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Uma das primeiras perguntas que fazem quando somos crianças é: “O que queres ser

quando fores grande?”. A verdade é que, quando pequenas a única coisa que queremos é
brincar, não pensamos na nossa vocação futura. No entanto, a partir de uma certa idade nos
apercebemos que algumas pessoas “nasceram para cantar, “dançar” e “outros nasceram
simplesmente para serem outros”.
Não podemos nos esquecer daqueles, descritos por Mia Couto em “O afinador de silêncios”,
que nasceram apenas para estar “calado” cuja vocação é: o silêncio. Esse silêncio, é muito
característico de alguns poetas que buscam escrever “bem”, com rigor e precisão, como é
descrito no poema “A Sílaba” de Eugénio de Andrade onde o sujeito poético busca
incansavelmente uma única silaba, mas que faz toda a diferença para a sua vocação.
O processo de criação poética é algo tão complexo, pois cada autor procede de forma
diferente: talvez busque uma única sílaba, talvez prefira um papel e a raiva e alegria
desencadeada por ele, ou quer apenas ouvir os bips do computador. Eu entendo arte
poética como algo profundo, esse processo exige nossa atenção desde da “alma” até o
“corpo”. É, como afirma Vasco G. Moura, necessário “rasurar”, “escrever, reescrever e
voltar a escrever”.
Nessa idade em que estou já sei que minha vocação não é “cantar” nem “dançar”, e que a
arte poética é muito complexa e a escrita é um dom. Talvez a minha “centelha promissora”
esteja a minha espera ou eu simplesmente nasci para ser os “outros”.

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