Você está na página 1de 5

Compromisso Nacional pela Década

da Educação para o Desenvolvimento Sustentável

“A educação é de importância crítica para promover o desenvolvimento sustentável.


Por conseguinte, é essencial mobilizar os recursos necessários,
incluídos os recursos financeiros em todos os planos,
de doadores bilaterais e multi-laterais, entre outros o Banco Mundial
e os bancos regionais de desenvolvimento, a sociedade civil e as fundações,
com objetivo de complementar os esforços dos governos nacionais
na conquista dos objetivos e as medidas propostas.”

Conferência Mundial do Desenvolvimento Sustentável,


Plano de Implementação Internacional

ANTECEDENTES

No quinquagésimo sétimo período de sessões da Assembléia Geral da Organização das Nações


Unidas (ONU), celebrado em dezembro de 2002, foi aprovada a resolução A/RES/57/254 que proclama
o período decenal que começa em 1º de janeiro de 2005, como a “Década das Nações Unidas da
Educação para o Desenvolvimento Sustentável” e se designa a Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), como o organismo promotor da Década, com o mandato
para preparar um plano de implementação internacional que articule a Década com os acordos vigentes
relacionados à educação, em particular com o Plano de Ação de Educação para Todos, aprovado pelo
Fórum Mundial de Educação, realizado em Dakar, Senegal; com os Objetivos do Milênio, também
chamados Agenda 2015, assim como com a Década das Nações Unidas para a Alfabetização.
Isso porque se reconhece que na Agenda 21, um documento integrado por 40 capítulos e mais
de 800 páginas, aprovado na Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio de
Janeiro, 1992), a palavra educação é a segunda mais freqüente, somente depois da palavra “nações”.
Isso implica que, desde o início, se admitiu que para a transição para a sustentabilidade, o mundo
deveria envolver-se em profundas mudanças nos estilos de vida, nos estilos de desenvolvimento e nos
estilos de pensamento e conhecimento. Todas essas mudanças devem estar relacionadas com processos
educativos que promovam a conscientização pública, a participação cidadã bem informada e o
desenvolvimento de capacidades para que as pessoas saibam como tomar decisões nos assuntos
concernentes à sua qualidade de vida.
A resolução da ONU convida os governos a incluir medidas que considerem a Década das
Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável em seus planos e estratégias de
educação correspondentes, no mais tardar até 2005, com base no plano de implementação internacional
preparado pela Unesco, o qual foi aprovado pela Conferência Geral deste organismo em setembro de
2003.
O referido plano de implementação faz uma convocação aos governos para iniciar o processo
preparatório para a Década mediante um amplo conjunto de alianças, em virtude da multiplicidade e
diversidade de participantes necessários. Propõe estabelecer estas alianças em todos os níveis,
começando com o âmbito local e comunitário, até cobrir a totalidade do contexto nacional e
internacional, envolvendo todas as esferas do setor público e privado; quer dizer, os três âmbitos de
governo, as organizações da sociedade civil, os empresários, a academia e os comunicadores, entre
muitos outros implicados.
O propósito é que, a partir do presente ano, conte-se com uma sólida plataforma institucional e
social para que as ambiciosas metas da Década encontrem condições favoráveis, baseadas em quatro
pilares que contribuam à transição em direção ao desenvolvimento sustentável por meio da educação:

1. Reconhecimento do desafio: aprender a conhecer.


2. Responsabilidade coletiva e sociedade construtiva: aprender a viver juntos.
3. Atuar com determinação: aprender a fazer.
4. Indivisibilidade da dignidade humana: aprender a ser.

Por sua vez, os quatro pilares remetem a princípios relacionados à educação básica, com a
reorientação dos programas de educação vigentes, com a compreensão pública do que significa a
sustentabilidade em suas atividades produtivas e na vida cotidiana, assim como com a formação de
capacidades. Os princípios derivam em objetivos que definem as áreas de ação que se pretende alcançar
durante a Década. Eles são:

1. Redução da pobreza.
2. Eqüidade de gênero.
3. Promoção da saúde.
4. Conservação e proteção do ambiente.
5. Transformação rural.
6. Direitos humanos.
7. Entendimento intercultural e paz.
8. Produção e consumo sustentáveis.
9. Diversidade cultural e natural.
10.Tecnologias de informação e comunicação.

Pelo anterior, o Governo dos Estados Unidos Mexicanos reconhece que o estabelecimento de
alianças com os atores-chave implicados, constitui o primeiro grande passo para avançar na criação das
condições que se requer para que a Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento
Sustentável possa atingir suas desafiantes metas. Com essa premissa, convidou e se somou a todos os
setores e grupos que subscrevem o presente Compromisso Nacional pela Década da Educação para o
Desenvolvimento Sustentável, para tomar parte ativa desse grande esforço.
Adicionalmente aos acordos internacionais em educação, foram aprovados outros compromissos
incluindo as convenções sobre Diversidade Biológica, sobre as Áreas Úmidas de Importância
Internacional especialmente como Habitat das Aves Aquáticas (Ramsar), sobre Mudança Climática, a
Luta contra a Desertificação nos Países Afetados por Seca ou Desertificação, em particular na África,
assim como sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Flora e Fauna Silvestre
(CITES) e as convenções sobre Direitos Humanos e dos Direitos da Infância. Junto da sociedade civil,
o governo mexicano subscreveu a Agenda 21, o Plano de Ação Internacional da Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável e os Objetivos do Milênio para 2015. Igualmente,
no dia 22 de março de 2005 entra em vigor a Resolução A/RES/58/217, aprovada pela Assembléia
Geral da ONU, que declara a Década Internacional para a Ação “Água, fonte de vida”, 2005-2015.
Nesse sentido, está em curso o intenso processo preparatório para celebrar no México, em 2006, o IV
Fórum Mundial da Água. Isso tudo obriga a assumir responsabilidades, as quais, com o apoio de outros
protagonistas, o Governo dos Estados Unidos Mexicanos se comprometeu a direcionar medidas para
mobilizar a sociedade em direção ao desenvolvimento sustentável.
O caminho em direção ao desenvolvimento sustentável depende de mudanças que os governos
federal, estaduais e municipais, assim como a sociedade em seu conjunto, ponham em curso em todas
as esferas da vida, particularmente na luta contra a pobreza, na racionalidade dos padrões de produção e
consumo, na conquista da eqüidade social, na conservação da biodiversidade, e a integridade dos
ecossistemas na vigência dos valores implícitos em todas essas metas. Para alcançar essas mudanças, a
sociedade requer ações que facilitem a educação, a participação e a conscientização pública, assim
como o desenvolvimento de capacidades e competências.
É amplamente aceito que o desenvolvimento sustentável implica na mobilização de um
processo contínuo de adaptação de sistemas de pensamento e ação, que requerem criatividade,
flexibilidade e reflexão crítica, o qual implica dirigir e transformar vigorosamente os processos
educativos. Apesar do reconhecimento generalizado sobre o papel que a educação deve desempenhar
para alcançar o desenvolvimento sustentável, doze anos depois da Conferência do Rio seu grande
potencial não foi adequadamente aproveitado. Se reconhece os significativos avanços em educação
ambiental, educação multicultural bilingüe, educação em direitos humanos, educação para o consumo e
para o exercício pleno dos direitos humanos e democráticos, entre outros, esse é o momento de melhor
aproveitar esse potencial, a fim de maximizar o efeito social das numerosas medidas que já estão em
curso e aquelas que derivem do presente Compromisso. Como um assunto da maior prioridade social e
política, a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável deverá se caracterizar por uma
direção estratégica e um respaldo nacional aos esforços de todos os que assinem o Compromisso.
Portanto, a proposta da Educação para o Desenvolvimento Sustentável responde ao imperativo
de consolidar e ampliar o papel que a educação ambiental desempenhou na esfera global,
principalmente nos países que assumiram a importância desse transcendente campo da gestão educativa
e ambiental na formulação de políticas públicas de desenvolvimento, entre eles, o México. Por isso a
educação para o desenvolvimento sustentável deve ser vista como um espaço de articulação de saberes,
de campos pedagógicos e de práticas sociais para posicionar melhor o conjunto das áreas de ação
assinaladas, sem que implique suprimir seu desenvolvimento autônomo.
Assim, a resolução da ONU para a Década deve ser inscrita no marco do Plano de Ação de
Dakar de Educação para Todos, e dos Objetivos do Milênio, porque o “sustentável” não se encontra
somente relacionado à política ecológica, mas também à luta contra a pobreza e com a eqüidade social,
para oferecer maiores oportunidades aos grupos sociais mais vulneráveis. A educação para o
desenvolvimento sustentável se concebe como uma educação de valores; quer dizer, como uma
educação cívica e ética que busca a construção de uma cidadania crítica e propositiva que incentiva a
análise do que ocorre atualmente em torno de nossas preocupações e sonhos de mudança social. Nesse
sentido, a iniciativa da Carta da Terra é um bom recurso para apoiar esse processo.
As alianças sobre a educação para o desenvolvimento sustentável representam uma
oportunidade para potencializar as sinergias em torno das diversas demandas reivindicadas no Rio de
Janeiro e nas convenções ambientais e sociais. Sem envolver os distintos grupos e setores,
particularmente aqueles que tem incidência na esfera local, o caminho em direção ao desenvolvimento
sustentável será errático. Portanto, a Década deve ser vista como um grande marco de referência para
comprometer o maior número possível de participantes, com plena consciência do valor agregado que
cada um traz.
DECLARAÇÕES

Nós que subscrevemos o presente Compromisso, aspiramos a construir juntos um processo


educativo que:

• Contribua a tornar realidade o desenvolvimento sustentável no país;


• Se sustente nas instituições escolares dos distintos níveis e modalidades, mas que as transcenda,
projetando-se em todas as esferas da vida pública e privada;
• Ajude a enfrentar os complexos desafios de um mundo cada vez mais interdependente, em
permanente transição e com realidades diferentes e contrastantes;
• Permita à cidadania participar criticamente na tomada de decisões para definir as trajetórias do
desenvolvimento nacional que devem ser seguidas;
• Favoreça a mitigação da degradação ambiental e a conservação da diversidade biológica e cultural;
• Reforçe o pacifismo e a eqüidade social, sem distinção de gênero, etnia, geração, credo ou condição
sócio-econômica, e que portanto, rechace todo tipo de exclusão e discriminação; e
• Gere as atitudes e competências necessárias para configurar uma ação social bem informada, que
incida na prevenção e solução dos problemas de cada grupo de pessoas.

Tal imagem de futuro do importante papel que queremos que os processos educativos no
desenvolvimento nacional desempenhem, implica assumir responsabilidades específicas que se
traduzam em metas de curto e médio prazo, por aqueles que subscrevem este Compromisso.

COMPROMISSO DAS PARTES

A Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável se propõe:

“Promover a educação como base para a transição em direção a uma sociedade humana
sustentável.”

Isso implica atuar em três áreas fundamentais:

1. A reorientação dos atuais programas educativos, desde a pré-escola até a educação superior, a fim de
impulsionar os princípios, conhecimentos, habilidades, perspectivas e valores relacionados à
sustentabilidade.
2. O desenvolvimento da compreensão e a consciência pública sobre a importância da sustentabilidade
em todos os aspectos da vida cotidiana.
3. A implementação de programas de capacitação, como um componente crítico para assegurar que o
pessoal de todos os setores produtivos do país possuam o conhecimento e as habilidades necessárias
para desempenhar seu trabalho de modo sustentável.

Em face do anterior, a assinatura deste instrumento pelas partes implica obrigações gerais, que
deverão se concretizar com a celebração de alianças, convênios ou acordos particulares para levar à
cabo ações e aportes concretos que definirão com maior precisão as responsabilidades específicas e os
prazos para seu cumprimento.
Para tal finalidade, se acorda estabelecer dentro dos próximos trinta dias após a assinatura, um
Conselho constituído por todos os setores aqui representados, com o propósito de dar continuidade ao
presente instrumento e às alianças, convênios ou acordos particulares que dele derivem, assim como
elaborar relatórios periódicos sobre os avanços realizados, que serão a base principal dos informes que
o país apresente em reuniões internacionais correspondentes.
O Conselho a que se refere o parágrafo anterior apresentará, em maio, uma relação das alianças,
convênios e acordos particulares acertados, assim como as ações concretas acordadas entre as partes.
As Secretarias de Educação Pública (SEP) e de Meio Ambiente e Recursos Naturais
(SEMARNAT) deverão estabelecer os mecanismos financeiros para fomentar e promover a consecução
dos compromissos estabelecidos neste presente instrumento, que respaldem a realização de projetos
estratégicos nas áreas de ação envolvidas e em regiões prioritárias.
Para manter a visibilidade através da Década, se acorda trabalhar um tema específico a cada
ano, organizando eventos e campanhas em diferentes níveis. Tais temas serão:

2005: Educação ambiental para a sustentabilidade.


2006: Água, floresta e qualidade de vida.
2007: Consumo sustentável e eqüidade social.
2008: Saúde e vulnerabilidade.
2009: Redução da pobreza e desenvolvimento rural sustentável.
2010: Diversidade cultural e natural.
2011: Participação cidadã e exercício da democracia.
2012: População e direitos humanos.
2013: Ética e valores para a sustentabilidade.
2014: A educação para o desenvolvimento sustentável e o conhecimento da sociedade.

Assim, a SEMARNAT e a SEP se comprometem a realizar a gestão necessária para alcançar a


adesão a este Compromisso Nacional de todas e cada uma das instituições e organizações que se
mencionam no rodapé.

México, D.F., 11 de março de 2005.

Alberto Cárdenas Jiménez Reyes S. Tamez Guerra


Secretário de Meio Ambiente e Recursos Naturais
Secretário de Educação Pública

Você também pode gostar