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INTRODUCÃO

O brincar na Educação Infantil, possui um papel fundamental na conquista da


autonomia e aprendizagem da criança. É por meio das brincadeiras que ela cria um mundo
imaginário repleto de significados, podendo expressar suas angústias e desejos,
compreendendo um pouco mais sobre o meio em que está inserida.
O interesse pelo tema do grupo surgiu por meio de leituras de autores que tratam dessa
problematização onde se discute “O brincar educa na educação infantil”. Citamos vários
autores como Piaget, Vygotisky e Kishimoto. Na sociedade medieval a criança era vista como
um adulto em miniatura, ela convivia igualmente com os adultos, suas vestes e suas atividades
eram semelhantes, a criança era vista como um ser inocente, inacabado e
incompleto. Atualmente a concepção de brincar é uma das atividades fundamentais para o
desenvolvimento e a educação das crianças, incorporando valores morais e culturais. Brincar
é importante porque incentiva a utilização de brincadeiras e jogos, brincar é indispensável à
saúde física, emocional e intelectual da criança, é uma arte, um dom natural que, quando bem
cultivado, irá contribuir no futuro para a eficiência e o equilíbrio do adulto. Ao brincar, uma
criança explora e reflete a realidade, a cultura na qual vive, e incorpora ao mesmo tempo,
discutindo regras reais na sociedade em que vive, no o qual existem o brincar dirigido e o
brincar livre.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998),
brincar é fundamental para o pleno desenvolvimento da autonomia e identidade da criança.
As concepções sobre jogo, brinquedo e brincadeira são opostas e contraditórias em
suas significações. Mas o que sempre vemos é que jogo, brinquedo e brincadeira vêm sendo
sempre utilizados com o mesmo significado.
Brincadeiras e jogos não são meros passatempos divertidos, exercem um papel
fundamental no desenvolvimento da criança. Há quem acredite em “hora de aprender” e “hora
de brincar”, como se essas duas ações fossem desassociadas. Brincar, porém, é uma ótima
forma de aprender. Brincando a criança desenvolve três pilares fundamentais, que lhe
garantirá um desenvolvimento sadio: o psíquico, o motor e o cognitivo.
O brinquedo para a criança permite à ação intencional (afetividade), a construção de
representações mentais (cognição), a manipulação de objetos e o desempenho de ações
sensório-motoras (físico) e as trocas nas interações (social). O brinquedo estimula a
inteligência porque faz com que a criança solte sua imaginação e desenvolva a criatividade
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possibilitando o exercício de concentração, de atenção e de engajamento. É um convite à


brincadeira, proporcionando desafios e motivações.
A brincadeira para a criança é a melhor maneira de se comunicar, um meio para
perguntar e explicar, um instrumento que ela tem para se relacionar com outras crianças.
Brincando, a criança aprende muito sobre o mundo que a cerca e têm a oportunidade de
procurar a melhor forma de se integrar a esse mundo, pois é na brincadeira que a criança tem
possibilidade de se relacionar com outras crianças, conhecer novas culturas sendo um
exercício de decisões e criações.
Através das atividades lúdicas desenvolvemos várias capacidades, exploramos e
refletimos sobre a realidade, a cultura na qual vivemos, incorporamos e, ao mesmo tempo,
questionamos regras e papéis sociais. Podemos dizer que nas atividades lúdicas ultrapassamos
a realidade, transformando-a através da imaginação. A incorporação de brincadeiras, jogos e
brinquedos na prática pedagógica, podem desenvolver diferentes atividades que contribuem
para inúmeras aprendizagens e para a ampliação da rede de significados construtivos para a
criança.
Referindo-se ao educador nessas atividades, o mesmo deve envolver-se no mundo
mágico infantil, ter conhecimento teórico, prático, observação, amor e vontade de ser parceiro
da criança e também valorizar as atividades colocadas em prática, interessando-se por elas,
animando-as pelo esforço, evitando a competição, pois em jogos não competitivos não
existem ganhadores ou perdedores. A atitude mais produtiva do professor é conseguir que as
crianças procurem resolver esses conflitos, ensinando-lhes a chegar a acordos, negociar e
compartilhar, o objetivo é oportunizar ao educador a compreensão do significado e da
importância das atividades lúdicas na educação infantil, é dever do educador defender o
brincar como um acontecimento relevante para o pleno desenvolvimento da criança.
Brincar é sinônimo de aprender, pois o brincar e o jogar geram um espaço para pensar,
ou seja, o brincar é mais do que uma atividade sem conseqüência para a criança, brincando ela
não apenas se diverte, mas recria e interpreta o mundo em que vive, relaciona-se com o
mundo, ou seja, brincar educa.
Este trabalho organiza-se com a apresentação dos seguintes temas: concepção de
infância, as atividades lúdicas na visão de alguns pensadores, a influencia e importância do
brincar, destacando as contribuições do educador nos aspectos cognitivo, afetivo e social,
concluindo com a valorização da prática pedagógica no processo de desenvolvimento da
criança.
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CAPÍTULO 1 - CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA

Para podermos compreender a importância do brincar na educação infantil e como ele


contribui para o desenvolvimento e a aprendizagem, bem como educar através do lúdico,
temos que descrever o conceito de infância e como essa concepção foi se constituindo no
decorrer do tempo.
A concepção de infância é uma noção historicamente construída e suas modificações
ocorrem ao longo dos tempos por determinações culturais e mudanças estruturais em uma
sociedade.
Na sociedade medieval a criança era vista como miniatura do adulto, ela convivia
igualmente com os adultos, suas vestes e suas atividades eram semelhantes. A criança era
vista como um ser inocente, inacabado e incompleto, sem haver respeito às características e
peculiaridades infantis. Caracterizava-se infância como um “vir a ser”, essa concepção
perdurou ao longo dos séculos e deixou marcas profundas no modo de pensar a infância.
O sentimento de infância corresponde a uma consciência de particularidade infantil,
que distingui essencialmente a criança do adulto.
Segundo Ariès (1981), “por volta do século XII, à arte medieval desconhecia a
infância ou não tentava representá-la”. É difícil crer que essa ausência se devesse à
incompetência ou à falta de habilidade, é mais provável que não houvesse lugar para infância
neste mundo.
Foi preciso que houvesse uma profunda mudança da imagem da criança na sociedade
para que se pudesse associar uma visão positiva a suas atividades espontâneas, surgindo como
decorrência à valorização dos jogos e brinquedos.
Foi a partir do século XVIII que se começou a estudar a particularidade da criança e a
se identificar as formas de introduzi-las, desde então foi sendo construída uma concepção
especifica de criança, o que levou a uma visão contemporânea do sentimento moderno da
infância, distinguindo assim a categoria adulta da categoria criança, onde a infância começa a
ser considerada uma condição do ser criança, sendo importante respeitá-la e considerar seu
universo de representações, pois é um sujeito participante das relações sociais, fazendo parte
de um processo histórico, social, cultural e psicológico.
No século XIX, surgem pensadores como Froebel, que valorizava as histórias, mitos,
lendas e contos de fada. Percebendo que as crianças usam símbolos em suas brincadeiras,
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introduziu o brincar para educar, sendo responsável pelo uso do brinquedo e do brincar no
Jardim de Infância.
Na idade moderna as definições de infância se revelam como um período distinto da
vida adulta e também abre as portas para uma análise de novo lugar assumido pela criança e
pela família, nas sociedades modernas.
Froebel sendo o precursor do jardim da infância defendia que a educação deve se
basear na evolução natural da criança e que os currículos escolares devem se basear nas
atividades e interesses de cada fase da vida, as atividades de caráter lúdicas são fatores
determinantes na aprendizagem da criança.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), “a criança
como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar
que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado
momento histórico”.
A infância é a idade das brincadeiras e por meio delas a criança se satisfaz, em grande
parte, seus interesses, necessidades e desejos particulares, sendo um meio privilegiado de
inserção na realidade, pois expressa a maneira como a criança reflete, ordena, desorganiza,
destrói e reconstrói o mundo. O lúdico é uma das maneiras mais eficazes de envolver o aluno
nas atividades, pois a brincadeira é algo inerente na criança, é sua forma de trabalhar, refletir e
descobrir o mundo que a cerca.
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CAPÍTULO 2 - AS ATIVIDADES LÚDICAS NA VISÃO DE ALGUNS


PENSADORES

Desde que a criança nasce está presente em sua vida a atividade lúdica, por isso
enfatizaremos a importância do lúdico como instrumento que favorece o processo educativo
no desenvolvimento infantil.
Abordaremos a seguir as diferentes concepções de atividades lúdicas na visão de
alguns teóricos, cujas contribuições foram significativas para as atividades lúdicas na
educação infantil.

2.1. Froebel
Froebel foi o primeiro a reconhecer verdadeiramente, a importância do lúdico, sendo o
criador e fundador do jardim de infância. Ele concebia a criança como uma planta, a qual
precisa de carinho e cuidados especiais desde a mais tenra idade, para tornar-se um adulto
equilibrado. Dessa forma, a criança teria mais condições de viver melhor por meio da relação
que mantinha com os brinquedos e jogos direcionados, livres ou espontâneos.
Ele privilegia a atividade lúdica por perceber o significado e a função da brincadeira
para o desenvolvimento sensório-motor, e ainda cria métodos para ampliar a capacidade
intelectual através da relação com objetos, transformando-os de acordo com a imaginação e
vivência.
Kishimoto (2002) comenta que Froebel defendia o valor do lúdico na infância e a
expressão de liberdade como um meio para o ensino. E a proposta de Froebel se caracterizava
no caráter lúdico, pois esse era o fator determinante da aprendizagem das crianças.
Assim, a autora afirma:
[...] Froebel acreditou na criança, enalteceu sua
perfeição, valorizou sua liberdade e desejou a
expressão da natureza infantil por meio de
brincadeiras livres e espontâneas. Instituiu uma
Pedagogia tendo a representação simbólica como
eixo do trabalho educativo, sendo reconhecido por
isso como psicológico da infância. (KISHIMOTO.
2002, p. 57).

Ao valorizar uma educação através de jogos, como ressalta a autora, mesmo que não
tenha sido Froebel o primeiro experimentador, mas foi ele que elevou o jogo como parte
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primordial da prática pedagógica, ao fundar o “jardim da infância com o uso de jogos e


brinquedos”. (KISHIMOTO. 2002, p. 61)
Froebel concebe o brincar como atividade livre e espontânea, responsável pelo
desenvolvimento físico, moral, cognitivo, e os dons ou brinquedos que são pequenos objetos
geométricos como: bolas, cilindros, cubos, papéis recortados, anéis, argila, desenhos, ervilhas,
palitos de madeira pelos quais se realizam atividades orientadas, as ocupações, geralmente
intercaladas por movimentos e músicas, nessa relação à criança necessita de orientação para
seu desenvolvimento.

2.2. Piaget
A teoria de Jean Piaget trouxe contribuições para a educação, com uma nova
concepção de criança. Demonstrou que estas são diferentes dos adultos em sua lógica de
funcionamento mental, ou melhor, possuem lógica própria.
Para Piaget o desenvolvimento é um período contínuo de trocas entre o organismo
vivo e o meio ambiente. E esse processo contínuo de desenvolvimento se dá através de
constantes desequilíbrios e equilíbrios, obedecendo às etapas de desenvolvimento cognitivo.
Na visão de Piaget (1988), “as brincadeiras e os jogos favorecem o desenvolvimento
da criança a qual tem necessidade de brincar para crescer em equilíbrio com o mundo. Sua
maneira de assimilar (transformar o meio para que este se adapte às necessidades) e de
acomodar (mudar a si mesma para adaptar-se ao meio) deverá ser sempre por meio do jogo”.
É pela brincadeira e pela imitação que se dará o desenvolvimento natural, cognitivo e
social da criança. Dessa maneira a brincadeira é concebida como conteúdo da inteligência,
tida como conduta livre, espontânea, que a criança expressa por vontade própria e pelo prazer
que proporciona. Assim, como conduta lúdica, demonstra o nível de estágio cognitivo que a
criança está, devido ao predomínio de um tipo de jogo diferenciado: jogo de exercício, jogo
simbólico (faz-de-conta) e jogo de regra.
Por meio das atividades lúdicas, a criança age ativamente, questiona, reflete, descobre,
torna-se social e respeita regras, reproduz muitas situações vividas em seu cotidiano, as quais,
pela imaginação e pelo faz-de-conta, são reelaboradas. Com isso, ela está, buscando novos
conhecimentos, visto que a representação do cotidiano se dá por meio da combinação entre
experiências passadas e novas possibilidades de interpretações e reproduções do real, de
acordo com suas afeições, necessidades, desejos e paixões.
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Para Piaget (1973), tanto a brincadeira como o jogo é essencial para contribuir no
processo de aprendizagem. Sendo assim, essas atividades se tornam indispensáveis a prática
educativa, pois, contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.
Piaget explica:
O jogo é, portanto, sob suas duas formas essenciais
de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma
assimilação da real à atividade própria, fornecendo
a esta seu alimento necessário e transformando o
real em função das necessidades múltiplas do eu.
Por isso, os métodos ativos de educação das
crianças exigem todos que se forneça às crianças
um material conveniente a fim de que jogando,
elas cheguem a assimilar às realidades intelectuais
que, sem isso permanecem exteriores a inteligência
infantil. (PIAGET. 1973, p.160).

Conforme esclarece Piaget (1988, p.59): “os jogos não são apenas uma forma de
entretenimento para gastar energias da criança, mas meios que contribuem e enriquecem o
desenvolvimento intelectual”.
Segundo a teoria de Piaget, existem três formas básicas de atividade lúdica que
caracterizam a evolução do jogo na criança de acordo com a fase do desenvolvimento em que
aparecem.

O Jogo de Exercício Sensório-Motor caracteriza a etapa que vai do nascimento até o


aparecimento da linguagem, constitui-se pela satisfação das necessidades básicas. O jogo
consiste em rituais ou manipulações de objetos em função dos desejos e hábitos motores da
própria criança. Aos poucos a criança vai ampliando seus esquemas, adquirindo cada vez mais
prazer através de suas ações. Os exercícios caracterizam-se pela repetição de gestos e de
movimentos simples, e têm valor exploratório. O prazer é que traz significado para as suas
ações. Dentro desta categoria podemos destacar os seguintes jogos: sonoro, visual, tátil,
olfativo, gustativo, motor e de manipulação.

O Jogo Simbólico que se instala a partir dos dois e os seis anos permite o início da
representação, ou seja, a possibilidade de alterar a realidade subordinando-a as suas próprias
necessidades. Nesta categoria o jogo pode ser de ficção ou de imitação, tanta no que diz
respeito à transformação de objetos quanto ao desempenho de papéis. A função do jogo
simbólico consiste em assimilar a realidade. É a fase do faz-de-conta, surge o uso de
símbolos, da representação, do teatro, onde uma coisa simboliza outra.
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A criança tem a possibilidade de experimentar papéis, dramatizar, representar e recriar


situações. Uma vassoura pode virar um cavalo, e ao brincar com as bonecas pode representar
o papel de mãe, pai, imitando assim situações da vida real. Dentro desta categoria destacam-se
os jogos de faz-de-conta, de papéis e de representação.

O Jogo de Regra manifesta-se entre os quatros e sete anos e se desenvolve entre os


sete e os doze anos. Ao sete anos a criança deixa o jogo egocêntrico, substituindo-o por uma
atividade mais socializada, onde as regras têm uma aplicação efetiva e na qual as relações de
cooperação entre os jogadores são fundamentais. O jogo de regras é necessário para que as
convenções sociais e os valores morais de uma cultura sejam transmitidos. Por meio desses
jogos, a criança pode construir inventar regras para as suas brincadeiras, e com isso, descobrir
e conhecer o outro. Dentro desta categoria destacam-se os jogos sensório-motores (corridas,
jogos de bola, queimada, amarelinha) e intelectuais (cartas, xadrez).
A teoria de Piaget enfatiza muito a importância de estimular a brincadeira. É
fundamental para a criança brincar, pois a atividade lúdica é essencial na vida da criança,
onde se constitui, em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, já que, quando a
criança joga assimila e transforma a realidade.

2.3. Vygotsky
A teoria de Vygotsky tem como base uma abordagem sócio-interacionista e atribui
importância ao outro, no desenvolvimento infantil. O brinquedo não pode ser conceituado só
como uma atividade que proporciona prazer à criança. Por meio do brinquedo, a criança
satisfaz certas necessidades de agir em relação não apenas ao mundo dos objetos, mas
também em relação ao mundo mais amplo dos adultos.
A aquisição da linguagem vai contribuir qualitativamente para o desenvolvimento
infantil, e os conceitos relativos à linguagem vão depender de como a sociedade em que está
inserida a criança, construiu esses conceitos.
Segundo Vygotsky (1984, p.134-135), ”o brinquedo cria uma Zona de
Desenvolvimento Proximal1 (ZDP) da criança. No brinquedo, a criança se comporta além do
comportamento diário, no brinquedo, é como se ela fosse maior do que é na realidade.

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ZDP é a distância entre o nível real de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver
independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da
resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro
mais capaz. (VYGOTSKY, 1988:133).
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A relação da criança com a brincadeira aparece ligada diretamente com a zona de


desenvolvimento proximal, uma vez que é a partir do que conhece das oportunidades do meio
em que vive e em função das necessidades e preferências, ela cria a aprende interagindo com
o adulto, tendo assim sucesso nas suas habilidades. A criança transforma as atitudes do
cotidiano em brincadeiras e, ao mesmo tempo, aproxima-se de sua realidade para
compreendê-la.
Vygotsky (1991) destaca a importância do papel do brinquedo, mais especificamente a
brincadeira do “faz-de-conta”, para o desenvolvimento da criança, pois essa atividade cria a
zona de desenvolvimento proximal, onde, assim a criança estará em constante processo de
transformação interna.
O brinquedo faz com que a criança aprenda a agir numa esfera cognitiva, pois a
criação de uma situação imaginária pode ser considerada como um meio para desenvolver o
pensamento abstrato. Os jogos de faz-de-conta e os brinquedos didáticos, além de
desenvolverem os movimentos amplos e finos do corpo, levam a criança a vivenciar inúmeras
funções intelectuais, tais como cálculo, posição, velocidade e equilíbrio, bem como normas de
cooperação de tempo e espaço, tendo como origem as regras do coletivo que, por sua vez,
também estão presentes nas situações imaginárias.
Para Vygotsky (1991), a brincadeira, o jogo são atividades específicas da infância, nas
quais a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. É uma atividade social, com
contexto cultural e social.
Nessa perspectiva afirmamos que é enorme a influência do brinquedo no
desenvolvimento da criança. É no brinquedo e no jogo que a criança aprende a agir numa
esfera cognitiva.
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CAPÍTULO 3 - A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO


INFANTIL

Neste capítulo, objetiva-se compreender, através da visão de alguns autores, o


significado do brincar e o que esse brincar representa no mundo imaginário da criança, como
ele favorece no processo educativo, como se projeta nas atividades de sua cultura e como está
presente nos futuros papéis e valores.
O brincar é uma das formas mais comuns do comportamento humano, principalmente
durante a infância. Mas nem sempre foi assim, antigamente o brincar era desvalorizado e
menosprezado, não tinha nenhum valor a nível educativo.
Atualmente a concepção de brincar é uma das atividades fundamentais para o
desenvolvimento e a educação da criança, incorporando valores morais e culturais.
Quando a criança brinca, ela exercita – se de diferentes maneiras, desenvolve
importantes capacidades, torna-se criativa e atenciosa, imita, memoriza, imagina e amadurece
também, algumas capacidades de socialização por meio da interação e da utilização e
experimentação de regras e papéis sociais, dessa maneira o brincar torna-se fundamental no
processo de ensino-aprendizagem na educação infantil.
É importante ressaltarmos que o brincar é uma ação motivada, ou seja, a criança
motiva-se para brincar, e para que isto aconteça é preciso haver vontade, pois o brincar é uma
ação espontânea: a criança escolhe se vai brincar ou não, ela pode escolher seus brinquedos e
parceiros, transformar o espaço da brincadeira.
Segundo Winnicott (1991, p.63), o brincar é o fazer em si, um fazer que se requeira
tempo e espaço próprio, um fazer que se constitua de experiências culturais, que é universal e
próprio da saúde, porque facilita o crescimento, conduz aos relacionamentos grupais, podendo
ser uma forma de comunicação consigo mesmo e com os outros.
Podemos dizer que as brincadeiras é uma das atividades fundamentais para o
desenvolvimento das crianças pequenas. Através das brincadeiras, a criança descobre varias
alternativas importantes para desempenhar suas capacidades na vida cotidiana, pode
ultrapassar a realidade transformando-a através da imaginação. Ao brincar, uma criança
explora e reflete a realidade, a cultura na qual vive, e incorpora ao mesmo tempo, discutindo
regras reais na sociedade em que vive.
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Piaget (1998), diz que, a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades
intelectuais da criança sendo por isso, indispensável à prática educativa (Aguiar, 1977, 58).
O brincar é a melhor maneira da criança se comunicar, um meio para perguntar e
explicar, um instrumento que ela tem para se relacionar com outras crianças. Brincando a
criança aprende muito sobre o mundo que a cerca e tem a oportunidade de procurar a melhor
forma de se integrar a esse mundo, agindo de maneira cooperativa, fazendo imitações,
disputando objetos, vivenciando espaço, experiências e expressando suas emoções,
estabelecendo assim sua interação.
Por meio do brincar dirigido, as crianças têm outra dimensão e uma nova variedade de
possibilidades estendendo-se a um relativo domínio dentro daquela área ou atividade. Por
meio do brincar livre, exploratório, as crianças aprendem alguma coisa sobre situações,
pessoas, atitudes e respostas, materiais, propriedades, texturas, estruturas, atributos visuais,
auditivos e cinestésicos. (MOYLES 2002, P.33).
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998),
“brincar é fundamental para o pleno desenvolvimento da autonomia e identidade da criança.
O fato de o ser humano poder comunicar-se desde muito cedo por meio de sons, gestos e logo
após, poder representar um papel na brincadeira, ajudam a desenvolver sua imaginação”.
Ainda de acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil
(1998), “por intermédio do brincar, podemos observar a coordenação das experiências prévias
das crianças e das reações tomadas por elas frente a diversas situações que surgem no decorrer
das brincadeiras”.
No brincar, a criança ocupa o papel do sujeito, interpretando, muitas vezes, situações
reais que já presenciou e marcaram o momento. A imaginação é um instrumento que permite
a criança relacionar seus interesses e suas necessidades com a realidade, onde ela pode
expressar de modo simbólico suas fantasias, seu desejos, sentimentos, baseado na realidade
externa, mas predominando a realidade interna, sua imaginação.
Piaget (1971) afirma: “quando brinca, a criança assimila o mundo a sua maneira, sem
compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende da natureza do
objeto, mas da função que a criança lhe atribui”.
Relembrando que brincar é um direito fundamental de todas as crianças no mundo
inteiro, cada criança deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas
voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem.
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Educar não é somente transmitir conhecimentos, e sim construí-los através de jogos e


brincadeiras. É necessário para o crescimento pessoal, auto-estima. Os jogos devem
demonstrar cooperação, engajamento, aceitação e divertimento. Os materiais utilizados desde
recursos humanos até a adaptação destes recursos à sua necessidade trazem resultados
surpreendentes no campo motor, afetivo, social e cognitivo.

3.1. Jogo, brinquedo e brincadeira: o lúdico para a criança


Ao falarmos de ludicidade deparamos com o conceito de ludo educação.
Ludo Educação é quando nos utilizamos dos jogos, brinquedos e brincadeiras visando
possibilitar um ambiente de aprendizagem mais enriquecedor e prazeroso, tanto para as
crianças quanto para os professores.
Kishimoto (1999) ressalta que, a formação lúdica possibilita ao educador conhecer-se
como pessoa, saber de suas possibilidades, desbloquear resistências e ter uma visão clara
sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do jovem e do adulto.
A palavra lúdico significa brincar e vem do latim ludus e neste brincar estão incluídos
os jogos, brinquedos e divertimentos e é relativa também à conduta daquele que joga, que
brinca e se diverte.
A definição segundo o dicionário Larousse (1982):
Jogo - ação de jogar; folguedo, brinco, divertimento. Seguem- se alguns exemplos:
jogo de futebol; jogos olímpicos; jogo de damas; jogos de azar; jogo de palavras; jogo de
empurra;
Brinquedo - objeto destinado a divertir uma criança, suporte da brincadeira;
Brincadeira - ação de brincar, divertimento. gracejo, zombaria. Festinha entre amigos
ou parentes. Qualquer coisa que se faz por imprudência ou leviandade e que custa mais do que
se esperava: aquela brincadeira custou-me caro.
As concepções sobre jogo, brinquedo e brincadeira são opostas e contraditórias em
suas significações. Mas o que sempre vemos é que jogo, brinquedo e brincadeira vêm sendo
sempre utilizados com o mesmo significado. Pois segundo o dicionário Aurélio (Holanda,
1983, p.228), o termo brinquedo significa objeto que serve para a criança brincar; jogo de
crianças e brincadeiras.
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Jogo
Nos tempos passados o jogo era visto como inútil, ou seja, algo não sério. Já no
Renascimento o jogo aparece como associado tanto ao objeto brinquedo quanto a brincadeira,
é uma atividade mais estruturada e organizada por um sistema de regras mais explícitas.
Exemplos clássicos seriam: jogo de mímica, de construção, de faz-de-conta etc.
Segundo Kishimoto (1998), “o jogo, o brinquedo e as brincadeiras são termos que
acabam se misturando. A variedade de jogos de faz-de-conta, jogos simbólicos, motores,
sensórios-motores, intelectuais, individuais, coletivos, dentre outros, mostra a multiplicidade
da categoria de jogos”.
Portanto, denomina-se então jogo, situações envolvendo regras, competição e prazer.
No entanto, para que se possa compreender o jogo, é necessário identificar situações
entendidas como jogo, nessa grande diversidade.
O jogo, compreendido sob a ótica do brinquedo e da criatividade, deverá encontrar
maior espaço para ser entendido como educação, na medida em que os professores
compreendam melhor toda sua capacidade potencial de construir para o desenvolvimento da
criança.
Uma característica importante do jogo é a sua utilização tanto por crianças quanto por
adultos, enquanto o brinquedo tem uma associação mais exclusiva com o mundo infantil.
Os jogos podem exercer funções cognitivas, afetivas e sociais. De acordo com a
predominância, pode ser classificado como:
Jogos cognitivos: desenvolvem o raciocínio;
Jogos afetivos: estimulam as emoções;
Jogos sociais: facilitam a aquisição de conhecimentos, atitudes e destrezas próprias de
um determinado meio.
Jogos tradicionais infantis - desde tempos remotos os jogos tradicionais fazem parte da
cultura infantil. Colocados como filho do Folclore, incorpora a mentalidade popular e se
expressa pela oralidade. Ele guarda a produção espiritual de um povo – é uma cultura não
oficial e está sempre em transformação. Os jogos são transmitidos de geração em geração
através de conhecimentos empíricos, provenientes de fragmentos de romance, poesias, mitos e
rituais religiosos. Nesses jogos a concepção de criança é de um ser criativo, imaginativo e
auto-suficiente e a brincadeira é vista como a única forma de expressão livre.
Jogos de construção – esse jogo destina-se ao livre manuseio das peças para que a
criança construa seu mundo.
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Construindo, transformando e destruindo, a criança expressa o seu imaginário e seus


problemas e permite aos terapeutas o diagnóstico de deficiência de adaptação bem como aos
educadores o estímulo da imaginação infantil, o desenvolvimento afetivo e intelectual.
Os jogos de construção são considerados de grande importância por enriquecer a
experiência sensorial – a criança manipula objetos, estimula a criatividade na construção de
algo. Usados como material pedagógico o educador deve certificar se a criança sabe o que
construiu e com o fez.
Kishimoto (2003, p.25) afirma: “o jogo tradicional tem a função de perpetuar a cultura
infantil e desenvolver formas de convivência social; é um jogo livre, espontâneo e a criança
brinca pelo prazer de fazê-lo, com um fim em si mesmo e preenche plenamente a necessidade
de jogar da criança.

Brinquedo
Desde a sua origem, o brinquedo é um objeto do adulto para a criança. Brinquedos
antigos, como a bola, a pipa, e as rodas, permitiam o desenvolvimento das fantasias infantis.
Os brinquedos são sempre suportes das brincadeiras, colocam a criança na presença de
reproduções e substituem objetivos reais para que a criança possa manuseá-los.
Para a autora KISHIMOTO (1994), “brinquedo é compreendido com um “objeto
suporte da brincadeira, ou seja, brinquedo aqui esta representado por objetos como piões,
bonecas, carrinhos etc”. Os brinquedos podem ser considerados: estruturados e não
estruturados. São denominados de brinquedos estruturados aqueles que já são adquiridos
prontos, é o caso dos exemplos acima: piões, bonecas, carrinhos e tantos outros.
Os brinquedos denominados não estruturados são aqueles que não sendo
industrializados, são simples objetos como paus ou pedras, que nas mãos das crianças
adquirem novo significado, passando assim a ser um brinquedo. A pedra se transforma em
comidinha e o pau se transforma em cavalinho. Portanto, vimos que os brinquedos podem ser
estruturados ou não estruturados dependendo das suas origens ou da sua transformação
criativa da criança em cima do objeto.
O brinquedo para a criança permite a ação intencional (afetividade), a construção de
representações mentais (cognição), à manipulação de objetos e o desempenho de ações
sensório-motoras (físico) e as trocas nas interações (social). Enquanto objeto, é sempre
suporte de brincadeira, para fluir o imaginário infantil.
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Segundo Kishimoto (1996, p.7): “o brinquedo é um suporte da brincadeira. Diferindo


do jogo, o brinquedo supõe uma relação íntima com a criança, ou seja, a ausência de um
sistema de regras que organizam sua utilização. O brinquedo estimula a representação, a
expressão de imagens que enfocam aspectos da realidade”.
O brinquedo estimula a inteligência porque faz com que a criança solte sua
imaginação e desenvolva a criatividade possibilitando o exercício de concentração, de atenção
e de engajamento. É um convite à brincadeira, proporcionando desafios e motivações.

Classificação dos Brinquedos


Brinquedos do faz-de-conta: funcionam como elementos introdutórios e de apoio à
fantasia; e facilitam o processo de simbolização e proporcionam experiências que, além de
aumentarem o repertório de conhecimento da criança, favorecem a compreensão de
atribuições e de papéis. O faz-de-conta dá oportunidades para expressão e elaboração em
forma simbólica de desejos e conflitos; quanto mais rica for fantasia e a imaginação da
criança, maiores serão suas chances de ajustamento do mundo ao seu redor. Como exemplo
pode-se citar as bonecas, os fantoches, as mobílias infantis, os carrinhos, as fantasias, os
teatrinhos e outros.

Brinquedos pedagógicos: costuma-se chamar brinquedo pedagógico ao que foi


fabricado com objetivo de proporcionar determinadas aprendizagens, tais como cores, formas
geométricas, números, letras, etc. Usar o jogo na educação infantil significa transportar para o
campo do ensino-aprendizagem condições para facilitar a construção do conhecimento,
introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer e a capacidade de ação motivadora.

Brinquedos de construção: servem para enriquecer a experiência social, estimulando a


criatividade e desenvolvendo habilidades na criança. Para se compreender a relevância das
construções é necessário considerar tanto a fala como a ação da criança e também considerar
as idéias presentes em tais representações, como elas adquirem tais temas e como o mundo
real contribui para a sua construção.

Brinquedo educativo: entendido como recurso que ensina, desenvolve e educa de


forma prazerosa, o brinquedo educativo materializa-se no quebra-cabeça, destinado a ensinar
formas ou cores, nos brinquedos de tabuleiro que exigem a compreensão do número e das
operações matemáticas, nos brinquedos de encaixe, que trabalhem noção de seqüência, de
16

tamanho e de forma, nos múltiplos brinquedos e brincadeiras, móbiles destinados à percepção


visual, sonora ou motora; carrinhos munidos de pinos que se encaixam para desenvolver a
coordenação motora, parlendas para a expressão da linguagem, brincadeiras envolvendo
música, danças, expressão motora, gráfica e simbólica.
Ao assumir a função lúdica e educativa, o brinquedo educativo merece algumas
considerações:
Função lúdica: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando
escolhido voluntariamente.
Função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o individuo em seu
saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo.
Vygotsky (1989, p.109), ainda afirma que: “é enorme a influência do brinquedo no
desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera
cognitiva, ao invés de agir numa esfera visual externa, dependendo das motivações e
tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos”.
Enfim, o brinquedo não é somente uma forma de gastar energias. É um instrumento
importante e necessário, que contribui para o desenvolvimento da criança.

Brincadeira
Conforme Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, assim define
brincadeira:
É uma linguagem infantil que mantém um vinculo
essencial com aquilo que é o não - brincar. Se a
brincadeira é uma ação que corre no plano da
imaginação isto implica que aquele que brinca tenha
o domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer
que é preciso haver consciência da diferença
existente da brincadeira e a realidade imediata que
lhe forneceu conteúdo para realizar-se. (1998, p.27),

Para alguns autores o brincar também se apresenta com definições diferentes umas das
outras:
Brincar é a fase mais importante da infância – do
desenvolvimento humano neste período - por ser
auto-ativa representação do interno – a
representação de necessidades e impulsos internos
(...) a brincadeira é a atividade espiritual mais pura
do homem (...) a criança que brinca sempre, com
determinação auto-ativa, perseverando, esquecendo
sua fadiga física, pode certamente tornar-se um
homem determinado, capaz de auto-sacrifício para a
promoção do seu bem e dos outros (...) (FROEBEL,
1912: p. 34).
17

É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo,


criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua
personalidade integral: e é somente sendo criativo
que o indivíduo descobre o eu. (WINNICOTT,
1975, p. 80).

Como se observa, de uma forma ou de outra, brincar não é uma coisa banal, é uma
atividade séria e com profundo significado. Toda brincadeira é uma imitação transformada
tanto no plano das emoções como de idéias, através de uma realidade anteriormente
vivenciada.
Quando a criança está na brincadeira, ela fica entretida a ponto de acreditar que
realmente é esta ou aquela coisa, embora não perca inteiramente o sentido de realidade;
transporta-se para um mundo povoado por objetos animados, cheios de intenções, um mundo
onde tudo é possível. Nesse mundo, ela pode relacionar os dois aspectos da sua vida – o
funcionamento do seu corpo e a vivência das suas idéias.
Na brincadeira, a criança encontra um espaço fértil para lidar, através da representação
dramática, não apenas com a realidade social, mas também, e principalmente, com a sua
individualidade física, intelectual e emocional que está em desenvolvimento.
Vygotsky (1984), “afirma a importância da brincadeira do ponto de vista cultural,
social e, principalmente, pedagógico. Por meio do brincar, vê e constrói o seu mundo, bem
como expressa aquilo que tem dificuldade de colocar em palavras”.
Através da fantasia e da imaginação, a criança aprende sobre a relação entre as
pessoas, sobre o eu e sobre o outro. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil (BRASIL, 1998): “No faz-de-conta, as crianças aprendem a agir em função
da imagem de uma pessoa, de uma personagem, de um objeto e de situações que não estão
imediatamente presentes e perceptíveis para elas no momento e que evocam emoções,
sentimentos e significados vivenciados em outras circunstâncias”.
Quando está brincando, a criança cria situações imaginárias em que se comporta como
se tivesse agindo no mundo dos adultos. Enquanto brinca, seu conhecimento desse mundo se
amplia, porque, nesta atividade, ela pode fazer de conta que age como os adultos agem,
imaginando realizar coisas que são necessárias para operar com objetos com os quais os
adultos operam, e ela ainda não.
Para Winnicott (1975), “uma criança que não for estimulada para as brincadeiras
simbólicas, poderá apresentar um esquema simbólico empobrecido e em conseqüência disto
poderão surgir problemas no desenvolvimento da linguagem”. Linguagem e brincadeira
simbólica estão interligadas e podem interferir no desenvolvimento uma da outra.
18

Quando utilizam a linguagem do faz-de-conta, as crianças enriquecem sua identidade,


porque podem experimentar outras formas de ser e pensar, ampliando suas concepções sobre
as coisas e pessoas ao desempenhar vários papéis sociais ou personagens.
Segundo PIAGET, citado por KISHIMOTO (1997), “quando a criança brinca de faz-
de-conta, ela assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua
interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe
atribui. A brincadeira simbólica começa inicialmente solitária, evoluindo para o estágio
sociodramático, isto é, para a representação de papéis como brincar de médico, de casinha, de
mãe, etc.”.
Ao brincar de faz-de-conta, as crianças buscam imitar, imaginar, representar e
comunicar de uma forma especifica como: uma coisa pode ser outra, uma pessoa pode ser um
personagem, uma criança pode ser um objeto ou um animal, ou até um lugar pode-se fazer de
conta que é outro.
Brincar funciona como um cenário no qual as crianças tornam-se capazes não só de
imitar a vida, como também de transformá-la.
Quando Vygotsky discute o papel do brinquedo, refere-se especificamente à
brincadeira de "faz-de-conta", como brincar de casinha, brincar de escolinha, brincar com um
cabo de vassoura como se fosse um cavalo. Faz referência a outros tipos de brinquedo, mas a
brincadeira "faz-de-conta" é privilegiada em sua discussão sobre o papel do brinquedo no
desenvolvimento.
Não podemos deixar de mencionar as brinquedotecas no contexto educativo, pois, a
brinquedoteca não é somente uma sala com brinquedos, envolve questões bem mais
complexas e abrangentes. Tem como principal implicação educacional a valorização da
atividade lúdica, é o espaço criado com o objetivo de proporcionar estímulos para que a
criança possa brincar livremente. Ela traz em si uma série de finalidades, que não devem ser
deixadas à margem:
Proporcionar um espaço onde a criança possa brincar sossegada, sem cobranças e sem
sentir que está atrapalhando ou perdendo tempo;
Estimular o desenvolvimento de uma vida interior rica e da capacidade de concentrar
a atenção;
Estimular a operatividade das crianças;
Favorecer o equilíbrio emocional;
Dar oportunidade à expansão de potencialidades;
Desenvolver a inteligência, criatividade e sociabilidade;
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Proporcionar acesso a um número maior de brinquedos, de experiências e de


descobertas;
Dar oportunidade para que aprenda a jogar e a participar;
Incentivar a valorização do brinquedo como atividade geradora de desenvolvimento
intelectual, emocional e social;
Enriquecer o relacionamento entre crianças e suas famílias;
Valorizar os sentimentos afetivos e cultivar a sensibilidade.
(SANTOS 1997, p.14)
A brincadeira para a criança é a melhor maneira de se comunicar, um meio para
perguntar e explicar, um instrumento que ela tem para se relacionar com outras crianças.
Brincando, a criança aprende muito sobre o mundo que a cerca e têm a oportunidade de
procurar a melhor forma de se integrar a esse mundo, pois é na brincadeira que a criança tem
possibilidade de se relacionar com outras crianças, conhecer novas culturas sendo um
exercício de decisões e criações. Assim, brincando, a criança vai, pouco a pouco, organizando
suas relações emocionais, obtendo condições para desenvolver relações sociais, aprendendo a
se conhecer melhor e a conhecer e aceitar a existência dos outros.

3.2. Brincadeiras tradicionais infantis

As brincadeiras tradicionais infantis são transmitidas de geração em geração,


expressando valores e diferentes concepções, e uma das representações folclóricas baseada na
mentalidade popular, se expressa, sobretudo, pela oralidade, e é considerada como parte da
cultura popular.
Neste sentido, a brincadeira tradicional é uma forma de preservar a produção cultural
de um povo num certo período histórico. No entanto, essa cultura não-oficial, não fica
cristalizada. Pois se é de forma oral que ela vai passando de geração em geração, a brincadeira
está sempre em transformação, incorporando criações anônimas das gerações que vão se
sucedendo. Não se conhece a origem da amarelinha, do pião e das parlendas. Seus criadores
são anônimos. Sabe-se apenas que provêm de práticas abandonadas por adultos, de
fragmentos de romances, poesias, mitos e rituais religiosos.
Segundo Kishimoto, citado por Pereira (2001, p. 1), “enquanto manifestação livre e
espontânea da cultura popular, a brincadeira tradicional tem a função de perpetuar a cultura
infantil, desenvolver formas de convivência social e permitir o prazer de brincar. Por
pertencer à categoria de experiências transmitidas espontaneamente conforme motivações
20

internas da criança, a brincadeira tradicional infantil garante a presença do lúdico, da situação


imaginária”.
Dentro desse contexto, citamos alguns tipos de brincadeiras tradicionais: “Passa anel”,
“Amarelinha”, “Pião”, “Pular corda”, “Corrida de saco”, “Brincadeira de roda”, “Cavalinho
de pau” entre outros.
Assim sendo, a brincadeira tradicional infantil garante a presença do lúdico, da
situação imaginária, sobretudo maneiras de brincar e interagir da criança com o meio.
21

CAPÍTULO 4 - CONTRIBUIÇÃO E O PAPEL DO EDUCADOR NO


BRINCAR

De acordo com Almeida (1981), é muito importante que o professor não se atire a uma
prática com insegurança ou desconhecimento, é necessário investir na própria formação
como: lendo, conversando,pesquisando, buscando alternativas variadas e recriando. Quanto
mais conhecimento tiver sobre o assunto, mais segurança terá na aplicação e execução do
trabalho.
O educador deve envolver-se no mundo mágico infantil, ter conhecimento teórico,
prático, observação, amor e vontade de ser parceiro da criança. É necessário aplicação de
jogos, brincadeiras e brinquedos em diferentes situações educacionais, para que haja um
ambiente estimulador, capaz de avaliar e analisar aprendizagens específicas, competências e
potencionalidades das crianças envolvidas.
O mesmo deve dar o tempo necessário às crianças para que as brincadeiras apareçam,
desenvolvam e se encerrem. Apesar de o jogo ser uma atividade espontânea nas crianças, isso
não significa que o professor não necessite ter uma atitude ativa sobre ela, inclusive, uma
atitude de observação que lhe permitirá conhecer muito sobre as crianças com que trabalha.
A criação de espaços e tempos para os jogos é uma das tarefas mais importantes do
professor, principalmente na escola de educação infantil. Cabe-lhe organizar os espaços de
modo a permitir as diferentes formas de jogos, por exemplo, que as crianças que estejam
realizando um jogo mais sedentário não sejam atrapalhadas por aquelas que realizam uma
atividade que exige mais mobilidade e expansão de movimentos.
O professor precisa estar atento à idade e às capacidades de seus alunos para
selecionar e deixar à disposição materiais adequados. O material deve ser suficiente tanto
quanto à quantidade, como pela diversidade, pelo interesse que despertam pelo material de
que são feitos. Lembrando sempre da importância de respeitar e propiciar elementos que
favoreçam a criatividade das crianças.
Valorizar as atividades das crianças, interessando-se por elas, animando-as pelo
esforço, evitando a competição, pois em jogos não competitivos não existem ganhadores ou
perdedores. Durante certos momentos dos jogos acontecem com certa freqüência pequenos
22

conflitos entre as crianças. A atitude mais produtiva do professor é conseguir que as crianças
procurem resolver esses conflitos, ensinando-lhes a chegar a acordos, negociar e compartilhar.
Outro modo de estimular a imaginação das crianças é servir de modelo, brincar junto
ou contar como brincava quando tinha a idade delas.
Muitas vezes o professor, que não percebe a seriedade e a importância dessa atividade
para o desenvolvimento da criança, ocupa-se com outras tarefas, deixando de observar
atentamente para poder refletir sobre o que as crianças estão fazendo e perceber seu
desenvolvimento, acompanhar sua evolução, suas novas aquisições, as relações com as outras
crianças, e com os adultos. Nós professores podemos através das experiências lúdicas infantis
obtermos informações importantes no brincar espontâneo ou no brincar orientado.
No brincar espontâneo podemos registrar as ações lúdicas a partir da: observação,
registro, análise e tratamento. Com isso, podemos criar para cada ação lúdica um banco de
dados sobre o mesmo, subsidiando de forma mais eficiente e científica os resultados das
ações. É possível também fazer o mapeamento da criança em sua trajetória lúdica durante sua
vivência dentro de um jogo ou de uma brincadeira, buscando dessa forma entender e
compreender melhor suas ações e fazer intervenções e diagnósticos mais seguros, ajudando o
indivíduo ou o coletivo.
Já no brincar orientado pode-se propor desafios a partir da escolha de jogos,
brinquedos ou brincadeiras determinadas por um adulto ou responsável.
Estes jogos orientados podem ser feitos com propósitos claros de promover o acesso a
aprendizagens de conhecimentos específicos como: matemáticos, lingüísticos, científicos,
históricos, físicos, estéticos, culturais, naturais, morais etc.
E outro propósito é ajudar no desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e lingüístico.
O educador tem como papel ser um facilitador das brincadeiras, sendo necessário mesclar
momentos onde orienta e dirige o processo, com outros momentos onde as crianças são
responsáveis pelas suas próprias brincadeiras. É na brincadeira que ela exercita a imaginação
e a criatividade, além de aprender a se relacionar com outras crianças. Alguns autores
acreditam que o professor pode ainda desempenhar papel ainda mais ativo, utilizando as
brincadeiras como instrumento pedagógico.
Por meio das brincadeiras os professores podem observar e constituir uma visão dos
processos do desenvolvimento das crianças em conjuntos e cada uma em particular,
registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim como de suas capacidades sociais e
dos recursos afetivos e emocionais que dispõem.
23

Pode propor brincadeiras que permitam trabalhar determinados conteúdos ou que


desenvolvam determinadas habilidades. Pode organizar o espaço de modo a propiciar
determinadas brincadeiras, oferecer diferentes materiais de acordo com o desenvolvimento da
criança. O educador pode ir além, participando das brincadeiras, desde que aceito pelas
crianças. Não há uma medida certa sobre qual o limite de interferência do educador, mas a
idéia é que ele se desarme, mergulhe na brincadeira e renuncie ao controle, de modo a não
coibir a imaginação e a criatividade da criança.
Para Piaget (apud SOUZA, 2005), “Os professores podem guiá-las proporcionando-
lhes os materiais apropriados, mas o essencial é que, para que uma criança entenda, deve
construir ela mesma, deve reinventar. Cada vez que ensinamos algo a uma criança estamos
impedindo que ela descubra por si mesma. Por outro lado, aquilo que permitimos que
descubra por si mesma, permanecerá com ela”.
Então é dever do educador defender o brincar como um acontecimento relevante para
o pleno desenvolvimento da criança. Assim sendo, é preciso deixar que nossas crianças
desfrutem cada vez mais e melhor dos benefícios e prazeres do brincar.
Assim, cabe ao professor perceber que a prática pedagógica deve atender às reais
necessidades das crianças, porque desde pequenas, elas apresentam atitudes de interesse em
descobrir o mundo que as cerca, e podem realmente construir o conhecimento.
Portanto, é de grande importância utilizar-se das brincadeiras e jogos no processo
pedagógico. Trata-se do exercício de habilidades necessárias ao domínio de nossa inteligência
emocional. Nossa capacidade de encontrar formas de desenvolver o que queremos pode ser
exercitada numa situação lúdica, aprendendo a compreender e atuar no grupo.

4.1. Uma prática sobre o brincar educa


O brincar é uma prática que pode ser desenvolvida para complementar as aulas
teóricas sobre o assunto. Brincar e praticar são mais que um prazer, é um direito de todas as
crianças. Quem tem boas lembranças da infância deve saber o quanto é importante estimular
as atividades físicas, esse é um papel da família, da escola, das autoridades e da comunidade.
É preciso garantir espaços e oportunidades para que todas as crianças possam exercer seu
direito ao esporte, ao lazer e a cultura.
Deve-se considerar que a prática de jogos só acontece de maneira eficiente quando o
professor atua como orientador nesse processo cria em ambiente estimulador, organizado e
capaz de atingir os objetivos propostos pelos jogos. Assim sendo, o uso pedagógico de jogos,
24

visa favorecer a aprendizagem e contribuir na avaliação do aluno. Com os jogos, brincadeiras


e brinquedos a escola fica mais prazerosa.
Diversos estudos demonstram que, por meio dos jogos, a criança vê e constrói o
mundo. Em função disso, é essencial que os professores resgatem as atividades lúdicas, na
pré-escola, de modo que esse processo trabalhe com a diversidade cultural e desperte a
vontade para a aprendizagem. Podemos dizer que todo ser humano pode beneficiar-se dos
jogos, tanto pelo aspecto lúdico de diversão e prazer quanto pelo aspecto da aprendizagem.
O brincar é mais do que uma atividade sem conseqüência para a criança, brincando ela
não apenas se diverte, mas recria e interpreta o mundo em que vive, relaciona-se com o
mundo. Desenvolve sua coordenação motora, suas habilidades visuais e auditivas, adquire
experiências e conhecimentos, pensa e raciocina, descobre e apreende a si própria, constrói-se
física, social, cultural e psicologicamente. Brincando, é sem sombra de dúvidas, um
importante recurso pedagógico que estimula e desenvolve as funções mentais superiores.
Brincar é uma necessidade básica, é uma experiência humana, rica e complexa. A
criança para ser feliz precisa de muitas coisas, mas, em especial ela precisa de: amor,
igualdade, autonomia, saúde, família, lar, espaço, movimento, atenção, carinho, cidadania e
educação. Portanto, se entendermos que o ato de brincar é uma ação humana que envolve
múltiplas aprendizagens, enquanto educadores precisamos repensar a nossa prática
pedagógica, a organização e a estrutura da escola.
O brincar em situações educacionais, proporciona não só um meio real de
aprendizagem como permite também que adultos perceptivos e competentes aprendam sobre
as crianças e suas necessidades. No contexto escolar isso significa professores capazes de
compreender onde as crianças “estão” em sua aprendizagem e desenvolvimento geral, o que,
por sua vez, dá aos educadores o ponto de partida para promover novas aprendizagens nos
domínios cognitivos e afetivos.

4.2. Vivenciando a prática pedagógica na educação infantil


Após as considerações acima, para efetivação desse trabalho, foram realizadas na
prática através de pesquisa de campo, quatro atividades na qual citaremos uma: O faz-de-
conta. Atividade aplicada foi desenvolvida na Escola de Educação Infantil Maria da Graça,
com crianças, de 4 a 5 anos.
25

A aula iniciou-se com as crianças sentadas no chão em roda. Em seguida, questionou-


se quais histórias que eles tinham conhecimentos e qual a história que trabalhamos, no caso
Chapeuzinho Vermelho.
A história foi contada em voz alta, junto com a apresentação de fantoches. Após a
narração as crianças foram divididas em grupos e cada uma delas escolheu seu personagem
que desejou encenar, assim como a escolha da fantasia e seus adereços.
Para a dramatização cada criança expressou-se da maneira que mais lhe agradou, o que
desencadeou o uso da imaginação criadora de cada criança.
Percebemos na prática que o jogo de faz-de-conta envolve representação, elaboração,
imaginação, interação e criatividade, é uma brincadeira significativa para a criança de 4 a 5
anos.
Observamos que algumas crianças passaram a ter um controle sobre a história que foi
sendo criada, combinando e criando novos papéis, onde alguns souberam desenvolver e
interagir as situações representadas. Já outras apresentaram-se apática e tímidas .
Pudemos assim avaliar que a atividade foi de grande valor tanto para as crianças
quanto para nós professores, pois trabalhar o faz-de-conta enriquece a identidade da criança,
porque ela experimenta outra forma de ser e de pensar; amplia suas concepções sobre as
coisas e as pessoas, porque a faz desempenhar vários papéis sociais ao representar diferentes
personagens.

 
26

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho sobre o brincar educa a criança de 3 a 6 anos na educação infantil


podemos observar que o brincar para a criança é importante para o seu desenvolvimento,
porque enquanto brinca seu conhecimento de mundo se amplia.
Através da análise dos referenciais para a educação podemos ressaltar que a educação
tem a preocupação de propiciar às crianças um desenvolvimento integral e dinâmico e os
jogos e brincadeiras ocupam um lugar de destaque no programa da Educação infantil.
Ao contrário do que muitos podem pensar a imagem da infância até o início do século
XX era bem diferente da que temos hoje. A criança era um adulto em miniatura, a sociedade
educava a criança já com um olhar adulto sem direito de brincar. Nessa época as escolas
preparavam a criança para assumir a função do papel de um adulto, esquecendo-se da
importância do brincar na educação infantil.
Brincando, a criança constrói sua identidade, se desenvolve e aprende. Temos aí o
brincar como uma necessidade e um fator determinante no desenvolvimento integral do
sujeito humano (desenvolvimento físico, mental e emocional), na constituição de sua
personalidade, na construção de sua identidade, como fator de relação e comunicação com
outros sujeitos e consigo mesmo.
É possível afirmar que a brincadeira é um espaço que a criança tem a oportunidade
de viver o imaginário, é um espaço de construção do conhecimento. Quando a criança
brincar ela envolve o corpo e a mente onde o mundo ganha significado próprio para ela.
Todo o aprendizado que uma brincadeira permite é fundamental para a formação da
criança em todas as etapas da sua vida. Além de conhecer melhor a si própria através das
brincadeiras a criança, quando se relaciona com outras crianças ela experimenta situações de
vida como competição, cooperação, coragem, medo, alegria, tristeza. Ela se socializa,
compreende o que é ser ela mesma e fazer parte de um grupo.
Portanto, é de grande importância utilizar-se das brincadeiras e jogos no processo
pedagógico. Trata-se do exercício de habilidades necessárias ao domínio de nossa inteligência
emocional. Nossa capacidade de encontrar formas de desenvolver o que queremos pode ser
exercitada numa situação lúdica, aprendendo a compreender e atuar no grupo.
27

Podemos encontrar nas brincadeiras e jogos o exercício de habilidades essenciais ao


desenvolvimento da criança. Brincar com a criança pode ser um jeito prazeroso de executar
nossa missão educativa. E ainda exercitar o raciocínio lógico, o equilíbrio das emoções,
despertando a criatividade, tão fundamental a construção de soluções para a complexidade de
coisas que administramos em nosso cotidiano.
O texto visa compartilhar a experiência que tivemos através de uma pesquisa (plano de
aula) com enfoque qualitativo, na qual verificamos que o momento de brincar para a criança
gera um aprender, um conhecer, um fazer de forma integrada, pois é desfrutando das
brincadeiras que elas aprendem a dialogar, a negociar e a entender as diferenças.
Quanto ao professor, sua tarefa é proporcionar situações de brincar livre e dirigido a
fim de atender às necessidades de aprendizagem das crianças e, neste papel, o professor
poderia ser chamado de um iniciador e mediador da aprendizagem.
Cabe ao professor ser um mediador do conhecimento, valorizar o momento,
respeitando as etapas do desenvolvimento da criança, deixando prazeroso, questionando e
dando chance para a criança questionar, pois é no jogo e na brincadeira que se possibilita
desenvolver o lado cognitivo, motor e social.
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<http://educandooamanha.blogspot.com/2007/10/importancia-de-brincar.html>. Acesso em:
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29

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