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Gustavo Ribeiro Amancio História da Música Brasileira

Choros 10, minhas impressões

Ao ouvir a obra pela primeira vez, percebi uma grande utilização de diversos aspectos musicais
que me deram uma percepção de confusão, majoritariamente na primeira parte (instrumental), sem
melodias muito longas e com diversos ritmos irregulares, vários instrumentos fazendo pequenas
intervenções, com entradas repentinas e intensidades diversas. Já na segunda parte, consegui
compreender melhor o discurso, já que as melodias dos instrumentos são mais claras e com a
entrada do coro, mesmo sem entender o texto, consegui perceber uma coesão entre todas partes.
Posteriormente eu li o artigo de Júlia Zanlorenzi Tygel “Villa-Lobos: Choros no. 10 – um outro
nacionalismo?”, no qual a autora faz diversos apontamentos musicais e extramusicais que me fez
compreender do que se trata a peça, qual o cenário social da época em que foi escrita e qual as
inspirações que Villa-Lobos buscou para compô-la. Acredito que essa leitura foi fundamental para
minha apreciação da peça, pois a partir do momento que me atentei às referências feitas à música
indígena, à utilização da música de Anacleto de Medeiros/Catullo da Paixão Cearense além da
simulação da escola de samba, consegui me interessar mais pela música e consequentemente
desfrutar dela.
Em suma, percebi que a escuta informada foi capaz de produzir um efeito muito positivo para
mim, pois me instigou a perceber a música não só com os ouvidos mas com o intelecto, uma vez
que fiquei mais atento às frases e em suas repetições e variações, e também percebi melhor a parte
do coro. Além disso me interessei pela peça original “Rasga o Coração”, o que me possibilitou
perceber a forma com que Villa-Lobos a utilizou, produzindo essa linda peça que culmina na genial
mescla de várias culturas.

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