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Referéncias bibliograticas AUSTIN, JL. Como hacer cosas con palabras. Barcelona: Pal 1, 1008 BHABHA, Homi, 0 terceiro espago (entrevista conduzida por Jonathan Rutherford), Revista do Patrimdnio Histérico © Ar- tistico Nacional, 24, 1996: 35-41 BLANCHOT, Maurice, Lentrotion ini. Pris: Gallimard, 1969, BUTLER, Judith, Compos que pesam: sabre os limites discursivos| do “sens in; LOPES LOURO, Cacia (on). 0 eorpo ede teado. Pedogogias da sexualidade, Belo Horizonte: Auténtica, 1999, 151-172 DERRIDA, Jacques. Limited Ine, Campinas: Papirus, 1991, PARDO, José Las. Elsujeto inevitable, as CRUZ, Manvel (ors). Tiempo de subjetividad, Barcelona: Paidés, 1996: 139-154 SAPIR, Faward. Language. Nova York: Harcourt Brace, 1921 oe. 3, Quem precisa da identidade? ‘Stuart Halt explosi dscursiva em tomo do concoto de “Wlemtenes © Seco on shines seca eo cia Goosen epoca Se tesinarctanenessorcten a ee Esto omscmpin decent ea istscmmasaci sheen ei dea fo i. tas alana ie ogee ws Ne Heat a ie cat dss cide see at Gd aja locos eas Existem duas formas de se responder a essa questi, A Brimeira consiste em observer a existneia de algo que istingwe a critica desconstrutiva a qual muitos destes con 1a cei exscocalisas tr sid bets. iferentmente quotes formas dcrtca qu objelvam superar once tonnadequaos, sbstutndo-s por cnet nai Woes pra em oe conoetoe shave bob ar Os de rut” indie eh neti erinrnmnane i teen Sees cigeal ala smear arta oe ale aba eeriemenner ir eee eee ate eet pretreat ents com eles onora agra em ss fvmasdesttlzadas © Stace no se tabula mal 0 paraigna no thal cles vam ogtnente gerade a, 1005) Ae dae this eu sn ein ee a ping sen eeepineernmnatnn’ aoc enecnrip inert penny edocs dope "or melo dese eserit pl, prec ee | também marcar o intervalo entre a inversio que torna baixo brie eine epee ennai eer “Syst qu no se dee mals umes se deo uty pl ee eter (Devi 981) Mentdndes um deseseanctos qe open cas spite ae rane ae rer pa een re auan ey tenet ee (enor dure no pam sersoquer persis. ee donde cei relaioa qual conjunto de problemas emerge a ee rst secs stem cress da agéncia’ e da politica. Por “politica” entendo tanto a Itai content dos Ioviments polis em 10s suas formas modernas ~ do significante “identidude” e de su relagéo primordial com uma politica da localizagio, quanto as evidentes dificuldades ¢ instabilidades que {ém afetado todas as formas eontemporiineas da chamada ‘politica de identidade”. Ao falar em “agéneia’, nao quero | expressar nenhum desejo de retornar a uma nogie nao-ime diada ¢ transparente do sujito como o autor centrado da Dritica socil, nem tampouco pretendo adotar uma ahorda gem que “eologque o ponto de vista do sujeito na origem de toda historicidade ~ que, em suma, leve a uma conseidncia transcendental” (Foucault, 1970, p. XIV). Coneordo com Foucault quando diz. que o que nos fila, neste cas0, no é “uma teoria do sujeito cognoscente”, nag “uma teoria da pritica discursiva’, Actedito, entretanto, que que este descentramento exige — como a evolugio do Usabalho de Foucault claramente mostra = € mio um aban ono ou abolicéo mas uma reconceptualizagio do “sujeito” E preciso pensé-lo em sua nova posigo ~ deslocads om des. «centrada~ no interior do paradigma, Parece que é na tentativa derearticular arelagio entre sujeitase priticasdiscursvas que ‘aquestio da identidade—ou melhor aquestiodaidentficagio, ‘as0se prefiraenfatizar 0 processode subjetivagio [em veda, priticasdiseursivas) ea politica de exchsio que essa subj, vvagio parece implicar = volta a apareecr © conceito de “identifcagio” acaba por ser un dos coneeitos menos bem desenvolvidos dk teoria sociale cul. tural, quase to ardiloso ~ embora preferivel ~ quanto o de ‘dentidade”. Ele nao nos di, certamente, nenhuma garan. tia contra as dificuldades conceitaais que tém assolado 9 Sltimo, Resta-nos buscar compreensdes tanto no repertério. discursivo quanto no psicanalitico, sem nos limitarmos a hum deles.‘Trataese de um campo semintico dennasia. ddamente complexo para ser deslindado aqui, mas ¢ itil es. {abelecer, pelo menos indicativamente, sa televaneia pana 108, ‘um mesmo ideal. E em cima dessa fundacdo que corre 0 106 O conceito de identifi -o herd, comegan com seu (so psicanalitico, un rico legado semantic, Freud euma-a { de “a mais remota expressio de wm lago emocionl com oulra pessoa” (Freud, 1921/1991). Nocontexto do compleao le Fdipo, 0 conceto toma, entretanto as figuras do pate da mie tanto como objetos de amor quanto como abjetos de competigio, inserindo, assim, a ambivaléncia no centro mesmo d processo."Aidentificago, na verdae, ambive, lente desde o inicio” (Frend, 1921/1991: p. 134) Em Lure imelancota, ela néoéaquilo que prende alguém aum objeto {que existe, mas aquilo que prende alguésn a escolha de un objeto perdido Tata-se, no primeira caso, de uma "moda. gem de acordo com o outro”, como uma compensago pela perda ds prazeveslibidinas do warcsismo primal. Eest findadana fantasia, na projegio naideaizagio. Sev objeto tanto pode ser aquecle que € odiado quanto aquele que avdoado. Com a mesma freqiéneis com que ela anspor: ) fade de volta ou inconsciente, cla “empurrac eu para fora / de'si mesmo”, Foi em relagio a idea de identiiengaa que Freud desenvolvew a importante distingio entre “ser” ¢ “ter” © outro, Ela se comporta “como um derivado da Drimeira fase da orgunizagio da ibid, da fase oral, em que © objeto que prezamos e pelo qual ansiamos & assim pela ingestio,sendo dessa maneira aniquilado como tal” (Feud, 1921/1991: p. 135). "As identificagbes vistas como ‘um todo", observa Laplanche e Ponals (1985), “nao so, de form alguna, um sistema relacional eoerente. Coeals. tern no interior de uma agéneia como o supereso[supereut Por exemplo, demandas que sio diversas, conflitiosas ¢ Aesordenadas. De forma similas 0 ego ideal &eomposto de itdentifcagoes com ideas euturais que ni sio necessatia. mente harmoniosos(p. 208). io estou sugerindo quo todas essas conotagies devam, Ser importadas em bloco © sem traducao ao nosso petsa ‘mento sobre a “identidade”; elas so eitadas aqut para indi uw? car os novos signilieados que o termo esti agora recebendo, ‘Oconceito de identidadeaqui desenvolvido nio€, portanto, unr conceito essencialista, mas um conceito estratégico ¢ posicional. Isto é de forma diretamente contréria Aguilo ‘que parece ser sua carreirasemintica oficial, esta concepcao de identidade ndo assinala aquele niiceo estivel do en que ‘passa, do inicio ao fim, sem qualquer mudanga, por todas as vicissitudes da historia. Esta concepcio nio tem como refe- réncia aquele segmento do eu que perianece, sempre e ji, “o mesmo", idéntico a si mesmo 20 longo do tempo. Ela tampouco se refee, se pensamos agora na questio da iden- tidade cultural, aquele “eu coletivo ou verdadeiro que se ‘esconde dentro de muitos outros eus ~ mais superficiais ou mais artficialmente impostos ~ que um povo, com uma ins gstolidavie aautilhsdas quant ‘mun (Hall, 1990}. Ou seja, um eu coletivo expaz de esta- bilizar,fxar ow garantir 0 pertencimento cultural ow uma “unidade”imutavel que se sobrepde a todas as outras dife- rencas ~ supostamente superficias. Essa concepgo acelta ‘que as identidades nio so nunca unifieadas; que elas s40, nna modernidade tardia, cada vez mais fragmentadas e fra- turadas; que elas nio nio sio, nunca, singulares, mas mul- tiplamente constiuidas ao longo de discursos, priticas © ‘posiges que poem se cruzer ou ser antagOnicos. As iden- Uidades estao sujeitas a uma historicizacio radical, estando constantemente em pracesso de mudanca e transforma. Procisamos vineular as disoussbes sobre ilentiade & {todos aqueles provessos e préticas que tem perturbado 0 “cariter rlativamente “estabelecido” de muitas populagdes fe culturas: os pracessos de globalizacio, os quais, eu a rmentaria, coincidem com a modernidade (Hall, 1996), e os ‘processos de mizragia forcada (ou “livre”) que tém se tor ruadlo um Fendmeno global do assim chamado mundo ps-co- lonial. As identidades parecem invocar um origem que residiria em tim passado histérieo com o qual eas continuae 10s, ‘rim a manter uma certa corres ide ea = a Jenbietinto, com a-questao da utilizagdo dos recursos da ea ate i re daquilo que. Ena ver nfo tanto cam as questoes "gee “de onde nés fe ee lemos nos tomar”, “como nds temos sido (esretaos ‘como essa representacio afeta a forma amo is podemos eprsentara nn prin tintoaver ao a rai conmaincengdoda tradi at corn ap traci, «qual elasnos obra «ler nio conte incessante rei 240 mas como “o mesmo que se. ‘nsf a (Gioy, 18 nto omsin chamadoeornoia eae peer TT Taal El eT maerativizagio do eu, mas a natureza necessartament {cional desse processo nto diminui de fore dave: soy [fica discus mate ahi fo alga, al on pit, mesmo que a sens / ssiodepertencimento, on soja -siturutoahi | eo da oat 4s identidades surgem, esteja, em parte, no imagine (ssn como no sinbioe, pornos em parte, construida na fantasia ou, a0 menos, no interior de um campo fantasmitico, a , E precisamente 0 thistéria” por a eran ome Ho men (fea eg [Soon oe ee ‘icra oe em ae ecm to ern | cre ioc meat imine iat ae sp oe mesmidade que tudo inclu, una identidade sem eostunes inteiriga, sem diferenciagio interna. : / assim, mais o pro- io do queo signo 109 Acima de tudo, ede forma diretamente contraria iquela pela qual elas sio constantemente invocadas as identidases, io construidas por meio da diferenca e nfo fora dela. Isso implica 0 reconhecimento radicalmente perturbador de {que & apenas por meio da relacio com 0 Outro, da relagio ‘com aquilo que nao é, com precisamente aguilo que falls, ‘com aquilo que tem sido chamado de seu exterior constitue tivo, que o significado “positivo" de qualquer termo ~ e, assim, sta “identidade” — pode ser construido (Derrida, funcionar, ao Tongo de toda-a sua Mistria, como paul ‘dentificagao e apego apenas por causa de sua Capacidade jparaexclui,paradessar de fora, para transforma o diferente fem “exterior”, em abjeto. Toda identidade tem, & sua “i gem” um excesso,algoa mais. A unidade; a homogeneidade interha, que termo “identidade” assume como fundaeional no é uma forma natural, mas uma forma construfda de fechamento: toda identidade tem necessidade daquilo que The “falta” — mesmo que esse outro que Ihe falta seja um outro silenciado e inarticulado. Laclau (1990) arguments, de forma persuasiva, que “a constituigio de uma identidade social é um ato de poder”, i Tis se una enidade comeqne se ainar © apenas Por ‘nei da tepressio daguflo que a ameaga. Derrida mos trou como constituigio dena entidadeesté sempre Iraseada no ato-de exclur algo de estabelocer uma vjolenta Ierarguia entre o: dois polos resultantes ~ hhomeminulher ee. Agullo que € peculiar ao segundo termo € asim reduzide ~ em oposigi A essoncialidade {do primelro a fungio deum acidente. Ocorreamesina ‘olea com a rlagso negrofbranco, na qual o branco 6. Sbviamente, equivalente a "ser humane" "Mather" © nao” so, asim, "mares" (St 6, trmos marcidos) em contraste com os tertnos nosmarcaos bomen” e“bran- 0" (Lalas, 1900: p. 33) Assim, as “unidadles" que as identidades proclamam, io, na verdade, construidas no interior do jogo do poder ho ea xh ht soo rsa node wate Eine nic mem cet ra sbrelseraind de eshanees: he ‘1994; Hall, 1993). oe __ $eas“identdades” s6 podem se lides a contapeo, sto & no como auilo queixa ooo da diferengacm tin ponte dleorigem cestabilidade, mas comoauilo que Cconsteuile 1adiferance ou por meio dela, sono corstantomente de. sestabiliadas por agullo que dei defor, come poe: 1b, eno, compreender seu significado e como pdms cori sua emergneia? Avtar Bra (1992p. 143 em se [importante artigo” Diferenga,diversidade eilerencingi’, Tevanta uma série de nportantes quests que estes noes moos de conceboraideatidade clocan Apes Fino, ésinda nese tabular mito sabe tide cone" tal 6 ote ominous. Can se deve nls neal colonial srclgocom gener coun Erivlegimento da ifernge ses” da primer ti Giana pskane inte eo aor explicative teers Semen ds mer poe enc Soak xt como oracima® De que fmna fee deal ea erde soi earn my pressce de fermagis do sajna pers deuce ave teoriaravinclo ate avileweil areal panna (908 a O que se segue é uma tentativa de comegar a responder este conjunto eritico mas perturbador de quests, [Em meus trabalhos recentes sobre este t6pico, fiz uma apropriagio do termo “identidade” que nio 6, cerlamente, partilhada por muitaspessoasepode ser mal compreendida, Utlizo ot dade” para significar 0 ponto de en- contro, o ponto de sutura, entre, por um lado, os diseursos 8 priticas que tentam nos “interpelar”, nos falar ow nos ‘convocar para que assuumamos nossos Ingares como 0s su mu Jeitossociais de discuss particulars e, por outr lado, 0$ ‘provess0s quie produzem subjetividades, que nos constroem (marxismo) quanto a fungi simblica da ideologia na cons- _ como sueitos aos quats se pode “fala”, As identidadessio, Aituigio do sujeito (empréstimo feito a Lacan). Michel ois, pontos de apego temporario As posigbes-de-sujeito Barvet deu, recentemente, uma importante contruigin {que as priticasdiseursivasconstroem para n6s (Hall, 1995), para essa dscussio, ao demonstra a “natureza profund Flas si o resultado de uma bem-sicedida articulagio ow tmente dvidida econtraditria do argumento que Althusser “fxacio" do sujeito ao fhaxo do diseurso ~aquilo.que Stephen ‘estava desenvolvende”, Segundo ela, “havia, naquele en Heath, em seu pioneiro ensaio sobre “sutura’, chamou de saio, duas solugies separadas,relativamente ao dill pro- “ma intersecca” (1981, p. 106)” Uma teori da ideolozia blema da ideologia, duas solugées que, desde entio, tem deve comegar nao pelo sujeito, mas por uma descrigao dos sido atsibuidas a dois diferentes pélos” (Barret, 1991, p. 96). cEotos de stra, por uma lesrigdodaefetivagio da junio Nio obstante, mesmo que nio tivesse sido bem-sucedido, sr pallto as enethcras de iguhongio" Into @ as dental | oensaio sobre os aparethos ideologicos de Estado assinalon, aaa ee eetoes que o miedo 4 cbtgado a estas tm moment altamentemprtante des dacs, ae tembora “sabendo” (aqui a linguagem da filosefia da cons- aqueline Rose, por exemplo, argumenta no seu livro Sexwa- iéncia acaba por nos trait), sempre, que elas sio repre- | yi the feof cision (1986) que “a questo da dentidade Se geen eunolg: <_afoma com la consti e manta portant « de uma “ila”, a0 longo de uma divisio, a partir do lugar do {Tei central por meio de qual a psicandlise entra no (Outro e que, assim, elas niio podem, nunca, ser ajustadas — Perit da ideologia na reproducio das relagbes sociais de prodio iddénticas—aos procesios de sujeito que sio nelasinvestidos 5 Se uma suturagio efica do sujeto a una posigio-de-sujeito ‘exige iio apenas que o sujeito seja “eonvoeado”, mas que ‘o sujeitoinvista naquela posigio, ent a suturagio tem que | ser pensaa como uma articulacdo e no como utn processo unilateral. 18:0, por sua vez, coloca, com toda a forge, a ldentificagdo, se nfo as identidades, na pauta teria, As referéncias ao termo que descreve o “chamamento do sujito pelo disenrso ~ “interpelagio” ~ nos fazem lem Ibrar que essa discussio tem uma pré-histria importante © incompleta nos argumentos que foram provocados pelo tensaio de Althusser "Os aparelhos ideolégicas dle Estado” 1971), Esse ensaio introduzin o conceito de interpelagio e a idéia de que a idcologia tem uma estrutura especulat, hima tentativa de evitar o eeonomieisino &o reducionismo ds teorias marsistas elssicas sobre a ideologia, rounindo fem um sinico quadro explicativ tanto a fungio materialist ma questo de dentidade}éumadas raztes pols quis a psicandlise lcaniana chegow = vino concete de Mel tin de Althusser e por meio de das trajterns ad fe thinismo eda anise do cinema ~ a vula intel Inglesa 0 femsnismo, porque « questo da Forma come ‘6s individuos se reconhocom a prprios coma mast Iinos ou femininos e-« exigencta de que cles assim fagam parece estar em uma relagioextreunont fi laental com as estruturas de desiallatee sour nnagdo que o feminismo se prope annular. O ines porque sua forge come um aparelho tealigeo rere os mecanismor de identiicag e fantasia sexual dos ‘quis odes nés parecemos participa mas qu, fora da nena so admitidos, na mara das veaes, apenas 10 «i [do steals, Se a Wdeologaéefeas ¢ poraue ola ge nos niveis mals nidimentaves a Wdentidade c dos Itnpalsospsfguios (Rose, 1985, p 5). ntretanto, se no quisermos ser aeusados de absundo- har um redueionismo economieista para eair direta nte us cr um reducionismo psieanalitico, precisamos acrescentar queseaideologia rrudimentares da identidade © dos impulsos psiquicos” quanto no nivel da farmacia ¢ das priticas diseursivas que Constituem o campo social e que é na articulagio desses ‘campos mutuamente constitutives, mas nao idénticos, {que se situam os problemas conceitusis reais. O termo ‘identidade” - que surge preeisamente no ponto de in- terseagio entre eles ~é, assim, o local da difculdade. Vile apenaierescentar que 6 improvivel queconsigamos,algum dia, estabelecer esses dois constituintes [o psfquico © 0 social] como equivalentes — 0 préprio inconsciente age como a barra ou. como 0 corte entre eles, 0 que faz do inconseiente “um local de diferimento ou adiamento perpé- tuo da equivaléncia” (Hall, 1995), mas ndo & por essa razao que ele deve ser shandonado, Oenssio de Heath (1951) nos fazlembrar que foi Michel chet quem tenfou desenvolver uma teoia do diseurso dle acordo com a perspectivaalthusseriana © quem, ma ‘verde, registrow oss intransponvel entre primeira ¢ 2 sogunda metades do ensato de Althusser, aesinalando a “forte ansénca de uma articlago conceit entre adeo- Ingia © inconsciente™ (tado em Heath, 1981, p. 108). chews tentou “escrevero dscurso ens sua relagio com ‘os mocinismos pelos quais os suetos x80 posicionados” (Heath, 1961, p. 101-3), utizando 0 conectofowcatiano deformagio discusiva cefinida como aqua que “determic naoque pode edeveser dito”. Ne interpretagio que Heath fer do argumento de Pechows Os indviaos io contr como suit pea fra Stodiscn, rosersdesuegio no qa fprovetndo Wa dae espe contig de eet Ga que Ahsscrtemow emprestada de Lar ‘ido'@ inti como fujto para formagio {isc por meta de un extra deo rene na | mento (osujito 6, assim apresentad como sndoafonte des signifies dos qui, na verde, ele um eet) A Interpeacio nomeia omecanis dessa extratuta de fal reconhecimento; nome, na verde, © gar do sujlto nodiscusivo eno ideolégeo 0 panto de sa correspon: ene (1981, p 101-2), Essa “correspondéncia, entretanto, continuava Ineo |modamente nao-resolvida. Embora continuassea ser usado ‘como uma forma geral de deserever o processo pelo qual o sujeito & “chamado a ocupar seu logar", o eonceito de interpelagio estava sujeito 2 famosa critica de Hirst, A interpelagio dependia ~ argumentava Hirst ~ de um reco- ‘hecimento no qual, na verdade, se exigia que o “sujeito”, antes que tivesse sido constituide coma tal pelo discutso, Livesse a eapacidacte de agir como um sujeito. “Esse algo ‘que ainda nio é um sujeito deve 6 ter as faculdades neces- sirias para realizar o reconbecimento que 0 consti como um sujeito” (Hirst, 1979, p. 65). Este argumento mostrou-se muito convincente a muitos dos leitores subse- dqhentes de Althusser, levando, na verdade, tado.oexmmpo de investigagio a uma interrupgio inesperada, Pssaeritioa era certamenteimpressionante, mas ainter= rupgio, nesse momento, de oda investizgio, mostrouse premature A ertca de Hirst ft importante, ao mostrar que (todos os mecanismos que consttuamo sujet pelo dscur- |, por meio de uma sterpelagio © por meio da estrutura J especlar do falso reconhecimento,descrita de acordo com 4 fase leaniana do espelho, cori o isco de pressupor _um sujet constitu, Entetanto, sma vez ningun Tinka proposto renuneiae 3 idéin do sujeto como sendo | constitu na ciseuso, como um feta do deur, ainda tera necessrfo mostrar por meio de qual mecanismo de vel & acusagio de pressupor aqulo que queria explicar~ essa constitugio podia ser cfetuada. O problema fcava aid, mas ni tum mecanismo que nio fosse valu us rwsalvido, Pelo menos algumas das diffuldades pareciam surgirdofato de se acta sem musta diseussioa propasicio tin tanto sensacionalista de Lacan de que tudo que & conse tiutivo do sujeto nio apenas ocorre por meio desse mecae nismo de resolugio da erise edipiana, mas ocome num ‘mesmo momento. A “resolugio” da erise edipiana, na Tin sagem extremamente condensada dos evangelist laca- nanos, era idéntiea~¢ oeoria por meio de wm mecanisto ‘equivalente ~ 2 submissio & Lei do Pai, A consolidagio da diferenga sexual, & entrada na Tinguagem, & formacio do inconsciente e(ap6s Althusser ao reerutamento as ideolo- as patvinreais das sociedades ocidentas de capitalsmo tardio! A iia wats compleaa de um sujeito-em-pracesso ‘ficava perdida nessas diseutiveis eondensagées © nessas ‘equivaléncias hipoteticamente alinhadas seri. que 0 sujito €racalzado, nacionalizado ou coosttuido como um sujeito empreendedre liberal tao também nesse momento [de resolugio da rise edipiana?) © proprio Hirst parecia pressupor aquilo que Michele Barrett chamou de “Lacan de Althusser”. Entretanto, como diz ele, “o complexe e arriscado processo de formacio de uum adulto humano a partir de urn animalzinho’ nao corres ponde necessariamente ao processo desert pelo mecan tno da ideologia de Althusser.) a menos que a Crianca (.) ‘permanega na fase do espelho lacaniana, ou a menos que 16s forremos o bergo da erianga com pressupostos antropo- lgieos” (Hirst, 1979). Sua resposta a isso & um tanto pet= fnetéra. "Nao tenho nenbum problema com as Criangas, ‘e nfo quero declari-las cegas, surdas ou idiot, simples- mente para negar que elas possuem as capacidades de sijeites filasfiens, que elas tém os atribtos de sujeitos cognoscentes, independenterente de sua formagio e trei- namento como sujeitos soviais”. O que esti em questi, Aqui, 6a eapacidade de auto-reconhecimento, Mas afirmar 16 aque o “also reconhecimento” & um atributo puramen | cognitive (ou, pior ainda, “fioséfieo”) significa expressar | um pressupasto sem qualquer fundamento. Akém disso, & pouco provavel que ele aparega na crianca de um s6 golpe, ccanseterizando um momento claramente mareado por um “antes” por um “depois” Parece que os termos da questio foram, aqui, nexplica- velmente, formulados de uma forma um tanto exagerada, [Nao precisamos atribuir ao “animalzinko” individual a pos- se de um aparato flosGfico completo para explicar a rao pela qual ele pode tera capactdade para fazer um “roconhe- ‘imento falso” de si préprio no reflexo do olhar do outro, ‘que é tudo ode que precisamos para coloearem movimento apassagem entre o Imaginévio eo Simbslico, para utilizar fs termos de Lacan. final, ee acordo com Freud, para que ) se possa estabelecer qualquer relagio com um mundo ex- texno, a catexia bisiea das zonas de atividade corporal © 0 aparato da sensagio, do prazer e da dor devem esta fi “em cio", mesmo que em wna forma embrionstia, Existe, J, ‘uma relagio com uma fonte de prazor(arelagio com a Mie no Imaginario), deforma que deve existir algo que 6 eapaz de“reconhecer”o que € prazer. O préprio Lacan observou, «em seu ensaio sobre o estigio do espelho, que “o filhote do hhomem, numaidade em que, por um curto espaga de tempo, ‘mas ainda assim por algum tempo, ésuperado em inteigén= ia instrumental pelo chimpanzé, jé reconhece no obstante ‘como tal sua imagem no espelho’ Alem disso, a critica parece estar formulada em uma Jogica binavia: “antes/depois”, You isto ou aquilo”.A fase do espelhondo éocomeco de algo, mas aintorrupedo ~aperda, falta adivisdo~ que iniciao processo que “funda @ sujeito sexusalmente diferenciado (eo inconsciente)eisso depend rio apenas da formagio instantines de alguma capacidae ‘coynitiva interna, mas da ruptura edo deslocamentoefeta- dos pela imagem que é relletida pelo har do Outro, Para Lacan, entretanto sso ¢ ji uma fantasia a pr6pria imagem {que localiza a crianca divide sua identidade em dus. Além disso, esse momento sé tem sentido em relagio com a pre= senga e o olhar confortadores da mie, a qual garante sia alidado para acrianca. Peter Osborne (1995) observa que, ‘em “O campo do Outro”, Lacan (1977b) desereve "umn dos puis seyurando acrianga diante do espelho”, A erianga langa um olhar em dirogio & mae, como que buscando confirma ‘co: “ao se agarrar & referéncia daquele que o olla num espelho, o sueito v6 aparecer, nto seu ideal do eu, mas seu ex ideal” (p. 257 [242). Esse argumento, sugere Osborne, “explora a indeterminagio que é inerente & diserepincia centre, porum lado, a temporalidade da caracterizagio feta por Lacan ~do encontro da crianga com sua imagem eorpo- ral no espelho como um ‘estigio’ e, por outro, 0 cakiter pontual da apresentagio desse encontro como uma cena, eujo ponto dramatico est restrito As relagdes entre apenas dois ‘personagens' a erianga e sua imagem corporal”, Ex tretanto, como diz Osborne, das duas uma ow isso repre senta um acréscimo eritico ao argumento do “estigio da cespelho" (mas, nesse caso, por que @ argumenta nao & esenvolvido?) on isso introduz uma login diferente cujas implicagées nio sio absolutamente discutidas no trabalho subseqitente de Lacan. A idéia de que nfo existe, ali, nada do sujeito, antes do «drama edipiano, constitui uma leitura exagerada de Lacan, Aafirmacio de que a subjetividade no esté plenamente consttuida até que a crise edipiana tenha sido “resolvida” iio supe uma tela em branco, uma tabula rasa, ow uma concepciodotipo “antes edepoisdosujeito”, deseneadeada poralguma espécie de coup de thédtre, mesmo que — cama Hist corretamente observon ~ isso deixe sem solugio & us problemitica relagdo entre 0 “individuo” eo sujeito(o que ‘0“animalzinho™ individual que ainda no éum sujeito? Pode-se acreseentar ques explicagio de Lacan € a uma dentre as muitas teorizagées sobre a formagio da subjctividade que levam em conta os processos psiquicos mscfentes ea relagio como outro. Alm disso, agora que © “dilivio lacaniano” de alguma forma retrocedeu © no existe mais o forte impulso inicial naquela diregao dado pelo texto de Althusser, a discussio se apresenta de uma forma ‘um tanto diferente. Emsuarecente interessante diseussio sobre a origens hegelianas do conceito de “reeonhecimen- 10" antes reerido, Peter Osborne eritica Lacan pela “forma pela qual, 20 abstrat-la do contexto de suas relagdes com os ‘outros (particularmente, comamie), eleabsolutizaa relagio da erianga com sua imagem’, tornando essa relagio, 20 mesmo tempo, constitutiva da “matviz simbéliea de onde emerge um eu primordial”. Ele discute, a partir dessa critica, as possibilidades de diversas outras variantes (Kris- teva, Jessica Benjamin, Laplanche), as quais néo esti con- finadas 20 falso e alienado reconhecimento do drama lacanfano, Esses sio indieadores titeis para nos tirar do inmpasse no qual, sob os efeitos do “Lacan de Althusser” essa dliseussio nos tinha deixado, quando viamos as meadas do psiquico e do discursive escorregar de nossas mios. Euargumentaria que Foucault também aborda oimpas- ‘se que nos foi deixado pela critica que Hirst faz de Althusser nas a partir da direcio posta, por assim dizer. Atacando, | de forma enérgica,o “grande mito da interioridade”, eim- pulsionado por sua eritca tanto do humanismo quanto da filosofa da consciéncia e por sua leitura negativa da psiea- nilise, Foucault também efetua uma radical historicizagao da categoria de sujeito. O suje lofeito” do diseurso e no diseurso, no interior de formagies 0-6 prodttzido “coma un nig dliscursivas especificas, nip tendo qualquer existeneia pri pria, Nao existe tampouco nenhura continuidade de uma osigio-de-sujeito para outa ou qualquer identidade trans- ccndental entre uma posicio e outra, Na perspectiva de seu trabalho “arqueol6gico” (A historia da loucura, O nascimen- toddactinica, As palacras as coisas, Aarquedlogia do saber), 1s discursos eonstroem — por meio de suas regras de formas ‘doe de suas “modalidades de enumeiag” - posiies Jeito. Por mais convincentes e originals que sejam esses trabalhos, a critica que lhes é feta parece, a esse respeito, justficada. Eles do uma desericio formal da construgio de posigbes-de-sujeito no interior do diseurso, evelando mui- topouco, em troca, sobre as razbes pelas quais os individuos ‘eupam certas posigdes-de-sujeito e nao autras Ao deixar de analisar como as posig6es soeiais dos indi- Vids interagem com a construcio de certas posigBes-de-si- Jeito discursivas “vazias", Foucault introdue sma antic nomi entre as posigoes-de-sujeito ¢ os individuos que as ‘ocupam. Sua arqueologia di, assim, uma descrigdo formal critica, mas unidimensional, do sujeito do diseurso, As po- sigies-de-sujeito discursivas tornam-se eategorias @ prior, as quais os individuos parece peupar de forma nio-pro- blematica (MeNay, 1994, p. 76-7) A importante mudanga no trabalho de Foweaslt, dem método arqueoligico para um método genealégico, contrie Duiu muiissimo para tornar mais eoncreto 0 “formalismo tun tanto *vazio” dos traballios iniciais. Em especial, 0 poder, que estava ausente da descrigao mais formalista do dliscurso, é agora introduzido, oeupanclo ima posigio cen- tral. Sao importantes, igualmente, as estimulntes possibi- lidades abertas pela discussio que Foucault faz do duplo cariter ~ sujeiglo/subjetivagio (assujettisement) = do pro- ccesso de formacao do sujito. Além disso, a centralidade da ‘questo do poder ¢ a idéia de que o préprio diseursa é wna 0 formacio regulativa eregulada, a entrada no qual & “deter tninada pels (e constttiva das) relages de poder que permet o dominio social” (MeNay. 1994.87) trazem a concepgao que Foucault tem de formagio diseasiva para Imai pertodealgumas dis elisias questbes que Althusser tentou dscutr por meio do conceta de “leon” ~ son obviamente, set reducinisma de classe, snasconotagies «economieistse seus vnculos com assergdes de vera Persist, entetanto, na dread teorzagio sobre 0 suet a identdade, certs problems. Una das implica. es das novasconcepgées de poder desenvolvida no tras Julho de Foucault 6 radial “desconstracis” do compo 0 Shim tesiuo ou local de refigo do "Homent”—c sua J reconstruc” em termos de formas histreas, geneae Ngeas e dscusivas. O compo € constuido, moldado e remoldado pela interseega de uma varied de pitas diseursivas dseiplinares A tare da genealosia, prorlama ‘Foucault, “& ae expor o corpo tatalmente mareado pel ‘stra, bem como ahistéria qu araina a corpo” (1984, py 653). Embora possamos aeitar esse argument, com toda 4 suas implieagbes radiealmente “eonstrconists” fo con po tora-seininitamente malevele contingents, nao ea ‘tou certo de que possamos ou devamos ir tio longe a ponto dedeclarar como Foucault que “nada nohomem=nent mes. ‘mo seu corpo €suficientementeestivel para servir dbase Para o auto-econheeimento om para a compreensio de Joutros homens”. Iso nfo porgue o compo se constta em tumrefeenteveainenteestaveleverdadeitoparasprocesso de autocomprcensio, mas porque, cmbota posta se tata dle tum “faso reconheeimento". € procisamente sob esst forma que o corpo tem funcionado como o ssnifieante da condensagdo das subjtvidades no individ e essa hungso to pode ser descrtadaspenas porque, como Foucault bern mostra, ela no “verdadeia bi Alem dso, omeuprprio sentiment ode que apes das afitmagies em contrivio de Foueault, sua invocagio do corpo como o ponto de aplicacio de uma variedade de pri- ticas discipliares tende a emprestar a sua teoria da regulax ‘Go disciplinar uma espéeie de “coneretude deslocada ou tal colocada’, uma materiaidade residual, a qual acaba, dessa forma, por agir discursivamente para “resolver” ou apatentar resolver a relacio, indeterminada, entre asujeito, 0 individuo e 0 corpo. Para dizé-lo de forma direta, essa * waterialidade” junta, por meio de uma costura, ou de uma ~sutura’,aquelas coisas que a teoria da produgio discursiva dle sujeitos, se levada a seus extremos, fraturariae dispersae rin de forma irremedidvel. Penso que “o corpo” adquiri, nt investigagio pés-foucaultiana, um valor totémico, precisa ‘mente porcatsa dessa posigio quase magica. E praticamen- {eo tinico trago que resta, no trabalho de Foucault, de um “signifieante transcendental”, critica mais s6ria tem a ver, entretanto, com 0 proble- ‘ma que Foucault encontra ao teorizar a resistencia na teoria do poder desenvolvida em Vigiare punir ee A historia da sectalidade. Tera aver também com a concepsi do sujeito autopoliciado que emerge das modalidades disciplinares, confessionais ¢ pastorais de poder diseutidas nesses trabalhos, hem como com a ausénecia de qualquer consideragto sobre o que poderia, de alguma forma, inter romper, impedir ou perturbar a trangtilainsergi dos indi viduos nas posigies-de-sujelto construidas por esses dis ‘cursos. Coneeber © corpo como submetido, por meio da “alma”, a regimes de verdade normalizadores, € uma ia nneira produtiva dese repensar a assim chamada “materiali- ‘dade” do corpo ~ una tarefa que tem sido produtivamente assumida por Nikolas Rose ¢ pela “escola da govername talidade”, bem como, de wma forma diferente, por Judith Butler, em Bodies that matter, 1993. Mas édifiell deixar de 2 ‘questionar a concepgio do. préprio Foucault de que us sieitos assim construtdos sio “corpos déceis” e todas is ‘mplicages que isso acarreta. Nao hii nenhurna teorizin sobre as razies pelas quais os compas dleveriam, sempre: « incessantemente, estar a postos, na hors exata —exatan © ponto do qual 2 teoria marxista clissiea da ideologia ox rmecou a se desembaracar e u prépria dificuldade que Al- thusser reintroduziu quando ele, normativamente, defini fangio da ideoloxia como relagdes sociais de produgio”. endo a de “reproduzir as Além disso, nfo ha nenhuma teorizagie sobre os mecs- plsmos piguics oo process ineroes que podem fazer com que essas“interpelagbes” automiticas seam pro- uzidas ou, de forma maisimportante, que podem fazer com ‘que elas fracassem ou encontrem resistencia ou sejam ne- ociadas. Mesmo considerando o trabalho de Foucault, em ‘divide, como estimulante e produtivo, podemos dizer que, nesse caso, ele “pula, muito facilmente, de uma deserigio do poder diseiplinar como uma tendéncia das moderna formas de controle social para uma formulagio do poder disciplinar como uma forca monolitica plenamente instal cda—uma forga que satura todas as elagies socials. Isso leva ‘uma superestimagio da efieseia do poder disciplinar © a ‘uma compreensto empobrecida do individho,o queimped ‘que se possa explicar as experiéneias que escapam ao terrs= no do ‘corpo docil” (MeNay, 1994, p. 104), Que isso se tornou dbvio para Foucault torna-se evden tens nitida © nova mudanga em seu trabalho, representa pelos itimos fe incompletos) volumes da assim chante “Historia da semuslidade” (O uso dos prazeres, 1987; 0 cexidado de si, 1985, e, tanto quanto podemos desi, » volume inédito ¢ importantissimo ~ do critica que acabamos de revisar = sobre Pois, aqui, sem se afastar muito de seu inspirado traball re sure oearter produtivo do process de regulagio norma tva (nenham sujeito fora da Lei, como express Julith Buller, cl tactanentereconhece quenio éruiciente que {Lei convosue, discipline, produc rege, mas que deve favor tambem a correspondent produgio dea resposta =e. portato, a eapacidade eo apaato da subjetividade por pate do sujeito. Em sua itrodugo erica ao io O | todos prazres, Fault fama ist dagueas coisas ave, [riesse momento, poderiamos exporar de seu trabalho Ca | correla entre campos de saber, pos de nomatividade e | Formas de subj" ma itr patil) mas agora ritieamente arescenta asp plas ois oa evan pres tains da bfpby ascdediorsseroncre sf come ded tendo de consign omacertsrlgoguelesperitedeebr Serdar, verde desewser ej ce natal ude Ems ser ade psa nsr oan de {qc mela os inde frum ladon neve sobre Xs inmmoso sobre cr ut. ura homendtce do dogo Teneo 1957 S101, Fuca descreve iso ~ corretamente, em nossa opi “io — como uma “Tercera mudangs, um mudnga que Detmitrin anaisar aquilo que se chama de “o sujet”. Pa feceu-the necessiro examinar quaissf0_as forms © as rmodaldades da relagao com ou plas qua ond se Constitie seeconhece qua sujet, Focal, obvamente, ‘io far ealmente uma coisa ta wg como ade invoca © teri “ientidade”, mas com a “relagio com 0 ev" € & onstituigioe oreeonhecimento desi meso” qua sjit, estamos no aproximandlo, pensoeu, daquele tertorio que, nos termos antriormente estabeleides,pertene,lestc problemtica da identidade rmamente, Este ndo é 0 lugar para explorar os muitos e prodativos insights que suger da anilise que Foucault faz dos jogos wt de verdade, do trabalho ético, dos regimes de auto-regula- € automedelacao ¢ das “teenologias do eu” envolvidas 1a. constituicéo do sujeito desejante. Nio existe, aqui, cer- tamente, nenhuma conversio, por parte de Foueault, que re-instaure qualquer idéia de “agéncia’, de intengao ou de voligio. Mas hi, aqui, sim, uma consideragio das priticas de hiberdade que podem impedir quo esse sujeito se torne, para sempre, implesmente um corpo sexwalizado décil Hi a produgdo do eu como um objeto do mundo, as priticas de antoconstituicdo,o reconhecimentoc a reflesi arelagio com a regra,juntamente com a atengio eserupuis losa 8 regulagio normativa e eom os constrangimentos das gras sem os quais nenhuma “subjetivagio" é produzida, ‘Trata-se de um ayanco importante, wma vez que, sem es ‘quecer aexistencia da forga objetivamente disciplinar, Fou- cult acena, pela primeira vez em sua grande obra, & ceist@ncia dealguma paisagem interior do sujeito, de alguns _mecanismos interiores de assentimento a regra, 0 que livra essa teorizagio do “behaviorismo” e do objetivisma que _ameagam certas partes de Vigiar e puntr. A étiea eas priticas ) doen sao, mnuitas vezes, mais plenamente deseritas por Ro aul nas sss timas obras, como uma “esttiea dacisténcia como umaestiizagao deliberada da vida cotidiana. Além disso, a tecnologias af envolvidas aparecem mais sob a farma de priticas de autoprodugio, de modos espeeificos de eonduta, constituindo aquilo que aprendemos a reconhecer, em ine vestizagdes posteriores, como a de Judith Butler, porexem- plo, como uma espécie de performatiidade, cult J sendo pressionado, pelo eserupuloso vigor de sea préprio pensamento e por meio de una série de mudanczts eonevi- tuais, efetadas em diferentes fases de seu trabalho, a se \ mover em direcio ao reconhecimenta de que = uma vez que 0 descentramento do sujito nio significa a destruigio do © que vemos aqui, pois, na minha opiniio, 6 Ro stieo © wna ez que “centramento” na prticadscursiva so pode fancionar sem a eonstituicin de sujeitos ~ € nncessiriocomplementaraterizago a regulaga disc sisne discipinar com uma teorzago ds priticas de ato. constitu subjetva. Nunca fi scene ~em Mara em {Althusser em Foucault ~ ter simplesmente uma teria de ‘camo os individios sto convocados a oeupar seus higaes por meio de estuturasdiscursivs, Fo, sempre necessiia ter também uma teorizacio de como os suetos so const tuidos rm seus timos trabalhos, Foucault fe um avango considerivel, ao mostrar como isso se di em coneno eam prticas disursivashistricamente especies, com a auto. relagio normativac com tecnologia docu. A questo que fica €e nis também precisamos, por asim diet, dininti 6 fosso entre os dois dominios, isto 6, se precsamos de uma teori que desereva quais io os mecanisios pelos qs os indvidios consderados como sujeitos se identifi fou ‘io se identifica) com ts “posgdes” para ns quai sio convoeados que desereva de que forma ces moldam, est Jaan, produzem ¢ “exereem” essasposgoes; que explique Bor que ees no ofazem completamente, dena 58 ver.€ por todo tempo, e por que alguns nunca ofazem, on esto ‘em um process constante, agonistico, de luta com as regras normatvas ou regulatvas com as qals se confrontatn © elas quais regula simesmos ~izendoshes resistencia negociando-as ov acomodandows. Em suma, que fieaé& exigncia dese pensar est relagio do sjeto com as formas fies dscursivascomo una articulagdo ots as atiulaces io, mas apropradanent,rlagoes “sem qualquer cures. pondencia necessra, st 6 fdas najula eontinge cia que “reativa o histérico” [Laclau, 1990, p. 35). F, portato, anda mais fascinate observa que, quando Fyeaut Finalmente, nao dé pass decsivo nessa dee {no trabalho que fo, eno, tragieamenteintertompide) cle Bs. 6 impedido, obviamente, de recorrer a uma das prineipais fontes de pensamentosobre esse negligenciado aspecto, ito 6a psicanilise; ele ¢ impedido, pela sua prépria erica, de ir naquela diresao, Ja que ele via a psicandlise como sendo simplesmente mais uma rede de relagies diseiplinares de poder O queele produz, em vez disso, éumafenomenologia Alscursiva do sujeito (voltando, assim, talvez, a fontes e in- fluéncias inicisis, cuja influéncia sobre set trabalho ele proprio, de alguma forma, subestimou) e uma genealogia das tecnologias do eu. Mas trata-se de uma fenomenologia que corre orisco de ser atropelada por uma énfase exazera- ‘dana intencionalidade ~ precisamente porque ela nio pode admitir 0 inconsciente. Para 0 bem ou para 0 mal, aquela [porta ja estava, para ce, fechada Felizmente, ela nfo permanecen fechada, Em Gender trouble (1990) e, mais especialmente, em Bodies that matter (1999), Judith Butler analisa, por meio de sua preocupago com “os limites discursivos do sexo" e com as politeas do fominismo, as eomplexas transagées entre o sujeito,o corpo a identidade, ao rounix; em um tinico quadro snalitico, concepgdes foueaultianas e perspectivas psicenaliticas ‘Adotando a posigio de que 0 sujeito € discursivamente cconstruido.e de que nao existe qualquer sujeito antes on fora da Lei, Butler desenvolve o argumento de que categoria do “sexo” & desde o inci, normative: ela & silo que Fouenit chamou de “eeal regulars”. Nese Sent, pos, exon apenas Fncona xno wna norma, mas é pte de uma peti regulatra qe paces cs ‘que govera, isto td orga outa anes eco una expécie de poder pradtiv, © poder de pros ‘érvlag diferencia ~ 0 coos qe contol, O consteuto ideal que & fongosan és do tompo (Butler, 1993p. A mteralizagio 6, aqui, repensada como un efeito de poder. A visto de que o sujeito é produzide no curso de sua matevializagio esti fortemente fimdamentaca enn urna teo- ia performativa da linguagem e do sujeito, masa perfor lividade & despojada de suas assoviagGes com a voigo, com, a escola © com a intencionalidade, sendo relida (contra algumas das interpretagies equivocadas de Gender trouble) “no como o ato pelo qual um sujeito az iexisténeia aquilo que ela ou ele nomeia, mas, ao invés disso, como aquele poder reiterativ do discurso para produizir os fendmenos ‘que ele regula e eonstrange” (Butler, 1993, p.2(155), A mudanea decisiva, do ponto de vista do argumento aqui desenvolvido, é,entretanto,aligacéo que Butler fz do ato de “assumir’ um sexo com a questia da identificagao e ‘com os meios diseursivos pelos quaiso imperative heteras- sexual possiblita certas klentiicagies sexuadas e impede ounegaoutras dtentificagdes” (Butler, 1993, p.5 (155). Esse centramento da questio da identificagio, juntamente com aproblemitica do sujeito que assume um sexo”, abre, no trabalho de Butler, um didlogo crticoe reflexivo entre Fou cault © a psieanilise que € extremamente produtiva. E. verdade que Butler ndo fornece, em seu texto, um meta-ar= gumento teérico plenamente desenvolvido que desereva J como as duss perspectivas, ou a relagio entre 0 diseursivo eo psiquico, devem ser “pensadas” de forma conjunta, além de uma sugestiva indicagio: “Pode haver uma forma de | sujeltara psicandlise a uma reelaboragio foueaultiana, mes- ‘mo que o proprio Foucault tenha recusado essa possiili de". De qualquer forma, est texo ait como pomtode partida aida de Foucoult dequeopader regulate produzessijeitos que contol, ‘que o poder nio ¢ simplesmente impostoeaternamente, tas que fonciona como 0 meio reglatrio e nomativo pelo qual o sujeltos so fortudos.Oretono i psicanalise Sorento, pois, pela questio de coma vert noms opulatias foram un sujeltosexva’, sob condigges ‘que toma impossivel se distingue ene a formagio Dslquic a forma corporal (1995, p23, 138 A relevancia do argumento de Butler & ainda mais pertinente, entretanto, porque & desenvalvido no contexto ch discussio sobre o genera ea sexualidade, feta wo quadro tesrieo do feminism, remetendo, assim, diretamente, tanto as questies sobre identidatee sobre politica de identidade is questées sobre a fincSo paradigmatica da dife- quant renga sexual relativamente aos outros eis de exclusso, tl como ressaltado no tabalho de Avtar Bra, anteriormente rencionado. Butler spresenta, aqui, 0 eonvincente arg mento de que todas as identidades faneionam por meio da aclisio, por meio da construgio discursiva de um exterior constitutive da produgio de sueitos abjetos e marginal zads, aparentemente fora do campo do simbico, do re- presentivel (a produgio de um ‘exterior’ de um dominio dle efits inteigives” (1998, p. 221), ¢ qual retora, enti para complicare desestabilizaraquelas foralusbes que n6s, prematuramente,charamos de “identidades”. la formula ese argumento, deforma eeu, em relagio sexualizagio a railizagao do sujcto ~ um argumento que precisa ser dlesenvolvido, pata que a consituiio dos sujitos por meio dos efeitos regulatrios do discurso racial adquir a impor- tlncis até aqui reservada para 0 género e a sexulidade (cmbora, cbviamente, seu exemplo mais trabalhado seja 0 dh produgio dessas formas de abjegio sexual geralmente “normalizadas” coma patolégcas ou perversts) Como obserwou Janes Souter (1995), “aeriica interna «que Butler fe da politica de identidade feminstae de suas promissas fundacionais question a adequagio de uma po Hiica vepresentacional euja base 6 a universalidade © a sunidae presuimiveis de seu sujeto ~ categoria unificada sob orto de‘mutheres™,Paradoxalment tl com oco1= re com todas as outas ientidades, quando so trata palitcamente, de uma manera fundaeional, ess ientida- dl “esti hascada na excluso das mulheres diferentes’ eno 19 privilegiamento normative das relagdes heterossexuais como a base de uma politica feminists". Essa “unidade’, angumenta Souter, 6 uma “unidade ficticia’, produzida ¢ constrangida pelas mesmas estruturas de poder por meio das quais a emaneipacio é buscada’. Signiicativamente, entretanto, como Souter também argumenta, isso no leva Butler a argumentar que todas as nogoes de iddentidade deveriam. portanto, ser abandonadas, por serem teoriea- mente falhas. Na verdade, ela aceita a estrutura especular da identificagao como sendo uma parte de seu argumento, Mas ela reconhece que um tal argumento sugere, de fato, “os limites necessérios da politica de identidade”: Neste sentido, a idontificages pertoncom ao imaginieo; lassi esforgos fantasmaticos de alinhanento, de lealds de, de coabitages ambiguas e intercoporais. Ela desee tubilizam o et; elas slo a sedimentagio do “nds” na constitugio de qualquer eels constuem a ertrut ‘lo presente da altertdate,eontda na formlagio mesma do eu, Az identifeagies ni sio, munca. plenamente © nalmente fet; la sho incesantomenteFeconstituldas 2, como tal esto sults Lge voli da terabiidede ls sio aquilo que @ constantemente areginentado, cmscidado redid, contetadoe,ossonalment, abe ado a capitilar (1903, p. 105) esforgo, agora, para se pensar a questio do carter dlistintivo dalégica pela qual ocorporacalizadloeetaieizado < constituide discursivamente ~ por meio do ideal normati- ‘vo rogulatério de um “eurocentrismo compulsivo” (por falta cde uma outra palavra) ~ nao pode ser simplesmente enxer- tado nos argumentos brevemente esquematizados acima, Mas eles tém recebido um enorme e original impulso desse cenredado e ineoncluso argumento, que demonstra, sem ‘qualquer sombra de davida, que a questio ea teorizacio da identidadle é wm tema de considerivel importincia poltics, ‘que s6 poder avangar quando tanto a necessidade quanto a “impossibilidade” da identidade, bem como a suturacio 10 ddopsiquico edo discursivo em sua constituiclo, forem plena € inequivocamente reconhecidos. Notas 1 "Aan & aqui wag do tem “guy” amplament wot Inet oo soi ang nines prsdegnarocleents tad ap ‘edd Ver Tomas Tade Sin Ti cela eda, Un coal lips eres Bolo Heart ati, 2000/8 dT) 2, Jogo de plaintive, entre “rcs” “route” tas, com ino ao) 4. Ein inals, “recog” equtalent so fants “mona” t “lasso, em gral, na iets peal po "dsconhesnent Bor onside gue 9 portage “eseoecient no expr» a Bo “conhernento 08 “ecoecinent” fio fs que ets conta alae glna ma ances, fr rrr pho recone Referéncias bibliograticas ALTHUSSER, L. Lenin and Philosophy and Other Essays. Lon- hres: New Left Books, 1971. BARRETT, M. The Politics of Truth, Cambridge: Polity, 1991, BHABHA, 1. The Other Question, The Lacation of Culture. Londres: Routledse, 1995 BRAH, A. Difference, diversity and differentiation, ins DO- NALD, J & RATTANSI, A. (orgs). Rece, Culture and Dif- rence. Londres: Sage, 1992: 126-15, BROWN, B. & COUSINS, M. The linguistic iat, Economy anal Society, 913), 1980. BUTLER, J. 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