Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A DA P TAÇ ÃO
Daniel N. Rocha
O R GA N I Z AÇ ÃO
Rafaella Salles
D E S I G N & D I AG R A M AÇ ÃO
Giovanna Maciel
CA TEAM
Arthur Aguiar
Bruno Visnadi
Giovanna Maciel
Julia Yaegashi
Luccas Mateus
Rafaella Salles
CONTRIBUIÇÕES EXTERNAS
Matheus Popst – Coordenador Nacional de Debates | IBD
Rached Centeno – Diretor Regional de Debates do Sul | IBD
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
I NTRODUÇÃO
4
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
5
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
6
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
REGR AS &
ORI E NTAÇÕES
7
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
8
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
9
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
10
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
11
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
12
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
proposta, apresentando outra e explicando porque a do Governo não deveria nortear o debate.
As duplas subsequentes deverão escolher qual definição acreditam ser mais adequada e adotá-la
para o debate, preferencialmente explicitando a razão de sua escolha.
Para ser desafiável, não é suficiente que uma definição apenas não aparente estar “no espírito da
moção”, ou que tenha sido inesperada pelas outras duplas do debate. Caso o debatedor desafie
sem a definição ser desafiável – ou sem justificar por que é desafiável –, a Mesa, ao fim do debate,
poderá desconsiderar todos os argumentos que estavam fora da definição original.
A adjudicação, posteriormente ao debate, deverá avaliar os argumentos apresentados e escolher qual
definição foi mais razoável, por meio de critérios objetivos os quais deverão ser relatados em feedback.
RITO DE DESAFIO
O participante que desejar desafiar a definição deve indicar claramente, durante o início do seu
discurso, que ele ou ela irá desafiar a definição, indicando as razões pela qual a mesma não é
razoável, e apresentar uma nova definição. Após ser feito o pedido de desafio, o tempo NÃO
é pausado e os debatedores que possuem fala após o desafio devem adotar qual definição
irão seguir. O debate segue normalmente, sem qualquer tipo de pausa no momento em que se
anuncia o desafio ou no momento posterior a ele.
Se a definição for desafiada, os juízes devem pesar as contribuições das duplas para o debate
tal como elas o encontraram no momento em que deram seus discursos. Isto é, se a Primeira
Oposição ganhou muito fortemente o embate contra o Primeiro Governo, tendo feito uma
contribuição extremamente significativa para o debate; mas o Segundo Governo desafiou com
sucesso a definição, e deu uma significativa contribuição para este “novo” debate, os juízes devem
comparar a contribuição da Primeira Oposição para o debate em que ela esteve envolvida com
a contribuição da Segunda Oposição para o “novo” debate.
Os juízes não devem desconsiderar a Primeira Oposição apenas porque “o debate se tornou
sobre outra coisa”. Se uma dupla optou por não desafiar uma definição que foi posteriormente
desafiada, deve-se sempre tratar seu caso à luz da definição vigente à sua participação – exceto
quando comparando-a diretamente com a dupla que efetivamente realizou o desafio –. A lógica
disso é manter o precedente de não recompensar uma dupla por algo que uma terceira fez. Assim,
se uma dupla desafia, uma dupla anterior a esse desafio não deve ser recompensada apenas
porque seus argumentos são mais pertinentes sob a definição nova.
13
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
uma extensão” – da mesma forma que o Primeiro Governo não ganha o debate apenas por “ter
um modelo”. Uma extensão vencedora trará um material inovador que seja mais persuasivo para o
eleitor hipotético bem informado e inteligente do que os demais argumentos já apresentados.
Se determinadas linhas argumentativas já foram convincentemente ganhas pela análise de uma dupla
da primeira metade, uma dupla dessa mesma bancada que apenas acrescenta uma nova análise a
esses argumentos pode ser capaz de, com base nessa análise adicional, derrotar de vez as duplas no
lado oposto, mas é improvável que ela tenha fornecido boas bases para vencer a dupla de primeira
metade da sua bancada.
2.3.5 ESFAQUEAMENTO
Debatedores devem ser consistentes com o material da sua própria argumentação, da sua dupla e
da sua bancada. Todos os argumentos de um debatedor que entrarem em contradição com as ideias
proferidas pela mesma bancada, dupla ou demais ideias dele próprio devem ser desconsiderados.
Fazer um argumento do tipo “mesmo se” – ao longo das linhas de “mesmo se a Primeira Oposição
estiver errada sobre isso, vamos mostrar que a moção ainda deveria ser rejeitada” – não constitui
esfaqueamento. No entanto, é improvável que tais argumentos do tipo “mesmo se” forneçam bons
motivos para uma dupla da segunda metade vencer a dupla da sua bancada, a menos que esses
argumentos realmente melhorem a capacidade persuasiva da bancada. Uma dupla da segunda
metade que substitui uma argumentação forte da primeira metade por uma razão inferior para
acreditar em seu lado do debate – ou que afirma um argumento do tipo “mesmo se” quando a
probabilidade do “se” é muito baixa –, é improvável de ser vitoriosa, com base nesse material, em
cima da dupla de sua bancada.
Caso as afirmativas e/ou os argumentos da dupla anterior comprometam muito severamente a
capacidade de uma dupla posterior contribuir com o debate, os juízes não devem desconsiderar os
argumentos apresentados pela dupla posterior. Contudo, sempre que possível, uma dupla da segunda
metade do debate deve utilizar a estrutura do tipo “mesmo se” para evitar contradições.
Caso a primeira dupla de uma bancada apresente afirmativas ou argumentos contraditórios entre
si, a segunda dupla dessa bancada poderá optar entre eles; defendendo, assim, a afirmativa ou
o argumento que considerar mais adequado. Nessa hipótese, a segunda dupla não incorrerá
em esfaqueamento.
2.3.6 FAZENDO WHIP
Um bom discurso de Whip notará os principais confrontos no debate – pontos de clash – entre os
dois lados e fará uso dos melhores argumentos de cada dupla do seu lado para construir o seu caso
de que a moção deve ser aprovada ou rejeitada. Um Whip que contribui para o debate usando
argumentos que foram introduzidos na primeira metade deve receber crédito por fazê-lo, se esses
argumentos forem empregados com sucesso. Um Whip pode – devido à necessidade, da sua dupla,
de contribuir com material mais persuasivo para o debate do que a dupla da sua bancada – explicar
porque as contribuições da sua dupla são as mais persuasivas ou importantes do seu lado, embora
deva fazê-lo sem rejeitar os argumentos da sua bancada.
É altamente greve que os Whips adicionem novos argumentos aos casos de sua dupla. O que conta
como um “novo argumento”? Razões inteiramente novas a favor de determinada medida, afirmações
de que novas consequências acontecerão ou reivindicações de novas verdades morais constituem
novos argumentos. As seguintes coisas NÃO contam como novos argumentos neste sentido, e são
permissíveis para os Whips abordarem:
• Novas defesas e perspectivas de argumentos já feitos;
14
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
15
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
Oposição está tentando ignorar ou “bloquear” o Primeiro Governo. O que não sugere uma confiante
disposição de engajar com os argumentos do Primeiro Governo.
2.3.8 EQUIDADE
O objetivo da Diretoria de Equidade é garantir que não haja qualquer manifestação preconceituosa
que possa deixar um debatedor, juiz ou ouvinte desconfortável. Essa Diretoria receberá denúncias
sobre quaisquer práticas de motivação preconceituosa e/ou discriminatória ao longo do torneio. As
denúncias poderão ser feitas por meio de um formulário online – podendo ser anônimas ou não – ou
pessoalmente, recorrendo aos Diretores de Equidade. É importante ressaltar que, sendo a denúncia
anônima ou não, o denunciado não saberá da identidade daquele que o denunciou, pois este é um
meio de garantir um maior conforto e segurança para que as denúncias sejam feitas. Embora haja
a possibilidade de a denúncia ser anônima, é recomendável que ela seja identificada, pois facilita
o retorno das providências tomadas após a denúncia.
A equidade também lidará com excepcionais pedidos de impedimento – quando um debatedor
ou juiz não se sentir pessoalmente confortável para ser avaliado por determinada pessoa ou para
avaliar determinada pessoa. Quem fizer esse pedido precisará justificá-lo pessoalmente à Diretoria
de Equidade, que garantirá absoluta privacidade e discrição. Ressalta-se que contestar a mera
qualidade técnica de um juiz não é justificativa para pedir impedimento.
Juízes só devem intervir em violações de equidade que de fato atingirem níveis extremamente
perigosos; caso contrário, o debate não deve ser parado. Violações de equidade, cortesia e respeito
mútuo não são, em si próprias, critérios para desqualificar a argumentação. Toda deliberação deve
analisar o impacto dessas agressividades na persuasão. Demais problemas de equidade devem ser
resolvidos fora do debate e não devem, isoladamente, impactar a deliberação em si. No entanto,
ser um orador preconceituoso geralmente não é persuasivo para o eleitor hipotético bem informado
e inteligente. Um debatedor que, por exemplo, afirme ideias racistas provavelmente será, em geral,
muito menos convincente.
16
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
DE BATE N DO &
J U LGAN DO
17
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
18
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
O eleitor hipotético bem informado e inteligente não sabe termos técnicos que requerem um curso
universitário em particular para entender. Pode-se assumir que ele possui alguma forma de vocabulário
genérico que vem de uma educação universitária de alguma forma, mas provavelmente não do seu
curso em específico. Eles não entendem um jargão do meio jurídico ou econômico com que nós,
debatedores, estamos familiarizados. Falar sobre “Curva de Laffer” para a maioria das pessoas é
equivalente a fazer alguns barulhos estranhos. Similarmente, usar termos como “eficiência econômica”
terá como entendimento apenas o que um leigo entenderia, perdendo qualquer especificidade técnica.
Juízes devem julgar de acordo, e oradores que desejarem fazer uso de uma maior especificidade
que termos técnicos possuem devem gastar seu tempo explicando as conotações do termo que
desejam utilizar.
Fundamentalmente, o eleitor hipotético bem informado e inteligente não vem de nenhum lugar.
Especificamente, ele não vem de onde um juiz em particular vem. Logo, não há “exemplos locais”
que requerem menos explicação para o eleitor hipotético bem informado e inteligente, mesmo quando
todo mundo na sala vem daquele local. De onde quer que você seja, assuma que os juízes são
de outro lugar.
Como talvez possa ser induzido dos parágrafos anteriores, o eleitor hipotético bem informado e
inteligente é muito diferente da maioria das, ou talvez de quaisquer, pessoas do mundo real. Mas o
conceito de “eleitor hipotético bem informado e inteligente” é uma forma prática de revelar um conjunto
de características importantes que um juiz deve almejar para assegurar que todos as duplas recebam
um tratamento justo em qualquer debate. Dessa forma, o termo “eleitor hipotético bem informado
e inteligente” será utilizado neste manual como uma expressão para descrever a expectativa na
qual juízes devem:
• Evitar ler o debate sob a ótica de um conhecimento pessoal que têm do assunto debatido, a
menos que seja razoável considerar que seja um conhecimento detido por alguém de inteligência
razoável e de ativo consumo de noticiários – isto é, “Síria está no Oriente Médio” ou “Rússia é
a maior produtora de petróleo” é claramente um conhecimento aceitável, mas os detalhes das
tropas do governo iraquiano é provável que não sejam;
• Dar pouco ou nenhum crédito a apelos meramente emocionais ou argumentos de autoridade,
com exceção de quando eles tiverem influência racional em um argumento;
• Evitar, ao avaliar os argumentos, presumir o contexto geográfico, cultural, nacional, étnico ou
qualquer outro contexto;
• Evitar dar preferência a argumentos ou estilos de oratória com base em preferências pessoais;
• Avaliar os méritos de um problema, solução ou política proposta desassociando quaisquer
perspectivas pessoais que estejam relacionadas a isso.
Pensar como um eleitor hipotético bem informado e inteligente não nos absolve das nossas
responsabilidades de julgar o debate – avaliar a fluência lógica dos argumentos, determinar o
vencedor de acordo com a persuasividade das duplas. Nós não devemos dizer “enquanto isso
foi claramente uma demagogia irracional, o eleitor hipotético bem informado e inteligente teria
acreditado”. Isso não só conduz a conclusões irracionais, mas, também, geralmente, superestima
quão mais espertos nós somos em relação ao eleitor hipotético bem informado e inteligente.
Nós enfatizamos que a principal razão pela qual juízes devem imaginar a si mesmos como um
eleitor hipotético bem informado e inteligente é para evitar que eles se baseiem nos seus gostos ou
nas suas crenças subjetivas. Muitos de nós debatem com frequência, e acabamos desenvolvendo
preferências estéticas sobre oratória, piadas internas e referências que achamos engraçadas. Isso
é natural, mas nos distrai, em alguma medida, do debate. Como eleitor hipotético bem informado e
inteligente, ficamos muito menos suscetíveis a acreditar em políticas públicas apenas por elas terem
19
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
sido defendidas de forma “sofisticada” ou “engraçada”. A melhor forma de fazer isso é os juízes
simplesmente considerarem que o que está em jogo nos debates são políticas ou controvérsias reais
e ver quem teve o maior potencial para persuadir um eleitor médio inteligente.
Algumas vezes em mesas difíceis, onde existe algum split – quer dizer, quando os adjudicadores
discordam entre si a respeito de uma ou mais colocações –, alguns adjudicadores podem dizer
que existe mais de uma versão do eleitor hipotético bem informado e inteligente e que ambas as
posições dele e do outro colega adjudicador, seriam válidas. Não é esta a postura que adjudicadores
devem ter durante uma deliberação. Mais do que se colocarem na posição do eleitor hipotético bem
informado e inteligente eles devem buscar ao máximo um consenso do que eles interpretam que o
eleitor hipotético bem informado e inteligente deveria interpretar aquele debate. O mindset correto
é que só existe um único eleitor hipotético bem informado e inteligente e que ele só iria adjudicar
e ser persuadido por aquele debate de uma única forma possível. Essa diferença sutil – e alguns
talvez digam utópica – é o que permite que uma adjudicação coerente e consistente em um torneio.
Um bom juiz não é aquele finge que não possui convicções pessoais, mas aquele que conhece
bem suas preferências pessoais argumentativas e estilísticas; e desta forma, blinda-se contra elas.
Sempre que um juiz estiver lidando com material que, em termos individuais, aprecia ou desgosta
fortemente, ele deve repensar se o seu julgamento da persuasão não foi contaminado pelos seus
gostos. Da mesma forma, caso ouça um argumento que é bem incompreensível pelo eleitor hipotético
bem informado e inteligente, mas que seja de amplo conhecimento individual por parte do juiz – por
exemplo, argumentos técnicos típicos do seu curso de graduação –, o juiz também deve analisar com
mais cautela qualquer impressão que tiver. Para esses casos, também é recomendável que o juiz peça
a opinião dos outros membros da Mesa acerca dessa linha argumentativa específica.
20
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
21
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
sem importância, insuficientes, inadequados ou, de outra maneira, inferior às contribuições da bancada
do debatedor. A refutação não precisa ser rotulada especificamente como “refutação” – por mais que
possa ser sensato para debatedores o fazerem –, e pode ocorrer no início, meio, fim, ou ao longo
de todo o discurso. Assuntos rotulados como refutação podem ser construtivos além de refutativos,
e assuntos rotulados como construtivos também podem funcionar como refutações. A refutação,
portanto, não denota algum tipo especial de argumento ou análise – ela simplesmente se refere a
qualquer material que engaja diretamente com argumentos levantados pela outra bancada.
Ser persuasivo não é, portanto, apenas fazer argumentos que são – analisados somente em si mesmos
– persuasivos. Persuasividade em um debate também consiste em engajamento detalhado com outras
duplas, demonstrando, comparativamente, porque o argumento de um debatedor é melhor, destrói,
e deveria ser priorizado em relação a outros argumentos.
Dentro do contexto de um debate, existem basicamente dois tipos de refutação:
REFUTAÇÃO COMO ANÁLISE COMPETITIVA
Expõe uma situação alternativa àquilo que um debatedor disse que iria acontecer. Nesse tipo de
refutação a oposição não se dá por ataque direto ao argumento da outra bancada. Ela agrega
ao caso de quem a realizou, mas não destrói o caso rebatido, apenas o enfraquece em termos
comparativos. Esse tipo de refutação pode ser preferível quando é preciso, além de refutar, construir
argumentação positiva. Contudo, quando o outro lado realiza uma argumentação muito sofisticada,
essa estratégia refutativa pode ser insuficiente para dar vitória a esse clash.
REFUTAÇÃO COMO ANÁLISE NEGATIVA
Aponta falhas na argumentação da oposição. Nesse tipo de refutação, a oposição se dá por confronto
direto ao argumento da outra bancada. Ela não agrega tanto ao caso de quem a realizou, mas
destrói, à medida em que a análise for boa, o caso rebatido. Esse tipo de refutação é preferível
quando é necessário abalar mais intensamente uma determinada linha argumentativa, visto que essa
estratégia refutativa tem como finalidade mostrar porque a argumentação do outro lado é errada e
com defeitos internos.
Quando duplas têm uma chance de refutar uma a outra, avaliar contribuições relativas dessa forma
é fácil. Juízes devem olhar uma linha argumentativa e avaliar, dadas as inserções construtivas e
refutativas, qual contribuição da dupla foi mais significativa em promover suas razões para, acerca
daquele ponto disputado, nos persuadir logicamente que deveríamos implementar a política, ou que
não deveríamos implementá-la. A análise de um determinado clash argumentativo deve ser sempre
feito de modo comparativo.
Mas, quando duplas não têm a chance de refutar umas às outras, determinar quem foi mais persuasivo
é mais complicado. Isso acontece com relativa frequência, por exemplo:
• Entre duplas em diagonais curtas e longas;
• Quando o Whip da Oposição explica algo de uma nova maneira;
• Quando as duplas de primeiras casas são impedidas de fazer pontos de informação.
Nessas circunstâncias, os juízes são forçados a fazer uma avaliação mais independente acerca da
“robustez” dos argumentos que as duplas fizeram. Em outras palavras, os juízes são forçados a avaliar
quão bem os argumentos teriam se saído no engajamento, se esse engajamento tivesse sido possível.
Um material mais robusto é, com todos os outros pontos sendo iguais, uma melhor contribuição que
um material menos robusto. Idealmente, avaliar a robustez envolverá uma comparação com o material
na mesa – isto é, olhando para as análises apresentadas – ou pequenas extensões do mesmo. Por
exemplo, quando juízes comparam duas duplas em uma diagonal – por exemplo, 2G e 2O –, eles
22
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
devem primeiro se perguntar se alguma coisa no discurso dos primeiros é inerentemente suscetível a
resposta. A última dupla sendo avaliada lidou com esse material? Veja se eles permitiram que a dupla
da diagonal tivesse pontos de informação, para dar a eles uma oportunidade de engajar. Impedir
o engajamento de uma dupla com material relevante é frequentemente óbvio e nada persuasivo.
Deve ser enfatizado que tal consideração acerca da robustez é um último recurso. Juízes são, em
teoria, instruídos a avaliar apenas as razões comparativas postas pelas duplas no debate; e, se as
duplas tiverem provido essa análise, é problemático os juízes a substituírem pela sua. Portanto, em
resumo, a análise comparativa entre duplas deve se dar da seguinte forma:
1 Comparação direta em primeiras e segundas casas: uma dupla engaja diretamente com os
argumentos de outra, mostrando porque os dela, em detrimentos dos da outra, são mais importantes;
2 Análise do impacto da argumentação: o juiz deve ponderar sobre o impacto da análise
desenvolvida por cada dupla, ainda que elas o tenham feito individualmente sobre o argumento
delas, sem refutar ou comparar com os argumentos das demais duplas;
3 Duplas não engajaram, ou o impacto foi igual – ou ainda, quando as segundas casas “repetem”
argumentos das casas anteriores –: O juiz tem que decidir o que é mais provável de persuadir
o eleitor hipotético bem informado e inteligente, verificando o nível de análise e meta-análise
que cada uma deu e a porcentagem de plausibilidade possível nos casos, sempre utilizando a
métrica de comparação para verificar tais hipóteses.
23
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
que ilegalidade está atrelada diretamente a ilegitimidade. Esse ônus é especialmente forte se o
Adjunto do Primeiro Ministro alega, então, que eles aceitam que o assassinato é ilegal, mas
argumenta que a ilegalidade é uma base fraca para dizer que um ato é ilegítimo. A menos que
as Duplas da Oposição dêem razões superiores para pensar que a ilegalidade de um ato sob
o direito internacional é uma razão para sua ilegitimidade, não é relevante para os ônus que
eles precisam provar que haja um mero apontamento de que assassinato é ilegal, ou dar mais
detalhes de como isso é ilegal. Ambas as bancadas agora concordam que o assassinato é ilegal,
e continuar concordando com isso não leva a nada. O que as bancadas agora discordam é nas
implicações que isso tem para a legitimidade do assassinato, e é isso que elas têm o ônus de provar.
Portanto, as concessões feitas remodelam totalmente os ônus das bancadas, tendo em
vista que os pontos concedidos não devem mais ser passíveis de clashes, já que ambas
as bancadas estão concordando acerca daquela reivindicação específica. Debatedores
que insistirem em argumentar a favor de pontos que já foram concedidos pela bancada
oposta devem ter sua argumentação acerca desse tópico específico desconsiderada.
Uma argumentação tem maior ônus à medida em que ela se distancia do senso comum do eleitor
hipotético bem informado e inteligente. Assim, reivindicar que ações preconceituosas são ruins tem
um ônus bem menor do que argumentar que a hegemonia chinesa no Mar da China Meridional é um
perigo para a ordem global vigente. Isso não significa, contudo, que os argumentos mais próximos do
senso comum do eleitor hipotético bem informado e inteligente não necessitem de análise detalhada. A
implicação verdadeira disso é que, comparativamente, argumentos menos habituais ao eleitor hipotético
bem informado e inteligente precisam de maior desenvolvimento analítico para atingir um mesmo
nível de persuasão – se não considerarmos previamente as refutações que podem ser levantadas.
Da mesma forma, alguns argumentos, naturalmente precisam de análise detalhada em vários passos
para serem efetivamente convincentes. Logicamente, é possível fracionar um raciocínio em diversas
premissas no qual ele é fundamentado. Em alguns casos, algumas premissas são intuitivas; tendo,
portanto, menor ônus de prova. Contudo, alguns raciocínios possuem diversas premissas que, se não
analisadas detalhadamente, tornam o argumento pouco plausível; logo, essas ideias têm maior ônus
de prova, visto que o não detalhamento pode gerar uma argumentação com muitos saltos lógicos.
ANALISANDO E JULGANDO MÉTRICAS
As equipes frequentemente contestam/disputam os critérios pelos quais o debate deve ser julgado e
argumentam que os pontos devem ser julgados de acordo com certas estruturas e padrões – métricas
ou enquadramento. Isso é permitido: As equipes podem debater quais critérios devem ser usados
para avaliar se uma política é boa como parte da argumentação de que é, de fato, boa.
MÉTRICAS DE RELEVÂNCIA: O QUE É MAIS IMPORTANTE?
STAKEHOLDER MAIS IMPORTANTE NO CONTEXTO DO DEBATE. Quem é o principal
agente afetado e ou geralmente mais vulnerável? A quem pretendemos alcançar?
QUANTIDADE DE PESSOAS ATINGIDAS. Em qual cenário salvamos mais pessoas?
INTENSIDADE DO IMPACTO. Em qual cenário conseguimos melhor impactar e abranger mais
pessoas de forma mais densa?
TEMPORALIDADE. Em qual cenário resolvemos mais rápido? Há uma questão de urgência ou
os mesmos resultados podem ser obtidos em tempos distintos sem nenhuma perda significativa
sem essa demanda urgente? Curto Prazo x Longo Prazo.
CUSTO X BENEFÍCIO. Quais são os resultados obtidos com determinados custos? Vale a pena?
PLAUSIBILIDADE. O cenário da argumentação das bancadas é verossímil e contribui
24
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
25
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
Moções que dizem “ECAQ X” geralmente não envolvem o Governo propondo uma medida; mas, em vez
disso, requerem que as duplas do Governo argumentem pela verdade da declaração apresentada em X,
enquanto as duplas da Oposição argumentam que X é falso. Duplas do Governo ainda podem propor uma
política pública como uma manifestação de sua crença em X – por exemplo, se a moção é “ECAQ todos
os indivíduos possuem direito a um padrão mínimo de vida”, o Governo pode produtivamente especificar
uma medida que eles fariam para prover esse direito. Algumas moções do tipo “acredita que” são mais
explícitas sobre medidas, incluindo moções com a formulação “ECAQ [Ator A] deveria [fazer ação X].
Moções que dizem “EC apoia/lamenta Z” também normalmente não envolvem o Governo propondo
uma medida – porém, de novo, ele pode escolher fazê-la. Em vez disso, as duplas do Governo
precisam argumentar que eles iriam – seja simbolicamente, politicamente, materialmente ou em
alguma outra maneira – apoiar a pessoa, grupo, instituição, causa, ideia, valor ou declaração
expressa por Z. A Oposição precisa argumentar que Z não deveria ser apoiada dessa maneira.
26
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
do Primeiro Governo é inferior sem diretamente compará-la ao menos a uma dessas alternativas.
Moção Hipotética: “EC invadiria a Síria.”
EXEMPLO 1
PRIMEIRO MINISTRO “Nós acreditamos que os EUA devem invadir a Síria de uma vez e instalar
um novo governo”.
LÍDER DA OPOSIÇÃO “Nós acreditamos que os EUA devem invadir a Síria de uma vez, mas eles
devem também dar assistência econômica a um novo regime sírio.
O JUÍZ DEVE CONCLUIR A contraproposta da Primeira Oposição não é mutuamente excludente
com a proposta do Primeiro Ministro, e aceita a premissa do caso do Primeiro Governo. A Primeira
Oposição não está, de verdade, se opondo à moção.
EXEMPLO 2
PRIMEIRO MINISTRO “Nós acreditamos que os EUA devem invadir a Síria de uma vez e instalar
um novo governo”
LÍDER DA OPOSIÇÃO “Em vez de invadir, os EUA deveriam dar ajuda militar aos grupos rebeldes
dentro da Síria”
O JUÍZ DEVE CONCLUIR A contraproposta da Primeira Oposição não é estritamente mutuamente
excludente com o caso do Primeiro Governo, mas eles deixaram uma alternativa – dizendo que
“nós sugerimos uma política de A não invadir e B dar ajuda militar”. Dependendo dos argumentos a
seguir, eles podem estar aptos a, com sucesso, mostrar que sua medida é melhor que a do Governo.
27
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
ORI E NTAÇÕES
PAR A J U ÍZ ES
28
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
Os juízes devem determinar qual dupla fez o melhor para persuadi-los, por argumentação lógica,
de que a moção deve ser adotada ou rejeitada. Os juízes fazem isso como um eleitor hipotético
bem informado e inteligente, e suas avaliações são sempre holísticas e comparativas: considerando
todas as contribuições que cada dupla fez para o debate em geral, e comparando-as com as das
outras duplas. As duplas não podem ganhar ou perder debates devido a detalhes isolados que elas
fizeram, como definir bem o debate ou contradizer a outra dupla da mesma bancada. Crucialmente,
não existe algo como “quarto lugar automático” ou “primeiro lugar automático”. E isso se deve a uma
questão de necessidade lógica: por mais boa ou ruim que uma dupla seja, outra dupla sempre pode
fazer exatamente a mesma ação boa ou ruim e fazer outra ação que as torne ainda melhor ou pior.
Os juízes podem e devem avaliar o quão bem-fundamentados os argumentos são. Isso inevitavelmente
envolverá alguma avaliação da qualidade das razões oferecidas para apoiar os argumentos; e
reivindicações seriamente implausíveis constituem, aos olhos dos juízes, um suporte fraco para um
argumento. Mas os juízes devem exercer o mínimo de avaliação pessoal ao fazer tais alegações, e
mesmo argumentos seriamente implausíveis não podem ser totalmente desconsiderados pelo juiz, se
eles não forem refutados – embora possam ter pouco valor persuasivo. Em um mundo ideal, as duplas
irão engajar em respostas extensivas aos pontos bem detalhados de cada uma. Na maioria dos debates
que ocorrem no mundo real, contudo, as duplas frequentemente dialogam umas com as outras e deixam
alguns pontos, um do outro, sem serem desafiados. Nessas circunstâncias, o juiz terá que avaliar não
apenas quais argumentos são mais importantes, mas também quais foram mais claramente comprovados.
Pontos não refutados que exigem que o juiz faça alguns saltos lógicos são muitas vezes mais persuasivos
do que pontos completamente refutados, e são sempre mais persuasivos do que nenhum ponto, mas não
são preferíveis a um argumento bem fundamentado, que possui apenas algumas poucas suposições
não muito substanciais. Analisar o que é e o que não é refutado é, portanto, de vital importância para
julgar debates. Note que os debatedores não precisam usar a palavra “refutação” para responder
a um argumento. Pode ser mais correto se o fizerem, mas os juízes não devem ignorar material que
engaja adequadamente com um argumento apenas porque o orador não apontou que isso acontece.
29
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
Igualmente, isso não significa que os oradores devam ser “punidos” por não refutarem tudo: algumas
afirmações não destroem de fato a argumentação do lado oposto. Por exemplo, em um debate sobre
a legalização das drogas, se o governo disser que “Os elefantes cor-de-rosa são fofos porque têm
aquelas orelhas bonitas e são de uma cor agradável”, este argumento falho pode ser seguramente
deixado de lado e não ser refutado, pois não é uma razão para legalizar as drogas. Não há, portanto,
necessidade de ressaltar que os elefantes azuis são obviamente mais saborosos, por exemplo. Da
mesma forma, se eles disserem “algumas drogas são menos prejudiciais do que outras”, isso poderia
também ser ignorado. Embora esteja claramente mais relacionado ao debate do que o argumento
dos elefantes cor-de-rosa fofos, ainda é pré-argumentativo – isto é, não foi dado embasamento
suficiente para que realmente forneça uma razão para fazer, ou não, aquela política pública. O outro
lado pode muito bem dizer “sim, algumas drogas são mais prejudiciais do que outras” e seguir em
frente, ou simplesmente ignorar esse non sequitur argumentativo. Muitas vezes, como juiz, pode ser
tentador completar, por meio de saltos lógicos, ideias que são interessantes, mas pré-argumentativas.
Não façam isso.
Os juízes devem ser coerentes em sua adjudicação. Muitas vezes, ao resolver um clash, os juízes têm que
concluir determinadas coisas, tais como “o primeiro governo provou razoavelmente bem o argumento
X”. Ao utilizar essa hipótese para justificar, digamos, que o primeiro governo venceu a diagonal
longa porque, entre outras coisas, não deu uma boa resposta ao argumento X, os adjudicadores
não podem ignorar isso ao avaliar a primeira metade. Se o primeira oposição também não deu uma
resposta ao argumento X, isso deve ser considerado de maneira similar. Muitas vezes, após longas
deliberações em algum clash é importante revisitar os clashes já resolvidos para verificar se eles
ainda são coerentes de acordo com as novas hipóteses. Em resumo:
1 Adjudicadores conversam e com alguma facilidade resolvem a primeira metade, decidindo que
a primeira oposição ganhou.
2 Existe muita divergência e após uma longa discussão, usando o fato que “o primeiro governo
provou razoavelmente o argumento X”, eles dão o clash pro primeiro governo.
3 Sem muita hesitação, concluem que o 2O deve ter perdido do 1O.
4 Mas o presidente de mesa se atenta e percebe que eles deveriam revisitar a primeira decisão, com
o que concluiram da segunda decisão. Quando fazem isso, sob a hipótese que “o primeiro governo
provou razoavelmente o argumento X”, eles dão a primeira metade pro primeiro governo então.
5 Agora eles precisam analisar com calma o clash da oposição.
É da responsabilidade do Presidente administrar a deliberação entre os juízes de uma maneira que
permita que todos os juízes participem plenamente da discussão, produzam uma decisão consensual
e completem uma folha com os resultados dentro do limite de tempo de deliberação: 15 minutos.
Os Presidentes de Mesa devem administrar o tempo, e reconhecer que as regras exigem votação se
não houver consenso, cedo o suficiente, para que a avaliação termine em 15 minutos. Levando em
consideração o tempo gasto para decidir sobre pontuações individuais, isso significa que o Presidente
deve considerar uma votação quando, passados 12 minutos de discussão, ainda não houver um
consenso estabelecido.
4.1.1 WINGS
As opiniões dos Wings contam tanto quanto a opinião do Presidente: a principal diferença é
simplesmente que Wings não possuem a tarefa de presidir – ou seja, gerenciar – a discussão. Os
Wings devem tratar o Presidente com respeito, e não o interromper/falar por cima dele, a menos
que eles sintam que não estão sendo autorizados a participar de forma significativa na discussão.
Em troca, os Presidentes devem respeitar as opiniões dos Wings e dar-lhes oportunidade suficiente
30
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
eles devem sempre buscar o consenso. Se a Mesa não chegar a um consenso após 15 minutos, a
eles pode – a depender do cronograma do torneio – ser concedidos mais 5-10 minutos para discutir.
Depois que qualquer tempo adicional se esgotar, os juízes devem votar nos rankings que discordam,
com a maioria, em cada desacordo, determinando o resultado. Se uma Mesa tiver um número par
de juízes e o resultado de uma votação estiver empatado, o Presidente tem o voto de minerva.
4.1.2 RITO DE DELIBERAÇÃO
1 Leitura de anotações na ordem cronológica do debate, comparando clashes, analisando
cumprimento de ônus e relembrando persuasão via análise.
2 Cada adjudicador dá sua call inicial. O presidente de mesa deve perguntar do adjudicador
menos experiente ao mais experiente e por último ele.
3 Análise de todos os clashes, focando nos mais difíceis, e dar o ranking de duplas.
4 Dar notas para cada debatedor – primeiro o melhor debatedor, depois o pior e em seguida as
demais –, de acordo com a tabela de pontuação individual.
5 Presidente entrega as pontuações finais à tabulação, enquanto um Wing chama os debatedores
para o feedback.
6 A deliberação final é soberana e irrevogável.
7 Reclamações devem ser feitas diretamente aos Chefes de Avaliação e sobretudo via
formulário de feedback.
4.1.3 GERENCIANDO A DELIBERAÇÃO
Em rodadas muito competitivas, é de se esperar que os juízes possam ter opiniões diferentes sobre
o debate. Portanto, alcançar um consenso e preencher os resultados em 15 minutos é uma tarefa
difícil, exigindo gestão pelo Presidente. Aqui nós esboçamos algumas sugestões de como isso pode
ser feito. Estes não são requisitos obrigatórios – cabe ao Presidente gerenciar a discussão da maneira
que julgar ser mais eficaz.
O presidente deve pedir que cada Wing dê uma classificação completa das quatro duplas ou, pelo
menos, algumas indicações de quais duplas eles consideram melhores ou piores do que as demais
e então dar a sua própria opinião, a razão é para evitar enviesamento e que os novos simplesmente
sigam o voto dos antigos. Também é aconselhável interromper qualquer adjudicador que queira
expressar opiniões sem antes ter lido as notas ou que seus colegas tenha lido. Deve-se fazer isso para
evitar enviesamento e aproveitar ao máximo o dissenso e visões diferentes Isso não é obrigatório,
é uma hipótese de trabalho que irá evoluir à medida que a discussão progride. Wings não devem
sentir nenhuma pressão para concordar um com o outro ou com o presidente em sua deliberação
inicial, visto que não há nenhuma sanção negativa àqueles que alterem sua deliberação inicial. Os
juízes devem ter alguma opinião sobre o debate assim que ele acabar, e devem compartilhar suas
opiniões juntamente com suas incertezas. Passados três minutos de leitura de notas, não ter nenhuma
ideia acerca do debate indica que o juiz não teve um seguimento ativo do debate, embora possa ser
razoável dedicar alguns minutos à organização das notas e a confirmar, antes do início da discussão,
algumas opiniões individuais. A presidência deve, então, avaliar o nível de consenso que existe. Existem
milhares de combinações possíveis, mas felizmente alguns cenários surgem com bastante frequência:
1 Todo mundo tem exatamente o mesmo ranking – comemorar, mas brevemente. Embora haja
concordância, a Mesa ainda deve ter uma breve discussão para garantir que os rankings são os
mesmos por razões semelhantes, e considerar com precisão todas as contribuições de todas as
quatro duplas. Eles devem então passar para o preenchimento da cédula.
31
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
2 Todo mundo tem o mesmo ranking, exceto uma pessoa. O Presidente deve pedir-lhe que defenda
a sua posição. A discussão deve ser específica, adaptada à diferença entre a opinião minoritária
e majoritária. Se a diferença for acerca do desempenho de uma dupla, a discussão deve se
concentrar nessa dupla – sem se esquecer de fazer o item 1 para outras duplas –, etc. Os juízes
não devem presumir que alguém está errado porque ele está em minoria.
3 Há semelhança nos rankings – os juízes concordam sobre como uma dupla está classificada
ou em algumas classificações relativas, por exemplo, todos concordam que o Primeiro Governo
é melhor que o Segundo Governo –, mas há também algumas diferenças cruciais. Os juízes
devem começar por estabelecer quais discussões precisam ser dadas mais tempo – ou seja, “há
discordância sobre se a Primeira Oposição venceu o Primeiro Governo”, por exemplo. Consolide
o consenso existente e use-o como uma alavanca para quebrar os impasses.
4 Caos. Não há semelhança entre os rankings. O Presidente deve orientar uma discussão sobre os
argumentos de cada dupla; ou, dependendo do que fizer mais sentido para a Mesa em questão,
gerir uma discussão sobre os confrontos entre pares de duplas.
A Esses debates muitas vezes demonstram divergências na forma como um argumento foi
avaliado, então seu objetivo é detectar tais diferenças de interpretação. A discussão inicial é
destinada aos juízes da Mesa informarem um ao outro sobre suas perspectivas e encontrar algum
nível de entendimento comum.
B Se dois juízes acreditam que argumentos diferentes são centrais, o Presidente deve formular
uma discussão sobre sua prioridade relativa. O Presidente deve fazer com que cada juiz explique
sua posição e tente estabelecer uma métrica para a importância dos argumentos no debate.
C Após essa breve discussão, os membros da Mesa devem classificar as duplas e comparar os
resultados novamente. Se a Mesa alcançou alguma sobreposição, eles devem passar para as
sugestões acima expostas em 3. Pode eventualmente ser necessário votar.
Em todas as deliberações, os juízes não devem sentir-se obrigados a cumprir a sua deliberação original
apenas porque essa foi sua visão inicial – é crucial haver flexibilidade e mente aberta na discussão, e
as deliberações devem sempre visar o consenso. Tal consenso não é, no entanto, um ideal que deve
ser colocado acima do resultado correto. Como tal, juízes não deve “negociar” os resultados para
que cada um tenha suas próprias opiniões de certa forma representadas na classificação final. Isso
provavelmente produziria um resultado que é impossível de se justificar coerentemente. Se um juiz
acredita que uma dupla foi colocada em primeiro os outros juízes discordam, o discordante deve
tentar convencer os demais das suas razões. Todos os juízes devem ser flexíveis e dispostos a serem
persuadidos; mas, se não forem persuadidos, devem ficar atados ao que eles acreditam ser certo.
Os presidentes de mesa devem ser razoáveis a respeito do tempo e quando irão encerrar uma
adjudicação. Ao mesmo tempo que se estender demais – algo como mais de 30 minutos – pode ser
perigoso e deve ser feito com cautela porque os adjudicadores passam a avaliar o papel e não o
debate em si, não se deve parar uma adjudicação simplesmente porque o tempo bateu. Se a logística
do torneio permite (ex: a rodada acontece antes do almoço, então não acarretará em atrasos pro
torneio), se estender algum tempo deve ser considerado, se for necessário.
32
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
33
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
• O que poderia ter sido executado – embora geralmente seja aconselhável minimizar isso, a
menos que solicitado, para evitar confundir duplas sobre por que elas perderam o debate.
É importante que o cerne do feedback foque na lógica argumentativa da dupla, e não em elementos
periféricos ao raciocínio, oratória, estrutura do discurso e demais pontos que não são tão cruciais
na construção persuasiva.
Além disso, enquanto estiver justificando as posições, é importante que o juiz se mantenha na posição
do eleitor hipotético bem informado e inteligente, de modo a não imprimir suas impressões pessoais
sobre a argumentação que foi feita.
4.2.1 ARMADILHAS A SE EVITAR NA TOMADA DE DECISÃO E FEEDBACK
A seguir, temos um conjunto comum de erros que avaliadores podem cometer na determinação do
resultado e na passagem de feedback. Nós enfatizamos que muitos dos exemplos que nós damos sobre
essas armadilhas não são propriamente “maus feedbacks” – eles apenas precisam ser acompanhados
de explicação mais aprofundada para que então sejam um comentário introdutório apropriado. Mas,
avaliadores não devem se sentir satisfeitos com tais comentários sem uma explicação e clarificação
mais aprofundada para os debatedores, que tornam claras as razões específicas e comparativas de
porque uma dupla derrotou a outra.
1 LIDANDO COM GENERALIDADES EM DETRIMENTO DAS ESPECIFICIDADES
“Nós achamos que a Segunda Dupla de Oposição realmente trouxe o caso a seu favor, então eles
ganharam o debate.”
“A Primeira Dupla de Oposição teve alguns pontos importantes a dizer, mas a análise não melhorou
até a Segunda Dupla de Oposição.”
É perfeitamente razoável que avaliadores usem uma linguagem geral para introduzir suas razões, desde
que cada comentário geral seja acompanhado de exemplos do que realmente aconteceu. Nenhum
comentário dos exemplos que listamos acima deve ser dito sem o suporte de exemplos específicos
sobre o que se está sendo avaliado, seja durante a divulgação do resultado ou durante o feedback.
2 CONCEDENDO A CERTAS CLASSES DE ARGUMENTOS UMA PRIORIDADE INDEVIDA
“Apenas a Primeira Dupla de Governo sabia os nomes das principais cidades brasileiras.”
“A Segunda Dupla de Governo ganhou porque seus argumentos eram mais morais do que práticos.”
Essa armadilha de avaliação toma um número de formas, um dos quais é a fantasia do uso de
conhecimento específico na elaboração de argumentos. Duplas que fazem argumentos fortes
reforçados por bom conhecimento devem ser recompensados, mas não devido à quantidade total de
argumentos citados, e sim por causa da força dos argumentos nos quais esses fatos foram organizados.
Um uso inteligente de fatos torna o argumento mais forte e melhor, mas eles não compõem por si
próprios um argumento.
Uma segunda forma dessa armadilha é dar prioridade indevida a argumentos que são de vários
tipos – moral, filosófico, econômico, prático, etc. Um argumento “principiológico”, por exemplo, não
é necessariamente pior ou melhor do que um “prático” – isso depende do que cada argumento
procura provar e de quão bem ele o faz.
3 JULGANDO SOMENTE PELAS PENALIDADES
“Você não aceitou nenhum Ponto de Informação, então não havia jeito de você ficar em primeiro.”
“Nós tivemos dúvida sobre o seu mecanismo, então o colocamos em último.”
34
SO CIEDAD E D E D EB ATES FGV
Um bom árbitro não é aquele que incessantemente apita e para o jogo. Similarmente, um bom
avaliador não é aquele que tenta achar tantas razões quanto for possível para desconsiderar os
argumentos de uma dupla e falar da forma em detrimento do conteúdo de suas contribuições. Se uma
dupla viola os requerimentos intrínsecos ao seu papel, eles devem ser penalizados apenas até o ponto
de remover qualquer dano que eles causaram ao debate por meio de fracasso em cumprir seu papel.
Alguns exemplos:
• Não aceitar qualquer Ponto de Informação significa que o debatedor não engajou plenamente
com a outra bancada – seu discurso pode ser interpretado como menos persuasivo, mas não
deve ser excluído de consideração.
• A falta de clareza de um mecanismo deve ser resolvida permitindo que as duplas de Oposição
façam quaisquer interpretações razoáveis por conta própria e deixando o debate seguir a
partir disso, e não desconsiderando outras contribuições da dupla de Governo por causa do
mecanismo em si.
• Se um debatedor introduz novos argumentos em um discurso de Whip da Oposição, estes devem
ser desconsiderados, como se o debatedor não tivesse dito nada acerca dessas novas linhas
argumentativas – mas outros pontos que ele tenha trazido devem ser considerados.
4 JULGANDO FORMA EM DETRIMENTO DO CONTEÚDO
“Você deveria ter colocado seu argumento sobre direitos em primeiro lugar.”
“Sua dupla esteve desbalanceada – todos os bons pontos vieram do primeiro debatedor.”
“Você só falou por cinco minutos.”
Falar por certo período de tempo ou colocar argumentos em certa ordem é irrelevante – por si só
– para determinar qual dupla ganhou o debate. Naturalmente, debatedores e duplas que gastam
todo seu tempo em bons argumentos e gastam mais tempo explicando argumentos mais importantes
e mais complexos serão mais persuasivos, mas eles têm sucesso porque eles fizeram bons argumentos
e explicaram bem seus argumentos, não porque “gastaram tempo neles”. Um debatedor pode ganhar
um debate com um discurso de um minuto – embora seja muito, muito difícil fazê-lo. Muitos dos
exemplos listados aqui podem muito bem serem feedbacks úteis, mas eles não expressam, por si
próprios, o quão persuasiva uma dupla foi.
5 RAPIDAMENTE CHEGANDO A UMA DECISÃO E DEPOIS ENCONTRANDO UMA
JUSTIFICATIVA PARA A MESMA
“Nós todos vimos o debate da mesma maneira, então apenas venham a nós individualmente
para o feedback.”
“As duplas da segunda metade foram muito mais persuasivas, e seus argumentos realmente
permaneceram em nossas cabeças ao final do debate, então o Primeiro Governo ficou com o terceiro
lugar e a Primeira Oposição com o quarto lugar.”
Tanto no individual, quanto no coletivo, pode ser tentador sentir ao final do debate que o resultado está
muito claro, e não analisar cuidadosamente as contribuições das quatro duplas de modo a garantir
uma justificativa clara para aquele ranking – ao invés de artificialmente construir uma justificativa
“que se adeque” às aparências iniciais. Isso é especialmente verdade quantos todos os avaliadores
terminam o debate com o mesmo ranking; e, consequentemente, concluem que devem estar corretos
já que todos concordaram. Avaliadores devem sempre, ao final do debate, revisar cuidadosamente
o conteúdo trazido por todas as quatro duplas e garantir que o resultado saia de uma justificativa
lógica e razoável, ao invés do contrário.
35
S O C I E D A D E D E D E B AT E S F G V