Você está na página 1de 4

PROPOSTA DE REDAÇÃO Nº 3 – 8º ANO

Bom dia, turmas do 8º ano! A coletânea abaixo foi retirada de duas fontes distintas. Ambos os textos retratam temas em comum. Tendo-os como apoio, vocês
farão um importante exercício reflexivo. Após o exercício da reflexão crítica, respondam às questões abaixo de modo argumentativo.

Texto 1
PROPOSTA DE REDAÇÃO Nº 3 – 8º ANO

Disponível em: https://www.revistaforum.com.br/quadrinho-desconstroi-o-conceito-de-meritocracia/. Acesso em 20 mai 2018.

Texto 2 – O papel higiênico (Martha Medeiros)


Falamos tanto em acabar com as injustiças sociais e às vezes não banheiro de novo, só que ele estava ocupado pelo irmão da minha colega. Foi
conseguimos mudar regras dentro da própria casa. Em 2005, publiquei uma quando ela perguntou se eu me importaria de usar o banheiro da empregada.
crônica sobre um episódio da minha infância. Estava na casa de uma colega de Lógico que não. Corri para lá, e foi então que vi. O papel higiênico da empregada
aula. Lá pelas tantas, fui ao banheiro — só havia um. Horas depois, precisei ir ao era diferente do usado pela família. Áspero. Parecia uma lixa. Muito mais barato.
PROPOSTA DE REDAÇÃO Nº 3 – 8º ANO

Era costume: comprava-se um papel higiênico macio para os banheiros Falamos tanto em acabar com as injustiças sociais e às vezes não
sociais e outro de pior qualidade para os banheiros de serviço. As relações entre conseguimos mudar regras dentro da própria casa. Todos nós temos um
empregados e patrões continuam sendo uma maneira de flagrar preconceitos. potencial revolucionário que pode se manifestar através de pequenos gestos. Só
Não é por economia que se compra papel higiênico mais ralé para a empregada, uma elite conservadora e cafona depende de empregados até nos fins de
ainda que seja este o argumento. É para segmentar as castas. É para manter a semana, uniformizados como se estivessem no Palácio de Buckingham e tendo
hierarquia. É pela manutenção do poder. que atender aos caprichos de adolescentes que não levantam do sofá para fazer
Vale para a exigência do uniforme também. O nome já diz: o objetivo o próprio sanduíche.
dele é unificar — caso do uso em alguns espaços públicos e coletivos, como O assunto é bem mais sério e abrangente, mas permeia este aspecto
escolas e fábricas. Já no caso dos empregados domésticos e particulares, a também: o quanto, achando que somos senhorios, não passamos de escravos de
imposição do uso é para desunificar, ou seja, lembrar “quem é quem”. uma pretensa superioridade. Pobres de nós e pobre de quem se submete aos
Em 1993, morei alguns meses no Chile e minha funcionária aceitou ir nossos delírios de grandeza, quando tudo poderia ser mais simples: eu preciso da
junto (trabalha comigo há 27 anos). Ela nunca usou uniforme e, chegando lá, se sua ajuda e você precisa de trabalho — ninguém é mais importante que ninguém
deparou com um quadro incomum: não se via uma única empregada sem usar por causa disso. E o papel higiênico tem que ser o mesmo para todos. Essa
um guarda-pó. Nem no prédio em que morávamos, nem nas pracinhas, nem no reivindicação, simbólica, segue valendo 13 anos depois daquela crônica. Aliás,
super. Um dia, me pediu para comprar um para ela. Queria fazer amizade. As 130 anos depois.
parceiras estavam achando ela meio besta.
Disponível em: https://oglobo.globo.com/ela/gente/comportamento/o-papel-higienico-22671593. Publicado em 13 maio 2018. Acesso em 20 mai 2018.

De acordo com a professora de Sociologia da Universidade Federal do Rio


de Janeiro (UFRJ) Celi Scalon, “o conceito de pobreza não pode ser reduzido à
noção de precariedade de renda; mas deve ser entendido de forma mais
complexa e abrangente, como privação de capacidades básicas que conduz à a) Elaborem um pequeno texto argumentativo em dois momentos.
vulnerabilidade, exclusão, carência de poder, de participação e voz, exposição ao Primeiramente, narrem, de forma sucinta, a história ilustrada em forma de
medo e à violência; enfim, à exclusão de direitos básicos e de bem-estar. quadrinhos do ilustrador australiano Toby Morris (Texto 1). Além disso, discutam
Portanto, a questão da desigualdade não deve se restringir a um debate sobre de modo argumentativo: é possível observar semelhante realidade no contexto
desigualdade de renda, uma vez que está relacionada a vários tipos de brasileiro? Justifique sua resposta.
desigualdades como raça, gênero, classe e cidadania, entre outras inúmeras
dimensões da realidade social”. b) Conforme o sociólogo Jessé de Souza, “o indivíduo fracassado não é
No entanto, não raro, escutamos, no Brasil, algumas pessoas que discriminado e humilhado cotidianamente como mero ‘azarado’, mas como
recorrem ao conceito de “meritocracia” para justificar a ascensão de alguns e a alguém que, por preguiça, inépcia ou maldade, por ‘culpa’, portanto, ‘escolheu’ o
pobreza de outros. Essa ideia é, normalmente, utilizada para criticar políticas fracasso”. Esse discurso justifica a não ascensão de alguém que “não se esforçou
públicas contra as mais diversas desigualdades, valendo-se da justificativa de que e, portanto, não merece” galgar e alcançar determinado posto. Nesse sentido,
todos têm as mesmas oportunidades e de que o mérito verdadeiro – o sucesso podemos falar que a ideologia principal do mundo moderno é a ‘meritocracia’,
profissional, por exemplo – depende única e exclusivamente do esforço ou seja, a ilusão - ainda que seja uma ilusão bem fundamentada na propaganda e
individual. na indústria cultural - de que os privilégios modernos são ‘justos’”. Valendo-se
No exercício de hoje, vocês pensarão no conceito de meritocracia e das leituras dos quadrinhos, do ilustrador australiano Toby Morris (Texto 1) e da
responderão, por meio de parágrafos argumentativos, às duas questões crônica de Martha Medeiros (Texto 2), vocês concordam com as ideias de Jessé
seguintes:
PROPOSTA DE REDAÇÃO Nº 3 – 8º ANO
de Souza? Construam um texto argumentativo no qual vocês apresentarão seu
ponto de vista e justificarão o posicionamento escolhido.

Você também pode gostar