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Vê tu também!

(Clareira da floresta com quadro negro marca o espaço escola)


Narrador – Amanhece na floresta. Aos primeiros raios de sol
todos os animais despertam para um novo dia. Sim, há muito
para fazer. Os pais têm os seus trabalhos e os pequenos
animaizinhos preparam-se para mais um dia de escola. Em
grande correria ou em voos apressados lá vão os pequenos
animais aprender tudo o que há para saber. Na clareira da
floresta já está o Professor Lobo, pacientemente à espera dos
seus pequeninos alunos.
(chega o corvo num voo picado)
Lobo – Bom dia, rapaz. (diz o Lobo alegremente)
Corvo – Olá, olá, sr. Professor (diz o corvo, agitado, batendo
energicamente as asas)
Lobo – Pareces nervoso! O que te aconteceu?
Corvo – Quando vinha para a escola vi um animal muito estranho. (diz
com um ar curioso) Vi-o em cima das pedras ao lado do ribeiro. Ele
estava a apanhar sol todo esticado. Não era assim, nem assim, nem
assado… e era de uma cor que não existe…. (chega a toupeira)
Toupeira – Ó sr. Professor (diz esbaforida, quase sem ar). Não vai
acreditar em mim, mas vi um bicho tão esquisito. Não sei de que
animal se trata, mas acho que deve ser perigoso.
Lobo – Vamos, acalma-te toupeira. Como era esse animal que viste?
Toupeira – Ah… não sei bem descrevê-lo. Parecia que não tinha
cabeça. Dava um belo cachecol para me proteger do frio (risos)
Lobo – Finalmente chegou, menina Lebre!! Já não era sem tempo. (diz
o Lobo, num misto de reprovação e de brincadeira)
Lebre – Sabe, sr. Professor: atrasei-me porque vi um animal que
nunca tinha visto. Não tinha patas e era muito comprido. Venha
comigo, vamos ver mais de perto.
(O Professor Lobo tenta acalmar os seus pequeninos alunos, mas eles
continuam em grande alvoroço)
Lobo – Como estão tão excitados com a vossa descoberta, ficam os
ditados e as contas para mais tarde. Cada um vai pintar o estranho
animal que viu. Vamos descobrir quem vos terá causado tamanha
agitação. Menino Corvo, desenha e pinta esse animal que viste.

(O corvo inicia a sua pintura IMPRESSIONISTA e o professor vai


tocando “para passar tempo”. Depois a toupeira – CUBISMO e
finalmente a lebre – ABSTRACCIONISMO.
Nota: o trecho musical que acompanha as pinturas é sempre o
mesmo, com o mesmo instrumento, mas assume sonoridades
típicas de cada movimento artístico)
Quando todos acabam de desenhar, o professor mostra os
desenhos a toda a gente.

Toupeira – (risos) Não era nada assim. E tu, Lebre, ou viste um animal
diferente do que eu vi ou tens de usar óculos (risos). Isso são
garatujas, traços ao acaso. (risos)
Corvo – (risos) Sr. Professor: a toupeira e a lebre não lavaram os olhos
de manhã! (risos) O animal não era assim como eles o pintaram.
Lebre – Óh Sr. Professor. Faça um favor a esta floresta. (risos) Ensine
a pintar os meus coleguinhas. As suas pinturas não estão más, mas
não têm piada nenhuma. Estão horríveis. (risos)
Lobo – Acalmem-se meninos. Já compreendi. Todos viram o mesmo
animal, viram uma cobra, mas cada um de nós a vê de uma maneira
diferente. O nosso pequeno corvo (mostrando o desenho) pintou a
cobra tal como ela o impressionou. Fixou-se no reflexo da luz do sol, na
mistura das suas cores e na impressão que causou aos seus olhos…
Chama-se a isso uma pintura do estilo IMPRESSIONISTA.
- A toupeira olhou para a cobra de vários sítios diferentes, de um lado,
de outro, por baixo e pintou-a com formas geométricas. Imaginou os
alimentos dentro da sua barriga. Foi como se a tivesse visto por fora e
por dentro. A esta pintura chama-se CUBISMO.
- E a lebre não fez traços ao acaso. Estas manchas e estes riscos são
como as suas loucas correrias e às vezes a nossa lebre distrai-se da
realidade, não é? Neste caso ela não quis pintar tudo o que viu, pintou
apenas aquilo que lhe pareceu mais importante, abstraiu-se de tudo o
resto. Podemos chamar ao seu trabalho uma pintura ABSTRACTA.
Na verdade, não existe uma realidade válida para todos. Podemos
olhar para o mundo com olhos diferentes e ver diferentes coisas,
porque nós mesmos somos diferentes e estamos sempre a mudar… E
respeitando os outros, cada um de nós pode ver tudo à sua maneira.

(despindo as personagens)
Paulo ou ZP – Sabem o que aconteceu no dia seguinte? No dia
seguinte a cobra apareceu na escola, a espreitar para poder ver mais
de perto os animais. Porque também ela tinha-os visto e tinha-os
achado muito estranhos por serem tão diferentes dela. E assim, ela foi
aproximando-se muuuuuuiiiito de vagarinho e…. observou-os muito
bem, e foi para casa desenhá-los, a sua maneira…

De seguida, enquanto o Paulo ensina a “canção das pinturas”


(agora original e completa, com a letra) as crianças vão,
individualmente, atrás do biombo/cenário, onde têm muitos
materiais plásticos à disposição, desenhar:
CROCODILO + ABELHA = ?
(O crocodilo e a abelha tiveram um filho. Como será ele? Pinta-
o)

Quando todas as crianças tiverem desenhado, mostram-se


todos os desenhos e reforça-se a ideia da importância, valor e
da subjectividade da expressão artística.
No final, entrega-se aos professores a ficha de “sugestões de
actividades exploratórias” para o aprofundamento das várias
temáticas abornadas na oficina, assim como alguns jogos
recriativos para as crianças levarem para casa.
Entrega-se também informação e divulgação acerca da zunzum
e dos seus projectos.

Paulo Neves e José Pedro Ramos


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