria de que o nascimento virginal foi inventado pelos escritores sacros.
Ele diz que o relato foi escrito para “inspirar e gerar respeito e admira
ção”, mas quanto a mim, “respeito e admiração” evaporam bem depressa
se tais relatos não são verdadeiros. Ficamos com um Cristo cujo pai foi
estuprador, um Cristo que provavelmente era casado, um Cristo que é
pecador justamente como nós. Com certeza não temos um Salvador.
Isto não é cultura, é incredulidade. Spong é absolutamente insistente
que o Jesus dos evangelhos seja reduzido a mero homem. Ele escolheu
negar o nascimento virginal (e outros milagres) somente para fazer com
que os relatos se conformassem com sua incredulidade. Nega o nascimen
to virginal porque nega a encarnação, ou pelo menos o reinterpreta para
esvaziá-lo de seu significado. Como todos os liberais, suas conclusões es
tão baseadas no que ele acredita que Deus não pode fazer.
Esqueça o velho ditado que diz que quer você acredite ou não no
nascimento virginal é questão de interpretação. A Bíblia não é um livro
que possa ser interpretado de qualquer forma que se escolha. Certa
mente há discordância honesta em alguns textos e até nos temas doutri
nários. Mas o nascimento virginal e os milagres de Cristo são claros e
desprovidos de ambigüidade. A pergunta é se queremos acreditar neles.
A incredulidade impulsionou Spong para suas opiniões, não uma tenta
tiva imparcial de interpretação.
Spong tem um program a de trabalho facilmente identificável em
todas as páginas dos seus escritos. Embora nunca tenha me encon
trado com ele, seu livro não me diz nada de precioso sobre Cristo,
mas muito sobre ele mesmo, o autor. Por exemplo, é de meu conhe
cimento que Spong é a favor dos direitos dos homossexuais, porque
em um livro anterior, Rescuing the Biblefrom the Fundamentalists
(Salvando a Bíblia dos Fundamentalistas),jele apresenta argumentos
a favor de mais tolerância para a comunidade gay e sugere que o
apóstolo Paulo era hom ossexual.5'Também sei que ele é feminista,
porque afirma que o nascimento virginal até certo ponto é culpado
da opressão das mulheres (presum ivelm ente porque dá a impressão
7 8 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
nome com o esse teríamos de esperar vida longa, mas entre os mortais
o melhor dos nomes não garante o melhor da vida JCristo recebeu um
nome que transmitiu credenciais impressionantes, mas Ele não nos
desaponta.
UM NASCIMENTO EXTRAORDINÁRIO 8 1
NOTAS
; mais perversa...”1 Lessing diz que devoção e zelo não dependem de nos
sas doutrinas específicas sobre Deus. Tudo o que importa são os valores
humanos e a família humana em geral.
Embora eu seja pronunciadamente crítico da crença de Lessing na
unidade essencial de todas as religiões, concordo que o cristianismo,
particularmente em sua forma medieval enganosa, era muitas vezes cru
el. As Cruzadas para libertar a Palestina dos turcos, a perseguição das
minorias religiosas e a inquisição espanhola são apenas alguns exem
plos de quão selvagem uma religião pode se tornar, quando nega o prin
cípio básico da liberdade de consciência e o amor que reivindica promo
ver. Jonathan Swift, em As Viagens de Gulliver, tinha razão quando disse:
“Já temos religião o bastante para nos fazer odiar, mas não o bastante
para nos fazer amar uns aos outros”.
Com esta concessão à parte, Lessing evidentemente entendeu mal
a essência do cristianismo quando julgou que era apenas outra ex
pressão dos valores humanos. Na prática, ele estava dizendo: “Posso
aceitar a ética do cristianismo, mas não (ou, pelo menos, não tenho de
aceitar) seus credos”. Um dos seus críticos escreveu que Lessing pas
sou a vida esperando que o cristianismo fosse a verdade e, não obstan
te, argumenta que não era. A conduta certa, não a crença certa, é tudo
o que importa.
Já aprendemos que o cristianismo é uma religião histórica no senti
do de que está baseada não só em ensinamentos, mas em eventos tam
bém. A mensagem do Novo Testamento é que Deus visitou nosso plane
ta para nos reconciliar com Ele. Já enfatizei que devemos ter o desejo de
evidenciar a nossa fé religiosa, usando métodos de investigação ordi
UMA VIDA EXTRAORDINÁRIA 8 9
nários e históricos. Lucas, o historiador, disse que Cristo deu aos discí
pulos “muitas e infalíveis provas”. Isto o torna acessível até para os céti
cos que estejam dispostos a examinar a fé cristã.
Lessing, porém, acentuou que a investigação histórica nunca é abso
luta e concluiu que, na verdade, não havia base sólida para as doutrinas
cristãs. E mais, ele pensou que a investigação histórica formal provavel
mente mostraria que os relatos do Novo Testamento acerca de Cristo
foram adornados. O verdadeiro Jesus que viveu e morreu foi provavel
mente apenas um homem; talvez um homem excepcional, mas apenas
um homem. A fim de encontrar este homem, o verdadeiro homem,
Lessing deu início à “busca do Jesus histórico”.
Talvez você nunca tenha ouvido falar desta busca do Jesus da história ou
talvez pense que é meramente um tópico para estudiosos. Mas às vezes,
todos desejamos saber se os discípulos poderiam ter inventado as histórias
de milagres narrados no Novo Testamento. Ou quem sabe você tenha ouvi
do alguém dizer: ‘Alguns estudiosos acham que não sabemos nada do Jesus
histórico!” Junte três pessoas e poderá ter cinco opiniões sobre Cristo.
O propósito deste capítulo é:
Apenas medite no que ele disse: “Não há tarefa histórica que assim
revele o verdadeiro eu do homem como a escrita de uma vida de Je
sus”. E, contudo, o que faremos do próprio Schweitzer, que escreveu
uma biografia de Cristo e concluiu que Ele era essencialmente uma
figura iludida, que se com portou de maneira assustadora e confusa? A
insanidade, disse Schweitzer, é responsável pelas fantásticas assevera-
ções que Cristo fez. Schweitzer não está se condenando com suas pró
prias palavras?
No fim, os liberais chegaram ã conclusão final: Cristo poderia ser
refeito em quem eles quisessem que fosse. Eles editaram-no, censura-
ram-no e descreram dEle em toda conta. E visto que em grande parte
suas conclusões estavam baseadas em suas pressuposições pessoais, há
tantas versões históricas de Jesus quanto há autores que querem escre
ver a biografia dEle! Da mesma forma que ocorreu com o bispo Spong,
com quem nos encontramos no último capítulo, estes estudiosos não
escreveram uma biografia de Cristo, mas uma biografia deles mesmos.
Interessante notar que nenhum estudioso jamais pôde apresentar
sequer um fragmento de evidência histórica para suas interpretações
radicais. Nenhuma migalha de manuscrito, nenhum achado arqueológi
co, nenhuma referência antiga descoberta recentemente! Claro que eles
fizeram extensa investigação da vida e época de Jesus, procurando pistas
sobre quem Ele realmente era. Mas ao término dos trabalhos, suas con
clusões eram determinadas por um preconceito contra milagres, um
compromisso absoluto de fazer de Cristo um mero homem. Não obstan
te, como já demonstrei, depois de séculos de estudo, ninguém jamais
conseguiu descobrir um Jesus não sobrenatural.
Por que acreditaríamos nos liberais quando temos depoimentos de
testemunhas oculares? Se houvesse alguma razão para pensarmos que
Mateus, Marcos, Lucas e João foram historiadores desleixados, que ti
nham conhecimento de sabidos erros históricos e enganaram o povo ao
inventar histórias fantasiosas, então tais liberais poderiam ter razão. Mas
na ausência de tal evidência, estamos em solo mais seguro ao acreditar
9 6 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
nas pessoas que estavam lá em vez dos revisionistas que vivem vinte
séculos distantes daqueles eventos.
Fique comigo pois ao término deste capítulo, apresentarei mais evidências
para temos razão para considerai- os relatos dos evangelhos como são ou para
rejeitar cegamente todos eles. A neutralidade neste ponto é impossível.
Milagres estão em toda parte e podemos contar como certo que vão
aumentar. Um médico das Filipinas veio a Kamloops, Colúmbia Britâni
ca, para explicar à comunidade médica seu método de fazer cirurgia. Ele
apresentou filmes em que abria um paciente, retirava os órgãos doentes,
costurava a incisão e a enxugava com uma esponja. É inacreditável, mas
a pele era completamente curada sem um traço da cirurgia.
UMA VIDA EXTRAORDINÁRIA 9 7
exemplo, Cristo disse que Satanás não pode expulsar demônios (ou,
pelo menos, ele não faria isso), visto que estaria trabalhando contra seus
próprios interesses. “E, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido con
tra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu reino?" (Mt 12.26).
Como podemos reconciliai' esta afirmação com as palavras de Cristo
(citadas acima), de que algum dia até os apóstatas reivindicarão ter expul
sado demônios? Considerando o fato de sabermos que eles não podem ter
expulsado demônios pelo poder satânico, segue-se que ou eles pensaram
que tinham expulsado demônios (e Satanás retirou-se para criar a ilusão
de que ele estava deixando as vítimas), ou eles só afirmaram expulsar de
mônios sem apresentar qualquer evidência em apoio. Só Cristo pode ex
pulsar espíritos maus dos corpos em que habitam; e eu creio que só Cris
to, o Criador, pode dar vida a um cadáver como Ele o fez com Lázaro.
Segundo, os milagres de Cristo sempre eram completos. Quando Ele cura
va um cego, ambos os olhos voltavam a ver; quando curava um paralítico,
ambas as pernas ganhavam determinada força. Aqueles que se servem do po
der maligno descobrem que o “presente” que recebem dá resultados apenas
fortuitos. As vezes ocorre um milagre, às vezes não. Freqüentemente há cura
parcial ou que dura somente por pouco tempo. Os milagres de Cristo quase
sempre estavam disponíveis para verificação, mesmo para seus inimigos.
Terceiro e o mais importante: Cristo quase sempre interpretava seus
milagres sem deixar dúvidas, apontando consistentemente para si como o
Filho de Deus. Nas ocasiões em que os milagres não foram interpretados,
era porque a mensagem estava óbvia. Milagres eram feitos não apenas
para chamai' a atenção, mas também ensinar a verdade espiritual. Nicode-
mos, príncipe dos judeus, viu esta conexão entre as obras e as palavras de
Cristo e comentou: “Rabi, bem sabemos que és mestre vindo de Deus,
porque ninguém, pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com
ele” (Jo 3.2). Ele leu os sinais e percebeu que apontavam para uma conclu
são acreditável. Depois Nicodemos aparentemente viu Cristo como mais
que simples mestre, como o próprio Filho de Deus, e creu.
UMA VIDA EXTRAORDINÁRIA 9 9
Jesus não usou o seu poder para “ir à forra”, quando foi tratado injusta
mente. Ele poderia ter chamado doze legiões de anjos para o livrai’ do horror
da cruz, mas se conteve. Ele é o único que contradiz a observação muitas vezes
citada: “0 poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”.
Este homem não era produto da criação, mas o próprio Criador. É
manifesto que sua origem não era da família humana, mas de outra esfe
ra. Eis aqui um homem que poderia agir como Deus.
NOTAS
1. Gotthold Lessing, Lacoón: Nathan the Wise, William Steel, editor
(Londres: Everyman’s Library, 1970), p. 137.
2. Thomas Sheehan, TheReader, 21 de Abril de 1989jpp. 1-28.
3. Time, 10 de Janeiro de 1994, p. 39.
4. John MacArthur, Masterpiece, Julho/Agosto de 1991, p. 2.
5. U.S. News & World Report, 1 de Julho de 1991, p. 58.
6. Citado em He Walked Among Us, Josh McDowell & Bill Wilson(São
Bernardino: Here’s Life, 1988), p, 136.
7. J. Gresham Machen, Christianity and Liberalism (Grand Rapids:
William B. Eerdman’s Publishing Company, 1923), p. 107.
8. The Atlantic Monthly, 1 de Dezembro de 1986, p. 43.
9. Informação dada a mim pessoalmente por Bill McCloud,em 30 de
Setembro de 1993.
1 0 6 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
O
sueco Ingmar Bergman, diretor de filmes, sonhou que estava
numa grande catedral da Europa olhando uma pintura de Cris
to. Desesperado por ouvir uma palavra que viesse fora do seu
mundo, ele visualizou-se gritando: “Fale comigo!” Silêncio total.
Foi isto, contam-nos, que o motivou a fazer o filme “Silêncio”, o qual
retrata pessoas que desesperadamente procuram encontrar Deus. Em
nosso mundo, Bergman acreditava, ouvimos somente a nós mesmos.
Nenhuma voz nos vem de fora do apuro humano que nos fale sobre a
realidade suprema. Quando buscamos uma palavra de Deus, somos con
frontados com uma profunda calma.
Deus pode falar, ou o universo está silencioso em relação às questões
supremas? Se Deus está calado, quer seja porque não possa falar ou por
que não queira, então lamentavelmente temos de aceitar estas conclusões:
Primeiro, nós mesmos temos de nos calar a respeito da religião e da
moralidade. Não temos ponto de referência fixo pelo qual possamos
julgar o valor relativo do paganismo cruel ou do secularismo moralmen
te indiferente. Embora pareça plausível que tenhamos a capacidade de
1 0 8 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
Sim, Deus falou pelo resplendor da natureza que mostra seu poder e
glória, mas tal revelação está aberta a uma ampla diversidade de inter
pretações. “Os céus manifestam a glória Deus”, mas eles não nos dizem
necessariamente que Ele é amor, nem nos explicam como nos reconcili
ar com Ele. Para comunicar informação detalhada e minimizar a possibi
lidade de mal entendido, Deus escolheu falar por idiomas humanos vi
gentes. E mais importante que isso, em certo ponto do tempo Ele veio
para entregar a mensagem pessoalmente!
“Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas ma
neiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo
Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o
mundo. 0 qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem
da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder,
havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-
se à destra da Majestade, nas alturas” (Hb 1.1-3).
Quando Cristo apareceu, houve uma explosão da revelação. Ele é a
final e mais completa mensagem de Deus para o gênero humano. Quan
do João o descreveu, tomou emprestado o termo grego /ogos (do qual
deriva a palavra lógica:), para comunicar a racionalidade e inteligibilidade
de Cristo. “No princípio, era o Verbo [fogos], e o Verbo estava com Deus,
e o Verbo era Deus” (Jo 1.1). Esta é uma palavra que pode ser entendida,
uma palavra carregada de clareza e significado.
Em certo estudo bíblico, conheci uma judia, Adrienne Wassink, que
contou o quão desesperadamente orara todos os dias para que viesse a
conhecer a verdade sobre como ter um relacionamento pessoal com
UMA AUTORIDADE EXTRAORDINÁRIA 1 1 1
O Caminho
Se você está viajando de uma cidade para outra, os sinais de trânsito
são importantes. Claro que você é livre para ir por qualquer estrada que
deseje. Nenhuma pessoa inteligente é indiferente às direções geográfi
cas; nem deveríamos ser indiferentes ao mapa da estrada espiritual que
Cristo esboça. Contrário à maioria dos outros mestres otimistas, Ele não
ensinou que havia muitos caminhos para o divino.
UMA AUTORIDADE EXTRAORDINÁRIA 1 1 5
A Verdade
Gotthold Lessing, com quem nos encontramos brevemente no capí
tulo anterior, disse que se Deus com a mão direita lhe oferecesse toda a
verdade, e com a esquerda, a procura interminável da verdade, ele fica
ria com a mão esquerda, mesmo que isso significasse que ele sempre
estaria no erro. Sua premissa era que a jornada para encontrar a verdade
é mais importante do que o destino!
Lessing, com toda a sua inteligência, era tolo. Para começar, se ele
não possuísse absolutamente nenhuma verdade, ele não poderia distin
guir nem mesmo graus de veracidade. Ele nem mesmo saberia se sua
procura o estaria levando na direção correta, visto que não saberia o que
estaria procurando! Segundo, ele não se deu conta de que o erro pode
custar caro. Mesmo um pouco da verdade é melhor do que uma busca
contínua.
Saber a verdade sobre o veneno, um pára-quedas defeituoso ou mes
mo a direção de uma via expressa é preferível do que uma infindável
procura da verdade. Se é melhor saber a verdade acerca dos assuntos
mundanos desta vida, o quanto mais importante é saber a verdade acer
ca das grandes questões da vida. Cristo ensinou que o destino eterno de
Lessing (e de todas as pessoas) depende do fato de ele encontrar a ver
dade e acreditar nela.
UMA AUTORIDADE EXTRAORDINÁRIA 1 1 7
Quando afirmou ser a verdade, Cristo foi além dos profetas que apenas
disseram que estavam falando a verdade. Como as asas de um avião, a vida
e a boca de Cristo estavam em perfeita harmonia. Ele reivindicou
confiabilidade; Ele não nos enganará. Quando abria a boca, suas palavras
eram cuidadosamente escolhidas e garantidas pelo Deus do universo. Se
Ele fosse mentir, o próprio Deus seria implicado de ter participação no
mal. Ele não podia dar-se ao luxo de estar errado nem mesmo uma vez.
Consistência é outra palavra que descreve Cristo. Podemos estudar
matemática ou química com alguém cujo caráter é questionável, mas
seria hipocrisia ouvir um ganancioso defender a generosidade ou um
imoral exaltar as virtudes da pureza.
Cristo ensinou que o padrão de Deus para nós era a pureza em pen
samento, palavras e ação. E ainda que não possamos viver de acordo
com esta perfeição, Ele pôde. Ele foi autêntico e acreditável. Ele é a ver
dade objetivamente; Ele não apenas torna-se a verdade para aqueles que
nEle crêem, mas continuaria sendo a verdade mesmo que todo o mun
do o rejeitasse. Lembre-se: como aprendemos no capítulo 2, a verdade
tem universalidade; por isso, embora temos o direito às nossas próprias
opiniões, não temos o direito à nossa própria verdade!
A Vida
O que Cristo quis dizer quando afirmou ser “a vida”?
Ele é, obviamente, o autor da vida física. Como a lua depende do sol,
assim o universo depende do Filho para sua existência e manutenção.
Ele é o criador e mantenedor, momento após momento, “sustentando
todas as coisas pela palavra do seu poder”.
Ele também é o autor da vida espiritual, a qualidade de existência
que Ele tem dentro de si. Não confundamos esta vida eterna com a exis
tência eterna. Todos os indivíduos têm existência eterna (infelizmente,
alguns existirão separados de Deus no inferno), mas só aqueles que crê
em em Cristo têm a qualidade de vida chamada “vida eterna”. De fato,
1 1 8 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
Ele tem a vida eterna dentro de si e a dá àqueles que nEle crêem. “Por
que, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter
a vida em si mesmo” (Jo 5.26). Em outro lugar, Ele reivindica ter as
palavras da vida eterna (Jo 6.68).
Quando Cristo acrescentou: “Ninguém vem ao Pai senão por mim”,
Ele estreitou a porta, construiu uma cerca em cada lado do caminho
e indicou para onde ele dá. Não temos direito algum de tentar der
rubar os umbrais da porta, alargar o caminho e escolher um destino
de acordo com nossa preferência. Todos os outros caminhos condu
zem para outro lugar; levam para longe do Pai, não em direção a Ele.
Próximo do início do seu ministério, Ele declarou: “Eu sou a porta; se
alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. O
ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir; eu vim para que tenham
vida e a tenham com abundância” (Jo 10.9,10). Com certeza Ele não ensinou
que não faz diferença o caminho que você escolha, ou o mestre que você
siga. Considerando que a verdade exista, também existe o eixo.
Cristo ensinou que há dois caminhos: um caminho espaçoso e atraen
te que leva à perdição e o caminho apertado e difícil, que freqüentemente
é negligenciado. “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espa
çoso o caminho que conduz à perdição; e muitos são os que entram por
ela; e porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e
poucos há que a encontrem” (Mt 7.13,14). O caminho largo é enganoso,
porque muitos líderes religiosos, supostamente iluminados, rotularam-no
de caminho da vida. Cristo nos confrontou com dois caminhos, duas por
tas distintas e dois destinos separados.
Se essas declaracõeísãe-iterdadeiras. suas implicações estraçalham
a estrutura de nosso atual ambiente reliçlõso.
AS IMPLICAÇÕES
profeta que esteja mais perto de Deus do que Cristo? Há a mais remota
possibilidade de que tenha surgido um profeta que seja melhor em re
velar Deus do que o próprio Deus?
Para citar Stephen Neill:
[A fé cristã] sustenta que, em Jesu s, a única coisa que preci
sou acontecer aconteceu de tal modo que nunca mais precisa
rá ser repetida da mesma maneira. [...] A ponte foi construída.
Há lugar nela para todo o tráfego necessário em ambas as
direções, de Deus para o homem e do homem para Deus. Por
que procurar outra?6
uma parte da mensagem cristã, mas rendem-se à sua totalidade. Não pode
mos tirar a fundação e professar que o edifício ainda está intacto.
“Eu sou o Alfa e o Ômega”, diz o Senhor Deus, “que é, e que era, e que
há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1.8). Alfa é a primeira letra do alfabeto
grego, ômega, a última. Todas as informações da Enciclopédia Britânica
foram escritas com somente vinte e seis letras do alfabeto. Assim Cristo é o
A a Z, e Ele contém em si tudo o que precisamos saber sobre Deus e seu
relacionamento com o mundo. No momento em que aceitamos uma reve
lação mais recente, afastamo-nos dEle para seguir outro caminho.
nha neste planeta, acreditando que ele estava dano início a um Reich
(império) de mil anos. Apesar destas espantosas afirmações, nunca
disse: ‘Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, mas aquele que não
crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele perm anece”
(Jo 3.36).
y Buda ensinou a iluminação interior; não obstante, morreu buscando
mais luz. Nunca afirmou: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não
andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8.12).
Maomé falou que ele e suas tribos eram ' ' tes de Abraão
atravÉS-de Ismael, outro dos filhos de Abraãí darou: ‘Antes
que Abraão existisse, eu sou” (João 8.58).
* Freud acreditava que a psicoterapia curaria as feridas emocionais e
espirituais das pessoas. Mas não pôde afirmar: “Deixo-vos a paz, a minha
paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso
coração, nem se atemorize” (Jo 14.27).
^Os gurus da Nova Era anunciam que todos seremos reencarnados,
contudo nenhum deles pode exclamar: “Eu sou a ressurreição e a vida;
quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que
vive e crê em mim nunca morrerá” (Jo 11.25,26).
Eu insisto que você encare a pergunta: então, quem é Cristo? Um
mentiroso? Um lunático? Uma lenda? Ou o Senhor? Ele não nos concede
o luxo da neutralidade.
Pobre Ingmar Bergman! Ele queria ouvir Deus falar, mas procurou a
resposta no lugar errado. Em vez de ouvir seu sussurro numa catedral
vazia, ele deveria ter ouvido seu megafone nas páginas do Novo Testa
mento. E, o quanto Cristo gostaria de dizer: “Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça”,
Que Jesus afirm ou ser Deus está claro; o que está igualm ente
claro é que Ele é o Deus que afirm ou ser. No fim, com o descobriu
Adrienne Wassink, Deus m ostrou-se ser Jesu s. E com o ficará claro
no próxim o capítulo, há ainda Tnitrãnrãzao para ouvirm os com
cuidado.
1 2 6 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
NOTAS
receriam muitos cristos. “Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo
está aqui ou ali, não lhe deis crédito, porque surgirão falsos cristos e
falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível
fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito" (Mt
24.23-25). O dia dos falsos cristos chegou.
O movimento da Nova Era tirou o Cristo do Novo Testamento e o
esculpiu (com martelo e cinzel verbais) numa imagem completamente
nova, bem à preferência de seus adeptos. Esta nova escultura pode ser
colocada na mesma prateleira em que estão as esculturas de Buda, Krishna
e outros homens “santos”.
As ferramentas usadas para refazer Cristo nessa imagem são (1) des
cobrir “escritos ocultos” que simulem conter verdades há muito perdi
das do Cristo cósmico; (2) transferir a lealdade primária das revelações
bíblicas para as novas revelações recebidas por sensitivos e médiuns; e
(3) desenvolver um sistema esotérico de interpretação da Bíblia que per
mita ao leitor procurar significados ocultos, de modo que dê a entender
que Jesus apareça como um evangelista da Nova Era.1
A meta, obviamente, é separar Jesus (um mero vaso humano) do
Cristo (normalmente divino, mas cósmico e impessoal). Alguns dizem
que Jesus tornou-se Cristo na reencarnação; outros afirmam que Ele foi
iniciado no Egito ou na índia.jTÕ ponto importante é que Cristo não
entrou no mundo para sofrer e morrer, mas para libertar a centelha divi
na da luz presa dentro de cada um de nós Jk medida que procuramos a
iluminação, podemos escapar do corpo ha morte e ser unido ao divino.
O que fazemos com estas novas interpretações? Ron Rhodes, em seu
excelente livro The Counterfeit Christ o f the New Age Movement (O Fal-
so Cristo do Movimento da Nova Era), mostrou de maneira conclusiva
que não há evidência verossímil de que Jesus tenha descido ao Egito ou
ao Tibete para aprender a antiga sabedoria dos orientais.2 Interpreta
ções esotéricas do Novo Testamento tiram os textos do contexto e os
torcem para se ajustar à imagem da Nova Era do Cristo. As interpreta
ções são tão subjetivas que a Bíblia pode ser torcida para dizer qualquer
UMA MORTE EXTRAORDINÁRIA 1 2 9
fício pelos pecados (Mt 26.26-28). Ele disse claramente: “0 Filho do Ho
mem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate
de muitos” (Mt 20.28). Ele deu a vida pelas ovelhas (Jo 10.11). João Batista
resumiu a missão de Cristo em uma única frase: “Eis o Cordeiro de Deus,
que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Cristo sabia que sem Ele todos
nós pereceríamos, não por falta de iluminação, mas por falta de perdão.
Vamos tratar agora de outro fosso que divide o cristianismo de outras
opções. Todas as outras religiões acreditam que alguma forma de esfor
ço humano está envolvido no processo de salvação (porém, esta palavra
salvação tem definição). Independente do que creiam sobre o Ser Su
premo ou o que entendam por salvação, as outras religiões ensinam que
temos de nos salvar ou, no mínimo, ajudar Deus (ou deuses) a fazê-lo.
O GOLFO DO CRISTIANISMO
Deus estaria manchada. Assim, qualquer coisa que Deus tivesse feito para
reconciliar os pecadores teria de vindicar sua honra. Sua reputação teria
de ser preservada e o escândalo retirado do seu nome.
Paulo escreveu que Deus revelou Cristo publicam ente “para
propiciação pela fé no seu sangue, [...] para demonstração da sua justiça
neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que
tem fé em Jesus” (Rm 3.25,26). Deus permaneceu justo e, ao mesmo
tempo, tornou-se justificador daqueles que crêem.
A santidade de Deus não podia ser manchada ou comprometida para
alcançar o resultado desejado por Ele. Deus não podia abaixar seus pa
drões por causa do amor; Ele não podia escolher ser reconciliado com
aqueles que ainda eram considerados pecadores. Nem podia fingir que
o pecado não existe. Quem satisfaria suas exigências? Quem satisfaria
sua justiça? Quem satisfaria sua afronta contra o pecado?
Só Deus poderia satisfazer suas próprias exigências.
Deus Pai exige a perfeição que não temos, mas Deus Filho veio mor
rer na cruz para prover essa justiça. Ele viveu uma vida de obediência
perfeita e fez um sacrifício perfeito, que o Pai aceitou em nosso favor.
Nenhum ato humano está envolvido; nenhum mérito humano pode ser
acrescentado à perfeição da obra de Cristo.
Alguém pode morrer por outra pessoa no campo de batalha. Uma pes
soa pode morrer até por muitos, na hipótese de um prisioneiro político
que é executado como resgate por seus compatriotas, mas é inconcebível
que alguém morra por gerações que não nasceram. Quando a Bíblia diz
que Cristo é a “propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos
nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1 Jo 2.2), refere-se ao sacri
fício feito que nos reconcilia com Deus. Ele morreu de maneira que não
precisamos sofrer o destino final que nossos pecados merecem.
Ainda que Cristo não tivesse cometido um único pecado, numa cruz
fora de Jerusalém Ele tornou-se culpado de toda a perversidade que
vemos em nosso planeta. Tornou-se legalmente culpado de estupro, abu
so de crianças e mentira — culpado de todos os pecados Ele diante de
UMA MORTE EXTRAORDINÁRIA 1 3 5
Deus. Não admira que a luz do sol escurecesse e as trevas caíssem sobre
toda a terra! 0 criminoso mais terrível estava morrendo na cruz. O com
positor da canção nos lembra:
membro caído do gênero humano seu filho, o processo não pode ser
desfeito.
Muito está em jogo para Deus perder um filho que agora lhe perten
ce. Assim como não rejeito meus filhos quando eles me desobedecem,
assim Deus está comprometido conosco agora e na eternidade. Fomos
selados com o Espírito Santo de Deus para o Dia da redençãoJ E f 4.30 ).
Para dizer em outras palavras: o que você pensaria de um pastor que
pela manhã recebesse cem ovelhas e à noite voltasse com noventa e
duas? Ele seria ridicularizado por descuido, incapacidade e fracasso em
desempenhar suas responsabilidades básicas. E comum as ovelhas se
extraviarem, e outras seguirem falsos caminhos feitos por ladrões que
procuram atraí-las para fora do rebanho. Mas o pastor competente sabe
destas coisas. Ele mantém um olho atento em cada ovelha; e quando ela
vagueia, ele a traz de volta custe o que custar,
i Cristo nos assegurou que Ele é um pastor competente. ‘As minhas ove
lhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a
I vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará das minhas
mãos. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode
arrebatá-las das mãos de meu Pai” (Jo 10.27-29). Em outro lugar, ensinou:
“E a vontade do Pai, que me enviou, é esta: que nenhum de todos aqueles
\ que ele me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia” (Jo 6.39).
Este presente, uma vez dado, é nosso para sempre.
mesmo aqueles ramos da cristandade que fazem das obras parte da sal
vação) insistem que a resposta é não. A razão é óbvia: uma vez que o
mérito humano contribua para o processo de salvação, nenhum de nós
pode saber se fizemos o bastante para ganhar nosso lugar.
Algumas pessoas afirmam que são culpados de presunção os que têm
certeza de ir para o céu quando morrerem. Claro que têm razão, dada a
premissa de que a salvação é um esforço cooperativo entre nós e Deus.
Mesmo que 95 por cento do processo de salvação fossem feito por Deus
e 5 por cento dependessem de mim, a certeza estaria fora de alcance.
Nunca estaríamos seguros de que fizemos nossa parte no trato.
O cristianismo do Novo Testamento afirma que podemos ter a certe
za pessoal, porque todas as nossas exigências são satisfeitas por Cristo
que tem credenciais impecáveis. Quando Agostinho percebeu que os
padrões de Deus eram muito altos para serem alcançados, clamou: “Ó,
Deus, exige o que quiseres, mas proveja o que exigires!” Ele entendeu
que não temos de temer o alto padrão de Deus, contanto que Ele o
satisfaça para nós. Essa é precisamente as Boas-Novas do Evangelho.
Sim, podemos ter certeza de nossa relação com Deus. Como menciona
do acima, Cristo disse que suas ovelhas ouviriam a sua voz; há um título de
propriedade formado com base em dados objetivos e subjetivos. O apóstolo
João registrou: “Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida
eterna e para que creiais no nome do Filho de Deus” (1 Jo 5.13). É certo que
Deus, que nos deu uma revelação detalhada, não nos deixaria em dúvida
acerca da pergunta mais importante que possivelmente iríamos ponderar.
Estamos falando sobre perdição ou glória, inferno ou céu.
Três testemunhas nos ajudam a saber onde estamos. A primeira refe-
re-se às promessas de Cristo. Ele disse que os que crêem nEle têm a vida
eterna (Jo 3-36; 5.24). Crer significa “confiar” ou “depender”. Tal fé é
uma confissão de nossa própria incapacidade, com uma decisão consci
ente de confiar em Cristo, o Redentor.
A fé salvadora pode duvidar às vezes, mas continua olhando para Cris
to, confiante de que Ele fará exatamente o que prometeu. A fé inicial, com
1 4 0 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
a qual a pessoa crê cresce na vida daquele que foi feito membro da família
de Deus. Também não devemos confiar nem em nossas obras, nem no
batismo, nem nos outros sacramentos. A quantidade de fé não é tão im
portante quanto o objeto da fé, ou seja, Cristo e sua obra perfeita na cruz.
A segunda testemunha é o Espírito Santo. “0 mesmo Espírito testifica com o
nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16). 0 Espírito Santo não só nos
regenera quando nos voltamos para Cristo pela fé, mas Ele passa a habitar em
nós. Um sentimento pessoal da presença do Espírito é o dom de Deus aos que
são membros de sua família. Uma certeza interior surge no coração humano.
Em terceiro lugar, há o fruto de umanova vida, as obras resultantes do
novo nascimento, um milagre feito por Deus no coração humano. Duas das
mudanças mais evidentes são um amor por Cristo e sua Palavra, e uma nova
perspectiva sobre o pecado. Agora vemos o pecado pela impureza que ele
realmente é, e a necessidade de manter comunhão com nosso Pai celeste tor-
na-se prioridade. Deus muda nossa disposição interior, de modo que temos
um novo apetite espiritual com um desejo de conhecer o Deus que nos salvou.
O SALVADOR CERTO?
Muitas seitas falsas crêem em Cristo como Salvador, mas negam sua
deidade. Mas um Cristo que não é totalmente Deus seria como uma
ponte que não chega ao outro lado. Tal Cristo nem mesmo poderia co
meçar a construir uma ponte para unir a brecha infindável que nos sepa
ra de Deus. Um salvador falso sempre resulta em uma salvação falsa.
Cristo Jesus de Nazaré predisse que as pessoas seriam enganadas
porque aceitariam pseudo-salvadores, ou seja, aqueles que fazem decla
rações surpreendentes acerca de si mesmos, mas no fim fracassam em
cumprir suas promessas. Ele também predisse que esses cristos promo
veriam suas credenciais mediante vários sinais e maravilhas, e que uma
geração crédula acreditaria. Não podemos sair por aí acreditando em
qualquer Cristo, temos de ter fé no Cristo certo.
O que faremos com o cantor de música popular Arlo Guthrie, que
afirma ter tido uma experiência com Jesus Cristo na varanda dos fundos
de sua casa? Ele conta: “Sei que parece loucura quando falo sobre isso
[...] e me é mesmo difícil colocar em palavras, porque nenhuma palavra
pode descrever o que vi. Havia uma luz brilhante e tudo se sabia a meu
respeito, e era amor total. Eu era livre para ser o que eu era”.6
Guthrie deu uma palestra no Parlamento das Religiões do Mundo sobre o
tópico, Para uma civilização que tem coração. Ele chegou com seu guru, Ma
Jaya Bhagavatie, de KashiAshram, que é uma mistura de hinduísmo, cristianis
mo, budismo e judaísmo. Tudo isso é parte do caminho espiritual que ele
começou a trilhai' há dezessete anos, quando teve uma visão de Jesus.
O apóstolo Paulo atribuiu a crença em tais cristos à obra direta de
Satanás. “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfi-
gurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio
Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus
1 4 2 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
NOTAS
O
ateu Antony Flew serve-se de uma parábola narrada por John
Wisdom para ilustrar o que julga ser falta de evidência da exis-
tência de Deus.
Era uma vez dois exploradores que na selva chegaram a uma
clareira onde havia flores e ervas daninhas. Um explorador
diz: “Algum jardineiro deve estar cuidando deste terreno”. O
outro discorda, perseverando na negativa de que não há jardi
neiro nenhum. Então eles armam suas barracas e põem-se a
vigiar. Nenhum jardineiro aparece.
Mas o crente insiste que há um jardineiro invisível. Assim ar
mam uma cerca de arame farpado, eletrificam-na e põem cães
de caça para patrulhar, argumentando que até um homem
invisível teria cheiro, embora não pudesse ser visto. Mas nin
guém esbarra na cerca e os cães nunca latem. Pouco impor
tando quanto tempo os exploradores mantenham a vigília,
nenhum jardineiro aparece.
Contudo o crente não se convence. Insiste: “Mas há um jardi
neiro, um jardineiro invisível, intangível e esquivo: um jardinei
ro imune a choques elétricos, que não tem cheiro e nem faz
som; um jardineiro que secretamente vem cuidar do jardim que
ama”.
1 4 4 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
Suponhamos que você não creia que o Novo Testamento seja a Pala
vra de Deus. Imagine que você decida estudá-lo com a mesma objetivi
dade e ceticismo saudáveis usados para avaliar qualquer outro docu
mento antigo. Como o Novo Testamento se compararia com outra litera
tura antiga em termos de confiabilidade e precisão?
Três testes são usados para julgar documentos antigos.2 São eles:
Teste Bibliográfico
Este teste responde a pergunta: podemos chegar a um fundamento textual
estável e fidedigno para as declarações estabelecidas nos registros do Evange
lho? Para ser mais preciso: nenhum dos documentos originais do Novo Testa
mento existem hoje. Isto, obviamente, é verdade no que tange a todas as escri
tas antigas; em cada caso temos de nos satisfazer com cópias de cópias. Portan
to, a pergunta é: temos cópias fidedignas dos documentos originais?
O que fazemos do intervalo existente entre as escritas originais e as
cópias? No caso do Novo Testamento temos excelentes evidências de que
as cópias são, para todos os propósitos práticos, idênticas aos originais.
Primeiro, o intervalo é relativamente curto em comparação a outras
escritas. Para Eurípides, o intervalo é de 1.600 anos, para Platão, 1.300
anos e para Demóstenes é tão curto quanto 1.200 anos. Apesar destes
muitos séculos, acreditamos que temos textos precisos sobre história e
filosofia antigas, porque os copistas antigos se orgulharam de reprodu
zir com exatidão tais escritas. No caso do Novo Testamento o intervalo é
de 250 ou 300 anos, período relativamente curto em comparação.
Segundo, e mais importante: podemos estreitar o intervalo ainda mais.
Nas últimas décadas foram achados no Egito numerosos manuscritos de
UMA RESSURREIÇÃO EXTRAORDINÁRIA 1 4 7
Evidências Internas
Este teste responde a pergunta: os escritores são consistentes e
factuais? Dão prova de credibilidade? Aqui devemos, como historiado
res, dar aos escritores o benefício da dúvida, a menos que eles se
desqualifiquem por inconsistência e erro. No caso dos escritores dos
evangelhos, eles declaram ser testemunhas oculares, apresentando de
talhes vividos que só poderiam ser conhecidos pelos que estavam pre
sentes nos eventos.
Considere as declarações de Lucas, que recebeu grande parte de suas
informações do apóstolo Pedro. Ele ressaltou que havia muitos que es
creveram depoimentos de testemunhas oculares sobre a vida e ministé
rio de Cristo, e acrescentou: “Pareceu-me também a mim conveniente
escrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já
informado minuciosamente de tudo desde o princípio, para que conhe
ças a certeza das coisas de que já estais informado” (Lc 1.3,4).
O quão preciso foi Lucas como historiador? Sir William Ramsey. de
pois de diligentes anos de investigação arqueológica e geográfica das
escritas de Lucas (Lucas também foi o autor de Atos), concluiu: |Ahistó-
ria de Lucas,é_incomparável em relação à sua probidade”.4
1 4 8 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
Evidências Externas
Este teste responde a pergunta: outros materiais históricos confir
mam ou negam o testemunho interno fornecido pelos próprios docu
mentos? Aqui consultamos os insights da arqueologia e da história. É
claro que muitos livros foram escritos sobre estes tópicos, e quase todos
os dados confirmam a probidade não só do Novo Testamento, mas do
Antigo também.
A arqueologia não é uma ciência exata e, portanto, suas interpreta
ções às vezes mudam. Por exemplo, quando em 1968 estudei em Israel,
uma equipe arqueológica de certa faculdade americana concluiu que
Josué estava equivocado em seu relato da batalha de Ai. Disseram que as
evidências contradiziam o modo como a cidade havia sido capturada.
Mas outros arqueólogos interpretaram os mesmos dados sob luz dife
rente; alguns até insistiram que os estudantes estavam cavando no sítio
errado! Por vezes a arqueologia tem lançado dúvidas sobre a Bíblia, po
rém, mais tarde, confirma sua exatidão. Alguns anos atrás a revista Time
trouxe um artigo intitulado: Um a zero para a Bíblia. O artigo informa
va que a descrição que Josué fez da queda dos muros de Jericó tinha
sido confirmada por novas investigações arqueológicas. Em minha opi
nião, a manchete deveria ser: Um a zero para os arqueólogos”\
E óbvio que os cristãos não acreditam que a confiabilidade da Bíblia
seja dependente de cada nova descoberta arqueológica. Estamos bem
convencidos de que os depoimentos das testemunhas oculares antigas
são mais dignos de confiança do que investigações feitas milhares de
anos depois dos eventos. Não obstante, estamos contentes que estudos
UMA RESSURREIÇÃO EXTRAORDINÁRIA 1 4 9
Cristo deixou passar oito dias, tempo suficiente para fazer com que
Tomé ficasse remoendo o sentimento de perda e desesperança. Então
Cristo atendeu as estipulações de Tomé:
Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas
ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos,
e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha
mão no seu lado, de maneira nenhuma crerei. E, oito dias
depois, estavam outra vez os seus discípulos dentro, e, com
eles, Tomé. Chegou Jesu s, estando as portas fechadas, e apre
sentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco! Depois, disse a
Tomé: Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega a tua
mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente.
Tomé respondeu e disse-lhe: Senhor meu e Deus meu! (Jo
20.25-28).
zes são vocês — Tomas, Rute ou Maria —, pois ainda que vocês não te
nham me visto, vocês creram!”
Perguntaram a um budista na África, convertido ao cristianismo, por
que mudara de religião. Sua resposta: “Foi assim: se você estivesse indo
por uma estrada, chegasse a uma bifurcação e em cada direção houvesse
dois homens, um morto e o outro vivo, que direção você seguiria?”
Nossa fé está aberta à investigação. Não colocamos a verdade religio
sa numa posição privilegiada, imune às evidências racionais. Há boas
razões para acreditarmos que Deus entrou no jardim.
Somos convidados a confiar no Jardineiro.
NOTAS
y
A explorações nos céus e a descoberta dos segredos do átomo
sabe o que Maomé tem feito no decorrer de todos estes séculos, embora
acredite-se que ele esteja no paraíso. Os hindus podem somente adivi
nhar que papel Krishna desempenha no outro lado do sepulcro. 0 mes
mo é verdade com os seguidores de Bahá’u ’lláh, de Zoroastro e de ou
tros. Não é apenas a existência atual destes líderes que é enigmática,
mas os seus planos para o futuro também são.
Cristo, como aprendemos, afirmou ser Deus na carne e foi ressuscita
do dos mortos para confirmai- suas palavras. Ele é a única pessoa qualifica
da a nos dizer o que acha-se do outro lado da morte. Dadas estas creden
ciais, não ficaríamos surpresos por termos detalhes de sua ascensão
corpórea ao céu, bem como uma descrição do que Ele está fazendo hoje e
quais os seus planos para o amanhã. Ele é o líder que hoje deliberadamente
está no cargo e futuramente regerá os assuntos deste mundo de maneira
até mais direta. Mas estou me adiantando na história.
Não devemos nos surpreender que um Cristo, que ressuscitou dos
mortos, também tenha ascendido ao céu. Leiamos a narrativa lucana:
E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e
uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando
com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto
deles se puseram dois varões vestidos de branco, os quais
lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o
céu? Esse Jesu s, que dentre vós foi recebido em cima no céu,
há de vir assim como para o céu o vistes ir (At 1.9-11).
Cristo subiu, quer dizer, seu corpo de fato deixou a terra e orientou-
se com firmeza em direção ao céu. Então, assim que entrou nos céus
atmosféricos, Ele foi encoberto por uma nuvem. Ele fez uma jornada
que envolveu tempo e espaço; seu corpo não desapareceu, mas moveu-
se para cima desde o monte das Oliveiras até que foi ocultado da visão
humana. Na verdade Ele “penetrou nos céus” (Hb 4.14).
Este evento tem sido ridicularizado, porque, dizem-nos, é contrário
à moderna compreensão científica do universo. Osjmügos_ acreditavam
num universo de três níveis, com o céu em cima, a terra plana no meio e
UMA ASCENSÃO EXTRAORDINÁRIA 1 6 1
rém, seria estranho se, contrário a todos os outros, eles já tivessem cor
pos da ressurreição.)
Disto podemos ter certeza: nunca antes Cristo tido estado no céu
unido a um corpo humano. Nunca antes houvera um homem no centro
do universo com marca de cravos. Cristo já tinha morado no céu antes,
mas não como Deus-Homem. Na terra, Ele havia orado ao Pai: “Glorifi-
ca-me [...] com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo exis
tisse” (Jo 17.5). Agora Ele tinha voltado a uma demonstração direta da
quela glória anterior. Hoje Cristo em humanidade perfeita está no meio
do trono assentado nos céus. Sua glória é como a do monte da transfigu
ração; Ele resplandece com luz ofuscante.
Em Sua chegada, os anjos muito provavelmente ficaram confundi
dos. Haviam estudado o plano de Deus de redenção e ficado espantados
com a maravilha, amor e poder de Deus. Tinham ponderado sobre a
descida de Deus para a humanidade pecadora; contudo, considerado de
outro m odo, viram sua humilhação com o dem onstração visual do
indescritível amor e graça de Deus. De fato, não teria havido uma ascen
são se primeiro não tivesse havido uma descida que cumprisse o propó
sito divino. Sim, Cristo havia ocupado essa exaltada posição antes, mas a
ascensão foi prova de que Ele tinha cumprido sua missão. A ascensão,
nas palavras de F. B. Meyer, “coloca um selo eterno na vitória ganha no
mistério e trevas da descida”. Agora que Ele havia voltado como homem,
os anjos seguramente cantaram: “Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos
Exércitos; toda a terra e o céu estão cheios da sua glória”.
Mesmo antes de sua morte, Cristo falou aos discípulos que o
Filho do Homem ascenderia (Jo 6.62). A ascensão era a confir
mação necessária do sucesso de Sua missão na terra. Agostinho
disse: “Pois, a menos que o Salvador tivesse ascendido ao céu,
Seu nascimento teria sido em vão. [...] Sua paixão não nos teria
dado frutos e Sua santíssima ressurreição teria sido inútil”.
0 DIREITO DE PROPRIEDADE
foi a obra? “Havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados,
assentou-se à destra da Majestade, nas alturas; feito tanto mais excelente do
que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles” (Hb 1.3b,4).
Como Deus, Cristo era perfeito, não obstante, somos inteirados de que
Ele “aprendeu a obediência por aquilo que padeceu. E, sendo ele consuma
do, veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que lhe obedecem”
(Hb 5.8,9). Em Sua nova chegada ao céu, Ele não apenas era perfeito como
o Filho de Deus, mas também era perfeito como o Filho do Homem. Foi
perfeito na delicada tarefa de assumir a natureza humana, vencer as tenta
ções, enfrentai- a humilhação e o sofrimento indescritíveis e finalmente en
trai- pelas portas da morte, e depois (graças a Deus) ressuscitai-.
Cristo tinha direito natural de voltar ao Seu governo no céu como
Deus, mas agora também tinha direito adquirido de entrar no céu como
homem. Ele realizara uma obra na terra que representou a mais notável
engenhosidade e graça de Deus.
Antes era chamado de Criador, agora também é chamado de Sal
vador. Antes regia do céu em virtude de quem Ele era; agora rege por
causa das provações que suportou. Antes, só com o Seu poder em
estado natural, Ele já podia esmagar Satanás; agora prova que o esma
ga quando salva homens de todas as tribos e nações do poder da auto
ridade maligna. Antes reinava com o Deus; agora reina com o homem.
Nos céus há alguém que sempre esteve lá, mas agora está lá como
homem e com o Deus.
Cristo habita agora no lugar que lhe pertence. Adequadamente o li
vro de Apocalipse coloca Cristo “no meio do trono”. Como diz o compo
sitor Thomas Kelly:
O DIREITO DE SUPREMACIA
Paulo ensinou que a presença de Cristo à direita de Deus cortou por baixo
o direito de Satanás de nos acusar: “Quem intentará acusação con ta os esco
lhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo
quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à
direita de Deus, e também intercedepor nós" (Rm 8.33,34; itálicos meus).
Cristo ora mesmo ao Pai em nosso favor? Talvez. Mas a própria pre
sença dEle como nosso representante à direita de Deus, assegura-nos
que permanecemos completamente recebidos na presença do Pai. Nas
palavras de Charles Wesley:
são dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele
com quem temos de tratar” (Hb 4.13).
Como o cabeça da Igreja, Cristo não está a ponto de negligenciar
seus deveres. Sua ascensão é marca de Sua supremacia.
Sua chegada triunfante ao céu também significou seu reino. Ele che
gou como indisputado Soberano do universo.
O DIREITO AO REINO
pício em que virá para exercer Seu direito de Rei na presença de todos os
homens. Seu atual governo desde o céu é de restrição divina.
Por que essa espera? Ele está deixando que a história prove um pon
to, qual seja, que o homem não pode governar o mundo. Ele delegou
seu governo aos reis e príncipes deste mundo, permitindo que exerces
sem autoridade como julgassem adequado. Claro que a influência deles
está limitada pela vontade e propósito divinos. Assim podemos com con
fiança dizer que a vontade de Deus está sendo feita na terra. A história
está marchando em direção a uma meta.
Que este ponto fique claro: Cristo é tão Rei quando está espe
rando como quando está vencendo! Foi igualmente Rei na ascensão
quanto será na descida. Está no com ando no céu com o estará na
terra. Por ora Ele está satisfeito em gerir os assuntos deste mundo
por representantes pecadores. Está inclinado a deixar que Satanás
passeie por aqui com o um criminoso que saiu sob fiança. Por en
quanto os rebeldes tomam conta da propriedade. Mas virá o dia virá
em que o único Rei a quem Deus reconhece será confessado por
toda língua existente: “Pelo que também Deus o exaltou soberana
mente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao
nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão no céus, e na
terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o
Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.9-11).
Hoje alguns súditos dão as boas-vindas ao reinado do Rei, mas na
maioria dos casos, o drama é desempenhado em desafio à Sua autorida
de. Mas à chamada do fechar das cortinas aparecerá o Rei. A saga termi
nará de modo muito diferente de como tudo começou.
Propriedade
Você e eu, como crentes, já estamos no céu, herdeiros de uma incrí
vel herança. Cristo prometeu que iria preparar lugar para nós: há uma
coroa que só você pode usar, uma mansão na qual só você pode entrar.
Pedro disse que há um lugar “guardado no céu para vós”. A única manei-
UMA ASCENSÃO EXTRAORDINÁRIA 1 7 3
Reino
0 que Cristo tem por direito divino foi comprado para nós por mi
sericórdia divina! Nunca nos tornaremos o que Ele é, mas desfrutare
mos o que Ele tem. Ficaremos estupefatos diante da maravilha da graça
de Deus. “E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada
nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumia, e reinarão para
todo o sempre” (Ap 22.5). William Cowper, poeta do século XVIII, per
turbado por assaltos de profunda depressão, escreveu:
Como Tu não podes gostar de mim
E seres o Deus que Tu és
E desgraça para o meu intelecto
Mas alegria para o meu coração.
Com freqüência o cristianismo é censurado por causa do seu
ensinamento sobre a depravação do gênero humano, o fato de não po
dermos fazer um único ato que venha a merecer a aprovação de Deus.
A pesar de nenhum a o u tra religião insistir em n ossa absoluta
pecaminosidade, nenhuma nos eleva para as mais sublimes alturas da
santidade. Cristo nos tira da lama e nos convida a caminhar no mármo
re-, tira-nos da cova e nos insta a entrar no palácio. Nenhuma outra
religião nos leva a sítios tão baixos e nos exalta a lugares tão altos.
—. Savonarola obteve fama como pregador em Florença, Itália, predizendo
. que uma inundação de julgamentos cairiam sobre a cidade, se seus morado-
J res não se arrependessem. Ele atacou os cidadãos lassos e corruptos medi-
) ante pregações e censura inflamadas. Durante o carnaval de 1496, organizou
( “a fogueira das vaidades", uma cerimônia na qual as pessoas traziam seus
artefatos de jogos, livros lascivos e artigos de beleza para serem queimados.
Ele foi excomungado porque recusou parar de pregar contra o papa,
sendo, mais tarde, julgado por heresia e executado. Apesar das vicissitu-
1 7 4 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
des pelas quais passou, e embora a verdade não tenha triunfado em seus
dias, antes de morrer disse: ‘Aquele que acredita que Cristo reina em
cima, não precisa ter medo do que acontece embaixo!”
Malcolm Muggeridge afirmou: “Todas as notícias são velhas notícias
que acontecem a novas pessoas”. Não há nada acontecendo no mundo
que sejam novas notícias para Deus; tudo são velhas notícias conhecidas
desde antes da fundação do mundo. Cristo reina no céu hoje, inteira
mente no comando de nosso mundo caído. E ainda que não vejamos
todas as coisas debaixo dos seus pés, este dia está se aproximando. Aque
les que acreditam que Ele reina do céu não precisam ter medo do que
acontece na terra.
Que o Rei esteja a caminho!
NOTA
AS DOUTRINAS DO ANTICRISTO
Autotransformação
Marilyn Ferguson escreve que uma “mudança irrevogável” está nos
dominando. Não se trata de um novo, em seu livro The Aquarian
Conspiracy (A Conspiração Aquariana), sistema, mas de uma nova men
talidade. Um movimento subterrâneo está mudando a sociedade com
base no “aumento do conceito do potencial humano, [...] uma transfor
mação da consciência pessoal”.4
UM RETORNO EXTRAORDINÁRIO 1 7 9
dem destruir suas armas. Mas esta falsa sensação de segurança somente
provará ser vantajosa para o futuro príncipe.
Considerando que o Oriente Médio ainda é um barril de pólvora, o
anticristo fará um concerto com Israel para garantir a sobrevivência des
ta minúscula nação. Com muita fanfarra mundial, o acordo será assina
do e o mundo respirará mais aliviado. A paz está ao alcance.
Planos para erradicar a fome e o desproporcionado equilíbrio econô
mico do mundo serão ativados rapidamente. O cuidado com a saúde e a
educação estará em alta na agenda de trabalho de líderes mundiais, impul
sionados pela convicção persistente de que é hora de aproveitar a oportu
nidade nessa atmosfera de euforia desenfreada. O homem, segundo nos
dirão, está em processo de mudança evolutiva, e o futuro é agora.
Mas enquanto publicamente os líderes falam de paz, nos bastidores
os preparativos para a guerra estarão cada vez mais afinados. A ciência
dará ao mundo novas e horrorosas armas químicas e novos métodos de
tortura como nunca antes visto.
A BATALHA DO ARMAGEDOM
Que estas coisas vão acontecer é certo, mas a hora não. Bem-aventu-
rados aqueles que forem achados esperando.
Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora (Mt 25.13).
NOTAS
1. Trevor Ravenscroft, The Spear ofDestiny (York Beach, Maine:
Weiser, 1982), p. 64.
2. Ibid., p. 92.
3. Ibid., pp. 335-52.
4. Marilyn Ferguson, TheAquarian Conspiracy (LosAngeles: Jeremy
P. Tarcher, 1980), p. 23.
5. Ravenscroft, The Spear, p. 176.
6. ‘A Global Ethic”, Parlamento das Religiões do Mundo: 1993, p. 9.
7. “Prophecies and Predictions: Everyone’s Guide to the Corning
Changes”, pp. 57-58.
8. Citado em Texe Marrs, Mega Forces (Austin, Texas: Living Faith,
1988), p. 24.
11
UMA
PEDRA DE TROPEÇO
EXTRAORDINÁRIA
Estão todos perdidos?
V A pessoa que disse estas palavras não estava tentando ser rude;
estava apenas expressando surpresa diante de minha audácia
em dizer que Cristo era o único caminho para chegarmos a Deus. Em
palavras mais brandas, era do meu conhecimento que o teor de minha
declaração estava fora do compasso de nossa cultura. Mas minha inten
ção era ajudá-la a entender que temos de jogar de acordo com as regras
de Deus, quer gostemos, quer não.
Todos ficamos aflitos com as implicações do fato de que Cristo
perm anece único entre os líderes religiosos do mundo. Desejaría
mos que o caminho para o céu fosse mais largo, de forma que pudés
semos dar uma resposta mais aceitável aos que ridicularizam a fé
cristã, pois segundo o modo de pensar deles, o cristianismo não leva
em conta os adoradores sinceros de outras religiões. Como respon
demos àqueles que nos acusam de mentalidade estreita e insensível?
Ou os que dizem que o “Deus” deles é reconhecidam ente mais tole
rante do que o nosso?
1 9 4 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
Essas são boas perguntas que merecem respostas, mesmo que as res
postas não sejam o que a maioria de nós gostaria de ouvir. Os missioná
rios nos falam que quando as pessoas vêm a Cristo, elas freqüentemente
perguntam: E os nossos antepassados? E à medida que os Estados Uni
dos ficam mais diversificados, à medida que pessoalmente nos familiari
zamos com essas outras religiões, a questão da salvação de crentes since
ros de outras crenças nunca permanece longe de nossas mentes. De
fato, no momento em que defendemos a singularidade de Cristo, pensa
mos naqueles que nunca ouviram, ou nos que ouviram falar dEle, po
rém, não obstante, seguem sinceramente outra fé.
À proporção que a pressão do pluralismo aumenta, alguns evangéli
cos (aqueles de nós que sustentam que a salvação é somente por Cristo)
estão repensando tais questões. Muitos não estão mais satisfeitos em dar
uma resposta simplista, mas insistem que a perdição dos outros deve ser
reconsiderada. Talvez a resposta tradicional não seja a certa.
Então, como consideraremos as outras religiões? São expressões primiti
vas da verdadeira religião, ou são demoníacas, totalmente opostas à verda
de? E a sinceridade dos seus devotos não vale algo no dia do julgamento?
ilumina todo ser humano que entra no mundo. As religiões são vistas
como tendo variados graus de esclarecimento, e quando as pessoas vêm
a Cristo, recebem mais luz (a verdadeira luz), a qual não é senão uma
extensão da bruxuleante chama que têm seguido.
Clark Pinnock, em seu livro A Wideness in God’sMercy (Uma Ampli
ação na Misericórdia de Deus), e John Sanders, emTVo OtherName (Ne
nhum Outro Nome), insistem que Cristo é a única base de salvação, mas
que não é necessário ter fé direta nEle para nos beneficiarmos de sua
obra na cruz. Prossegue o argumento: “Deus sabe que Cristo é o único
meio de salvação, mas aqueles que não ouviram o Evangelho não sa
bem, A própria .religiãode cada um pode funcionar como ‘professor^
que, sem querer os conduz a Cristo”.
Pinnock e Sanders concordariam com Raymond Panikkar que decla
rou que o “hindu bom e de boa fé é salvo por Cristo e não pelo hinduísmo,
mas é mediante os sacramentos do hinduísmo, mediante a mensagem
de moralidade e da vida boa, mediante o mistério que lhe é transmitido
pelo hinduísmo, que Cristo normalmente salva os hindus”.1 As pessoas
podem ser salvas por Cristo mediante o canal de outras religiões.
Várias sugestões têm sido feitas para explicar como Deus salva os
seguidores sinceros de outras religiões. Primeiro, há a(interpretação lífz'/
/tardia. Alguns interpretam 1 Pedro 3-18,19 (que diz que Cristo “foi e A-
pregou aos espíritos em prisão”), querendo dizer que Cristo foi e pre- ^
gou o Evangelho aos que estavam no Hades. Os que defendem esta po- / í
sição concluem que as pessoas terão uma oportunidade para aceitar ou ^
rejeitar Cristo depois da morte. Na Igreja Primitiva, Jrineu e Tertuliano $
ensinaram que Jesus apenas libertou os crentes do Antigo Testamento
do Hades;[ciem ente de Alexandria e Atanásici doutrinaram que Jesus
libertou os judeus e os gentios do Hades, e que esta forma de evangelis-
mo ainda continua hoje em dia.
Mas há objeções sérias a esta interpretação. Em primeiro lugar, não é
absolutamente certo que Pedro tenha ensinado que Cristo foi ao Hades.
Uma interpretação mais de acordo com o contexto é que Noé em seus
1 9 6 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
dias, pelo Espírito Santo, pregou aos espíritos que então estavam em
prisão. Portanto, mesmo que Cristo tivesse pregado no Hades, Ele pode
ter apenas anunciado a vitória aos habitantes, visto que não há evidência
alguma de que foram libertos do seu domicílio. Finalmente, é esticar o
texto até o pontó de ruptura presumir que Cristo está fazendo o mesmo
hoje. Independente da interpretação que concordemos, o texto refere-
se a um evento passado sem a mais leve sugestão de que continua hoje.
Há uma segunda sugestão no que diz respeito a como Deus pode
salvar aqueles que nunca ouviram falar de Cristo. Dizem que Deus salva
rá os outros baseado em sua presciência. Visto que Ele não apenas sabe
o que aconteceu, mas o que teria acontecido sob circunstâncias diferen
tes, Ele sabe se alguém que não ouviu o Evangelho em, digamos, Sri
Lanka, tê-lo-ia aceitado se tivesse nascido no Canadá. Com este funda
mento, continua o argumerjíefEle os aceita.
Mas mesmo que a eleição estivesse baseada na presciência (interpre-
tação que não aceito), a idéia de que Deus salva alguns por causa do que
teria acontecido sob circunstâncias diferentes é com pletam ente
conjectural. Cristo disse que se os milagres feitos por Ele tivessem sido
realizados em Tiro e Sidom, “há muito que se teriam arrependido com
pano de saco grosseiro e com cinzas” (Mt 11.21). Contudo Ele não deu
qualquer indicação de que isso significa que Tiro e Sidom serão salvas
no julgamento futuro. Todos podemos pensar em circunstâncias nas
quais, pelo menos em nossa opinião, praticamente qualquer pessoa acei
taria a Cristo. Mas a Bíblia ensina que Deus leva em conta o que aconte-
ceu^em vez do que poderia ter acontecido.
Em terceiro lugar, alguns crêem que Deus faz uma exceção e escolhe
aceitar o sacrifício de Cristo em favor dos indivíduos sinceros de outras
religiões. Em outras palavras, o pecado deles é creditado na conta de
Cristo, embora eles não saibam deste fato (ainda que venham a saber).
Deus aparentemente fez tais exceções para Enoque, Jó, Melquisedeque,
Jetro e outras figuras do Antigo Testamento. O hindu ou budista sincero
UMA PEDRA DE TROPEÇO EXTRAORDINÁRIA 1 9 7
0 ponto está claro: todo ser humano pode dar alguma razão para ter
rejeitado o Evangelho, porque algo ou alguém foi “injusto”. Todos gos
taríamos de rescrever o que a Bíblia diz sobre Deus para torná-lo justo.
Todos pensamos sobre o que faríamos se fôssemos Deus para minimizar
o sofrimento dos seres humanos nesta vida e na que há de vir. O proble
ma, obviamente, é que não somos Deus.
Clark Pinnock é um exemplo do que acontece quando a Bíblia é inter
pretada com o fim de torná-la consistente com a “justiça”. Anos atrás ele
abandonou o calvimsmo (que enfatiza a escolha soberana de Deus na sal
vação, posição considerada injusta por Pinnock) a favor do arminianismo,
com sua ênfase no livre-arbítrio. Depois ele se afastou do arminianismo
tradicional e optou por uma crença nunvDçus finito; um Deus que nem
mesmo sabe o futuro! Argumentou que se Deus sabe quem será salvo e
quem será perdido, então em certo sentido o futuro está fixo. Assim o
Deus de Pinnock não elege as pessoas com base em alguma coisa, pois Ele
nem mesmo sabe quem será salvo e quem será perdido.
Pinnock pensa que Deus se arriscou quando criou o mundo e deu
aos homens o livre-arbítrio, pois Deus não conhece com antecedência as
decisões dos homens livres. Escreve que “novidade genuína pode apare
cer na história, a qual nem mesmo foi predita por Deus”.6 Esta ignorân
cia da parte de Deus, Pinnock acredita, dá ao Evangelho a aparência de
ser mais acreditável, mais “justa”.
Pinnock ainda não acabou. Assim que se aceita a premissa de que
Deus teve de ser “justo”, Pinnock adotou a perspectiva de que aqueles
que são sinceros em outras religiões podem ser salvos sem ter fé em
Cristo. E, se não são salvos nesta vida, podem pedir misericórdia na ou
tra. Todo aquele que comparecer diante de Deus em julgamento e lhe
clamar por misericórdia, será atendido. Somos informados que os livros
200 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
de Deus nunca estão fechados. E se ainda resta algum ímpio que não se
aproveitou de todas estas oportunidades, a justiça requer que ele seja
aniquilado, em vez de conscientemente sofrer para sempre.7
Com isso em mente não deveríamos nos surpreender quando escreve:
Quando nos aproximamos de alguém pertencente a crença
diferente da nossa, o faremos na expectativa de descobrir o
que Deus lhe tem falado e qual nova compreensão da graça e
do amor de Deus podemos obter desse encontro. Nossa pri
meira tarefa ao abordarmos outra pessoa, outra cultura, ou
tra religião é tirar os sapatos, pois o lugar em que estamos
pisando é santo. Caso contrário estaremos destruindo os so
nhos das pessoas. E o que é mais sério: podemos esquecer
que Deus estava aqui antes de chegarmos.8
Não temos direito algum de ser mais tolerantes do que Deus. Para
citar Gary Phillips mais uma vez, “preferiríamos antes errar no lado da
segurança do que arriscar na indulgência especulativa”.11 Não podemos
ir além do que Deus nos revelou. Se Ele tem um plano para salvar as
pessoas de outras religiões, Ele não achou adequado revelá-lo para nós.
Creio que as Escrituras exigem que vejamos outras regiões como tenta
tivas fracassadas do homem alcançar Deus pelo esforço e insight huma
nos. Paulo declara duas coisas sobre o paganismo. Primeiramente, afirma
que aqueles que adoram ídolos estão na verdade adorando demônios:
Antes, digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrifi
cam aos demônios e não a Deus. E não quero que sejais par
ticipantes com os demônios. Não podeis beber o cálice do Se
nhor e o cálice dos demônios: não podeis ser participantes da
mesa do Senhor e da mesa dos demônios (1 Co 10.20,21).
Ele não está dizendo que os gentios (os pagãos), à sua própria manei
ra, estão na verdade adorando a Deus. Toda religião é culto ao verdadeiro
Deus ou é idolatria. Leia estas passagens do Antigo Testamento e pergun
te-se se devemos com reverência descalçai- os sapatos na presença do cul
to pagão. “E derrubareis os seus altares, e quebrareis as suas estátuas, e os
seus bosques queimareis a fogo, e abatereis as imagens esculpidas dos
seus deuses, e apagareis o seu nome daquele lugar” (Dt 12.3). E novamen
te: “Porque todos os deuses dos povos são coisas vãs [ídolos]; mas o SE
NHOR fez os céus” (SI 96.5). Elias, na presença dos profetas de Baal, com
certeza não pensou que estivesse pisando em solo sagrado.
Em segundo lugar, Paulo ensinou que as religiões evoluíram porque
os homens não honraram o Deus verdadeiro. Por causa da rebelião,
“mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de
homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis” (Rm 1.23).
Satanás orquestrou falsas religiões, oferecendo ampla diversidade de
opções, mas todas estão contra o Evangelho de Cristo.
202 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
Não nego que haja algum ensinamento ético bom em outras religi
ões. 0 budismo em particular ressalta uma forma de devoção abnegada
que parece ter algo em comum com o cristianismo. Devíamos esperar
isto, considerando que todas as pessoas são criadas à imagem de Deus e
têm uma consciência moral. Mas todas estas religiões fracassam no seu
ponto mais central, isto é, na questão de como os pecadores podem ser
reconciliados com Deus. No fim, se eles não adoram absolutamente nada,
estão adorando outro deus.
Independente do quanto desejamos ver os não-cristãos sendo sal
vos, devemos ser cautelosos para não sermos mais indulgentes do que o
ensino bíblico. Temos de cultuar Deus como Ele é, e não o Deus que
nós, dada nossa compreensão finita, gostaríamos que fosse.
Mas como podemos crer nesta doutrina “a qual é tão contrária a tudo
que nossa cultura crê” e não sermos rotulados de arrogantes? Como cum
prirmos a Grande Comissão levando em conta a urgência da mensagem?
Agora voltaremos nossa atenção para a responsabilidade e o privilé
gio que Deus compartilhou conosco. Fa2emos parte do seu grande pla
no para o mundo.
NOTAS
I. Raymond Panikkar, The Unknown Christ ofHinduism (City:
Darton, Longman & Todd, 1965), p. 54.
2. John Sanders, No OtherName (Grand Rapids: Eerdmans, 1992),
p. 208.
3. W. Gary Phillips, “Evangelical Pluralism: A Singular Problem”,
Bibliotheca Sacra, Abril-Junho de 1994, p. 11.
4. Sanders, No OtherName, xvii, pp. 3, 6.
5. Phillips, “Pluralism”, p. 12.
6. “Clark Pinnock’s Response”, in: Predestination and Free Will,
editores David Basinger e Randall Basinger (Downer?s Grove,
Illinois: InterVarsity, 1986), p. 150.
7. “Clark Pinnock, A Wideness in God?s Mercy. The Finality of Jesus
Christ in a World ofReligions (Grand Rapids: Zondervan, 1992),
pp. 9 8 ,1 1 1 ,1 5 8 ,1 7 2 -7 6 .
8. Ibid., p. 141.
9. Ibid, p. 77.
10. Phillips, “Pluralism”, p. 11.
II. Ibid, p. 15.
12. Citado emLettheNationsBe Glad, por John Piper (Grand Rapids:
Baker, 1993), p. 128.
13. Ibid, p. 127.
14. Frank Mead, editor, 12,000 Religious Quotations (Grand Rapids:
Baker, 1989), p. 179-
12
UMA
RESPONSABILIDADE
EXTRAORDINÁRIA
Como podemos
representar melhor a Jesus ?
N
Antônio, Texas, encontra-se pendurado um retrato com esta
inscrição:
J ames Butler Bonham ? não existe retrato dele. Este retrato é
do seu sobrinho, maior Jam es B onham. de saudosa memória,
que muito se assemelha com seu tio. Foi colocado aqui por
sua família para que as pessoas ficassem conhecendo a apa
rência do homem que morreu pela liberdade.
nha aceitado doutrinas que a levarão para o inferno, não pode ser cha
mado de virtude.2
Nossa atitude é a chave. Temos de aprender a apresentar nossas cren
ças religiosas com convicção e, ao mesmo tempo, tratar os outros com
cortesia, amor e respeito. Pedro fala que devemos compartilhar nossa fé
“com mansidão e tem or”. A humildade de Cristo é nosso exemplo.
Suponha que você não fosse crente, mas soubesse de alguém que
conhece o destino daqueles que morrem sem ter fé pessoal em Cristo, o
quão interessado você gostaria que a outra pessoa estivesse ao lhe apre
sentar o Evangelho? A que raias você quereria que os outros fossem para
trazer a única mensagem que pode salvá-lo? Lembre-se de que as pesso
as com quem estamos preocupados são tão preciosas quanto nós mes
mos. Ponha-se no lugar delas e pergunte: “O que devo a elas?”
Contudo, como mostra John Piper, nem mesmo a perdição do homem
deve ser nossa motivação opressora ao evangelismo. Ele escreve: “Fazer mis
sões não é a meta final da igreja. Cultuai' é. As missões existem porque o
culto não existe. Cultuar é o alvo supremo, fazer missões, não, porque Deus
é o alvo supremo, o homem, não?”3 Nossa ardente paixão deve ser que mais
pessoas cultuem o Cristo a quem adoramos. Temos de olhar nossos amigos
não como “almas a serem salvas”, mas como pessoas que potencialmente
podem ser redimidas e inscritas na galeria dos adoradores de Deus.
Então como compartilhamos o Evangelho, livre de farisaísmo e into
lerância repulsiva do pior tipo? Podemos começar contando nosso teste
munho e explicando o motivo de crermos em Cristo e por que pessoal
mente aceitamos a fé em sua credibilidade. Nunca devemos dar a im
pressão de que somos isentos de falhas e dificuldades; quanto mais hu
manos formos, mais eficaz será nosso testemunho.
Devemos responder da melhor forma as objeções à fé cristã. Mas
repetidas vezes temos de apontar a Cristo e suas qualificações como a
fonte do que cremos. Não podemos chamar a atenção para nós mesmos,
a fim de que não sejam os com o a p essoa que lam entou um a
2 1 6 CRISTO ENTRE OUTROS deuses
Cristo predisse que o fira desta era seria caracterizado pela anarquia
e pelo engano. Haveria guerras, fome e terremotos. Por causa do seu
nome, seu povo seria odiado por todas as nações. Haveria embustes e
maldades inigualáveis. Estas coisas têm de acontecer.
Onde está o triunfo? “Todos os limites da terra se lembrarão e se con
verterão ao SENHOR; e todas as gerações das nações adorarão perante a
tua face. Porque o reino é do SENHOR, e ele domina entre as nações” (SI
22.27,28). Esta predição será cumprida no Milênio, mas é nossa garantia
de que os propósitos de Deus nunca vão falhar. E verdade, o conhecimen
to do Senhor ainda cobrirá a terra como as águas cobrem o mar.
Aqueles a quem Cristo comprou serão redimidos: “Digno és de to
mar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu
sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e
nação” (Ap 5.9).
Os propósitos de Deus estão em curso, e somos chamados a tomar
parte no seu programa mundial. 0 sucesso final e eterno é inevitável.
AS ORDENS DE MARCHAR
Quando Cristo estava prestes a subir ao céu, deu instruções finais: “E-me
dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai todas as nações,
batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as
a guardai- todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou
convosco todos os dias, até à consumação dos séculos” (Mt 28.18-20).
Vamos considerai- quatro declarações universais que Cristo nos dá aqui.
de seus pés”. O que é mais difícil para alguns aceitarem é que o poder de
Cristo se estende até à vontade humana. Ele tem o poder de fazer com
que corações endurecidos recebam a capacidade de crer nEle.
Sim, claro que Ele tem tal poder. Ao Pai, Ele orou: “Assim como lhe deste
poder sobre toda carne, para que dê a vida etema a todos quantos lhe deste”
(Jo 12.2). Em outro lugar, Ele nos assegura que “tudo o que o Pai me dá virá
a mim, e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (Jo 6.37).
Isto deveria servir de estímulo àqueles que testemunham, mesmo em
países que são hostis em sua oposição à fé cristã. Isto deveria nos dar cora
gem para testemunhai’ aos vizinhos e amigos, que parecem desinteressados
ou impregnados com uma forma de religião que cega a mente e endurece o
coração. Não devemos supor que haja alguma pessoa que esteja fora do
âmbito da possibilidade de conversão, pela simples razão de que o coração
humano está, em última análise, nas mãos de Deus. O Espírito Santo é bem
habilidoso para superai- a oposição à mensagem do Evangelho. Não existe a
menor chance de que o propósito final de Deus venha a fracassar.
Você e eu não temos o direito de julgar a quem Deus escolhe para
salvar ou não. Ninguém existe fora do alcance da autoridade de Cristo.
Ele pode dar a homens e mulheres o dom do arrependimento, que re
sulta no dom da vida eterna. “E-me dado todo o poder”.
Temos de nos tom ar cristãos mundiais, quer dizer, crentes que te
nham um coração que atravesse nossas limitações geográficas imediatas.
Por que uma parte da terra deveria receber toda nossa atenção? Certa
mente que não temos maior valor intrínseco do que as pessoas de ou
tros países e as de outras religiões. Bem-aventurado é aquele com um
coração para o mundo.
Isto também significa “todas as nações” do ponto de vista religioso.
Que porcentagem da população do mundo é cristã? Claro, qualquer nú
mero pode ser apenas uma estimativa, não apenas porque não estamos
qualificados para contar todas as congregações individualmente, mas tam
bém porque não podemos julgar corações humanos. Ainda que cerca da
metade da população mundial possa (a grosso modo) ser chamada cristã,
perto de nove por cento aderem a algum tipo de entendimento doutriná
rio do Evangelho. Mas no fim, talvez só um ou dois por cento da popula
ção do mundo tenha “crido para a salvação”. A maior porcentagem sem
pre foi encontrada nos Estados Unidos e Canadá, mas hoje este quadro
está mudando. As igrejas emergentes nas América Latina no Extremo Ori
ente (por exemplo, a Coréia) estão mudando a massa crítica da Igreja.
Não devemos nos intimidar com o crescimento de outras religiões em
nosso país. Na congregação final dos redimidos haverá representantes de
todos os países e antigos seguidores de todas as várias religiões. O triunfo de
Cristo é certo, e mesmo nesta era podemos participar da vitória de Cristo.
estava ficando tão depravado, a ponto de mal poder identificar uma cons
ciência pura”. Chegou a admitir que estava vivendo uma mentira. Em vez
de paz, achou o vazio. Quando buscou respostas, foi-lhe dito simplesmen
te que deveria fazer mais atos religiosos. Cada vez mais ficava insatisfeito.
Segundo, um amigo lhe deu alguns livros cristãos e uma Bíblia. De
pois de ler o Evangelho de João, declarou que era “totalmente diferente
do Cristo que os líderes budistas nos falavam”. Acabou descobrindo que
Cristo era um Mestre vivo, aquEle que não fora reencarnado, mas ressus
citado. Este Deus não era uma força como os seus outros deuses davam
a entender que era, mas a Pessoa que o criou e o amou.
Após ter lido as palavras: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a
mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede” (Jo 6.35), ele
diz: “Convencido dos meus pecados contra um Deus santo, pus meu
fardo aos pés do Salvador e lhe dei minha vida. Naquela mesma noite
minha esposa, Nichiren Shoshu, budista por 16 anos, também creu e foi
salva. Que maravilhosa graça”!
E no fim, esta é a diferença entre Cristo e os outros deuses. Sua graça
é dada em meio à nossa desgraça. Ele é o Salvador que não apenas apon
ta o caminho, mas que nos leva para onde precisamos ir.
Àquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos
pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai, a ele,
glória e poder para todo o sempre. Amém! (Ap 1.5b,6).
Amém!
NOTAS