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Cadeia Produtiva de

Culturas Anuais
Prof.ª Maria Flávia de Figueiredo Tavares

2018
Copyright © UNIASSELVI 2018

Elaboração:
Prof.ª Maria Flávia de Figueiredo Tavares

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

630
T231c Tavares, Maria Flávia de Figueiredo
Cadeia produtiva de culturas anuais / Tavares, Maria Flávia de
Figueiredo. Indaial: UNIASSELVI, 2018.

186 p. : il.

ISBN 978-85-515-0146-7

1. Agricultura – Engenharia Agricola - Agronomia.


I. Centro Universitário Leonardo da Vinci

Impresso por:
Apresentação
Caro acadêmico, estamos iniciando o estudo da disciplina Cadeia
Produtiva de Culturas Anuais.

Na Unidade 1 serão discutidas as principais cadeias produtivas do


agronegócio brasileiro, destacando a sua importância nacional e mundial.
Também discutiremos sobre agregação de valor e sua aplicação nas cadeias
produtivas. Dentro deste contexto, você conhecerá as escolas e filiações
teóricas que tratam do estudo do agronegócio: escola francesa das Cadeias
de Produção Agroindustrial (CPA) a escola norte-americana dos Sistemas
Agroindustriais (SAG).

O desenvolvimento sustentável será discutido na Unidade 2, bem


como o conceito e as aplicações de agricultura sustentável. Abordaremos
a questão do agronegócio sustentável: do pequeno agricultor que tem uma
produção em menor escala e pode agregar valor a sua produção ao produzir
orgânicos ou produtos com o selo fair trade (comércio justo). Quando se fala
de produção, também não podemos esquecer o mercado consumidor, pois
atualmente está ocorrendo um aumento do consumo saudável, em que o
consumidor se preocupa com a origem e a qualidade dos alimentos e dos
produtos, além de se preocupar em conhecer a postura das empresas em
relação à responsabilidade social e ambiental.

Na Unidade 3, você estudará os desafios do agronegócio. Para conhecê-


los serão apresentados os direcionadores do agronegócio mundial, pois o
mundo está em constante evolução e o agronegócio precisa acompanhá-lo.
Não podemos apenas pensar em nossa região ou no Brasil e não acompanhar
o que acontece mundialmente.

A internet nos permite acessar lugares, empresas e pessoas, o que


antes era quase impossível. Assim, abrem-se mercados no mundo inteiro, e
o agronegócio brasileiro pode ser um importante participante do mercado
internacional. Para que isso aconteça é preciso ter qualificação profissional,
buscar novas tecnologias e estar aberto a novas oportunidades.

Esperamos que você utilize este material para conhecer com mais
detalhes as cadeias produtivas do agronegócio, e ao terminar, consiga
discutir sobre o tema com seus colegas. É importante que você analise de
maneira crítica estas cadeias produtivas, observando os seus pontos fortes e
propondo melhorias para que elas se tornem cada vez mais eficientes.

Desejamos uma ótima leitura e bons momentos de reflexão!

Prof.ª Maria Flávia de Figueiredo Tavares


III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, que é um código
que permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 - CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO.................................................1

TÓPICO 1 - RELEVÂNCIA DO AGRONEGÓCIO.........................................................................3


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................3
2 A IMPORTÂNCIA DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO...........................................................3
3 DEFINIÇÕES DE AGRONEGÓCIO................................................................................................6
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................9
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................10

TÓPICO 2 - CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE


ORIGEM VEGETAL........................................................................................................13
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................13
2 CADEIA PRODUTIVA DO ALGODÃO .......................................................................................13
3 CADEIA PRODUTIVA DO ARROZ................................................................................................15
3.1 AGREGAÇÃO DE VALOR NO ARROZ.....................................................................................17
4 CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ ...................................................................................................18
4.1 PERSPECTIVAS FUTURAS PARA O CONSUMO DE CAFÉ..................................................21
5 CADEIA PRODUTIVA DO MILHO................................................................................................23
6 CADEIA PRODUTIVA DA SOJA ...................................................................................................25
6.1 TENDÊNCIAS FUTURAS.............................................................................................................29
6.2 AGREGAÇÃO DE VALOR NA SOJA.........................................................................................30
6.3 PRODUTOS INOVADORES QUE UTILIZAM SOJA NA SUA COMPOSIÇÃO .................31
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................34
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................40
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................41

TÓPICO 3 - CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE


ORIGEM ANIMAL..........................................................................................................43
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................43
2 CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA .............................................................................43
2.1 PERSPECTIVAS DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA BRASILEIRA........................46
3 CADEIA PRODUTIVA DA CARNE SUÍNA.................................................................................47
3.1 MERCADO INTERNO DAS CARNES SUÍNA E DE FRANGO.............................................49
4 CADEIA PRODUTIVA DA CARNE DE FRANGO......................................................................51
5 PROJEÇÕES FUTURAS DAS CARNES BOVINA, SUÍNA E DE FRANGO..........................54
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................58
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................59

UNIDADE 2 - SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO......................................................61

TÓPICO 1 - MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.............................63


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................63
2 DEFINIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL......................................................63
3 AGRICULTURA SUSTENTÁVEL....................................................................................................65

VII
3.1 SEQUESTRO DE CARBONO ......................................................................................................66
3.1.1 Mudanças Climáticas............................................................................................................67
3.2 SISTEMA DE PLANTIO DIRETO (SPD).....................................................................................69
3.2.1 Definição do Sistema Plantio Direto (SPD)........................................................................69
3.2.2 Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)....................................................................70
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................75
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................76

TÓPICO 2 - AGRONEGÓCIO SUSTENTÁVEL..............................................................................77


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................77
2 COMMODITIES OU AGREGAÇÃO DE VALOR?.......................................................................77
2.1 CERTIFICAÇÃO COMO AGREGAÇÃO DE VALOR..............................................................78
2.2 O MERCADO DE ORGÂNICOS..................................................................................................79
2.2.1 Organic 3.0..............................................................................................................................80
2.3 O CONSUMIDOR DE PRODUTOS SAUDÁVEIS . ..................................................................81
2.3.1 Assimetria de informações...................................................................................................83
2.3.2 Perfil do consumidor de produtos orgânicos....................................................................84
2.3.3 Sistema de distribuição dos alimentos orgânicos ............................................................85
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................86
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................92
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................93

TÓPICO 3 - CERTIFICAÇÃO COMO AGREGAÇÃO DE VALOR.............................................95


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................95
2 CERTIFICAÇÃO FLORESTAL FSC ................................................................................................95
3 CERTIFICAÇÃO FAIR TRADE.........................................................................................................97
3.1 MEL FAIR TRADE..........................................................................................................................98
3.2 PERFIL DO CONSUMIDOR DO COMÉRCIO JUSTO ............................................................103
LEITURA COMPLEMENTAR 1...........................................................................................................104
LEITURA COMPLEMENTAR 2...........................................................................................................108
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................114
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................115

UNIDADE 3 - DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO............................................................................117

TÓPICO 1 - DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO: FATORES


SOCIAIS E ECONÔMICOS...........................................................................................119
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................119
2 CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO................................................................................................119
3 DESLOCAMENTO DO PODER ECONÔMICO GLOBAL........................................................122
4 URBANIZAÇÃO ACELERADA ......................................................................................................124
4.1 DESINTERESSE DO JOVEM EM FICAR NO CAMPO............................................................125
5 VOLATILIDADE DOS PREÇOS......................................................................................................126
5.1 FATORES QUE AFETAM OS PREÇOS DAS COMMODITIES AGRÍCOLAS.......................127
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................129
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................130

TÓPICO 2 - DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL: FATORES


RELACIONADOS À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA..............................................133
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................133
2 BIOTECNOLOGIA..............................................................................................................................133
2.1 SEMENTES GENETICAMENTE MODIFICADAS (GM).........................................................133

VIII
3 URBAN FARM......................................................................................................................................134
4 TECNOLOGIA BLOCKCHAIN.........................................................................................................138
4.1 ACOMPANHAMENTO E RASTREAMENTO EM CADEIAS DE VALOR...........................139
5 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO.......................................................................................140
6 BIOENERGIA.......................................................................................................................................143
6.1 ETANOL E AÇÚCAR DE BETERRABA.....................................................................................144
6.2 ETANOL DE MILHO.....................................................................................................................146
7 SUSTENTABILIDADE E SEGURANÇA DOS ALIMENTOS....................................................148
7.1 TRIPLE BOTTOM LINE (TBL).......................................................................................................148
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................149
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................150
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................151

TÓPICO 3 - PERDAS E DESPERDÍCIO NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL.........................153


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................153
2 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.........................................................153
LEITURA COMPLEMENTAR 1...........................................................................................................162
LEITURA COMPLEMENTAR 2...........................................................................................................167
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................172
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................173
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................175

IX
X
UNIDADE 1

CADEIAS PRODUTIVAS DO
AGRONEGÓCIO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender as definições de agronegócio;

• conhecer o cenário do agronegócio no Brasil e suas interfaces;

• refletir sobre a cadeia de valor do agronegócio e seus desdobramentos


sociais, econômicos e políticos do ponto de vista nacional e internacional;

• entender o agronegócio brasileiro e suas perspectivas futuras.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – RELEVÂNCIA E DEFINIÇÕES NO AGRONEGÓCIO


TÓPICO 2 – CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE
ORIGEM VEGETAL
TÓPICO 3 – CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE
ORIGEM ANIMAL

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

RELEVÂNCIA DO AGRONEGÓCIO

1 INTRODUÇÃO
O conteúdo abordado será sobre a relevância do agronegócio brasileiro,
pois o país é um grande produtor e exportador de commodities agrícolas, como
soja, suco de laranja, milho etc. O agronegócio gera empregos diretos e indiretos,
gera renda para muitas famílias, melhorando a sua qualidade de vida.

Há 50 anos, o Brasil era importador de comida e hoje somos o 2º maior


supridor do mercado internacional de exportação do agronegócio. Nos próximos
anos, a tendência é ultrapassarmos os EUA, que não têm território para ampliar a
sua área plantada (TAVARES, 2012).

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação


e Agricultura (FAO, 2015), até 2050 a população crescerá de 7 bilhões para 9
bilhões de habitantes, e o volume produzido de alimentos, ração e fibras deverá
dobrar. Estima-se que a produção global de grãos precisará crescer cerca de 70%
nesse período, e ao mesmo tempo as lavouras serão utilizadas para produzirem
bioenergia e para fins industriais.

Dentre os desafios da agricultura para este futuro próximo, podemos


destacar os seguintes:

• competirá com área e água, pois as cidades estão crescendo;


• deverá contribuir para reduzir os danos ao meio ambiente;
• ajudará a preservar habitats naturais e a manter a biodiversidade;
• será preciso o desenvolvimento de inovações tecnológicas que consigam
otimizar o uso do solo, utilizando máquinas agrícolas modernas, aplicativos
e internet digital. Desse modo, a mão de obra poderá ser usada em outras
funções que não sejam tão desgastantes.

2 A IMPORTÂNCIA DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO


Muito se tem falado sobre a importância do agronegócio brasileiro e
principalmente do aumento das exportações brasileiras de grãos, em especial a
exportação de soja para a China (ADAMI, 2017). Na safra 2016/2017, as exportações
do agronegócio totalizaram US$ 61 bilhões, sendo que para a safra 2017/2018, a
estimativa é de US$ 64 bilhões, com um aumento de 4,9%.

O consumo mundial de soja na safra 2016/2017 foi de 329,2 milhões de


toneladas, e é esperado na safra 2017/2018 um aumento de 4,3%, com um consumo
de cerca de 343 milhões de toneladas. É esperado também um aumento de 6,5%
3
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

do consumo chinês, passando de 101,5 milhões de toneladas na safra 2016/2017,


para 108,1 milhões de toneladas no período 2017/2018 (USDA, 2018).

Na Figura 1 podemos observar que a participação do Agronegócio no PIB


do Brasil teve seus picos em 1996 (28,3%), em 2003 (27%) e se recuperou em 2016
(20%). Os setores que têm uma participação maior no PIB do Agronegócio são
os de serviços e da indústria, que são os responsáveis pelos maiores lucros no
sistema agroindustrial.

FIGURA 1 – PARTICIPAÇÂO (%) DO AGRONEGÓCIO NO PIB DO BRASIL

FONTE: Disponível em: <https://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.


aspx>. Acesso em: 21 fev. 2018.

A Figura 2 ilustra o PIB total do Brasil no período de 1996 a 2016:

FIGURA 2 – PIB TOTAL BRASIL (1996 A 2016)

FONTE: Disponível em: <https://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.


aspx>. Acesso em: 21 fev. 2018.

4
TÓPICO 1 | RELEVÂNCIA DO AGRONEGÓCIO

O Brasil é um grande produtor e exportador de commodities, que são


produzidas em grandes áreas de produção, com alta tecnologia, baixo custo de
produção e a maioria destes produtos que são exportados possuem uma gestão
eficiente da sua produção. Atualmente, o Brasil é um grande produtor e exportador
de soja, de suco de laranja, açúcar etc. A Figura 3 mostra a posição brasileira na
produção e exportação mundial de alguns produtos agrícolas em 2015/2016.

FIGURA 3 – POSIÇÃO BRASILEIRA NA PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO MUNDIAL DE PRODUTOS


AGRÍCOLAS (2015/16)
Produtos Produção Exportação % da produção exportada
Açucar lº lº 66,6
Café lº lº 58,9
Suco de laranja lº lº 85
Soja em grão 2º lº 52,7
Carne bovina 2º 2º 14,9
Carne de frango 3º 1º 25,5
Óleo de soja 4º 2º 23,5
Farelo de soja 4º 2º 52,1
Milho 4º 4º 13,9
FONTE: Disponível em: <http://eesp.fgv.br/noticias/agroneg%C3%B3cio-%C3%A9-voca%C3%A7%C3%A3o-
brasileira>. Acesso em: 21 fev. 2017

O perfil da produção agrícola difere de uma região para outra. Em


algumas regiões, como o Centro-Oeste, predominam algumas culturas como soja
e algodão, que são produzidas como commodities em grande escala de produção
e direcionadas para exportação. Na região Sul, predominam culturas como trigo,
soja e as raças de gado na pecuária de corte Angus, Hereford e as produzidas
no Centro-Oeste, como Nelore, Guzerá etc. A figura a seguir mostra a produção
agropecuária nas diversas regiões do Brasil:

FIGURA 4 – PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA NAS DIVERSAS REGIÕES DO BRASIL

Número de Uso da
Região Culturas Perfil
produtores tecnologia
Centro- Algodão, Grandes
Alta
Oeste e 25.000 soja e cana- produtores e
tecnologia
MATOPIBA de-açúcar tradings
Pequenos e mêdios
Cana, cafe, produtores, grandes
milho, usinas de açúcar e Tradicional e
Sudeste 250.000
horticulturas álcool e indústria empresarial
e vegetais processadora de
suco de larania
Tradicionais
Soja, milho,
Sul 600.000 Pequenos e mêdios e
arroz e trigo
profissionais
FONTE: Disponível em: <http://www2.espm.br/sites/default/files/marini.pdf>. Acesso em: 21 fev. 2018.

5
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

3 DEFINIÇÕES DE AGRONEGÓCIO
Entre as escolas e filiações teóricas que tratam do estudo do agronegócio
destacam-se as duas mais difundidas: a escola francesa das Cadeias de Produção
Agroindustrial (CPA) e a escola norte-americana dos Sistemas Agroindustriais
(SAG). O conceito das duas escolas teve origem no final dos anos 1950, início dos
anos 1960, e entre os principais teóricos estão Davis e Goldberg, Montigaud e
Labonne (ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000; BATALHA, 1997).

O termo agronegócio foi proposto por Davis e Goldberg em 1957 por


meio da abordagem dos Sistemas Agroindustriais. Juntos elaboraram uma
ferramenta para analisar e avaliar a importância de cada setor do agronegócio e
a interdependência entre esses setores. Davis e Goldberg (1957, p. 12) definiram
agribusiness como “a soma total das operações de produção, distribuição de
suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do
armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens
produzidos a partir deles”.

O conceito de agribusiness passou a ser difundido no Brasil somente a partir
da década de 1980. Foi a partir da década de 1990 que a tradução do termo para o
português (agronegócio) passou a ser aceita e utilizada no país (ARAÚJO, 2005).

No conceito de agronegócio também são consideradas as exigências do


consumidor final, que muitas vezes é responsável por decisões dentro da cadeia
produtiva, ao contrário da abordagem dentro de um segmento, na indústria ou na
agricultura, pois gera uma visão sistêmica que é a somatória de ações desempenhadas
pelos agentes, monitorados pelo governo e sob a pressão exercida pelos consumidores,
que vai garantir o pleno atendimento das necessidades do consumidor.

Fornecedores de insumos agropecuários, ideais para uma propriedade


rural, fornecem fertilizantes, crédito, defensivos químicos, alimento para criação
animal e sementes. São distribuidores, ou seja, todos aqueles que estão envolvidos
na produção e no fluxo dos produtos agrícolas até chegar ao consumidor.

“Também fazem parte desse complexo os agentes que afetam e coordenam


o fluxo dos produtos: o governo, os mercados, as entidades comerciais,
financeiras e de serviços” (MENDES; PADILHA JR., 2007, p. 48). É preciso haver
uma coordenação da cadeia, pois todos os elos precisam estar relacionados, caso
ocorra algum problema, toda a cadeia será afetada.

A figura a seguir apresenta uma visão sistêmica do agronegócio, partindo


do princípio de que existem vários elos que são interdependentes:

6
TÓPICO 1 | RELEVÂNCIA DO AGRONEGÓCIO

FIGURA 5 – SISTEMA AGROINDUSTRIAL

FONTE: Shelman (1991 apud ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000, p. 6)

Os sistemas agroindustriais assemelham-se às redes de relacionamento,


sendo que nessas redes cada agente tem contato com um ou mais agentes. As
relações estabelecidas entre diferentes redes definirão a arquitetura dos sistemas
e torná-los, ou não, eficientes.

Os agentes que fazem parte e compõem essas redes de relacionamento


são: o consumidor; o atacado; o varejo de alimentos; e a agroindústria. Atuam
na transformação de beneficiamento e/ou processamento de produtos agrícolas.
A produção primária é formada por agentes que atuam na geração da matéria-
prima para a agroindústria (ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000).

A escola das Cadeias de Produção Agroindustrial (CPA) propõe que sejam


estudados os processos de integração dentro do sistema agroalimentar, também
pretende analisar qual será o caminho que o produto fará e quais serão os agentes
envolvidos no processo, que tem início na produção e termina no consumo final
do produto.

Essa teoria avança na definição de Davis e Goldberg (1957) quando


mostra que os sistemas agroalimentares são heterogêneos devido à diversidade
de funções, como a produção, industrialização e comercialização. Para a CPA,

7
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

existem diferenças na localização da produção, nas técnicas produtivas e no


consumo de diversas culturas que possuem as suas especificidades e precisam
ser analisadas separadamente, sempre tendo uma visão sistêmica da cadeia
(MONTIGAUD, 1991; BATALHA, 1997).

Outra escola que analisa o agronegócio é a Gestão de Cadeias de


Suprimento (GCS). Voltando-se a uma abordagem gerencial, ela estuda como
ocorrem os processos e as várias funções dentro de uma empresa que faz parte
de uma determinada cadeia de suprimento. Essa abordagem passou a ser
estudada nos anos 1980 e possui a sua origem associada à logística e ao marketing
(BATALHA, 1997).

8
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• O Brasil tem uma grande extensão de terras, logo, o perfil de produção muda
de uma região para outra.

• De acordo com a FAO (2015), até 2050 a população crescerá de 7 bilhões para 9
bilhões de habitantes e o volume produzido de alimentos, ração e fibras deverá
dobrar.

• Enquanto a população mundial e suas demandas continuarem crescendo, os


recursos do planeta serão finitos, não podem ser renovados, como a água, o
petróleo e seus derivados.

• O crescimento populacional está associado a enormes desafios globais,


portanto todos os habitantes do planeta deverão se preocupar. Não podemos
deixar para os nossos descendentes um mundo pior do que nos foi deixado
pelos nossos antepassados.

• Entre as escolas e filiações teóricas que tratam do estudo do agronegócio


destacam-se as duas mais difundidas: a escola francesa das Cadeias de
Produção Agroindustrial (CPA) e a escola norte-americana dos Sistemas
Agroindustriais (SAG).

• O conceito das duas escolas teve origem no final dos anos 1950 e início dos
anos 1960.

• Entre os principais teóricos estão Davis e Goldberg, Montigaud e Labonne.


Estes consideram que é preciso ter uma visão sistêmica do agronegócio e
devem ser analisados os sucessivos estágios de produção, a industrialização e
suas interações.

9
AUTOATIVIDADE

1 De acordo com a FAO (2015), até 2050 a população mundial crescerá de 7


bilhões para 9 bilhões de habitantes e o volume produzido de alimentos,
ração e fibras deverá dobrar. Sobre a necessidade de aumentar esta
produção, é correto afirmar que:

a) ( ) Para que isso ocorra, deveremos somente utilizar robôs na lavoura,


pois eles fazem o trabalho mais rápido e não precisam comer.
b) ( ) Será necessário o uso de novas tecnologias para produzir mais em
uma porção menor de área, utilizando menos mão de obra.
c) ( ) O Brasil precisará aumentar a produtividade, produzindo de maneira
sustentável em áreas menores, utilizando tecnologias como drones,
aplicativos de celular, máquinas modernas, modernas técnicas de
produção etc.
d) ( ) Não devemos fazer nada e continuar produzindo da mesma maneira
e na mesma quantidade.
e) ( ) Passaremos a aumentar a área de produção para lugares que ainda
não foram explorados.
f) ( ) Tudo o que for produzido deverá ser consumido no mercado interno.

2 Ao conceito de agronegócio devem ser consideradas as exigências do


consumidor final, que muitas vezes é responsável por decisões dentro da
cadeia produtiva. À definição do termo agronegócio deve-se considerar o
conceito de visão sistêmica, sendo assim, é correto afirmar:

a) ( ) Em uma cadeia produtiva, cada elo não deve se preocupar com o outro,
só deve se preocupar com que acontece na sua cultura produzida e
esquecer as demais.
b) ( ) A demanda do consumidor não interfere em nada no produto que for
produzido da cadeia produtiva.
c) ( ) Os sistemas agroindustriais não precisam ter redes de relacionamento,
cada agente é independente em suas decisões, não influenciam em
nada o mercado.
d) ( ) Uma visão sistêmica é a somatória de ações desempenhadas pelos
agentes, monitorados pelo governo e sob a pressão exercida pelos
consumidores, que vai garantir o pleno atendimento das suas
necessidades.
e) ( ) A indústria produtora de insumos agrícolas não precisa se preocupar
com que o produtor rural necessita, as suas decisões são independentes.

10
3 Com relação às escolas e filiações teóricas que tratam do estudo do
agronegócio destacam-se as duas mais difundidas: a escola francesa das
Cadeias de Produção Agroindustrial (CPA) e a escola norte-americana dos
Sistemas Agroindustriais (SAG). É correto afirmar que:

a) ( ) Não são considerados importantes o papel do estado, das instituições


e das organizações.
b) ( ) Consideram que devem ser analisados apenas os sucessivos estágios
de produção, pois a industrialização faz parte do agribusiness.
c) ( ) Cada elo deve se preocupar com os seus relacionamentos, não precisa
ter visão sistêmica.
d) ( ) Davis e Goldberg (1957) definiram agribusiness como “a soma total
das operações de produção, distribuição de suprimentos agrícolas, das
operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento,
processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens
produzidos a partir deles”.
e) ( ) As exigências do consumidor final não precisam ser consideradas
quanto ao conceito de agronegócio.

11
12
UNIDADE 1
TÓPICO 2

CENÁRIO DAS CADEIAS


PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE
ORIGEM VEGETAL

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, o agronegócio será analisado com um aprofundamento
maior. Aprenderemos sobre as principais cadeias produtivas brasileiras e suas
perspectivas futuras. Será apresentado um panorama geral do agronegócio no
Brasil com base nas principais cadeias produtivas de algodão, de arroz, de café,
de milho e de soja, bem como o diagnóstico, as perspectivas futuras e a agregação
de valor.

Para que seja feita essa análise, definiremos alguns pontos, como a
delimitação geográfica, buscando identificar a existência de diferenças re­gionais
ou nacionais; a importância nacional e mundial; e a agregação de valor.

2 CADEIA PRODUTIVA DO ALGODÃO


O algodão pode ser considerado uma das mais importantes culturas de
fibras do mundo, e anualmente são cultivados cerca de 35 milhões de hectares
de algodão. A produção mundial de algodão na safra 2016/2017, apresentada na
Figura 6, está estimada em cerca de 22 milhões de toneladas, no qual a produção
brasileira está estimada em 1,3 milhões de toneladas (FIESP, 2017).

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão


(ABRAPA, 2017), o comércio mundial do algodão movimenta anualmente cerca
de US$ 12 bilhões, gerando empregos diretos e indiretos de aproximadamente
350 milhões de pessoas em sua produção. São consideradas todas as fases da
cadeia produtiva, desde os insumos relacionados à produção até a logística,
descaroçamento, processamento e embalagem.

13
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

FIGURA 6 – PRODUÇÃO MUNDIAL DE ALGODÃO

FONTE: Adaptado de: <http://www.abrapa.com.br/Paginas/dados/producao-


mundial-algodao_backup2017.aspx>. Acesso em: 21 fev. 2018.

Segundo a ABRAPA (2017), nas últimas três safras, com volume médio
próximo de 1,7 milhão de toneladas de pluma, o país se coloca entre os cinco
maiores produtores mundiais, ao lado de países como China, Índia, EUA e
Paquistão. Na tentativa de melhor explicar, observe a representação que segue:

FIGURA 7 – PRODUÇÃO MUNDIAL DE ALGODÃO

FONTE: Adaptado de ABRAPA (2017)

A cultura do algodão utiliza tecnologia moderna e recebe grandes


investimentos em insumos e máquinas por hectare, superando os investimentos
realizados nas culturas de soja e milho (ABRAPA, 2017). No Brasil, a produção
está localizada nos estados do Nordeste e Centro-Oeste, destacando a Bahia e o
Mato Grosso, conforme ilustra a figura:

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TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL

FIGURA 8 – PRODUÇÃO DE ALGODÃO POR REGIÃO

FONTE: Adaptado de FIESP (2017)

3 CADEIA PRODUTIVA DO ARROZ


O arroz é o terceiro cereal mais consumido mundialmente, ficando atrás
apenas do milho e do trigo, sendo cultivado em todos os continentes do mundo
(exceto na Antártida). Cada país desenvolveu suas próprias receitas utilizando
este grão: paellas, na Espanha, risotos, na Itália, o ardente cajun e os pratos
rústicos dos EUA, e as iguarias preparadas com precisão no Japão.

Muitos países começam o dia com um café da manhã de arroz, como congee,
na China, e mingau de arroz, no Japão. Uma das formas mais populares de arroz
é consumida como cereais matinais, que combinados com leite proporcionam
um início nutritivo no dia – proteína, fibra e carboidratos são enriquecidos com
vitaminas e minerais (THE RICE ASSOCIATION, 2017).

A produção mundial de arroz concentra-se na Ásia e representa cerca


de 68% dos 465 milhões de toneladas produzidas atualmente no mundo. Os
principais países produtores são: China, Índia, Indonésia e Bangladesh. A figura
a seguir apresenta os principais países produtores de arroz:

FIGURA 9 – PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES DE ARROZ: 2016

FONTE: Adaptado de USDA (2018)

15
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

No Brasil, a produção de arroz é tradicionalmente concentrada na região


Sul, nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, representando cerca de 80%
da produção nacional. Na safra 2015/2016, a produção brasileira foi de 10,5 milhões
de toneladas. Observe a participação de cada estado na produção brasileira:

FIGURA 10 – PARTICIPAÇÃO DE CADA REGIÃO DO BRASIL NA PRODUÇÃO DE ARROZ

FONTE: Adaptado de Outlook FIESP (2017)

Na região Sul, o cultivo do arroz ocorre em várzeas inundáveis, e nas


outras regiões como o Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a produção do arroz de
sequeiro é pequena e ocorre em áreas de formação de pastagens. O Brasil é o
terceiro país exportador e o primeiro em produtividade em sequeiro. A cultura
do arroz de sequeiro é caracterizada por não exigir muito em insumos e por ser
tolerante a solos ácidos; é considerada importante por ser uma cultura pioneira
durante o processo de ocupação agrícola dos cerrados, que teve início na década
de 1960 (BRASIL, 2017a).

Este processo de abertura de área alcançou o seu ponto máximo no período


1975-1985, em que a cultura chegou a ocupar uma área superior a 4,5 milhões de
hectares. Nesta época, o sistema de exploração era caracterizado pelo baixo custo
de produção, os agricultores não adotavam as práticas recomendadas, como os
plantios tardios.

Observa-se, na metade da década de 1980, uma redução progressiva das


áreas de abertura, e a área cultivada com arroz sob o sistema de cultivo de sequeiro
foi gradativamente reduzida, ao mesmo tempo em que a fronteira agrícola se
deslocou no sentido Sudeste-Noroeste (BRASIL, 2017a).

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TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL

3.1 AGREGAÇÃO DE VALOR NO ARROZ


A agregação de valor ocorre quando uma matéria-prima ou commoditiy
é transformada em um produto mais elaborado, sendo que estes produtos são
reposicionados em nichos diferenciados de mercado, tendo como consequência
o aumento em seu preço. Existem várias formas de agregar valor a um produto,
como por exemplo, por meio das certificações de origem, onde um produto é
certificado que foi produzido em um local específico.

NOTA

VARIEDADES DE ARROZ

Existem mais de 40 mil variedades de arroz cultivado, mas o número exato é incerto.
Cerca de 90.000 amostras de arroz cultivado e espécies selvagens são armazenadas
no International Rice Gene Bank e são usadas por pesquisadores de todo o mundo. As
variedades de arroz podem ser divididas em 2 grupos básicos: grãos longos e especialidades.

Grãos longos: os grãos longos de uso geral são importados principalmente dos EUA,
Itália, Espanha, Suriname, Guiana e Tailândia, e podem ser usados para
​​ todos os estilos de
culinária. O arroz de grão longo é um grão fino que é 4-5 vezes maior que o largo. Quando
é colhido, é conhecido como arroz "áspero" e sofre diferentes técnicas de moagem para
dar diferentes tipos de arroz.

Parboilizado: esta variedade tem um sabor ligeiramente mais completo. Ao contrário do


arroz branco regular, que é moído diretamente do campo, este é vaporizado sob pressão
antes da moagem. Este processo endurece o grão, reduzindo a possibilidade de excesso
de cozimento. Também ajuda a reter grande parte do conteúdo natural de vitaminas e
minerais presentes nas camadas moídas. Pode ser usado nos mesmos pratos de grãos
longos regulares, mas é particularmente usado para saladas de arroz.

Grão de arroz longo e marrom (grão inteiro): o arroz integral sofre apenas uma moagem
mínima que remove a casca, mas mantém a camada de farelo. Devido a isso, o arroz retém
mais teor de vitaminas, minerais e fibra do que o arroz branco regular ou fácil. Os grãos
permanecem separados quando cozidos, como o branco de grão longo, mas demoram
mais para suavizar.

ESPECIALIDADE

Estes incluem o arroz aromático, risoto, glutinoso e pudim, que são particularmente
adequados para cozinhas étnicas. São geralmente cultivados, cozidos e comidos no
mesmo local. Muitas variedades de arroz têm sido fundamentais para a sobrevivência da
região geográfica.

Aromático: a primeira classe de arroz que é classificada como especialidade é o arroz


aromático. Este contém um ingrediente natural, 2-acetil 1-pirolina, que é responsável pelo
seu sabor perfumado e aroma. A qualidade da fragrância do arroz aromático pode diferir
da safra de um ano para o próximo, como o vinho. Os melhores arrozes aromáticos são
envelhecidos para produzir um aroma mais forte.

Arroz basmati: um arroz aromático granulado, muito longo e extenso, cresceu


principalmente no sopé dos Himalaias, na Índia e no Paquistão. Tem um sabor e aroma
perfumado e é o arroz usado em pratos indianos. Os grãos são separados e esponjosos

17
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

quando cozidos. Nas receitas indianas, muitas vezes é cozido com especiarias para
melhorar as propriedades aromáticas do grão. O arroz basmati castanho tem um teor de
fibras mais elevado e um aroma ainda mais forte que o branco basmati.

Arroz jasmine: é outro arroz aromático, embora seu sabor seja um pouco menos
pronunciado do que o basmati. Ele é originário da Tailândia e difere de outros grãos de
grãos longos, na medida em que tem uma textura macia e ligeiramente pegajosa quando
cozida. É usado em receitas da cozinha asiática.

Aromático americano: a indústria americana de arroz desenvolveu variedades de arroz


aromático que imitam o arroz basmati e jasmim.

Arroz japônica: grão curto e médio, cultivado principalmente na Califórnia. Ele possui
uma variedade de cores, incluindo vermelho, marrom e preto, sendo usado em cozinhas
japonesas e caribenhas devido a sua característica úmida e firme quando cozida.

FONTE: Disponível em: <http://www.riceassociation.org.uk/content/1/10/varieties.html>.


Acesso em: 22 fev. 2018.

4 CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ


A produção de café mundial, no período 2017-2018 é estimada em 159.312
milhões de sacas de 60 kg, sendo o Brasil o maior produtor e exportador da commodity;
possui atualmente cerca de 30% do mercado mundial cafeeiro (USDA, 2018).

Os principais países importadores de café brasileiro são: Alemanha,


Estados Unidos, Itália, Japão e Bélgica. A produção cafeeira está espalhada em
1,9 milhão de hectares no território brasileiro e o país possui a vantagem de
desenvolver diversos tipos e qualidades de cafés, o que possibilita atender às
diferentes demandas. As duas figuras a seguir ilustram esses dados:

FIGURA 11 – PRODUÇÃO MUNDIAL DE CAFÉ (ARÁBICA E CONILON)

FONTE: Adaptado de USDA (2018)

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TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL

FIGURA 12 – PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES DE CAFÉ

FONTE: Adaptado de USDA (2018)

O Brasil produz café do tipo arábica e robusta. A variedade de café mais


apreciada no mundo é a arábica, que representa 59% da produção mundial da
cultura deste grão. Esta variedade é caracterizada por possuir um grão bastante
achatado e alongado, que gera um café fino e com um alto valor comercial. A
qualidade deste grão está relacionada à altitude onde este é plantado, sendo
cultivado, em altitudes superiores a 900 metros (ABIC, 2017).

O maior produtor de café arábica no Brasil é o estado de Minas Gerais, mas


outros estados, como São Paulo (Regiões Mogiana), Paraná, Bahia, Espírito Santo
e Rondônia também produzem esta variedade. O cultivo de café arábica totaliza
74,9% da quantidade de café nacional, sendo que em 2015 foram produzidas
32.048 milhões de sacas de 60 kg (ABIC, 2017).

O café robusta conilon tem a sua origem na África Central e pode ser
produzido em altitudes que variam entre o nível do mar e 600 metros, sendo
utilizado na fabricação de café solúvel. Esta variedade tem uma grande aceitação
na Europa e nos Estados Unidos, pois é utilizado para fazer o blend (mistura) com
a variedade arábica.

Os principais estados brasileiros produtores desta variedade são o Espírito


Santo (maior produtor de conilon), Rondônia, Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso.
A produção nacional de robusta, estimada em 2015 pela Conab, foi de 11.187
milhões de sacas.

No período 2016-17, a produção brasileira de café arábica e robusta foi de


49,6 milhões de sacas. A figura a seguir mostra a produção de café por regiões do
Brasil. Neste mesmo período, as exportações brasileiras de café totalizaram 35
milhões de sacas de 60 kg.

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UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

FIGURA 13 – BRASIL: PRODUÇÃO TOTAL DE CAFÉ

FONTE: Adaptado de FIESP (2017)

Segundo Zilbersztajn e Neves (2000), a cadeia agroindustrial do café é


estruturada pelas operações agrícolas, como a industrialização de grão verde,
torrefação, além da comercialização. Paralelamente a este conceito, em 2002 surge
o estudo realizado por Saes e Nakazone (2002, p. 14), indicando que a cadeia de
café brasileira é constituída pelos seguintes segmentos:

• Fornecedores de insumos, máquinas e equipamentos.


• Produção primária.
• Primeiro processamento (maquinistas e cooperativas).
• Segundo processamento (empresas de torrefação e moagem).
• Vendedores nacionais (exportadores, cooperativas e atacadistas).
• Compradores internacionais (empresas de solúvel, empresas de
torrefação e dealers).
• Varejo nacional e internacional (supermercados, pequeno varejo,
mercado institucional, lojas de café e bares e restaurantes).

No Brasil, a maioria dos produtores de café são membros de alguma


associação de interesse privado, e os insumos, em grande parte, são obtidos por
meio das cooperativas que os disponibilizam com menor preço, por operarem em
grande escala (ZILBERSZTAJN; NEVES, 2000).

Segundo o mesmo autor, apenas grandes cafeicultores vendem os grãos para


compradores diretos, pois a maioria dos produtores se relaciona com a cooperativa
para entregar seus produtos. O autor acredita que “em geral, os produtores trabalham
com um nível de incerteza e insegurança muito alto em relação às informações
disponíveis no mercado” (ZILBERSZTAJN; NEVES, 2000, p. 193).

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TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL

Esta situação é causada devido a diversos fatores, como distância física


entre produtor e cooperativa, desinteresse em participar das transações e
dificuldade de comunicação com as fontes. Neste sentido, o produtor mantém
uma relação instável com a cooperativa, pois possui a possibilidade de vender
a sua produção para outros atores da cadeia (ZILBERSZTAJN; NEVES, 2000).
Por sua vez, as cooperativas vendem o café para a indústria de torrefação,
exportadores e dealers.

É importante destacar que algumas cooperativas atuam também no processo


de torrefação e moagem. A comercialização e a distribuição de café no Brasil são
realizadas “por meio dos exportadores, maquinistas, corretores, atacadistas e
varejistas em geral, como bares, restaurantes, padarias, supermercados e as próprias
torrefadoras” (ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000, p. 17).

4.1 PERSPECTIVAS FUTURAS PARA O CONSUMO DE CAFÉ


A figura a seguir apresenta o consumo interno de café no Brasil, e segundo
a ABIC (2017), o consumo no Brasil tem crescido a uma taxa média anual de 4,8%:

FIGURA 14 – CONSUMO PER CAPITA DE CAFÉ NO BRASIL

FONTE: Adaptado de ABIC (2017)

A projeção feita pelo MAPA (2013) para o café (Figura 15), nos revela que
deverá ocorrer um aumento da produção em 2023, que elevará 10,9% em relação
ao ano 2013. Estima-se que serão exportadas em 2023, cerca de 27 milhões de
sacas de 60 kg. Sendo esse um acréscimo de 28,6% em relação às exportações
de 2013. A previsão do MAPA é que o país continue como o maior produtor
mundial e principal exportador, e também mantenha os compradores habituais e
os parceiros, estimados em mais de 100 mercados (MAPA, 2013).

21
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

O consumo está estimado para crescer 28,6% até 2023, mas de acordo com
a ABIC (2017), este cenário começou a mudar, tendo uma pequena diminuição
de 1,2% em 2013, em comparação com 2012, pois a bebida passou a disputar a
preferência com os produtos prontos, como sucos e achocolatados.

No país, esta foi a primeira queda no consumo desde 2003, e o segundo


recuo da série histórica, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do
Café (ABIC, 2017) contabilizados desde 1990. De acordo com a ABIC (2017), as
inúmeras novas opções prontas para o consumo no café da manhã, que incluem
bebidas à base de soja, cuja penetração no mercado ainda é pequena comparada
ao tradicional cafezinho, têm apresentado um crescimento bastante elevado.

A partir de 2014, a expansão do consumo de café para países como a


China tem levado a um aumento da demanda, aliado à sofisticação do consumo
e à diversificação das formas de preparo.

FIGURA 15 – BRASIL: PROJEÇÃO DA PRODUÇÃO, CONSUMO E EXPORTAÇÃO DE CAFÉ

FONTE: Adaptado de MAPA (2013)

De acordo com a ABIC (2017), essas categorias com um valor agregado


desafiam a indústria de café para que busquem a inovação e também que
procurem voltar a ter altos índices de crescimento, o que pode ocorrer com a
oferta de cafés de melhor qualidade, diferenciados e certificados. A ABIC estima
a retomada do crescimento do consumo interno de café ao nível de 3% a 4%, com
maior procura por cafés de melhor qualidade, desde os tradicionais até os cafés
gourmets (ABIC, 2017).

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TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL

5 CADEIA PRODUTIVA DO MILHO


O milho é o principal cereal produzido no mundo, é consumido em
diversos países de forma in natura ou em produtos industrializados, como rações,
xaropes, farinhas etc. O Brasil possui um mercado regido pela oferta e demanda
doméstica, desse modo não possui posição de competitividade no âmbito
mundial, seja por meio do próprio grão ou por seus derivados (ração e produtos
destinados à indústria de alimentos) (ABPA, 2017).

Aproximadamente 75% da demanda de milho no Brasil tem como destino


a alimentação animal. Nesse caso, as cadeias produtivas de aves e suínos têm
uma posição de alta competitividade no mercado mundial. A seguir, a figura
apresenta a demanda de milho pelos vários setores:

FIGURA 16 – DEMANDA DE MILHO NO BRASIL

FONTE: Adaptado de FIESP (2017)

A safra mundial 2017/2018 desta commodity foi estimada em 1.033,5 milhão


de toneladas, mas na safra anterior a produção mundial foi um pouco maior,
cerca de 1.070,15 milhão. Ao analisarmos a figura seguinte, observamos que no
período 2015/2016 houve uma diminuição da produção brasileira que ocorreu
devido à redução da área plantada de milho e aumento da área de produção de
soja, que na época do plantio estava com os preços melhores do que o milho:

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UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

FIGURA 17 – PRODUÇÃO MUNDIAL DE MILHO (MILHÕES DE TONELADAS)

FONTE: Adaptado de USDA (2018)

Na safra 2017/2018, as exportações mundiais do milho foram estimadas


pelo USDA (2018) em 152 milhões de toneladas, e terão uma redução se
comparadas com o volume exportado no ano anterior, que foi de 162,4 milhões
de toneladas. Observe a estimativa:

FIGURA 18 – EXPORTAÇÕES MUNDIAIS DE MILHO

FONTE: Adaptado de USDA (2018)

A produção nacional está concentrada em duas regiões: Centro-Oeste (43%)


e Sul (33%). A região Sudeste é responsável por cerca de 16% da produção total. A
seguir, observe a participação de cada região na produção de milho no Brasil:
24
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL

FIGURA 19 – PARTICIPAÇÃO DE CADA REGIÃO DO BRASIL NA PRODUÇÃO DE MILHO

FONTE: Adaptado de FIESP (2017)

6 CADEIA PRODUTIVA DA SOJA


A soja é a principal oleaginosa produzida no mundo, é utilizada como
commodity na produção de óleo, na formulação de rações, sendo muito importante
na produção de carnes. Na safra 2016/2017, a produção mundial foi de 351,7
milhões de toneladas de soja, e apenas quatro países: Brasil, Estados Unidos,
Argentina e China, respondem por 85% do total produzido.

Observamos na figura a seguir, que a produção e o consumo mundial


(329,2 milhões t.) estão bem próximos e acaba refletindo nos preços da soja na
Bolsa de Chicago, que se elevam devido a um aumento da demanda:

FIGURA 20 – OFERTA E DEMANDA MUNDIAL DE SOJA 2016/2017

FONTE: Adaptado de USDA (2018)

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UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

De acordo com a ABIOVE (2017), no Brasil a soja é produzida em 216 mil


propriedades espalhadas por 15 estados e são gerados cerca de 1,5 milhão de
empregos diretos e indiretos, representando 1,5% do PIB do Brasil. A Figura 21
a seguir apresenta a produção brasileira no período de 1999 a 2014, e a Figura 22
mostra a produção no período de 2010 a 2017:

FIGURA 21 – PRODUÇÃO BRASILEIRA DO COMPLEXO SOJA

FONTE: Adaptado de ABIOVE (2017)

Observamos a seguir, que a produção brasileira de soja está aumentando,


assim como as suas exportações, que em 2016 foram de 51,58 milhões de toneladas
(ABIOVE, 2017):

FIGURA 22 – BRASIL: OFERTA E DEMANDA DE SOJA

FONTE: Adaptado de ABIOVE (2017)

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TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL

No Brasil, a produção de soja concentra-se na região Centro-Oeste e no


Sul, nos estados de Mato Grosso, com 29,0% da produção nacional. Paraná com
19,5%, Rio Grande do Sul com 15,4% e Goiás 10,5%. As regiões Norte e Nordeste
também estão aumentando a sua área de plantio e áreas no Maranhão, Tocantins,
Piauí e Bahia. Em 2012/2013 responderam por 8,4% da produção brasileira. A
figura a seguir mostra a participação da soja por região:
FIGURA 23 – SOJA: PARTICIPAÇÃO POR REGIÃO DO BRASIL

FONTE: Adaptado de FIESP (2017)

O processamento em 2016 foi de cerca de 39 milhões de toneladas, sendo


que para a produção de farelo foram direcionadas 30,2 milhões de toneladas e para
óleo de soja o montante foi de 7,8 milhões de toneladas, conforme mostra a figura:

FIGURA 24 – PRODUÇÃO BRASILEIRA DO COMPLEXO SOJA

FONTE: Adaptado de ABIOVE (2017)

O complexo soja (soja, grão, farelo e óleo) aparece em destaque no agronegócio


brasileiro em 2012, cerca de 26,1 bilhões de dólares foram gerados como divisa pelo
setor da soja, que representou 10,8% do total exportado pelo Brasil.
27
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

Em 2016, a participação do complexo soja nas exportações do Brasil


representou 13,7% em um total de US$ 25,4 bilhões; até julho de 2017 foram
exportados US$ 23 bilhões, correspondendo a 18,2% das exportações. Acompanhe
na figura seguinte a participação do complexo soja nas exportações brasileiras:

FIGURA 25 – PARTICIPAÇÃO DO COMPLEXO SOJA NAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS (%)

FONTE: Adaptado de ABIOVE (2017)

Os principais mercados para a soja em grão e farelo de soja são a União


Europeia e a Ásia (China). A Figura 26 apresenta os dados das exportações do
complexo soja no período 2016 e 2017. A China é o segundo maior produtor e
consumidor de grãos do mundo (530 milhões de t /ano) e busca a autossuficiência.

Setores do agribusiness enxergam a China como o mais promissor país no


consumo de alimentos e fibras, tendo uma grande responsabilidade no aumento
do comércio de produtos agroindustriais e aumento dos preços das commodities.

FIGURA 26 – EXPORTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA 2016 E 2017

FONTE: Adaptado de ABIOVE (2017)

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TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL

No Brasil, a soja é escoada em diversos portos, sendo os principais: o


porto de Santos (SP), Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS), que ficam próximos das
maiores regiões produtoras do grão.

A figura a seguir mostra que o Brasil vem aumentando a sua participação


nas exportações mundiais de soja. Podemos observar que no período 1981-82 a
sua participação era de 3%, e no período 2017-18 a expectativa é que este número
seja de 43%, ultrapassando os Estados Unidos:

FIGURA 27 – PARTICIPAÇÃO (%) DE MERCADO NAS EXPORTAÇÕES DE SOJA


(BRASIL X EUA)

FONTE: Adaptado de USDA (2018)

6.1 TENDÊNCIAS FUTURAS


De acordo com o MAPA (2013), a produção de soja em grão em 2013 foi de
cerca de 81,3 milhões de toneladas, sendo que a produtividade média projetada
para os próximos anos é de 3,3 toneladas por hectare, mas existe uma forte
tendência da produtividade aumentar devido ao aumento da tecnificação das
lavouras, em especial as que se encontram na região Centro-Oeste. Estima-se que
em 2023 a produção de soja seja de 99,2 milhões de toneladas, o que representa
um acréscimo de 21,8% em relação à produção de 2013.

As projeções de consumo indicam que a demanda de soja no mercado


internacional e no mercado interno deve continuar aumentando, pois além da
demanda de rações animais, também estima-se que deve ocorrer um grande
aumento do consumo de soja para a produção de Biodiesel, estimada em cerca de
10 milhões de toneladas (MAPA, 2013).

Estima-se que o consumo interno de soja em grão chegue a 50,6 milhões


de toneladas no final da projeção, sendo que se espera um aumento de 19,4% no
consumo até 2023. De acordo com o MAPA, deve haver um consumo adicional
de soja em relação a 2012/2013, cerca de 8,2 milhões de toneladas (MAPA, 2013).
29
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

Espera-se que além da utilização da soja na fabricação de rações animais,


ela também seja utilizada de maneira crescente na alimentação humana, sendo
utilizada em bebidas à base de soja, queijos etc. Para 2014, a produção de soja
foi de 86,3 milhões de toneladas e para 2020 estima-se um número entre 93,5 e
113,4 milhões de toneladas em 2020. A figura a seguir apresenta a projeção de
produção, consumo e exportação de soja em grão:

FIGURA 28 – BRASIL: PROJEÇÃO DA PRODUÇÃO, CONSUMO E EXPORTAÇÃO DE


SOJA EM GRÃO

FONTE: Adaptado de MAPA (2013)

6.2 AGREGAÇÃO DE VALOR NA SOJA


A cadeia apresenta alto potencial de crescimento, mas ainda tem grandes
gargalos (logísticos, impostos, barreiras tarifárias e não tarifárias) e necessita de
maiores investimentos em marketing e incentivos governamentais para agregação
de valor. Agregação de valor representa mais renda para a região produtora, e
para o país mais empregos, tecnologia e impostos.

Um exemplo de como é possível agregar valor foi dado por Henry Ford,
em 1933, ao desenvolver nos Estados Unidos o primeiro produto construído à base
de soja: um painel de carro feito de plástico. Desde essa época, novas tecnologias
que incluem o grão foram descobertas.

Entre os produtos à base de soja, desenvolvidos pelos produtores e


patrocinados pelo governo americano, estão xampus para pets, lubrificantes,
isolante térmico para casas, velas feitas à base de cera de soja, produtos de
limpeza, bola de paintball à base de soja etc. (UNITED SOYBEAN BOARD, s.d.).

30
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL

NOTA

Nos Estados Unidos, assim como os produtores de outras commodities, como


carne bovina, leite e ovos, os produtores de soja investem coletivamente uma parte da
receita de seus produtos para financiar esforços de pesquisa e promoção. Esse investimento
coletivo é chamado de checkoff.

O checkoff de soja é totalmente suportado pelos agricultores de soja com contribuições


individuais de 0,5% do preço de mercado por bushel vendido a cada temporada. Os esforços
da seleção são direcionados pelo Conselho de Soja Unido, composto por 73 líderes de
agricultores voluntários, muitas vezes nomeados por suas organizações de check-out de
nível estadual, denominadas placas de soja estatais qualificadas (QSSBs). Os indicados são
nomeados para o conselho pelo Secretário de Agricultura dos EUA.

O sucesso para os agricultores de soja no mercado de hoje leva mais do que apenas
uma boa colheita. O aumento da demanda por soja é uma parte essencial da equação.
O check-out da soja ajuda a facilitar o crescimento e a criação do mercado mediante o
financiamento e a direção de programas de marketing, pesquisa e comercialização. Ao
conquistar demanda em casa e no exterior, o checkoff da soja ajuda a garantir um futuro
forte e lucrativo para os produtores de soja dos EUA.

O Conselho de Soja Unido (USB) é exigido pela legislação federal para fornecer aos
produtores de soja um relatório de retorno sobre investimento (ROI) a cada cinco anos. O
relatório avalia o ROI para os produtores de soja que contribuem para promoção, pesquisa
e informação através do programa de seleção de soja.

FONTE: Adaptado de: <https://unitedsoybean.org/?s=soy-checkoff>. Acesso em: 23 fev.


2018.

6.3 PRODUTOS INOVADORES QUE UTILIZAM SOJA NA SUA


COMPOSIÇÃO
A seguir, apresentamos alguns usos originais para a soja desenvolvidos
pela United Soybean Board (s.d.):

• Produtos para pavimentação

Uma solução baseada em soja de 77% restaura as moleiras de pavimentação


de asfalto recuperadas para asfalto novo. Os materiais de reparo de asfalto à base
de soja revertem a oxidação e ajudam a selar as rachaduras do cabelo, aumentando
a vida útil das superfícies rodoviárias.

31
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

FIGURA 29 – PRODUTO PARA REPARO DE ASFALTO

FONTE: Disponível em: <http://soynewuses.org/opportunities/>. Acesso em: 2 mar. 2018.

• Produtos para construção civil à base de soja

FIGURA 30 – TINTA PARA PINTURA DE PAREDES

FONTE: Disponível em: <http://soynewuses.org/coatings/>. Acesso


em: 2 mar. 2018.

• Plásticos

As iniciativas de sustentabilidade corporativa e a demanda dos


consumidores por produtos seguros estão impulsionando o desenvolvimento
de tecnologias de soja para substituir petroquímicos e aditivos utilizados em
plásticos com derivados da soja. A tecnologia desenvolvida está sendo usada
para combinar soja com resinas de polietileno (PE) e polipropileno (PP).
32
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL

FIGURA 31 – BRINQUEDO FEITO COM PLÁSTICO À BASE DE SOJA

FONTE: Disponível em: <http://soynewuses.org/plastics/>. Acesso em:


2 mar. 2018

• Indústria de alimentos

FIGURA 32 – DA AGRICULTURA À COZINHA COMERCIAL

FONTE: Disponível em: <https://unitedsoybean.org/article/high-oleic-innovative-solution-high-


volume-bakers-fryers>. Acesso em: 23 fev. 2018.

Outro uso da soja vem sendo testado nos Estados Unidos: High oleic (uma
solução inovadora para padeiros e fritadeiras de grande volume).

Os agricultores americanos recebem um prêmio para o cultivo de soja alta


em oleico e isso acontece porque os usuários finais colocam valor agregado neste
produto, pois ele é utilizado para diferentes usos.

Os padeiros e restaurantes, que usam grandes fritadeiras, utilizam a soja


alta em oleico porque é um óleo estável, com um sabor neutro e que funciona
bem em condições de calor elevado. Existe um decreto da US Food and Drug

33
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

Administration (FDA) para eliminar os óleos parcialmente hidrogenados até


junho de 2018. Muitos usuários finais estão procurando substituições de óleo sem
gorduras trans adicionadas.

O alto oleico nunca pode entrar nas cozinhas domésticas, ele está presente
na indústria de panificação, restaurantes e empresas de alimentos, que estão
descobrindo que é a solução que eles precisavam.

Os encurtamentos de soja de alto teor de oleico se comportam da mesma


forma que os óleos parcialmente hidrogenados (PHOs), criando uma transição
suave para padeiros; vida útil mais longa, eliminando a necessidade de aditivos;
desempenho consistente; e sem gorduras trans.

Antes que muitos façam a mudança, no entanto, eles querem ter certeza
de que haverá um suprimento para satisfazer a sua demanda. A indústria da soja
precisa provar seu compromisso com seus usuários finais e continuar aumentando
a produção de soja com alto teor de oleicos.

O Brasil precisa incentivar a agregação de valor no agronegócio,


produzindo produtos diferenciados, pois a agregação de valor trará benefícios
aos produtores rurais e, em especial, ao pequeno e médio produtor, que não tem
condições de concorrer com uma grande empresa (TAVARES, 2012).

LEITURA COMPLEMENTAR

AGREGAÇÃO DE VALOR NO CACAU: O CASO DA CACAU SHOW

Maria Flávia de Figueiredo Tavares

1 INTRODUÇÃO

O cacau é considerado uma bebida sagrada para os povos indígenas da


América e passou a ter importância comercial no Brasil nos fins do século XVII.
Embora tenha sido cultivado inicialmente no Norte do país, o cacau só ganhou
força depois de ser introduzido no Sul da Bahia, onde encontrou as condições
naturais favoráveis para se expandir. Até hoje, a região responsável por 91% da
produção brasileira é o principal polo de produção da cacauicultura, setor cuja
trajetória teve importante participação na economia e na política brasileira das
últimas décadas.

Atualmente, os oito maiores produtores de cacau são: Costa do Marfim


(mais de 40%), Gana (cerca de 15%), Indonésia (14%), Nigéria (5%), Brasil (4%),
Camarões (4%), Equador (3%) e Malásia (2%), outros países produzem os 9%
restantes. O cacau produzido em Gana tem sido por muito tempo usado como
padrão para a classificação básica do cacau.

34
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL

O Brasil foi líder na produção de cacau até o ano de 1900, e a partir de


1910 passou a ser o 2º produtor, sendo que a liderança passou para Gana. No final
da década de 1980, a doença vassoura-de-bruxa passou a atacar as plantações
de cacau na Bahia e a partir de 1994 a produção brasileira começou a diminuir
rapidamente, até atingir o seu nível mais baixo na safra 1999/2000, com 123.000
toneladas, sendo que este valor representa 36% da sua média de produção nos 15
anos anteriores ao surgimento da doença.

Durante este período, a Costa do Marfim e a Indonésia foram aumentando


a sua participação no mercado. O Brasil, nos últimos anos, está recuperando-se
de maneira lenta, sendo que as safras da Bahia não são constantes, alternando-se
entre altas e baixas. Os outros estados produtores, como o Pará, Espírito Santo,
Rondônia e Amazonas, mantiveram os seus níveis de produção constantes.

A crise na cacauicultura baiana foi causada por vários fatores: o surgimento


da doença vassoura-de-bruxa, que diminuiu a produtividade dos pomares; a
ocorrência de três secas seguidas; e o aumento da produção mundial de cacau,
que derrubou os preços no mercado internacional. Aliado a esses fatos, neste
período o governo brasileiro instituiu novas regras na economia, enxugando o
crédito financeiro e cortou o crédito dos produtores, que atualmente encontram-
se endividados e sem condições de investirem na sua produção.

2 CONSUMO

O consumo mundial, medido pelos dados das moagens (pelo processamento


industrial do cacau) está crescendo, cerca de 38% da produção mundial de cacau
produzido no mundo é processado na União Europeia, Estados Unidos e Costa
do Marfim. Os países produtores estão processando aproximadamente 37% da
produção mundial, mas o consumo nesses países ainda é baixo, não chegando a
9% da produção mundial (ABICAB, 2010).

O Brasil consumia, na década de 1970, aproximadamente 25.000 a 30.000


toneladas por ano, e em 2006 foram consumidas cerca de 120.000 toneladas anuais,
representando 80 a 85% da produção interna. Cerca de 95% do cacau produzido
mundialmente é utilizado para a produção de chocolates e outros alimentos
contendo cacau, como bebidas achocolatadas, sorvetes, pudins etc. (ABICAB, 2010).

O restante da produção é direcionado para a indústria de cosméticos e


para a indústria farmacêutica, que passou a utilizar recentemente as substâncias
químicas presentes no chocolate para fabricar medicamentos, indicados para
tratamentos relacionados ao sistema cardiovascular.

3 COMERCIALIZAÇÃO

Como o cacau é negociado no Brasil?

A cadeia produtiva do cacau está organizada, de maneira geral, da seguinte


forma: fornecedores de insumos, produção agrícola, comercialização relacionada

35
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

com a compra e venda de amêndoas secas, transporte até as indústrias de


transformação, processamento e industrialização, comercialização e distribuição
dos produtos resultantes da industrialização das amêndoas do cacau.

A maioria das indústrias de transformação do cacau está localizada na


Bahia e se caracteriza pela produção em grande escala, com a padronização
do processo produtivo e consequentemente do produto final. O capital inicial
é elevado, constituindo em uma barreira à entrada de novas indústrias no
mercado. O parque industrial de transformação de amêndoas de cacau na Bahia
é dominado por grandes empresas.

Atualmente, atuam na região grandes empresas, como a Cargill Cacau Ltda,


Archer Daniels Midland Company, Barry Callebaut Brasil S/A, caracterizando um
mercado oligopsônico. Porém, o capital nacional não está presente no processo de
transformação do cacau na região. Em São Paulo está localizada a Indeca, que é
a única empresa localizada fora da região produtora que possui capital nacional.

4 ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO DA CACAU SHOW



A empresa Cacau Show trabalha com a estratégia integrada de liderança e
diferenciação em custos. Isto significa uma busca contínua para melhor explorar
as vantagens competitivas, compostas tanto pelo ambiente externo à empresa
como suas ameaças e oportunidades, identificando as habilidades e competências
internas da empresa.

Ao iniciar a produção de uma linha de produtos de origem, teria como


interlocutores as classes sociais A-B, validando a busca da empresa pela produção
de bens aos quais estejam atreladas pelas importantes qualidades e diferenciais,
na perspectiva do público-alvo. Neste sentido, a Cacau Show caminha para a
estratégia de negócio de diferenciação.

5 PRODUÇÃO DE CACAU DIFERENCIADO

A estrutura de mercado do cacau historicamente o tornou um produto


commodity. A produção de cacau sempre foi dominada por grandes produtores
e é feita em grande escala, mas a produção de cacau de origem é uma forma de
diversificação da produção, pois o cacau deixou de ser homogêneo e passou a ser
diferenciado, como por exemplo, o cacau orgânico e o produzido em locais especiais.

Os preços do cacau são formados em New York e Londres, mas estes


preços são cíclicos e voláteis e o mercado torna os produtores extremamente
vulneráveis. No segmento de cacau especial o mercado tem se tornado próspero,
os consumidores estão demandando produtos feitos à base deste tipo de cacau.
A estratégia de diferenciação de cacau foi adotada de maneira independente por
grupo de produtores, exemplo: Cabruca, no Pará, que se aliam ou não às firmas
processadoras, mas se houver este tipo de relacionamento é preciso observar se
os contratos com produtores possuem a intenção de garantir a sustentabilidade
socioambiental.

36
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL

Os cacaus especiais respondem por menos de 1% da produção mundial, são


mais caros que o cacau commodity e, como não existe um selo DOC (Denominação
de Origem Controlada), as empresas de chocolate criaram as suas próprias
denominações. Em 1990, a Barry Callebaut lançou o selo Origine, sendo o cacau
da Tanzânia o mais procurado, e a empresa Valrhona criou o nome Grand Cru de
Terroir para uma de suas linhas, sendo o Manjari (feito com cacau de Madasgacar
64%) famoso pela acidez acentuada.

6 HISTÓRICO DA EMPRESA CACAU SHOW

Alexandre Tadeu da Costa, fundador da Cacau Show, deu início em 1988


aos negócios da empresa revendendo chocolates de uma indústria fornecedora.
Na primeira Páscoa da Cacau Show foram vendidos, dentre outros produtos da
pequena empresa que nascia, dois mil ovos de 50 gramas. Esta venda gerou o
primeiro capital inicial da empresa, avaliado então em US$ 500,00, e com este
investimento a empresa deu início as suas atividades no bairro da Casa Verde,
em São Paulo.

O mercado de chocolates artesanais foi julgado por Alexandre como pouco


explorado na época, desse modo, a empresa preencheu um espaço de mercado
carente de ofertas com forças competitivas diferenciadas.

O primeiro produto da Cacau Show, vendido ao longo do ano, contava


com um recheio mais barato do que a massa de chocolate. Desta forma, o produto
era oferecido ao mercado consumidor com um valor acessível.

A distribuição do produto foi realizada em padarias e mercadinhos


do próprio bairro onde era instalada a sede da empresa: na casa verde. Era o
próprio Alexandre quem levava os potes com os bombons em cima dos balcões
dos estabelecimentos e aguardava na fila para ser atendido. Uma etiqueta com
letras em vermelho indicava o preço tentador dos bombons Cerejão. Era o tempo
de ser atendido pelo dono do estabelecimento para que diversas unidades fossem
vendidas aos fregueses.

A compra por impulso era quase inevitável, sendo assim, Alexandre começou
a criar seus primeiros canais de distribuição. Para a manutenção e expansão de sua
clientela na venda direta, ele buscou alternativas como amostras deixadas nas casas,
acompanhadas de catálogos e uma cartinha apresentando seu produto.

7 ANÁLISE DA EMPRESA

Público-alvo

O objetivo da empresa hoje é de transcender o perfil de consumidores,


buscando ampliar os pontos de contato entre diversos públicos. Atualmente pode
ser considerado como heavy users dos produtos Cacau Show, um grupo formado
em sua maior parte pela classe B, classe C e menor parcela formada pela classe A.

37
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

Porém, o lançamento de novas linhas com produtos mais sofisticados pode vir a
gerar apelos mais direcionados para a classe A e B. Nesta concepção de público-
alvo, temos hoje o consumo distribuído por hábitos de compra nas seguintes
categorias:

• Dia a Dia: sendo este o consumo mais frequente dos produtos Cacau Show,
diários ou, ao menos, rotineiros.
• Presentes: são as compras realizadas com o propósito de presentear alguém
ou a si mesmo, em função de situações especiais quando comparadas ao
cotidiano.

8 IDENTIDADE DA MARCA

A empresa Cacau Show busca um posicionamento tradicional junto aos


seus consumidores, expondo sempre características inovadoras em seus produtos,
conservando assim, sua essência artesanal tradicional.

9 POSICIONAMENTO DE MARCA

Pontos de Paridade:

• Consumo de chocolate baseado em apelos emocionais.


• Qualidade necessária percebida pelos heavy users.

Pontos de Diferença:

• Preço acessível e diferentes classes de consumidores.


• Distribuição intensa dos produtos e expostos nas diversas lojas da rede no
país.
• Qualidade quando comparado às outras marcas posicionadas com a mesma
faixa de preço.
• Inovação na linha de produtos mantendo caráter artesanal e único.

10 IMAGEM

Pode-se dizer que o público recebe a Cacau Show como ofertas acessíveis
de chocolates que conservam qualidade e ainda assim apresentam novidades de
produtos. Esta percepção pode ser confirmada pela grande expansão que a rede
teve de suas lojas franqueadas nos últimos anos.

11 RELACIONAMENTO COM FORNECEDORES

Os fornecedores da Cacau Show concentram-se no estado do Pará, Bahia e


no interior do estado de São Paulo. Para os chocolates certificados, a empresa faz o
controle para que os fornecedores utilizados sempre sejam previamente certificados,
garantindo a origem do produto adquirido. Equipes da empresa realizam visitas
constantes às plantações para que seja mantido o controle da produção.

38
TÓPICO 2 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL

12 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desbravadora de um nicho de mercado com crescente potencial de


demanda, a empresa Cacau Show apresenta um posicionamento estratégico
diferenciado no seu segmento de mercado, o que proporciona à marca elevado
diferencial competitivo.

Hoje a empresa busca inovações em sua linha de produtos visando atender


às emergentes tendências de mercado, que têm como base o consumo ético e
responsável. A denominação de origem seria assim não somente uma estratégia para
diferenciar uma nova linha de produtos, como também uma alternativa para agregar
valor a esta, acompanhando as mudanças culturais dos consumidores atuais.

É notório o processo evolutivo da Cacau Show, uma empresa que teve sua
origem com uma fábrica familiar no bairro da Casa Verde, em São Paulo, e hoje é
distribuída intensamente pelo Brasil inteiro.

Podemos observar neste estudo a importância da agregação de valor,


pois geralmente o cacau é vendido como commodity e negociado em bolsa de
mercadoria. A partir do momento que o produtor começa a produzir um cacau de
qualidade, com denominação de origem, ele pode cobrar mais pelo seu chocolate.
Com a agregação de valor é possível gerar renda para o pequeno produtor e,
consequentemente, isso também refletirá na melhoria da sua qualidade de vida e
da comunidade onde reside.

FONTE: Tavares (2014). Disponível em: <http://www2.espm.br/sites/default/files/31.07.2014._cacau_


show_diagramado_pdf.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2018.

39
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Foram analisadas as principais cadeias produtivas do agronegócio brasileiro,


destacando a sua importância nacional e mundial.

• A agregação de valor foi outro assunto estudado, pois o Brasil é um grande


exportador de commodity, como soja e milho, mas se agregarmos valor poderemos
ter uma receita maior. Isso acontece porque em vez de produzirmos café commodity,
um produto padronizado, poderemos produzir cafés especiais, produtos gourmet
que custam mais caro e trazem mais renda para o produtor rural.

• A agregação de valor pode ser feita em todas as commodities, como milho, soja,
carnes e algodão, mas para isso são necessárias pesquisas, recursos financeiros
e parcerias público-privadas focadas nesse objetivo.

40
AUTOATIVIDADE

1 Com relação à cadeia produtiva do arroz, é correto afirmar que:

a) ( ) A produção mundial de arroz concentra-se na Ásia e representa cerca


de 68% das 465 milhões de toneladas produzidas atualmente no
mundo.
b) ( ) Os principais países produtores são: Estados Unidos, México,
Bangladesh e Brasil.
c) ( ) No Brasil, a produção de arroz é tradicionalmente concentrada na
região sudeste, nos estados de Minas Gerais e São Paulo.
d) ( ) Na região Sul, o cultivo do arroz ocorre em áreas de formação de
pastagens, sendo produzido o arroz de sequeiro.
e) ( ) O arroz é o cereal mais consumido do mundo.

2 Com relação às cadeias produtivas do milho e do café, é correto afirmar que:

a) ( ) Todo o milho produzido no Brasil é exportado.


b) ( ) O milho é o principal cereal produzido no mundo e é consumido em
diversos países de forma in natura ou em produtos industrializados,
como rações, xaropes, farinhas etc.
c) ( ) Aproximadamente 5% da demanda de milho no Brasil tem como
destino a alimentação animal.
d) ( ) O Brasil é um pequeno produtor e exportador de café, ficando em
oitavo no ranking mundial.
e) ( ) O Brasil produz apenas café do tipo arábica, sendo cultivado na Bahia
e Ceará.

41
42
UNIDADE 1
TÓPICO 3

CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE


PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, o agronegócio será analisado com um aprofundamento
maior na área de produtos animais. Analisaremos as principais cadeias produtivas
brasileiras e suas perspectivas futuras. Será apresentado um panorama geral do
agronegócio no Brasil com base nas principais cadeias produtivas de bovino,
suíno e frango, bem como o diagnóstico, as perspectivas futuras e a agregação
de valor.

Para que seja feita essa análise, definiremos alguns pontos, como a
delimitação geográfica, buscando identificar a existência de diferenças re­gionais
ou nacionais; a importância nacional e mundial; e a agregação de valor.

2 CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA


De acordo com o USDA em 2018, o Brasil era o segundo maior produtor
mundial de carne bovina, com 9,56 milhões de toneladas equivalente carcaça (tec).
Os Estados Unidos ficaram em primeiro lugar, com 10,81 milhões de toneladas.
A produção mundial em 2015 foi de R$ 1.644,1 milhão de cabeças, sendo os
principais produtores a Índia, o Brasil, a China e os Estados Unidos.

Segundo especialistas do setor, o Brasil é o país que possui a maior


capacidade de aumentar a produção de carne bovina, pois possui um sistema
de criação quase que todo a pasto; possui menor dependência de grãos; também
possui altas taxas de produtividade e um custo de produção mais baixo do que
outros países (FIESP, 2017). Acompanhe a figura com a produção de carne bovina:

43
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

FIGURA 33 – PRODUÇÃO MUNDIAL DE CARNE BOVINA

FONTE: Adaptado de ABIEC (2017)

Em 2015, o Brasil possuía cerca de 209,13 milhões de cabeças de gado


distribuídas em 167 milhões de hectares, tendo uma ocupação de 1,25 cabeça
por hectare. O Sistema Agroindustrial da Carne Bovina movimentou em 2015
cerca de R$ 483,5 bilhões. Sendo que deste montante, R$ 147,03 bilhões se referem
à produção nas fazendas, incluindo insumos para produção, manutenção e
alimentação do rebanho. A indústria movimentou cerca de R$ 145,88 bilhões e o
varejo movimentou cerca de R$ 176,36 bilhões (ABIEC, 2017).

No Brasil, o consumo de carne bovina é maior do que a carne suína e a


carne de frango, como pode ser visto na figura a seguir. Isso não acontece no
resto do mundo onde predomina o consumo de carne suína. Durante um longo
período, o consumidor brasileiro achou que a carne suína provocava doenças,
mas atualmente são feitos muitos investimentos nas fazendas e frigoríficos, que
garantem a qualidade e sanidade da carne.

44
TÓPICO 3 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

NOTA

FIGURA 34 – ABIEC: SUMÁRIO 2016

FONTE: Disponível em: <http://abiec.com.br/Sumario.aspx>. Acesso em: 5 mar. 2018.

45
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

FIGURA 35 – CONSUMO DE CARNES NO BRASIL (2016)

FONTE: Adaptado de USDA (2018)

A seguir, acompanhe o consumo de carne suína no mundo.Também é


preciso considerar a questão cultural e a diversidade de cortes da carne bovina,
mas neste caso, os frigoríficos brasileiros estão produzindo diversos tipos de
cortes de carne suína:

FIGURA 36 – CONSUMO DE CARNES NO MUNDO (2016)

FONTE: Adaptado de USDA (2018)

2.1 PERSPECTIVAS DA CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA


BRASILEIRA
A tendência mundial de crescimento da população urbana nos países
emergentes e o aumento da renda familiar tendem a levar a um aumento do crescimento
contínuo do consumo de carne bovina e na demanda mundial pelo produto.

46
TÓPICO 3 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

Segundo a FAO (2015), até 2050 a população mundial terá um aumento de


7 bilhões para 9 bilhões de habitantes, e a oferta de carnes precisará aumentar de
200 para 470 milhões de toneladas em 2050.

O aumento populacional e a evolução econômica dos países em


desenvolvimento levaram a um aumento do consumo per capita de carnes: 9,02
kg/hab/ano em 2000 para 9,31 kg/hab/ano em 2017 (USDA, 2018). No Brasil, o
consumo per capita foi de 38,59 kg em 2015.

O Brasil está estrategicamente posicionado para suprir essa demanda


adicional, pois possui o maior rebanho de gado comercial do mundo, é o maior
exportador de carne bovina, possui um dos mais baixos custos de produção entre
os maiores produtores mundiais e tem alta disponibilidade de terras, além de
baixas taxas de desfrute, abate/rebanho (ABIEC, 2017).

3 CADEIA PRODUTIVA DA CARNE SUÍNA


A carne suína é a fonte de proteína animal mais importante no mundo.
Em 2013, a produção mundial foi de 107.514 milhões de toneladas. A produção
vem crescendo com o passar dos anos, pois em 2005 foram produzidas 94.328
milhões de toneladas (ABPA, 2017). A figura seguinte mostra a produção mundial
de carne suína no período de 2005 a 2013:

FIGURA 37 – PRODUÇÃO MUNDIAL DE CARNE SUÍNA

FONTE: Adaptado de ABPA (2017)

Existe uma forte concentração na produção mundial, a China responde por


cerca da metade da produção e o restante na União Europeia (UE), nos Estados
Unidos (EUA) e no Brasil, que é o quarto maior produtor e exportador, com o

47
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

montante de 3.370 milhões de toneladas em 2013 (USDA, 2018). A figura a seguir


mostra a produção mundial de carne suína dos principais países no ano de 2016:

FIGURA 38 – MUNDO: PRODUÇÃO, EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO DE CARNE SUÍNA

FONTE: Adaptado de ABPA (2017)

Em 2013, o mercado internacional de carne suína movimentou 6.810 milhões


de toneladas, se concentrando em cinco importadores com aproximadamente
dois terços das importações mundiais: Japão, Rússia, México, Coreia do Sul e
China; e quatro exportadores com 90% das exportações mundiais (USDA, 2018).

Na carne suína, o Brasil ainda tem pouca participação mundial em


comparação às carnes bovina e de frango, e o principal motivo são as barreiras
sanitárias impostas por alguns importadores, como Japão, México e Coreia do Sul,
e também pelos Estados Unidos e o Canadá. Apresentamos a produção brasileira
de carne suína no período de 2005 a 2013:

FIGURA 39 – PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CARNE SUÍNA

FONTE: Adaptado de ABPA (2017)

48
TÓPICO 3 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

3.1 MERCADO INTERNO DAS CARNES SUÍNA E DE FRANGO


No modo de produção de suínos e frangos predomina o sistema de
integração entre indústria e produtores, em que a indústria fornece insumos e
suporte ao produtor, além de realizar o transporte, o abate, a comercialização
e exportação. Este sistema predomina nos estados do Sul do Brasil (Rio Grande
do Sul, Paraná e Santa Catarina) e respondem por cerca de 70% da produção
nacional de suínos e frangos (ABAPA, 2017).

O Sistema Agroindustrial das Carnes Suínas e de Frango possui


um eficiente sistema logístico, engenharia genética, controle ambiental e
disponibilidade de insumos para ração. A suinocultura gera cerca de 186.606
empregos diretos e 405.272 empregos indiretos, sendo que nos empregos diretos
a suinocultura industrial gera 49.932, a suinocultura de subsistência 50.010 e a
agroindústria 86.663 empregos (ABAPA, 2017). Apresentamos na figura a seguir
a participação de cada região do Brasil na produção de carne suína:

FIGURA 40 – CARNE SUÍNA: PARTICIPAÇÃO POR REGIÃO DO BRASIL

FONTE: Adaptado de FIESP (2017)

Nos últimos dez anos, vêm ocorrendo um crescimento do consumo de carne


suína no Brasil, sendo que em 2005 o consumo era de 1.949 milhão de toneladas,
e em 2013 este consumo passou a ser 2.771 milhões de toneladas (ABPA, 2017).
De acordo com a ABPA (2017), o consumo doméstico vem crescendo devido ao
aumento populacional, ao aumento do poder aquisitivo, às ações de promoção
da carne suína realizada junto aos consumidores e redes de varejo, à busca de
padrões de qualidade na produção e na industrialização, no desenvolvimento de
cortes especiais e investimentos em linhas de corte e em logística de frios.

49
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

Em 2016, o consumo per capita de carne suína no Brasil foi de 14,4 kg/
ano, que é um valor ainda baixo em relação aos outros países, como Hong Kong,
que tem um consumo de 66,50 por pessoa. A figura a seguir mostra o consumo
brasileiro per capita de carne suína, no período de 2007 a 2016:

FIGURA 41 – BRASIL: CONSUMO PER CAPITA DE CARNE SUÍNA

FONTE: Adaptado de ABPA (2017)

Nas duas figuras seguintes, as estimativas do setor mostram que nos


próximos anos o consumo brasileiro passará para 16,2 kg/ano:

FIGURA 42 – CONSUMO MUNDIAL PER CAPITA DE CARNE SUÍNA (2012)

FONTE: Adaptado de ABPA (2017)

50
TÓPICO 3 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

FIGURA 43 – CONSUMO DE CARNE SUÍNA (RANKING MUNDIAL, 2016)

FONTE: Adaptado de ABPA (2017)

4 CADEIA PRODUTIVA DA CARNE DE FRANGO


No Brasil, a avicultura é responsável pelo emprego de mais de 3,6 milhões
de pessoas, diretos e indiretos, e responde por quase 1,5% do Produto Interno Bruto
(PIB) nacional. De acordo com a ABPA (2017), o setor é representado por dezenas
de milhares de produtores integrados, centenas de empresas beneficiadoras e
dezenas de empresas exportadoras.

A importância social da avicultura no Brasil se concentra no interior


do país, principalmente nos estados do Sul e Sudeste, sendo que em muitas
cidades a produção de frangos é a principal atividade econômica (ABPA, 2017).
Acompanhe a figura:

FIGURA 44 – PARTICIPAÇÃO REGIONAL NA PRODUÇÃO DE FRANGO (2016)

FONTE: Adaptado de FIESP (2017)

51
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

No Brasil, houve um aumento do consumo per capita de carne de frango


que passou de 37 quilos em 2007 para 47 quilos em 2011, levando a um aumento
da demanda em cerca de 3 milhões de toneladas, conforme você pode observar:

FIGURA 45 – CONSUMO PER CAPITA DE CARNE DE FRANGO

FONTE: Adaptado de ABPA (2017)

NOTA

Em 2015, a ABIPECS passou a ser chamada de ABPA.

Em 2016, a produção de carne de frango brasileira foi de 12,90 milhões


de toneladas, tendo uma redução de 2,25% em relação a 2015, quando foram
produzidas 13,14 milhões de toneladas (Figura 33). Os Estados Unidos produziram
neste ano 18.261 milhões de toneladas e estão na liderança na produção mundial
de carne de frango, seguido pelo Brasil e China, com 12.300 milhões de toneladas.

52
TÓPICO 3 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

FIGURA 46 – PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CARNE DE FRANGO

FONTE: Adaptado de ABPA (2017)

Quando analisamos as exportações na figura a seguir, observamos que nos


países produtores o volume exportado é menor em relação ao que foi produzido:

FIGURA 47 – PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO MUNDIAL DE CARNE DE FRANGO (2016)

FONTE: Adaptado de ABPA (2017)

Do volume total de frangos produzido pelo Brasil em 2016, 66% foi


destinado ao consumo interno e 34% para exportações. A Figura 48 mostra as
exportações por produto, onde se observa que os produtos mais exportados são
os cortes.

53
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

FIGURA 48 – EXPORTAÇÕES POR PRODUTOS

Adaptado de ABPA (2017)

Desde 2004, o Brasil é o maior exportador mundial, seguido pelos Estados


Unidos e China. Em 2016, as exportações brasileiras de carne de frango foram
de 4,3 milhões de toneladas, entre os motivos que levaram a esse crescimento
nas exportações brasileiras está a oferta crescente de grãos, a qualidade do
produto que levou a uma redução das barreiras sanitárias e o baixo custo de
produção em relação aos países concorrentes. Destaca-se também o modo de
produção cooperativista que ocorre no Sul do país e também o sucesso do modo
de produção integrada.

5 PROJEÇÕES FUTURAS DAS CARNES BOVINA, SUÍNA E DE


FRANGO
As projeções de carnes para o Brasil, feitas pelo MAPA, mostram que esse
setor deve apresentar intenso crescimento nos próximos anos. Entre as carnes, são
estimadas maiores taxas de crescimento da produção no período 2013 a 2023 para
a carne de frango, que deve ter um crescimento anual de 3,9%, e na carne bovina
estima-se que o crescimento nesse período seja de 2,0% ao ano (ABPA, 2017).

Para a produção de carne suína, o MAPA projetou um crescimento de


1,9% ao ano, que representa um valor relativamente alto, pois consegue atender
ao consumo doméstico e às exportações. A seguir, acompanhe essas taxas que
correspondem a acréscimos na produção entre 2013 e 2023, de 46,4% na carne
de frango, 22,5% na carne bovina e de 20,6% na carne suína. A produção total de
carnes deve passar de 26,5 milhões de toneladas em 2013 para 35,8 milhões em
2023, um acréscimo de 34,9% (MAPA, 2013).

54
TÓPICO 3 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

QUADRO 1 – BRASIL: PROJEÇÃO DA PRODUÇÃO DE CARNES

Bovina Suína Frango


Ano
Projeção Projeção Projeção
2013 8.930 3.553 14.058
2014 9.130 3.626 14.898
2015 9.331 3.700 15.195
2016 9.531 3.773 16.085
2017 9.732 3.846 16.708
2018 9.932 3.920 17.326
2019 10.133 3.993 17.916
2020 10.333 4.066 18.750
2021 10.534 4.140 19.206
2022 10.734 4.213 19.984
2023 10.935 4.286 20.576
FONTE: Adaptado de MAPA (2013)

As projeções do consumo realizadas pelo MAPA (2013) mostram a


preferência dos consumidores brasileiros pela carne bovina. O crescimento
projetado para o consumo da carne é de 3,6% ao ano no período de 2013 a 2023,
passando de 7.233 milhões de toneladas para 10.330 milhões de toneladas,
representando um aumento de 42,8% no consumo nos próximos 10 anos. De
acordo com o quadro a seguir, estima-se que o consumo de carne de frango
também terá um crescimento de 26,2% nos próximos anos e estima-se que a
carne suína terá um crescimento de 18,9% para 2022/2023:

QUADRO 2 – BRASIL: PROJEÇÃO DO CONSUMO DE CARNES

Bovina Suína Frango


Ano
Projeção Projeção Projeção
2013 7.233 2.947 9.164
2014 7.495 3.003 9.404
2015 7.767 3.058 9.643
2016 8.049 3.114 9.883
2017 8.341 3.169 10.123
2018 8.644 3.225 10.362
2019 8.958 3.280 10.602
2020 9.283 3.336 10.842
2021 9.619 3.391 11.081
2022 9.968 3.447 11.321
2023 10.330 3.502 11.561
FONTE: Adaptado de MAPA (2013)

55
UNIDADE 1 | CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

Com relação às exportações, as projeções indicam elevadas taxas de


crescimento para os três tipos de carnes analisados, sendo esperado um cenário
favorável para os próximos anos. As carnes bovina e suína lideram as taxas de
crescimento anual das exportações para os próximos anos, sendo estimada uma
taxa anual de 1,6% para a carne de frango e 2,6% para a carne suína. As exportações
de carne bovina devem ficar em uma média anual de 2,5%. Acompanhe o
crescimento no quadro a seguir:

QUADRO 3 – BRASIL: PROJEÇÃO DA EXPORTAÇÃO DE CARNES

Bovina Suína Frango


Ano
Projeção Projeção Projeção
2013 1.769 620 4.114
2014 1.832 638 3.978
2015 1.886 656 4.078
2016 1.937 675 4.181
2017 1.986 693 4.169
2018 2.036 711 4.268
2019 2.085 729 4.403
2020 2.134 747 4.353
2021 2.183 766 4.572
2022 2.232 784 4.591
2023 2.280 802 4.675
FONTE: Adaptado de MAPA (2013)

O Brasil tem exportado carnes para vários países, em 2012 a carne bovina
foi destinada a 142 mercados, sendo a Rússia o principal. De acordo com a ABPA
(2017), a carne de frango foi destinada a 152 países, sendo a Arábia Saudita o
principal comprador, e a carne suína teve 75 países de destino, tendo como
principal a Rússia.

56
TÓPICO 3 | CENÁRIO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

NOTA

Você sabia?

CONSUMO DE CARNE

Alemanha: a carne está presente em todas as refeições da Alemanha, inclusive no café


da manhã e no lanche (consumida em sanduíches). O hambúrguer é a variedade de
carne vermelha mais importante e também carnes de aves (cortes de aves empanados
e nuggets), salsichas de porco ou presunto prontas para fritar são comuns, mas tiveram
retração de consumo nos últimos anos. Há tendência de aumento por carne de aves. O
país tem tradição no consumo de embutidos cozidos, fritos ou defumados e apesar de
produzirem este produto, também tem receptividade aos produtos importados.

Angola: o país enfrenta problemas com a venda de carnes no mercado clandestino,


sem nenhuma fiscalização sanitária. A venda da carne só é permitida em açougues
credenciados pelo governo e a venda de carnes em supermercados ainda não é
disseminada.

Arábia Saudita: as carnes resfriadas são o único tipo de alimento resfriado na Arábia
Saudita, e o consumo de carne vermelha faz parte da dieta diária da população. A
mortadela é o tipo de carne processada oferecida no país e tem vários tipos de sabores e
temperos. Empresas nacionais lideram as vendas no mercado doméstico de carnes, pois
há poucas empresas estrangeiras que abatem os animais dentro das práticas islâmicas.

China: diversas empresas chinesas têm se esforçado para posicionar os seus produtos
como sendo saudáveis; são consumidos os produtos tradicionais derivados de carne
para enlatados e conservas, salsichas em estilo ocidental também são consumidas;
e novos produtos, como salsicha de abóbora. Entre as carnes vermelhas estão as de
carneiro, bifes e almôndegas, e o tipo de carne mais consumida na China é a de aves,
que também responde pela maior parte das carnes orgânicas comercializadas. A carne
de porco também é bastante consumida, mas teve retração das vendas em 2008, devido
ao alto preço.

Estados Unidos: desde a crise econômica, os americanos têm preferido comer em casa
ao invés de jantar fora e optam por alimentos em conserva ou enlatados por serem fontes
de proteínas mais baratas, entre as carnes resfriadas as mais vendidas são as salsichas.
Produtos de carne vermelha mais consumidos: hambúrgueres, steaks e as almôndegas.
Aves: há um aumento da demanda por carnes mais magras, como a de frango, peru ou
opções mais magras de carne bovina. Tendência de crescimento da linha de produtos
saudáveis e orgânicos.

FONTE: Adaptado de Apex-Brasil (2017)

57
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Foram analisadas as principais cadeias produtivas do agronegócio brasileiro,


com ênfase aos produtos de origem animal, destacando a sua importância
nacional e mundial.

• A agregação de valor pode ser feita em todas as commodities, como carnes, mas
para isso são necessárias pesquisas, recursos financeiros e parcerias público-
privadas focadas nesse objetivo.

58
AUTOATIVIDADE

Questão única: O conteúdo apresentado no Tópico 3 mostra que o Brasil


é um grande produtor e exportador de commodities agrícolas, mas temos
um mercado a ser explorado ao agregarmos valor aos produtos. Usando o
exemplo da soja, observamos que é possível agregar valor aos produtos para
produção de diferentes materiais. Escreva sobre esta questão da agregação de
valor e qual seria a melhor alternativa para o Brasil.

59
60
UNIDADE 2

SUSTENTABILIDADE NO
AGRONEGÓCIO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer o conceito de desenvolvimento sustentável;

• refletir sobre a agricultura sustentável, trazendo a discussão para o siste-


ma de integração lavoura-pecuária-floresta e plantio direto;

• conhecer como a certificação pode ser utilizada como agregação de valor


no agronegócio;

• entender o comportamento dos consumidores de produtos saudáveis.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

TÓPICO 2 – AGRONEGÓCIO SUSTENTÁVEL

TÓPICO 3 – CERTIFICAÇÃO COMO AGREGAÇÃO DE VALOR

61
62
UNIDADE 2
TÓPICO 1

MEIO AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

1 INTRODUÇÃO
Nesta unidade, estudaremos o conceito de sustentabilidade, que é
baseado no conceito de preservação do meio ambiente para as gerações futuras,
considerando também o aspecto social e econômico do local em que vivem. Após
esta contextualização, será abordado o tema da agricultura sustentável, trazendo
a discussão para o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta e plantio
direto. Abordaremos o conceito de orgânicos, comércio justo e o comportamento
dos consumidores de produtos saudáveis, ou seja, aspectos ligados ao mercado e
o que acontece depois que o produto sai da propriedade rural.

Desejamos que você utilize este material para conhecer com mais detalhes
a agricultura sustentável, assim como o mercado de produtos éticos e os produtos
que possuem certificação fair trade.

2 DEFINIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


O desenvolvimento sustentável busca a eficiência econômica, mas ao
mesmo tempo, a eficiência social e ecológica, um tripé de coisas que devem
caminhar juntas. O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu com o
nome de eco desenvolvimento, nos anos 1970, e foi resultado de um estudo
para encontrar um caminho diferente, um conceito dos desenvolvimentistas que
defendiam o crescimento zero (ROMEIRO, 2012).

Nesta época, a discussão teórica estava relacionada à defesa do crescimento


zero, ou seja, se o crescimento econômico não parasse, poderiam ocorrer grandes
problemas ambientais, pois a poluição do ar, dos rios e mares e das cidades
aumentariam até chegar a um ponto em que não teria mais volta, afetando a vida
de todos os seres vivos do planeta. Baseado nesta problemática, é publicado em
1972 o relatório Meadows, produzido pelo MIT, com o apoio do Clube de Roma,
sobre os limites ambientais ao crescimento econômico (MEADOWS et al., 1972).

Segundo este relatório, deveria ter uma diminuição gradual do


crescimento econômico, porque os recursos naturais são escassos e limitados.
Em 1972, foi realizada em Estocolmo a primeira Conferência das Nações Unidas
sobre meio ambiente, e todas as discussões estavam relacionadas com os efeitos
do crescimento econômico ao meio ambiente (MEADOWS et al., 1972).
63
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

No período da publicação do relatório Meadows, alguns países, como os


Estados Unidos, passavam por um grande crescimento econômico, pois estavam
se recuperando da Segunda Guerra Mundial. O Brasil também passava por um
período de prosperidade, devido ao “milagre econômico”.

Neste período, no início dos anos 1970, o mundo também assistia à


prosperidade dos países emergentes, como os “tigres asiáticos”, mas a maioria dos
países permanecia com um alto nível de pobreza econômica e desigualdade social.
Este cenário pode ser visto nos dias de hoje, em que grande parte da população
mundial vive abaixo dos níveis de pobreza desenvolvidos pela Organização das
Nações Unidas (ONU) (MEADOWS et al., 1972).

As primeiras reações da ONU após a Conferência de Estocolmo, com


o apoio dos ecodesenvolvimentistas, foram direcionadas para a defesa da
necessidade do crescimento econômico para os países pobres, e para a ONU, a
pobreza seria uma das causas fundamentais dos problemas ambientais desses
países (ROMEIRO, 2012).

Na Declaração de Cocoyok (1974), foi apresentado que o alto crescimento


da população era resultado de causas sociais, políticas e econômicas, não havia
um planejamento do Governo para o controle da natalidade. A consequência
dessa explosão demográfica seria a utilização dos recursos naturais acima da sua
capacidade (ROMEIRO, 2012).

Segundo a Declaração de Cocoyok, os países ricos e altamente


industrializados, ao consumirem de maneira exagerada, seriam responsáveis
pelos problemas do meio ambiente, e eles deveriam diminuir o seu consumo e sua
participação desproporcional na poluição do meio ambiente. Na declaração também
constava que é possível manter o crescimento econômico eficiente (sustentado) a
longo prazo, e este pode acontecer com a melhoria das condições sociais (melhor
distribuição da renda) e respeitando o meio ambiente (ROMEIRO, 2012).

O crescimento econômico eficiente é considerado condição necessária,


mas isso não basta para que ocorra a melhoria do bem-estar da população, é
preciso que ocorram políticas públicas específicas que sejam direcionadas para
quem realmente necessita. Além de melhores condições sociais e um crescimento
econômico eficiente, é preciso que haja um equilíbrio ecológico, pois a longo prazo
precisamos deixar um mundo melhor para as gerações futuras (ROMEIRO, 2012).

Em 1982 ocorreu a Conferência de Nairobi, promovida pela UNEP, em que


foi criada uma Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, cuja
chefia foi exercida pela primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland
(ROMEIRO, 2012).

Em 1987, os resultados do trabalho foram divulgados publicamente


em um documento chamado de Nosso Futuro Comum, também conhecido
como Relatório Brundtland (1991). Os autores desse relatório consideram que

64
TÓPICO 1 | MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

o risco ambiental do crescimento econômico deve ser considerado e discutido


intensamente (ROMEIRO, 2012).

No Relatório Brundtland (1991), o desenvolvimento sustentável foi


definido como sendo o desenvolvimento econômico, social e ambiental que
consegue atender às necessidades atuais do planeta e das pessoas, de maneira
que as gerações futuras também consigam atender as suas necessidades.

A seguir, apresentamos algumas definições de sustentabilidade:

• “Desenvolvimento sustentável significa melhorar a qualidade de vida humana,


vivendo dentro da capacidade de suporte dos ecossistemas” (BRUNDTLAND,
1991, p. 78).
• “A sustentabilidade é um bem-estar humano que não declina no decorrer do
tempo” (PEARCE; ATKINSON, 1995, p. 170).
• “Sustentabilidade implica em que o nível total da diversidade e da
produtividade dos componentes dos sistemas e de suas relações sejam
mantidas e aprimoradas” (NORGAARD; BODE, 1998, p. 86).
• “O desenvolvimento sustentável busca a eficiência econômica, mas ao mesmo
tempo, a eficiência social e ecológica, um tripé de coisas que devem caminhar
juntas. Para que ocorra o desenvolvimento sustentável, é preciso atender a
estes requisitos” (TRZYNA; OSBORN, 1995, p. 34).

Acompanhe a seguir, os requisitos que a União Internacional para a


Conservação da Natureza (International Union for Conservation of Nature) busca
(IUCN, 2018):

• Integrar a conservação e o desenvolvimento.


• Satisfazer às necessidades básicas dos seres humanos.
• Alcançar equidade e justiça social.
• Promover a diversidade social e cultural.
• Manter a integridade ecológica.

O desenvolvimento sustentável pode ser atingido com um conjunto de


políticas capazes de, simultaneamente, garantir o aumento da renda nacional,
o acesso aos direitos sociais básicos (segurança econômica, o acesso à saúde e
educação) e também a redução do impacto do aumento da industrialização e do
consumo sobre o meio ambiente. A partir de 1987, a expressão “desenvolvimento
sustentável” substituiu a expressão “ecodesenvolvimento”, embora tenham o
mesmo conceito normativo (ROMEIRO, 2012).

3 AGRICULTURA SUSTENTÁVEL
Estamos vivendo em uma época em que os recursos naturais estão
escassos, e esses recursos não renováveis (como água e solo) são cada vez mais
demandados, não podem ser repostos. No caso da água potável, ela se tornará
65
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

escassa a médio prazo. Dentre os motivos que estão causando esta escassez está
o desmatamento, o assoreamento dos rios e a poluição das águas causada pelo
ser humano.

ATENCAO

Uma questão sobre a qual precisamos refletir é a manutenção dos seres vivos
na Terra. Como faremos para viver, produzir alimentos e energia, se não tivermos mais água
e solo fértil?

Uma grande parte da produção agrícola atual ocorre com a utilização de


grandes extensões de área, com poucas culturas cultivadas, mas este modelo de
monocultura e economia de escala, utilizado principalmente nas regiões Norte e
Centro-Oeste do Brasil, vem sendo substituído por uma agricultura sustentável.

A agricultura sustentável já vem sendo adotada com muito sucesso em


vários lugares do Brasil, e uma das soluções encontradas foi o uso do sistema
de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). O ILPF é uma maneira de unir
a ecoeficiência e o desenvolvimento econômico, levando a um aumento da
produtividade agropecuária sem esquecer a preservação dos recursos naturais
(EMBRAPA, 2017).

De acordo com a Embrapa (2017), as mudanças climáticas e a emissão


de gases de efeito estufa são uma das grandes preocupações da humanidade
quando se pensa no meio ambiente. O sistema integração lavoura-pecuária-
floresta pode ajudar a reduzir de maneira significativa a emissão dos gases de
efeito estufa (GEE), também pode levar a um aumento do sequestro de carbono,
que contribuiria para reduzir este problema ambiental.

3.1 SEQUESTRO DE CARBONO


Quando conservamos as florestas, o elemento carbono (C) termina o seu
ciclo de vida na natureza, pois ele é aproveitado na composição das folhas e
frutas caídas no chão. A captação do gás carbônico pelas árvores é conhecida
como sequestro de carbono, que contribui para amenizar os efeitos dos gases de
efeito estufa (OLIVEIRA, 2004).

De acordo com Oliveira (2004), o aumento das emissões de dióxido de


carbono e outros gases na atmosfera, como o metano e o óxido nitroso, tem
gerado graves problemas, entre eles, o efeito estufa. O dióxido de carbono é o
gás que mais contribui para o aquecimento global, sendo que suas emissões são

66
TÓPICO 1 | MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

responsáveis por cerca de 55% do total das emissões mundiais. Estima-se que este
gás permanece na atmosfera por um período longo, de 50 a 200 anos.

FIGURA 49 – SEQUESTRO DE CARBONO

FONTE: Disponível em: <http://www.fragmaq.com.br/blog/qual-importancia-


do-sequestro-de-carbono-no-solo-para-o-brasil/>. Acesso em: 16 fev. 2018.

A seguir, você conhecerá o Relatório do Painel Intergovernamental sobre


Mudanças Climáticas, realizado pela ONU em 2014:

3.1.1 Mudanças Climáticas


No dia 30 de março de 2014, cientistas e autoridades do mundo inteiro se
reuniram no Japão para debater sobre as grandes mudanças que estão ocorrendo
no clima mundial. Como resultado dessa reunião, foi divulgado o Relatório do
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU.

De acordo com o relatório Climate Change 2014, divulgado no Japão, as


mudanças climáticas afetarão a saúde, a habitação, a alimentação e a segurança
da população no planeta (IPCC, 2015). Praticamente dobrou a quantidade de
provas científicas do impacto do aquecimento global desde o último relatório
que foi divulgado em 2007.

As análises apontam que nos próximos 20-30 anos, sistemas como o mar
do Ártico estarão ameaçados pelo aumento da temperatura em 2 graus Celsius,
prejudicando o ecossistema dos corais deste mar e dos outros existentes na
Terra. Um ponto muito debatido na reunião refere-se à insegurança alimentar, e

67
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

algumas previsões indicam perdas que chegam a 25% em diversas culturas, como
milho, arroz e trigo, até 2050 (IPCC, 2015).

A figura a seguir mostra que até agora os efeitos do aquecimento são


sentidos de forma mais acentuada pela natureza, mas que haverá um impacto
cada vez maior sobre a humanidade (IPCC, 2015).

FIGURA 50 – IMPACTO DO AQUECIMENTO GLOBAL NO MUNDO

FONTE: BBC (2014). Disponível em: <https://goo.gl/3RvnWZ>. Acesso em: 6 mar. 2018.

A seguir, apresentamos uma explicação sobre o que é o Painel


Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, 2013):

NOTA

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) é o órgão


internacional para avaliar a ciência relacionada às mudanças climáticas. O IPCC foi criado
em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) para fornecer aos responsáveis políticos ​​ as
avaliações periódicas da base científica das mudanças climáticas, seus impactos e riscos
futuros, e opções de adaptação e mitigação.

68
TÓPICO 1 | MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

As avaliações do IPCC fornecem uma base científica para que os governos de todos os
níveis desenvolvam políticas climáticas e compreendam as negociações na Conferência
das Nações Unidas sobre o Clima (UNFCCC). As avaliações são relevantes para as políticas,
mas não são normativas:

• Elas podem apresentar projeções de mudanças climáticas futuras com base em


diferentes cenários e os riscos que a mudança climática coloca.
• Podem discutir as implicações das opções de resposta.
• Não dizem aos decisores quais as ações a serem tomadas.

O IPCC representa uma oportunidade única de fornecer informações científicas rigorosas


e equilibradas aos decisores devido a sua natureza científica e intergovernamental. A
participação no IPCC está aberta a todos os países membros da OMM e das Nações
Unidas. Atualmente tem 195 membros e o Painel é composto por representantes dos
estados-membros. O gabinete do IPCC, eleito pelos governos-membros, orienta o Painel
sobre os aspectos científicos e técnicos do trabalho do Painel e o aconselha sobre a gestão
e questões estratégicas relacionadas. As avaliações do IPCC são escritas por centenas
de cientistas líderes que oferecem seu tempo e experiência como autores principais
coordenadores e autores principais dos relatórios.

FONTE: Disponível em: <http://www.ipcc.ch/news_and_events/docs/factsheets/FS_


what_ipcc.pdf>. Acesso em: 6 mar. 2018.

UNI

Assista ao vídeo relacionado às Mudanças Climáticas, disponível em: <http://


g1.globo.com/globo-news/jornal-globo-news/videos/v/e-urgente-mudar-nosso-estilo-de-
desenvolvimento-diz-professora-da-ufrj/6221884/>.

3.2 SISTEMA DE PLANTIO DIRETO (SPD)


O Sistema de Plantio Direto é uma técnica conservacionista que começou
a ser implantada no Brasil na década de 1990. Esse sistema pode ser considerado
uma das maiores revoluções da agricultura brasileira, pois trouxe grandes
benefícios econômicos, agronômicos e ambientais. Ele proporciona uma grande
diminuição da erosão do solo e contribui para reduzir o potencial de contaminação
do meio ambiente (EMBRAPA, 2017).

3.2.1 Definição do Sistema Plantio Direto (SPD)


De acordo com a Embrapa (2017), no SPD o plantio é realizado sem que
ocorram as etapas de preparação do solo, como a aragem e a gradação do solo.

69
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

Diz ainda que, nesse sistema, o solo é coberto por plantas em desenvolvimento e
restos vegetais, com o objetivo de proteger o solo do impacto direto da água da
chuva, evitando o escorrimento superficial da água e a erosão.

Na figura a seguir, apresentamos um exemplo de SPD de milho:

FIGURA 51 – SISTEMA DE PLANTIO DIRETO DE MILHO

FONTE: Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/milho/


arvore/CONTAG01_72_59200523355.html>. Acesso em: 16 fev. 2018.

No sistema Plantio Direto, a semente é colocada em sulcos ou covas que


possuem uma largura e profundidade suficientes para a cobertura e contato das
sementes no solo. Para que o SPD tenha sucesso, a Embrapa (2017) faz algumas
recomendações:

• o agricultor precisa ter qualificação técnica;


• a mão de obra que trabalhará diretamente com o SPD precisa receber
treinamento técnico e ter acompanhamento diário;
• o solo precisa ter boa drenagem e lençol freático elevado;
• antes da implantação deste sistema, é preciso eliminar a compactação do solo;
• deve ser feito o nivelamento do solo e a sua correção;
• o solo deve ser coberto por restos vegetais em cerca de 80% da superfície;
• os restos vegetais não podem ser queimados;
• existe a necessidade de um controle e erradicação das plantas daninhas mais
resistentes.

3.2.2 Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)


A ILPF é um sistema de produção sustentável que integra, em uma
mesma área, atividades agrícolas, pecuárias e florestais, e podem se utilizados
diversos sistemas de integração, os quais você pode conferir nas figuras a seguir
(EMBRAPA, 2017):
70
TÓPICO 1 | MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

• Integração Pecuária-Floresta (IPF)

FIGURA 52 – INTEGRAÇÃO PECUÁRIA-FLORESTA

FONTE: Disponível em: <http://www.nx1.com.br/noticia/rede-integracao-lavoura-pecuaria-


desenvolvida-tambem-em-mt-planeja-novo-ciclo-buscando-agregar-valor>. Acesso em: 16 fev. 2018.

• Integração Lavoura-Floresta (ILF) ou sistema silviagrícola:

FIGURA 53 – INTEGRAÇÃO LAVOURA-FLORESTA (ILF)

FONTE: Disponível em: <https://www.celuloseonline.com.br/ilpf-ronaldo-trecenti-adocao-da-ilpf-


chega-10-milhao-de-hectares-no-brasil/>. Acesso em: 16 fev. 2018.

71
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

• Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF):

FIGURA 54 – INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA

FONTE: Disponível em: <https://www.embrapa.br/tema-integracao-lavoura-


pecuaria-floresta-ilpf>. Acesso em: 16 fev. 2018.

Por meio desses sistemas, é possível fazer a rotação das culturas e o


consórcio entre culturas forrageiras de grãos e árvores, com o objetivo de produzir
ao longo do ano, em uma mesma área, diversos produtos como grãos, carne, leite
e madeiras (EMBRAPA, 2017).

A adoção deste sistema permite intensificar o uso da terra e também


integrar, em um mesmo local, e ao mesmo tempo, diversos tipos de culturas.
Desse modo, é possível alcançar índices elevados de qualidade ambiental,
produtividade e competitividade.

De acordo com a Embrapa (2017), os sistemas ILPF trazem benefícios ao


meio ambiente e ao agricultor, pois melhoram as condições de solo. Os nutrientes
são usados de maneira mais eficiente, levando a uma redução dos custos de
produção das atividades agrícolas, florestal e pecuária.

Também leva a uma diminuição da ociosidade do uso das áreas agrícolas,


contribuindo para diversificar a produção rural, trazendo renda para o agricultor.
Os sistemas ILPF também causam a redução das emissões de gases de efeito
estufa, levando a um aumento do sequestro de carbono.

ATENCAO

A partir do que você estudou até agora sobre o tema, você deve estar se
questionando: Qual seria o melhor sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta?

O melhor sistema seria o que melhor se adaptar à realidade da sua propriedade rural e
aquele que tivesse uma maior viabilidade econômica, sem se esquecer dos indicadores
sociais e do meio ambiente.

72
TÓPICO 1 | MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

No Brasil, o sistema mais adotado é o integração-lavoura-pecuária (Figura


55) ou sistema agropastoril (sem componentes florestais), mas os outros sistemas de
integração com componente florestal IPF, ILF e ILPF, tendem a ser mais utilizados
no futuro. Esses sistemas de integração são complexos e exigem capacitação técnica
do agricultor e do agrônomo responsável pela propriedade rural.

FIGURA 55 – SISTEMA INTEGRAÇÃO-LAVOURA-PECUÁRIA

FONTE: Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-solucoes-tecnologicas/-/produto-


servico/1055/sistema-integracao-lavoura-pecuaria>. Acesso em: 16 fev. 2018.

A seguir, você verá um projeto da Coca-Cola, na Espanha, que busca


promover a sustentabilidade na produção de citros, utilizando a técnica da
fertirrigação eficiente em áreas propícias a desenvolver o estresse hídrico:

UNI

Espanha: Coca-Cola promove fertirrigação eficiente de citros

A Coca-Cola apresentou o projeto Cítrico Sostenibles (Citrus Sustentáveis), que é uma


iniciativa que busca melhorar a competitividade e a sustentabilidade da produção de citros
da Espanha por meio da promoção da fertirrigação eficiente (fertilização e irrigação) em
áreas sujeitas ao estresse hídrico.

Este projeto foi realizado em conjunto com a Universitat Jaume I de Castellon, Universidade
Autônoma de Barcelona e Instituto de Pesquisa e Tecnologia Agroalimentar (IRTA) do
Governo da Catalunha. O objetivo é economizar cerca de 800 milhões de litros de água

73
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

nos próximos dois anos, com aplicação em aproximadamente 750 hectares na Região de
Valência e na Província de Tarragona, com mais de 50 produtores envolvidos.

O projeto faz parte do compromisso da Coca-Cola com a agricultura sustentável e,


especificamente, com o cultivo de frutas cítricas. Todos os anos, a Coca-Cola compra
3,5 milhões de quilos de suco de laranja e 1,1 milhão de quilogramas de suco de limão de
produtores para a produção de Fanta Laranja e Fanta Limão.

Anteriormente, em 2015, a Coca-Cola lançou o "Guia Fanta de Boas Práticas Sustentáveis


no cultivo de frutas cítricas", juntamente com Frusa e Inèdit, resumindo em 11 pontos as
ações que os produtores deveriam implementar para melhorar a produtividade de suas
fazendas e minimizar seus custos no âmbito da agricultura sustentável.

Além disso, de acordo com o Guia Fanta, o uso correto de fertilizantes reduz as emissões
de pegada de carbono em 23%, e ao reduzir o consumo de água para irrigação também
serão reduzidos os custos de produção em 8,8 euros por tonelada de cítricos. De acordo
com a Coca-Cola, "até agora, durante os primeiros quatro meses, o projeto permitiu
economizar mais de 58 milhões de litros de água, e de acordo com as previsões, um
total de 344 milhões de litros poderiam ser economizados em todo o ano, o que é uma
economia de cerca de 11%”.

O projeto, direcionado aos produtores da Região de Valência e da Província de Tarragona,


oferecerá co-financiamento dos custos do equipamento de fertirrigação e também um
serviço de assistência técnica para assessorá-los, dar-lhes apoio completo e ajudá-los a
iniciar algumas das ações de fertilização e irrigação de culturas.

Os produtores que participam do projeto devem colaborar no acompanhamento de todas


as operações agrícolas para uma avaliação correta da iniciativa e continuarão a informar
sobre os resultados anuais da economia de água nos próximos cinco anos.

Este projeto faz parte do compromisso da Coca-Cola de tratar 100% da água contida
em suas bebidas e devolvê-las para a natureza. Desse modo, em 2015, cinco anos antes
do cronograma, a empresa alcançou esse objetivo globalmente, tornando-se a primeira
empresa na lista da Fortune a alcançar um objetivo de reabastecimento de água tão
relevante. Na Espanha, a Coca-Cola conseguiu devolver mais de 3.000 milhões de litros
à natureza em 2016, e este valor representa 95% da água contida em seus produtos na
Espanha e em Portugal.

FONTE: Disponível em: <http://laboratorioecoinnovacion.com/download/140>. Acesso


em: 6 mar. 2018.

74
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• O desenvolvimento sustentável pode ser atingido com um conjunto de


políticas capazes de simultaneamente garantir o aumento da renda nacional,
o acesso aos direitos sociais básicos (segurança econômica, o acesso à saúde e
educação) e também a redução do impacto do aumento da industrialização e
do consumo sobre o meio ambiente.

• É preciso repensar o modelo que vem sendo utilizado na agricultura atual,


que se caracteriza principalmente por utilizar grandes extensões de área, com
poucas culturas cultivadas, mas este modelo de monocultura e economia de
escala, utilizado principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil,
vem sendo substituído por uma agricultura sustentável.

• A agricultura sustentável já vem sendo adotada com muito sucesso em vários


lugares do Brasil, e entre as soluções encontradas podemos citar o uso do
sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e o Sistema Plantio
Direto.

75
AUTOATIVIDADE

1 Com relação ao conceito de desenvolvimento sustentável, é correto


afirmar que:

a) ( ) O desenvolvimento sustentável pode ser atingido com um conjunto


de políticas capazes de atingir apenas o meio ambiente
b) ( ) O desenvolvimento sustentável busca a eficiência econômica, mas ao
mesmo tempo, a eficiência social e ecológica, um tripé de coisas que
devem caminhar juntas.
c) ( ) Desenvolvimento sustentável pode ser definido como aquele que
atende apenas às necessidades do presente, sem se preocupar com as
necessidades das gerações futuras.
d) ( ) O crescimento econômico eficiente é considerado única condição para
que ocorra a melhoria do bem-estar da população.

2 Com relação à agricultura sustentável, é correto afirmar que:

a) ( ) A agricultura sustentável já vem sendo adotada com muito sucesso


em vários lugares do Brasil, e uma das soluções encontradas foi o uso
do sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).
b) ( ) As mudanças climáticas e a emissão de gases de efeito estufa não são
uma das grandes preocupações da humanidade quando se pensa no
meio ambiente.
c) ( ) O sistema de Plantio Direto é uma técnica conservacionista que
começou a ser implantada no Brasil na década de 1930.
d) ( ) Os sistemas ILPF trazem benefícios ao meio ambiente, mas não ao
agricultor, pois aumentam os custos de produção das atividades
agrícolas, florestal e pecuária.
e) ( ) No sistema Plantio Direto, o agricultor não precisa ter qualificação
técnica, pois é muito fácil produzir.

76
UNIDADE 2 TÓPICO 2
AGRONEGÓCIO SUSTENTÁVEL

1 INTRODUÇÃO
O conteúdo apresentado neste tópico abordará a questão da agregação
de valor por meio das certificações, como os orgânicos, que estão sendo cada vez
mais cultivados pelos agricultores familiares e cooperativas e fazendo parte do
nosso dia a dia. Também será mostrado o perfil dos consumidores de produtos
orgânicos, que geralmente são pessoas mais jovens, e buscam consumir produtos
aliados à sustentabilidade e ao sabor, gerando renda para comunidades de
agricultores familiares.

2 COMMODITIES OU AGREGAÇÃO DE VALOR?


Uma das grandes questões do agronegócio brasileiro é: Devemos investir
na produção de commodities ou na produção de produtos com valor agregado?

Commodities são produtos padronizados na quantidade, qualidade,


preço e que não possuem marca, sendo produzidos e negociados em grandes
quantidades. A maioria das commodities agrícolas, por exemplo, soja, milho, café,
trigo, suco de laranja etc., são negociadas em Bolsas de Mercadorias.

DICAS

A seguir serão apresentadas as principais bolsas de mercadorias que negociam


commodities agrícolas:

• Bolsas de Mercadorias – The Ice: centraliza negociação de contratos futuros e opções


de café arábica, por exemplo, suco de laranja concentrado e congelado, açúcar, cacau
e algodão para o mundo. Disponível em: <https://www.theice.com/homepage.jhtml>.

• Bolsa de Londres – Liffe: produtos negociados, por exemplo, café robusta, cacau,
açúcar e trigo. Disponível em: <https://www.euronext.com/en>.

• Bolsa de Chicago – CBOT: hoje pertence ao CME Group, principal fonte de preço de
soja, milho e trigo para o mundo. Disponível em: <http://www.cmegroup.com/>.

• B3: Brasil. Disponível em: <http://www.b3.com.br/pt_br/>.

77
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

Será que o Brasil não deveria investir mais na agregação de valor, buscar
nichos de mercado, com produtos certificados como orgânicos e fair trade?

O conceito de agregação de valor está relacionado à transformação de


matérias-primas em produtos elaborados, que possuem uma marca e que serão
reposicionados em nichos diferenciados de mercado. Os produtos com valor
agregado, por exemplo, cafés e chocolates especiais, possuem um preço mais alto
que uma commoditiy e podem gerar renda para o pequeno e médio produtor rural.

NOTA

Valorização da origem do produto

Um produto rotulado como DOP (Denominação de Origem Protegida), deve possuir


características comprovadas que resultam exclusivamente da qualidade das terras e das
competências dos produtores da região a que o produto está associado.

Um produto com a sigla IGP (Indicação Geográfica de Procedência) possui uma


característica ou reputação específicas que o associam a determinada zona, onde é
realizada pelo menos uma fase do processo de produção. Em 2016, na UE existiam 1349
denominações de produtos alimentares protegidas (DOP, IGP e especialidades tradicionais
garantidas). Além disso, encontram-se protegidas na UE cerca de 2.000 indicações
geográficas de vinhos e bebidas originárias da União Europeia.

FONTE: Comissão Europeia de Agricultura e Desenvolvimento Rural. Disponível em:


<http://europa.eu/rapid/press-release_IP-16-2172_pt.htm>. Acesso em: 6 mar. 2018.

2.1 CERTIFICAÇÃO COMO AGREGAÇÃO DE VALOR


A natureza e a qualidade de alguns produtos são devidas não só ao local
de produção, mas também aos métodos utilizados. Os consumidores e o mercado
de produtos alimentícios interessam-se cada vez mais pela origem geográfica dos
produtos.

Este tópico discutirá a questão do agronegócio sustentável de pequenos


agricultores que buscam uma produção em menor escala, agregando valor a sua
produção, mas quando se fala de produção, também não podemos nos esquecer
do mercado consumidor. “Atualmente está ocorrendo um aumento do consumo
saudável, em que o consumidor se preocupa com a origem e a qualidade dos
alimentos e dos produtos, além de se preocupar em conhecer a postura das empresas
em relação à responsabilidade social e ambiental” (TAVARES, 2009, p. 13).

Este aumento na demanda por produtos saudáveis faz parte de uma


das tendências mundiais da alimentação, sendo que também tem destaque o
consumo de alimentos éticos, a praticidade e a busca por produtos gourmet. “O
78
TÓPICO 2 | AGRONEGÓCIO SUSTENTÁVEL

consumo de produtos verdes não é apenas uma ‘onda’ passageira, esse tipo de
consumo representa uma mistura de orientação de compra com valores sociais”
(TAVARES, 2009, p. 14).

Com um aumento da presença em supermercados e uma extensa base de


consumidores e compradores regulares de orgânicos, o mercado de alimentos
orgânicos está crescendo no mundo inteiro, por exemplo, sabor, frescor e valores
sociais são os principais atrativos desses produtos.

2.2 O MERCADO DE ORGÂNICOS


De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação, “a agricultura orgânica não é mais um fenômeno apenas de países
desenvolvidos, pois já é praticado comercialmente em 120 países, representando
31 milhões de hectares e um mercado de US$ 40 bilhões em 2007” (TAVARES,
2009, p. 12). Nos Estados Unidos, em 2007, o mercado representou cerca de US$
20 bilhões. O mercado europeu é estimado em US$ 15 bilhões, e a Alemanha é o
principal país consumidor.

De acordo com Arbenz, Gould e Stopes (2016), o maior mercado consumidor


continua sendo os Estados Unidos, que movimentam anualmente cerca de US$
35 bilhões contra US$ 7 bilhões na Alemanha e US$ 4,4 bilhões no Canadá. Nos
Estados Unidos, cerca de 78% das famílias consomem, pelo menos,  um item
orgânico, e a preferência é para alimentos direcionados a crianças.

Para os autores, entre os anos de 1999 e 2012, a área destinada ao cultivo


de alimentos orgânicos cresceu 300%, totalizando 3,7 milhões de hectares.
Dizem ainda que, apesar da desaceleração da economia europeia, que é a maior
consumidora do setor entre o ano de 2011 e 2012, o mercado mundial de agricultura
orgânica registrou crescimento de aproximadamente 6,36% (ARBENZ; GOULD;
STOPES, 2016).

Em 2013, o faturamento foi de US$ 64 milhões, com um crescimento de 8%


no mundo e cerca de 69 milhões de hectares de terras com agricultura orgânica
certificada. Conforme os autores, existe uma demanda mundial por produtos
orgânicos que podem aumentar essa  área, mas o maior desafio é ter eficiência
com o consumo de água (ARBENZ; GOULD; STOPES, 2016).

O mercado brasileiro de alimentos orgânicos está crescendo cerca de


20% ao ano, segundo o projeto Organics Brasil (2017). “As taxas de crescimento
registradas no mundo nos últimos anos são menores, ficaram entre 5% e 11%, ou
seja, o mercado está crescendo em ritmo dobrado no Brasil, embora o país ainda
represente menos de 1% da produção e do consumo. O setor vem se estruturando,
mas ainda representa um ‘nicho’”, analisa Ming Liu, coordenador executivo do
Organics Brasil (ORGANICSNET, 2016, s.p.).

Em 2015, o mercado de orgânicos teria movimentado o equivalente a R$


350 bilhões no mundo e R$ 2,5 bilhões no país, mas este valor no Brasil crescerá

79
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

e poderá ultrapassar a marca de R$ 3 bilhões nos próximos anos, devido a um


aumento do consumo destes produtos. Entre os alimentos que ampliaram o
faturamento dos orgânicos em 2016, estão os produtos lácteos e os de origem
animal, com maior valor agregado.

Nos Estados Unidos, na cidade de Nova York, o governo detectou forte


ligação entre obesidade e pobreza, pois alimentos saudáveis são mais caros que
fast foods. O governo americano vem tomando medidas para combater tais índices,
que se tornaram grande preocupação social.

Os produtos orgânicos são produtos diferenciados e a base de diferenciação


está relacionada ao modo de produção. Eles são os resultados de uma forma de
produção agrícola, pecuária e avícola que adota o sistema de produção que exclui
ou evita o uso de fertilizantes solúveis e pesticidas químicos nas operações de
cultivo (OELHAF, 1978 apud SOUZA, 2000).

De acordo com Souza (2000), os movimentos da agricultura alternativa


valorizam a utilização de matéria orgânica e também de outras práticas culturais
que favorecem os processos biológicos. Segundo a mesma autora, esses movimentos
tiveram início na década de 1920 e deles fazem parte quatro vertentes:

1) Agricultura biodinâmica, que surgiu em 1924.


2) Agricultura orgânica, sendo que o seu conceito teve início em 1925, na
Inglaterra, e se espalhou pelos Estados Unidos na década de 1940.
3) Agricultura biológica, que teve início na década de 1930, na Suíça, e anos mais
tarde foi difundida pela França.
4) Agricultura natural, que começou no Japão, na década de 1930.

Todas essas vertentes possuem um objetivo em comum: desenvolver uma


agricultura ecologicamente equilibrada e socialmente justa, mas que também
precisa ser economicamente viável.

De acordo com Elhers (1996 apud SOUZA, 2000), os principais princípios


são a diminuição do uso de produtos químicos e a valorização de processos
biológicos e vegetativos no sistema de produção, e que está relacionado à
utilização de práticas agrícolas, como a adubação orgânica de origem animal ou
vegetal, a rotação de culturas e o controle biológico de pragas.

2.2.1 Organic 3.0


Em 2014, foi lançada na Biofach, em Nuremberg, a proposta de uma nova
fase do setor de orgânicos – a Organic 3.0. Segundo Arbenz, Gould e Stopes (2015,
p. 20), essa é a terceira onda do setor concentrada e focada na indústria agrícola e
alimentar sustentável e saudável, e representa o desafio de “focar as atenções na
agricultura ecológica; prover o desenvolvimento da agricultura familiar; cuidar
dos recursos naturais e estabelecer padrões alimentares para uma agricultura
sustentável”.

80
TÓPICO 2 | AGRONEGÓCIO SUSTENTÁVEL

De acordo com a Arbenz, Gould e Stopes (2015), a Organic 1.0 é


representada pelas ideias pioneiras e a Organic 2.0 pelas conquistas coletivas
realizadas pelo setor.

Uma das pioneiras do setor de orgânicos, Hanni Rützler, do Instituto do


Futuro (FUTURE FOOD STUDIO, 2018), mostra o conceito da Organic 3.0, que é
apresentado de maneira resumida a seguir:

• Quanto mais claro o perfil de qualidade de produtos orgânicos, maior será o


impacto simbólico.
• O produto orgânico deve se concentrar mais na orientação para as necessidades
dos clientes.
• É preciso apresentar um design adequado do produto, simplificar os suportes
técnicos por meio de informações de modo de preparo no rótulo.
• A filosofia holística da agricultura orgânica deve continuar por todo o ciclo do
produto no futuro.
• O conceito de partilha traz dinâmica para cooperações regionais.
• Este desenvolvimento promove o uso de sinergias entre os espaços rurais e
urbanos.
• Os consumidores estão mais estreitamente ligados à produção, é preciso
incentivá-los a serem “prosumers” (= consumidor que se torna um produtor, ao
mesmo tempo).
• O produto orgânico deve contar com uma estratégia de saúde, em vez de usar
a absurda competição da alimentação saudável com o melhor valor nutricional
contra os produtos convencionais ou mesmo adaptados (alimentos funcionais).
• É preciso se afastar das promessas de saúde monocausais e caminhar em
direção a contextos sistêmicos de estilo de vida, alimentação e saúde.
• Um retorno às variedades antigas e seu cultivo na agricultura orgânica deve
ir de mãos dadas com uma intensa pesquisa, a fim de marcar e também provar
o suposto potencial de saúde, não apenas com as alternativas culinárias.
• Os consumidores não veem os produtos orgânicos apenas como produtos,
devem ser geradas oportunidades e locais para percebê-los de uma forma
abrangente, cognitivo e multissensorial e em troca comunicativa com os outros.

2.3 O CONSUMIDOR DE PRODUTOS SAUDÁVEIS


De acordo com o professor americano Conroy (2007), existe uma disposição
dos consumidores em pagar por novas dimensões de qualidade dos produtos, e
80% dos consumidores da União Europeia estão dispostos a pagar 5% a mais por
este produto.

Segundo a pesquisa Nielsen, o ano de 2015 registrou crescimento de


16% na categoria de alimentos saudáveis na América Latina. No Brasil, o setor
movimenta US$ 35 bilhões ao ano, sendo que a venda de comidas e bebidas
saudáveis cresceu 98% nos últimos cinco anos. No mesmo período, os produtos
tradicionais cresceram 67% (ESPM, 2016).

81
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

Esta disposição dos consumidores está promovendo mudanças no


comportamento das redes de varejo de alimentos, que passaram a aumentar o
seu volume de compra desses produtos considerados mais saudáveis.

As motivações para o consumo variam em função do país, da cultura e


dos produtos analisados, mas observando países como Alemanha, Inglaterra,
Austrália, Estados Unidos, França e Dinamarca, identifica-se uma tendência de
o consumidor orgânico privilegiar, em primeiro lugar, aspectos relacionados
à saudabilidade, em segundo lugar aspectos relacionados ao meio ambiente e
depois a questão do sabor dos alimentos orgânicos (DAROLT, 2014).

Para o autor mencionado anteriormente, no Brasil parece existir uma


tendência semelhante, segundo uma pesquisa realizada pelo IBOPE e que
analisou de maneira mais geral a questão ambiental. Esse estudo mostrou que o
consumidor brasileiro está disposto a pagar mais caro por um produto que não
causa danos ambientais, e que uma faixa de 68% do universo pesquisado fez essa
afirmativa, enquanto outra de 24% se mostrou contrária à ideia. Essa tendência
pode ser verificada até mesmo na população com baixa renda familiar.

O Organis – Conselho Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável


– realizou em 2017 uma pesquisa em que foram entrevistadas 905 pessoas,
em nove capitais de quatro regiões brasileiras (Sul, Sudeste, Centro-Oeste e
Nordeste). Os entrevistados possuíam idades entre 18 e 69 anos, sendo 46%
do sexo masculino e 54% do sexo feminino. O percentual de entrevistados por
classe social é mostrado a seguir:

FIGURA 56 – CONSUMO DE ALIMENTOS E BEBIDAS ORGÂNICAS SEGMENTADO


POR CLASSE SOCIAL

FONTE: Adaptado de Organics Brasil (2017)

De acordo com a pesquisa, 15% da população urbana brasileira consumiu


algum tipo de alimento ou bebida orgânica no último mês, sendo que os principais
produtos foram os legumes na região Sul, as frutas na região Nordeste e os cereais
na região Sudeste.
82
TÓPICO 2 | AGRONEGÓCIO SUSTENTÁVEL

As principais motivações para se consumir orgânicos são mostradas na


figura a seguir:

FIGURA 57 – PRINCIPAIS MOTIVAÇÕES PARA O CONSUMO DE ORGÂNICOS NO


BRASIL

FONTE: Adaptado de Organics Brasil (2017)

2.3.1 Assimetria de informações


Uma das questões relacionadas ao consumo de alimentos orgânicos
refere-se à assimetria de informações, pois estes produtos apresentam atributos
que não são facilmente observáveis no momento da compra, como por exemplo,
a maneira como foram produzidos (SOUZA, 2000).

AUTOATIVIDADE

No dia a dia, como você analisa a disposição do consumidor em aceitar pagar


um valor maior pelo produto orgânico com relação ao produto convencional?

83
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

É possível analisar o produto orgânico como um bem de crença, que são


aqueles bens em que os principais atributos do produto não são perfeitamente
avaliados pelo consumidor, mesmo após a compra.

São atributos considerados na decisão de compra: a credibilidade da


marca, do fornecedor, a imagem pública, a reputação da empresa ou da entidade
certificadora. Podem ser classificados como bem de crença os produtos ou
serviços que possuem conteúdo religioso, como os alimentos judeus (Kosher) ou
os preparados com base nos preceitos islâmicos (Halal).

A comercialização de bens de crença deve ser feita segundo estratégias


de diferenciação, mas para que seja efetiva, o produto precisa ter uma excelente
qualidade, e os consumidores precisam acreditar que existe uma diferença
entre o produto oferecido pela empresa em relação aos produtos de empresas
concorrentes (SOUZA, 2000).

2.3.2 Perfil do consumidor de produtos orgânicos


Segundo Darolt (2014), existem basicamente duas categorias de
consumidores orgânicos:

1) Os consumidores mais antigos que estão motivados, bem-informados, são


exigentes em termos de qualidade biológica do produto e são frequentadores
das feiras verdes de produtos orgânicos.
2) Os consumidores das grandes redes de supermercados.

O autor mencionado complementa dizendo que o consumidor que


frequenta feiras orgânicas é geralmente um profissional liberal, sendo a maioria
(66%) do sexo feminino, com idade variando entre 31 e 50 anos, em 62% dos
casos. Apresentam nível de instrução elevada, tendo a maioria cursado o ensino
superior; possuem o hábito de praticar esportes (54,9%) com frequência e, mesmo
morando na cidade, procuram um estilo de vida saudável, sendo que 62,9%
frequentam parques e bosques regularmente.

De acordo com Moreno et al. (2009 apud TAVARES, 2009), que


desenvolveram uma pesquisa que analisa o consumo de açúcar orgânico, o
consumidor de feiras orgânicas possui necessidades e comportamentos diferentes
do consumidor do mesmo produto que realiza suas compras no supermercado.

O consumidor de feiras orgânicas se dirige ao ponto de venda para


comprar produtos orgânicos e também para conversar e interagir com os
produtores e com os compradores desses produtos. Segundo os mesmos autores,
esse tipo de consumidor é fiel e exigente com relação aos produtos orgânicos,
procura produtos saudáveis e sustentáveis, sendo o preço um fator secundário na
sua decisão de compra (MORENO et al., 2009 apud TAVARES, 2009).

Para o consumidor que compra açúcar orgânico no supermercado, o preço


é um fator importante, pois apesar da maioria conhecer os atributos relacionados
a este tipo de produto, este consumidor está mais preocupado no valor gasto pelo

84
TÓPICO 2 | AGRONEGÓCIO SUSTENTÁVEL

produto do que o consumidor que frequenta feiras orgânicas. Os autores também


constataram que, nos supermercados, uma parcela significativa de pessoas não
consome açúcar orgânico por falta de informações sobre o produto.

De acordo com as pesquisas de Lohr e Semali (2000), de maneira geral


os consumidores de orgânicos, de diversos países, possuem características
diferentes:

• Estados Unidos: os consumidores (homens e mulheres) estão na faixa etária


entre 18 e 29 anos e de 40 e 49 anos.
• Japão: o consumidor típico é mulher, na faixa dos 30-40 anos.
• Holanda: homens e mulheres na faixa de 25 e 50 anos, que moram sozinhos ou
com crianças.

Segundo Giordano (2000), as características do consumidor que busca


produtos saudáveis são:

• a busca pela qualidade e por produtos com baixo impacto ambiental;


• a preferência por produtos com denominação de origem e selos verdes;
• a aceitação em pagar mais por um produto ambientalmente mais seguro.

O que mais se destaca nesse grupo é a busca por alimentos que podem
trazer algum benefício à saúde, desse modo buscam selos de qualidade e outras
informações sobre a origem dos alimentos. Esse tipo de consumidor procura a
qualidade de vida e pensa de uma maneira sistêmica, que inclui a sociedade e o
meio ambiente, mas o desejo de prevenir doenças é um dos principais motivos
para que os consumidores valorizem uma alimentação mais saudável.

2.3.3 Sistema de distribuição dos alimentos orgânicos


Nos Estados Unidos – maior país consumidor de alimentos orgânicos – a
maioria das vendas é feita em mercados menores. O consumidor deste tipo de produto
prefere um produto fresco, que seja produzido próximo a sua região de moradia.

A preferência por produtos regionais vem aumentando também em


países da União Europeia, pois além do frescor do produto, as despesas com o
transporte do produto são menores e há um estímulo da economia regional. A
Ásia é o terceiro maior mercado do mundo, com um volume de vendas de cerca
de US$ 3,5 bilhões.

No Brasil, cerca de 70% dos produtos são vendidos em supermercados


que estão trabalhando com marcas específicas para estes produtos, e nas grandes
redes de supermercados existem áreas exclusivas para cada um deles. Os outros
pontos de distribuição são as lojas e restaurantes naturais, distribuidoras, hotéis,
centrais atacadistas, feiras livres e a venda em mercados menores com entrega
em domicílio.

De acordo com a pesquisa Organis, realizada em 2017, os produtos orgânicos


são comprados no varejo convencional (supermercados) e também em feiras, lojas
85
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

especializadas e direto com o produtor. A figura a seguir mostra os principais locais


de compra dos consumidores brasileiros (ORGANICS BRASIL, 2017):

FIGURA 58 – LOCAIS DE COMPRAS DE ORGÂNICOS NO BRASIL

FONTE: Adaptado de Organics Brasil (2017)

De acordo com Lohr (2001), o consumidor de orgânico se preocupa bastante


com a origem do produto: se a produção ocorre na região e se há preocupação
ética e ambiental.

A seguir é apresentado um texto para leitura complementar que trata


da agregação de valor na citricultura. É estudada a cooperativa Ecocitrus,
cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí, de Montenegro (RS). O
seu faturamento provém da venda de suco de frutas, óleos essenciais e composto
para adubação, sendo que todos estes produtos são orgânicos. O texto mostra
que é possível produzir produtos sustentáveis com valor agregado e que são
altamente demandados pelos consumidores de hoje.

LEITURA COMPLEMENTAR

SUSTENTABILIDADE COMO AGREGAÇÃO DE VALOR NO


AGRONEGÓCIO: O CASO ECOCITRUS

Maria Flávia de Figueiredo Tavares


Thais D’Ávila

Introdução

O faturamento da Ecocitrus, cooperativa dos Citricultores Ecológicos


do Vale do Caí, de Montenegro (RS), provém da venda de suco de frutas,
óleos essenciais e composto para adubação, sendo que todos estes produtos
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TÓPICO 2 | AGRONEGÓCIO SUSTENTÁVEL

são orgânicos. A produção, baseada na agricultura familiar, é voltada para a


agregação de valor e gera renda para os cooperados melhorando o IDH da região.

Desde 1994, a Ecocitrus encontrou, no que era um grave problema para


muitas empresas do Vale do Caí (RS), um bom negócio. A prestação de serviços na
destinação adequada de resíduos industriais e a transformação deste material em
composto (adubo) orgânico geraram o que eles mais precisavam na época: custo
zero de adubação no pomar. Afinal, a comercialização dos citros era o objetivo
principal da cooperativa, e continua sendo até hoje.

Atualmente o composto orgânico é o produto de mais destaque e gera


renda para os associados em três frentes: prestação de serviços na destinação
correta de resíduos, a comercialização de adubo orgânico para todo o país e, mais
recentemente, a produção de biogás.

Além disso, a visão de negócio e a vontade de melhorar a qualidade de vida


dos associados levaram os dirigentes da cooperativa a se especializarem e, o que
pudesse representar um entrave para a geração de renda, poderia virar produto
para ser comercializado. A produção de sucos e óleos essenciais orgânicos, por
exemplo, leva o nome da Ecocitrus para o Brasil e o mundo.

Como qualquer empresa atuante na economia, enfrenta ameaças e tem


oportunidades. A cooperativa já esteve endividada e os associados já passaram
por dificuldades financeiras, mas hoje encontrou o equilíbrio e aposta na
industrialização dos produtos como forma de manter o crescimento e espalhar a
ideia do sistema ecológico de produção junto aos produtores da região.

Ecocitrus

A Ecocitrus, cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí, de


Montenegro, região metropolitana de Porto Alegre, foi formada em 1994 e reúne
atualmente 110 associados que plantam dez mil hectares de pomares. O seu
faturamento é oriundo da venda de suco de frutas, óleos essenciais e composto
para adubação, todos orgânicos.

Além disso, a prestação de serviços na extração de óleos essenciais para


outros produtores, e também no recolhimento de resíduos de empresas da região,
são outras formas de rentabilizar a produção dos associados. A cooperativa
investiu para chegar ao ponto em que está, na industrialização e na agregação
de valor para incrementar a rentabilidade dos associados, e possui planos de
crescimento.

História da Cooperativa

A Harmonicitrus, sediada em Harmonia era, no início da década de 90,


uma das várias entidades atendidas pelo convênio PRORENDA, entre o governo
gaúcho e a entidade alemã GTZ. Ernesto e os demais produtores de citros –
bergamota (mexerica) e laranja – ganhavam incentivos e assistência técnica, além
de orientação para uma gestão mais profissional da propriedade.

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UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

O conhecimento adquirido nos treinamentos da entidade facilitou Ernesto


e os demais associados a encontrar a identificação – nas tabelas e gráficos – dos
preços, gastos, renda e outros indicadores financeiros, permitindo mensurar o
quanto estava sendo gasto com a compra de produtos químicos. Aliado a isso,
veio a preocupação ambiental, e em todas as reuniões um questionamento
ganhava força: “qual o futuro que queremos?”.

Decidiram, então, que a saída seria realizar uma produção ecológica,


livre de produtos químicos, melhorando as condições ambientais e a qualidade
de vida dos agricultores familiares e ainda reduzindo os custos de produção.
A Harmonicitrus começou com aproximadamente 100 associados. Aos poucos,
alguns acabaram deixando a cooperativa, descrentes nesta possibilidade de uma
produção mais limpa.

Em 1994, era criada oficialmente a Ecocitrus – Associação dos Citricultores


Ecológicos do Vale do Caí – reunindo 14 entusiasmados produtores de Montenegro
e arredores. A maioria ainda está lá, como o atual gerente-industrial Jorge Esswein,
que relata que no começo os agricultores questionavam a viabilidade da produção
sem agrotóxico – e até hoje existem muitos descrentes, mas os associados que
permaneceram na atividade provaram que era possível.

O método utilizado foi o de tentativa e erro, na base da experimentação.


Os agricultores sabiam que o primeiro passo era ter um composto orgânico para
fazer a adubação, mas não sabiam de onde sairia isso. Ernesto relata que no
começo, por pura falta de informação e ansiedade para que o projeto desse certo,
alguns começaram a espalhar toneladas de cascas de citros na propriedade. O
resultado foi um desbalanceamento nutricional que tirava nutrientes da planta
para decompor as cascas que se incorporavam ao solo. Depois chegou a febre da
vermicompostagem e todos os produtores só falavam nesse assunto.

O que impulsionou a produção de composto, fundamental para a


conversão da produção convencional para a ecológica, foi uma visão sistêmica
de cadeia. Os associados precisavam conseguir matéria-prima para o composto,
precisavam transportar, além de um lugar para armazenar.

Uma empresa de produção de taninos de Montenegro, a Tanac, tinha um


problema ambiental muito sério, pois não tinha onde descartar os resíduos –
cinzas, cascas de acácia e outros insumos de origem vegetal. Uma parceria com a
Ecocitrus livrou a Tanac do problema e ajudou a estruturar a produção ecológica
para quem optou pelo sistema. A associação contratou uma retroescavadeira e a
empresa cedia caminhões para a retirada dos produtos.

A Ecocitrus cobrava dos sócios por caminhão carregado (para poder


pagar a máquina) e eram os próprios agricultores que faziam o transporte para as
propriedades. Para retirar o material do terreno da Tanac, e ainda aproveitar os
caminhões para pegar os resíduos em outras empresas da região, os agricultores
precisavam ter um local adequado para depositar o produto.

Começaram a procurar informações, know-how, algo em que pudessem


se espelhar, mas não existia nada parecido no mercado. Não havia nenhuma

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TÓPICO 2 | AGRONEGÓCIO SUSTENTÁVEL

outra empresa no Brasil com informações sobre como proceder para montar
um depósito para compostagem. Então, com a orientação do órgão ambiental,
fizeram todo o registro como aterro sanitário.

A parceria inicial era com a Tanac, mas também conseguiram matéria-


prima para o composto orgânico junto à cervejaria e ao frigorífico do município de
Montenegro. Atualmente, a Ecocitrus recebe, na usina de compostagem, resíduos
de mais de 50 empresas da região.

Em 2012, a produção de biogás virou uma realidade com investimento


da própria cooperativa e o ganho do associado. Atualmente a cooperativa recicla
45 mil toneladas de resíduos industriais por ano e produz 15 mil toneladas de
composto (sólido) e 15 mil toneladas de biofertilizante líquido por ano (Ecocitrus,
2013). Atualmente o biogás gerado na fábrica da Ecocitrus já abastece a frota da
cooperativa e das empresas Sulgás e Naturovos.

Agregação de valor na citricultura

A produção de sucos concentrados surgiu na cooperativa Ecocitrus como


uma forma de dar destino às frutas in natura que sobravam ao final da safra.
Durante algum tempo, os produtores tentaram encontrar um diferencial de valor
pela fruta orgânica, mas isso não ocorria.

Para dar aproveitamento às frutas que sobravam, a Ecocitrus passou a


produzir, em uma indústria da região, o suco concentrado de bergamota, mas o
envase do suco, com embalagens de vidro, tornava o processo muito caro. O suco
é concentrado sem mistura, sem açúcar, sem conservante, e enfrenta algumas
resistências do consumidor no mercado interno.

Para atender a mais mercados e poder produzir suco integral, a Ecocitrus


investiu na construção de uma fábrica de sucos. A cooperativa recebeu recursos
de R$ 400 mil do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que foram entregues
via prefeitura de Montenegro e estão sendo utilizados para a compra de
esteiras, caldeiras e tanques. Outro valor (R$ 1,6 milhão) foi obtido por meio de
um financiamento do BRDE e devem ser investidos na compra de extratores e
envasadores de suco. Mesmo antes de todo o recurso ter sido liberado, a fábrica
de sucos já estava pronta. O investimento total chega a R$ 5 milhões.

A safra 2013 foi totalmente destinada à fábrica, e foram setecentas


toneladas transformadas em suco, chamado NFC (not from concentrate), que
será comercializado em embalagens assépticas de mil litros. A ideia é alcançar
mercados alternativos como África do Sul, Venezuela e Malásia, que enfrentam
problemas na cadeia de refrigeração a frio.

O suco acondicionado nessas embalagens pode ser conservado por vários


meses, mesmo fora de refrigeração. Mesmo com o foco para esses mercados
alternativos, é na Europa que está boa parte da clientela da Ecocitrus. A França,
pela tradição no consumo de produtos orgânicos, é quem está à frente nas
negociações.

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UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

Óleos essenciais

Uma simples gota de perfume pode remeter a sensações, emoções,


memória. A visão de mercado de agricultores simples e obstinados fez desta gota
de perfume o diferencial em agregação de valor para dezenas de famílias do Vale
do Caí (RS).

O óleo essencial de mandarina é utilizado na composição de inúmeras


fragrâncias em várias partes do mundo todo, possuindo poderes terapêuticos. É
um produto versátil sendo utilizado na aromaterapia e na produção de cosmético,
sendo negociado com um alto valor no mercado internacional. Existe grande
demanda nos setores químico, farmacêutico e cosmético pelo óleo essencial de
mandarina produzido no sistema orgânico, e a Ecocitrus atende a esse exigente
mercado.

Mais uma vez um produto entra na linha da Ecocitrus para agregar valor
e evitar a perda de rentabilidade, pois o óleo essencial de mandarina é extraído
da fruta verde. Essa frutinha sai do pomar durante o raleio, que é a prática
utilizada na citricultura para melhorar a produtividade e que consiste na retirada
de até 60% dos frutos de um pé, para que as frutas que ficarem sejam maiores e
mais saudáveis. Essa grande carga de frutas verdes que saía dos pomares dos
associados era vendida para empresas da região por um valor bem baixo. Afinal,
o descarte das bergamotinhas era um problema.

Em 2009, a cooperativa fez uma experiência locando equipamentos de São


Paulo para a extração do óleo essencial e, apesar do insucesso, os dirigentes da
cooperativa decidiram continuar tentando. Em 2010, inauguraram a unidade de
extração de óleos essenciais, onde foi realizado um investimento de R$ 4 milhões.

Tendências na alimentação: a saudabilidade

O mundo passa por intensas transformações econômicas, políticas,


culturais e sociais, refletidas no comportamento dos consumidores de alimentos
e que estão alterando e trocando os seus padrões de consumo por padrões mais
modernos. Dentro deste contexto está incluído o aumento do consumo por
produtos gourmet e premium por produtos mais saudáveis, como os orgânicos,
os produtos com certificação de origem. Também se observa nos últimos anos
uma valorização do hábito de comer, as pessoas estão valorizando a culinária e a
gastronomia, e produtos com apelo à indulgência e com apelo emocional.

Todas estas tendências na alimentação já foram identificadas e


apresentadas em diversos estudos no Brasil e no exterior, e estas tendências estão
agrupadas em cinco categorias:

• sensorialidade e prazer;
• saudabilidade e bem-estar;
• conveniência e praticidade;
• confiabilidade e qualidade;
• sustentabilidade e ética.

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TÓPICO 2 | AGRONEGÓCIO SUSTENTÁVEL

Dentro do contexto dos produtos comercializados pela Ecocitrus (laranja


in natura, suco orgânico e óleo essencial), serão destacadas no texto as categorias
saudabilidade e bem-estar e sustentabilidade e ética, sendo que são exemplos
de características valorizadas pelos consumidores nestas categorias: produtos
orgânicos, produtos minimamente processados, produtos vegetais, produtos com
propriedades cosméticas, produtos de empresas sustentáveis, gerenciamento de
resíduos e emissões, certificações e selos ambientais, processos eficientes etc.

Nos países desenvolvidos, vêm aumentando o consumo de alimentos


orgânicos, que enfrentam a concorrência das versões naturais de produtos
tradicionais, onde são eliminados aditivos químicos.

O conceito de saudabilidade tem um caráter mais amplo, pois também são


consideradas questões relativas ao meio ambiente, à maneira em que o alimento
foi produzido, à criação dos animais, entre outras. Por trás de uma postura
“saudável” aparece uma proposta de reformulação da sociedade contemporânea,
do corpo e da alimentação (BARBOSA, 2010).

Segundo a mesma autora, o nosso corpo é pensado como um templo,


sendo assim, o ato de se alimentar tem uma conotação mais sagrada quando se
trata de saudabilidade, noções como equilíbrio, harmonia, bem-estar e disposição
são muito importantes, “não basta apenas ter saúde, se faz necessário estar bem
física e espiritualmente, conectado com quem produz, como produz e com o meio
ambiente” (BARBOSA, 2010).

A Ecocitrus possui o registro IBD RS001, ou seja, o primeiro registro de


certificação de produto orgânico no Rio Grande do Sul, por meio do Instituto
Biodinâmico. A cooperativa mantém o registro de produção orgânica devido
unicamente aos óleos essenciais e aos sucos.

Além deste certificado, a Ecocitrus conta também com o FLO (Fairtrade


Labeling Organizations International), que é um conjunto de 24 organizações que
trabalham para garantir que os produtores sejam remunerados por cumprirem
critérios, que vão desde condições de trabalho adequadas até o não emprego de
mão de obra infantil.

Além destes dois certificados, atualmente os produtores têm um sistema


chamado de Rede Ecovida, um sistema de certificação participativa em que os
próprios produtores se certificam. Conforme a descrição da atividade no site
da certificadora, “a certificação participativa é um sistema solidário de geração
de credibilidade, em que a elaboração e a verificação das normas de produção
ecológica são realizadas com a participação efetiva de agricultores e consumidores,
buscando o aperfeiçoamento constante e o respeito às características de cada
realidade”.

FONTE: Disponível em: <http://www2.espm.br/sites/default/files/ecocitrus.pdf>. Acesso em: 15


dez. 2017.

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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O aumento da consciência sustentável do consumidor, que também se torna


mais exigente, possibilita o aumento da variedade de produtos sustentáveis
oferecidos no mercado, provocando uma mudança no mercado e levando as
principais redes de varejo e cadeias de venda direta a aumentarem sua linha
de produtos qualificados de éticos.

• A tendência do consumo de produtos certificados permanecerá e aumentará


no Brasil e no mundo, e é importante conhecer esse tipo de mercado, bem
como o perfil dos consumidores. Isso possibilita realizar um planejamento
estratégico de forma apropriada e direcionar o planejamento de marketing e
comercialização.

92
AUTOATIVIDADE

1 Uma das grandes questões do agronegócio brasileiro é se devemos


produzir commodities ou se produzimos produtos com valor agregado.
Nessa perspectiva, é correto afirmar que:

a) ( ) O consumo de produtos verdes é apenas uma “onda” passageira.


b) ( ) Os produtos orgânicos são produtos diferenciados e a base de
diferenciação está relacionada ao modo de produção. Eles são os
resultados de uma forma de produção agrícola, pecuária e avícola, que
adota o sistema de produção que exclui ou evita o uso de fertilizantes
solúveis e pesticidas químicos nas operações de cultivo.
c) ( ) A agricultura orgânica está relacionada apenas com os países
desenvolvidos.
d) ( ) O Brasil só deve se preocupar com a produção de commodities que dão
um retorno melhor para o produtor.
e) ( ) O preço dos produtos com valor agregado é o mesmo da commodity, o
que os diferencia é o tamanho da área produzida.

2 Com relação ao mercado de orgânicos, a afirmação correta é:

a) ( ) Apesar da conscientização do consumidor em relação à


sustentabilidade, o mercado de orgânicos está estagnado.
b) ( ) O consumidor de produtos orgânicos não aceita pagar mais por um
produto, mesmo que este seja diferenciado e ambientalmente mais
seguro.
c) ( ) O mercado está crescendo no Brasil, embora o país ainda represente
menos de 1% da produção e do consumo.
d) ( ) Os principais princípios da agricultura orgânica são a rotação de
culturas, a manutenção do uso de produtos químicos e o controle
biológico de pragas.
e) ( ) O termo orgânico deve ser utilizado quando é possível apenas
considerar o uso do solo.

93
94
UNIDADE 2
TÓPICO 3

CERTIFICAÇÃO COMO
AGREGAÇÃO DE VALOR

1 INTRODUÇÃO
Está ocorrendo um aumento do número de produtos agrícolas e florestais
certificados, e isto se dá devido à importância atual dada aos critérios de
sustentabilidade pelos consumidores. Desse modo, as empresas brasileiras estão
cada vez mais preocupadas em atender a essa nova “necessidade” do consumidor,
e muitas já percebem que a responsabilidade socioambiental pode diferenciá-las
da concorrência, agregando valor aos seus produtos.

As certificações concedem às empresas, cooperativas e comunidades,


benefícios socioambientais e econômicos e também geram vantagens
competitivas, como:

• aumento de credibilidade junto aos consumidores;


• atendimento às novas exigências de mercado;
• aumento no acesso a novos mercados etc.

É preciso que ocorra um crescimento sustentado da biodiversidade,


baseado em um conjunto claro de práticas que garantam a correta implementação
da sustentabilidade.

Observa-se a ocorrência de uma mudança no padrão alimentar da


população que está buscando consumir produtos que foram produzidos de maneira
sustentável, considerando aspectos como o meio ambiente, financeiros e sociais.

A maioria dos consumidores deste tipo de produto é jovem e quer


conhecer como foi feito o produto que está comendo ou usando, como por
exemplo, as roupas que possuem a certificação fair trade tiveram a sua matéria-
prima produzida de maneira sustentável e a produção da peça seguiu os mesmos
caminhos.

2 CERTIFICAÇÃO FLORESTAL FSC


O Brasil é um país rico em recursos naturais e cerca de 60% do território
nacional está coberto de florestas, sendo que esta indústria gera mais de 610 mil
empregos diretos, mas apesar da importância do setor florestal brasileiro, sua
representatividade internacional ainda é pequena.
95
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

Em 2015, o mercado mundial de produtos florestais movimentou cerca


de U$ 230 bilhões, porém o Brasil teve uma participação de apenas 3% desse
valor (FSC, 2018). No setor florestal, por exemplo, o FSC estabelece que ocorra
um equilíbrio entre práticas ambientais sustentáveis e políticas sociais, como o
reconhecimento de direitos do trabalho ou o respeito aos meios de subsistência
dos povos indígenas. É preciso considerar o tripé da sustentabilidade, procurando
manter um equilíbrio entre o social, o econômico e o meio ambiente (FSC, 2018).

O Forest Stewardship Council (FSC) ou Conselho de Manejo Florestal,


foi fundado em 1993 como uma organização não governamental que não emite
certificados, mas credencia certificadoras no mundo inteiro. Essas certificadoras
garantem que sejam obedecidos os padrões de qualidade utilizados pelo FSC,
adaptando-os à realidade de cada região ou sistema produtivo (FSC, 2018). No
âmbito florestal, o FSC destaca-se como a principal organização com sistema de
certificação de manejo florestal e a mais aceita internacionalmente.

NOTA

Fatos e números no Brasil e no mundo

Atualmente, o Brasil possui 6.316,664 milhões de hectares certificados na modalidade de


manejo florestal e envolve 113 operações de manejo entre áreas de florestas nativas e
plantadas. O país ocupa o 7º lugar no ranking total do sistema FSC.

Na modalidade de cadeia de custódia, o Brasil conta com aproximadamente 1.025


certificados.

A área florestal global certificada com os Princípios e Critérios do FSC está crescendo
em todo o mundo, acompanhado por um forte crescimento na cadeia de produtos
certificados.

FONTE: Disponível em: <https://br.fsc.org/pt-br/fsc-brasil/fatos-e-nmeros>. Acesso em: 19


fev. 2018.

96
TÓPICO 3 | CERTIFICAÇÃO COMO AGREGAÇÃO DE VALOR

De acordo com Martinelli (2006 apud TAVARES, 2010), as certificações são


concedidas na forma de um selo que é utilizado para a etiquetagem das matérias-
primas ou dos produtos provenientes das unidades de manejo certificadas.

A certificação do manejo florestal pelo FSC exige a proteção dos serviços


ecossistêmicos e logo serão implementadas novas ferramentas de mensuração dos
custos ambientais, possibilitando que as empresas, investidores e governos saibam
e analisem o impacto positivo de suas compras, pagamentos e investimentos
sustentáveis ao meio ambiente (FSC, 2018).

Esta é também uma maneira de preservar os recursos naturais, pois o


pagamento por serviços ambientais proporciona benefícios econômicos em curto
prazo, levando a uma redução dos danos ambientais.

Por meio da certificação, os consumidores recebem uma garantia de origem


da matéria-prima ou do produto florestal, e também permite que os produtores
certificados recebam um preço melhor por seus produtos (TAVARES, 2009).

A biodiversidade deve ser vista também como uma maneira de agregar


valor em toda a sua cadeia produtiva, mas, para isso, deve incentivar e promover
sólidas práticas de gestão sustentável para aumentar o seu acesso ao mercado
internacional por meio de certificações. Antes é preciso fazer a lição de casa e
preservar o nosso ecossistema, pois quando perdemos a biodiversidade, também
perdemos riqueza natural.

3 CERTIFICAÇÃO FAIR TRADE


O aumento da demanda do consumidor por produtos sustentáveis está
favorecendo o crescimento de um novo mercado para as pequenas empresas
e produtores de agricultura familiar. Este tipo de mercado possui demanda
crescente por seus produtos e não sofre concorrência das grandes empresas do
setor.

As grandes empresas produzem um produto homogêneo e trabalham com


grandes escalas de produção e, por outro lado, as pequenas empresas operam
em uma escala menor de produção, compram de pequenos e médios produtores
rurais e terceirizam a sua produção.

A revolução na tecnologia de transmissão de informações está tornando


o consumidor mais consciente e exigente em relação aos produtos alimentícios,
e este tipo de consumidor está influenciando as ações da indústria. A defesa do
meio ambiente e a busca por alimentos saudáveis e equilibrados têm levado à
criação de novos produtos embasados neste conceito, mas também têm feito com
que alguns produtos, que não seguem esses conceitos, deixem de ser consumidos.

97
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

A busca por uma alimentação mais saudável pode alterar significativamente


as atitudes dos consumidores em relação à composição dos alimentos ou quanto
à forma pela qual são processados, gerando várias oportunidades para inovações.

A proposta do comércio solidário é baseada em princípios básicos: justiça


social, transparência, preço justo, solidariedade, desenvolvimento sustentável,
respeito ao meio ambiente, transferência de tecnologia e aumento da renda dos
produtores. Neste tipo de comércio, há uma sensibilização dos consumidores
em adquirir um produto que tenha compromisso com o desenvolvimento da
comunidade e grupos de pequenos produtores pobres.

Geralmente, o preço determinado para este tipo de produto está acima do


preço de mercado, sendo conhecido como “preço prêmio”, e este valor retorna à
comunidade, que discutirá a sua melhor utilização (TAVARES, 2009).

O selo de “comércio justo” é um selo concedido pela FLO – Fairtrade


Labelling Organization International – sediada na Alemanha, a fabricantes de 14
países europeus e também do Japão, Canadá e dos Estados Unidos. Este selo
identifica produtos de empresas que pagam mais que a média do mercado aos
fornecedores, geralmente agricultores do terceiro mundo. As empresas que
utilizam o selo garantem que não utilizam trabalho escravo e também mão de
obra infantil.

FIGURA 59 – SELO DE CERTIFICAÇÃO FAIR TRADE

FONTE: Disponível em: <https://www.fairtrade.net/>. Acesso em:


15 dez. 2017.

3.1 MEL FAIR TRADE


Embora existam abelhas em todos os continentes, exceto na Antártica, a
maioria do mel exportado vem de países da África, Ásia e América Latina. No
entanto, os apicultores e suas colônias de abelhas, nos países menos desenvolvidos
98
TÓPICO 3 | CERTIFICAÇÃO COMO AGREGAÇÃO DE VALOR

e em desenvolvimento, estão tendo dificuldade em manter seus negócios e


garantir o sustento de sua família.

Preços baixos e imprevisíveis, acesso difícil aos mercados e regimes


regulatórios desafiantes estão agravando sua situação. Ao mesmo tempo, os
padrões climáticos extremos e o uso excessivo de agroquímicos ameaçam a
existência de abelhas em muitas áreas. O fair trade tem como objetivo ajudar os
apicultores a abordar todos esses desafios, para que eles possam ter sua parcela
justa do mercado global do mel.

Fatos sobre o mel fair trade:

• O mel é, muitas vezes, apenas uma fonte de renda para os apicultores fair trade.
Cultivam também outros produtos agrícolas, cujas culturas são polinizadas
pelas abelhas.
• Em 2013-2014, os apicultores fair trade conseguiram vender cerca de 3.000
toneladas de mel.
• Os apicultores fair trade receberam cerca de € 354,400 em pagamentos do Fair
Trade Premium.
• Os países da América Latina fornecem a maior parte do mel certificado pela
fair trade.
• O mel certificado pela fair trade pode ser distinguido de acordo com o método
de cultivo (orgânico ou convencional) e qualidade (A e B). O último depende
da água do mel e do conteúdo hidroximetilfural (HMF). Quanto mais baixas
as duas, maior a qualidade do mel é considerada.

No sistema fair trade, os apicultores de países como o Chile, Nicarágua


e México podem vender seu mel a um preço mínimo se o preço que receberiam
fosse menor que este preço fixo. Fora do sistema fair trade, a formação de preços
para o mel é imprevisível e não transparente. O preço mínimo garante o sustento
do negócio do apicultor e aumenta as chances de desenvolvimento de negócios,
pois possibilita o planejamento de médio prazo. Existem diferentes preços
mínimos de comércio justo, dependendo da qualidade do mel e do método de
cultivo (orgânico ou convencional).

O sistema fair trade inclui um Fair Trade Premium que os comerciantes


certificados pagam aos apicultores em cima do preço de venda. Este dinheiro
premium é recebido coletivamente pela cooperativa em que os apicultores estão
reunidos. Os apicultores decidem democraticamente como esse dinheiro deve ser
investido para promover seus negócios e melhorar vidas em suas comunidades.

As cooperativas fair trade geralmente investem em construção de


conhecimento e melhor equipamento para membros cooperativos, infraestrutura
comunitária e medidas para reduzir o impacto ambiental de seus membros.

De acordo com Cipolla, Neves e Amaral (2002), a primeira empresa


brasileira certificada pela FLO foi uma empresa exportadora de sucos de frutas,
organizada por pequenos agricultores localizada no Norte da Bahia.
99
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

Existe uma demanda crescente pelos produtos certificados como comércio


justo e em 2001 este tipo de mercado movimentou US$ 230 milhões nos países da
Europa, sendo demandados os produtos artesanais e produtos alimentícios. Os
consumidores da Alemanha, Holanda e Reino Unido são os maiores compradores
de produtos certificados (DINIZ, 2006).

De acordo com Avril (2008 apud TAVARES, 2009), em 2007, o mercado


de produtos fair trade movimentou US$ 3 bilhões e, em 2009, cerca de um milhão
de agricultores de 50 países receberam benefício direto do comércio justo, sendo
que as vendas no varejo superaram dois bilhões de euros (R$ 4,42 bilhões). Este
montante foi 22% superior ao montante negociado em 2008.

Atualmente, o Brasil possui cerca de quarenta cooperativas e mais de 7


mil produtores certificados pela organização fair trade. Existem diversos produtos
certificados, como café, laranja e mel, e estes produtos são, em sua maioria,
utilizados para exportação (CAFÉ POINT, 2015).

No Brasil, segundo Tavares (2006), o mercado para produtos com o selo


de “comércio justo” ganhou destaque com o Projeto “suco justo”, que foi um
projeto piloto da FLO e desenvolvido em parceria com citricultores da região de
Paranavaí-PR, supervisionado pelo Conselho Municipal de Direito da Criança e
do Adolescente em associação com a prefeitura local. Por meio dessa parceria, o
suco produzido pela empresa Paraná Citrus é exportado para países europeus,
como Alemanha, Suíça e Áustria.

De acordo com a autora, o projeto trouxe melhorias econômicas e sociais


na região em que foi implantado, destacando a regularização do trabalho dos
produtores, considerada uma das condições obrigatórias para a obtenção do
certificado (TAVARES, 2006).

A Coagrosol (Cooperativa dos Agropecuaristas Solidários de Itápolis)


foi constituída em 2002 por 35 agricultores familiares da região de Itápolis-SP,
devido a uma pequena demanda por suco de laranja vinda dos países europeus.
Para poderem exportar o suco, estes produtores precisaram obter a certificação
de comércio justo, que exige produtos ambientalmente corretos e que respeitem
as leis trabalhistas (TAVARES, 2006).

A certificação fair trade também exige que ocorram benefícios sociais,


como escola e saneamento básico, para a comunidade que produz este tipo de
produto. Também é exigido o cumprimento de normas ambientais nas suas
plantações, não pode ocorrer o trabalho infantil e os seus trabalhadores devem
ser bem remunerados (TAVARES, 2006).

Os cooperados se uniram e adquiriram a certificação em grupo e


conquistaram selos do Instituto Biodinâmico (IBD) e Fairtrade Labelling
Organization International (FLO). O valor que os produtores recebem é aplicado
em projetos sociais, como o projeto Suco Justo, um projeto de combate à desnutrição

100
TÓPICO 3 | CERTIFICAÇÃO COMO AGREGAÇÃO DE VALOR

desenvolvido com a Pastoral da Criança; e o projeto da escola de artesanato e do


curso de computação para cerca de 250 trabalhadores rurais e seus familiares.

A Coagrosol diversificou a sua produção e está produzindo limão tahiti,


manga palmer, goiabas e hortaliças, sendo que exporta 400 toneladas de manga
por ano (metade com o selo orgânico) e produz 1.000 toneladas de suco de laranja
(TAVARES, 2006).

Em 2015, a cooperativa completou 15 anos, com um faturamento de 25


milhões de reais. O cooperado participa dos resultados da cooperativa, recebe
assistência técnica integral e participa da compra conjunta de insumos financiada
pela cooperativa (COAGROSOL, s.d.).

FIGURA 60 – COOPERATIVA COAGROSOL

FONTE: Disponível em: <https://www.coagrosol.com.br/sobre>. Acesso em: 14 nov. 2017.

A empresa norte-americana Ben & Jerry’s, produtora de sorvetes, foi uma


das primeiras empresas a utilizar ingredientes produzidos de maneira sustentável
em seus produtos. A Ben & Jerry’s está presente em mais de 30 países, contando
com o Brasil, e passou a comercializar todos os seus sabores com ingredientes fair
trade em 2014.

Dentre os produtos fair trade da marca, está o sorvete Chunky Monkey, que
utiliza bananas fornecidas pela El Guabo, cooperativa de cerca de 300 produtores
rurais localizada no Equador.

101
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

FIGURA 61 – SORVETE CHUNKY MONKEY

FONTE: Disponível em: <http://www.benandjerry.com.br/sabores/chunky-


monkey-ice-cream>. Acesso em: 20 fev. 2018.

NOTA

Sorvetes Ben & Jerry’s utilizam ingredientes com certificação fair trade

A empresa utiliza cinco ingredientes com certificação Fairtrade, sendo que em 2015
pagou US$ 1.895.778 em bônus sociais para nossos pequenos agricultores e cooperativas
agrícolas espalhadas pelo mundo:

AÇÚCAR
US$ 1.221.687 em bônus Fair trade
O açúcar Fairtrade é originário de pequenos agricultores, incluindo os que fazem parte da
Associação de Produtores de Açúcar de Belize.

CACAU
US$ 510.153 em bônus Fair trade
A empresa compra cacau de produtores de cacau da Costa do Marfim, que produz cerca
de 40% de todo o cacau do mundo (apesar da maior parte do cultivo não seguir os
princípios do comércio justo).

BAUNILHA
US$ 98.235 em bônus Fair trade
Uma grande parte da baunilha produzida no mundo vem de Madagascar, mas os
agricultores possuem uma renda muito baixa os preços Fairtrade contribuem para gerar
renda para estes pequenos agricultores de Madagascar e também de Uganda.

102
TÓPICO 3 | CERTIFICAÇÃO COMO AGREGAÇÃO DE VALOR

CAFÉ
US$ 51.124 em bônus Fair trade
A Huatusco Coffee Cooperative, do México, fornece boa parte do café Fairtrade da Ben
& Jerry’s e desde 2010 a empresa compra mais de 130 toneladas do café da cooperativa,
formada por 1.465 agricultores.

Bananas
US$ 14.580 em bônus Fair trade
Em 2014, a empresa adquiriu mais de cinquenta toneladas de bananas fair trade da El
Guabo Cooperative, localizada na província de El Oro, no Equador, e formada por 154
agricultores.

FONTE: Disponível em: <https://www.benandjerry.com.br/valores/questoes-com-as-


quais-nos-preocupamos/comercio-justo>. Acesso em: 8 mar. 2018.

3.2 PERFIL DO CONSUMIDOR DO COMÉRCIO JUSTO


Com o passar do tempo, o perfil do típico consumidor do comércio justo
foi se alterando, deixando de ser aquele consumidor europeu que decidia pagar
um preço mais justo para os agricultores pobres. Atualmente, as vendas desse tipo
de produto vêm crescendo no mundo inteiro, e o consumidor valoriza também a
qualidade e o modo de produção sustentável destes produtos (TAVARES, 2009).

De acordo com Avril (2008 apud TAVARES, 2009), o aumento da


conscientização da população para produtos sustentáveis levou a um aumento
da demanda para este tipo de produto, e novos produtos foram desenvolvidos
além dos produtos alimentícios, como café e sucos de frutas.

Entre os novos produtos estão as roupas comercializadas para jovens


por uma rede de lojas de Paris, que vende produtos sustentáveis e resolveu
comercializá-los após vários escândalos gerados pela exploração de trabalhadores
em fábricas de grandes corporações do setor da moda.

Atualmente, são divulgados pela mídia produtos de vestuário que são


produzidos de maneira irregular, que não respeitam os direitos trabalhistas dos
funcionários, mas os consumidores estão conscientes em relação a estas questões,
procurando, assim, mercadorias produzidas de maneira sustentável, que respeitam
o meio ambiente, geram renda e melhoram a qualidade de vida de quem produz.
Além de itens de vestuário, também são demandados cosméticos sustentáveis, por
exemplo, empresas como a inglesa Body Shop (VAREJISTA, 2017).

103
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

LEITURA COMPLEMENTAR 1

AGREGAÇÃO DE VALOR NA CASTANHA-DO-BRASIL:


O caso da Natura Ekos

Maria Flávia de Figueiredo Tavares


Tatiana Badan Fischer
Rafael Tonette

Este trabalho foi escrito em 2009 com dados coletados na visita à Comunidade
São Francisco do Iratapuru.

Resumo

Sabá – líder da Comunidade São Francisco do Iratapuru, localizada no meio


da Floresta Ama­zônica, entre os Estados do Amapá e Pará – com um misto de
simplicidade, dedicação e visão de futuro, apresentou aos autores deste caso o
processo de extração da castanha. Desde os castanhais, passando pela secagem,
retirada da casca, até chegar à venda do óleo vegetal para a Natura, empresa
do setor cosmético. Conheça a seguir os detalhes sobre a cadeia produtiva da
castanha e a parceria entre a Natura e essa comunidade, resultando nos produtos
sob a marca Natura Ekos.

Introdução

A castanha-do-brasil é originária exclusivamente da Floresta Amazônica.


A cultura é caracterizada pelo extrativismo da coleta, e a castanheira, para
produzir, precisa estar inserida na floresta nativa. Com um sabor exótico, rico em
proteínas, gorduras, carboidratos, fibras e vitaminas, a castanha tem o selênio,
uma substância de efeito antioxidante, como um dos prin­cipais elementos de sua
composição química (EMBRAPA, 2009).

O valor da produção primária florestal do Brasil em 2006 foi de cerca


de R$ 10,9 bilhões e a castanha-do-brasil movimentou cerca de R$ 43,9 milhões
(MDIC/SECEX, 2009). A produção brasileira de castanha concentra-se nos estados
do Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Roraima e Mato Grosso, sendo que os três
primeiros são responsáveis por 80% do volume produzido.

O Acre é o maior produtor e a cadeia produtiva neste estado envolve


cerca de 15 mil famílias que dependem da atividade extrativista. A maior parte
da castanha brasileira é exportada in natura, principalmente para Alemanha,
Inglaterra e Estados Unidos, e os países concorrentes são a Bolívia e o Peru.

O aumento do uso de produtos naturais como insumos para a indústria


de cosmético (nacional e internacional) levou a um aumento da demanda pelo
óleo de castanha. A produção não varia muito, pois na castanha e em outros

104
TÓPICO 3 | CERTIFICAÇÃO COMO AGREGAÇÃO DE VALOR

produtos da biodiversidade, a oferta depende dos ciclos da natureza e também da


acessibilidade às zonas produtivas. Existem também dificuldades de padronizar a
produção, tanto em relação à qualidade como em quantidade, devido às influên­
cias das condições climáticas.

Atualmente está ocorrendo uma queda da produção, relacionada


com a falta de incen­tivos governamentais aos produtores extrativistas e ao
desmatamento da Região Amazônica, que vem causando uma redução das áreas
de plantio das castanheiras para dar espaço a outras culturas (como o eucalipto),
apesar da proibição do corte de exemplares nativos. Também exis­te a falta de
dados do governo brasileiro sobre extrativismo.

Existem também problemas na organização das cooperativas, as principais


responsá­veis pela extração da castanha (EMBRAPA, 2009). De acordo com
Vilhena (2004), as cooperativas precisam agregar valor, diversificar os produtos
originados da castanha-do-brasil e concorrer com o mercado externo. Na
atividade de extração da matéria-prima não há internalização do conhecimento,
especialização da mão de obra e verticalização da produção na comunidade.

Na cadeia produtiva da castanha existe a necessidade de diversificação


da produção, de modernização da estrutura produtiva do extrativismo e
também de garantir a infraestrutura econômica para a produção e fortalecer a
implantação da pesquisa aplicada ao desenvolvi­mento de produtos que vêm da
biodiversidade (VILHENA, 2004). O desenvolvimento regional só será possível
quando aumentarem os investimentos em pesquisas e tecnologias apropriadas,
realizadas pelo setor público ou por empresas privadas.

Em 2009, os investimentos para agregar valor de mercado à castanha


e a outros produ­tos extrativistas na Amazônia tornaram-se estratégicos para
o Governo Federal. Está sendo for­mada a Câmara Nacional da Castanha-do-
Brasil, envolvendo a participação de todos os setores da cadeia produtiva. Como
exemplo de investimentos em pesquisas realizadas por empresas privadas, será
mostrado a seguir o exemplo da empresa de cosméticos Natura.

O uso sustentável da biodiversidade da Amazônia pode ser feito pela


indústria de cos­méticos, e a bioindústria, nacional e internacional, vem buscando
nas plantas da Amazônia es­sências e matérias-primas para a produção de
cosméticos, medicamentos e vacinas. O objetivo principal é a industrialização
e a comercialização de vários princípios ativos da biodiversidade da Amazônia
(ENRÍQUEZ, 2009).

Natura: Histórico da empresa e ações sustentáveis

A Natura apresenta-se como uma empresa de escolhas. Escolhas estas


sempre em di­reção à sustentabilidade, que permeiam decisões estratégicas
importantes para a formação de uma proposta de valor diferenciada, entregue
aos seus consumidores finais.

105
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

Em 1969, a Natura foi inaugurada com a proposta de utilizar componentes


naturais no preparo de seus produtos e, a partir de então, novos passos são traçados
na busca por gerar uma empresa sustentável. Já em 1983, a empresa surgiu com a
proposta de trabalhar com refis de seus produtos, poupando, assim, a utilização
excessiva de embalagens compostas por plás­tico. O impacto obtido é em média
50% menor sobre o meio ambiente do que as embalagens convencionais.

Algumas outras medidas sustentáveis foram tomadas pela direção da


empresa, até que no ano de 2007 foram gerados projetos inovadores, como a
tabela ambiental. Presente nos produtos Natura, apresenta ao consumidor final
informações como a procedência das maté­rias-primas utilizadas, composição
química e embalagens. Essa ação objetiva a conscientização do consumidor final
sobre os produtos consumidos.

A linha Ekos é abordada neste caso como um exemplo de linha


diferenciada de produtos e de alta produtividade. Para que seja construído o
diferencial pretendido para esses pro­dutos, no entanto, é importante que sejam
considerados aspectos como a proteção da biodi­versidade brasileira. Para tal, a
organização busca atuar com diretrizes que permitam o acesso a espécies nativas
de forma regulada e eficiente no sentido de desenvolver proteção ao patrimô­nio
genético do país.

A política de Uso Sustentável da Biodiversidade e do Conhecimento


Tradicional foi a proposta internamente implementada para o ano de 2009 para
o desenvolvimento das práticas e processos da empresa Natura, relacionados ao
uso da biodiversidade e cultura brasileiras (NATURA, 2008).

Ainda seria feito o uso de certificações para que haja a garantia da


extração adequada da matéria-prima utilizada na composição dos produtos
Natura, contribuindo, também, para o desenvolvimento social das comunidades
envolvidas nesses processos.

Dentro da linha Natura Ekos, podemos destacar os produtos com


princípio ativo cas­tanha-do-brasil, ou mais comumente compreendida como a
castanha-do-pará. Estes produtos são: polpa hidratante de castanha-do-brasil
para as mãos, polpa hidratante para os pés casta­nha, creme esfoliante de limpeza
para os pés castanha, bruma de leite Ekos castanha, polpa cremosa hidratante
castanha, Frescor Ekos castanha e Natura Ekos sabonete em barra puro vegetal
castanha. Confira a seguir como se estabelece o relacionamento da empresa com
as comunidades produtoras deste insumo.

Comaru

A Comunidade de São Francisco do Iratapuru está situada no estado do


Amapá e, sob responsabilidade da prefeitura de Laranjal do Jari (AP), foi fundada
na década de 60 pela união de coletores de castanha, chamados de “castanheiros”.
Os moradores da comunidade são extra­tivistas até hoje e vivem às margens do

106
TÓPICO 3 | CERTIFICAÇÃO COMO AGREGAÇÃO DE VALOR

Rio Iratapuru e do Rio Jari, onde buscam comercializar seus produtos extraídos
da floresta.

Em 1995, começou a ocorrer a valorização de uma nova dinâmica para a


economia extrativa vegetal do Sul do estado, representada pela criação da Unidade
de Conservação Es­tadual (a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio
Iratapuru: RDS-I) com o objetivo de preservar os recursos naturais e promover o
desenvolvimento regional em bases sustentáveis. No ano de 1997 foi implantado o
Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá (PDSA), que buscou associar
as políticas públicas com desenvolvimento econômico e meio ambiente.

Com o intuito de melhorar a condição social e econômica da comunidade


São Francis­co do Iratapuru, foi fundada em 1992, com 20 associados, a
Cooperativa Mista de Produtores e Extrativistas do Rio Iratapuru-Comaru. Desde
a sua fundação, a cooperativa passou por várias dificuldades, mas nos últimos
anos a parceria com a Natura conseguiu proporcionar ganhos significativos à
comunidade. Atualmente, essa cooperativa é composta por 46 associados.

O relacionamento entre a Natura e a Comaru teve início em 2000, mas


somente em 2003 ocorreu a primeira venda de óleo bruto da castanha-do-brasil à
empresa Cognis do Brasil (empresa alemã multinacional que atua no mercado de
óleos essenciais). A Natura preocupa-se que a sua atuação comercial mantenha a
cultura e o modo de vida das populações tradicionais (VILHENA, 2004).

A partir da primeira compra e com o objetivo de formalizar uma parceria


com a Coma­ru, não apenas para a compra de óleo de castanha, mas também de
breu branco, a Natura fez uma exigência à cooperativa: que as áreas onde serão
coletadas as castanhas para a produção de óleo e o breu-branco sejam certificadas
e com isso atendam às normas da Natura e que es­tejam alinhadas ao diferencial
de sustentabilidade amplamente defendido pela empresa.

Com apoio da Natura, em 2004, a Comaru obteve o selo FSC (Forest


Stewarship Coun­cil) em sete áreas, e a partir dessa certificação a parceria foi
efetivada. Desde então, recursos financeiros são repassados pela Natura à
Comaru, via compra de óleo de castanha, copaíba e breu-branco, fundo Natura,
pagamento por acesso ao patrimônio genético e pagamento por conhecimento
utilizado (CTA – Conhecimento Tradicional Associado).

O número de produtos agrícolas e florestais certificados vêm aumentando


constan­temente devido à importância atual dada aos critérios de sustentabilidade,
e com isso as em­presas brasileiras estão cada vez mais preocupadas em
atender a essa nova “necessidade” do consumidor e muitas já percebem que a
responsabilidade socioambiental pode diferenciá-las da concorrência, agregando
valor a seus produtos.

As certificações concedem às empresas, cooperativas e comunidades


benefícios socio­ambientais e econômicos e também geram vantagens competitivas,

107
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

como aumento de credi­bilidade junto aos consumidores, atendimento às novas


exigências de mercado, aumento no acesso a novos mercados etc.

Certificação exigida pela Natura à Comaru

As primeiras áreas certificadas com o selo FSC em conformidade à


exigência da Na­tura foram obtidas com ajuda financeira da empresa no ano
de 2004 e as certificações foram referentes aos ativos castanha, breu-branco e
copaíba. Nos anos seguintes, resolveu-se apenas certificar a castanha e o breu-
branco, devido a dificuldades de manejo da copaíba, enfrentadas pela Comaru.

O selo FSC, atualmente o mais reconhecido mundialmente no manejo


florestal, é emi­tido pela certificadora Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação
Florestal e Agrícola) que faz auditorias anuais à fábrica, avaliando alguns itens
de produção e os castanhais, avaliando as conformidades em relação à época
de ida aos castanhais, localização dos acampamentos, con­tratos de trabalho (no
caso de contratação de terceiros), presença de menores de idade, destino de lixos
perigosos, limpeza de igarapés etc.

A certificação FSC da Comaru é do tipo Cadeia de Custódia, em que é


auditada desde a extração da matéria-prima até o produto final, permitindo
assim agregação de valor à cadeia. Essa mesma certificação foi feita em grupo, e
não individualmente por cooperado, que repartiu os custos de aquisição do selo.
Atualmente a Comaru possui 30 áreas certificadas de 24 coo­perados, totalizando
uma área total de 23.330 hectares.

FONTE: Disponível em: <http://www2.espm.br/sites/default/files/natura_ekos.pdf>. Acesso em:


8 mar. 2018.

LEITURA COMPLEMENTAR 2

AGREGAÇÃO DE VALOR NA CADEIA PRODUTIVA DO COCO


VERDE: O CASO PÓS-COCO

Maria Flávia de Figueiredo Tavares

A Pós-Coco é uma empresa que atua na reciclagem de coco verde e que busca agregar
valor desenvolvendo produtos sustentáveis, e ao atuar no reaproveitamento de
resíduos sólidos, pretende contribuir na questão do problema do lixo na cidade
de São Paulo. O reaproveitamento de resíduos sólidos originados dos diferentes
processos industriais vem recebendo mais atenção nos últimos anos, sendo que
estes resíduos envolvem significativas quantidades de materiais, que são fontes
de matéria-prima orgânica e que podem ser reaproveitadas e utilizadas na
fabricação de outros produtos. A seguir será mostrado um panorama da cadeia
produtiva do coco verde e depois o histórico da empresa Pós-Coco, objeto de
estudo deste trabalho.

108
TÓPICO 3 | CERTIFICAÇÃO COMO AGREGAÇÃO DE VALOR

Introdução

Dadas as exigências do consumidor final, é necessária uma visão sistêmica


ou de agribusiness. Ao contrário da abordagem dentro de um segmento, ou na
indústria, ou na agricultura, por exemplo, uma visão sistêmica é a somatória
de ações desempenhadas pelos agentes, monitorados pelo governo e sob a
pressão exercida pelos consumidores, que vai garantir o pleno atendimento das
necessidades do consumidor. O sistema precisa estar devidamente coordenado e
monitorado verticalmente (SPERS, 1993).

Sistema Agroindustrial (SAG) do Coco Verde

Visão sistêmica

O SAG do coco verde é apresentado abaixo, sendo que se inicia com o setor
dos fornecedores de insumos, em que fazem parte os fornecedores de sementes
de coco, de calcário, de adubos, defensivos agrícolas, fertilizantes, máquinas
agrícolas etc. Os agricultores representados no elo seguinte são os responsáveis
pela produção agrícola e são muito importantes no sistema como um todo.

A seguir estão os processadores que representam o segmento responsável


pelo beneficiamento do produto in natura, processando e envasando a água de
coco e também beneficiando outros subprodutos do coco verde.

No elo relacionado ao varejo estão as redes de supermercados e os pontos


de vendas que estão diretamente relacionados com o consumidor final, que está
cada vez mais atento a questões como sustentabilidade e origem do produto, que
agregam valor ao produto.

Figura 1: Sistema Agroindustrial do Coco Verde

Ambiente Organizacional: Organizações Públicas e Privadas, Pesquisa,


Financeiras, Cooperativas

Dando apoio a todos estes setores estão o aparato legal, as instituições


de pesquisa (EMBRAPA), as cooperativas, o setor de transportes, tecnologia,
comunicação, publicidade, bancos, o governo, universidades etc.

109
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

Mercado do Coco Verde

O cultivo de coco ocorre em aproximadamente 90 países, é uma cultura


típica de clima tropical e originada no Sudeste asiático, sendo que os maiores
produtores mundiais são Filipinas, Indonésia e Índia. Segundo a Embrapa, entre
1985 e 2001 a área colhida de coco no Brasil passou de 166 mil hectares em 1985
para 266 mil hectares em 2001, e é possível observar que houve um deslocamento
das áreas tradicionais de produção de coco em direção às demais regiões do país,
principalmente para o Norte e Sudeste (vide Figura 2).

Figura 2: Produção Brasileira de Coco Por Região

Região % de Produção % de área colhida Rendimento/ha

1985 2001 1985 2001 1985 2001

Nordeste 94,4 71,2 96,2 87,6 3.354 4.070

Norte 3,8 14,8 2,3 7,7 5.642 9.692

Sudeste 1,8 14,0 1,5 4,7 4.207 14.869

Fonte: Embrapa, baseado em dados do IBGE (2002)

O aumento significativo no percentual de produção e principalmente


do rendimento por hectare, observado para estas regiões, pode ser atribuído à
utilização da variedade Anã Verde que se caracteriza por uma maior produção de
frutos por hectare. Esta é uma variedade mais apropriada para indústrias, pois a
sua água é mais doce e possui uma maior quantidade de água do que as outras
variedades.

No Brasil, cerca de 85% da produção nacional de cocos verdes é


comercializada como coco seco, sendo que a metade é utilizada para fins
culinários e o resto é industrializado, gerando vários produtos como leite, sabão,
óleo etc. Aproximadamente 15% da produção é utilizada na extração de água de
coco verde (SENHORAS, 2007).

Segundo o Sindicato dos Produtores do Coco Verde, apenas 1,4% do


consumo no mercado de refrigerantes e bebidas era relativo ao consumo de água
de coco verde. De acordo com a Associação das Indústrias de Refrigerantes e
de Bebidas Não Alcoólicas (ABIR), o Brasil movimentou cerca de 60 milhões de
litros de água de coco em 2008, tendo um consumo per capita anual de 310 ml, e o
baixo consumo demonstra o forte potencial de crescimento do mercado nacional.
Também se verificou que o segmento cresceu a uma taxa superior (14%) ao de
bebidas prontas (9%), mas vem aumentando a quantidade de resíduos do coco
verde, que são enterrados em lixões gerando muitos problemas ao meio ambiente.

110
TÓPICO 3 | CERTIFICAÇÃO COMO AGREGAÇÃO DE VALOR

Reutilização de Resíduos

O reaproveitamento de resíduos sólidos originados dos diferentes


processos industriais vem recebendo mais atenção nos últimos anos, sendo que
estes resíduos envolvem significativas quantidades de materiais, que são fontes
de matéria-prima orgânica e que podem ser reaproveitadas e utilizadas na
fabricação de outros produtos. O aumento cada vez mais crescente no consumo
de água de coco verde está levando a um aumento de resíduos, que corresponde
a 85% do peso do fruto (SENHORAS, 2004).

Cada vez mais é possível observar, especialmente em relação às novas


gerações, o respeito ao meio ambiente e o desenvolvimento de tecnologias limpas,
e a questão da reutilização de resíduos passou a ser vista como uma oportunidade
de mercado e também de lucro.

De acordo com Senhoras (2004), os eco-produtos representam um mercado


promissor e também um nicho de mercado, que está relacionado ao conceito de
qualidade de vida e também a um produto ecologicamente viável. Os resíduos
do coco verde causam para a sociedade muitos custos de descarte e trarão muitas
oportunidades de renda e de trabalho, se forem aproveitados dentro da cadeia
produtiva do coco verde.

Problemas e Benefícios

• O problema de espaço nos aterros sanitários já é uma realidade.


• Um coco demora em média 12 anos para se decompor.
• Crescimento de cerca de 6% ao ano de lixo de resíduos sólidos.
• Atualmente, apenas 1% do lixo gerado é reciclado.
• A cada 125 cocos, economiza-se 1 metro cúbico de espaço nos aterros sanitários.
• A reciclagem de lixo gera empregos e proporciona maior distribuição de renda.
• Em alguns casos, o custo é menor com a utilização de produtos recicláveis na
indústria de transformação.
• Produto substituto ao xaxim, hoje com comercialização proibida.

Agregação de Valor na Cadeia do Coco Verde

De acordo com Araújo (2005), “agregação de valor significa a elevação


de preços de um produto em decorrência de alguma alteração em sua forma ou
apresentação, tanto do produto in natura como industrializado, dentro de cada
nível da produção, da agroindustrialização e comercialização”.

O coco verde, por ser um material ecológico e reciclável, pode ser utilizado
na fabricação de vários produtos, sendo que possui como principais componentes
a celulose e o lenho, que proporcionam altos índices de dureza e rigidez. Estas
suas propriedades contribuem para que ele seja utilizado como revestimento
térmico e acústico, como combustível para caldeiras, na confecção de tapetes,
capachos etc. A seguir, são apresentados outros usos para o resíduo de coco verde
(vide Figura 3) e que resultam em produtos com um maior valor agregado.

111
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO

Figura 3: Principais usos do resíduo de coco verde

Residencial Construção Civil


13% 0%

Automotivo Fibra, Pó e
13% Substrato
37%

Jardinagem
37% Agricultura
6%

Fonte: Sindicato dos produtores de coco verde

Existe uma preocupação mundial com o conceito de sustentabilidade


e é preciso fortalecer ações ambiental e socialmente corretas, mas que sejam
economicamente viáveis (NEVES; CASTRO, 2007).

A empresa Pós-Coco

A Pós-Coco é uma empresa de reciclagem de resíduos sólidos do coco


verde, com sede na cidade de São Paulo e atua em todas as etapas do processo de
reciclagem: coleta, transporte, usinagem e venda. A empresa possui parceria com
uma empresa de Santos (SP) e com uma do Estado do Espírito Santo para realizar
a venda em conjunto de seus produtos.

Produtos

Os produtos reciclados da Pós-Coco (fibra e substrato) substituem


produtos oriundos de fontes não sustentáveis e são biodegradáveis, além de
serem produzidos com alta tecnologia:

• Fibra: flexível, resistente, com alta durabilidade, isolante térmico e acústico,


biodegradável. É menos volumosa que peças de espuma, possui tanino natural
de fibra de coco (fungicida) inibindo a formação de fungos e ácaros. É utilizada
em diversas aplicações (acomodação de mercadorias, objetos de decoração e
jardinagem, cobertura de plantas, enchimento de assentos etc.). Atua como
substituto para xaxim, palha, isopor, almofadas de ar.

• Substrato: base para substrato agrícola e de grande aplicação, cuja principal


função é de ajudar na retenção de umidade para absorção das raízes dos
vegetais. É utilizada na germinação de sementes, substituição de solo na
produção de mudas, no cultivo vegetal e viveiros.

112
TÓPICO 3 | CERTIFICAÇÃO COMO AGREGAÇÃO DE VALOR

O Ceagesp fornece para a empresa o coco consumido por seus


frequentadores (cerca de 50 mil cocos por mês), mas a empresa busca fornecedores
em vendedores em feiras, parques, sacolões e mercados municipais. A casca do
coco verde não é vendida e a empresa depende de parcerias com os fornecedores,
que têm responsabilidade sobre a destinação da casca.

A Pós-Coco está investindo em parcerias com universidades e instituições


de pesquisa para o desenvolvimento de novos produtos a partir dos resíduos do
coco verde. A empresa pretende contribuir na resolução dos problemas do lixo na
cidade de São Paulo, pois o que fazer com cerca de 2 milhões e 80 mil cocos que
passam pelo Ceagesp por mês e também com 1 milhão de cocos clandestinos?
FONTE: Disponível em: <http://www2.espm.br/sites/default/files/pos-coco.pdf>. Acesso em: 15
dez. 2017.

113
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você estudou que:

• A questão do agronegócio sustentável do pequeno agricultor tem uma produção


em menor escala e pode agregar valor a sua produção. As certificações são
uma maneira de agregar valor ao produto e conseguir um preço melhor em
relação ao produto convencional.

• Entre as certificações que você estudou, podemos citar a certificação de


orgânicos, comércio justo (fair trade) e Certificação FSC, sendo que foram
apresentados casos reais de empresas que trabalham com estas certificações,
como a Natura, Ecocitrus e Ben & Jerry’s.

• A certificação fair trade assegura aos seus consumidores que foi pago um
preço justo e um prêmio social que contribui para aumentar o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) da região que produz a mercadoria.

• Quando se fala de produção, não podemos nos esquecer do mercado


consumidor, pois atualmente está ocorrendo um aumento do consumo
saudável, em que o consumidor se preocupa com a origem e a qualidade dos
alimentos e dos produtos, além de se preocupar em conhecer a postura das
empresas em relação à responsabilidade social e ambiental.

114
AUTOATIVIDADE

1 Em países como os Estados Unidos e União Europeia, a origem dos


alimentos é muito importante. No Brasil, você acha que o consumidor,
em geral, está preocupado com a origem e a qualidade ética do produto?
Justifique a sua resposta.

2 Com relação à certificação fair trade e comércio solidário, é correto afirmar que:

a) ( ) Geralmente, o preço determinado para este tipo de produto está


abaixo do preço de mercado.
b) ( ) A proposta do comércio solidário é baseada em princípios básicos,
como justiça social, transparência, preço justo, solidariedade,
desenvolvimento sustentável, respeito ao meio ambiente, transferência
de tecnologia e aumento da renda dos produtores.
c) ( ) O consumidor não está preocupado em relação aos produtos
alimentícios e à sustentabilidade, o que importa é o preço.
d) ( ) Não existe um controle em relação a todos os aspectos da
sustentabilidade das empresas que usam a certificação fair trade.
e) ( ) A certificação fair trade é usada apenas para produtos alimentícios.

115
116
UNIDADE 3

DESAFIOS DO
AGRONEGÓCIO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer os principais direcionadores do agronegócio brasileiro e mundial;

• refletir como estes direcionadores influenciarão nas cadeias produtivas globais,

• conhecer o problema das perdas e o desperdício ao longo dos sistemas


agroindustriais.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO: FATORES SOCIAIS


E ECONÔMICOS

TÓPICO 2 – DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL: FATO-


RES RELACIONADOS À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

TÓPICO 3 – PERDAS E DESPERDÍCIO NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL

117
118
UNIDADE 3
TÓPICO 1

DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO:
FATORES SOCIAIS E ECONÔMICOS

1 INTRODUÇÃO
O agronegócio está em constante transformação, por isso muitas
tecnologias vêm surgindo e outras vão ficando para trás. Os pesquisadores se
dedicam a estudar quais serão as tendências no futuro, qual será o cenário daqui
a 10 ou 30 anos.

De acordo com PWC (2012), os principais direcionadores do agronegócio


mundial são:

• crescimento da população;
• crescimento da urbanização;
• crescimento e melhoria da distribuição da renda;
• mudanças no padrão de consumo;
• volatilidade dos preços;
• bioenergia;
• sustentabilidade e segurança dos alimentos;
• biotecnologia.

A seguir será feito um detalhamento desses direcionadores do


agronegócio brasileiro e mundial.

2 CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO
A Organização das Nações Unidas divulgou no documento 2014
Revision of World Urbanization Prospects (Revisão  das  Perspectivas de
Urbanização Mundial de 2014), que até o ano de 2050 a população crescerá de 7
bilhões para 9 bilhões de habitantes. Para atender a este aumento da população,
a ONU fez uma previsão de aumento de 70% na produção de alimentos e ração
para animais, mas também será necessário aumentar a produção de fibras para a
produção de roupas (ONU, 2014).

Nos próximos anos, o mundo enfrentará grandes desafios, como a escassez


de água potável e o aquecimento global, e será preciso conscientizar a população
para evitar perdas e desperdícios. Também será necessário conter o êxodo rural,
pois os jovens agricultores estão preferindo morar nas cidades, já que as mesmas
oferecem mais opções de trabalho, lazer e tecnologia.
119
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

DICAS

No cenário de 2050, estimado pela Organização das Nações Unidas para a


Agricultura e Alimentação (FAO), as nações da Ásia e da África subsaariana abrigarão 60%
da população do planeta. De acordo com o Programa Alimentar Mundial da ONU, o Iêmen
vive uma das maiores emergências humanitárias da história: o país sofre uma guerra civil
desde 2015 e a sua população está morrendo devido a uma enorme epidemia de cólera.
A ONU estima que a população do Iêmen sofrerá a “maior fome que o mundo já viu em
décadas, com milhões de vítimas”. Para saber mais, leia o artigo na íntegra, disponível em:
<https://nacoesunidas.org/iemen-podera-passar-por-maior-fome-que-mundo-ja-viu-em-
decadas-com-milhoes-de-vitimas/>.

Então, como resolver isso? Como produzir mais, de maneira sustentável,


considerando que os recursos naturais, como a água e a terra, são escassos? É
preciso também considerar que estão ocorrendo mudanças climáticas e cada vez
mais é necessário agregar produtividade ao agronegócio, que precisa produzir
muito mais alimentos sem aumentar a fronteira agrícola, além de preservar o
meio ambiente.

O agronegócio precisará investir mais em tecnologia e inovação. Nas


últimas quatro décadas, a incorporação de novas técnicas agrícolas provocou
um verdadeiro salto de eficiência no setor. Até os anos 1970, a produtividade
média da soja era menor que 2 toneladas por hectare, hoje chega a 4,7 toneladas
(GASQUES, 2017).

O quadro a seguir mostra o crescimento em produtividade de algumas


commodities no Brasil e no mundo no período 1990 a 2013:

QUADRO 4 – CRESCIMENTO EM PRODUTIVIDADE (%)

Commodity Mundo Brasil


Milho 17 73
Arroz 8 30
Sorgo -0,7 49
Algodão 23 49
Trigo 11 8
FONTE: Adaptado de USDA (s.d.)

De acordo com o estudo Special Issue on The Brazilian Agri-food Sector,


publicado em 2017 pela Eurochoice, no período de 2006 a 2010, o rendimento
da agropecuária aumentou 4,28% ao ano no Brasil, seguido pela China (3,25%),

120
TÓPICO 1 | DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO: FATORES SOCIAIS E ECONÔMICOS

Chile (3,08%), Japão (2,86%), Argentina (2,7%), Indonésia (2,62%), Estados Unidos
(1,93%) e México (1,46%) (EUROCHOICE, 2017).

O quadro a seguir apresenta a comparação entre a produtividade brasileira


do café, soja, carne bovina, carne de frango, açúcar e milho, no período de 1996
a 2015:

QUADRO 5 – BRASIL: COMPARAÇÃO ENTRE A PRODUTIVIDADE DE COMMODITIES GRÍCOLAS


NO PERÍODO DE 1996 A 2015

Produção em 1996 Produção em 2015 % aumento


Produto
(milhões de ton.) (milhões de ton.) 2015-1996

Açúcar 13,6 37 172

Café 1,3 2,6 100

Soja 21,5 95,6 344

Carne bovina 207,0 310 50

Carne de frango 54,6 107 96

Milho 22,6 76,2 200

FONTE: Adaptado de USDA (s.d.)

Após observar o quadro anterior, façamos uma pergunta: Qual seria o


motivo para este aumento de produtividade?

Segundo o MAPA (2007), a produtividade das lavouras brasileiras


aumentou devido ao uso de três tecnologias consideradas essenciais pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). De acordo com Gasques (2017),
são elas:

• viabilização da segunda safra de verão (safrinha);


• resistência genética às principais doenças;
• plantio direto na palha.

O aumento da produtividade agrícola tem sido a forma encontrada para


suprir as necessidades crescentes de alimentos em todo o mundo. No período
de 1975 a 2015, a taxa média de crescimento da produtividade agropecuária no
Brasil foi de 3,58% (GASQUES, 2017).

121
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

3 DESLOCAMENTO DO PODER ECONÔMICO GLOBAL


A previsão do crescimento do Produto Interno Bruto das sete economias
emergentes para 2050 (Brasil, China, Rússia, Índia, Indonésia, México e Turquia),
atingirá, aproximadamente, o dobro do valor do crescimento dos países do
G7 (Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido)
(NOLAN, 2016).

A Índia já é considerada uma das potências mundiais em 2050, e conforme


podemos observar na figura a seguir, o crescimento da Índia será maior do que da
China, do Brasil e da Rússia:

FIGURA 62 – POTENCIAL DE CRESCIMENTO DA ÍNDIA EM RELAÇÃO AOS OUTROS


PAÍSES DOS BRICS

India Shows Most Rapid Growth Potential


real GDP of the BRICS
growth (%yoy)
9%

8%

7%

6%

5%

4%

3% Brazil
2% China
India
1%
Russia
0%
2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050

FONTE: Almeida (2009, s.p.)

A Índia é predominantemente uma economia agrária, a agricultura


contribui com cerca de 17% do PIB da Índia e cerca de 60% das famílias rurais
dependem da agricultura e das indústrias associadas. Apesar de possuir a segunda
maior quantidade de terras aráveis do mundo (160 milhões de hectares), ficando
atrás dos EUA, a Índia está muito atrás de alguns países desenvolvidos, bem como
em desenvolvimento e em termos de produtividade (MITCHELL et al., 2018).

A baixa produtividade no setor é o resultado de vários desafios estruturais,


incluindo a grande dependência de águas pluviais para irrigação; possui pequenas
122
TÓPICO 1 | DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO: FATORES SOCIAIS E ECONÔMICOS

propriedades de terras e falta de acesso à tecnologia e informações em tempo real


(MITCHELL et al., 2018).

Cerca de 70% das famílias agrícolas na Índia (principalmente pequenos


agricultores com terrenos médios de menos de um hectare) lutam para pagar
os empréstimos e dependem destes para suas atividades agrícolas (MITCHELL
et al., 2018).

A demanda por alimentos na Índia está crescendo e essa tendência


provavelmente continuará à medida que os rendimentos disponíveis aumentarem e
as mudanças nos padrões de consumo favorecem os alimentos com valor agregado.

No entanto, a oferta é limitada pelos baixos ganhos de produtividade na


maioria das culturas, pela quantidade de terra arável, pelos efeitos de mudanças
climáticas e ineficiências inerentes à cadeia de suprimentos que levam ao
desperdício. Também vem sendo reduzida a mão de obra disponível no campo
agrícola, o que acaba piorando a situação (MITCHELL et al., 2018).

NOTA

Você sabia?

BRICs

De onde vem a sigla?


A sigla surgiu de um trabalho exploratório feito por economistas do banco de investimentos
Goldman Sachs – Jim O’Neill, Dominic Wilson e Roopa Purushothaman – sobre a economia
mundial até 2050.

Origem do nome
Buscava apresentar a ideia de novos fundamentos-bricks (tijolos) da futura economia
mundial em meados do século XXI.

O que diz o estudo dos BRICs?


Nos próximos 50 anos, as economias do Brasil, Rússia, Índia e China podem tornar-se uma
força importante na economia mundial. O estudo mapeia o crescimento do PIB, da renda
per capita e os movimentos monetários dos BRICs até 2050.

Os resultados do estudo são significativos


Se tudo der certo, em menos de 40 anos os BRICs poderão ser, conjuntamente, maiores
do que o G6 (G7 menos Canadá). Em 2025, eles poderão totalizar mais da metade do
tamanho do G6. Do G6 atual, apenas EUA e Japão continuarão entre as seis maiores
economias em 2050.

FONTE: Adaptado Almeida (2009)

123
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

Índia e Brasil compartilham estratégias de desenvolvimento muito


similares: política de Substituição de Importações (SI) (1950-80) e liberalização a
partir dos anos 1990. Na Índia, a responsabilidade fiscal facilitou a mudança de
estratégia (inflação, juros), a intervenção do Estado foi mais ampla e duradoura
e encontrou novas oportunidades de crescimento de serviços de Tecnologia da
Informação (ALMEIDA, 2009).

O legado da Substituição de Importações garantiu uma massa crítica de


capital humano, tanto no país (India Institutes of Technology) como no exterior,
e o país teve um crescimento sem mistérios: elevadas taxas de investimento e
poupança aliadas a um rápido crescimento da produtividade (ALMEIDA, 2009).

Com relação ao agronegócio, a Índia tem como meta aumentar as


exportações de produtos agrícolas e também controlar as importações, permitindo
a entrada de produtos que não são produzidos no país. O país é escasso em
recursos hídricos e, o que possui de solo fértil, não é suficiente para produzir
alimentos (AGROANALYSIS, 2008).

A sua produção agrícola é baseada em produtos de subsistência, os lotes


de terras são distribuídos pelo Governo e não podem ser vendidos ou arrendados.
Nestas terras utilizam máquinas defasadas para o plantio e colheita de produtos
destinados à alimentação do dia a dia (AGROANALYSIS, 2008).

O Governo indiano está preocupado com o aumento da renda da


população, que vem crescendo e que passará a demandar mais alimentos. Para
enfrentar esse cenário, o Ministério da Agricultura da Índia concederá mais
subsídios para a compra de insumos agrícolas, como sementes, irrigação e
plantio. Também incentivará a adoção de tecnologia por parte do produtor, com
o objetivo de aumentar a produtividade, e continuará implementando o sistema
de preços mínimos. Na cesta de produtos protegidos pelo preço mínimo estão os
cereais para alimentação, feijão, açúcar e algodão (AGROANALYSIS, 2008).

Devido às questões religiosas, a carne de vaca não é consumida pela


população indiana, mas a produção de carne de búfalo vem crescendo, sendo
que cerca de um quarto de toda a produção é exportada. Os indianos também
consomem carne de frango e peixes, mas os especialistas já preveem que, no futuro,
a carne de vaca também será consumida, pois a nova geração não está seguindo
os preceitos religiosos de não comer este tipo de carne (AGROANALYSIS, 2008).

4 URBANIZAÇÃO ACELERADA
De acordo com a ONU, metade da população mundial (3,5 bilhões de
pessoas) vive nas cidades, e estima-se que ocorra um aumento para 66% em
2050. Cerca de 828 milhões de pessoas vivem em favelas e o número continua
aumentando. Segundo as estimativas, a urbanização associada ao crescimento

124
TÓPICO 1 | DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO: FATORES SOCIAIS E ECONÔMICOS

da população mundial poderá deslocar mais de 2,5 milhões de pessoas para as


cidades, concentrando um crescimento de cerca de 90 por cento na Ásia e na
África (ONU, 2015).

Neste mesmo relatório da ONU, em 2030 cerca de 9% da população


mundial viverá em megacidades (áreas urbanas com 10 milhões de habitantes ou
mais) localizadas nos continentes asiático, africano e também na América (ONU,
2015). No caso do Brasil, continuará havendo apenas duas megacidades, São
Paulo e Rio de Janeiro, que concentrarão quase 38 milhões de pessoas.

NOTA

As cidades no mundo ocupam somente 2% de espaço da Terra, mas em


contrapartida utilizam 60 a 80% do consumo de energia e provocam 75% da emissão de
carbono. A rápida urbanização está exercendo pressão sobre a oferta de água potável, de
esgoto, do ambiente de vida e saúde pública, mas a alta densidade dessas cidades pode
gerar ganhos de eficiência e inovação tecnológica enquanto reduzem recursos e consumo
de energia.

As cidades podem melhorar a distribuição de energia ou de otimizar sua eficiência por meio
da redução do consumo e adoção de sistemas energéticos verdes. Por exemplo, a cidade
de Rizhao, na China, transformou-se em uma cidade abastecida por energia solar. Em seus
distritos centrais, 99% das famílias já usam aquecedores de água com energia solar.

FONTE: ONU (2015). Disponível em: <https://nacoesunidas.org/conheca-os-novos-17-


objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-da-onu/>. Acesso em: 20 fev. 2018.

A maioria da população mundial estará vivendo em áreas urbanas por


volta de 2030; serão necessárias adaptações e modernas técnicas de produção
agrícola, e também de logística, para conseguir atender à população urbana
(CHINA STATISTICAL YEARBOOK, 2015).

4.1 DESINTERESSE DO JOVEM EM FICAR NO CAMPO


Segundo uma pesquisa realizada por Ferrari et al. (2004), os jovens que
moram na zona rural não consideram a profissão de agricultor quando pensam
em seus projetos de vida, e esta realidade ocorre geralmente entre os adolescentes
de 13 a 18 anos, em especial, as mulheres. Elas buscam trabalho fora da agricultura
e querem encontrar na cidade a sua realização profissional.

Este é um grande problema que o agronegócio brasileiro e mundial


enfrenta, e existe uma preocupação das cooperativas de produtores rurais em
promover cursos de qualificação, que estimulem a permanência destes jovens no
campo.

125
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

5 VOLATILIDADE DOS PREÇOS


A volatilidade é a medida do risco de um mercado dos preços, é a variável
utilizada para quantificar os efeitos de risco sobre os preços dos contratos futuros e
de opções e medir o nível de oscilação de um mercado. Um mercado calmo possui
volatilidade baixa, já um mercado incerto possui volatilidade alta. Os preços
das commodities agrícolas podem ser afetados por fatores como a sazonalidade
da produção, descasamento entre oferta e demanda, taxa de câmbio e ação dos
fundos de hedge (TAVARES, 2009b).

A volatilidade dos mercados leva produtores e consumidores de


commodities a fazerem hedge para poderem administrar o risco do mercado,
e também estão incluídos neste grupo os Fundos de Investimentos, que são
especuladores cuja participação no mercado é fator importante no processo de
definição dos preços internacionais (TAVARES, 2009b).

Os fundos de investimento mais importantes são os fundos hedge e os


fundos de commodities, geralmente este grupo é formado por agentes econômicos
à procura de um rápido ganho de preço. Os fundos hedge ocupam um nicho
importante no mercado, fornecem liquidez para o mercado de capitais e assumem
posições especulativas.

Para os fundos hedge, a commodity agrícola é vista como um ativo financeiro


e eles utilizam sofisticadas estratégias de negociação que o investidor comum não
entende (TAVARES, 2009b).

A figura a seguir mostra a volatilidade dos preços do complexo soja (soja


em grão, óleo e farelo de soja) na Chicago Mercantile Exchange (CME), no período de
2000 a 2016. Podemos observar que a volatilidade, ou seja, a variação dos preços,
foi maior em abril de 2008, período em que ocorreu a crise mundial nos derivativos:

FIGURA 63 – VOLATILIDADE HISTÓRICA MENSAL DO COMPLEXO SOJA

FONTE: CME (2016, p. 5)

126
TÓPICO 1 | DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO: FATORES SOCIAIS E ECONÔMICOS

5.1 FATORES QUE AFETAM OS PREÇOS DAS


COMMODITIES AGRÍCOLAS
Entre os fatores que influenciam os preços das commodities estão os
relacionados à oferta e à demanda. Atualmente observa-se que, além desses
fundamentos do mercado, é preciso também considerar a atuação dos fundos de
investimentos.

Os fatores relacionados à oferta são:

• Mudanças na produção: causadas por secas, geadas, doenças.


• Barreiras comerciais.
• Níveis dos estoques.
• Guerras.
• Políticas de subsídio dos governos.

Os fatores relacionados à demanda são:

• Ciclos econômicos que afetam o poder de compra dos consumidores (preços


baixos estimulam a demanda).
• Crescimento industrial.

Os derivativos podem ser uma ferramenta importante na gestão de risco


de preço das mercadorias e, de maneira integrada ao mercado físico, fazem
parte de um processo que engloba produção, processamento, comercialização,
consumo e financiamento. A produção agrícola defronta-se com situações de
vários tipos de riscos, os quais acrescentam instabilidade para toda a cadeia
produtiva (TAVARES, 2006).

Os mercados futuros apresentam uma alternativa para a diminuição dos


riscos de preços, permitindo um melhor planejamento e possibilidade de aumento
de competitividade das cadeias. As principais funções dos mercados futuros e de
opções são:

• proteção do risco de preços;


• sinalizador do preço futuro;
• alternativa de investimento.

Derivativos podem ser conceituados como contratos que possuem valores


e características de negociação que estão vinculadas aos ativos usados como
referência. São ativos financeiros cujo valor é dependente dos valores de outras
variáveis básicas, pois o preço do ativo é derivado de outro (TAVARES, 2006).

127
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

No mercado financeiro, a expressão “derivativos” vem sendo empregada


para designar os contratos futuros a termo de opções e swaps, sendo que os
contratos futuros e de opções são negociados em bolsas, mas os contratos a termo
swaps, e diversos tipos de opções, são negociados de maneira legal fora das bolsas,
em mercados conhecidos como de balcão (TAVARES, 2006).

Swaps são acordos entre as partes negociantes visando à troca de fluxos de


caixas futuros na mesma moeda ou em moedas diferentes e, geralmente, este tipo
de negociação ocorre a médio prazo (TAVARES, 2006).

128
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você estudou que:

• Os principais direcionadores do agronegócio brasileiro e mundial são:


crescimento da população; crescimento da urbanização; crescimento e melhoria
da distribuição da renda; mudanças no padrão de consumo; bioenergia;
sustentabilidade, segurança dos alimentos e biotecnologia.

• O direcionador que se refere à volatilidade dos preços das commodities agrícolas


(que são formados nas bolsas de mercadorias, como a Chicago Mercantile
Exchange), sofrem influência de diversos fatores de oferta e demanda e também
são influenciados pela participação dos fundos de investimento que atuam
como especuladores, aumentando a volatilidade dos preços.

• Dentre esses direcionadores, podemos observar que alguns como o crescimento


da população, crescimento da urbanização, crescimento e melhoria da
distribuição da renda e mudanças no padrão de consumo, estão relacionados
com mudanças no perfil da população e no crescimento populacional.

• Esses direcionadores mostram que ocorrerão mudanças no mundo e que


precisaremos nos adaptar, para garantirmos a sustentabilidade nos seus três
aspectos: ambiental, social e econômico.

129
AUTOATIVIDADE

1 De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU, 2015), o aumento


da expectativa de vida e o avanço da biomedicina levará a um aumento da
população mundial, que aumentará das atuais 7 bilhões de pessoas para
mais de 9 bilhões até 2050. Sobre esta afirmativa, é correto afirmar que:
FONTE: Adaptado de ONU (2015)

a) ( ) O agronegócio não precisará fazer mais investimentos em tecnologia


e inovação, pois nas últimas quatro décadas o país avançou muito
nesses aspectos.
b) ( ) Será preciso produzir alimentos e evitar produzir biocombustíveis.
c) ( ) Os países que mais aumentarão a sua produção serão o México e a
Argentina.
d) ( ) O aumento da população agravará um problema já existente, que é a
fome mundial.
e) ( ) O mundo tem muitos alimentos em estoque e não precisaremos
produzir mais.

2 De acordo com a ONU (2015), mais de 50% da população mundial vive em


áreas urbanas e estima-se que ocorra um aumento para 66% em 2050. Sobre
esta afirmativa, é correto afirmar que:
FONTE: Adaptado de ONU (2015)

a) ( ) A maioria da população mundial estará vivendo nas zonas rurais por


volta de 2030.
b) ( ) Os jovens são incentivados pelo Governo a permanecerem na zona rural.
c) ( ) No caso do Brasil, continuará havendo apenas duas megacidades, São
Paulo e Rio de Janeiro, que concentrarão quase 38 milhões de pessoas.
d) ( ) Haverá um crescimento da população, cerca de 90 por cento estará
concentrada na Alemanha e Itália.
e) ( ) Não existe uma preocupação das cooperativas de produtores rurais
em promover cursos de qualificação que estimulem a permanência
dos jovens no campo.

130
3 Com relação à volatilidade dos preços agrícolas, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) Um mercado calmo possui volatilidade alta, já um mercado incerto


possui volatilidade baixa.
b) ( ) Os fundos hedge e os fundos de commodities não provocam nenhum
efeito no mercado.
c) ( ) A volatilidade é a medida do risco de mercado dos preços, é a
variável utilizada para quantificar os efeitos de risco sobre os preços
dos contratos futuros e de opções e medir o nível de oscilação de um
mercado.
d) ( ) A produção agrícola não sofre nenhum tipo de risco, é tudo muito
seguro.
e) ( ) Os preços mundiais da soja são formados na Bolsa de Commodities da
França.

131
132
UNIDADE 3
TÓPICO 2

DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO
MUNDIAL: FATORES RELACIONADOS À
INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

1 INTRODUÇÃO
Segundo Nolan (2016), para alimentar uma população mundial de 8,3
milhões de pessoas, serão necessários 50% mais energia, 40% mais água e 35%
mais alimentos. Para resolver este dilema causado pela escassez de recursos, é
necessário muito investimento em tecnologias agrícolas, que deverão produzir
mais com menos recursos.

Podemos citar, como exemplo, o melhoramento genético de sementes, ou


então o caso da empresa de biotecnologia dos EUA, que está utilizando cogumelos
com o objetivo de retirar o amargor das sementes de cacau, possibilitando a
produção do chocolate com menos açúcar (NOLAN, 2016). Segundo este autor,
atualmente o agronegócio enfrenta diversos desafios, entre eles está o fato de
que as inovações precisam de um tempo para serem aceitas, mas ainda há uma
grande resistência em relação às sementes transgênicas.

2 BIOTECNOLOGIA
Quando se fala em tecnologia, não podemos deixar de abordar a questão
da inovação, pois inovação e conhecimento são fatores fundamentais para que
ocorra uma agricultura competitiva e sustentável.

2.1 SEMENTES GENETICAMENTE MODIFICADAS (GM)


Uma questão polêmica refere-se à tecnologia das sementes geneticamente
modificadas (GM), mas hoje os transgênicos são uma ferramenta fundamental
para a agricultura de commodities brasileira e mundial.

De acordo com Paolinelli (2014), a pesquisa e o desenvolvimento de novas


variedades GM mostram que novas culturas também podem se beneficiar dessa
tecnologia, como a cana-de-açúcar e frutas cítricas.

133
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

A Embrapa desenvolveu um feijão transgênico resistente a uma praga


que assola a produção dessa leguminosa em muitas regiões do mundo. No Brasil,
a produção de feijão é caracterizada por significativa participação da agricultura
familiar. Com esta semente à disposição, o produtor vai lançar mão de uma
tecnologia de ponta para resolver questões agronômicas.

3 URBAN FARM
A urbanização vai acelerar o crescimento da agricultura nas cidades (urban
farm), mas também precisa melhorar os sistemas de distribuição de alimentos. Este
novo sistema de produção necessitará de um número menor de trabalhadores, e
estas fazendas verticais utilizarão 95% menos água e produzirá 75 vezes mais que
o modelo tradicional de produção.

A seguir é mostrado um projeto em New Jersey que terá uma área de 6500
m², 9 metros de altura e produzirá, por ano, 900 toneladas de alface, rúcula, couve
e outras verduras:

FIGURA 64 – FAZENDA VERTICAL NOS EUA

FONTE: Disponível em: <http://gizmodo.uol.com.br/video-maior-fazenda-vertical/>.


Acesso em: 4 jan. 2018.

DICAS

Assista ao vídeo que mostra as fazendas urbanas.


Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?time_continue=29&v=-_tvJtUHnmU>.

134
TÓPICO 2 | DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL: FATORES RELACIONADOS À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

Estes métodos inovadores de produção reduzirão custos e criarão


recursos mais sustentáveis, em que a biotecnologia fará parte do cotidiano das
propriedades rurais. Podemos citar também, a exemplo de inovações tecnológicas
que melhorarão o rendimento e a produção de alimentos, a fazenda de vegetais
da Panasonic, que está localizada em um armazém discreto em Cingapura.

FIGURA 65 – FAZENDA URBANA DA PANASONIC

FONTE: Disponível em: < http://www.businessinsider.sg/panasonic-indoor-farm-


photos-2017-2/>. Acesso em: 4 jan. 2018.

A produção da primeira fazenda interna da Panasonic foi de cerca de 80


toneladas de verduras por ano. Os 20 trabalhadores da fazenda colocam redes
de cabelo, máscaras faciais, luvas e roupas de segurança antes de manipular os
produtos. A produção atual é de 40 tipos de colheitas no armazém, incluindo
o mini radiche vermelho, mini radiche branco, alface mizuna, acelga, alface
romaine e acelga do arco-íris.

FIGURA 66 – FAZENDA INTERNA DA PANASONIC

FONTE: Disponível em: <http://www.eco-business.com/news/panasonic-ventures-into-farming-


in-singapore/>. Acesso em: 4 jan. 2018.

135
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

Outras empresas de tecnologia, como Sony, Fujitsu e Sharp, também


aproveitaram as instalações de suas antigas fábricas para produzirem vegetais.
Desse modo, com o aumento da oferta de vegetais frescos, os consumidores das
grandes cidades são beneficiados.

FIGURA 67 – UTILIZAÇÃO DE LED NAS FAZENDAS URBANAS

FONTE: Disponível em: <https://www.raconteur.net/sustainability/from-plantburgers-to-cutting-


food-waste-how-to-feed-the-next-billion?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_
campaign=nov1>. Acesso em: 12 mar. 2018.

A Toshiba, empresa japonesa fabricante de produtos eletrônicos, criou


recentemente uma fazenda vegetal dentro de uma fábrica abandonada. Essa
fábrica era usada para produzir disquetes, e quando se tornaram obsoletos,
no início de 1990, a fábrica foi desativada. Após permanecer abandonada por
décadas, a Toshiba resolveu criar uma fazenda de cultivo de alface, espinafre e
outros vegetais de folhas verdes.

FIGURA 68 – FÁBRICA DE VEGETAIS TOSHIBA, EM YOKOSUKA

FONTE: Disponível em: Disponível em: <https://www.toshiba.co.jp/about/press/2014_09/


pr3001.htm>. Acesso em: 4 jan. 2018.

136
TÓPICO 2 | DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL: FATORES RELACIONADOS À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

FIGURA 69 – VEGETAIS PRODUZIDOS NA FAZENDA INTERNA DA TOSHIBA

FONTE: Disponível em: <http://www.studioprototipo.com.br/2015/06/velhas-fabricas-de-


semicondutores.html>. Acesso em: 4 jan. 2018.

Dentro desse mesmo conceito de inovação no agronegócio, apresentamos


o exemplo de embalagens inteligentes para vegetais, que foi analisado em um
estudo feito pela empresa Smithers Pira, de inteligência de mercado:

FIGURA 70 – EMBALAGENS INTELIGENTES PARA ALIMENTOS

FONTE: Disponível em: <http://www.tecnoalimentar.pt/noticias/investigadores-


brasileiros-desenvolvem-embalagem-inteligente/>. Acesso em: 12 mar. 2018.

A embalagem ativa é uma extensão da função de proteção de uma


embalagem e é comumente usada para proteger contra o oxigênio e a umidade.
Na embalagem inteligente, além da função de comunicação das embalagens
tradicionais, ela comunica informações ao consumidor baseadas em sua
capacidade de detectar ou registrar mudanças externas ou internas no ambiente
do produto e informações sobre o status do produto (BASF SE, s.d.).

137
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

Segundo o relatório apresentado em 2016 pela empresa Smithers Pira,


estima-se que o valor global do mercado de embalagens ativas cresça durante o
período de cinco anos até 2021, com uma taxa anual de 4,9% para 5,6 bilhões de
dólares, enquanto as embalagens inteligentes deverão crescer 18% ao ano para
quase 2 bilhões de dólares (SMITHERS PIRA, 2016).

A crescente preocupação do consumidor em relação ao desperdício de


alimentos e à segurança alimentar está sendo atendida por componentes ativos
e inteligentes. A tecnologia ativa permite duplicar a vida útil efetiva de muitos
produtos perecíveis, enquanto os pacotes inteligentes oferecem sinais claros
sobre a condição do produto (SMITHERS PIRA, 2016).

“O consumidor está preocupado com a origem e a qualidade dos alimentos


e dos produtos, além de se preocupar em conhecer a postura das empresas em
relação à responsabilidade social e ambiental” (TAVARES, 2017, s.p.).

4 TECNOLOGIA BLOCKCHAIN
A inovação tecnológica trouxe mais uma tecnologia que está sendo
utilizada nos agronegócios, denominada blockchain.

Por meio da tecnologia blockchain é possível validar dados e transações,


isto significa que não é mais necessário para os participantes de uma transação
confiarem uns nos outros, pois isso é fornecido pela rede, de maneira eletrônica,
por meio de algoritmos (WAGENINGEN ENVIRONMENTAL & RESEARCH,
2018, s.p.).

Em cada transação que for validada por meio de uma rede de cadeias de
blocos ocorre a verificação, feita por um grande número de participantes que
realizam a validação. Se a transação estiver incorreta, de acordo com a maioria
dos participantes da rede de validação, ela é descartada da rede e desaparece
(WAGENINGEN ENVIRONMENTAL & RESEARCH, 2018, s.p.).

Este tipo de tecnologia oferece oportunidades interessantes para


combinar digitalização de processos agrícolas e ambientais. Em outras palavras,
a introdução da tecnologia blockchain será mais impactante quando os sistemas
de gerenciamento de recursos ou transações estiverem ausentes e quando uma
combinação com digitalização adicional do setor, cadeias de valor e processos
governamentais forem viáveis (WAGENINGEN ENVIRONMENTAL &
RESEARCH, 2018, s.p.).

138
TÓPICO 2 | DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL: FATORES RELACIONADOS À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

4.1 ACOMPANHAMENTO E RASTREAMENTO


EM CADEIAS DE VALOR
A maioria das commodities que encontramos em nossos mercados são fontes
de cadeias de fornecimento complexas que envolvem muitas transações, tudo em
sistemas diferentes. Pela tecnologia blockchain é possível que cada participante
da cadeia trabalhe na mesma infraestrutura digital, que fornecerá uma rede
distribuída para compartilhar dados em toda a cadeia de valor. Por exemplo, se
for utilizada na indústria de alimentos, o participante iria a sua cadeia de valor,
trabalharia em conjunto com seus parceiros e veria como os dados precisam ser
verificados (WAGENINGEN ENVIRONMENTAL & RESEARCH, 2018, s.p.).

A blockchain existe há dez anos e, segundo a Wageningen Enviromental


Research (2018), a tecnologia blockchain oferece uma vantagem de rastreabilidade.
Atualmente já existem muitos sistemas de rastreamento, mas a blockchain pode ser
usada para melhorar ou substituir esses sistemas, por isso é muito útil verificar
dados conectados a nutrientes, ingredientes e circunstâncias sob as quais um
produto foi produzido, como sustentabilidade, por exemplo.

É possível também adicionar dados sobre o impacto que um produto


específico teria na natureza ou nos ecossistemas, permitindo fornecer certeza sobre
a informação em torno de certos produtos (WAGENINGEN ENVIRONMENTAL
& RESEARCH, 2018, s.p.).

Esta tecnologia também pode ser utilizada pelos consumidores para que
eles realmente possam ver e verificar de onde é e como foi produzido o produto
(WAGENINGEN ENVIRONMENTAL & RESEARCH, 2018, s.p.).

A figura a seguir ilustra o uso da tecnologia blockchain e mostra que na


véspera do Dia de Ação de Graças, em novembro de 2017, os consumidores
conseguiram rastrear Honeysuckle White (uma marca de perus da empresa Cargill
Europa) de uma fazenda familiar para a sua mesa (WYERS, 2018).

FIGURA 71 – TECNOLOGIA BLOCKCHAIN UTILIZADA NA CADEIA DE ALIMENTOS

FONTE: Disponível em: <http://www.foodingredientsfirst.com/news/blockchain-and-


food-early-adopters-to-benefit-from-initial-infrastructure.html>. Acesso em: 12 mar. 2018.

139
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

Os consumidores de algumas regiões selecionadas da Europa podem


enviar um texto ou inserir um código no site do Honeysuckle White para acessar a
localização da fazenda, por estado e município, visualizar a história da fazenda
familiar, ver fotos da fazenda e ler uma mensagem do agricultor. A empresa
Cargill é a responsável pela utilização da tecnologia blockchain neste produto, e
o objetivo é criar uma cadeia alimentar confiável e transparente que integra as
principais partes envolvidas (WYERS, 2018).

Os principais fabricantes de alimentos já estão desenvolvendo pesquisas


com a tecnologia blockchain, sendo que empresas como Walmart, Nestlé, Unilever
Tyson Foods, Dole, Driscoll, Golden State Foods, Kroger, McCormick e McLane
Company trabalharão com a IBM para identificar novas áreas, onde a cadeia de
suprimentos global pode se beneficiar da tecnologia blockchain.

5 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO
A seguir, veremos uma definição de empreendedorismo e inovação, pois
as empresas que estão entrando no agronegócio possuem um produto altamente
inovador e conseguiram criar posições competitivas que trarão lucros. A empresa
que investiu, e saiu na frente no mercado, conseguiu ter espaço em um segmento
que as empresas ignoravam ou não conseguiam explorar.

Segundo Schumpeter (1942), o empreendedor possui a capacidade de


agir sobre a oportunidade criada pela inovação e suas descobertas. O autor
desenvolveu o conceito de destruição criativa, pois quando comparamos os
mercados, todos possuem momentos de calmaria, quando as empresas que
inovaram e desenvolveram produtos diferenciados, conseguiram sair na frente e
obtiveram lucros econômicos positivos.

Para Schumpeter (1942), estes períodos são classificados como choques


que destroem as velhas fontes de vantagem e as substituem por novas, e os
empresários que aproveitam estas oportunidades acabam criando lucros durante
a próxima fase de calmaria. É preciso também compreender que toda inovação
tem um ciclo particular que demanda estratégias específicas, que são importantes
para o seu sucesso.

A inovação só se concretizará e terá sucesso se a sua proposta for bem


estruturada e propuser uma solução de um bem ou serviço demandado pela
sociedade ou mercado. A sua implementação precisa ser viável e deverá produzir
os resultados esperados, que devem estar relacionados ao atendimento às
necessidades do cliente, mas também devem garantir um retorno financeiro para
o empreendedor.

É preciso garantir que estas condições sejam satisfeitas, pois muitas


vezes, ideias altamente inovadoras fracassam quando estão na fase inicial de
implementação. Geralmente elas são implementadas no mercado e não produzem

140
TÓPICO 2 | DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL: FATORES RELACIONADOS À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

resultados devido a diversos fatores, como não conseguir atender às necessidades


reais do mercado, não possuir recursos financeiros para investimento, problemas
no relacionamento com o cliente e também o surgimento de outro produto
inovador que o substituirá.

Os autores Ryan e Gross, com o seu trabalho publicado em 1943,


intitulado The diffusion of hybrid seed corn in two Iowa communities, fizeram a
primeira proposição sobre a curva de adoção da tecnologia. Para desenvolver
a sua pesquisa, acompanharam a compra de sementes de milho híbrido pelos
agricultores.

O estudo clássico desenvolvido por Ryan e Gross (1950) mostrou que


o processo de adoção da tecnologia teve início com um pequeno número de
agricultores que adotou o milho híbrido logo após o seu lançamento. A partir
desses agricultores, a inovação foi difundida para outros agricultores, sendo os
vizinhos a fonte mais influente de informações sobre essa inovação.

Quando os agricultores viram e interagiram com os agricultores que


adotaram o milho híbrido, resolveram também adotá-lo (STEPHENSON, 2003).
No final da década de 1950, Joe M. Bohlen, George M. Beal e Everett M. Rogers
evoluíram e propuseram o trabalho Validity of the concept of stages in the adoption
process, que originou a curva mostrada na figura a seguir:

FIGURA 72 – CURVA DE ADOÇÃO DA TECNOLOGIA INICIALMENTE PROPOSTA

FONTE: Disponível em: <https://cebr.vse.cz/pdfs/cbr/2015/04/03.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2018.

Segundo Rogers (2003), o mercado da tecnologia crescerá até que se atinja


100% e neste ponto haverá uma difusão da tecnologia, que será utilizada por todas
as pessoas do grupo. Ele classifica cinco tipos de consumidores responsáveis pelo
crescimento do mercado da tecnologia:

1. Inovadores (Innovators, Technology Enthusiasts): considerados os primeiros


clientes a adotarem uma tecnologia. Buscam emocionalmente o produto
novo e inusitado, e gostam de dominar e explorar as funcionalidades do
equipamento.
141
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

2. Adeptos iniciais (Early Adpoters, Visionaries): querem adotar o produto


que acreditam ser oportunidade de negócio, querem obter uma vantagem
competitiva pelo pioneirismo.
3. Maioria inicial (Pragmatists): são os pragmáticos na adoção da tecnologia,
só utilizarão a tecnologia quando a sua utilidade for comprovada por boas
referências.
4. Maioria tardia (Conservatives): são os clientes conservadores, tradicionais e
exigentes, e só resolvem investir na tecnologia quando são obrigados pelas
circunstâncias e quando correm o risco de ficarem defasados.
5. Retardatários (Laggards, Skeptics): são clientes muito mais exigentes e críticos
em relação à tecnologia do que clientes potenciais.

Segundo os autores Beal, Rogers e Bohlen (1957), os clientes inovadores


assumem um risco elevado, pois os preços iniciais ainda são altos e a tecnologia
ainda não foi testada totalmente. O modelo proposto inicialmente por Ryan e
Gross (1950) ficou mais conhecido na indústria devido à alteração proposta por
Geoffrey Moore em seu livro Crossing the Chasm. Essa modificação é mostrada na
figura a seguir:

FIGURA 73 – CURVA DE ADOÇÃO DA TECNOLOGIA

Curva de adoção de tecnologia

2,5%
Innovators
Early
Adopters Early Majority Late Majority Laggards
13,5% 34% 34% 16%

Inovadores Visionários Pragmáticos Conservadores Céticos


Primeiros Maioria inicial Maioria tardia Os retardatários
adeptos

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/UuNL16>. Acesso em: 12 mar. 2018.

A empresa inovadora precisa conhecer muito bem o ciclo de vida


do seu produto ou serviço, pois todo produto passará por uma etapa de
desenvolvimento e lançamento, crescimento, maturidade, declínio e “morte”.
Para cada uma dessas etapas existe a necessidade de desenvolver estratégias
que prolonguem o ciclo, buscando sempre maximizar os resultados que ele
produziu (MOORE, 2014).

142
TÓPICO 2 | DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL: FATORES RELACIONADOS À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

O autor detectou que muitas tecnologias conseguem conquistar os


inovadores e os adotantes iniciais, mas não conseguiam evoluir e chegar
à maturidade (fase em que os lucros são maiores) e acabavam saindo do
mercado. Para esta lacuna, foi dado o nome de “abismo”. A superação do
abismo é fundamental para as empresas de inovação, pois exige a identificação
das barreiras de adoção existentes e a definição de estratégias para que estas
barreiras sejam superadas (MOORE, 2014).

Também é necessário despertar o desejo de consumo nos iniciantes.


Existe a necessidade de uma revisão das estratégias, que na maioria dos casos
devem ser adaptadas conforme a tecnologia avança e passa para o estágio
seguinte (MOORE, 2014). Para o autor, a velocidade com que a inovação cruza
esse abismo é de extrema importância, pois em um ambiente tão dinâmico e
competitivo, se o empreendedor não encontrar o “caminho certo” para cruzá-
lo, ele acabará deixando o espaço para outra empresa.

6 BIOENERGIA
O tema biocombustível tornou-se mais relevante no século XXI, e se
considerarmos um contexto de desenvolvimento sustentável, ele está relacionado
à produção de biocombustíveis que não causam danos ao meio ambiente, à
geração de postos de trabalho e ao desenvolvimento tecnológico.

O etanol (nome técnico do álcool etílico combustível) pode ser produzido


a partir da sacarose da cana-de-açúcar no Brasil, da sacarina da beterraba na
Europa, do amido de milho nos Estados Unidos etc. O etanol é uma fonte de
energia natural, limpa, renovável e sustentável. No Brasil, é produzido o etanol
hidratado com 5% de água que abastece os automóveis flex, e o etanol anidro
(0,5% de água), misturado na gasolina numa proporção de 20% a 25% (etanol
como uma nova matriz energética) (TAVARES, 2009b).

A demanda mundial por energia vem aumentando e o Brasil está


investindo em tecnologia, com a construção de novas fábricas. Países como
China e Índia, que representam um quarto da população mundial, também estão
investindo em novas unidades de produção de etanol e também em usinas de
energia solar (TAVARES, 2009a).

É necessária uma conscientização geral da população mundial para este


tema. Também é preciso ter um consumo consciente do uso da água e da energia
elétrica, bem como são necessários investimentos em novas tecnologias, como
energia solar e eólica.

143
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

6.1 ETANOL E AÇÚCAR DE BETERRABA


O açúcar produzido a partir da cana-de-açúcar é responsável por
cerca de 80% do mercado mundial, enquanto os outros 20% vêm da beterraba
branca, tipo de produto cultivado na Europa.

Os países europeus, principalmente a França (maior produtor mundial),


respondem por 80% da produção mundial de açúcar de beterraba. Os Estados
Unidos são os maiores produtores de etanol de milho.

A cooperativa Tereos é constituída por 12.000 cooperados franceses e


produz principalmente batatas feculentas e beterrabas brancas. É a segunda
maior processadora de beterraba na Europa e processa cerca de 319,8 milhões
de toneladas de beterrabas. Produzem  2 milhões de toneladas de açúcar e
675.000 m3 de álcool e etanol em 12 fábricas de açúcar e 8 destilarias na França,
na República Tcheca, na Romênia e uma refinaria na Espanha.

A Figura 74 mostra o processo simplificado de produção do açúcar


e do etanol de beterraba, que se inicia no cultivo das sementes de beterraba
branca. São semeadas em março e a colheita ocorre entre os meses de setembro
e dezembro. Após a colheita da raiz, onde está armazenado o açúcar, inicia-
se o processo de pesagem e amostragem para verificar o teor de açúcar, em
seguida calcula-se a receita do produtor.

Após este processo, as raízes são lavadas e depois cortadas em fatias


finas e mergulhadas numa corrente de água quente para extrair o açúcar
(TEREOS, s.d.). 

O suco concentrado obtido neste processo é purificado e depois filtrado,


sendo que possui alta concentração de açúcar a 65%. Depois ele passa por um
processo de aquecimento a vácuo com objetivo de provocar a cristalização, e
a massa cozida produzida é finalmente enviada para turbinas que eliminam o
líquido e retêm o açúcar branco cristalizado.
 

144
TÓPICO 2 | DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL: FATORES RELACIONADOS À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

FIGURA 74 – PRODUÇÃO DE ETANOL E AÇÚCAR DE BETERRABA

BETERRABA

Recepção Lavagem Ralação Ralagem

Polpas Difusão

Espumas Depuração

Evaporação Água
Vinhaça
Vinhaça

Biogás Metanação
Cristalização Centrifugação

Destilação Fermentação Diluição


Álcool

Desidratação Retificação Desidratação

Açúcar Secagem
Branco
Álcool Álcoois
absoluto tradicionais BioEthanol

FONTE: Tereos (s.d.). Disponível em: <https://goo.gl/vUTjrE>. Acesso em: 12 mar. 2018.

145
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

De acordo com a figura apresentada por Tereos (s.d.), os produtos obtidos


da beterraba são:

• Açúcar: a beterraba é uma das duas principais fontes de sacarose exploradas


no mundo, sendo que o açúcar extraído da sua raiz é destinado à venda
no varejo e atacado, mas também para a indústria (como a Coca-Cola, para
produzir refrigerantes).
• Etanol: é obtido a partir da fermentação de substratos de beterrabas.
• Bioetanol: o convencional é obtido a partir do suco da beterraba e o bioetanol
avançado é obtido a partir do resíduo de açúcar: o melaço.
• Polpas: as fibras resultantes da extração do suco são utilizadas para alimentar
o gado.
• Produção de biogás: utilizado para alimentar as caldeiras, contribui para
diminuir as emissões de CO2 na atmosfera, além de proporcionar uma
economia de energia.
 
De acordo com a Tereos (s.d.), cerca de 80 t/ha de beterraba sacarina,
em média, produz cerca de 13 t/ha de açúcar, ou seja, 1,3 kg de açúcar por
metro quadrado. Uma tonelada de beterraba produz, em média, de 90 a 100
litros de álcool.

DICAS

Assista ao vídeo que mostra o projeto francês do etanol da beterraba, inspirado na


produção brasileira de etanol. Acesse <https://www.youtube.com/watch?v=R0n6M-Vc5R0>.

6.2 ETANOL DE MILHO


O etanol, com a maior parte constituída do amido de milho de grãos é o
biocombustível mais importante nos Estados Unidos, representando 94% de toda
a produção de biocombustíveis em 2012. A maior parte do restante é o biodiesel,
fabricado a partir de óleos vegetais (principalmente óleo de soja ), e também são
utilizadas gorduras animais, óleos usados e​​ graxas (USDA, s.d.).

A FS Bioenergia é a primeira usina de etanol do Brasil que utiliza milho em


100% de sua produção. A companhia foi criada para produzir etanol e coprodutos
do cereal na cidade de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso. De acordo com a
empresa, a fábrica produzirá zero efluentes, tendo um ciclo contínuo de água e
reutilizando tudo dentro de seu ciclo fechado de produção. Isso permitirá que a
FS Bioenergia reaproveite os resíduos do processo produtivo e pós-consumo, e
reduza o volume de matéria-prima consumida (FS BIOENERGIA, 2017).

146
TÓPICO 2 | DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL: FATORES RELACIONADOS À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

As duas figuras seguintes mostram a produção e o consumo mundial e


brasileiro de biocombustíveis, em 2014. Podemos observar que, no Brasil, grande
parte da produção é de óleo de soja e o consumo é voltado para alimentação e
química, já no mundo, a maior produção é de óleo de palma, sendo o consumo
voltado também para alimentação e química.

FIGURA 75 – BIODIESEL: PRODUÇÃO E CONSUMO NO BRASIL EM 2014 (MIL TONELADAS)

FONTE: Disponível em: <http://www.abiove.org.br/site/_FILES/Portugues/20082015-112824-41._


sbog_abiove.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2018.

FIGURA 76 – BIODIESEL: PRODUÇÃO E CONSUMO NO MUNDO EM 2014 (MIL TONELADAS)

FONTE: Disponível em: <http://www.abiove.org.br/site/_FILES/Portugues/20082015-112824-41._


sbog_abiove.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2018.

147
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

7 SUSTENTABILIDADE E SEGURANÇA DOS ALIMENTOS


Quando pensamos em desenvolvimento sustentável, é preciso considerar
a eficiência econômica, mas sem esquecer os cuidados com o meio ambiente e
com o social. É preciso pensar estas três questões de maneira conjunta, como por
exemplo, é insustentável propor ações de cuidados com o meio ambiente, sem
considerar os aspectos sociais e econômicos da população residente na região.

A partir de 1987, a expressão “desenvolvimento sustentável” substituiu a


expressão “ecodesenvolvimento”, embora tenham o mesmo conceito normativo
(ROMEIRO, 2012).

7.1 TRIPLE BOTTOM LINE (TBL)


John Elkington desenvolveu estudos neste mesmo tema, e segundo este
autor, para buscar a sustentabilidade, uma pessoa ou organização deve adotar
como padrão de comportamento, ou para a gestão ser ambientalmente correta,
socialmente justa e economicamente viável, o chamado Triple Bottom Line – o
tripé da sustentabilidade (ELKINGTON, 1997).

O TBL consiste, portanto, em três Ps: Profit (lucro), People (pessoas) e


Planet (planeta), e destina-se a medir o desempenho financeiro, social e ambiental
da empresa durante um período de tempo. Somente uma empresa que produz
um TBL está levando em conta o custo total envolvido em fazer negócio. A figura
a seguir representa o Triple Bottom Line que propõe a utilização dos três círculos
sobrepostos com as dimensões econômica, ambiental e social:

FIGURA 77 – TRIPLE BOTTOM LINE

Tradução:
Atuação econômica
Sustentabilidade
Atuação no Meio Ambiente
Atuação Social
FONTE: Adaptado de Elkington (1997)

148
TÓPICO 2 | DIRECIONADORES DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL: FATORES RELACIONADOS À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

No texto a seguir, convidamos você a refletir sobre a questão dos OGMs.


Após a leitura, discuta com os seus colegas se você é contra ou a favor da adoção
desta tecnologia.

LEITURA COMPLEMENTAR

Adoção da biotecnologia atinge 40,2 milhões de hectares no país

Os produtores rurais brasileiros semearam 40,2 milhões de hectares


na safra 2013/14, um avanço de 6,8% em relação à safra anterior, conforme
o segundo levantamento da consultoria Céleres. Em relação ao primeiro
levantamento, no entanto, o resultado representa uma queda de 0,4% na
adoção da biotecnologia no país.

A soja transgênica continua liderando a adoção de biotecnologia, atingindo


27 milhões de hectares, ou 67,2% da área total com culturas geneticamente
modificadas. Já o milho, somando as safras de verão e de inverno, ocupará 12,5
milhões de hectares (31,2% do total). Por último, a cotonicultura geneticamente
modificada representa 1,5% da área total com esta tecnologia, ou 0,61 milhão de
hectares, aponta a consultoria.

De acordo com a consultoria Céleres, o tratamento mais procurado pelos


produtores rurais brasileiros foi o de tolerância a herbicida, com 25,9 milhões de
hectares ou 64,5% do total. Houve uma queda, no entanto, de 0,6% em relação ao ano
anterior, devido à mudança de alguns sojicultores para a tecnologia denominada
RI/TH, que combina tanto resistência a insetos como tolerância a herbicidas.

Houve queda também de 5,9% na procura por sementes de algodão


tolerantes a herbicida. Isso se explica, segundo o levantamento, principalmente
pelos resultados ruins apresentados por esta tecnologia e pela mudança para
sementes resistentes a insetos, devido ao aumento expressivo do ataque de lagartas.

Na análise por Estado, o levantamento aponta para um avanço da transgenia


nos principais produtores do país, com destaque para a nova fronteira agrícola de
“Mapitoba” – Maranhão, Piauí, Tocantins e Oeste baiano.

De modo geral, o Mato Grosso lidera o ranking nacional com um total de


10,9 milhões de hectares cultivados com lavouras geneticamente modificadas. Em
seguida aparece o Paraná, com 7 milhões de hectares e o Rio Grande do Sul, com
5,5 milhões de hectares.

FONTE: Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/adocao-da-biotecnologia-atinge-


402-milhoes-de-hectares-no-pais-11092826#ixzz2pjpFOxxX>. Acesso em: 11 jan. 2018.

149
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você estudou que:

• Nos direcionadores relacionados à bioenergia, sustentabilidade e segurança


dos alimentos e biotecnologia, as inovações tecnológicas estão cada vez mais
presentes no nosso dia a dia, podendo nos auxiliar a produzir mais e em
áreas menores de terra. É possível aumentar a produtividade da lavoura, sem
aumentar a fronteira agrícola.

• A urbanização vai acelerar o crescimento da agricultura nas cidades (urban


farm), mas também será preciso tornar mais eficientes os sistemas de
distribuição de alimentos. Este novo sistema de produção necessitará de um
número menor de trabalhadores, e estas fazendas verticais utilizarão 95%
menos água e produzirá 75 vezes mais que o modelo tradicional de produção.

• O uso da tecnologia está cada vez mais presente no agronegócio e contribuirá


para que sejam reduzidas as perdas em todo o processo de produção, assim
como contribuirá para que sejam produzidos mais alimentos em áreas cada
vez menores.

150
AUTOATIVIDADE

1 Com relação ao uso da biotecnologia no campo, assinale a alternativa


CORRETA:

a) ( ) A inovação não é importante para se ter agricultura competitiva e


sustentável, sendo necessário apenas água e sol.
b) ( ) A urbanização vai acelerar o crescimento da agricultura nas cidades
(urban farm) e todas as pessoas passarão a produzir verduras no
quintal.
c) ( ) Para alimentar uma população mundial de 8,3 milhões de pessoas,
serão necessários 50% mais energia, 40% mais água e 35% mais
alimentos.
d) ( ) O melhoramento genético de sementes está na fase inicial e só foi
testado em laboratório.
e) ( ) As fazendas verticais utilizarão 95% mais água e produzirão 75 vezes
menos que o modelo tradicional de produção.

2 O tema biocombustível tornou-se mais relevante no século XXI e se


considerarmos um contexto de desenvolvimento sustentável. Sobre esta
afirmativa, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O etanol é uma fonte de energia não renovável e poluidora do meio


ambiente.
b) ( ) O etanol, com a maior parte constituída do amido de milho de grãos,
é o biocombustível mais importante na Argentina.
c) ( ) O Brasil nunca terá tecnologia para produzir etanol de milho, pois é
um grande produtor de etanol de cana-de-açúcar.
d) ( ) O etanol pode ser produzido a partir da sacarose da cana-de-açúcar
no Brasil, da sacarina da beterraba na Europa e do amido de milho
nos Estados Unidos.
e) ( ) Os países não precisam se preocupar, porque sempre haverá
disponibilidade de petróleo.

151
152
UNIDADE 3
TÓPICO 3

PERDAS E DESPERDÍCIO NO
SISTEMA AGROINDUSTRIAL

1 INTRODUÇÃO
A biotecnologia e a inovação tecnológica podem aumentar a produtividade
das culturas, mas apesar de todo este esforço para aumentar a produção de
alimentos, observamos que milhões de pessoas ainda passam fome no planeta.

Uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da


ONU estabelece que em 2030 deve haver uma redução das perdas de alimentos
ao longo das cadeias de produção e abastecimento.

As perdas e os desperdícios de alimentos ocorrem desde o início da fase


de plantio e em todas as fases de produção do alimento até chegar à mesa. O
desperdício é geral, ocorrendo no transporte de grãos que caem na estrada, como
soja e milho, depois quando são industrializados e também quando chegam ao
consumidor no supermercado.

2 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


Um dos principais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é
chegar à fome zero até 2030, e para cumprir este objetivo são necessárias algumas
atitudes, como fazer uma gestão sustentável da agricultura e do agronegócio.

Conheça os novos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)


da ONU que devem ser implementados por todos os países do mundo durante
os próximos 15 anos, até 2030 (ONU, 2015):

153
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares:

2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e


promover a agricultura sustentável:

3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar:

154
TÓPICO 3 | PERDAS E DESPERDÍCIO NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL

4. Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover


oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos:

5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas:

6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento


para todos:

155
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à


energia para todos:

8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável,


emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos:

9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e


sustentável e fomentar a inovação:

156
TÓPICO 3 | PERDAS E DESPERDÍCIO NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL

10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles:

11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes


e sustentáveis:

12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis:

157
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos:

14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos
para o desenvolvimento sustentável:

15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres,


gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e
reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade:

158
TÓPICO 3 | PERDAS E DESPERDÍCIO NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL

16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento


sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições
eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis:

17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o


desenvolvimento sustentável:

DICAS

Assista ao vídeo do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4: educação de


qualidade. Acesse <https://www.youtube.com/watch?v=fWnmgg2ruDY&list=PLUZOt6bFc-
2fghKopTJcswi3GSYntbRsY3&index=9>.

Assista ao vídeo: Como você pode lutar contra a mudança climática? Acesse <https://www.
youtube.com/watch?v=WMKGh1tepeU&t=0s&list=PLUZOt6bFc2fghKopTJcswi3GSYn-
tbRsY3&index=6>.

Assista ao vídeo da ONU: Sem ações pela igualdade de gênero, o mundo não alcançará
objetivos globais. Acesse <https://www.youtube.com/watch?v=5LROLH70IVA&list=PLUZO-
t6bFc2fghKopTJcswi3GSYntbRsY3>.

159
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

Segundo a publicação Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, o


crescimento da população mundial está sendo estimado em 83 milhões de pessoas
por ano, o que significa que haverá mais um bilhão de pessoas a mais em apenas
13 anos (ONU, 2015).

A biotecnologia e a inovação tecnológica podem aumentar a produtividade


das culturas, mas apesar de todo este esforço para aumentar a produção de
alimentos, observamos que milhões de pessoas ainda passam fome no planeta.

De acordo com Silva (2016), cerca de dois bilhões de pessoas estão com
excesso de peso e cada dia observamos que este número vem aumentando.
Sendo assim, é preciso considerar as perdas e desperdícios de alimentos que
ocorrem durante a sua produção, desde a fase da colheita até quando o produto
é distribuído no varejo.

Uma das metas dos ODS estabelece que em 2030 deve haver uma redução
das perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento. As
perdas e os desperdícios de alimentos ocorrem desde o início, passando por todas
as fases de produção do alimento até chegar à mesa.

Como já comentado anteriormente, o desperdício é geral, ocorrendo no


transporte de grãos que caem na estrada, como soja e milho, depois quando são
industrializados e também quando chegam ao consumidor no supermercado. A
figura a seguir mostra os números do desperdício no mundo:

160
TÓPICO 3 | PERDAS E DESPERDÍCIO NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL

FIGURA 78 – OS NÚMEROS DO NOSSO DESPERDÍCIO

FONTE: Disponível em: <http://www.programaconsumer.com.br/blog/como-evitar-o-des-


perdicio-no-seu-restaurante-e-economizar/>. Acesso em: 13 mar. 2018.

161
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

O desperdício acontece, muitas vezes, quando o consumidor não quer


comprar determinada fruta ou legume por estes apresentarem uma aparência
feia, então acabam sobrando e são descartados pelo supermercado. Outro caso
ocorre quando o consumidor compra bananas e não quer levar todas as que estão
no cacho, deixando o restante na prateleira. São atitudes assim que aumentam o
desperdício, sendo que este alimento poderia ser consumido por muitas pessoas.

De acordo com Silva (2016), os dados mostram que cerca de 1,3 bilhão de
toneladas de alimentos são perdidos e desperdiçados anualmente no planeta, e
isto equivale a 24% de todos os alimentos produzidos para o consumo humano.

Segundo o mesmo autor, as perdas na produção, no armazenamento e na


manipulação do alimento chegam a atingir cerca de 520 milhões de toneladas, o
equivalente a quase 8% dos alimentos produzidos Silva (2016).

LEITURA COMPLEMENTAR 1

MARINI: Uma história de Empreendedorismo no Agronegócio

Maria Flávia de Figueiredo Tavares


Roberto Salazar

Por meio deste case abordam-se os desafios de empresas familiares do


agronegócio, especialmente as que enfrentam dificuldades constantes, num
cenário cada vez mais competitivo. A alternativa de inovação tem sido recorrente
nesse ambiente. O caso investiga a trajetória de sucesso do empreendedor, que
precisa tomar uma decisão importante, possibilitando elevar a empresa a um
novo patamar. Entretanto, tal decisão poderá trazer consequências inesperadas
para o negócio. A ascensão da segunda geração da família promove novos
aprendizados, passando a ter um peso significativo. A expansão da empresa
requer novos investimentos e até, possivelmente, que seja dobrada sua capacidade
produtiva. Convida-se o leitor a refletir sobre o dilema da empresa, identificando
alternativas prováveis na solução do case.

O agronegócio brasileiro vem se destacando no mundo, e atualmente o


país é um dos maiores produtores e exportador de commodities, como soja, milho,
suco de laranja concentrado e congelado, café, além de carne bovina e de frango.

No 3º levantamento da safra 2012/13, a Companhia Nacional de


Abastecimento (Conab) estimou uma safra brasileira de grãos (algodão, arroz,
cevada, feijão, milho, soja e trigo) de 180 milhões de toneladas. Estes dados
representam um crescimento de 8,4% em relação aos dados divulgados em
2011/12. Para a área plantada, a Conab prevê uma ampliação de 1,1 milhão de ha
em comparação ao ciclo anterior, totalizando 51,9 milhões de habitantes.

162
TÓPICO 3 | PERDAS E DESPERDÍCIO NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL

O Brasil é um país com grandes extensões de terra e observa-se que o perfil


da produção agrícola difere de uma região para outra. Em algumas regiões, como
Centro-Oeste, predominam algumas culturas (soja, algodão) que são produzidas
em grande escala de produção, são consideradas commodities e são direcionadas
para exportação.

Em outras regiões, como a Sul, o perfil é de pequenos e médios produtores,


que são mais tradicionais em relação ao uso da tecnologia e que se especializaram
na produção de arroz. Apresentamos de maneira resumida estes dados que foram
baseados em estudos desenvolvidos pelo IBGE.

Segundo os dados da pesquisa de Produto Interno Bruto dos municípios,


de 2010, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
as riquezas geradas pelo agronegócio estão concentradas em seis estados, que
somados respondem por 60,9% do Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário.

Em primeiro lugar, aparece Minas Gerais, responsável por 15,2% do total


nacional, seguido por São Paulo (11,3%), pelo Rio Grande do Sul (11,1%), pelo
Paraná (9,3%) e por Goiás (7%). O sexto colocado é o estado de Mato Grosso, com
6,9% do PIB agropecuário brasileiro. Mas, se forem considerados os dez maiores
estados em renda agropecuária, alcança-se 79,1% do total. Em sétimo lugar está a
Bahia, que responde por 5,7%, seguida por Santa Catarina (5,1%), pelo Maranhão
(4,1%) e por Mato Grosso do Sul (3,4%).

De acordo com o IBGE, a agropecuária foi responsável por agregar R$


171,1 bilhões ao PIB brasileiro em 2010, superando em R$ 13,9 bilhões o resultado
alcançado em 2009 (R$ 157,2 bilhões). Os produtos que tiveram as maiores altas
em valores foram: café (34,4%), laranja (28,3%), mandioca (23,7%), banana (19,9%),
algodão (19,4%) e cana-de-açúcar (14,9%).

Histórico da utilização de tecnologia na Agricultura brasileira

A mecanização agrícola no Brasil ocorreu logo após a Primeira Guerra


Mundial, sendo que neste período ocorreu uma grande falta de mão de obra
disponível para a agricultura (BRUM, 1988). No período de 1939-40, não houve
uma evolução do processo de implantação da mecanização no Brasil, ocorrendo
dificuldades no processo de importação de tratores e outras máquinas agrícolas,
sendo que o Brasil possuía uma frota de 3.380 tratores.

Após o término da Segunda Guerra Mundial, o Governo observou


que havia a necessidade de aumentar a produção do campo, aumentando a
produtividade e também expandindo áreas de produção, promovendo o uso
de insumos modernos (sementes selecionadas, fertilizantes, defensivos e,
principalmente, maquinário) (MOURA et al., 2002).

A partir de 1949, começa a haver um grande desenvolvimento da


mecanização no Brasil, impulsionado pelo aumento nas importações de tratores.
Um fator limitante da expansão deste setor foi a falta de qualificação das pessoas

163
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

que trabalhariam com estas máquinas, sendo também necessário considerar que
havia uma grande variedade de máquinas, modelos e procedências que eram
inadequadas para serem utilizadas em solo brasileiro.

Esses problemas acabaram trazendo benefícios para o setor de máquinas


agrícolas brasileiras, pois a partir deste período começaram a ser desenvolvidos
novos tipos de equipamentos no Brasil, reduzindo a importação de produtos
ligados a este setor.

No início do ano 2000, o Governo Federal criou o Moderfrota (Programa


de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados), um
programa de crédito rural direcionado, com taxas de juros diferenciadas, abaixo
das praticadas pelo mercado e oferecido tanto ao pequeno quanto grande produtor.

De acordo com Moura et al. (2002), diante deste cenário (com um


aquecimento da demanda devido ao aumento do crédito), a indústria nacional
de máquinas agrícolas passou a aumentar a capacidade instalada das unidades
existentes, e também passou a construir novas plantas. Isso possibilitou oferecer
uma ampla linha de produtos, atendendo desde as operações realizadas com tração
animal até as operações que exigem tratores equipados com alto grau de tecnologia.

Atualmente este setor possui tecnologia de ponta, como por exemplo,


a produção de colheitadeiras que monitoram a produtividade da área que
está sendo colhida, também a umidade dos grãos e, ao final de uma jornada
de trabalho, emitem um mapa de produtividade da área por meio de sistemas
controlados por satélite. Também são desenvolvidas plantadeiras específicas
para o plantio direto, colheitadeiras para o café e cana-de-açúcar e equipamentos
para agricultura de precisão.

A agricultura brasileira também utiliza várias tecnologias de mecanização,


tais como: plantio direto, irrigação com pivô central, controle da compactação,
automação de mecanismos, informações operacionais, dentre outros (MOURA et
al., 2002). A aplicação de tecnologias modernas para o cultivo reflete no aumento
de produtividade da agricultura brasileira.

Os avanços ocorrem devido à renovação e da expansão do parque de


máquinas agrícolas, aliados à utilização de sementes mais produtivas, ao aumento
do uso de fertilizantes e a uma maior eficiência dos agroquímicos.

Setor de máquinas agrícolas

Atualmente, a maior parte dos grandes produtores mundiais de máquinas


e implementos agrícolas possui unidades industriais no Brasil, que estão
concentradas principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo. O
setor de máquinas e implementos agrícolas desempenha um importante papel
na economia gaúcha, impactando diretamente em diversas cadeias produtivas,
como soja, milho, arroz e trigo.

164
TÓPICO 3 | PERDAS E DESPERDÍCIO NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL

De acordo com o estudo realizado pelo Governo do Estado do Rio Grande


do Sul “Programa setorial: Máquinas e Implementos Agrícolas – 2012-2014”,
atualmente o estado possui, entre as empresas de grande porte, seis unidades de
três dos principais players mundiais de fabricantes de máquinas agrícolas.

Os implementos de tração mecânica, voltados para o mercado doméstico e


externo, são produzidos por companhias de grande ou médio porte, e também se
encontram em solo gaúcho empresas de menor porte, que fabricam equipamentos
de menor complexidade, de capital nacional e atendem principalmente às
demandas regionais.

O estado do Rio Grande do Sul possui uma grande participação na


fabricação de máquinas e implementos agrícolas, sendo que no total das
empresas do setor, atuantes no Brasil, mais de 60% estão instaladas no estado.
Três empresas respondem por quase metade da produção nacional de tratores de
rodas e esteiras, colheitadeiras e retroescavadeiras.

Radiografia do Setor

De acordo com o mesmo estudo, o estado do RS possui uma grande


participação na produção nacional de plantadeiras motorizadas, tratores de rodas
e esteiras, colheitadeiras e retroescavadeiras, sendo que das 88.874 unidades
fabricadas no país em 2010, 46,1% foram produzidas por três grandes empresas
instaladas no Rio Grande do Sul. Estas empresas operam em Santa Rosa, Canoas,
Horizontina, Montenegro e Caxias do Sul. Também faz parte do setor um segundo
grupo, formado por empresas de origem local nas cidades de Passo Fundo e
Panambi, produtoras de máquinas agrícolas, e nas cidades de Não-Me-Toque e
Carazinho, destaque em produtos para agricultura de precisão.

O setor de máquinas e implementos agrícolas emprega aproximadamente


25 mil pessoas no estado, mais de um terço da força de trabalho do país nesta
indústria. Nos dez municípios onde estão concentradas 73% das companhias,
50,95% dos postos de trabalho são gerados nas grandes empresas, 25,51% nas
médias e 23,54% nas pequenas.

Em 2010, a indústria nacional de máquinas e implementos agrícolas


exportou 19.176 unidades, tendo como principal destino a América do Sul
(11.031), com destaque para a Argentina, com a exportação de 4.846 unidades. As
vendas internas no atacado representaram um montante de 68.525 produtos, dos
quais 12.224 apenas no Rio Grande do Sul.

O setor de máquinas e implementos agrícolas está presente em (pelo


menos) 35 municípios gaúchos, concentra 93% dos empregos efetivos e 79% dos
estabelecimentos em 10 cidades e 505 estabelecimentos.

165
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

Empresa Marini

A empresa Marini está ligada ao setor de máquinas agrícolas, que é um


setor de grande importância na economia brasileira, responsável pela geração de
uma grande quantidade de empregos, arrecadação de impostos e que promove o
desenvolvimento regional nas regiões em que as suas empresas estão localizadas.
A maioria das empresas neste setor ainda necessita investir em tecnologia e
inovação com projetos que se adéquem à realidade brasileira.

Atualmente o setor passa por grandes desafios relacionados à


sustentabilidade e também ao alto grau de exigência do mercado, sendo
que podemos citar a demanda por produtos que tenham baixo consumo de
combustível e emitam uma quantidade baixa de poluentes, adoção de tecnologia
que reduza o custo de produção do produtor, atender ao cliente sem esquecer-
se de fazer uma correta pós-venda, estreitando o relacionamento com o cliente e
personalizando o serviço.

A empresa Marini tem contato direto e grande interação com os clientes,


ouvindo as suas sugestões e muitas vezes adotando-as em seus produtos. Outro
fator importante na história da Marini refere-se a sua participação em feiras do
setor, pois as vendas aumentam após a participação em uma feira importante.
Isso ocorre devido à exposição e demonstração dos produtos e também porque as
feiras facilitam o contato com os executivos que tomam as decisões das empresas.

Após analisar a história da Marini, observamos que a empresa se destaca


em relação às outras do mercado, oferecendo produtos que, além de solucionar
o problema do cliente, procuram também estreitar o relacionamento, oferecendo
um atendimento diferenciado e personalizado.

A empresa também busca acompanhar o aumento da produtividade


das culturas, investindo em novas tecnologias que visem atender a essa nova
realidade. Podemos exemplificar como as rodas que tiveram o seu diâmetro
aumentado para 54 polegadas, ficaram mais altas, porque as cultivares também
ficaram mais altas e produtivas. No modelo anterior, uma roda mais baixa, com
38 polegadas, destruiria toda a plantação. Esse foi um avanço tecnológico, sendo
a empresa uma das primeiras a desenvolver o produto.

De acordo com Ferraz (1997), para que as empresas brasileiras de máquinas


agrícolas sejam competitivas, elas precisam buscar o conceito de inovação, saindo
na frente dos seus concorrentes.

Raupp (2012) considera que a “inovação é a mola propulsora para mover


as empresas a atuarem dentro da competitividade. A inovação é estimulada pelo
conhecimento, e é cada vez mais importante que o conhecimento seja incorporado
nas empresas. A transformação do conhecimento em um bem econômico é o
grande desafio para nós".

FONTE: Disponível em: <http://www2.espm.br/sites/default/files/marini.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2018.

166
TÓPICO 3 | PERDAS E DESPERDÍCIO NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL

LEITURA COMPLEMENTAR 2

O MERCADO DE FERTILIZANTES NO BRASIL E AS INFLUÊNCIAS


MUNDIAIS

Maria Flávia de Figueiredo Tavares


Caetano Haberli Jr.

RESUMO

Por meio deste estudo, será possível conhecer o mercado internacional e nacional
de fertilizantes e seus competidores. Serão apresentadas as características
competitivas deste setor e também informações da origem e do processamento
das matérias-primas para a produção de produtos nitrogenados, fosfatados e
potássicos. Nosso objetivo é apresentar um panorama do setor que permitirá que
o leitor interprete e processe alguns dados, que servirão para esclarecer detalhes
estratégicos sobre a indústria de fertilizantes.

INTRODUÇÃO

O agronegócio é o maior negócio da economia brasileira e mundial e


segundo o relatório anual Perspectivas Agrícolas 2010-2019 (publicado pela FAO
e pela OCDE), o Brasil terá a maior produção agrícola do mundo na próxima
década e será o principal fornecedor mundial de produtos agropecuários.

Até 2030, o mundo (em relação ao que produz hoje) demandará cerca de
34% de carne bovina, 47% de carne suína, 55% de carne de frango, 59% de açúcar,
19% de arroz, 29% de milho e 49% de soja.

Nos próximos anos, os desafios da agricultura estão relacionados com o


fato de que na maior parte das regiões do mundo, menos pessoas viverão da
agricultura, e menos ainda serão agricultores. Também haverá a necessidade
de novas tecnologias, que deverão extrair mais de uma porção menor de área,
utilizando menos mão de obra. Atualmente as propriedades estão cada vez mais
tecnológicas e produtivas: na produção de milho, enquanto o mundo cresceu 17%
em produtividade, o Brasil cresceu 73%.

1 A INDÚSTRIA DE FERTILIZANTES NO BRASIL



Antes de iniciarmos a descrição da indústria de fertilizantes, faremos a
conceituação de grupo estratégico, que segundo Porter, “são empresas em uma
indústria que estão seguindo uma estratégia idêntica ou semelhante ao longo das
dimensões estratégicas”. A competição no setor de fertilizantes era identificada
até o ano de 2009 por quatro grupos estratégicos, e deve-se considerar o grau
de integração vertical que essas firmas possuem na indústria, caracterizados da
seguinte forma:

167
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

a) Empresas que possuem grande controle sobre a cadeia produtiva são empresas
líderes de mercado com elevado grau de integração vertical para trás na cadeia
produtiva do fertilizante e para frente na produção de margarinas, óleos,
maionese, sucos e outros produtos. Trabalham com alta escala de produção
e com forte atuação no mercado interno e externo de matérias-primas para
fertilizantes. Possuem ampla atuação no sistema agroindustrial da soja e outros
grãos, com o objetivo de agregar valor cada vez maior para seus produtos,
procurando transformar o que é commodity em produtos com valor agregado.
O controle na cadeia produtiva de fertilizantes viabiliza as operações de troca
de insumos agrícolas por grãos. Exemplos: Bunge (Serrana, Manah, Ouro
Verde e Iap) e Cargill (Mosaic).
b) Empresas com alto controle sobre a cadeia produtiva de fertilizantes com
elevado grau de integração vertical para trás, e com nenhuma integração para
frente na produção de produtos para uso de alimentação humana. Exemplo:
Yara (Trevo e Fertibrás) e Galvani.
c) Empresas com controle médio sobre a cadeia produtiva de fertilizantes são
empresas que atuam como misturadoras de fertilizantes com baixa ou média
capacidade de esmagamento de grãos e com atuação regional. É um segmento
de fertilizantes misto caracterizado pela baixa barreira de entrada que exige
poucos investimentos e baixa escala de produção. Exemplo: Archer Daniels
Midland Company (ADM).
d) Empresas que não possuem controle sobre a cadeia produtiva de fertilizantes
são empresas misturadoras de matérias-primas acabadas, com atuação
nacional e regionalizada, com capacidade de atendimento personalizado aos
seus clientes. Exemplos: Heringer e Fertipar.

Em maio de 2010, a Vale cria a Vale Fertilizantes S/A, com a conclusão da


aquisição da Fosfértil, que era controlada pela Bunge, Cargill e Yara no Brasil.
Os ativos adquiridos foram estratégicos para a Vale Fertilizantes se consolidar
no controle da produção de matérias-primas de fertilizantes para o mercado
brasileiro: produção de rocha fosfática, produção de fertilizantes fosfatados,
produção de fertilizantes nitrogenados, terminal marítimo para movimentação
de amônia e granéis sólidos.

Em 10 de julho de 2010, a Vale começou a operar a mina de fosfatos Bayóvar,


um dos maiores depósitos de rocha fosfática da América do Sul, situada no deserto
de Sechura, no Peru. Com capacidade de produção de 3,9 milhões de toneladas
métricas anuais, a produção de rocha fosfática da Vale no Peru será destinada,
principalmente, aos mercados do Brasil, da América do Norte e da Ásia.

No Brasil, a Vale opera para o potássio (desde 1992 por um contrato


assinado em 1991 e efetivo por 25 anos) a mina Taquari-Vassouras, localizada em
Rosário do Catete, no Sergipe. As vendas se destinam para o mercado brasileiro.
A jazida foi descoberta em 1963, mas só começou a produzir em 1985, depois de
anos de desenvolvimento da mina, cujas reservas são suficientes para garantir a
operação até 2019.

168
TÓPICO 3 | PERDAS E DESPERDÍCIO NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL

Desse modo, sem ter posicionamento no varejo e na distribuição de


misturas de fertilizantes, a Vale se caracteriza por estar somente na cadeia para
trás da produção de nutrientes para a produção de alimentos.

2 O MERCADO DE FERTILIZANTES BRASILEIRO

Durante o período entre 1997 e 2011, houve um crescimento constante do


mercado de fertilizantes, mas este mercado apresentou estagnação nos anos 2003
e 2004, e nos anos 2008 e 2009. No entanto, ao considerar o período entre 1997 e
2011, o crescimento médio anual é de 4,6%.

Os períodos de estagnação são justificados pelos problemas de estiagens


prolongadas, principalmente na região Sul e o excesso de umidade no Centro-
Oeste, estocagem de fertilizantes por parte do produtor rural quando há uma
relação de troca favorável, diminuição da renda do produtor rural e crises
mundiais, como a que ocorreu em 2008.

O mercado disponível para consumo de fertilizantes por cultura está


representado no gráfico. Esta análise pode permitir uma melhor compreensão da
distribuição do fertilizante por unidade da federação mostrada na figura.

Figura 1 – Consumo de fertilizantes por cultura em 2010 (%)

Arroz
Outras Algodão
Trigo 3% Batata
9% 5%
Reflorestamento 3% 2% Café
2% 6%
Cana de
Açúcar
15%

Citrus
2%

Feijão
1%
Soja Milho
35% 15%
Fumo
2%

Fonte: Gestão de Informação de Marketing da Bunge Fertilizantes S/A (2011)

A cultura que mais consome fertilizante no Brasil é a soja, atingindo 35%


do total entregue no país. Outras culturas, como soja, milho, cana-de-açúcar,
café e algodão, totalizam 77% das vendas de fertilizantes no mercado brasileiro.
Quanto à segmentação por estado brasileiro, nota-se a grande representatividade
da região Centro-Oeste, na Figura 2.

169
UNIDADE 3 | DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO

Figura 2 – Consumo de fertilizantes por região do Brasil (2010)

Fonte: Os autores

A representatividade da região Centro-Oeste deve-se ao fato do estado do


Mato Grosso ser o maior consumidor de fertilizantes do país. Trata-se do maior
polo agrícola brasileiro, com altas taxas de produtividade e áreas disponíveis
para crescimento, tanto em pastagem quanto abertura de novas áreas.

2.1 FATORES CRÍTICOS

Existem alguns fatores que interferem no mercado de fertilizante, sendo


um deles a influência da sazonalidade.

A venda de fertilizantes atinge o maior pico no segundo semestre de cada


ano, especificamente no mês de outubro. A demanda crescente pelo produto inicia-
se no mês de abril e cresce gradativamente até atingir o pico máximo, que começa
a ter uma redução considerável no mês de dezembro. As necessidades naturais
da cultura da soja e do milho interferem significativamente na sazonalidade das
vendas nacionais de fertilizantes.

Outro fator crítico deste setor é a análise de tendências e a produção de
matérias-primas. Espera-se para os próximos sete anos um aumento médio de
4% ao ano no mercado brasileiro de fertilizantes. O aumento de matérias-primas
importadas é um grande obstáculo para se atingir essa meta, por isso uma das
prioridades é aumentar a produção interna de nutrientes.

170
TÓPICO 3 | PERDAS E DESPERDÍCIO NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL

Segundo dados do Programa de Estudos dos Negócios do Sistema


Agroindustrial – PENSA – de 2002, o complexo produtor de fertilizantes envolve
uma série de atividades que começa pela extração de matérias-primas minerais
até a formulação ou composição de alguns ingredientes nutricionais para as
plantas diretamente aplicadas na atividade agrícola produtora.

A formulação básica dos fertilizantes é uma combinação de três elementos
químicos chamados de macronutrientes para as plantas: Nitrogênio (N), Fósforo
(P) e Potássio (K). As formulações são compostas basicamente de acordo com a
cultura a ser aplicada, tipo e origem do solo, condições físico-químicas da terra,
região geográfica e a produtividade desejada. Além dos macronutrientes (NPK),
os fertilizantes podem ser formulados conforme as condições de solo, região e
produtividade com macronutrientes secundários: Enxofre, Magnésio e Cálcio;
e micronutrientes: Ferro, Manganês, Zinco, Cobre, Cobalto, Molibdênio, Boro,
Cloro e Silício.

A cadeia produtiva de fertilizantes é composta pelo segmento extrativo


mineral que fornece a rocha fosfática, o enxofre, o gás natural e as rochas
potássicas; pelo segmento que produz as matérias-primas intermediárias, como
o ácido sulfúrico, o ácido fosfórico e a amônia anidra. É também composta
pelo segmento produtor de fertilizantes simples e pelo segmento produtor de
fertilizantes mistos e granulados complexo.

2.2 IMPORTAÇÕES DE FERTILIZANTES PARA SUPRIR


O MERCADO BRASILEIRO

Vamos analisar a produção mundial de fertilizantes e quais são os


principais competidores que exportam para o Brasil para suprir nosso mercado.

Consumo Mundial de Fertilizantes

É importante observar que entre os maiores consumidores de nutrientes


minerais para fertilizantes no mundo, o Brasil ocupa a quarta posição, ficando
atrás da China, Índia e Estados Unidos. O consumo de fertilizantes no Brasil
representa 6% do total consumido no mundo.

De certa forma, a importância dos fertilizantes para a produção de


alimentos no Brasil é relativamente elevada, mas a utilização de fertilizantes
pode proporcionar aumento de produção de alimentos quando esta tecnologia
for aplicada corretamente.

FONTE: Disponível em: <http://www2.espm.br/sites/default/files/o_mercado_de_fertilizantes_no_


brasil_e_as_influencias_mundiais_1.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2018.

171
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• O agronegócio é muito importante para a economia do Brasil, sendo responsável


por superávits da Balança Comercial. Nossa vocação como país é a de grande
participante mundial na produção de alimentos, sendo que algumas fontes
consideram o Brasil como um dos únicos países do mundo com quantidade
de terras agricultáveis, capaz de enfrentar o grande desafio dos próximos anos
para alimentar toda a demanda da população mundial.

• Se a previsão de aumento da produção mundial de alimentos se tornar


realidade, é muito importante que o setor de insumos agrícolas, fator essencial
da produtividade, esteja estruturado em bases sólidas.

• O cenário futuro exige intensificar o uso de tecnologias que resultem em maior


produtividade e também reduzam o impacto sobre os recursos naturais do
planeta.

• As perdas e os desperdícios de alimentos ocorrem desde o início da fase de


plantio e em todas as fases de produção do alimento até chegar à mesa.

• Um dos principais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é chegar


à fome zero até 2030, e para cumprir este objetivo são necessárias algumas
atitudes, como fazer uma gestão sustentável da agricultura e do agronegócio.

172
AUTOATIVIDADE

Questão única: A partir da leitura do texto que você fará a seguir,


responda às questões sobre o consumo das frutas imperfeitas:

CONSUMIDORES DIZEM SIM PARA VERDURAS E FRUTAS


IMPERFEITAS

De acordo com a pesquisa de consumo global da empresa


britânica Blue Yonder, cerca de três quartos dos consumidores estariam
dispostos a comprar frutas e legumes imperfeitos, mas desde que as
imperfeições fossem descontadas. A pesquisa mostra que a maioria das
pessoas está preparada para comprar produtos imperfeitos, se o preço
for correto.

A empresa perguntou para 2.000 consumidores em todo o Reino


Unido, EUA, França e Alemanha, se eles comprariam frutas e legumes
imperfeitos, e cerca de 81% das pessoas que compram em supermercados
e varejistas de desconto, disseram que comprariam frutas imperfeitas.
Mas entre os entrevistados on-line, este dado caiu para apenas 52%.

Do total de entrevistados, 90% disseram que precisariam do


incentivo de um desconto, 60% disseram esperar pelo menos uma
redução de 20% no preço e 22% disseram que o desconto teria que ser
de pelo menos 50%.

Entre os entrevistados, os consumidores franceses eram mais


receptivos aos produtos imperfeitos, com 93% dizendo que iriam
comprá-lo com um desconto. Os consumidores alemães ficaram em
segundo lugar (85%), a seguir vieram os consumidores do Reino Unido
(89%) e dos EUA (66%).

FONTE: Disponível em: <http://www.fruitnet.com/americafruit/article/171503/con-


sumers-say-yes-to-wonky-veg>. Acesso em: 13 mar. 2018.

a) Para evitar o desperdício, você acha que os varejistas deveriam incentivar


a venda destes tipos de produtos?

b) Como poderia ser este incentivo?

173
174
REFERÊNCIAS
ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café. 2017. Disponível em: <http://
abic.com.br/>. Acesso em: 14 fev. 2018.

ABIEC – Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne. 2017.


Disponível em: <http://www.abiec.com.br/texto.asp?id=1>. Acesso em: 15 ago. 2017.

ABIOVE – Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais.


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