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FERNANDO PESSOA - A DOR DE PENSAR

Ela canta pobre ceifeira

 Primeira Parte (constituída pelas três primeiras estrofes) - Predominância da caracterização


da figura feminina apresentada pelo sujeito poético, a ceifeira, e do seu canto:

 Canto harmonioso da ceifeira que reflete a alegria, mas também um certo desamparo
(“a sua voz cheia/ De alegre e anónima viuvez”)
 Voz suave e melodiosa que traduz a vida simples do campo, o trabalho, a alegria
instintiva dos que vivem em comunhão com a natureza
 Oposição do canto, metáfora de felicidade, à dureza que caracteriza a “lida”, o
trabalho árduo, conotado pelo sujeito poético com dor e infelicidade (“ como se
tivesse / mais razões para cantar que a vida”)
 Carácter inconsciente da alegria que manifesta na sua voz
 Discurso centrado na terceira pessoa, em que a objetividade surge contaminada por
marcas de subjetividade do sujeito poético (“pobre ceifeira”, “Julgando-se feliz
talvez”),com recurso à adjetivação, à comparação, à antítese (…)

 Segunda parte (constituída pelas três últimas estrofes) - Predominância da descrição dos
efeitos produzidos pelo canto da ceifeira no sujeito poético:

 Sujeito poético torturado pela incapacidade de fugir à racionalização do sentimento


(“O que em mim sente ‘stá pensando.”)
 Paradoxo - aspiração ao impossível (ter a inconsciência da ceifeira e a felicidade que
lhe advém desse facto e, em simultâneo, a consciência disso);
 Consciência da efemeridade da vida
 Desejo de dispersão/aniquilamento como forma de alcançar a paz
 Discurso marcado pela emotividade/ subjetividade, em que o sujeito poético revela o
seu universo íntimo, marcado pelo discurso na 1ª pessoa (“em mim”, “no meu
coração”, “minha alma”), pelas frases curtas de tipo exclamativo, pelo uso de verbos
no infinitivo como expressão de um desejo (“poder ser tu”, ter a tua alegre
inconsciência”); uso do imperativo, para traduzir o apelo final

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