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1 Introdução
2 O teorema de Buckingham
1
2. cada grupo Π seja adimensional;
3. o conjunto dos Πs não deixe de fora nenhuma das variáveis primitivas;
4. os grupos Π sejam independentes uns dos outros.
2
As dimensões fı́sicas de uma variável indicam-se colocando a variável entre
parênteses rectos. Por exemplo, [v] = L T −1 lê-se: a dimensão fı́sica da veloci-
dade v é comprimento a dividir por tempo. Não se confunda a variável com a
dimensão fı́sica. Por exemplo, [d] = L e [λ] = L: a dimensão fı́sica do diâmetro
d é comprimento e a dimensão fı́sica do comprimento de onda λ é comprimento.
3
de tempo é `/v, pelo que ∂v /∂t = (∂v /∂t)∗ (v 2 /`). Substituindo no sistema (3),
obtém-se
(∇·v )∗ (v/`) = 0
∗ ∂v ∗ ρ v 2
2
∗ ρv
∗ ∗
ρ + ρ v ·(∇v ) = (4)
∂t ` `
2
∗ ρv
+ µ(∇2 v )∗ (v/`2 ) + ρ∗ g ∗ (ρ g).
= −(∇p)
`
Rearranjando, fica:
∗
(∇·v ) = 0
∗ (5)
∗ ∂v ∗ ∗ ∗ ∗ 1 2 ∗ 1
ρ
+ ρ v ·(∇v ) = −(∇p) + (∇ v ) + ρ∗ g ∗
∂t Re Fr2
1 µ 1 g`
com= e 2 = 2.
Re ρv` Fr v
Re é conhecido como número de Reynolds, em homenagem a Osborne Reynolds,
e Fr como número de Froude (lê-se Frude ), em honra de William Froude.
A adimensionalização das equações fez emergir os grupos adimensionais como
factores que multiplicam determinados termos na equação (5). O factor Re−1
multiplica o termo viscoso e Fr−2 multiplica o termo gravı́tico. É por isso que,
para condições iniciais e condições de fronteira adimensionais semelhantes, a so-
lução do sistema adimensional (5) será exactamente a mesma se os Re e Fr de
um escoamento forem iguais aos Re e Fr de outro: as respectivas equações adi-
mensionais ficam iguais e portanto têm a mesma solução adimensional. Este é o
ponto de partida da teoria dos modelos.
Observando os termos afectados por cada grupo adimensional, tiram-se conclu-
sões interessantes acerca da função desses grupo. Por exemplo, se o número de
Reynolds for muito grande, como o termo viscoso é multiplicado por Re−1 , a
contribuição do termo viscoso para o escoamento será reduzida, em comparação
com a de outros termos, e eventualmente desprezável.
Se o escoamento for monofásico, a parcela hidrostática da pressão pode eliminar-
-se em (3), juntamente com o termo gravı́tico:
∇· v = 0
ρ ∂v + ρ v ·∇v = −∇p̃ + µ ∇2 v .
∂t
em que p̃ designa o desvio da pressão relativamente à hidrostática local. Se não há
termo gravı́tico, apenas o número de Reynolds aparece na equação de transporte
de quantidade de movimento adimensionalizada:
∗
∗ ∂v ∗ ∗ ∗ ∗ 1
ρ + ρ v ·(∇v ) = −(∇p̃) + (∇2 v )∗ .
∂t Re
4
Se o escoamento envolver mais do que uma fase, ou for compressı́vel, surgem
outros termos no sistema de equações (que incluirá equações de estado), e novos
grupos adimensionais, por exemplo o número de Mach. Noutras circunstâncias,
as condições de fronteira são variáveis com uma frequência f . Nesse caso, nas
condições de fronteira adimensionais aparecerá um número adimensional (f v/`),
associado às duas escalas de frequência f e (v/`).
5
módulo da tensão viscosa será, nalgum ponto, igual à tensão viscosa de referên-
cia, µ v/`, ou o módulo da força de inércia por unidade de área será, nalgum
ponto, igual à sua referência, ρ v 2 . A comparação dos números adimensionais só
interessa para comparar situações análogas: se dois escoamentos tiverem idêntica
geometria, e se os números de Reynolds forem calculados com base em valores
de referência equivalentes, as forças de inércia serão mais importantes naquele
escoamento que tiver um número de Reynolds mais alto. A comparação dos nú-
meros de Reynolds de dois escoamentos completamente diferentes, ou calculados
com base em escalas de referência não comparáveis, não permite tirar conclusões.
6
7.1 Nomenclatura mais frequente para forças e momentos
Em geral, a força exercida pelo fluido sobre um corpo tem componentes em todas
as direcções do espaço. A componente alinhada com o escoamento de aproxima-
ção (cf. Figura 1) chama-se resistência (em inglês, drag force, D), as componentes
ortogonais denominam-se componente de sustentação (em inglês, lift force, L) e
componente lateral. Quando o corpo se comporta como uma asa, a componen-
te ortogonal ao escoamento e ortogonal ao eixo da asa continua a chamar-se
sustentação, mesmo que não seja uma componente vertical (por exemplo, no
exercı́cio 24).
7
e o bordo de fuga). Assim, fica:
8 O número de Reynolds
8
velocidade e portanto tende a uniformizar a velocidade e a difundir a perturba-
ção. A linha a traço interrompido representa o perfil de velocidade uns instantes
depois da perturbação.
A sensibilidade às perturbações depende do balanço entre efeitos convectivos
(instabilizadores) e efeitos viscosos (estabilizadores). A baixos números de Rey-
nolds, as perturbações difundem-se (Figura 2-b), a Reynolds elevados o escoamen-
to auto-amplifica as perturbações(Figura 2-a), que degeneram numa turbulência
persistente, alimentada pelo próprio escoamento.
A Figura 3 evoca um exemplo deste tipo de transição. Uma pluma térmica
acelera verticalmente em virtude da diferença de densidade: enquanto o número
de Reynolds é baixo, a pluma mantém-se estável; até que, a determinado número
de Reynolds, as mesmas perturbações atmosféricas que antes eram atenuadas,
desencadeiam perturbações crescentes que alargam dezenas de vezes o diâmetro
médio da pluma.
Figura 3: O cowboy Lucky Luke do ponto de vista da Mecânica dos Fluidos: à esquerda,
o Lucky Luke original ilustrando o número de Reynolds; à direita, a nova versão,
politicamente correcta, mas sem valor cientı́fico.
9
(a) sigam aproximadamente a forma do corpo
(b) ou se distanciem dele, por existirem tensões viscosas, mas de uma for-
ma que é independente do valor concreto dessas tensões viscosas;
O mecanismo pelo qual as tensões viscosas podem dar origem a zonas de es-
coamento separado do corpo (zonas em que as linhas de corrente não seguem
aproximadamente o corpo) será compreendido mais tarde, ao estudar o capı́tulo
de camada limite. De momento, limitamo-nos a constatar essas separações e a
notar que, sobretudo no caso de corpos não fuselados ou pouco fuselados, é nor-
mal que o padrão das linhas de corrente seja análogo ao da Figura 4. À frente, o
escoamento acompanha a forma do corpo, pelo menos na vizinhança do ponto de
estagnação; à rectaguarda, o escoamento principal segue em frente, contornan-
do a zona de escoamento separado, altamente turbulenta. Quando há esquinas
convexas, como é o caso da aresta posterior do tejadilho do carro da Figura 4,
as separações dão-se aı́, segundo a tangente à superfı́cie sólida. Deste modo, é a
geometria do corpo que define fundamentalmente a altura da zona de escoamento
separado, independentemente da magnitude das tensões viscosas.
Ao separar-se, o escoamento exterior segue em frente, com linhas de corrente
aproximadamente paralelas e com pequena curvatura, pelo que, nessa zona, a
pressão estática é aproximadamente uniforme. Uma simples inspecção qualitati-
va das linhas de corrente mostra que o escoamento exterior está acelerado nessa
zona, em relação ao escoamento de aproximação. Portanto tem uma pressão mais
baixa (a equação de Bernoulli aplica-se ao escoamento exterior). A pressão na
zona de escoamento separado costuma ser aproximadamente uniforme, imposta
pelo escoamento exterior que a rodeia. Em consequência, toda a zona separada,
nomeadamente a face posterior do corpo, tem uma pressão aproximadamente
uniforme. Este patamar de pressão, muito comum na face posterior dos corpos,
denomina-se pressão de base.
10
Figura 5: Esquema da distribuição de pressão em torno de um corpo não-fuselado a
elevado número de Reynolds. O patamar pD pE é a pressão de base.
Figura 6: Esquema das linhas de corrente no plano de simetria em torno de uma casa
simples, com indicação do coeficiente de pressão sobre as paredes Cp = p̃/( 12 ρ v∞
2 ),
11
uniforme Cp = −0,6 e bastante mais baixa que na fachada de barlavento.
Em superfı́cies curvas, sem arestas que fixem o ponto de separação, este po-
de deslocar-se com o número de Reynolds. Os exemplos paradigmáticos são o
cilindro com a geratriz ortogonal ao escoamento e a esfera. Num cilindro, se
a superfı́cie for lisa, verifica-se uma mudança de comportamento por volta de
Re = 5 × 105 . O fenómeno explica-se no capı́tulo relativo às camadas limites,
agora basta referir que para Re < 2 × 105 o escoamento sobre a superfı́cie é lami-
nar, a separação ocorre mais cedo e a esteira fica mais larga; para Re > 5 × 105 o
escoamento é turbulento, a separação ocorre já na superfı́cie posterior, de forma
que a largura da esteira é mais pequena, como se mostra esquematicamente na
parte esquerda da Figura 7.
12
Figura 8: Coeficiente de pressão Cp em função da coordenada angular, ao longo da
superfı́cie de um cilindro, para vários números de Reynolds baseado no respectivo
diâmetro, Re = v∞ d/ν. Figura baseada em Hörner, p. 3.3.
13
Figura 9: Coeficientes de pressão Cp em função da coordenada angular, ao longo
da superfı́cie de uma esfera, para vários números de Reynolds baseado no respectivo
diâmetro, Re = v∞ d/ν. Figura baseada em Hörner, p. 3.7.
14
A Figura 10 representa o coeficiente de resistência de um automóvel tı́pico,
medido na estrada e em escala reduzida em túnel aerodinâmico. Alguns porme-
nores são difı́ceis de reproduzir no modelo (como o movimento relativo do chão e
das rodas em relação ao automóvel) e em estrada é difı́cil asseguar uma velocidade
do vento constante relativamente ao veı́culo. Portanto, ambas as medições têm
incertezas associadas. Apesar disso, os resultados são consistentes e os desvios
estão dentro da incerteza das medições. Para Re > 3 ∼ 4 × 106 não há influência
do número de Reynolds, pelo menos dentro da imprecisão própria destes ensaios.
Abaixo de 3 ∼ 4 × 106 , o número de Reynolds é importante.
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Tipo de geometria CD no limite de Re→ ∞
esfera 0,47
semi-esfera fechada 0,42
calote semi-esférica 0,38
cone aberto, 60◦ 0,50
cubo de frente 1,05
cubo em diagonal 0,80
cilindro comprido 0,82
cilindro curto 1,15
corpo fuselado 0,02
idem assente no chão 0,04
Figura 11: A forma dos corpos e o seu coeficiente de resistência: os corpos mais
fuselados têm um CD menor porque a sua esteira é comparativamente mais pequena.
A Figura 12-a compara a esteira produzida por uma hemisfera sólida com a
de uma calote hemisférica em que os vórtices porteriores se encaixam parcialmen-
te na cavidade. A diferença de altura da esteira explica a diferença de CD . A
Figura 12-b mostra que num cilindro curto a separação se dá tangencialmente à
base frontal, enquanto que num cilindro longo essa primeira separação recola, de
modo que a separação à retaguarda se dá tangencialmente à superfı́cie lateral.
A dimensão relativa das esteiras determina a diferença dos CD . A Figura 12-c
compara a separação num cubo virado de frente para o escoamento com a de um
cubo orientado a 45◦ . Neste último caso, a separação dá-se a um ângulo menor,
a esteira é mais pequena e correspondentemente o CD .
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Figura 12: Forma esquemática da esteira média de (a) uma hemisfera e de uma calote
esférica; de (b) um cilindro curto e um cilindro longo; e de (c) um cubo de frente para
o escoamento ou virado a 45◦ .
8 π/Red v∞ d
CD = , com Red = (cf. Figura 13 para Red < 10).
2 − ln(Red ) ν
CD = 20,37/Red .
As considerações que se fizeram atrás, acerca de zonas de escoamento separado para números
de Reynolds elevados, não se aplicam a baixos números de Reynolds como se vê nos esquemas
acimas. Além disso, em geral, para pequenos números de Reynolds a resistência viscosa é maior
que a resistência de pressão. Por exemplo, a resistência de pressão da esfera é 1/3 e a resistência
viscosa é 2/3 da resistência total. É por isso que o disco tem uma resistência total menor que a
esfera, porque, embora tenha uma resistência de pressão um pouco maior, não tem resistência
viscosa. Nesta gama de pequenos números de Reynolds a difusão viscosa é tão forte que a
equação de Bernoulli não se aplica em nenhum sı́tio, nem sequer antes do ponto de estagnação.
Por isso a pressão de estagnação ultrapassa o valor previsto pela equação de Bernoulli e atinge
aproximadamente Cp max = 1 + 6/Red .
Os CD relativos a números de Reynolds tão baixos são úteis para compreender os mecanis-
mos de deposição e assoreamento de areias.
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Figura 13: Coeficiente de resistência CD de cilindros circulares de comprimento infinito
e superfı́cie hidrodinamicamente lisa, em função do número de Reynolds baseado no
diâmetro, Re = v∞ d/ν. Figura baseada em Hörner, p. 3.9.
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Tal como acontece com o coeficiente de resistência, o coeficiente de susten-
tação e o coeficiente de momento tendem para um valor limite à medida que o
número de Reynolds aumenta e, em muitos problemas de engenharia, pode-se
ignorar a dependência desses coeficientes adimensionais em relação ao número de
Reynolds.
A Figura 15 representa os coeficientes CL , CD e CMC em função do ângulo de
ataque α, para vários valores do número Reynolds. Para os números de Reynolds
representados, verifica-se que acima de 104 o número de Reynolds não influencia
CMC nem CL na gama de pequenos ângulos de ataque. As curvas de CD são
diferentes para Re = 5,8 × 103 mas, para Reynolds superiores só há alguma di-
ferença para CL elevados. Mesmo a ângulos de ataque de ±18◦ , as curvas de CL
e de CD são quase iguais para 5,8 × 105 e 2,9 × 106 , indicando que a variação do
número de Reynolds quase não tem influência. Para Reynolds ainda maiores, é
de esperar que as curvas de CL e de CD sejam iguais às que foram medidas para
Re = 2,9 × 106 .
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esperar, o CD varia com o número de Reynolds e com a rugosidade média ε da
superfı́cie. Em rigor, um detalhe de rugosidade pertence à geometria do corpo
mas, tratando-se de muitas rugosidades pequenas em relação à escala global do
escoamento, o que conta é o seu efeito global, representado pela altura média da
rugosidade. Aparece assim o número adimensional de rugosidade ε/`. A resis-
tência viscosa é um tema central do capı́tulo de camada limite, mas é apropriado
referi-la aqui, porque é um exemplo importante de correlação adimensional.
Para escoamento laminar, Re < 3 × 105 ∼ 106 , Blasius obteve uma solução
analı́tica para o coeficiente de resistência de uma placa plana alinhada com o
escoamento. Para regime turbulento, Re > 3×105 ∼ 106 , dispomos apenas de
correlações experimentais. Para placas lisas, as mais utilizadas são a de Schönherr
(conhecida na engenharia naval como função A.T.T.C., American Towing Tank
Conference) a do I.T.T.C., International Towing Tank Conference e a de Hughes.
No capı́tulo de camada limite deduziremos uma outra expressão, adequada até
Re < 108 . Para recordar que a resistência de atrito se deve apenas a tensões de
corte indicamo-la como CDτ :
0,0586
Schönherr: CDτ = 2
log10 (Re` CDτ ) (7)
regime turbulento
0,075
Re > 3×105 ∼ 106 I.T.T.C.: CDτ = 2
log10 (Re` ) − 2
(para placas lisas)
0,066
Hughes: CDτ = 2
log10 (Re` ) − 2,03
20
Figura 16: Coeficiente de resistência CD de placas planas lisas alinhadas com o esco-
amento, em função do número de Reynolds baseado na distância ao bordo de ataque,
Re` = v∞ x/ν. Figura baseada em Hörner, p. 2.6.
Figura 17: Coeficiente de resistência CD de placas planas lisas alinhadas com o esco-
amento, em função do número de Reynolds baseado na distância ao bordo de ataque.
As curvas de Schönherr e do I.T.T.C sobrepõem-se praticamente, para esta escala e
−1/5
espessura do traço. A aproximação CD = 0,0726 Re` , válida para Re` < 108 , será
derivada no capı́tulo de camada limite.
21
8.4 Escoamentos com perı́odo caracterı́stico
Muitos dos escoamentos referidos nas últimas páginas são não-estacionários. Ge-
ralmente, as variações do campo de velocidade e do campo de pressão apresentam
um espectro muito amplo de frequências, que se enquadra no conceito de turbu-
lência, mas em bastantes casos, além dessas variações aleatórias, identifica-se
uma cadência perı́odica pronunciada, com o escoamento a oscilar pendularmente
entre duas configurações extremas. Um exemplo comum é a estrada de von Kár-
mán, na esteira de muitos corpos (o nome recorda Theodore von Kármán, um
dos que investigaram este tema). Se o número de Reynolds for muitı́ssimo baixo
(Re < 3 ∼ 5, Figura 18-a), a difusão predomina de tal maneira que o escoamento
contorna o corpo de forma quase simétrica. A números de Reynolds superiores,
formam-se dois grandes vórtices contra-rotativos, que só são estáveis até cerca
de Re < 90 (Figura 18-b). A partir daı́, os dois vórtices ficam assimétricos e o
escoamento global também perde a simetria. A assimetria promove o crescimento
do vórtice maior à custa do mais pequeno (Figura 18-c) até ao limite em que o
vórtice atinge o tamanho aproximado do corpo e é arrastado pelo escoamento
principal, deixando o espaço livre ao vórtice oposto, que começa a crescer. Re-
pete-se assim a sequência, alternadamente, dando origem a uma estrada de von
Kármán, constituı́da por vórtices contra-rotativos igualmente espaçados (Figura
18-c), convectados à velocidade do escoamento principal.
22
número de Reynolds. A Figura 19 ilustra a evolução do número de Strouhal
na gama subcrı́tica de Reynolds para três configurações com comprimento infini-
to numa direcção perpendicular ao escoamento: cilindro circular, cunha a 90◦ e
placa normal ao escoamento.
23
9 Teoria dos modelos
Com certa frequência, é impossı́vel, por razões práticas, realizar ensaios em que
todos os números adimensionais relevantes sejam iguais no modelo e no protótipo.
Contudo, mesmo assim pode chegar-se a resultados úteis, se se conseguirem iden-
tificar os números adimensionais mais importantes e, eventualmente, compensar
a diferença nos outros números adimensionais.
24
9.2 Extrapolação da resistência de navios
25
p
1. Escolher a velocidade do modelo vm = vp `m /`p
para igualar os números de Froude (Frm = Frp )
2. Medir a resistência do modelo no tanque: Dm
3. Determinar o número de Reynolds do modelo: Rem = `m vm /ν
para estimar o coef. de resistência de atrito: CDτ m (Rem ) (eqs. 7)
Dτ m = CDτ m Am 21 ρ vm 2
e a resistência de atrito do modelo:
4. Estimar a resistência de onda do modelo: Dwm = Dm − Dτ m
CDw m = Dwm / Am 21 ρ vm 2
e o respectivo coeficiente adimensional:
5. Determinar o número de Reynolds do navio: Rep = `p vp /ν
para estimar o coef. de resistência de atrito: CDτ p (Rep ) (eqs. 7)
Dτ p = CDτ p Ap 12 ρ vp2
e a resistência de atrito:
6. Usar o mesmo CDw m do modelo: CDw p = CDw m
Dwp = CDw p Ap 21 ρ vp2
para calcular a resistência de onda do navio:
7. Somar as parcelas da resistência do navio: Dp = Dwp + Dτ p
Agora, que temos uma visão global da Análise Dimensional, retomamos o ponto
de partida deste capı́tulo, para responder a duas perguntas: porque aparecem
grupos adimensionais? Qual o fundamento do teorema de Buckingham? A res-
posta leva-nos a rever o conceito de propriedade fı́sica e as exigências da sua
medição.
Duas propriedades dizem-se heterogéneas quando não se podem comparar en-
tre si (por exemplo, um comprimento não se pode comparar com uma força) e
homogéneas quando se podem comparar (dois comprimentos podem comparar-
-se). As propriedades homogéneas são mutuamente mensuráveis, isto é, possuem
uma intensidade que, além de se poder comparar, se pode somar, subtrair, mul-
tiplicar e dividir (este comprimento corresponde a n vezes o outro). Medir os
valores x1 , x2 , x3 ... de uma determinada propriedade num conjunto de situa-
ções é determinar os números reais que relacionam esses valores com a unidade
de referência. Por exemplo, medir x1 em relação a x2 é determinar n12 tal que
x1 = n12 x2 .
26
As medidas verificam as propriedades das operações elementares. Por exem-
plo, x2 = n−1
12 x1 . Outro exemplo: se x2 = n23 x3 , então x1 = n13 x3 em que
n13 = n12 n23 . Se mudarmos a unidade de medida (se medirmos x1 com x3 em
vez de medirmos com x2 ), o valor numérico da medida altera-se (n13 num caso
e n12 no outro), mas as medições são equivalentes e podem converter-se uma na
outra sabendo a relação entre as duas unidades (n23 ou n32 ).
As propriedades heterogéneas não são comensuráveis, mas interagem (a força
influencia a aceleração). As relações entre propriedades heterogéneas dão origem
a propriedades derivadas (o quociente entre a força e a aceleração é uma nova
propriedade, chamada massa). Para que as propriedades derivadas verifiquem
as propriedades das operações aritméticas elementares, as suas unidades têm de
definir-se de forma consistente a partir das unidades das propriedades primárias.
Por exemplo, a unidade de massa tem de definir-se como a unidade de força
por unidade de aceleração. Esta exigência de consistência dimensional é o ele-
mento fundamental do princı́pio da homogeneidade, formulado entre outros por
Rayleigh1 .
Os dois membros de qualquer equação têm de ser homogéneos entre si (devem
ter as mesmas unidades) e quando numa expressão aparecem funções transcen-
dentes 2 o argumento dessas funções tem de ser adimensional. Se não fosse assim,
as operações algébricas elementares deixavam de se aplicar às propriedades de-
rivadas. Por exemplo, se os valores de duas propriedades x e y se relacionarem
por
x = ln(y),
esta igualdade só se verifica se forem usadas unidades muito particulares para x
e para y. De facto, quando se escolhe uma unidade mais pequena para y, o valor
numérico de y aumenta e portanto o valor numérico de x também aumenta, o
que só é possı́vel se x for medido noutra unidade: as unidades de x condicionam
as unidades de y e vice-versa. Em contrapartida, uma igualdade do tipo
x y
= ln ,
α β
1
Chamava-se John William Strutt, mas é conhecido assim porque era lorde de Rayleigh.
2
Isto é, funções que não se podem exprimir sob forma polinomial. As principais funções
transcendentes são a exponencial, o logaritmo, as funções trigonométricas e as suas inversas.
27
Isto implica que as equações das ciências da natureza se possam escrever agru-
pando as variáveis de modo a formarem grupos adimensionais. Por exemplo
em que os expoentes a1 , a2 , a3 ... têm de ser tais que cada uma das dimensões
fı́sicas seja adimensionalizada. Por exemplo, se determinada dimensão fı́sica apa-
rece nas variáveis v1 , v2 , v3 ... com os expoentes b1 , b2 , b3 ..., respectivamente,
então b1 a1 + b2 a2 + b3 a3 + ... = 0. Pode escrever-se uma equação deste tipo para
cada uma das p dimensões fı́sicas das n variáveis, constituindo um sistema de p
equações com n incógnitas. O teorema de Buckingham resulta das propriedades
desse sistema de equações.
28
11 Perguntas de revisão e desenvolvimento
Alguns problemas contêm soluções detalhadas e comentários. Nalguns casos, para
facilitar ao aluno a confirmação dos próprios cálculos, apresentam-se resultados
com muitos algarismos: obviamente só os primeiros terão real significado, depen-
dendo não apenas dos arredondamentos aritméticos como das simplificações da
modelação e do rigor dos dados de que se parte.
θ Cp Cp θ Cp Cp
sotavento sub-crı́tico super-crı́tico barlavento sub-crı́tico super-crı́tico
0◦ +1,0 +1,0 90◦ −1,2 −2,1
15◦ +0,7 +0,7 105◦ −1,1 −1,6
30◦ +0,2 +0,1 120◦ −1,1 −0,4
45◦ −0,5 −0,8 135◦ −1,1 −0,3
60◦ −1,2 −1,7 150◦ −1,1 −0,3
75◦ −1,4 −2,2 165◦ −1,1 −0,3
90◦ −1,2 −2,1 180◦ −1,1 −0,3
29
Solução:
Os coeficientes de resistência de pressão são CD p = 1,102 ' 1,1 e CD p = 0,210 ' 0,2
(sub e super-crı́tico) e os coeficientes de resistência viscosa são CD τ = 0,098 ' 0,1 e
CD τ = 0,14 (sub e super-crı́tico). Estas estimativas deixam bem claro que a redução
de CD em regime super-crı́tico se deve ao maior equilı́brio entre as pressões anteriores e
posteriores, que compensa largamente o aumento das tensões viscosas.
gasolina 1,4 ∼ 2,0 l (8,6 l/100 km) 2,98 1,49 0,99 0,75
gasóleo 1,4 ∼ 2,0 l (7,2 l/100 km) 2,76 1,38 0,92 0,69
Comboio TGV 300 km/h (tipo Paris–Bruxelas) 2,86 1,43 0,96 0,72
TGV 300 km/h (tipo Paris–Londres) 2,50 1,25 0,83 0,62
Interurbano 1,14 0,57 0,38 0,29
30
Solução:
Os consumos energéticos devem comparar-se para serviços de idêntica qualidade, isto
é, igual tempo de viagem porta-a-porta. Por a resistência aerodinâmica ser preponde-
rante, o consumo energético de cada transporte terrestre aumenta com o quadrado da
velocidade. Por exemplo, embora as velocidades máximas do TGV Paris–Bruxelas e do
TGV Paris–Londres sejam semelhantes, o TGV Paris–Londres faz parte do percurso a
velocidade reduzida, limitado a cerca de 1/3 da velocidade máxima. Os consumos são
diferentes principalmente por isso. A mesma observação se pode fazer relativamente aos
comboios interurbanos mais lentos.
Se um comboio atingisse velocidades máximas 3 vezes maiores, parecidas com as do avião,
teria um consumo cerca de 9 vezes maior, bastante superior ao do avião. Conclui-se que
o avião é a máquina mais eficiente, quando a distância justifica velocidades muito altas.
O consumo energético dos aviões depende sobretudo do seu peso e não directamente da
velocidade — veja-se o exercı́cio 10.
A tabela chama a atenção para a importância da taxa de ocupação dos meios de trans-
porte no consumo energético por passageiro. Na aviação, a taxa de ocupação média
situa-se frequentemente acima de 90%; nos comboios de alta-velocidade aproxima-se de
65% nos autocarros interurbanos a média é cerca de 50%.
A tabela considera como energia primária do comboio a energia disponı́vel à entrada do
motor eléctrico, mas seria mais correcto considerar a energia consumida na geração da
electricidade.
É fácil verificar que os três grupos são adimensionais e contêm todas as variáveis. Além
disso vê-se imediatamente que não são trivialmente dependentes, porque cada um tem
alguma variável que os outros não têm.
31
Figura 20: A velocidade de um jacto depende da profundidade.
É fácil verificar que todos eles são adimensionais, incluem no seu conjunto todas as 8
variáveis primitivas e não são redundantes. Para comprovar esta última exigência basta
reparar que cada grupo inclui uma variável que não está presente em mais nenhum outro.
32
escoamento no modelo tem uma velocidade média de 0,6 m/s a montante
do descarregador, para um caudal de 0,05 m3 /s. A força medida no modelo
é de 15 N.
33
(d) As dimensões fı́sicas da tensão superficial são [τs ] = M T −2 (força por unidade de
comprimento, não por unidade de área). Ao introduzirmos este parâmetro no pro-
blema, torna-se necessário acrescentar um novo número adimensional, por exemplo
We = ρ v 2 `/τs (este grupo adimensional é conhecido como número de Weber, em
honra do Engenheiro Naval alemão Moritz Weber, falecido em 1951).
Neste problema, ρ e τs são iguais no modelope no protótipo, pelo que a igualdade
dos números de Weber implicaria vp = vm `m /`p . Esta relação é incompatı́vel
com a igualdade dos números de Froude e como num descarregador o efeito gravı́ti-
co é mais importante que a tensão superficial, o número de Froude tem prioridade.
Para números de Froude iguais, a razão de números de Weber vem
2
vp2 `p
Wep `p 1
= 2 = = .
Wem vm `m `m 900
34
pelo que se podem utilizar as curvas para o Reynolds máximo. A sustentação e a
resistência das asas a um dado ângulo de ataque são dadas por
1 2 1 2 CD
M g = L = CL A ρv D = CD A ρv donde D = M g
2 ∞ 2 ∞ CL
em que A designa a área da superfı́cie alar em planta. A potência propulsiva é
P = D v∞ e será mı́nima quando a resistência for mı́nima, o que implica CD /CL
ser mı́nimo. Como se mostra na Figura 22, o mı́nimo de CD /CL ocorre a CL = 1,1
e CD = 0,0095.
(a) Comece por considerar que o escoamento só tem componente vertical
e, como primeira aproximação, admita que o número de Reynolds da
35
partı́cula baseado no diâmetro é pequeno, Red < 1.
(b) Analise o caso em que a aragem tem também uma componente hori-
zontal estacionária.
(Uma componente vertical de cerca de 0,5 mm/s levanta este grão de pólen!). Para
esta velocidade, Red = 2,18 × 10−4 , o que confirma o coeficiente de resistência.
(b) Se a aragem tem uma componente horizontal, a partı́cula de pólen adquire rapida-
mente uma velocidade igual, de modo que a componente horizontal da velocidade
relativa se anula.
(c) No instante inicial, a velocidade relativa é u(0) = 10 m/s, Red = 4 e CD = 8. Nesse
instante, a aceleração horizontal da partı́cula é dvx /dt = D/M = 2,40 × 105 m/s2 ,
em que M é a massa da partı́cula. Ao fim de 4,2 × 10−6 s a velocidade da par-
tı́cula teria aumentado 1 m/s e em pouquı́ssimo tempo atingiria praticamente a
velocidade horizontal do vento.
36
13. A Figura 23 representa um ciclone de depoeiramento, comum em serrações
de madeira para limpar o ar e recuperar as partı́culas de madeira, úteis
como combustı́vel ou como matéria prima para o fabrico de aglomerado. O
ar com partı́culas entra tangencialmente num recipiente cilı́ndrico-cónico,
de onde sai axialmente. A rotação produz a separação das partı́culas mais
densas que o fluido, que são recolhidas num depósito colocado por baixo do
ciclone, enquanto que o ar limpo sai por cima. A eficiência de recolecção
do ciclone varia como se representa na Figura 23. O diâmetro de corte, dc ,
para o qual se verifica uma eficiência de 50%, coincide aproximadamente
com o menor diâmetro das partı́culas que não são arrastadas para o centro,
nas zona cilı́ndrica alinhada com o tubo de saı́da.
Considere um ciclone em que nessa zona, cujo raio é R1 = 0,15 m, a veloci-
dade tangencial do ar é vθ = 20 m/s e a velocidade radial do ar é vr = 5 m/s.
A velocidade tangencial das partı́culas sólidas é aproximadamente igual à
velocidade do ar. A massa volúmica da madeira é ρm = 800 kg/m3 . Consi-
dere que as partı́culas são esféricas.
Figura 23: Ciclone tı́pico de serrações de madeira. À esquerda, curvas de eficiência de se-
paração em função do diâmetro das partı́culas: quanto maior a turbulência, menor a precisão
de separação em torno do diâmetro de corte. As proporções de altura e raios indicadas nesta
figura correspondem aproximadamente à geometria óptima. À direita, esquema dos perfis da
componente tangencial da velocidade vθ e da componente radial vr .
37
(c) Qual a relação entre o tamanho do ciclone e a sua eficiência de sepa-
ração?
(d) A indústria mineira emprega hidrociclones, em que o fluido é água em
vez de ar, para o enriquecimento primário. A rocha é desagregada
em grãos monofásicos (só de ganga ou só de minério), que passam, em
emulsão com a água, através dos hidrociclones. O minério é centrifuga-
do, porque é habitualmente mais denso que a ganga (a massa volúmica
do minério pode ser 8 × 103 kg/m3 e a da ganga 2 × 103 kg/m3 ), en-
quanto as partı́culas de ganga em suspensão saem pelo lado oposto.
A operação de separação diferencial denomina-se classificação. Com-
pare a eficiência dos ciclones de despoeiramento das serrações com a
eficiência de classificação dos hidrociclones da indústria mineira.
Solução:
(a) O volume de uma esfera de diâmetro d é π d3 /6 .
A componente radial do gradiente de pressão devido à curvatura das linhas de cor-
rente é ∂ p̃/∂r = −ρar vθ2 /r. A força radial exercida por este gradiente sobre uma
esfera de diâmetro d é F1 = ∂ p̃/∂r π d3 /6 . Esta força é centrı́peta e portanto
negativa.
A componente centrı́fuga das partı́culas sólidas é F2 = ρm π d3 /6 vθ2 /r.
A resistência aerodinâmica de uma partı́cula com velocidade radial nula, devida à
componente radial da velocidade do ar, é F3 = −CD (π d2 /4) 12 ρar vr2 . Esta força
é negativa porque o ar tende a arrastar a partı́cula na direcção centrı́peta.
A partı́cula tem aceleração radial nula quando estas três forças radiais se equili-
bram F1 + F2 + F 3 = 0:
v2
3
v2
3 2
d d d 1
−ρar θ π + ρm θ π − CD π ρar vr2 = 0.
r 6 r 6 4 2
Rearranjando, d 3
ρar
2
vr
= CD . (8)
R1 4 ρm − ρar vθ2
Para vr = 5 m/s, o número de Reynolds da partı́cula, baseado no diâmetro, é da or-
dem da dezena, portanto podemos tomar como primeira aproximação CD = 5 (cf.
Figura 14). Com essa estimativa, resulta d = 5,28×10−5 m e Reynolds Red = 17,6.
Revendo o CD com base neste Reynolds, e iterando, chega-se a Red ' 14, CD = 4
e dc = 4,4 × 10−5 m.
(b) Antes de considerar a potência, o problema pode formular-se com 4 grupos adi-
mensionais, Π1 = d/R1 , Π2 = CD , Π3 = ρar /(ρm − ρar ) e Π4 = vr /vθ , cuja
relação é, como se viu na equação (8), Π1 = 43 Π2 Π3 Π44 . Aumentar o caudal
não altera Π4 , porque vr e vθ aumentam na mesma proporção, mas altera CD ,
porque aumenta o número de Reynolds da partı́cula. Este aumento de Red reduz
um pouco CD (cf. Figura 14) pelo que Π1 também diminui. Portanto dc diminui,
embora pouco.
P
A potência P pode ser adimensionalizada por um novo grupo, Π5 = .
ρar vθ3 R12
Vê-se que, em condições de semelhança, a potência consumida aumenta com a ter-
ceira potência do caudal. Percebe-se que o critério de dimensionamento depende
38
de um balanço económico entre o custo de montar mais ciclones em paralelo e a
poupança energética de reduzir o caudal em cada um deles.
(c) CD aumenta ligeiramente pela diminuição do tamanho. Salvo essa diminuição de
CD , Π1 mantém-se, donde, aproximadamente, dc ∝ R1 .
É por este motivo que, quando é preciso reduzir os calibres de separação, se utilizam
baterias de ciclones muito pequenos, como os hidrociclones referidos na alı́nea (d).
(d) Numa serração pretende-se separar as partı́culas de madeira do ar (Π3 ' 1,5×10−3 )
e na indústria mineira a eficiência de classificação refere-se à separação diferencial
da ganga e do minério. O hidrociclone centrifuga os grãos de minério até um
diâmetro dM e os grãos de ganga até um diâmetro dG , na seguinte proporção:
2
3 ρH2 O vr
dM dM /R1 4 CD M ρG −ρH2 O vθ
CD M
ρG − ρH2 O
1
= = 2 = ' .
dG dG /R1 C ρ − ρ 7
3 ρ H2 O vr DG M H2 O
4 CD G ρG −ρH O 2
vθ
Como o volume dos grãos varia com a terceira potência do diâmetro, a proporção
volúmica do grãos não separados seria da ordem de 1/73 = 1/343, se a operação
não tivesse algumas outras ineficiências, de vária ordem.
A situação idela seria dispor de um fluido com a densidade da ganga. Nesse caso, se
a função de eficiência do ciclone fosse abrupta, conseguir-se-iam recolher todas as
partı́culas de minério e arrastar toda a ganga com o fluido. A água, não cumprindo
exactamente este requisito ideal, é nitidamente melhor que o ar.
Nota: Os ciclones utilizam-se em aplicações variadas, desde a indústria alimentar até cer-
tas centrais termo-eléctricas, para separar as gotas lı́quidas do vapor de água saturado,
antes do último pré-aquecimento, à entrada do andar de baixa pressão.
14. A antena de rádio de um automóvel que se desloca a 144 km/h pode ser
aproximada por um cilindro infinito de eixo perpendicular ao escoamento.
Sabendo que a antena tem um diâmetro de 6 mm, estime a frequência com
que a antena vai ser excitada pelo escoamento devido à libertação alternada
de vórtices em estrada de von Kármán. Para simplificar, considere que a
velocidade relativa do vento é a velocidade do automóvel.
Solução:
O número de Reynolds baseado no diâmetro é Re = 1,6 × 104 . Do gráfico da Figura
19 conclui-se que o número de Strouhal baseado no diâmetro é Str = 0,196 (a figu-
ra mostra o grau de incerteza deste valor). A frequência de libertação dos vórtices é
f = Str U∞ /d = 1307 Hz. A esta velocidade, o assobio que se ouve é aproximadamente
um Mi 6 (= 1318,5 Hz).
Algumas frequências naturais da antena são aproximadamente submúltiplas da frequên-
cia de excitação aerodinâmica, pelo que a antena corre o risco de entrar em ressonância.
Se cada troço da antena tiver uma frequência de excitação diferente, ou desfasada, a
força aerodinâmica resultante diminui. É essa a função das espirais (em inglês, helical
strakes) que se vêem em torno de algumas antenas de automóvel, cf. Figura 24.
15. Considere que se pretende estudar com mais pormenor a antena de auto-
móvel, referida no problema anterior, ensaiando um modelo à escala num
escoamento de água. Para facilitar a medição do escoamento, o modelo será
3 vezes maior que o protótipo.
39
Figura 24: À esquerda, estrias helicoidais na antena de um automóvel. À direita, os novos
postes de alta-tensão da ON Line (One Nevada line, nos E.U.A.) equipados com estrias helicoi-
dais. Em Outubro de 2010, alguns dos postes anteriores, sem estrias, entrarem em ressonância
com o vento e as soldaduras cederam por fatiga. O problema tem uma certa complexidade por-
que estes postes são muito flexı́veis e têm um movimento que reforça a excitação aerodinâmica,
além disso, o diâmetro varia com a altura (alterando a frequência de excitação) e a velocidade
do vento aumenta com a altura, alterando também essa frequência.
40
Solução:
(b) Se interessa conhecer a potência energética, esta variável passa a fazer parte do
problema, juntamente com as variáveis enumeradas na alı́nea (a), que tinham da-
do origem ao número de Reynolds e ao número de Strouhal. A potência [P ] =
M L2 T −3 inclui a dimensão fı́sica massa, pelo que é necessário identificar pelo
menos mais uma variável com essa dimensão fı́sica: naturalmente ela é a massa
volúmica ρ do fluido. O grupo adimensional relacionado com a potência pode ser
Π3 = P/(ρ v 3 d2 ). Para que este grupo seja igual,
3 2
Pm ρm vm dm
= = 0,(740).
Pp ρp vp dp
Assim, para antenas rı́gidas, o custo energético de um ensaio com a mesma duração
é ligeiramente menor, 74%, num túnel de água que num túnel aerodinâmico.
(c) Se a antena e o modelo forem flexı́veis, a respectiva rigidez [k] = M T −2 passa a
ser importante. Como k inclui a dimensão fı́sica de massa, é precisa outra variável
que tenha esta dimensão fı́sica. Uma certa experiência leva-nos a concluir que essa
variável é a massa volúmica ρ do fluido. Com estas duas novas variáveis torna-se
necessário outro grupo adimensional, que pode ser Π4 = k/(ρ v 2 d). Para a antena
e o modelo terem Π4 iguais
3/2 1/2
km ρm νp fm
= = 11,(1).
kp ρp νm fp
Arranjar um modelo mais rı́gido que a antena não oferece dificuldade, tanto mais
que o modelo tem um diâmetro maior.
(d) O grupo adimensional mais simples é Π5 = ρs /ρ, em que ρs designa a massa vo-
lúmica média do corpo sólido que constitui a antena. Para o modelo ter a massa
volúmica média adequada teria de ser ρsm /ρsp = ρm /ρp = 833,(3) vezes mais denso
que a antena real. A não ser a que antena real fosse um tubo tão fino que a sua
massa volúmica média fosse muito baixa, não seria possı́vel fabricar um modelo
com uma massa volúmica média 833 vezes maior que a da antena. A conclusão é
que o ensaio com água serve para estudar antenas rı́gidas mas não se presta para
estudar antenas flexı́veis, a não ser que não seja importante respeitar o mesmo
número de Reynolds.
16. Pretende-se ensaiar o tabuleiro de uma ponte suspensa para garantir que
não instabiliza por acção do vento. O ensaio será realizado num túnel ae-
rodinâmico, com um modelo à escala reduzida de 1:100. Tenha em conta
que não é prático ensaiar um modelo com frequências próprias demasiado
41
elevadas. Admita um máximo aceitável para fm .
Dimensione as condições de ensaio supondo que o número de Reynolds é
menos importante que a deformação da ponte à flexão. Determine o desvio
no número de Reynolds.
Solução:
As variáveis do problema são a frequência f de oscilação da ponte, a velocidade do vento
v, o comprimento de referência ` (por exemplo a largura do tabuleiro), a rigidez da ponte
à flexão k, a massa do tabuleiro em oscilação M/` por unidade de comprimento, a massa
volúmica e a viscosidade cinemática do ar, ρ e ν.
Os quatro grupos adimensionais correspondentes podem ser
p
f v` M/` M/`3 k/M
Str = , Re = , Π3 = = e Π4 = .
v/` ν ρ `2 ρ v/`
Se o número de Reynolds tem pouca importância, e dando por descontado que os Π3 são
iguais, o problema exprime-se adimensionalmente na forma Str = função(Π4 ).
Nota 1: Para diminuir a diferença entre os Reynolds, conviria realizar o ensaio à veloci-
dade máxima permitida pelo túnel, no entanto, em geral isso implica que a frequência
própria do modelo seja impraticavelmente grande. Portanto, a velocidade do ensaio está
limitada pela frequência fm .
p
Nota 2: O grupo Π4 escrito acima é uma variante do número de Strouhal, porque k/M
é uma frequência.
Nota 3: Normalmente, a torção do tabuleiro também é importante, além da flexão. A
torção introduz o desvio angular, a rigidez torcional e o momento de inércia dessas rota-
ções. O problema precisaria de mais dois grupos adimensionais além do ângulo, que já é
adimensional.
42
(a) As variáveis de referência são a potência P , o comprimento `, o caudal volúmico Q,
a massa volúmica do lı́quido ρ, a aceleração gravı́tica g e a viscosidade cinemática
ν. O problema tem dois grupos adimensionais, por exemplo Π1 = P/(ρ g Q `)
e Π2 = (Q/`)/ν. Π2 é uma variante do número de Reynolds e sabe-se que, na
generalidade dos problemas de engenharia, em que o número de Reynolds é gran-
de, como é o caso, a sua influência é pequena. Portanto, Π1 é aproximadamente
constante e a potência P aumenta com n4 .
(b) As variáveis de referência são o caudal volúmico Q, a velocidade angular ω e o
diâmetro d do rotor (ou qualquer outra dimensão linear). O grupo adimensional
resultante é, por exemplo, Π3 = Q/(ω d3 ). A velocidade angular do rotor seria a
mesma.
(a) Calcule a escala do modelo mais adequada para este ensaio. Determine
o volume do submarino.
(b) Seria grave utilizar um modelo um pouco mais pequeno do que o cal-
culado na alı́nea anterior? Porquê?
(c) Supondo que coubesse folgadamente no túnel, seria possı́vel usar um
modelo duas vezes maior (as dimensões lineares seriam o dobro) que o
calculado na alı́nea (a)?
(d) Qual a relação entre a resistência deste modelo maior e a do modelo
mais pequeno?
Solução:
43
2
Dm ρm vm `2m
(d) A razão de forças de resistência seria = = 5,333 × 10−6 .
Dp ρp vp `2p
2
44
(c) Se o rendimento de propulsão for cerca de 60%, parece-lhe que uma
máquina com 3,5 MW de potência nominal serve para este navio?
(d) A superstrutura do navio é parecida com um paralelepı́pedo com 20 m
de comprimento, por 15 de altura, por 10 de largura. Faça uma esti-
mativa da resistência desta parte do navio, num dia sem vento em que
o navio se desloque à velocidade nominal, para verificar se a resistência
aerodinâmica da superstrutura alteraria a resposta à alı́nea anterior.
(e) Constatou-se que eram precisos 20 s para a resistência do modelo esta-
bilizar. Se a aceleração do navio no mar for igual (exactamente igual,
em m/s2 ), quanto tempo se deveria esperar nos ensaios no mar, para
também obter resultados estabilizados de resistência? Sugestão: qual
é a relação entre as escalas de tempos? E de acelerações?
45
Figura 25: Coeficiente de resistência de onda do modelo em função do número de Froude.
Os coeficientes de resistência deste gráfico baseiam-se no quadrado do comprimento do navio e
não na área molhada. (Figura adaptada de Munson et al., p. 607, fig. 9.26).
Solução:
46
22. Pretende-se ensaiar uma central de energia das ondas com um modelo em
escala reduzida. A central é constituı́da por um flutuador de 14 m de diâ-
metro, a que correspondem 14 cm no modelo (portanto a escala de compri-
mentos é 1:100). O ensaio será feito em água salgada com densidade igual
à do mar (portanto a escala de densidades é 1:1). A aceleração gravı́tica é
igual no modelo e no protótipo (portanto a escala de acelerações é 1:1).
(a) Qual a altura das ondas no tanque de ondas, para simular um estado
de mar com ondas de 4 m?
(b) Qual deve ser o perı́odo das ondas no tanque de ondas, para simular
ondas marı́timas com perı́odo de 10 s?
(c) Se o equipamento de extracção de energia da central exercer uma força
de 4 × 105 N (40 ton), qual a força correspondente no modelo?
Solução:
(a) 4 cm. (b) 1 s. (c) 0,4 N.
23. Verifica-se que um pontão não entra em ressonância com ondas incidentes
de perı́odo inferior a 16 s (cf. Figura 26). Pretende-se aumentar as dimen-
sões lineares do pontão para o dobro, de modo que o novo pontão seria duas
vezes mais alto, duas vezes mais largo, etc.
Figura 26: O pontão inicial foi considerado estável para perı́odos inferiores a τ = 16 s.
47
Solução:
p
(a) O perı́odo
p adimensional τ / `/g é igual no pontão antigo (1) e no novo (2) quando
τ2 = τ1 `2 /`1 . Se o antigo não entrava em ressonância para τ1 < 16 s, o novo não
entra em ressonância para τ2 = 22,63 s. Portanto, sob este aspecto é mais seguro.
(b) Aumenta 8 vezes.
(c) Só se alterava se o número de Reynolds desempenhasse um papel relevante neste
problema. Mesmo assim, a variação de viscosidade cinemática seria muito pequena
e o número de Reynolds não variava significativamente. A elevados números de
Reynolds uma variação significativa é, no mı́nimo, de um factor de 2.
48
Figura 27: Coeficientes de sustentação e de resistência de vela triangular bermudiana (em
inglês, finn-type), obtidos em túnel aerodinâmico à escala 51 . O ângulo de ataque α refere-se à
posição da retranca. (C. A. Marchaj, pp. 550-1, Figs. 3.15-17).
49
Figura 28: Esquema das forças aerodinâmicas exercidas pelo vento sobre a vela.
(a) Falta pelo menos uma variável, porque a velocidade tem dimensões de tempo e mais
nenhuma outra variável tem essa dimensão fı́sica, impossibilitando a adimensiona-
lização de c. Além disso, apenas ρ tem dimensões de massa e portanto também
não se pode adimensionalizar. Ou ρ não é uma variável do problema ou falta outra
variável que inclua a dimensão fı́sica de massa.
√
(b) Há dois grupos adimensionais. Por exemplo, Π1 = c/ g λ (= Fr) e Π2 = H/λ.
Verifica-se que o segundo grupo é pouco √ importante para Π2 < 0,05, de modo que
Π1 é constante. Isto implica que c ∝ λ. As ondas cuja velocidade de propagação
depende do comprimento de onda designam-se por dispersivas, porque a diferença
de velocidade separa as componentes harmónicas do espectro.
Nota: no capı́tulo de ondas de superfı́cie livre mostra-se que Π1 = (2 π)−1/2 ' 0,4.
(c) Não tem de depender de mais variáveis porque a viscosidade cinemática ν se po-
de adimensionalizar com as variáveis anteriores, por exemplo Π3 = g λ3 /ν 2 . Este
50
grupo √ é o quadrado de um número de Reynolds em que a velocidade de referência
seja g λ.
Nota: As ondas oceânicas atravessam grandes distâncias praticamente sem dissi-
pação, portanto no mar alto o número de Reynolds das ondas costuma ser pouco
importante. Na rebentação é muito importante.
(d) O grupo adimensional Π4 = d/λ serve para identificar se a profundidade é impor-
tante. A velocidade de propagação da onda verifica Π1 = função(Π2 , Π3 , Π4 ).
Nota 1: Verifica-se que, para d/λ > 0,3 a profundidade quase não afecta a velocidade
de propagação. Para d/λ < 0,008 a profundidade é o parâmetro mais determinante e o
comprimento de onda influi pouco.
Nota 2: Quando a profundidade é mais importante que o comprimento
√ de onda, em
vez do grupo Π1 indicado acima, é mais lógico usar Π∗1 = c/√ g d. No limite em que
só a profundidade importa, o problema reduz-se a Π∗1 = c/ g d, em que, se√a altura
adimensional (H/λ) for pequena, Π∗1 é uma constante. Nestas condições, c ∝ d.
Nota 3: Um estudo mais aprofundado mostra que Π∗1 = 1.
51
ângulo de balanceio (variável no tempo t) [θ] = adimensional
comprimento de referência [`] = L
altura das ondas [H] = L
perı́odo das ondas [T ] = T
comprimento de onda das ondas [λ] = L
momento de inércia de balanceio do navio [I] = M L2
aceleração gravı́tica [g] = L T −2
É evidente que este conjunto não pode ser suficiente, porque apenas o momento de inér-
cia do navio inclui a massa como dimensão fı́sica. A variável lógica para o completar é
a massa volúmica ρ da água. Ficamos assim com 8 variáveis e 3 dimensões fı́sicas fun-
damentais, de modo que o problema tem 5 grupos adimensionais. Um deles é o próprio
ângulo θ. Os outros podem ser
H λ g T2 I
Π1 = θ, Π2 = , Π3 = , Π4 = , Π5 = .
` ` ` ρ `5
Podem escolher-se infinitas outras combinações, mas este elenco tem a dupla vantagem
de ser simples e de usar como comprimento de referência o comprimento do barco, que
é conhecido. A Análise Dimensional diz-nos que, se os grupos Π2 , Π3 , Π4 e Π5 forem
iguais no modelo e no protótipo, então Π1 também será o mesmo. Daqui resulta uma
série de relações:
52
Solução: Se acrescentarmos a viscosidade cinemática ν da água à lista de variáveis, apa-
rece mais um grupo adimensional, que pode ser Π7 = `2 /(ν T ). Este grupo é da famı́lia
do número de Reynolds, com uma velocidade caracterı́stica dada por `/T .
Neste ensaio é impossı́vel que os efeitos viscosos estejam na mesma escala, (Π7 )m =
(Π7 )p , a não ser que as viscosidades da água do mar e do tanque fossem completamen-
√
te diferentes. Substituindo a razão de perı́odos Π4 em Π7 , vem Π7 = `3/2 /ν/ g Π4 .
Os Π4 têm de ser iguais e, para idênticas viscosidade e aceleração gravı́tica, (Π7 )m =
0,0316 (Π7 )p . Uma vez que não é possı́vel respeitar a proporção adequada para os efeitos
viscosos (os Π7 são diferentes), é preciso verificar se eles são pouco importantes para
o objectivo do ensaio e, eventualmente, pode-se distorcer sabiamente o modelo, para
compensar a diferença. Por exemplo, pode ser vantajoso aumentar artificialmente a ru-
gosidade em determinados pontos do casco do modelo, para tornar os escoamentos mais
semelhantes.
30. Compare uma turbina eólica com uma turbina semelhante que aproveite
a corrente da maré. Admita, pelo menos como hipótese inicial, que as
turbinas são geometricamente semelhantes. A velocidade média do vento
é 16 m/s, a velocidade da corrente é 8 m/s. A massa volúmica do ar é
1 kg/m3 , a da água é 1000 kg/m3 . Admita que a turbina de corrente está
a uma profundidade suficiente para não sofrer cavitação.
(a) Para a mesma potência extraı́da, qual a relação entre a força exercida
pela torre da turbina eólica e a torre da turbina de corrente?
(b) Para a mesma potência, qual a relação de diâmetros entre as duas
turbinas e a relação entre as suas velocidades de rotação?
(c) Para a mesma potência, qual a relação de binários?
(d) Compare, para a mesma potência, a tensão nas pás.
(e) Compare, para a mesma potência, a quantidade de material das tor-
res, se adequarmos a espessura das paredes para se verificarem tensões
iguais.
Solução:
As variáveis são a potência P , a força D, a massa volúmica ρ, a velocidade da corrente v,
o diâmetro d, a velocidade angular ω, o binário T e a tensão de referência nas pás σ (esta
tensão pode ser o módulo, ou uma componente, da tensão num determinado ponto).
Os números adimensionais podem ser Π1 = P/(D v), Π2 = D/( 21 ρ v 2 d2 ), Π3 = ω d/v,
Π4 = T /(D d) e Π5 = σ/( 12 ρ v 2 ). Em condições de semelhança, estes grupos adimensio-
nais são iguais nas duas turbinas. Utilizaremos o ı́ndice e para indicar a turbina eólica
e m para a turbina marı́tima.
53
(c) Para a mesma potência e para Π4 iguais, a relação de binários vem Tm /Te =
(Dm /De ) (dm /de ) = 0,179.
(d) Com Π5 iguais, a relação de tensões em pontos homólogos é σ m /σ e = σm /σe =
(ρm /ρe ) (vm /ve )2 = 250.
(e) A última alı́nea refere-se a uma situação de dissemelhança, mas que tem uma
relação directa com uma configuração à escala. A torre tem uma dimensão (a
espessura das chapas) muito menor que as outras (altura, diâmetro, etc.), de mo-
do que variar a espessura altera as tensões na mesma proporção, modificando-as
apenas em módulo. Assim, para a tensão ser igual na turbina de corrente, a re-
lação de espessuras tem de ser εm /εe = σm /σe . Portanto a relação de volumes
vem Vm /Ve = (εm d2m )/(εe d2e ) = 2. Embora necessite de espessuras muito maiores
para o mesmo nı́vel de tensões, a turbina de corrente marı́tima só gasta o dobro
do material por ser mais pequena.
Nota: Uma turbina de corrente tem impactos ecológicos mais gravosos que uma turbina
eólica e sofre mais a corrosão, mas tem o mérito de ser mais pequena, mais rotativa (o
que é vantajoso para o gerador eléctrico) e de aproveitar um recurso natural de variação
muito regular no tempo e portanto previsı́vel. O problema é que a torre e as pás da
turbina de corrente estão sujeitas a esforços maiores e, neste exemplo, para espessuras
na mesma escala, têm tensões 250 vezes maiores. A torre pode ser construı́da com cha-
pas mais espessas, mas o rotor da turbina eólica já tem espessuras grandes e não é fácil
alterar a sua espessura sem modificar substancialmente a forma exterior das pás. Isto
invalida que o rotor de uma turbina marı́tima possa ser semelhante ao de uma turbina
eólica e sugere que o investimento numa turbina de corrente será sempre maior, por
unidade de potência, que numa turbina eólica. Os protótipos de turbinas de corrente
que se construı́ram são máquinas muito reforçadas, com muitas pás para distribuir os
esforços, e, mesmo assim, não resistiram.
54
Solução:
À primeira vista, o problema tem três variáveis e três dimensões fı́sicas independentes:
[c] = L T −1
[k] = M L−1 T −2
[ρ] = M L−3
3 3
o que daria nenhum grupo adimensional! Na verdade, o sistema M, L, T não é o mais
adequado a este caso, porque representa as variáveis com um número de dimensões fı́si-
cas superior ao mı́nimo. Experimentemos os sistemas de dimensões fı́sicas (V, p), (V, ρ) e
(p, ρ), em que p e ρ designam neste contexto as dimensões fı́sicas de pressão e de massa
volúmica.
(V, p) (V, ρ) (p, ρ)
[c] = V = V = p1/2 ρ−1/2
[k] = p = ρV 2 = p
−2
[ρ] = p V = ρ = ρ
3 2 2 2
Em qualquer destes sistemas, o problema apresenta apenas duas dimensões fı́sicas in-
dependentes. Possui portanto um único grupo adimensional, por exemplo Π1 = c2 ρ/k.
Como este número é único, sendo K uma constante, temos
s
k
c=K .
ρ
√
Duplicando ρ, a velocidade do som diminui 1/ 2 = 0,707.
Nota 1: Verifica-se que a constante é K = 1. √
Nota 2: A velocidade do som num gás perfeito é c = γ R T , em que T é a tempera-
tura absoluta. Isto resulta de a propagação do som ser praticamente isentrópica. Num
processo isentrópico num gás perfeito, p/ργ = C, em que C é constante. Portanto, o
módulo de expansão volumétrica num gás perfeito é
s
1 ∂p 1 γ−1 p γRT k p
k = = Cγρ = γ 2 = . Portanto c = = γ RT.
ρ ∂ρ ρ ρ ρ ρ
55
34. A velocidade de propagação c de uma onda transversal num cabo esticado
depende da força de tracção F e da densidade linear do cabo ρ0 (massa
por unidade de comprimento). Os pantógrafos dos comboios deformam o
fio eléctrico da catenária e, com o movimento do comboio, dão origem a
uma onda que se propaga. Quando a velocidade do comboio se aproxi-
ma da velocidade de propagação destas ondas, as oscilações da catenária
transformam-se em chicotadas violentas que produzem perdas de contacto,
descargas eléctricas e podem destruir o pantógrafo e a catenária. Proponha
alterações à catenária de uma linha em que circulam comboios a 100 km/h,
de modo a que também possam circular comboios a 300 km/h.
Figura 29: À medida que a velocidade aumenta, a deformada do fio condutor da catenária
fica mais assimétrica.
35. Para medir em modelo reduzido (à escala 1:100) as tensões no paredão de
uma barragem de abóboda devidas à pressão hidrostática na albufeira, utili-
za-se mercúrio em vez de água, porque tem uma massa volúmica 13,6 vezes
maior que a água.
56
Figura 30: A perda de contacto entre o pantógrafo e o fio condutor da catenária provoca des-
cargas eléctricas. A maior velocidade, as descargas são frequentes e intensas, por isso, à noite,
de avião, consegue-se acompanhar um comboio de alta-velocidade, no meio do campo, por este
rasto de clarões. Em condições atmosféricas propı́cias, mesmo a baixa velocidade produzem-
-se descargas: www.youtube.com/watch?v=fFQNQspI2ek. No recorde de velocidade de 1955
as descargas fundiram um pantógrafo: www.youtube.com/watch?v=cHWjelxe-MU. Sem tanta
gravidade, no record de 2007: www.youtube.com/watch?v=EOdATLzRGHc (entre os minutos 4 e
5 e no inı́cio do minuto 6, a câmara foca várias vezes o pantógrafo).
Solução:
(a) As barragens de abóbada são muito pouco espessas pelo que o principal carrega-
mento dessas barragens é o devido à pressão hidrostática na albufeira, que depende
da massa volúmica ρ do lı́quido, da gravidade g e da profundidade, que se expri-
me num comprimento de referência `. Seja σ a tensão de referência. O número
adimensional correspondente pode ser Π = σ/(ρ g `). Em pontos homólogos as
tensões estão na proporção σ m /σ p = σm /σp = (ρm `m )/(ρp `p ) = 0,136.
Nota: Como é óbvio, para realizar o ensaio basta uma pequena quantidade de
mercúrio encostada à face de montante da barragem. Como o vapor de mercúrio
é tóxico, costuma envolver-se o mercúrio numa membrana flexı́vel de borracha (cf.
Figura 31).
57
Figura 31: À esquerda, corte do modelo da barragem do Boulder Canyon, nos EUA, com
indicação da bolsa de mercúrio utilizada para simular o carregamento hidrostático. À direita, o
projecto da barragem em planta. (Boulder Canyon Project – Final Reports, Part V, pp. 125 e
284). A espessura muito grande do paredão explica-se por a barragem ser muito antiga (1931-
1936) e de dimensões gigantescas para a época: 221,4 m de altura, 379 m de arco no coroamento!
Centenas de pessoas morreram em acidentes e doenças durante a construção. A barragem é
hoje conhecida como Hoover Dam.
[σ] = PL
[(ρ g)] = P
[`] = L
Com três variáveis e duas dimensões fı́sicas independentes, o problema fica com-
pletamente descrito com um único grupo adimensional.
(c) A forma de representar convenientemente o peso próprio do paredão é construir
o modelo num material 13,6 vezes mais denso que o betão. A densidade neces-
sária seria 3,4 × 104 kg/m3 . O mais parecido que se consegue é o chumbo, com
1.1 × 104 kg/m3 . Uma alternativa é aplicar uma força vertical sobre o coroamento
do modelo. Tem o inconveniente de não ser uma força distribuı́da uniformemente
no volume e portanto criar tensões demasiado grandes na parte superior do modelo
e/ou demasiado pequenas junto da base.
Como as barragens funcionam no regime elástico e as deformações são pequenas,
os campos de tensão devidos a cada carregamento somam-se linearmente. Assim,
é possı́vel medir independentemente as tensões produzidas pela pressão hidrostá-
tica, escalando-as na proporção indicada na alı́nea (a), e as tensões produzidas
pelo peso próprio. Supondo que o material do modelo tem uma massa volúmica
semelhante à do betão, as tensões devidas ao peso próprio escalam com a relação
de comprimentos (1:100, neste exemplo).
(d) Como o material do modelo é menos denso do que o necessário, as tensões devi-
das ao peso próprio estão por defeito no modelo. Como essas tensões ocasionam
sobretudo estados de compressão esse erro é, em geral, no sentido da segurança.
(e) Uma forma de aumentar as extensões é utilizar um material com um módulo de
58
elasticidade mais baixo. Não deve ser tão baixo que as deformações se tornem
grandes e deixem de variar linearmente com o carregamento aplicado.
Nota: Não se referiu o coeficiente de Poisson do material, dando por descontado que
teria pouca influência e não seria muito diferente no modelo e no protótipo (cf. nota de
rodapé 5, página 68).
Solução:
59
todos os outros fluxos devem estar na mesma proporção entre o modelo e o protó-
tipo), a temperatura inicial T0 e a temperatura T no instante t, o coeficiente de
expansão β, o calor especı́fico c e a massa volúmica ρ, a condutibilidade térmica
k e o comprimento ` (o comprimento de referência pode ser a espessura mas é
indiferente, porque todas as dimensões estão na mesma proporção entre o modelo
e o protótipo).
60
modelo e no protótipo, porque, para o mesmo β, Π3 impõe que a diferença (T − T0 )
seja igual e, para a mesma diferença de temperatura, Π4 impõe que a T0 seja a
mesma. Portanto, T (t) e T0 são iguais no modelo e no protótipo. No entanto, a
temperatura da água da albufeira deve ser diferente, para que os fluxos de arrefe-
cimento fiquem na proporção correcta. Para um coeficiente de convecção igual, se
a água da albufeira estiver 5 ◦ C mais fria que a face de montante da barragem, a
água da albufeira do modelo deveria estar 500 ◦ C mais fria que a face de montante
do modelo, o que implicava uma temperatura inferior ao zero absoluto. Portanto,
não basta utilizar água muito fria na albufeira, é preciso aumentar substancialmen-
te os coeficientes de transmissão de calor, por exemplo evaporando azoto lı́quido e
utilizando alhetas.
(d) Se as propriedades dos materiais (β, ρ c, k, E, ν) não variarem com a tempera-
tura, o valor absoluto da temperatura não importa. Nesse caso, em vez das duas
temperaturas T (t) e T0 , basta considerar a sua diferença ∆T (t). O grupo Π3 fica
= β ∆T (t) e o grupo Π4 desaparece.
Nesta hipótese, o ensaio do modelo pode fazer-se a uma temperatura média sufi-
cientemente elevada, por exemplo da ordem de 500 ◦ C. A temperatura da água
do modelo seria próxima da temperatura ambiente e o fluxo de calor na face de
jusante poderia ser assegurado por um radiador de potência suficiente.
Como, para materiais iguais, os tempos no modelo são muito mais curtos, na pro-
porção (`m /`p )2 = 10−4 , a simulação de 10 horas de sol demoraria 3,6 s.
61
Figura 32: Diagrama de Shields. Para facilitar os cálculos, muitas versões do dia-
grama
s incluem um terceiro grupo adimensional, redundante em relação aos anteriores, que é
ds ρs −ρH O
0,1 ρH O
2
g ds .
ν 2
62
38. A velocidade média v em rios e canais abertos pode ser calculada por meio
2/3
da fórmula de Manning v = n1 RH s1/2 , em que n é o coeficiente de Man-
ning, dependente da geologia, da vegetação e de outras caracterı́sticas do
canal, s é a inclinação (tangente do ângulo com a horizontal), RH é o raio
hidráulico, ver problema 37, alı́nea (b). Num canal muito liso, com pare-
des de vidro, n ' 0,01 m−1/3 s. Maiores rugosidades correspondem a valores
mais altos de n. As Figuras 33 e 34 ilustram alguns valores que o coeficiente
de Manning pode assumir em leitos naturais.
63
Figura 34: Em época de cheias, com altura de água de 0,73 m, o coeficiente de Manning do leito
de cheia do Cypress Creek, em Downsville, Alabama (fotografia da esquerda) é n = 0,10 m−1/3 s;
o coeficiente de Manning do leito de cheia do Thompson Creek, em Clara, Mississipi (fotografia
da direita) com altura de água de 0,85 m é n = 0,20 m−1/3 s. (G.J. Arcement, Jr. & V.R.
Schneider, pp. 26 e 36).
com o factor 0,043 em s/m1/2 no Sistema Internacional. Este resultado é muito sugesti-
vo, mas não explica tudo. Na realidade, muitos factores influenciam o escoamento num
rio ou canal: a forma da secção transversal, o perfil em planta, a rugosidade (mesmo que
se conseguisse definir a rugosidade média de forma clara, em muitos casos obter-se-ia
um valor variável no espaço e no tempo). Os sólidos em suspensão também afectam
o escoamento porque alteram a massa volúmica do fluido; os efeitos não estacionários
também podem ser importantes (por isso, para igual nı́vel e inclinação, o caudal é dife-
rente quando está a aumentar e quando diminui). Muitas vezes, a própria medição das
variáveis, como a velocidade média ou o raio hidráulico, tem grandes incertezas.
Num rio ou num canal a rugosidade média é mais permanente que a rugosidade relativa,
que depende directamente da profundidade, por sua vez função do caudal, mas, pelo
gráfico da Figura 33, a rugosidade média do Mississipi não parece assim tão constante:
varia entre n = 0,041 m−1/3 s (ε = 1,0 m) com menores caudais e n = 0,024 m−1/3 s
(ε = 0,7 m) com caudais maiores. Talvez o leito de cheia seja mais regular que a zona
central do rio... ou a variação de forma da secção transversal não esteja a ser devidamen-
te contabilizada pelo raio hidráulico. Com tantas incertezas, explica-se que se continue
64
a usar uma fórmula inconsistente. Algumas das inúmeras variáveis aglomeradas — mais
ou menos escondidas — no coeficiente de Manning são a aceleração gravı́tica e as proprie-
dades da água, que têm quase o estatuto de constantes fı́sicas fundamentais, no âmbito
da hidráulica fluvial.
Figura 35: Exemplo de antena parabólica constituı́da por uma grelha de barras.
Solução:
65
Figura 36: Coeficientes de resistência de antenas parabólicas, baseados na área frontal, em
função da razão de porosidade, para um número de Reynolds baseado no diâmetro Re = 2×106 .
(Cf. Hoerner, Sighard, p. 20-2, fig. 6).
(a) De acordo com a Figura 36, o coeficiente de resistência aerodinâmica de uma an-
tena com 25% de porosidade, com vento de frente, é CD = 1,2. A resistência da
antena seria: D = 3,62 × 103 N. Chama-se a atenção para a consistência das
unidades; no sistema utilizado a velocidade é v = 20 m/s.
(b) Há diversas maneiras equivalentes de encontrar a frequência natural do modelo.
Uma, é analisar as escalas de frequência. Se a escala de velocidade é v e a de
comprimento é `, a escala de tempo é (`/v) e a de frequência é (v/`). Portanto, as
frequências estruturais, f , terão de estar na mesma proporção das frequências do
fp
escoamento: vmf/` m
m
= vp /` p
, em que os ı́ndices m e p se referem-se ao modelo e
ao protótipo, respectivamente.
Outra maneira de obter este resultado é elencar as variáveis relevantes e identificar
os números adimensionais. A lista de variáveis seria f, v, `, ν, s, em que f é a fre-
quência estrutural e s é a porosidade3 . Um dos números adimensionais que resulta
deste elenco é Π = f /(v/`), que teria de ser igual no modelo e no protótipo.
3
Repare-se que a porosidade, s, já é uma grandeza adimensional: área aberta da antena, a
dividir pela área total.
66
(a) Calcule o número de Reynolds da antena do problema anterior, sujeita
a um vento de 72 km/h.
(b) Parece-lhe que a porosidade do modelo representa adequadamente a
porosidade da grelha da antena? Que faria para confirmar o resultado?
Que propõe, para garantir a qualidade desta análise, especialmente se
os ensaios tivessem sido realizados com um número de Reynolds muito
diferente do número de Reynolds da antena?
(c) Se o número de Reynolds do modelo for inferior ao da antena, isso leva
a estimativas por excesso, ou por defeito, da força de resistência?
Soluções:
(a) Com vento de 72 km/h, o número de Reynolds da antena é v `/ν = 5,3 × 106 , que
não é exactamente igual ao número de Reynolds do modelo, 2 × 106 . Em princı́pio,
esta proporção de 2,7:1 não é preocupante no que respeita ao escoamento global,
mas pode alterar alguns pormenores significativos do escoamento na grelha. De
facto, a resistência global da antena depende da soma das resistências de cada
pequeno elemento da grelha e, como esses elementos são pequenos, o respectivo
Reynolds também é pequeno. Nesse caso, a proporção de 2,7:1 pode ser demasiado
grande.
(b) Vejamos as possı́veis consequências com um exemplo. Se os varões da antena ti-
verem um diâmetro de 0,5 m, para um vento de 72 km/h (20 m/s), o número de
Reynolds dos varões da antena é Rep = 6,7 × 105 ; em contrapartida, o número
de Reynolds dos varões do modelo é 2,7 vezes menor, Rem = 2,5 × 105 . A Figura
19 mostra que o coeficiente de resistência varia cerca de 5 vezes! entre 2,5 × 105
e 6,7 × 105 . Assim, se o modelo estivesse perfeitamente à escala, os varões do
modelo iriam opor uma resistência adimensional 5 vezes superior à dos varões da
antena, o que significa que o modelo se comportaria como muito menos poroso
aerodinamicamente que a antena.
A Figura 36 mostra que, se o vento vier de trás (linha a traço interrompido), a
resistência aerodinâmica global da antena varia pouco com a razão de porosida-
de, pelo que a diferença de porosidade aerodinâmica entre o protótipo e o modelo
não teria consequências significativas. No entanto, com vento de frente (linha a
cheio), o facto de os números de Reynolds não serem exactamente iguais levanta
incertezas.
Como a resistência global da antena depende da soma das numerosas resistências
de cada elemento da grelha, uma solução prática para melhorar a qualidade do
estudo é não construir o modelo exactamente à escala, mas sim:
a) com uma razão de porosidade igual à da antena;
b) com varões tais que o número de Reynolds seja igual no modelo e no protó-
tipo.
Estas duas condições conseguem-se usando um modelo com menos varões, mas
maiores do que seriam à escala, tal como se sugere simbolicamente na Figura 37.
(c) Da análise anterior resulta que, a haver erro, o CD do modelo seria maior que o
da antena, se o modelo estivesse à escala sem a compensação sugerida acima.
41. Uma fábrica de bolas de ténis, conhecida pela qualidade das bolas destina-
das a courts de terra batida, tem a possibilidade de passar a fabricá-las com
67
Figura 37: Esquema simbólico (a) da antena em verdadeira grandeza; (b) de um modelo
reduzido em que tudo está à escala, a razão de porosidade geométrica foi preservada assim
como o número de varões, mas o número de Reynolds dos varões fica inferior ao da antena
original e (c) de um modelo com igual porosidade, em que o número de Reynolds dos varões é
igua ao do protótipo mas o número de varões é menor.
4
A sugestão deste exercı́cio foi colhida de Edward S. Taylor, pp. 152 e ss.
5
Em geral, quando um material é sujeito à tracção numa direcção, tende a encolher nas
direcções ortogonais. O coeficiente de Poisson é uma medida deste efeito de compensação vo-
lumétrica: define-se como o quociente entre a extensão nas direcções ortogonais à carga e a
extensão na direcção da carga. Um material incompressı́vel tem um coeficiente de Poisson
exactamente igual a 1/2, indicando que o aumento de volume na direcção da força é com-
pensado pela contracção volumétrica nas duas direcções ortogonais. Para os elastómetros é
praticamente ν = 0,5. A tı́tulo de curiosidade, para os aços, ν ' 0,3.
68
(d) Conceba um ensaio para determinar a frequência própria que as bo-
las teriam, mantendo a pressão actual mas usando o novo material.
Obviamente, pretende-se uma experiência simples, que não implique
fabricar propositadamente bolas com o novo material.
Solução:
f 2 ρ d2 p t
Π1 = ; Π2 = ; Π3 = ; Π4 = ν.
p E d
(c) O coeficiente de Poisson e a razão de espessura são iguais. Para os Π2 serem iguais,
p2 = p1 E2 /E1 = 1,08 p1 . Para os Π1 serem iguais:
s
f12 ρ1 d21 p2
r
ρ1 p2
f2 = 2 = f1 = 0,993 f1 .
p1 ρ2 d2 ρ2 p1
Em resumo, dentro da precisão dos dados, se a pressão fosse aumentada 1,08 vezes
as bolas continuariam a ter praticamente o mesmo ressalto no court. Repare que
a diferença entre 0,993 e 1 corresponde aproximadamente à incerteza que resulta
do número de algarismos significativos dos dados. A principal caracterı́stica nova
é que as bolas seriam mais pesadas, na proporção ρ2 /ρ1 = 1,10.
(d) Pode realizar-se um ensaio com Π2 = p1 /E2 , correspondente ao novo material e
à pressão interna anterior. Como Π3 e Π4 não variam, o valor de Π1 permitirá
inferir a nova frequência.
Para que Π2 tenha o valor necessário não é preciso usar uma bola feita no novo ma-
terial, basta que a pressão seja p3 tal que Π2 = p3 /E1 = p1 /E2 . Nestas condições,
tendo sido medida uma frequência f3 , pode calcular-se Π1 = (f32 ρ1 d2 )/p3 e, uma
vez conhecido Π1 , pode determinar-se a frequência que se teria com o material 2 e
a pressão 1:
s r s
Π1 p1 ρ1 p 1 ρ1 E2
f4 = = f3 = f3 = 0,985 f3 .
ρ2 d2 ρ2 p 3 ρ2 E1
69
42. Este problema serve de introdução ao capı́tulo seguinte, sobre escoamentos
em tubos. A solução de Poiseuille (cf. S. P. Sutera e R.Skalak) é a
solução do escoamento desenvolvido, monofásico, incompressı́vel e newto-
niano, num tubo cilı́ndrico. Seja ρ a massa volúmica do fluido e µ a sua
viscosidade absoluta ou dinâmica. Seja R o raio do tubo e dp̃/dx a compo-
nente longitudinal do gradiente de pressão relativa à hidrostática local. A
componente longitudinal da velocidade é
1 dp̃ R2 − r2
u(r) = − ,
µ dx 4
como se pode verificar por substituição na equação de transporte de quan-
tidade de movimento e na equação de transporte de massa.
(a) Há várias alternativas para o comprimento de referência, por exemplo o raio inter-
no do tubo R, e para a velocidade de referência, por exemplo a velocidade máxima
1 dp̃ R2
(que ocorre em r = 0) e é umax = − . A velocidade adimensional e o
µ dx 4
u 4 µ u(r) r
raio adimensional vêm u∗ = = − e r∗ = , cuja relação
umax (dp̃/dx) R2 R
funcional é, de acordo com o enunciado, u∗ = 1 − r∗ 2 .
70
(b) A lista de variáveis para o problema da queda de pressão é:
perda de pressão (desvio relativ./ à hidrostática local) [∆p̃] = M L−1 T−2
diâmetro do tubo [d] = L
comprimento do tubo [L] = L
velocidade média na secção transversal [v̄] = L T−1
viscosidade do fluido [µ] = M L−1 T−1
massa volúmica do fluido [ρ] = M L−3
6 3
o que implica três números adimensionais. Ver alı́nea seguinte.
(c) Os números Π1 e Π3 propostos no enunciado não incluem a viscosidade, portanto
esta há-de estar presente em Π2 . Uma das possibilidades é que ele seja o conhecido
número de Reynolds.
(d) Integrando a solução de Poiseuille na secção obtém-se o caudal:
Z R
π dp̃ 4
Q = 2π u(r) r dr = − R
0 8 µ dx
R2 dp̃
Q dp̃
L = 8 µ v̄ L . Subs-
e a velocidade média: v̄ = = − . Assim: ∆p̃ =
π R2 8 µ dx dx
R2
∆p̃ 64 L
tituindo d = 2 R e rearranjando, 1 2 = .
2 ρ v̄
Red d
(e) A anterior lista de variáveis vem acrescentada de mais esta variável, que tem di-
mensões de comprimento, [ε] = L. Passam a ser necessários quatro (4 = 7 − 3)
números adimensionais para descrever o problema. Uma das possibilidades é usar
os números adimensionais anteriores e acrescentar-lhe um relacionado com a rugo-
sidade:
∆p̃ ρ v̄ d L ε
Π1 = 1 2 = função , , .
2 ρ v̄
µ d d
Nota: Não é fácil controlar exactamente a rugosidade e, portanto, esta é vista co-
mo uma propriedade estatı́stica da superfı́cie, independente da sua forma principal.
Tal aproximação faz sentido do ponto de vista da turbulência induzida pela rugo-
sidade, porque o que conta é o efeito global. Contudo, nem sempre o valor médio
da rugosidade é suficiente para caracterizar a produção de turbulência: por exem-
plo, uma superfı́cie com sulcos alinhados com o escoamento não produz a mesma
turbulência que uma superfı́cie com sulcos ortogonais à velocidade, mesmo que a
altura média dos sulcos seja igual. Por isso, em Mecânica dos Fluidos define-se
a rugosidade equivalente, que é a granulometria de uma distribuição aleatória de
grãos de areia que, colada sobre uma superfı́cie lisa, produz a mesma turbulência
(ou perda de pressão).
71
da àgua do mar, mais salgada e mais fria, é ρ1 = 1025 kg/m3 e a massa
volúmica da água quente é ρ2 = 980 kg/m3 , com um caudal de Q = 2 m3 /s.
Solução:
Na ausência de transferência de calor, as variáveis de referência são as massas volúmi-
cas ρ1 e ρ2 , o caudal Q, o comprimento de referência `, a aceleração gravı́tica g e a
viscosidade cinemática ν. O problema requer três gupos adimensionais, que podem ser
Π1 = (ρ1 −ρ2 )/ρ1 , Fr = Q`5/2 g −1/2 e Re = v `/ν. Em geral é impossı́vel a semelhança
completa. Se a dispersão devida à turbulência for menos importante que o efeito da im-
pulsão, podem utilizar-se números de Reynolds diferentes. A diferença de temperatura
ou de salinidade deve garantir a igualdade do número de densidade; o caudal do modelo
que verifica a igualdade do número de Froude é Qm = 1 × 10−5 m3 /s.
Nota: Podiam utilizar-se outros grupos adimensionais. Nos problemas de convecção tér-
mica é frequente o número de Richardson, que se define como Ri = g β (Tw −T∞ ) `/v 2 , em
que β é o coeficiente de expansão térmica, Tw é a temperatura da parede e T∞ é a tem-
peratura do fluido, de modo que, quando a densidade é apenas função da temperatura,
(ρw − ρ∞ )/ρ∞ = β (Tw − T∞ ). O número de Richardson pode expressar-se em função do
número de densidade referido acima e do número de Froude, Ri = Π1 Fr−2 ; ou em função
dos números de Grashof e de Reynolds, Ri = Gr/Re2 , com Gr = g β (Tw − T∞ ) `3 /ν 2 .
A convecção natural junto de uma parede vertical pode representar-se em função do
número de Rayleigh, usando como comprimento de referência a distância x ao bordo de
ataque da placa: Rax = Grx Pr = νg βα (Tw − T∞ ) x3 , em que Rax e Grx são os números
de Rayleigh e de Grashof na coordenada x, Pr = ν/α = Cp µ/k é o número de Prandtl;
α = k/(ρ Cp ) é a difusividade térmica do fluido, k a condutilidade térmica do fluido e Cp
o calor especı́fico do fluido a pressão constante. As propriedades Pr, ν, α e β calculam-se
habitualmente à temperatura de filme, isto é, à temperatura intermédia entre a parede
e o fluido não perturbado Tf = (Tw + T∞ )/2;
(a) Enumere as variáveis fı́sicas que podem interessar para estudar as for-
ças aerodinâmicas em voo rectilı́neo.
(b) Indique um conjunto de grupos adimensionais para descrever o pro-
blema.
(c) Se esta classe de moscas voa a 0,6 m/s com 30 batimentos das asas
por segundo, calcule a velocidade do escoamento relativo no ensaio e
a frequência de batimentos do modelo.
6
Pode encontrar mais dados e uma explicação acessı́vel deste tipo de estudo experimental no
seguinte artigo sobre a mosca da fruta, Drosophila melanogaster: Steven N. Fry et al. Uma
versão ainda mais simplificada deste trabalho foi publicada num artigo de divulgação cientı́fica:
Hall, Alan.
72
Figura 38: Exemplos de moscas comuns (Fannia Canicularis; em inglês houseflies),
com indicação da dimensão tı́pica. (Fontes: www.ars.usda.gov/is/pr/2008/080319.htm e
www.pestcontrolcanada.com/INSECTS/flying%20pests.htm).
(d) Nas condições da alı́nea anterior, qual o factor de escala das forças?
Faça uma estimativa da força necessária para accionar o modelo.
(e) Se quisesse construir um robot, à escala, que reproduzisse as acrobacias
de uma mosca viva, qual deveria ser a massa do modelo?
Solução:
73
Sendo iguais os coeficientes de força,
`2m ρm vm2
νm2
ρm
(Fx )m = (Fx )p 2 2
= (Fx )p 2
= 1,14 × 106 (Fx )p .
`p ρp vp νp ρp
45. Um processo industrial implica misturar num recipiente dois lı́quidos que
entram por uma extremidade, com caudal constante e numa proporção fixa,
e saem pela outra já misturados. Um agitador mecânico rotativo garante
que os dois lı́quidos se misturam efectivamente ao passarem pelo interior
do recipiente.
74
Pretende-se determinar os parâmetros do processo de mistura para cons-
truir um novo recipiente de mistura, geometricamente análogo ao actual,
mas com o dobro da capacidade de produção. Actualmente, em condições
nominais, o agitador roda a ω0N = 0,5 r.p.s. e, para essa velocidade de
rotação, o caudal máximo que se consegue escoar com boa qualidade da
mistura é cerca de Q0N = 0,56 l/s. Utilize o ı́ndice 0 para designar a
actual instalação e o ı́ndice 1 para referir a nova instalação.
(f) Indique a estratégia para estimar a potência consumida pela nova ins-
talação. Que experiência poderia realizar no sistema actual para obter
a informação necessária acerca do novo motor?
Verificando que a instalação actual consumiu 1 kW com um caudal de
0,72 l/s e uma velocidade do agitador de 0,6 r.p.s., consegue calcular
a potência do novo motor?
Solução:
(a) A lista de variáveis mais relevantes para este problema é (veja-se, adiante, o co-
mentário acerca da possibilidade de substituir ρ e µ pela viscosidade cinemática):
75
caudal volúmico [Q] = L3 T−1
comprimento caracterı́stico [`] = L
velocidade angular do agitador [ω] = T−1
viscosidade absoluta do fluido [µ] = M L−1 T−1
massa volúmica do fluido [ρ] = M L−3
Neste problema existem três fluidos (os dois componentes de entrada e a mistu-
ra), portanto, existem três caudais, três viscosidades e três massas volúmicas. Na
tabela acima não se incluı́ram as três variantes porque as propriedades fı́sicas dos
fluidos são fixas, de modo que as propriedades de dois deles podem expressar-se
em relação às propriedades do terceiro. Analogamente, as proporções da mistura
são fixas, de modo que dois dos caudais se podem expressar em função do terceiro.
(b) Com 5 variáveis e 3 dimensões, podem formar-se 2 grupos adimensionais, por
exemplo
Q `2 ω ρ
Πα = 3 e Πβ = .
` ω µ
O processo de mistura é descrito por uma função do tipo: Πα = f (Πβ ).
Nota: as variáveis ρ e µ só aparecem no quociente ρ/µ. Portanto, em vez destas
duas variáveis basta usar a viscosidade cinemática ν = µ/ρ. O problema passa a ter
apenas 4 variáveis e 2 dimensões fı́sicas independentes (a massa desaparece porque
[ν] = L2 T−1 ). Continua, pois, a precisar de 2 = (4 − 2) grupos adimensionais.
Em vez de Πα e Πβ indicados acima, outra escolha possı́vel de números adimen-
sionais, que seguiremos a partir de agora, é o par
Q `2 ω
ΠA = e ΠB = , (10)
`ν ν
de modo que a velocidade angular do agitador só aparece num dos números adi-
mensionais e o caudal só figura no outro.
(c) Com `1 = 2 m e ω1 = 0,125 r.p.s., ΠB1 = `21 ω1 /ν = 0.5. Para esse valor ΠB
sabe-se que o máximo ΠA = 0,56 (ver, por exemplo, a Figura 39). Portanto, o
máximo Q1 = ΠA `1 ν = 1,12 m3 /s.
(d) Com `1 = 2 m e caudal Q1 = 1 m3 /s, o número ΠA1 = Q1 /(`1 ν) = 0,5 Este ΠA
corresponde a um valor mı́nimo ΠB = 0,456 (ver, por exemplo, a Figura 39).
(e) Para a velocidade linear das pás do misturador se manter igual à actual velocidade
nominal em pontos homólogos, `1 ω1 = `0 ω0N , sendo ω0N = 0,5 r.p.s. a actual
velocidade de rotação nominal.
Os valores limites de ΠA e ΠB são idênticos para as duas instalações. Ou seja,
conforme se pode ver na Figura 39, se ΠA1 = ΠA0 terá de ser ΠB1 ≥ ΠB0 (ou,
alternativamente, se ΠB1 = ΠB0 terá de ser ΠA1 ≤ ΠA0 ). Se a proporção entre as
duas instalações for `1 = ε `0 , temos o seguinte sistema:
Q1 Q0 Q1
se ΠA1 = ΠA0 : = ⇒ ε=
ε `0 ν `0 ν Q0
(11)
ε `20 ω0N `20 ω0 ω0
então ΠB1 ≥ ΠB0 : ≥ ⇒ ε≥
ν ν ω0N
Como seria de esperar, obtinha-se um resultado análogo impondo que ΠA1 ≤ ΠA0
para ΠB1 = ΠB0 : ε ≤ Q1 /Q0 ; ε = ω0 /ω0N .
76
Figura 39: Curvas adimensionais de caudal máximo, supondo ν = 1 m2 /s e D0 = 1 m. O
gráfico da esquerda sugere que, se os ΠA forem iguais, o ΠB da nova instalação terá de ser
maior ou igual ao da anterior; o gráfico da direita mostra que, se os ΠB forem iguais, o ΠA da
nova instalação terá de ser menor ou igual ao da anterior.
Para resolver o sistema (11) podemos fazer uma tabela dos valores possı́veis de
ε, sabendo que se quer Q1 = 1 m3 /s e que a actual velocidade de rotação em
condições nominais é ω0N = 0,5 r.p.s.:
ω0 Q0 Q1 /Q0 ω0 /ω0N ε ω1
0,1 r.p.s. 0,21 l/s ε = 4,66 ε ≥ 0,2 4,66 0,005 r.p.s.
0,2 r.p.s. 0,26 l/s ε = 3,88 ε ≥ 0,4 3,88 0,01 r.p.s.
0,3 r.p.s. 0,33 l/s ε = 3,03 ε ≥ 0,6 3,03 0,03 r.p.s.
0,35 r.p.s. 0,38 l/s ε = 2,66 ε ≥ 0,7 2,66 0,05 r.p.s.
0,4 r.p.s. 0,43 l/s ε = 2,32 ε ≥ 0,8 2,32 0,07 r.p.s.
0,5 r.p.s. 0,56 l/s ε = 1,79 ε ≥ 1,0 1,79 0,16 r.p.s.
0,6 r.p.s. 0,72 l/s ε = 1,39 ε ≥ 1,2 1,39 0,31 r.p.s.
0,7 r.p.s. 0,91 l/s ε = 1.10 ε ≥ 1,4 imposs. imposs.
Cingindo-nos a esta tabela, vê-se que são possı́veis muitos factores de escala para
misturar o novo caudal, desde 4,66 até 1,39. Para a instalação ser o mais pequena
possı́vel, convém usar o menor factor de escala; consideremos ε = 1,39. A veloci-
dade de rotação nominal do novo misturador seria ω1 = ω0 (Q0 /Q1 )2 = 0,31 r.p.s.
(Por interpolação dos valores da tabela, verifica-se que o factor de escala mı́nimo
é ε = 1,2744, a que corresponde uma velocidade de rotação ω1 = 0,3923 r.p.s.).
(f) Para incluir a potência do agitador, [P ] = M L2 T −3 , é necessário um novo grupo
P
adimensional, que pode ser ΠC = 2 .
` ρ Q ω2
O novo misturador foi dimensionado de tal forma que ficará a funcionar em condi-
ções semelhantes (ΠA e ΠB iguais) ao actual com ω0 = 0,6 r.p.s. e Q0 = 0,72 l/s.
Sendo ΠC função de ΠA e ΠB , e sendo estes dois iguais, ΠC também tem de ser
igual. Assim
2 2 2 3
`1 Q0 ω1 `1 Q0
P 1 = P0 = P0 = 0,72 kW.
`0 Q1 ω0 `0 Q1
77
Este resultado não significa directamente que a nova instalação terá custos ener-
géticos inferiores porque, além do agitador — que consumirá menos —, é preciso
contar com o custo de bombagem do caudal através do aparelho misturador. Con-
tudo, usando a Análise Dimensional da mesma maneira, pode mostrar-se que a
potência de bombagem também é função dos mesmos números adimensionais ΠA
e ΠB e que, desenvolvido o resultado, a potência de bombagem seria igualmente
72% inferior à actual, apesar de o caudal ser maior.
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78
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pode consultar-se na Net: www.sciam.com/article.cfm?id=fly-like-a-fly e
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revisão 2.
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