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CColoco ANOR E PSIOUE + Lia fusca ror am page aio, inn A somtra eo manos om do fy Marlo Laueo ven Fant Aaa now cones de aa Nare-Louse ven Fran Apsiuacoma savarnento C.G-ung oP Teh, P Oauroy + Oa neoscieniea Deus Ena van So Winhel Got co fa i dos HDischmar «Carrfo praca fein 88. Pereta” Os mits: ‘ose nate anigaeconnpariea, €Hetang Os psratos ia [Santor opauca tambo do fanascitte, hs Markowls A coors 0 Sas ns J.P Dou Mat ldo comers as aaa, 8 Senn" ers: layees sobre os 2 areanos mares do Tard, hadraro Ov soos 9 cra 2 {ng JA Sartord» Bible pique — Smbotamo da aiduapoNoATE.F Ergot Aprons sagrae,N.-Coret «A inspretgie dos cons do ‘og Mario Lovee won Pana Ae dousas @& muer Nove coogi dae ‘muhere, 8. Belen» Paolona protundse nova sta ©. Neumann» Ma ‘aaa ovis, A. Bromnane1 Bren!= Puor Atoms A ia bo aduto canta 3 Daralso aa hina, Mateus von Pana "0 que cons 9 con? Jee Sonavarira Fa, sapraamagam do mason. 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Assim, em Iugar de buscar causas, explicagées psicopatolégicas as noseas feridas e aos nossos sofrimentos, precisamos, em. primeiro lugar, amar a nossa alma, assim como ela 6, Deste modo 6 que podleremos reconhecer que estas feri= das e estes sofrimentos nasceram de uma falta de amor. Por outro lado, revelam-nos que a alma se orienta para tum centro pessoal e transpessoal, para a nossa unidade e a realizagio de nossa totalidade. Assim a nossa propria vida carrega em si um sentido, o de restaurar a nossa unidade primeira. Finalmente, ndo 6 o espiritual que aparece primei- ro, mas 0 psiquico, ¢ depois o espiritual. E a partir do olhar do imo espiritual interior que a alma toma seu sen- tido, o que significa que a psicologia pode de novo esten- der a mao para a teologia. Esta perspectiva psicolégica nova 6 fruto do esforgo para libertar a alma da dominagéo da psicopatologia, do espirito analttico © do psicologismo, para que volte a si 5 ‘mesma, & sua propria originalidade. Ela nasceu de refle- ‘x6es durante a pratica psicoterapica, o est comegando a renovar 0 modelo e a finalidade da psicoterapia, E uma nova viso do homem na sua existéncia cotidiana, do seu tempo, e dentro de seu contexto cultural, abrindo dimen- s0es diferentes de nossa existéncia para podermos reen- contrar a nossa alma. Ela poderé alimentar todos aque- les que sio sensiveis a necessidade de insorir mais alma em todas as atividades humanas, A finalidade da presente colegio é precisamente res- tituir a alma a si mesma ever aparecer uma geragio de saverdotes capazes de entender novamente a linguagem da alma’, como C. G. Jung 0 desejava, Léon Bonaventure Para aqueles com quem estou compartilhando a jor- nada, Com muita gratidao, para Daryl Sharp, Ross Wood: man, Shirley Grace Jeffries, Fraser Boa, Greg Mogenson ‘e meus analisandos, capitulo 2 baseia-se om uma palestra originalmente publicada como “Abandonment in the Creative Woman", em Chiron: A Review of Jungian Analysis (1985). O capitulo 8 baseia-ce numa palestra originalmente publicada em “Psyche/Soma Awareness” em Quadrant (revista da Fundagio C. @. Jung de Psicologia Analitica de Nova York), vol. 17, n. 2 (outono de 1984), Flora, pormenor de A alogria. ca primavera, de Sancro Botcl (Galeria Ue, Forenca) INTRODUGAO: CONJUNCOES DA SAPA como sentir vam primeiro ‘quem dé antes tengo Osintaxe des cosas amas ind blir wed por inti; eno "ia, recostandoseem mets brapos ‘pois vida nao ¢ um parigrefo Ba morte penso eu nda un parent ec. eummings, A virgem grdvida é um estudo em andamento. Cha- ‘mava-se Crisélida ao ser concebido. Depois de ter nasci do, o bebé ficou maior do que seu nome escolhido. Sou esqueleto — 0 processo de metamorfose da lagarta em crisélida e em borboleta — permaneceu intacto, O todo, porém, havia se tornado maior do que a soma de suas partes, Essas partes roferem-se Aqueles momentos da crisélida em que a vida, tal como a conhecemos até en tio, acabou. Sem ser mais quem fomgs, néo sabemos quem poderemos vir a ser. Sentimo-nos uma massa viva, receo- 8a de descer e atravessar o eanal do parto. O todo tem a ver com o processo da gestago psicolégicn — a virgem ara sempre virgem, para sempre grévida, aberta ts pos- sibilidades, A analogia entre a virgom com a erianca e a crisélida com a borboleta nao so originou eomigo. Na Grécia antiga, 0 termo para alma era psyche, freqientemente represen. tado como uma borboleta, O aparecimento da borboleta de dentro de uma crisélida ¢ andlogo ao nascimento da alma 8 partir da matéria, nascimento comumente identificado com libertasio€, por isso, simbolo da imortalidade. Arian. sa Divina, a Redentora, filha do espftito que toma forma no titero da virgem, encontra uma imagem natural na borbo- Jeta alada a transformar-se dentro da crisélida, preparan- 9 do-se para se libertar da criatura que rasteja sobre a propria barriga. Entretanto, este livro ndo faz a tradicio- nal distingao corpo/alma entre lagarta e borboleta, en- tre vida mortal e imortal, Antes, investiga a presenca do uma na outra, sugerindo que a imortalidade é uma realidade contida dentro da mortalidade e, nesta vida, dependente dela, A virgem grévida, portant, examina ‘maneiras de efetivar o resgate da unio corpo-alma, Flora, uma das figuras da Primavera de Botticelli, capta o paradoxo que envolve a imobilidads externa e 0 fervilhar interno da gravidez. fa corporificagéo da evanescente beleza da virgom desabrochando em mulher. ‘Tal como a timida ninfa teldriea Cloris, ela se entregou ao halite de Zéfiro e agora esta sendo despertada como a calma e luxuriante Flora, A semelhanga de Maria, que 0 Espirito Santo engravidou, aparece radiante e plena de graga, sua feminidade flagrante e ternamente lirica, olhando diretamente nos olhos de quem a contempla. Escrever A virgem grdvida foi uma gestagdo de nove ‘meses, O livro rejeitou seu padrao arquitetado e evoluiu segundo seu proprio processo de metamorfose. No final de agosto, no segundo més de gravidez, passei por win ‘momento de forte enjéo matinal. Uma olhadela na pilha de papel em branco me deixava mareada. Temi utn abor- to espontneo, Depois, como geralmente acontece qua- doestou consciente o bastante para formular a pergunta certa, a resposta veio em um sonho: Bstou sentada nos degraus, perio das éguas da baia Georgiana, Estou tentando enrolar uma grande folha de ‘nenifar na forma de um ellindro,Afolha nao faz o que eu ‘quero que ela faga. Uma das bordas insiste em abrir en- quanto ou seguro a.outra, enrolada. Atri de mim existe um velho hotel. Dois homens estdo brigando na sacada, Posso sentir seus golpes em meus ossos. Pensa que dove ri tentar fazer algo a respeito, mas uma vor diz!"Modele fasua flauta, 10 Continuo com a folha de nenéfar e, de repente, um des homens joga o outro da sacada, por eina de minha cabo ‘ga, Agora realmente proviso fazer algo. Estou prestes « Ime levantar, quando a voz me ordena, novamente: "Mo: dele a sua flauta.” ‘Agora entendo:estou eriando um instrumento, Veo uo meu lado e um pouco atrés uma imensa sapa sorridente, sen: tada numa lagoa de ovos verdes, imensamente orgulhosa de si mesma, esperando que e termine 0 flautim para ‘que os ovos possam passar através dele , sendo tocados, Produzam sons signifieativos Acordei sabendo qual era a questo, Em vez de dedi- car toda a minha concentrasio a confecgao da “flauta’, estava deixando que minha energia escoasse nos golpes daqueles dois homens na sacada, Conhecia suas vozes hem demais: “Esquega essa histéria de eserever, Viva do jeito como sempre viveu. B, de qualquer forma, voce nao ‘consegue mesmo escrever.” Mas existia outra voz — fe- minina, submersa — tenaz e orgulhosa; “Eu quero escre- ver, mas ndo um ensaio. Quero eserever do meu jeito.” Era esse o impasse, ‘ Caminhei pelo mato até a bata fris, Pensei no nei far —o lotus canadense, cuja flor contém o mesmo sim- bolismo da rosa, Suas raizes afundam na lama provedo. ra do vida e ali se abastecem de nutrientes que sobem caule acima, chegando até as folhas e flores, Serena em sua cremosa simplicidade branea, a flor abre-se pétala por pétala ao sol, simbolizando a Deusa — Prajnapa- ramita, Tara, Sofia —, Criagdo que se abre a Conscién- cia, O nentifar é flor no coragao, oconhecimento, a aurora de Deus na alma, Sua divina sabedoria proporciona 0 i- bertar-se das paixdes e dores do ego e seus desejos. Peguei uma folha de nemifar, Concentrei-me na eon- fecpao de minha flauta, Lembrei-me da sapa sorridente. Certamente a folha de létus ora o instrumento certo para soprar seus ovos. Mas como? De que modo apresentar eon- u cvitos psicoligicns através de uma folha de lotus? Qual seria © som da sintaxe batrdquia? Como seria conjuguda? Cor- tamnente néo com “e", “mnas” e “para”, Teria muito mais a ver com saltos pelo ar, de uma folha de nemtifar para ow. ‘ra, pulando intuitivamente nos véos da imaginacao, ou. nadando na agua. Salte, salte—num movimento de pura ‘nos meus instintos sapais. Salte,— confiando em outra folha de nemifar. Salte— sabendo que outros sapos indo compreender. Salte, salte —lembrando que meu diario, parece um manuscrito de Beothoven: manchas, tinta azul, vermelha, amarela e verde, piginas rasgadas por uma caneta enfurecida, amarfanhadas pelas lagrimas, pululan- tes de contentamento em seus pontos de exelamagio ¢ hhifens que falam mais do que as palavras ali interpostas, ‘meu difrio que danga com o ritmo eardiaco de um proces, 0em movimento, Como moldar uma flauta que seja capaz de conter essa sinceridade e que, ao mesmo tempo, scja. profissionalmente erivel? Como é possfvel A mulher osere- ver movida pelo seu centro mais auténtico, sem ser ta. chada de “histriénica” ou “histérica’? Plaft! Pausa Longa Entdo, a minha sapa falou Id do lodo: “Por que voe8 nao escrevo do modo que sente? Sej ‘vitgem. Entregue-se ao rodamoinho e veja 0 que acontace.” “Impossivel!”, respondi, “Néio vou me fazer de idiot. 'Néo vou encostar no muro de fuzilamento. Conheso mui tobem as armas,” Esse didlogo deixou Crisdlida dentro de um casulo. Semanas a fio, tentei encontrar uma sintaxe que conse. ‘uisse ao mesmo tempo conter a paixiio do mou coragiio ¢ distanciamento analitica de minha mente. ‘© que me incentivou foi uma imagem de uma deusa hindu, cujas maos estavam num gesto que iria conter a folha de neniifars Conhecido como “elo de aumento”, o que ‘significa “casamento" ou “coroagio”, esse gesto de dedos altamente diferenciados parece aninhar uma pérola ou 2 flor. As pontas dos dois dedos médios, suavemente en- costados, simbolizam a coincidépeia dos opostos. Corto estilo andrégino, firme e suave, parece insinuar-se, Outros vislumbres vieram da leitura do ensaio de Nietesche: “Verdade e falsidade”, no qual ele escreve: “Temo.que néo tenhamos nos livrado de Deus, porque ainda acreditamos na gramética.”® Sim, de fato ventia. me sob a égide daquele deus aguerrido — Javé ou outro nome — que finca nos seres inferiores seus olhares de “tu, deves” inscritos nas rochas, numa demoniaca parédia da imaginagio criativa. Alheio ao saltitar, ele conserva tudo rho conereto e na literal Entio, lia resenha que Carolyn Heilbrun fez da bio- srafia de Virginia Woolf eserita por Lyndall Gordon, Heilbrun destaea que, como todas as mulheres, Woolf fora treinada a silenciar, que “a mulher no amoravel era sem- pre aquela que usava palavras para chamar a atengao, Els era caricaturizada como tagarela, ranzinza, megera, bruxa’, As mulheres sentiam “a presséo para abdicar da linguagem, e as ‘adequadas’ eram as ealadas”* Ela con. lui que “emudecidas por séculos de treinamento, aa mulheres eseritoras em particular tém verifieado que, quando tentam registrar fielmente suas préprias vidas, faltam-Ihe as palavras”. Se isso 6 verdade para a artista, néo deixa de ser igualmente para qualquer mulher que tente falar com sua prépria voz. E também é verdade para aquele ho, mem que ousa falar do processo de sua alma, termo “feminino”, como o entendo, tem muito potieo a ver com sénero da criatura, assim como ndo éa mulher a guardia, ds fominidade, Tanto homens como mulheres esto em busca de sua virgem gravida. Ela é em nds a parte pata, que ocorre a conseiéncia quando mergulha na escuridio, escavando noseas trevas plimbeas até conseguir trazer ‘luz a nossa prata. 13 ‘Todo aquele que tenta trabalhar de modo criativo ‘compreende isso. Lembrome, por exemplo, de quando estava dirigindo o nacleo de teatro espontines de altunos do colegial. Trabalhamos sem roteire durante meses, an- tes do espotdculo. Os alunos treinados para “mostrar um ‘bom desempenho” acharam esse processo insuportavel Sua rigidez, seu mego de ser “a porcaria do programa” bloqueavam sua criatividade. Esperavam que lhes fos- sem ditas quais seriam suas falas, que Ihes fossem in ¢ados os movimentos e as atitudes que deveriam toman, Os calados introvertidos, acostumados a afundar no pré- prio espaco interior, nao tiveram nenhuma dificuldade em se concentrar até que as imagens que brotavam de. ‘seus corpos ganhassem vida, Adoravam ser livres. Ado. ravam representar. Adoravam ser desafiados a ir ainda mais fundo na escuridio, para permitir que acontecesse aquilo que estava querendo aeontecer. E as coisas realmente aconteciam, O teatro inteiro vibrava com as gargalhadas, as lagrimas, as risadas, os movimentos da mais pungente beleza e da mais hilévia ironia. Os visitantes curiosos que se arriscavam a entrar no teatro saiam as pressas, balangando a cahega, fagindo do eaos. Mas para os que estavam ali dentro era um caos contido, Estévamos acostumados a intensidade, Dols meses antes da apresentacado, os alunos, o coredgralo, 0 diretor musicale eu decidimos os movimentos que queria. ‘mos explorar melhor, quais os poemas ¢ qual a miisica® Esse esqueleto bisico sofreu varios acréscimos e subtra- 028 até a tiltima apresentacao, ‘Todos os envolvidos, desde os atores e diretores até 08 assistentes de todo tipo, eram responsaveis pelo seu processo individual. Conforme nossa confianga aumen- tava, por exemplo, nossa energia crescia © nosso estils dante na contra-regra teve de olhar fundo em si mesmo ara encontrar novos modos de manter a disciplina nos u bastidores sem destruir o fogo. Naquela época, ndo me ocorria uma idéia conceitualizada do que estava se pas- sando, Retrospectivamente, vejo que aquele nosso teatro ‘era como o itero da Grande Mae, em que as almas vir- ‘gens dos alunos vieram a luz em seus priprios eorpos e subiram até o nivel da consciéneia psicoldgica, confian tes ¢ flexiveis o suficiente para permitir que 0 hélito do espirito soprasse neles. Parte do processo que estavam vvivenciando consistia em reconhecer em si mesmos e nos outros se 0 poema ou a danga estavam podendo ter vida prépria, ou se oles os estavam obstruindo tentando fazer “uma boa apresentagio”, O que nos intoressava era o processo individual, 0 rocesso grupal e, enfim, o processo entre a platéia ¢ elenco, Como era um teatro de arena, os alunos conta vam os pais de tal modo que, & certa altura do espetdew lo, eles ajoelhavam-se a meio metro de distancia deles © olhavam-nos diretamente nos ollios, Foram muitosos pais que se sentiram esmagados pelo eneontro nu ¢ er com, seus filhos adultos e lutaram para engolir as lagrimas inesperadas, Nao nos interessava o produto owt a representagao exterior, No teatro Tostal, ndo havia exame, meta pré- ‘estabelecida, ou algo como fracasso, exceto no sentide do uma traigdo ao processo. Em outras dreas da escola, ‘submetemo-nos ao desmembramento: alunos de histéria na sala 13, atletas em mau estado no gindsio, flautistas excelentes na sala de misica. Culturalmente, também podemos ser esquartejados: pés fedorentos no podélogo, olhos miopes no oftalmologista, axilas na farmacia, acne no esteticista. Naquela sala, estavam os corpos que tie nhamos trazido da cultura aos pedagos. E ali podiamos ser inteiros. Vinhamos de nosso lugar de vulnerabilicade ©, permaneeendo com ela, percebjamos nossa forga e nos- sas feridas, 15 A vingem grdvida esté vindo dosse mesmo lugar. To- dos os meus analisandos fazem parte deste livro. Juntos vivenciamos a morte-c.0 renascimento, juntos analisa: ‘mos centenas de sonhos. Muitos dos motivos repetitives apresentados om meus dois livros anteriores so aqui :mals bem desenvolvidos. Embora muitos de meus pacien- tes apresentem distirbios de alimontagao e, po iso, Iu. tem contra algum tipo de vicio em eomida, seu quadro Psicoldgico tem muito em comum com aqules visiadoe em outras coisas: trabalho, éeool, drogas, sono, relacio- namentos fois ete. Os dados basicos que aqui so apre~ sentados, gragas a generesa permissao de mous anal sandos, tém a esperangosa intengao de esclarecer quanto Possivel a emergente conseiéneiafominina, Saber que hi ‘utras pessoas na mesma e exigente jornada parece al var o fardo Bu também estou nessa jornada, O processo que se passa na cozinha, no capitulo 1, 60 mesmo que se desen. rola na india, no capitulo 7, com uma diferenga erucal. A horboleta na¢ortina (p, 19) estésetransformando de acor- do com as leis da natureza; a borboleta no teto (p. 284) est4 se transformando pela atuagio dofogo das eaculhes conscientes,E este livro também esti neseajornada, Do's de seus eapitulos foram originalmente escritos para pas Jestras, dois para revistasespecializadas, e os otros 880, tentativas de extrair nz da escuridao. Cada um 6 un prisma através do qual as dificuldades do Ser ede Vir Ser podem ser contempladas por vrios angulos. Ainda nao resolvi o problema das eonjungtes ba- tréquias, mas a minha sapa continua pond oves, Penso sue ela aprocia a minha gestagio de uma sintaxe. Nesse {nterim, isto no ¢ uma desculpa pelos girinos.E um de safio para mim eos leitores, para que escutem com oo ago e ougam aquela linguagem que vive no Silencio tao mnente quanto no Verbo. 16 [Néo sou um mecenismo, una reunao de vdras parts. Endod porque mevnnisma ests funcionando mal ie estou doente. Exo doete por causa das frida dala, ‘do fen emociona siomesmo as fridas da alma custom mato, muito tempo, @ tempo apenas pode aiudar -apeciénca, eum arrependimentadifit {onde fed arropendiment,cnetatogt do ero da ida, ‘colibertara i mesmo a infidel repetigde do erro he dane nile onset deci ote DH. Lawrence, Healing! Pssaro alum voa th alto se ¢ com as priprine asa. As prises so erguidas eom as pedras da Lei, on Boris com 0 io- fos da relist jabilo engravida,O padecimento trea us "Betja sempre pronto para dizero que ensa, eo homem subservient evitelo-e ‘A dguin nunce pardeu tanto tempo come quande sujeitow se a apren- {er com 0 cove EEspord veneno da dua para ‘Atmaldigotalbe.Abengéo sla, ‘Se as ports da porcepedofossem limps tadas as coisas pereceriem a0 home como sao: infinias, ois ohomem encerrow-so a tal ponto que wf emerge as coisas atra- vs das Finas nesgas dona caverns, Ohomem que munca muda de opinio€ como a Agua parada & gora ‘éptols om sua mente, = Wiliam Bike, excerto de The marriage of haven and hel Eee eS epe ees PRs resis masa teenage peerecaree emesis sete eae Samuel Tyla Colerdg, Biographer, 7

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