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GEOGRAFIA

PROFESSOR JOÃO FELIPE

AULA 05 – GEOPOLÍTICA (parte 2)

Recapitulando:

 IMPORTÂNCIA DOS RECURSOS: Raffestin, um suíço erradicado na França, fala sobre a importância dos recursos.
Em resposta às teorias que o precederam, ele afirma que, no fundo, não se está disputando o território, mas
sim o local onde o território se insere, em razão da importância dos recursos que ali se encontram. Nesse
sentido, ele entende que por detrás da disputa por territórios, na verdade, se encontra uma disputa por
recursos que estão relacionados a uma determinada posição geográfica.

 “O conflito de dois Estados pela posse de uma região não é apenas um conflito pela aquisição de um
pedaço de território, mas também pelo que ele contém de população e/ou recursos. Frequentemente o
objetivo declarado mascara os verdadeiros trunfos”. (RAFFESTIN, Por uma geografia do poder)

 Vale perceber que uma dada região geográfica, antes não muito disputada, pode perfeitamente ser inserida a
essa disputa se houver tecnologia capaz de transformar as matérias-primas ali existentes em recursos.

 “A província do Quebec decidiu nacionalizar a exploração do amianto, matéria cuja utilidade é


indispensável e indiscutível. Até aí, nenhum problema se nenhuma indústria química chegar a
aperfeiçoar um processo que crie um bem de substituição que não seja mais caro que o amianto e que
possua todas as propriedades dele, colocando em risco o amianto da província, que poderá deixar de
ser um recurso para voltar a ser um mineral de pouca utilidade. A coisa, no entanto, é mais provável do
que se possa pensar” (RAFFESTIN)

 NOVAS TEORIAS:

 O choque das civilizações (Samuel Huntington): Para Huntington, a Nova Ordem Mundial, num contexto
pós- Guerra Fria, e pós-URSS, seria definida pela cultura das diferentes civilizações no globo, as quais se
chocam em situações de instabilidades.
 O império e os novos bárbaros (Rufin): Para Rufin, nessa Nova Ordem Mundial, a divisão deixaria de ser
Leste-Oeste ( “Rússia-EUA”) e passaria a ser Norte-Sul (Norte rico e Sul pobre), e haveria uma migração
do Sul para o Norte.
 Le Nouveau Monde (Lellouche): Para Lellouche, esse “Novo Mundo” seria composto por um mix de
questões econômicas (como disse Rufin) com aspectos ideológicos e culturais (Huntington).

 Vale compreender que, como foi visto no exemplo de caso do Ártico, as teorias geopolíticas devem ser
analisadas sobre os dados de uma determinada área, a fim de poder identificar qual teoria melhor se aplica a
cada caso analisado. No caso do Ártico, por exemplo, que possui soberania indefinida e que supostamente não
possui nada que impeça a exploração econômica, deve-se pensar qual teoria geopolítica aqui melhor se aplica
de maneira a solucionar o contencioso, sem, no entanto, expor a área a mais riscos ambientais.
1. GEOPOLÍTICA NO BRASIL

 A produção do conhecimento geopolítico no Brasil foi, em grande parte, circunscrita aos círculos militares, com
destaque para Golbery do Couto e Silva e o General Meira Mattos, tendo, obviamente, uma ação mais efetiva
no período de 1964 a 1985.
 Em especial, nos governos que antecederam a ditadura militar, pôde-se observar ações de relevância
geopolítica no Segundo Reinado (com a determinação das 10 léguas além do limite territorial, em 1850,
que facilitava a posse da terra com o fim de demarcar a posse brasileira), nos governos Vargas e JK (que
buscaram realizar uma “marcha para o oeste”, estabelecendo medidas para promover uma
interiorização do território, viabilizando a conexão das áreas “Core área – sul – centro-oeste – Nordeste
– Amazônia”, evidentemente que essa conexão foi intensificada nos governos militares).

 Assim, as teorias geopolíticas brasileiras foram basicamente relacionadas à:


 Integração do território nacional;
 Defesa da integridade do território nacional;
 Um estreito relacionamento com os demais Estados do continente, via diplomática, principalmente dos
situados no “Cone Sul”;
 Ampliação do prestígio no âmbito continental.

 O projeto geopolítico da ditadura militar:


 “Iniciado em pleno regime liberal do pós-guerra, o projeto geopolítico já estava implícito no Plano de
Metas do governo JK, e não foi fruto apenas das forças armadas, e sim de diversas frações da elite civil e
militar. Não resultou de uma campanha inteligente e racional, mas de uma série de iniciativas isoladas e
tomada de decisões segundo as condições do momento, cheias de dilemas, que acabaram convergindo
num projeto de governo gerido pelos militares”.
 “A geopolítica se tornou uma doutrina explícita, sendo ao mesmo tempo uma justificativa para e um
instrumento da estratégia e da prática do Estado. Em concordância com os objetivos do projeto, a
estratégia do governo concentrou as suas forças em três espaços-tempo com práticas específicas: 1)a
implantação da fronteira científico-tecnológica na “core area” do país; 2) a rápida integração de todo
território nacional, implicando a incorporação definitiva da Amazônia; 3)a projeção no espaço
internacional”. (BECKER)

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