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XVIII Congresso Regional De Iniciação Científica e Tecnológica

ANÁLISE ESTRUTURAL VIA ELEMENTOS FINITOS DE PONTES


METÁLICAS MISTAS

Diego Orlando, Zacarias M. Chamberlain Pravia, Gilnei Artur Drehmer


Universidade de Passo Fundo - UPF
BR-285 Campus I – Bairro São José – CEP 99001 970 – Passo Fundo/RS
d.orlando@tpo.com.br, zacarias@upf.br, gilnei@upf.br

Resumo. O presente trabalho apresenta os 2 MÉTODO E TÉCNICAS


resultados parciais de um estudo para UTILIZADAS
analisar pontes mistas aço-concreto pelo
método dos elementos finitos em A metodologia adotada neste trabalho se
contrapartida ao método simplificado previsto constitui a partir da revisão da literatura, onde
na norma americana AASHTO. Alguns foram definidos os tipos de pontes em viga
aspectos sobre pontes são apresentados, mista padrão a serem analisados, estas com
assim como os modelos de estudo numéricos e diferentes seções transversais e comprimentos.
os resultados para uma viga mista modelada Com os exemplos definidos, os mesmos foram
pela resistência dos materiais e pelo MEF. modelados e analisados tridimensionalmente
com o método dos elementos finitos através
Palavras-chave: Pontes, estrutura metálica, do programa computacional ANSYS. Após a
análise estruturas analise pelo método dos elementos finitos foi
realizada uma análise manual de um tabuleiro
1 INTRODUÇÃO de uma ponte em viga mista através do
método simplificado proposto pela norma
O presente estudo baseia-se na análise americana AASHTO [3], com isso foi
numérica, via elementos finitos, de pontes em realizada uma comparação entre estes
vigas mistas, levando em consideração os métodos.
elementos que compõem a estrutura na
transferência dos esforços até os apoios. 2.1 Definição das Características dos
O comportamento estrutural dos Tabuleiros Mistos
tabuleiros mistos foi abordado do ponto de
vista tridimensional, sendo com isto Para a definição dos modelos e das
modelados e analisados alguns tabuleiros características dos tabuleiros mistos foram
mediante o uso do método dos elementos utilizadas as recomendações da Ref. [1], onde
finitos, através do programa computacional as diversas pontes possuem as seguintes
ANSYS [1]. Os modelos aqui analisados características:
seguem as recomendações da SIDERBRÁS Ø Um sistema estrutural para o tabuleiro de
[2]. grelha mista (aço e concreto) biapoiada,
Outro aspecto estudado foi a influência com vãos de 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 22,
que a posição da carga móvel na seção 24 e 26m, sendo que esses vãos são
transversal exerce na distribuição de cargas constituídos de diferentes tipos de vigas de
nas vigas, sendo para isto considerado um aço, espessuras de lajes, sistemas de
comportamento elástico-linear.

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contraventamentos verticais e horizontais Ø A área da viga mista é definida a partir da


e distribuição dos conectores; Eq. (1) apresentada a seguir:
Ø As pontes possuem pista de rolamento
com 9,0m e guarda laterais de 0,40m, Sc
chegando a um total de 9,80m; Sm = Sa + (1)
ço , f , x
Ø A grelha metálica é constituída por vigas I
unidas por transversinas intermediárias
treliçadas e de apoio em alma cheia; Sa = área da viga metálica;
Ø A união entre as vigas metálicas e o Sc = área da seção de concreto.
concreto é garantida por conectores de
cisalhamento do tipo pino de cabeça (stud) Ø A distância do centro de gravidade da
ou barra com alça; seção de concreto ao centro de gravidade
Ø As vigas externas e internas das pontes da viga é calculada a partir da Eq. (2),
consideradas apresentam perfis com exposta na seqüência deste trabalho.
dimensões idênticas, contraindo o caso
geral onde as vigas externas são mais Sa
reforçadas, a razão para tal procedimento é ac = .a (2)
Sc
obter vantagens no detalhamento e + Sa
fabricação, com conseqüente redução de ç o, f , x
custos.
a = distância entre o centro de
2.2 Definição das Características gravidade da seção de concreto da viga
Geométricas das Vigas Mistas metálica.

Para a determinação das características Ø Sendo calculada a distância do centro de


geométricas de uma viga mista, foi adotado gravidade da viga metálica ao da viga
um roteiro apresentado pela SIDERBRÁS. mista, com a Eq. (3).
Para uma melhor compreensão é apresentada
parte da nomenclatura na Fig. 1. Sc
ç o, f , x
Plano médio da laje aa = .a (3)
s
Sc
Yc ac + Sa
i s ç o, f , x
Yc = Ya CG da seção mista

aa a Ø O momento de inércia da viga mista é


i obtido através da Eq. (4), apresentada a
Ya
seguir:
CG da seção aço
1
Jm = Ja + Sa .aa 2 + .( Jc + Sc .a c 2 ) (4)
ç o, f , x
Figura 9 – Nomenclatura utilizada para o cálculo das
características geométricas
Ja = momento de inércia da seção de
A nomenclatura utilizada está aço;
apresentada a seguir: Jc = momento de inércia da seção de
concreto.

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de casca elástica SHELL63, do programa


Ø O módulo de resistência superior do ANSYS, sendo que para ambos foi utilizado o
concreto na viga mista é definido pela Eq. mesmo elemento, porém com as
(5). características dos respectivos materiais. Na
Fig.2 esta apresentado o elemento utilizado.
Jm
Wc s = (5)
Yc s

Ø Sendo o módulo de resistência inferior do


concreto na viga mista obtido através da
Eq. (6).

Jm
Wc i = (6)
Yc i
Figura 2 – Elemento de casca elástica SHELL63,
Ø O módulo de resistência superior da viga ANSYS
metálica na viga mista é calculado a partir
da Eq. (7). Para os elementos de ligação entre as
vigas de aço e a laje de concreto que são
Jm definidos como sendo conectores de
Wa s = (7) cisalhamento foram introduzidos vínculos
Ya s
rígidos mediante a incorporação de elemento
de viga tridimensional entre os nós da
Ø O módulo de resistência inferior da viga
interface, para isto foi utilizado o elemento de
metálica na viga mista é definido a partir
viga elástica BEAM4 do programa ANSYS.
da Eq. (8).
Na Fig. 3 é apresentado este elemento.
J
Wa i = mi (8)
Ya

Waa s = módulo de resistência superior


da viga metálica;
Waa i = módulo de resistência inferior
da viga metálica.

2.3 Modelagem dos Tabuleiros Mistos


pelo Método dos Elementos Finitos

Após a determinação dos modelos de


tabuleiros mistos a serem modelados e de suas
características geométricas definidas, foi
realizada a modelagem das pontes com
programa ANSYS. Figura 3 – Elemento de viga tridimensional BEAM4,
Na modelagem das vigas de aço e dos ANSYS
tabuleiros de concreto foi utilizado o elemento

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Para realizar a modelagem dos elementos Tabela 1 – Comparação entre os métodos


de contraventos foi utilizado o elemento de Desloca-
Distribuição de Tensões (MPa)
barra de treliça espacial LINK8. Na Fig. 4 é mento
Laje de Concreto Viga de Aço
exposto o elemento. Método (mm) no
Fibra Fibra Mesa Mesa meio do
Superior Inferior Superior Inferior vão
AASHTO 0,973 0,191 1,369 20,94 2,38
MEF 1,098 0,209 0,946 17,18 2,54

O segundo modelo analisado representa o


carregamento de um trem tipo contendo três
Figura 4 – Elemento de treliça espacial LINK8, cargas 75kN, como pode ser visto na Fig. 6.
ANSYS Para este exemplo também foi utilizado uma
viga de 16m com a espessura da laje igual a
3 RESULTADOS 25cm, a figura esta exposta a seguir:

Neste item foi realizado o calculo das


inércias equivalentes de cada tipo de viga
mista, a partir da formulação apresentada no
capitulo anterior deste trabalho. Com o
resultado das inércias equivalentes foram
feitas duas comparações entre o método dos
elementos finitos e o método simplificado
proposto pela norma americana AASHTO.
O primeiro modelo que foi analisado
neste trabalho esta apresentado na Fig. 5, é um Figura 6 – Viga com trem tipo
modelo de uma viga mista que possui 16m de Os resultados obtidos para este
comprimento e uma espessura de laje de carregamento para o método simplificado
25cm, sendo que foi aplicada uma carga de proposto pela AASHTO e para o método dos
50kN no meio do vão, como pode ser visto a elementos finitos esta apresentado a seguir na
seguir: Tab. 2.
Tabela 2 – Comparação entre os métodos

Distribuição de Tensões (MPa) Desloca-


mento
Laje de Concreto Viga de Aço
Método (mm) no
Fibra Fibra Mesa Mesa meio do
Superior Inferior Superior Inferior vão
AASHTO 3,83 0,755 5,394 82,219 10,1
Figura 5 – Viga com carga de 50kN no meio do vão MEF 3,456 0,801 3,35 66,68 9,533

Os resultados obtidos para este exemplo 3.1 Modelagem das pontes mistas no
ANSYS
estão apresentados na Tab. 1, que esta
apresentada na seqüência.
Para facilitar a modelagem das pontes e
os resultados de saída do programa ANSYS,

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foi utilizada a linguagem APDL (ANSYS Os resultados parciais de um estudo sobre


Parametric Design Language), que é uma análise de pontes em estrutura mista foram
linguagem paramétrica de programação aqui apresentados, mostrando a potencialidade
embutida no programa, com isso para se da análise via elementos finitos, com os
modelar à ponte que se deseja apenas precisa resultados aqui expostos em relação a uma
entrar com as dimensões da mesma. viga mista tratada pela resistência dos
Na seqüência estão apresentados alguns materiais e essa mesma viga analisada pelo
modelos analisados com o programa método dos elementos finitos.
computacional ANSYS. Na Fig. 8 está Os resultados permitem apontar para
apresentada uma viga com um pedaço da laje análises mais detalhadas e apuradas,
de concreto. aproveitando a programação dentro do
ambiente do programa ANSYS.

5 REFERÊNCIAS

[1] ANSYS Users Manual, Volume I, II, III,


IV, Ansys Revision 5.4. USA, SAS IP,
1998.

[2] SIDERBRAS. Siderurgia Brasileira


(1989). Pontes rodoviárias metálicas.
Parte I: Introdução ao Projeto e Cálculo
Figura 8 – Uma viga com laje e Parte II: Pontes Padronizadas. Brasília.
(Publicações técnicas para o
No decorrer deste trabalho está desenvolvimento da construção metálica).
apresentado uma ponte com 4 vigas e seus
contraventos que pode ser visto na Fig. 9. [3] AMERICAN ASSOCIATION OF
STATE HIGWAY AND
TRANSPORTATION OFFICIALS
(1989). AASHTO. Standard
specifications for highway bridges.
Washington, D. C.

Figura 9 – Uma ponte com quatro vigas e seu sistema


de contravento

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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