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2.

2 CARACTERISTICAS DE UM ENFERMEIRO EMPREENDEDOR

O SEBRAE, citando o economista Joseph A. Schumpeter, diz que o


empreendedorismo, como o sistema capitalista, possui uma força designada como um
processo de destruição criativa, tendo o princípio de desenvolvimento de novos
produtos, métodos e mercados, ou seja, pode-se dizer que o empreendedor pode
“destruir o velho para se criar o novo”.

Já Gonçalvez (2010), diz que o “empreendedorismo busca inovações e


oportunidades de negócio, atribuindo ações promissoras para a enfermagem,
vislumbrando um mundo de múltiplas direções e espaços no mercado de trabalho”.
Para isso, o enfermeiro empreendedor tende a buscar o que é melhor para o paciente,
aprimorando o que já é feito em prol do bem-estar.

Desse modo, o diferencial de um profissional não está mais apenas em


suas habilidades, currículo, formação ou experiência, mas também no
modo como se comporta, percebe o mundo, visualiza as
oportunidades, relaciona-se e é capaz de inovar, de (re)criar e de se
(re)inventar. (FERREIRA et al, 2013, p. 688)

No mesmo texto, Ferreira também diz que “profissionais com atitudes


empreendedoras de intervenção social induzem o desenvolvimento de um saber
complexo, capaz de levar em conta as variáveis múltiplas do processo saúde e doença”.

Em seu artigo denominado “Estudantes de enfermagem têm perfil


empreendedor?”, Roncon e Munhoz (2009, p. 695-700) dizem que a tendência
atualmente é de que os estudantes sejam presidentes de sua própria vida, assim como
para um bom desenvolvimento é necessário

Fugir do convencional; sonhar alto e transformar sonhos em realidade;


identificar com clareza desejos, habilidades, temperamentos e
atividades; criar um produto; desenvolver um plano de negócios da
própria carreira; fazer o que se gosta; investir no desenvolvimento
contínuo; conciliar a vida profissional com a vida pessoal e familiar;
cuidar da saúde física, mental e emocional; seguir a intuição são
passos para sobreviver no mundo moderno. (LEITE, 2006)

Com sua pesquisa, Ferreira et al encontrou características necessárias para um


enfermeiro empreendedor, vindas dos próprios estudantes entrevistados. Na busca por
oportunidades ainda não exploradas, o enfermeiro precisa agir com iniciativa e
persistência na consecução de seus objetivos, assim como dispor de
senso de oportunidade, estar atento ao que acontece à sua volta, e
buscar novas oportunidades, ser capaz de aproveitar situações
incomuns em sua prática e que possibilitem iniciar atividades
diferenciadas (FERREIRA et al, 2013, p. 690).

A orientação para o futuro também foi citada pelos entrevistados, pois para um
bom rendimento é necessária a disponibilidade para realizar um planejamento de suas
atividades junto com os objetivos, sabendo aonde querem chegar e detalhando os passos
a serem seguidos, com o domínio de suas ações. Mas além de tudo isso, é necessária a
autorealização e a excelência nas ações realizadas, e para isso é necessário ser confiante
de si e no que for feito para que tenha controle da sua própria vida, pessoal e
profissional. E por fim, a articulação estratégica, para que seja possível ter a habilidade
para lidar com pessoal, e elaborar estratégias com o objetivo de convencer e motivar em
relação as suas ações.

Um teste apresentado por Caird (1991), também citado por Roncon e Munhoz,
definido como Teste de Tendência Empreendedora Geral (TEG), separa as
características de um empreendedor em cinco dimensões, sendo que maiores pontuações
caracteriza empreendedores de maior sucesso:

a) necessidade de sucesso: [...] visão futura, autossuficiência, postura


mais otimista do que pessimista, orientação para as tarefas e para os
resultados, incansabilidade e energia, confiança em si mesmo,
persistência e determinação, além de dedicação para concluir uma
tarefa; b) necessidade de autonomia/independência: representando as
qualidades de realização por intermédio de atividades pouco
convencionais, preferência por trabalhar sozinho, necessidade de
priorizar os seus objetivos pessoais e expressar o que pensa,
preferência por tomar decisões ao invés de receber ordens, não se
rende à pressão do grupo de trabalho; c) tendência criativa: que
condensa as qualidades de imaginação e inovação, tendência de
sonhar acordado, versatilidade e curiosidade, geração de muitas ideias,
intuição, gosto por novos desafios, novidade e mudança; d) propensão
a riscos: refletida por qualidades como atuação mesmo com
informações incompletas, julgamento quando dados incompletos são
suficientes, valorização com precisão de suas próprias capacidades,
ambição em um nível adequado, avaliação de custos e benefícios
correta, fixação de objetivos desafiadores, mas que podem ser
realizados; e) impulso e determinação: [...] aproveitamento de
oportunidades, não aceitação de predestinação, atuação no sentido de
controlar seu próprio destino, autoconfiança, equilíbrio entre resultado
e esforço e considerável determinação.

Finalizando seu estudo, Roncon e Munhoz (2009) concluem que

Para que o ensino do empreendedorismo se torne mais eficiente, é


preciso adotar metodologias próprias, diferentes das adotadas para o
ensino convencional. Nesses termos, é necessária uma abordagem
andragógica e fundamentada no “aprender fazendo”, que utilize
técnicas como oficinas, modelagem, estudos de caso, metáforas e
dinâmicas. Por isso, também o professor precisa adequar-se, tornando-
se muito mais um incentivador e condutor de atividades do que
alguém que dita procedimentos padrões. É necessário que também o
professor seja empreendedor.

Backes e Erdmann (2009) citam Vidal et al (2008) dizendo que

é importante que o futuro profissional da saúde/enfermagem seja


capaz de desenvolver competências específicas na sua área, como
também seja capaz de (re)pensar e protagonizar novos espaços e
práticas, pela busca da autonomia e emancipação dos sujeitos na
condução de suas vidas, nos diferentes cenários sociais

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