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SOBRE NAMORO

De acordo com o dicionário Michaelis, namorar significa esforçar-se para conseguir o amor de;
cortejar, galantear.

Até o início do século 20, os relacionamentos eram baseados em casamentos arranjados, no


qual a iniciativa de selar a união não partia dos noivos, e sim de seus pais, ou outra pessoa
responsável. Em alguns países, esse costume ainda é praticado, como na Índia, por exemplo.

Com o passar do tempo, os jovens passaram a escolher com quem namorar, mas diante de
algumas regras. O rapaz ía até a casa da moça e o casal namorava no sofá, sob o olhar da
mãe da garota, que vigiava enquanto fazia tricô. Pegar na mão era o máximo de contato
permitido.

O namoro mais moderno, no qual casais saem sem a companhia de uma terceira pessoa,
surgiu por volta da década de 20*, nos centros urbanos. A partir daí, o relacionamento foi se
tornando mais liberal, até chegar aos dias atuais.

Apaixonar-se e relacionar-se com o sexo oposto é uma necessidade de todos, inclusive de


jovens cristãos. Mas o que aconselhar a esses casais? Líderes de diferentes denominações
tratam o assunto de forma variada. O pastor Samuel Farias, líder dos jovens da Comunidade
Evangélica de Campina Grande (PB), conta que fez o "namoro de corte" e defende a prática,
na qual os namorados não mantém contato físico, nem mesmo o beijo, até o casamento.

"Namoro de Corte"
"Conheci minha esposa, ficamos amigos e iniciamos um relacionamento de observação mais
aproximada. Noivamos em junho de 1995 e nos casamos um ano depois. Eu já era líder na
igreja quando ouvi falar deste tipo de relacionamento. No início fui contra, mas depois de
estudar a Palavra de Deus e não encontrar base bíblica para a prática do namoro com o qual
eu estava acostumado, aderi a esta idéia. Casei com minha melhor amiga e o primeiro beijo foi
no dia do nosso casamento", conta Farias.

Em entrevista, o pastor explicou o objetivo do namoro de corte: "Queremos, para os solteiros,


um relacionamento sem carícias, beijos, sensualidade, dependência emocional, chantagens
emocionais, ciúmes, isolamento social. A ideia é que os jovens sejam movidos por princípios
bíblicos e não por impulsos da paixão, sexualidade ou pressão cultural. Buscamos um
relacionamento focado na amizade e no conhecimento mútuo".

Farias afirmou que manter um namoro sem contato físico não é fácil, mas que a "corte" livra os
jovens de "atropelos e embaraços", assim como aconteceu com ele.

"Tempo de oração"
Diferente do namoro de corte, algumas igrejas optam por aconselhar aos jovens que orem por
um período antes de qualquer envolvimento. Os casais que desejam se conhecer melhor vão
até o líder para que ele determine um tempo de oração. 

Segundo Avelino Júnior, pastor da Igreja Bola de Neve em Registro (SP), o objetivo principal do
período de oração é buscar em Deus se o sentimento no coração dos jovens é paixão ou amor,
ou seja, se este despertar para o inicio do relacionamento possui a motivação correta.

"O tempo de oração serve para buscar em Deus se é ou não de Sua vontade dar início ao
namoro, portanto, ainda não estão namorando. Porém, durante este período há o compromisso
de respeitar, então se o rapaz está orando por uma moça, não pode orar por outra. Durante as
etapas eles são acompanhados bem de perto pelos líderes e também passam por
aconselhamento pastoral, onde são direcionados a cada passo: sentimentos, santidade e
pecado, conhecimento pessoal, emocional, afinidades e desacordos, proximidade familiar,
projetos estudantil, formação profissional, sexualidade, formação e acompanhamento familiar",
explica o pastor.
Apesar de não ser contra o namoro de corte, Avelino Jr. acredita que o tempo de oração não
permite que os jovens sejam enganados pelos próprios sentimentos e cita a passagem de
Jeremias 17:9 : 'Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o
conhecerá?'. Sendo assim, converso com as partes interessadas a namorar e estabeleço um
período através da observância comportamental e do histórico da vida, que varia dentre três
meses a três anos".

Tempo escolhido por Deus


A jovem Beatriz Lima, membro da sede da igreja Bola de Neve, em São Paulo (SP), está
vivendo o "tempo de oração" e acredita que esta é a melhor forma de entender que Deus está
no controle da situação.

"Há um pouco mais de um ano teve a Conferencia Profética no Bola e nesse dia conheci o
Tico. Como ele mora no interior de São Paulo, procurou o líder do ministério que participo para
pedir a 'permissão' para estar me conhecendo melhor, trocando e-mail, msn etc. Depois de um
ano nos conhecendo e sendo acompanhados pelo pastor da cidade dele e pelos meus líderes
de São Paulo, nos reencontramos na conferencia de 2009 e no último dia do evento o pastor
conversou com a gente, determinando assim um período de um ano para orarmos", narrou a
jovem.

"O tempo de oração é um período de buscar do Senhor um direcionamento e uma confirmação


desse sentimento que está nascendo em nossos corações. Por tal motivo, creio que é de
extrema importância esse tempo estabelecido por um líder, até porque a Palavra diz em
Romanos 13.1 que não existe autoridade que não proceda de Deus e as autoridades que
existem foram por ele instituídas, sendo assim, acredito que este é um tempo, antes de tudo,
escolhido por Deus. Independente do que aconteça, sabemos que a vontade do Senhor é boa,
perfeita e agradável, e seus planos são muito maiores que os nossos", afirmou Beatriz.

Regras ou pressão?
O pastor presbiteriano André Lima, missionário do Jovens da Verdade do Ceará, não concorda
com nenhuma das abordagens citadas. "Acredito que é importante que os líderes coloquem
algumas regras e deem algumas orientações, mas quando a gente impõe regra demais, acaba
virando algo legalista. Como o namoro é para se conhecer, não podemos colocar muito peso
sobre o adolescente e o jovem, devemos orientar para que ele aproveite esse tempo para
conviver, fortalecer um relacionamento de amizade".

Para Lima, que faz parte da diretoria nacional da Associação Evangélica de Acampamento
(AEA-CCI-Brasil) e tem se dedicado ao trabalho com jovens e adolescentes, algumas práticas
são invasivas e podem estimular outras áreas, inclusive a sexual. O pastor também acredita
que o "namoro de corte" não livra o casal de desejos carnais. "Os jovens lutam intensamente
para não cair na tentação carnal, mesmo com toda a sensualidade que é exposta diariamente.
É muito mais importante você caminhar com eles do que lhes impor um peso. Vale mais
mostrar que Deus é amor, é liberdade; e expor a possibilidade de esperar a hora certa, o tempo
certo, e focalizar na sexualidade positiva. ao invés de seu aspecto negativo", afirmou.

"Existem três áreas da vida que o jovem tem que tomar uma decisão importante. A primeira é a
decisão por Jesus, a segunda é na área profissional e a terceira é 'com quem vou namorar e
me casar'. Essa última é a área que traz mais desgaste porque envolve a necessidade física de
se apaixonar por alguém. Eu aconselho que eles busquem no Senhor, em oração, conhecer,
fazer amizade com as pessoas, através de acampamentos e eventos cristãos, e comecem a
namorar sem muita pressão", disse André.

Por Juliana Simioni

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