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Introdução
No entanto, para compreendermos alguns aspectos do que está sendo proposto, haja
vista, ser esse um trabalho de cunho regional, é necessário que abordemos questionamentos
inerentes aos princípios teóricos que permeiam esta pesquisa. Diante disso, nos atentaremos
para discussões que norteiam a História Regional. A partir dessa situação, teremos que fazer
uma pequena análise das questões relacionadas às premissas do da teoria proposta, análise
essa que nos leva a uma apreensão dos debates existentes entre muitos geógrafos no que tange
a divisão do espaço geográfico para melhor compreendermos os aspectos sociais, culturais,
religiosos, políticos, enfim, compreendermos todas as relações existentes num espaço
delimitado geograficamente.
De início, antes que façamos uma análise mais aprofundada a respeito da História
Regional, é necessário comentarmos o que os geógrafos estão discutindo sobre o que é
divisão geográfica e de que maneiras são feitos os recortes espaciais para o estudo de uma
determinada região.
veiculação dos interesses do capital2. Por isso, critica discretamente a Geografia Tradicional,
procurando mudar a forma sem alterar o conteúdo social. O fato de manter a base social do
pensamento Geográfico Tradicional faz dela a via conservadora do movimento de renovação
dessa vertente.
Sendo uma corrente que faz pesadas críticas às outras correntes geográficas, a
Geografia Crítica3, tenta mostrar a realidade, fundamentando-se não somente nos dados
estatísticos, bem como procurando enfatizar o lado social, analisando as transformações
geográficas concomitantes com a sociedade, para assim dessa forma, podermos tentar estudar
determinados fatos geográficos de uma região isoladamente, o que de certo modo,
inviabilizaria o entendimento das transformações ocorridas numa amplitude territorial.
Percebe-se, no entanto, a existência de alguns pensadores da Geografia Crítica que defendem
a tese de que para se entender a região alvo da análise, é necessário que se busque um
entendimento em âmbito de território, assim sendo, a Geografia Crítica procura explicar os
fatos geográficos partindo de uma análise “micro” reportando-a para o “macro”, procurando
relacioná-la com a realidade.
Para tanto o autor Manuel Andrade, em seu comentário final, argumenta que a
Geografia Crítica, na pessoa de Milton Santos, é uma vertente que busca um melhor
entendimento do pensamento geográfico, livre das correntes da burguesia, dando assim um
aspecto mais humanista à Geografia, comprometida com a realidade do povo, em busca de
uma sociedade mais justa.
2
Idem, p. 52-55.
3
Ibidem, p. 63-70.
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com o estudo de História Regional, pois para que se possa delimitar o espaço para se fazer um
estudo histórico da região, é inegável que temos que considerar sua divisão geográfica.
Se por um lado as correntes geográficas discutem sobre o que evidenciar num estudo
regional, não é muito diferente de alguns autores que pesquisam a respeito do estudo de
História Regional.
Podemos dizer a priori, que a História Regional pode ser estudada sem deixar de lado
um contexto mais amplo. Segundo a autora Jandira Amado, o pesquisador ao se deparar com
o espaço a ser analisado, deve apreender as razões sociais pelas quais aquela região está
passando, observando todas suas nuances para não trilhar em argumentos que darão à sua
pesquisa tons de xenofobismo, nem comparar com uma outra região, tornando assim inócuo o
seu trabalho.
Notamos, no entanto, que à medida que fazemos uma “redução” do território, isto é,
do campo de pesquisa, seguramente podemos tentar elaborar uma análise maus aprofundada
dos assuntos a serem pesquisados.
sendo que esse fato, possivelmente, nos levará a um melhor discernimento de alguns aspectos
obscuros, constantes na História Total.
Para exemplificar tal explanação, podemos nos reportar a dois momentos da História
do Brasil. O primeiro, a respeito da crescente importância que teve o Estado de São Paulo, nas
últimas décadas do século XIX até os anos de 1930, por conta da produção e exportação de
café. O segundo momento, ocorrido na região Amazônica, especialmente entre os anos de
1870 a 1914, quando da extração e também exportação da borracha.
Para que fosse possível a realização desta pesquisa, utilizei-me de relatos orais, através
de entrevistas com castanheiros, donos de castanhais e outras pessoas envolvidas nos
trabalhos ligados a extração da castanha-do-pará, bem como de trabalhosa acadêmicos ou não,
que tratam do assunto. Vale ressaltar que a pesquisa de campo foi um dos pontos
fundamentais para o bom desenvolvimento dessa Monografia, mesmo porque foi esse o
momento que me trouxe o “verdadeiro” fundamento e a ligação direta entre pesquisa e
pesquisador.
A respeito da utilização das fontes orais, o autor Gwyn Prins4 afirma que muitos
estudiosos são contrários, pois existem desvantagens que não se adequam ao processo de
análise histórica, porque as fontes orais não identificam as hipóteses históricas, são imprecisas
e menos satisfatórias do que aquelas elaboradas com documentos escritos e só são praticadas
por gerações mais recentes (método novo, além de impreciso, gera apreensões), as
4
BURKE, Peter. A Escrita da História. In, Gwyn Prins. História Oral. São Paulo: UNESP, 1992, p. 172.
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Percebemos então – mesmo porque estas não são as únicas desvantagens no processo
analítico das fontes orais – que ao partir para o campo desse tipo de análise, devemos
considerar estes e os demais pontos negativos para que não haja uma interpretação de cunho
contraditório, isto porque os críticos das fontes orais argumentam que estas refletem dados
que poderão causar possíveis interpretações mal elaboradas. Prins defende que nem sempre
os resgates históricos com base em fontes escritas revelam o fato como ele realmente
aconteceu, visto que os documentos oficiais geralmente servem para validar fatos relevantes,
desconsiderando totalmente inúmeros aspectos históricos, que geralmente estão relacionados
a pessoas simples ou acontecimentos do cotidiano. Aliás, reside ai a grande vantagem da
história oral, que seria a possibilidade de ouvir as vozes marginalizadas pela história oficial.
Através dela é possível resgatar as vozes do passado, principalmente de pessoas simples que
sempre têm algo a nos dizer e a nos ensinar. O testemunho traz consigo memórias
impregnadas de uma carga de sentimento reveladas numa expressão facial, numa lágrima,
num sorriso, ou mesmo num silêncio, e que acabam por revelar a essência dos fatos 5. Que
documento expressaria tamanho sentimento? Nesse sentido, o resgate histórico através de
personagens que revelam, em suas lembranças, momentos marcantes de sua história pessoal,
transmite também uma grande carga emotiva. Aliás, essa é a grande vantagem dessa
metodologia, pois o que nos resta na memória é sempre o que nos marcou de alguma maneira.
Logo, ao ouvir testemunhos de pessoas, que no palco da vida foram protagonistas ou meros
coadjuvantes de momentos importantes de nossa história, é possível vislumbrar aspectos que
jamais um documento poderia revelar, pois essas lembranças são histórias de vida dos
verdadeiros atores dessa mesma história.
em Extinção”, discorrerei a respeito de como tão raro encontrarmos pessoas que vivem
exclusivamente da extração da castanha. E ainda, num terceiro capítulo, “O Êxodo dos
Castanheiros”, será abordada a questão da migração dos castanheiros para áreas de
garimpagem, bem como madeireira e a dos patrões que transformam os castanhais em áreas
de pastagens.
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