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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ


DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

LZT-- Plantas Forrageiras e Pastagens


LZT

Uso estratégico da suplementação


volumosa em sistemas de produção
animal

Luiz Gustavo Nussio

Setembro – 2010
Piracicaba - SP
Índices da Pecuária brasileira

 Área de pastagens → 172 milhões de ha → 20% do


território nacional

 Taxas de lotação → média de 0,6 UA/ha


Anualpec, 2008

 Produção forrageiro: verão (excesso)/ inverno (falta)

 Estacionalidade na oferta de forragem → 70 a 95% da


produção no verão
(Lara, 2007; Pereira et al., 2006)
G
R
U
16 70
P Colonião
O Tanzânia
14 Marandu 65
D Decumbens
E

C 12 60
O
N
S
E 10 55
R
V
A
Ç 8 50
Ã
O Colonião
Tanzânia
D 6 45 Marandu
E
Decumbens
F
O 4 40
R
R
A
G
E Figura 1 – Variação do valor nutricional de diferentes tipos de forragens
M
durante os meses do ano.

Euclides et al. (1996)


G
R
U
P
O

D
E

C
O
N
S
E
R
V
A
Ç
Ã
O

D
E

F
O
R
R
A
G
E Figura 2 – Curva de crescimento de quatro grupos genéticos: Nelore (NE), ½ Aberdeen
M Angus + ½ Nelore (AN), ½ Canchim + ½ Nelore (CN) e ½ Simental + ½ Nelore (SN)
durante as fases de nascimento, desmama, 12 meses de idade, 18 meses de idade e
abate, influenciadas pelo efeito sazonal de produção de forragem.
Goulart (2006)
Introdução

 A sustentação do sistema de produção


envolvendo pastagens

Necessidade de equilíbrio no balanço


entre oferta:demanda

Mudanças na estrutura da pastagem

(Hodgson, 1990)
Excedente ou deficit ?

 Grande variação no consumo de MS e FDN em


pastagens

 Diferentes tipos de gramíneas

 Presença ou ausência de suplementação

 Métodos utilizados para amostragem da


forragem e/ou para estimativa de consumo
G
R

Excedente ou déficit de forragem:


U
P
O

D
E

C
O
N
S Excesso de forragem
E
R
V
A
Oferta = Demanda
Ç
Ã
O
Déficit de forragem
D
E

F
Consumo (20 exp. BR)
O
R
MS (%PV) = 2,35 ± 0,61
R
A
(CV=25,6%)
G
E
M
FDN (%PV) = 1,67± 0,48
(CV=28,5%)
G

Equilíbrio entre oferta e demanda de forragem


R
U
P
O

D
E

C
O
N
S
E
R
V
A
Ç
Ã
O

D
E

F
O
R
R
A
G
E
M
G
R
U
P
O

D
E

C
O
N
S
E
R
V
A
Ç
Ã
O

D
E

F
O
R
R
A
G
E Figura 3 – Produção acumulada de matéria seca, matéria seca digestível e coeficiente
M de digestibilidade verdadeira in vitro da matéria seca observadas para os intervalos
entre cortes em capim-Marandu
Mari (2003)
Fatores causadores do desequilíbrio
no balanço de forragem

 Alterações ambientais;

 Altas ou baixas taxas de lotação animal instantâneas;

 Ocorrências de pragas;

 Queimadas...

 Causas Involuntárias
Fatores causadores do desequilíbrio
no balanço de forragem

 Alterações ambientais;

 Baixa ou alta taxa de Podem manter ou melhorar:


lotação animal;
 DESEMPENHO ANIMAL
 Ocorrências de pragas;

 Queimadas...  RETORNO ECONÔMICO

Conservação do excedente de forragem e/ou


a produção de forragem suplementar
Objetivo primordial do uso de
suplementos volumosos em pastagens

 Deve ser analisado em contexto mais amplo:

 Importância do desempenho animal

 Mas principalmente o aumento na


taxa de lotação
Conceito de demanda de forragem

DFT = DFI x TL
Em que:

DFT = Demanda de forragem total


DFI = Demanda de forragem individual (p/ cada animal)
TxL = Taxa de lotação
Conceito de demanda de forragem

DFT = DFI x TL

Obriga o produtor a vender animais em período de


preços menos convenientes e a comprar animais
quando estes estão mais valorizados no
mercado
Conceito de demanda de forragem

DFT = DFI x TL

 É resultante do estádio fisiológico e


produtivo do animal
G
R
U
P Exigência

matéria
O

matéria
D
E

(kg/dia)
mat
digestível (kg/dia)
requerimento dede
C
O
Ingestão

requerimento
N
S

digestível
E
R digest
V
A
Ç
original
ou ou

Ã
original

O
Ingestão

D
Ingestão

F
O
R
R
A
G Produção
Produção dedeleite
leite (kg/dia)
(kg/dia)
E
M
Figura 4 - Influência da produção de leite sobre o consumo de forragem
e a exigência nutricional de vacas em sistema de pastejo
Fonte: Adaptado de Hodgson (1990)
Suplementação
Volumosa em Pastagens
Suplementação volumosa

• Demanda animal por volumosos → estágio


fisiológico e produtivo

• Controle da demanda pela venda e compra de


animais de acordo com a produção forrageira

• Demanda de forragem pode apresentar padrão


conhecido e estável (da Silva et al., 2008)

• Planejamento produtivo dos animais na


propriedade
Suplementação volumosa

• O fornecimento de suplemento pode alterar o


padrão de consumo da pastagem (Minson, 1990)

Figura 6 - Efeitos do suplemento sobre o consumo total de energia e


forragem
Fonte: Reis e Nussio (2005)
Conservação da
Forragem Excedente
Caracterização do excedente forragem

 Combinações de fatores de crescimento da planta:

 Temperatura
 Podem aumentar
 Umidade a taxa de acúmulo
 Radiação de MS (TAMS)

 Adubação
 TAMS > CMS
pelo animal

 Caracterização do
excedente de forragem
Conservação de forragem excedente

 Opções de suplementação volumosa:


- Ensilagem - Estratégias de

- Fenação conservação de forragem

- Diferimento

- Capineiras (cana-de-açúcar e capim elefante)

- Culturas de inverno

- Resíduos agrícolas e subprodutos fibrosos


G
R
U
Conservação da forragem excedente
P
O

D
E

C
O
N
S ‘’
E
R
V
A
Ç
Ã
O

D
E

F
O
R
R
A
G
E
M
G
R
U
Área específica de produção de volumoso
P
O

D
E

C
O
N
S ‘’
E
R
V
A
Ç
Ã
O

D
E

F
O
R
R
A
G
E
M
Diferimento
Diferimento

 Acúmulo de forragem no período de crescimento


vigoroso da planta

 Vantagens → estratégia simples e de fácil implantação

 Espécies favoráveis ao processo de diferimento

 Suplementação protéica
Diferimento

 Duração do período de diferimento (Santos, et al 2009)

 Escalonamento do diferimento

 Adubação nitrogenada
Ensilagem e fenação

 Critérios de escolha da técnica:


- Espécie forrageira
- Perdas durante o processo
- Instalações disponíveis
- Equipamentos
- Mão-de-obra
Fenação
Fenação
Fenação

 Elevado custo dos equipamentos com


condicionamento;
 Disciplina de manutenção preventiva dos CM;
 Convívio com o regime pluviométrico;
 Treinamento de recursos humanos;
 Elevado custo de produção da forragem;
 Perdas mais elevadas no processo de fenação.
Ensilagem
Ensilagem - dificuldades

 Convívio com o regime pluviométrico;


 Umidade original das plantas tropicais;
 Áreas de pastagens desuniformes;
 Reposição de fertilidade ao solo;
 Logística operacional;
 Manejo dos conjuntos mecanizados;
 Tráfego de equipamentos e máquinas;
 Perdas típicas do processo de conservação.
G
R

Suplementação volumosa –
U
P
O

D
E Nova Zelândia
C
O
N
S
E  Semanalmente a massa de forragem é aferida nos
R
V
A 21 piquetes que compõe a fazenda da Universidade
Ç
Ã
O de Lincoln
D
E

F
O Os excedentes de produção de forragem são
R
R
A conservados na forma de silagem emurchecida,
G
E
M sendo utilizada nos períodos de déficit de forragem
G
R
U
P
O
Excedente de forragem
D
E

C
O
N
S
E
R
V
A
Ç
Ã
O

D
E

F
O
R
R
A
G
E
M
Pastejo da área necessária no piquete
e conservação da forragem excedente
G
R
U
P
O
Escassez de forragem
D
E

C
O
N
S
E
R
V
A
Ç
Ã
O

D
E

F
O
R
R
A
G
E
M
Suplementação volumosa a pasto
Suplementação volumosa a pasto
Suplementação volumosa a pasto
Suplementação volumosa a pasto
G
R
U
P
O
Simulação de suplementação de
D
E
volumosos em sistemas de
C
O
produção de bovinos de corte em
N
S
E
pastagens
R
V
A
Ç
Ã
O

D
E

F
O
R
R
A
G
E
M
G
R
U
P
O

D
E
Tabela 1 - Caracterização de fontes de forragem na simulação de
C
O suplementação de bovinos em crescimento
N
S Custo
E
R NDT2 PB2 Produtividade (R$/t Custo
V
A Forragem (%) (%) MS (t/ha)1 MS) (R$/ha)
Ç
Ã
O Pastejo diferido 50 6,2 14 93 1.421
D
E Cana-de-açúcar 60 2,5 28 171 3.748
F
O
R
Silagem de capim 50 7,2 13 525 5.126
R
A
1Produtividade MS = valor assumido como sendo a produtividade total descontada das
G perdas inerentes de cada tipo de forragem utilizada na simulação (pastagem, cana-de-
E açúcar e silagem de capim)
M
2 NDT (%) = Nutrientes Digestíveis Totais; PB = Proteína Bruta, valores retirados do
NRC (1996)
G
R
U
P
O
Tabela 2 - Composição das rações contendo pastagem exclusiva ou
D
associada à volumoso suplementar formuladas para suprir
E exigências de mantença (baixo ganho)
C
O
N
S Forragem NDT PB
E
R Forragem Pastagem1 Suplementar Uréia Mineral (%) (%)
V
A ---------------------- % ---------------------
Ç
Ã
Pastejo
O diferido 96,6 - 1,00 2,40 46,50 8,50
D Cana-de-
E
açúcar 14,00 82,75 1,80 1,45 56,70 8,00
F
O Silagem de
R
R capim 18,00 80,00 0,88 1,12 49,00 9,30
A
G 1Volumoso: 15% pastagem + 85% de forragem suplementar
E
M
Coeficiente de substituição = 0,85
Simulação utilizando animais da raça Nelore, machos não castrados com peso
médio inicial de 300 kg
G
R
U
P
O

D
E
Tabela 3 - Demanda de área a ser cultivada por fontes de volumosos
C
O suplementares e potencial de desempenho animal (período da seca)1
N
S
E Taxa de lotação Área útil IMS GPV
R
V Forragem (Animal/ha) (% total) (kg/dia) (kg/dia)
A
Ç Pastejo diferido 2,42 100 (40%) 5,96 0,04
Ã
O
Cana-de-açúcar 9,71 27 (11%) 6,86 0,57
D
E
Silagem de capim 5,60 44 (18%) 6,30 0,17
F
1Volumoso: 15% pastagem + 85% de forragem suplementar
O
R
R Coeficiente de substituição = 0,85
A
G
E
M
G
R
U
P
O

D
E

C Tabela 4 - Comparação de fontes de forragens na simulação


O
N envolvendo a suplementação de bovinos em crescimento (período
S
E da seca)
R
V
A Forragem Produção (@/ha)
Ç
Ã
O Pastejo diferido 0,58
D
E
Cana-de-açúcar 33
F Silagem de capim 6
O
R
R
A
G
E
M
G
R
U
P
O

D
E

C
O
N
S
Tabela 5 - Comparação da produtividade anual dos sistemas de
E
R
produção
V

Produção (@/ha/ano)
A
Ç
Ã
Forragem
O
Pastagem 34
61
D
E
Cana-de-açúcar
F
O Silagem de capim 25
R
R
A
G
E
M
(19) 3429-4134 nussio@esalq.usp.br

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