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Florianópolis, SC
2005
CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO - FAED
Florianópolis, SC
2005
ANA LUIZA DE OLIVEIRA MATTOS
Trabalho aprovado como requisito para obtenção do grau de especialista, no Curso de Especialização em Gestão
Banca Examinadora:
Orientador: _______________________________________________________________
Membro: _______________________________________________________________
O trabalho efetua uma análise comparativa entre os critérios utilizados pelo MEC para avaliação de
especializada, apresentando seus pontos positivos e negativos. Destaca a importância da questão da qualidade
avaliação, remetendo sua atenção para a legislação educacional vigente no Brasil, relativa ao ensino superior e
aos instrumentos do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior. Identifica, a partir de análise da
quantitativos e qualitativos, destacando aqueles mais utilizados para avaliação de acervos e serviços. Elabora
quadros comparativos para análise dos critérios aplicados nas avaliações de bibliotecas, tanto pelo MEC quanto
os apresentados na literatura especializada. Conclui apresentando os pontos fortes e pontos fracos das
avaliações de bibliotecas efetuadas pelo MEC, buscando traçar orientações para o cumprimento adequado de
The work makes a comparative analysis between the criteria used for the MEC for evaluation of libraries
and those applied regularly in libraries, by means of survey in specialized literature, presenting its positive and
negative points. It detaches the importance of the question of the quality in services of information, standing out
the necessity of the establishment of specific standards for its evaluation, sending its attention for the effective
educational legislation in Brazil, relative to superior education and the instruments of the National System of
Evaluation of the Superior Education. It identifies, from analysis of the specialized literature of the area, the main
methods for evaluation of libraries, classified in quantitative and qualitative, detaching those more used for
evaluation of collections and services. It elaborates comparative pictures for analysis of the criteria applied in the
evaluations of libraries, for the MEC and those presented in specialized literature. It concludes presenting the
strong points and weak points of the evaluations of libraries effected by the MEC, searching to trace orientations
for the adequate keeping of its role in the maintenance of the quality in information services.
1 INTRODUÇÃO p. 9
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS p. 47
REFERÊNCIAS p. 51
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR p. 53
1 INTRODUÇÃO
Desde que as bibliotecas se formaram, a preocupação com a sua avaliação tem sido uma constante
entre os bibliotecários, principalmente do ponto de vista da sua eficiência no atendimento às necessidades dos
usuários. Métodos de avaliação de bibliotecas têm sido desenvolvidos e aplicados ao longo dos tempos,
As bibliotecas, por fazerem parte integrante das instituições de ensino e subsídio essencial da educação,
quer seja básica, média ou superior, também são foco das avaliações institucionais aplicadas pelo Ministério da
Educação (MEC), que tem procurado, ao longo da última década, estabelecer formas de controle da qualidade do
ensino no Brasil. O MEC tem regulamentado diferentes modelos de avaliação, sempre incluindo as bibliotecas
Considerando-se os critérios aplicados pelo MEC terem sido impostos e alterados sem consulta prévia às
instituições e sem conhecimento específico por parte dos profissionais envolvidos nos processos de avaliação, os
mesmos têm sido alvo de críticas e as avaliações um momento de grande apreensão para os bibliotecários.
objetivos propostos pela avaliação em questão. Neste trabalho procuramos levantar em que medida os critérios
de avaliação aplicados pelo MEC são quantitativos e/ou qualitativos, buscando realizar uma metaavaliação, ou
seja, uma análise da avaliação. Isto será possível a partir da elaboração de quadros comparativos onde serão
Para tanto, serão analisados os critérios de avaliação de bibliotecas universitárias utilizados pelo MEC
nos casos de autorização e reconhecimento de cursos superiores, e, comparando-os aos métodos já aplicados
usualmente em bibliotecas levantados e identificados através da bibliografia especializada, verificar se, da forma
como são aplicados hoje, os critérios do MEC cumprem seu papel como indicadores de qualidade e/ou avaliação
oferecidos pelas bibliotecas universitárias. Como objetivos específicos procuraremos analisar a questão da
qualidade aplicada em serviços de informação, identificar pontos positivos e negativos das avaliações do MEC e
Os estudos já levantados sobre avaliação institucional e bibliotecas universitárias ainda não apresentam
conclusões precisas, mas apontam vários problemas. Com a comparação entre os critérios de avaliação
utilizados em bibliotecas e os atuais critérios aplicados pelo MEC, por ocasião das visitas in-loco, serão
apontados os seus benefícios e as possíveis falhas destas avaliações, ou seja, de que forma as bibliotecas estão
sendo prejudicadas ou quais os benefícios poderiam garantir através desses processos avaliativos. Procuraremos
também apontar de que forma as bibliotecas podem se preparar para estas avaliações, buscando melhorias na
qualidade de produtos e serviços oferecidos. Pretende-se também sugerir alternativas mais coerentes à
subsídios para discussão dos processos de avaliação e sugestão de novas políticas governamentais.
cursos superiores e havendo pouco conhecimento/envolvimento por parte dos bibliotecários nestes processos,
este levantamento será de grande valia, principalmente por se propor a traçar orientações aos profissionais da
área, além de centrar sua preocupação na manutenção da qualidade nos serviços de informação.
Esta monografia será estruturada em: qualidade em serviços de informação, avaliação de serviços de
informação, avaliação de bibliotecas pelo MEC, quadros comparativos dos métodos identificados, metaavaliação,
e considerações finais.
2 QUALIDADE EM SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO
A questão da qualidade sempre esteve intrínseca aos serviços de informação na opinião de Vergueiro
(2002, p. 9), “fornecer a informação correta e no momento certo ao usuário” sempre foi um de seus objetivos. A
necessidade da qualidade nos serviços de informação hoje está principalmente voltada às necessidades de seu
consumidor, o usuário da informação, de olho em suas especificidades e diferenças. Ainda destaca que, dentre
os fatores que mais influenciam os serviços de informação atualmente, estão os tecnológicos, os econômicos, os
políticos e os sociais.
Com relação ao controle da qualidade, considera-se a oferta de produtos um fator tangível, enquanto a
oferta de serviços, um fator intangível, já que depende da expectativa pessoal do cliente, o que torna sua
avaliação muito mais subjetiva. À medida que se conhece a expectativa do cliente, pode-se avaliar melhor os
resultados dos serviços oferecidos, conseqüentemente, buscar melhores resultados e qualidade. Sob esse
enfoque, o cliente e suas necessidades são colocados por Vergueiro (2002, p.47), no centro de todos os
processos da biblioteca ou serviço de informação, sendo vistos como elementos que definirão não apenas as
No que se refere ao controle de processos e produtos na área dos serviços de informação, observa-se
que o interesse pelas metodologias de controle é relativamente antigo. Há estudos tanto quantitativos quanto
qualitativos sendo aplicados em bibliotecas, atualmente com a preocupação maior de inseri-los no contexto
específico onde ocorrem esses processos e ter o foco no cliente, evitando-se o risco de se incorrer em uma
avaliação de visão unilateral do provedor dos serviços e somente de seu entendimento nos processos, sem
considerar as necessidades de seus clientes. Procura-se, com isso, tornar a busca pela qualidade uma
Vergueiro apresenta (2002, p.80), dentre várias técnicas de controle de qualidade aplicáveis em serviços
de informação, a implementação de melhoria contínua como força maior a se buscar, na medida em que se
procura atingir o aperfeiçoamento de processos e atividades pela definição de medidas de desempenho ou pela
formulação de padrões ou diretrizes para avaliação de serviços. Desta maneira, poderíamos fazer uma correlação
aplicável também aos padrões utilizados pelo MEC nas avaliações institucionais.
segundo Vergueiro (2002), ser empregados para introduzir a gestão da qualidade, embora inicialmente tenham
sido vistos por muitos como alvos numéricos ou guias quantitativos para avaliação, ou seja, cobrança de metas.
Entretanto, já têm sido encarados como critérios gerais de excelência. Mas é importante que se aponte que esses
indicadores devem estar inseridos em um determinado contexto para poderem ser utilizados em instituições
específicas, sob o risco de não serem adequados quando isso não ocorrer.
Para Lancaster (1996, p. 5), a aplicação de padrões externos nas avaliações é legítima desde que
reflitam inteiramente as necessidades dos clientes da instituição. É indicado que se realize, em algum momento,
uma adaptação desses padrões para a realidade específica que se quer avaliar, principalmente no caso das
avaliações do MEC, com relação a questões sócio-econômicas, áreas específicas do conhecimento humano ou
Segundo Rozados (2005, p. 2), “um indicador é uma medida [...] para a descrição ou representação de
um dado evento ou fenômeno.” E uma “métrica” (ou avaliação) pode fazer uso de um ou mais indicadores. Os
indicadores são, conforme Rozados (2005, p. 3), “unidades que permitem medir – caso de elementos
mudanças previstas”, sendo, portanto, uma ferramenta de mensuração utilizada para levantar aspectos
quantitativos e/ou qualitativos de um dado fenômeno, com vistas à avaliação, para subsidiar a tomada de
decisões, sendo, portanto, indispensáveis instrumentos de gestão. Para que sejam utilizados na gestão, é
necessário, segundo a autora, que estejam normalizados e que sua produção se atenha sempre à mesma norma
ou forma de medida aplicada, a fim de que se permita sua comparabilidade. Sob este aspecto, podemos dizer
que os indicadores utilizados pelo MEC devem ser reavaliados, de acordo com cada realidade, pois, na medida
em que estabelecem padrões únicos, prejudicam as instituições cujos padrões se colocam de forma diferente,
Para se escolher indicadores, deve-se ter uma concepção precisa das instituições e sistemas a serem
gerenciados/avaliados. Desta forma, diferentes tipos de indicadores devem ser aplicados para que as
adequações a organizações, objetivos, metas e missão possam ser efetuadas, permitindo medir diferentes tipos
de atividades. Sutter (apud ROZADOS, 2005, p. 7), propõe para a escolha de indicadores, o uso de critérios de
interpretação), caráter consolidável (agregável – de fácil confiabilidade) e caráter econômico (valor monetário).
Em seu trabalho, Rozados (2005) destaca que, conforme levantado na bibliografia especializada na área
da Ciência da Informação, os indicadores são cada vez mais utilizados em processos de avaliação de bibliotecas.
A autora os classifica em dois grandes grupos: indicadores quantitativos e indicadores qualitativos. Por
indicadores quantitativos entende aqueles que podem ser definidos por uma “unidade de contagem” (ROZADOS,
2005, p. 4). Já os indicadores qualitativos, são os que se referem à preocupação com a avaliação e a pesquisa de
qualidade, sendo, neste caso, diretos ou indiretos. São diretos quando estão ligados à qualidade e ao número de
fontes de informação escolhidas, ao valor agregado pelo trabalho do profissional da informação e à satisfação do
usuário. São indiretos quando representam a “medida da notoriedade” dos serviços (ROZADOS, 2005, p. 4).
Quando aplicados conjuntamente, múltiplos indicadores podem auxiliar na resolução de problemas conjunturais
ou assegurarem que os procedimentos internos sejam aplicados; podem indicar aspectos econômicos da
Ensino Superior) devem utilizar um roteiro básico proposto pelo INEP (2004, p. 118) abrangendo as auto-
avaliações e as avaliações externas e incorporando, a cada caso, as devidas adaptações aos perfis institucionais
e às características das respectivas áreas do conhecimento avaliadas. Cada instituição deve orientar seu
processo de avaliação seguindo, deste roteiro, os itens e indicadores que lhe forem pertinentes. Cada unidade de
análise específica fornece os elementos essenciais para a elaboração dos indicadores e, segundo o INEP, o
roteiro e os indicadores que lhe correspondem devem ser constantemente aperfeiçoados e precisados, a partir
De acordo com Houaiss (2001, p.353), “avaliar” significa “estabelecer a valia, o valor”. Aplicando-se a
estas definições uma metodologia científica, podemos dizer que avaliar significa determinar, através de técnicas,
decisão em uma organização e, complementando, melhorar seu desempenho. Ou seja, a avaliação faz parte do
serviços de informação, podemos considerar tanto os métodos quantitativos quanto os qualitativos, sendo ambos
• a quem serve;
avaliação de serviços de informação, Lancaster (1996) classifica e analisa, dentre vários métodos para avaliação
1) Métodos de avaliação de acervos: fórmulas, julgamento por especialistas e comparação com bibliografias;
análise de uso; avaliação de periódicos; atualidade; disponibilidade nas estantes e outros fatores
3) Outros aspectos da avaliação: uso compartilhado dos recursos disponíveis; relação custo-eficácia, custo-
Lancaster aponta os métodos de avaliação de acervo como essencialmente quantitativos, incluindo para
estabelecidos, como por exemplo, o cálculo de livros per capita, modelo também utilizado nas avaliações do
MEC. Mas, para o autor, “o tamanho de um acervo significa muito pouco, a não ser que se considere também a
taxa anual de crescimento” (1996, p. 25). Uma biblioteca formada há muito tempo, embora possua um acervo
grande, talvez tenha um desempenho insatisfatório por que não venha investindo em sua atualização. Considera
importante também o aumento do número de volumes disponíveis de um mesmo título de acordo com o
bibliotecas, segundo Lancaster (1996, p. 24), é que podem beneficiar-se como uso destes padrões mínimos para
mostrar o quanto precisam melhorar seus acervos. Considera também significativa a problemática de volume
(conteúdo e quantidade de exemplares) em relação à quantidade de títulos disponíveis, o que pode levar uma
Como métodos qualitativos, considera: julgamento por especialistas, também utilizado pelo MEC, uso de
bibliografias como padrão e análise de uso. Lancaster (1996, p. 28), considera o primeiro como método
“impressionista” por não ter caráter imparcial e não ser, o especialista, na maioria das vezes (quando o avaliador
é externo), conhecedor das necessidades dos usuários da biblioteca, o que, para o autor, é fundamental para
uma boa avaliação. Se os especialistas chamados forem os professores da instituição, talvez tenham sido eles os
responsáveis pela formação do acervo em questão; neste caso, estariam avaliando seu próprio desempenho, o
que, para Lancaster, seria uma prática questionável. Sugere como opção a avaliação do acervo pelo próprio
pessoal da biblioteca, adotando-se procedimentos formalizados para coletar dados quantitativos e qualitativos
que auxiliem a identificar áreas fortes e fracas. Na avaliação através do uso de listas ou bibliografias padrão, a
maior dificuldade é definir a bibliografia adequada: para o MEC, são consideradas “adequadas” as bibliografias
apresentadas nos planos de ensino das disciplinas dos cursos em avaliação. A melhor forma, neste caso, seria
selecionar obras de referência em cada assunto específico e estabelecer-se uma nova lista padrão, relacionada
às necessidades dos usuários e política de desenvolvimento de cada acervo, através da análise de uso do acervo
e ajuda de especialistas. Para alguns cursos, como Administração e Ciência da Computação, o MEC já tem estas
listas definidas, embora estejam muito desatualizadas e incompatíveis com o mercado editorial, o que
impossibilita a sua aquisição, principalmente quando da formação de acervos para a autorização de novos
cursos. A análise de uso para avaliação de acervos é considerada por Lancaster (1996, p. 51), a melhor forma de
se identificar os seus pontos fortes e pontos fracos. Em momento nenhum da sua avaliação o MEC considera
este indicador (circulação). São indicados métodos quantitativos: análise do número de empréstimos por área de
conhecimento - uso relativo; número de ítens emprestados por número de vezes que foram emprestados; última
Para avaliação qualitativa de acervo, Lancaster (1996, p. 142) também estuda a aplicação de
questionários aos usuários, através dos quais se podem identificar: grau de disponibilidade do acervo nas
Dos serviços oferecidos pela biblioteca, o de referência é o que abrange mais significativamente a
satisfação do usuário. Pode ser avaliado, segundo Lancaster (1996, p. 156), por meio da análise de perguntas
atendidas, se suas expectativas foram resolvidas, se o desempenho do pessoal da biblioteca é satisfatório. Outro
método de avaliação de serviços é o levantamento das buscas, chamadas de não-delegadas por Lancaster
(1996, p. 198), e do desempenho atingido pelos próprios usuários, identificando a necessidade ou não de seu
treinamento específico em metodologia da pesquisa, tanto nos instrumentos da biblioteca, quanto em bases de
dados eletrônicas ou virtuais, ou seja, a avaliação da instrução bibliográfica (LANCASTER, 1996, p. 226).
Gostaria de acrescentar aqui a questão da “competência informacional”, tema hoje essencial para o planejamento
de acervos e serviços de informação. Consideram-se competente, de acordo com a Association of College And
3) avaliar a informação e as suas fontes criticamente e incorporar a informação selecionada em sua base de
conhecimentos;
4) individualmente ou como um membro de um grupo, usar a informação eficazmente para realizar uma
finalidade específica;
5) compreender as condições econômicas, legais, e sociais que cercam o uso da informação e acessá-la e
Sendo assim, a avaliação da instrução bibliográfica do usuário torna-se fundamental quando se pretende
bibliotecas, catalogação ou acervos cooperativos, também podem ser considerados como indicadores qualitativos
para avaliação de serviços de informação, especialmente quanto à analise de seu custo-eficácia, influenciando
fatores como custos de pessoal, material consumido, uso de equipamento, espaço ocupado, comunicações,
arrendamento de bases de dados, compra e manutenção do acervo. A análise de custo benefício, mais difícil de
ser efetuada, envolve o problema do grau de instrução dos usuários, na medida em que avalia o impacto ou o
benefício real que a informação obtida pelo usuário possa ter. Para medir esse benefício, Lancaster (1996, p.
302-303), sugere os métodos: valor líquido; valor da redução da incerteza; custo da compra de serviço em outro
lugar; o tempo do bibliotecário substitui o tempo do usuário; o serviço melhora o desempenho ou poupa o dinheiro
da organização/IES (Instituição de Ensino Superior), além, é claro, do desempenho do usuário no curso
propriamente dito. Como sugestão final, Lancaster (1996, p. 319), recomenda que para que os serviços de
informação mantenham-se legitimamente com altos padrões de qualidade, as avaliações sejam efetuadas
Para Figueiredo (1992, p. 131), a avaliação pressupõe a existência de objetivos, uma vez que analisa se
foram ou não atingidos, tornando-se fundamental relacionar todas as atividades de avaliação aos objetivos gerais
da biblioteca, até mesmo da instituição a que esteja vinculada. Um bom projeto de avaliação, sob a ótica da
autora, deve compreender várias técnicas capazes de retratar a situação existente, identificar os fatores
causadores de falhas e indicar as medidas corretivas adequadas a cada situação em particular, sempre
sugerindo mudanças para a melhoria da qualidade, e destaca os seguintes métodos e técnicas para avaliação de
serviços de referência:
• Entrevistas, Questionários;
• Levantamentos;
O mais importante é observar que, para fins de avaliação, só têm valor para autora os dados quantitativos
ou qualitativos que possam ser medidos em relação a um padrão. Os padrões oferecem então, apenas os
Vergueiro (1989, p. 81), reforça também que, para avaliação especificamente de coleções, deve-se
identificar, antes de dar início a qualquer coleta de dados, os objetivos desta avaliação, pois deles dependerão a
escolha do método mais adequado. Para o autor, a avaliação é parte de um processo de desenvolvimento da
coleção que permite diagnosticar se este desenvolvimento está realmente ocorrendo e da forma prevista. Fazem
parte deste processo principalmente os estudos de usuários (das suas necessidades) e o desbastamento,
O autor define como métodos quantitativos, a coleta de dados estatísticos que podem abranger: tamanho
da coleção, divisão do acervo por tipo de documentos, por área do conhecimento, data de publicação ou idioma.
Estabelece-se a média de crescimento da coleção, uso do acervo e sua relação com o número de usuários.
Vergueiro (1989), aponta como principal desvantagem destes métodos a questão do isolamento dos dados
coletados, quando não são relacionados com a qualidade da coleção e não sendo suficientes para elaborar-se
um julgamento de seu valor. Recomenda que cada cálculo numérico deva ser estabelecido de acordo com as
Com métodos qualitativos, Vergueiro (1989) define aqueles que permitem condições de se avaliar o
conteúdo do acervo e sua relação com a satisfação das necessidades dos usuários, quando lhe é lançado um
catálogos especializados, pressupostos como padrões idéias de qualidade para aquele acervo. Deve-se levar em
consideração que para cada coleção e instituição há de se estabelecer indicadores específicos, não se devendo
utilizar listas que não correspondem à sua realidade. A grande desvantagem deste método é o caráter subjetivo
que leva à seleção pelo avaliador, muitas vezes arbitrária, de títulos ideais. O autor denomina este método, assim
Acrescenta também aos métodos, classificada com quantitativa, a análise dos fatores de uso do acervo.
A partir de registros de circulação, procura-se avaliar a adequação do acervo às necessidades de seus usuários,
procurando analisar também se este uso está ou não ocorrendo de forma correta, entrando em questão
problemas de educação do usuário (conhecimento das formas de acesso ao acervo) e seu treinamento. Procura-
se avaliar também o uso passado, ajudando a prever o futuro, e identificar as áreas do conhecimento usadas
abaixo ou acima do desejado, além da identificação de altas demandas e necessidades de duplicação de títulos.
Aponta como desvantagens deste método também a questão da falta de indicadores de uso definidos para se
determinarem padrões ideais, devendo-se analisar a realidade específica de cada comunidade de usuários,
inclusive dos diferentes grupos de usuários da mesma instituição (ex: alunos de graduação, alunos de pós-
graduação, professores).
Outra autora que também se dedica ao tema avaliação de bibliotecas é Bárbara Leitão (2005), que
entende que, a coleta de dados quantitativos para avaliação de fatores de uso apresenta desvantagens, sendo
impossível, através deles, se identificar o nível de satisfação dos usuários com o acervo utilizado, além de não
demonstrarem o nível de dificuldade encontrada pelos mesmos para acessar a informação necessária, o que
novamente indica a necessidade de treinamento dos usuários. Já para Vergueiro (1989), esta visão pode ser
estabelecida pelo avaliador (bibliotecário) quando se supõe que a falta de uso pode indicar falta de conhecimento
Para Leitão (2005, p. 47), o que caracteriza um estudo qualitativo é “o fato de não ter como objetivo
principal enumerar e/ou medir os eventos estudados, nem empregar instrumental estatístico na análise de
dados”. Ao contrário, nestes estudos obtém-se dados descritos por pessoas, bem como a análise de processos
interativos entre o pesquisador e a situação estudada, procurando entender a situação sob a perspectiva dos
sujeitos. Sob este aspecto, podemos considerar as ACE (Avaliação das Condições de Ensino) praticadas pelo
MEC como qualitativas, na medida em que há, além da análise de dados quantitativos relacionados às
instituições, a interação dos avaliadores com a comunidade em estudo, desde administração, corpo docente e
discente. Isto implica certo grau de subjetividade à avaliação, segundo a autora, uma vez que, em bibliotecas
universitárias em geral, “a utilização unicamente de dados quantitativos acaba não traduzindo toda a realidade,
Outro método qualitativo apresentado por Leitão é a entrevista (2005, p. 51), que deve ser aplicada de
preferência pessoalmente, quando o contato direto entre entrevistador e entrevistado permite o esclarecimento
dos objetivos da pesquisa ou questões mal interpretadas e considera ser um dos métodos mais utilizados em
pesquisas qualitativas.
Como método qualitativo a ser aplicado em seu estudo, Leitão (2005, p. 47) apresenta a análise de
grupos de foco, no qual entrevistas são aplicadas a pequenos grupos previamente selecionados, onde o foco a
ser investigado é determinado pelo pesquisador e todos contribuem em um mesmo momento. Neste modelo, a
interação do grupo deve ser a fonte de informação dos dados, gerando insights das expectativas do grupo como
um todo com relação ao produto ou serviço analisado. Com base nestes conceitos, a autora define grupos de
foco como sendo uma “modalidade de entrevista, estabelecida de acordo com um roteiro que tem o propósito de
atingir os objetivos pretendidos pelo pesquisador” (LEITÃO, 2005, p. 62). Aponta como pontos fortes desta
metodologia: interação entre os participantes; de fácil condução, com poucos recursos financeiros e maior rapidez
na aplicação e coleta de informações; possibilidade de obtenção de dados além dos esperados, trocas de
experiências e visões; maior facilidade para que os membros do grupo apresentem suas opiniões com franqueza,
devido ao ambiente encorajador proporcionado. Como pontos fracos, apresenta: possibilidade de distorções
motivadas pela posição de um membro do grupo; perda de objetivos durante as discussões, exigindo a
diferente quando se está em grupo; maior necessidade de atenção aos dados obtidos e à interpretação dos
resultados; alta expectativa dos grupos em gerar mudanças e melhorias, o que, na maioria das vezes, está
Segundo a autora, os grupos de foco podem ser utilizados como ferramenta auxiliar aos levantamentos
quantitativos, por permitirem uma aproximação entre usuários e gerenciadores dos serviços. Sugere a utilização
do método como uma forma de “auto-conhecimento” (LEITÃO, 2005, p. 134) das instituições.
Almeida Jr. (2003), faz em seu estudo, um levantamento dos principais métodos quantitativos e
Seja como for, segundo o autor, os métodos quantitativos nunca devem ser aplicados isoladamente,
sendo imprescindível a comparação de seus resultados com os das avaliações qualitativas, que devem ser
aplicados conjuntamente.
4 AVALIAÇÃO DE BIBLIOTECAS PELO MEC
Para análise dos critérios de avaliação de bibliotecas utilizados pelo MEC, torna-se fundamental
contextualizar o tema a partir da apresentação e análise da legislação do ensino superior no Brasil, demonstrando
Segundo Braga e Monteiro (2005, p. 1), atualmente o setor de ensino no Brasil está sendo confrontado
ingresso por vaga nas IES privadas, gerando um excesso de vagas ociosas ;
d) O crescimento da renda per capita da população brasileira não acompanhou o aumento das mensalidades;
e) Grandes instituições de ensino esgotaram sua capacidade de crescimento em seu local de origem e agora,
Atualmente, o sistema educacional brasileiro é regido pela Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996
(LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação), que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
espírito científico e do pensamento reflexivo; formar diplomados nas diferentes áreas do conhecimento; incentivar
A avaliação dos cursos de graduação é um procedimento utilizado pelo MEC para a aprovação ou
reconhecimento dos mesmos. Esta avaliação passou a ser realizada de forma periódica com o objetivo de
cumprir as determinações da Lei de Diretrizes e Bases, aferir e garantir a qualidade do ensino oferecido pelas
Instituições de Educação Superior. Foi regulamentada em 2001, pelo Decreto Nº 3.860 de 9 de julho de 2001,
quando passa a ser executada pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira).
O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), criado pela Lei n° 10.861, de 14 de
abril de 2004 e regulamentado pela Portaria nº 2.051, de 9 de julho de 2004, atualmente utilizado como
instrumento de avaliação superior do MEC/INEP, é formado por três componentes principais: a avaliação das
instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes. O SINAES avalia os aspectos que giram em torno de
três eixos: o ensino, a pesquisa e a extensão, além da responsabilidade social, o desempenho dos alunos, a
Uma série de instrumentos são complementares para o processo de avaliação da qualidade do ensino
1) A auto-avaliação institucional, realizada de forma permanente e com resultados a serem apresentados a cada
três anos;
2) A avaliação institucional externa, realizada in loco por uma comissão de avaliadores, e que será, juntamente
autorizações e reconhecimento cursos presenciais ou à distância, também realizada in loco por comissões
externas.
4) O ENADE (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), uma prova aplicada aos alunos, por
amostragem, no meio e no final do curso em quatro grandes áreas: ciências humanas, exatas, tecnológicas e
biológicas e da saúde;
MEC) utilizam um instrumento específico de análise, um formulário eletrônico preenchido no sítio do INEP de
A análise das condições de oferta de cursos superiores é efetuada nos locais de seu funcionamento, por
aspectos:
I - organização didático-pedagógica;
III - adequação das instalações físicas gerais e específicas, tais como laboratórios e outros ambientes e
IV - bibliotecas, com atenção especial para o acervo especializado, inclusive o eletrônico, para as condições de
instituições de educação superior no País. Já as instituições, podem fazer uso destes resultados para orientação
Os atuais procedimentos de avaliação e supervisão utilizados pelo MEC têm fundamento legal no Inciso
IX do Artigo 9º da Lei de Diretrizes e Bases (LDB, Lei Nº 9.394/96), que arrola como atribuições da União
“autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar os cursos das instituições de educação superior e os
(INEP, 2004), são aplicadas duas diferentes modalidades de avaliações: as Institucionais, que têm por objetivo
análise de todas as informações relativas à instituição e na verificação, in loco, realizada por uma comissão de
avaliadores; e a dos Cursos de Graduação, para reconhecimento ou renovação de reconhecimento dos mesmos,
A verificação in-loco constitui um dos instrumentos da avaliação institucional onde, a partir da observação
direta de avaliadores previamente selecionados, de acordo com a especialização dos cursos em questão, são
comparações entre situações reais e os documentos previamente examinados. A verificação in loco objetiva a
interlocução entre os participantes do processo. É quando, a partir da observação direta, pretende-se analisar o
projeto institucional. Os resultados desta análise, segundo o INEP (2004, p. 50), fornecem elementos para que os
verificadores “elaborem uma opinião sobre as potencialidades da instituição, através da comparação entre as
pedagógica, corpo docente e instalações, que são, por sua vez, desdobradas em várias categorias de análise. A
biblioteca é analisada na Dimensão 3, das Instalações. Todos os aspectos avaliados recebem um conceito, de
acordo com o julgamento dos avaliadores. Dependendo das suas características, a avaliação de alguns aspectos
compreende dois conceitos: Muito fraco ou Muito bom; em outros, três: Muito fraco, regular ou Muito bom; e em
outros, cinco: Muito fraco, fraco,regular, bom ou Muito bom. Às categorias de análise, aos indicadores e aos
aspectos avaliados, são atribuídos pesos (em números inteiros, entre zero e cem e que, no seu total,deverá ser
igual a cem). Os conceitos de todos os aspectos, indicadores e categorias de análise são ponderados pelos seus
respectivos pesos. O resultado final da avaliação aparece, para cada Dimensão, como: CMB – condições muito
O INEP (2004, p. 118), aponta como indicadores qualitativos para a avaliação institucional: missão e
e ações de intervenção social; infra-estrutura; gestão e outros indicadores que possam ser importantes, além de
sua inter-relação. Como indicadores quantitativos, o INEP considera os dados produzidos usualmente e
disponibilizados nos sistemas de informação dos órgãos oficiais, especialmente os obtidos pelo Censo e pelo
Cadastro.
estabelecidos no Manual de Avaliação (DAES, 2002) aqui transcritos, cujos indicadores são: espaço físico,
(C) Funcionamento: existência de catálogos disponíveis para o público, independentemente de sua forma
(informatizada, em fichas, etc.) permitindo consulta por, no mínimo, autor, título e assunto(s) atribuído(s) a cada
documento.
Para avaliação do indicador Espaço físico aplicam-se os seguintes critérios (Muito Fraco, Fraco,
• Instalações para o acervo (espaços, mobiliário e equipamentos, manutenção da umidade correta, anti-mofo,
etc.)
• Instalações para estudos individuais (espaço e mobiliário adequados aos estudos individuais)
Muito Bom - quando existem instalações para estudo individual que atendem totalmente às
• Instalações para estudos em grupos (salas e mobiliário adequados aos estudos em grupo)
Regular - quando existem instalações para estudo em grupo, mas atendem apenas parcialmente às
Muito Bom - quando existem instalações para estudo em grupo que atendem totalmente às
Os conceitos parciais dos aspectos que constituem o indicador Espaço físico são ponderados de acordo
informatização utilizado, com possibilidade de acesso remoto (na IES e fora dela).
material.
Para avaliação do indicador Acervo aplicam-se os seguintes critérios (Muito Fraco, Fraco, Regular, Bom,
Muito Bom):
• Livros (títulos e exemplares em número suficiente para a quantidade de alunos matriculados no curso e para
Muito Fraco – quando os livros existentes na biblioteca não atendem aos programas das disciplinas, não
Fraco – quando os livros existentes na biblioteca atendem precariamente aos programas das disciplinas,
Regular – quando os livros existentes na biblioteca atendem parcialmente aos programas das disciplinas,
Bom – quando os livros existentes na biblioteca atendem aos programas das disciplinas, a quantidade é
Muito Bom – quando os livros existentes na biblioteca atendem aos programas das disciplinas, há
Muito Fraco – quando os periódicos existentes na biblioteca não atendem aos programas das
Regular – quando os periódicos existentes na biblioteca atendem parcialmente aos programas das
Muito Bom – quando os periódicos existentes na biblioteca atendem aos programas das disciplinas, há
Muito Fraco – quando não existe esforço de informatização do acervo e dos serviços
específico, consistindo em registros de formato uniforme, organizados para pesquisa e busca rápida e fácil )
• Multimídia (microfichas, slides, DVD, CD Rom, fitas de vídeo, disquetes e respectivos equipamentos – títulos
Muito Fraco – quando os recursos de multimídia existentes na biblioteca não atendem aos programas
Muito Bom – quando os recursos de multimídia existentes na biblioteca atendem aos programas das
• Jornais e revistas
Muito Fraco – quando não existem assinaturas de jornais e revistas adequados à proposta pedagógica
dos cursos
Regular – quando existem assinaturas de jornais e de revistas que atendem parcialmente à proposta
Muito Bom – quando existem assinaturas de jornais e de revistas que atendem adequadamente à
• Política de aquisição, expansão e atualização (que atenda à proposta pedagógica dos cursos)
Muito Fraco – quando não existe uma política definida nem implementada de aquisição, expansão e
Muito Bom - quando existem critérios definidos para políticas de aquisição de acervo (livros, periódicos,
multimeios, etc.), indicadores para tomada de decisão (considerando a proposta pedagógica dos cursos e as
Os conceitos parciais dos aspectos que constituem e indicador Acervo são ponderados de acordo com
os seguintes pesos:
Livros 30
Periódicos 15
Informatização 15
Base de Dados 10
Multimídia 05
Jornais e revistas 05
Política de aquisição 20
Fonte: DAES/INEP, 2002
(A) Existência de serviço de empréstimo domiciliar para itens do acervo, ainda que com distinções entre
tipos de material e categorias de usuários, sendo obrigatória a possibilidade de empréstimo de livros, ainda que
(B) Acesso a serviço de cópia de documentos internamente na instituição (ainda que não no espaço físico
da Biblioteca).
CD-ROM, seja por disponibilidade diretamente na instituição, seja por acesso remoto a recursos de outras
instituições.
(J) Manual da IES com as exigências específicas para a apresentação de trabalhos técnicos e científicos.
Para avaliação do indicador Serviços aplicam-se os seguintes critérios (Muito Fraco, Fraco, Regular,
Muito Fraco – quando a biblioteca funciona apenas nos turnos dos cursos e não apresenta possibilidade
de reservas de livros pela Internet e acesso a bases de dados referenciais e de texto completo através do home
Regular - quando funciona em pelo menos dois turnos, mas não apresenta possibilidade de reservas de
livros pela Internet e o acesso a bases de dados referenciais e de texto completo através do home page da
Muito Bom – quando funciona ininterruptamente, no mínimo 14 horas por dia, quando funciona aos
sábados, quando apresenta possibilidade de reservas de livros pela Internet e acesso a bases de dados
referenciais e de texto completo através do home page da própria biblioteca e/ou da IES
curso)
Muito Fraco – quando a biblioteca não atende ao item A e não existem os serviços B e E
Regular - quando a biblioteca atende ao item A, mas não atende ao item B ou quando não oferece pelo
Muito Bom – quando a biblioteca torna disponíveis os serviços discriminados nos itens A, B, C, D e E
Muito Fraco – quando não existe na biblioteca profissional graduado em biblioteconomia, ainda que
Regular - quando existe na biblioteca profissional graduado em biblioteconomia, mas com horário de
atendimento inadequado para os serviços e atividades, ainda que com equipe auxiliar
Muito Bom – quando o pessoal existente na biblioteca atende às condições dos itens F e G
Muito Fraco – quando não existe na biblioteca mais do que um dos itens H, I, J
Os conceitos parciais dos aspectos que constituem o indicador Serviços são ponderados de acordo com
os seguintes pesos:
Horário de funcionamento 25
Serviço de acesso ao acervo 30
Pessoal técnico-administrativo 30
Apoio na elaboração de trabalhos 15
acadêmicos
Fonte: DAES/INEP, 2002
5 QUADROS COMPARATIVOS
quantitativos e qualitativos apontados pelos autores, o que nos permite confrontá-los, em termos de utilização ou
não, com aqueles utilizados nas Avaliações das Condições de Ensino pelo MEC e apresentá-los por meio de
quadros comparativos. Não é realizada uma avaliação, neste momento, da eficiência dos resultados obtidos
através da utilização de um ou outro indicador, apenas apontaremos a incidência da sua aplicação conforme a
bibliografia especializada. Serão considerados apenas indicadores que sejam compatíveis, para efeito de
comparação, com os utilizados pelo MEC no Manual de Avaliação Institucional (2002) em relação aos seguintes
indicadores: espaço físico, acervo e serviços, condensados no Quadro 1: Indicadores para avaliação de bibliotecas, a
seguir.
A seguir, são analisados os indicadores individualmente.
5.1 Indicador Espaço Físico
Nenhum dos autores estudados levantou a questão do espaço físico das bibliotecas como indicador
apresentados utilizam preferencialmente a análise de dados quantitativos como forma de avaliação quando se
relação às necessidades dos usuários através de sua própria opinião, são as mais aplicadas. A avaliação de
Na análise do Manual de Avaliação Institucional (DAES a, 2002), elaborada pelo INEP, destacam-se
a) compatibilização com o sistema de avaliação de cursos por dimensões, categorias de análise e indicadores;
c) clareza;
d) transparência.
a) estrutura excessivamente identificada com a avaliação de cursos, particularmente pela exclusão de outros
d) limitações na avaliação de alguns aspectos para os quais existem apenas dois ou três conceitos;
São levantados neste estudo problemas no que tange a elaboração e a aplicação do instrumento, no
caso um formulário eletrônico, com alto grau de complexidade e um excessivo número de itens a serem avaliados
simultaneamente. A avaliação do formulário eletrônico, no que diz respeito ao perfil da IES, destaca como
de documentos em papel;
c) estímulo para que as IES visualizem de forma mais organizada e eficiente, as suas rotinas e atividades;
c) solicitação no cadastro de docentes, de datas de início e fim (dia, mês e ano) das titulações de graduação e de
d) a solicitação da carga horária semanal dos docentes não está organizada numa seqüência lógica;
e) a produção científica e intelectual dos docentes, da forma como foi solicitada pelo formulário e apresentada
pelas IES, não se restringiu aos três últimos anos (como expresso no manual), provocando distorções, para cima,
A avaliação do formulário eletrônico, no que se refere ao perfil do avaliador, aponta como aspectos
positivos:
c) disponibilização de informações existentes no banco de dados do Inep sobre a IES: Provão, Cadastro e Censo
da Educação Superior.
a) dificuldade de acesso ao PDI, aos dados do Censo e do ENC, via formulário eletrônico;
d) o cadastro de docentes é muito extenso para ser analisado pelos avaliadores, que têm de olhar docente a
docente, comprometendo o tempo para a avaliação das outras dimensões, com prejuízo para a qualidade global
da análise.
a) espaços adequados para comentários nas três dimensões, além de breve contextualização e parecer final;
b) possibilidades de interferência dos avaliadores nas notas de fronteira, a partir de justificativas qualitativas.
b) dificuldades para definição das especificidades dos comentários nas três dimensões;
Universitários;
Sob todos estes aspectos analisados, julgamos fundamental destacar como negativo o caráter
instrumental atribuído pelo SINAES às bibliotecas. No Manual de Avaliação Institucional (DAES a, 2002, p. 47),
sua avaliação é inserida na Dimensão 3, acerca das “Instalações”, ao lado das instalações gerais, especiais e
laboratórios. Sob este aspecto, identificamos o primeiro erro da metodologia aplicada nestas avaliações, na
medida em que se exclui o caráter educativo das bibliotecas, consideradas, na Biblioteconomia, como parte
Outra questão negativa detectada é o caráter subjetivo da avaliação aplicada pelo MEC, na medida em
que, no momento da verificação in loco, os avaliadores “elaboram uma opinião” (INEP, 2004, p.50) sobre as
declaradas no PDI e os documentos institucionais previamente examinados. Segundo Lancaster (1996, p.28), tal
método é considerado “impressionista” por não ter caráter imparcial e não ser, o especialista, na maioria das
vezes (quando o avaliador é externo), conhecedor das necessidades dos usuários da biblioteca, o que, para o
Como principal crítica, citada pelo próprio INEP (2004, p. 51), “destaca-se o excessivo teor quantitativo do
Manual de Autorização, que não permite um espaço adequado de apreciação qualitativa”. A ausência de uma
apreciação mais qualitativa nos relatórios dos verificadores dificulta, na visão do INEP, a análise dos processos.
Por outro lado, destaca-se também que os procedimentos não são unificados. Por exemplo: na autorização de
novos cursos de graduação, utiliza-se um formulário diferente do utilizados na avaliação dos cursos seqüenciais.
Além disso, o Manual que orienta as visitas, do ponto de vista do INEP, é insuficiente, pois conta apenas com
elementos e parâmetros para o preenchimento dos formulários, e não indicadores reais que seriam utilizados
como padrões. Não apresentam também, uma orientação mais detalhada para a conduta e procedimentos a
De acordo com diversos profissionais envolvidos diretamente nos procedimentos realizados, segundo o
INEP (2004), as principais dificuldades para o bom funcionamento do processo envolvem principalmente
problemas relativos ao instrumento, que enfatiza determinados aspectos em detrimento de outros, e, novamente
destacando, para o qual faltam Indicadores, principalmente os capazes de identificar a contribuição do curso no
âmbito da proposta da IES. São destacados também problemas relativos ao enfoque no processo avaliativo, pois
o avaliador acaba ocupando mais tempo com o preenchimento de formulários que com a reflexão sobre o curso.
A efetividade dos pesos atribuídos aos aspectos avaliados, bem como a complexidade do formulário eletrônico,
Para Almeida Jr. (2003), as principais características das avaliações quantitativas são: sua objetividade, o
que aqui analisamos como ponto positivo; sua ênfase maior nos produtos que nos resultados, ponto negativo.
Quanto às avaliações qualitativas, ressalta seu caráter imparcial e subjetivo, visto que dependem do ponto de
vista do avaliador, o que nos leva a insistir, novamente, que devem sempre ser aplicados em conjunto. Para o
autor, para se obter resultados eficientes, deve-se empregar, no mesmo processo avaliativo, tanto o modelo
quantitativo como o qualitativo, aplicando-se inicialmente o primeiro e, com base nos dados levantados, proceder-
Sendo entendida como subjetiva, a avaliação qualitativa nunca é definitiva, sendo dependente das
condições em que se ocorreu o serviço1 , envolvendo nelas tanto as condições do momento, como o ambiente,
os usuários que dele se utilizaram, etc. Se os resultados não são definitivos, sua própria concepção pressupõe
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
1 em avaliação
A partir de pesquisa bibliográfica, opiniões relatadas em eventos de biblioteconomia nos últimos anos e
critérios utilizados nos processos de avaliação com as diferentes características de cada instituição, além de,
critérios e até nas comissões de avaliação in-loco, já que, atualmente, são compostas exclusivamente por
Alguns pontos positivos foram levantados através de vivência pessoal desta pesquisadora, o que
fortalece nossa tese de que os bibliotecários também devem tirar proveito da avaliação, a fim de garantir
melhores serviços, mesmo que para isso mudanças sejam necessárias, destacando-se com pontos positivos:
a) o bibliotecário pode estabelecer critérios próprios para avaliação de seus serviços, baseando-se em padrões
b) o bibliotecário pode fazer uso das exigências do MEC para justificar melhorias em produtos e serviços,
solicitando investimentos em diferentes setores. Lembrando Lancaster (1996, p. 24), a melhor vantagem da
aplicação de métodos quantitativos para as bibliotecas, é que podem beneficiar-se como uso destes padrões para
Também por experiência pessoal, alguns pontos negativos foram levantados antecipadamente, mas
justificados ao longo do trabalho de comparação dos critérios do MEC com os aplicados em bibliotecas
universitárias:
a) uso de critérios únicos previamente estabelecidos pelo MEC, sem dar importância aos regionalismos,
institutos ou escolas superiores; privadas/públicas), estabelecidos pelo Decreto n. 3.860, de 9 de julho de 2001,
b) falta da presença de bibliotecários nas comissões de avaliadores: o processo de seleção dos avaliadores
observa o currículo profissional, a titulação dos candidatos e a atuação no programa de capacitação, a partir de
um cadastro permanente do INEP, o qual recebe inscrições de profissionais interessados em atuar no processo.
Importantíssimo é considerar, neste ponto, que fazem parte das comissões de especialistas, docentes na área
específica dos cursos em questão, não havendo a participação, a nosso ver, fundamental, do profissional
c) caráter excessivamente quantitativo da avaliação das bibliotecas, falta de critérios qualitativos (somente
avaliação subjetiva dos especialistas). No Parecer CES Nº 1.070/99 (DURHAN, 1999), a Câmara de Ensino
Superior do Conselho Nacional da Educação, no que diz respeito às avaliações de bibliotecas, sugere maior
comedimento, por parte das comissões avaliadoras, na exigência de múltiplos exemplares dos livros indicados na
bibliografia dos cursos, freqüentemente alterada pela necessidade de atualização, sendo a multiplicação de
títulos desatualizados no acervo um investimento pouco produtivo para as IES. Sugere que a atualização e a
relevância das obras do acervo recebam consideração maior por parte das comissões do que o número de livros
existentes.
d) falta de padrões consistentes de qualidade, principal requisito para avaliação da questão nos serviços de
informação;
e) falta de verificação e articulação do processo avaliativo às reais necessidades dos usuários das bibliotecas, o
que, na nossa visão, torna a avaliação realizada pelo MEC apenas voltada aos interesses políticos, não aos da
comunidade à que as IES servem. Os estudos de usuários vêm sendo aplicados aos processos de planejamento
de novos serviços de informação há anos, e, conforme os autores analisados, não podem ser dispensados. A
Avaliação das Condições de Ensino (ACE) “carece de instrumentos adequados para uma avaliação formativa e
comprometida com a contribuição do curso para a constituição do indivíduo” (INEP, 2004, p. 57), não
apreendendo, da forma como atualmente é aplicada, a contribuição do curso para com a sociedade. No estudo
de Leitão (2005), observamos a importância que se faz em ouvir o usuário. Por exemplo, para avaliação dos
acervos, um dos métodos mais recomendados por Lancaster (1996, p. 51), é a avaliação de seu uso: em
momento algum de sua avaliação, o MEC considera o uso do acervo como forma de detectar-se seus pontos
f) a ausência de indicadores específicos para avaliação das bibliotecas, dentro de um padrão nacional ideal,
forma como são efetuadas atualmente as ACE (Avaliação das Condições de Ensino), as instituições acabam
sendo niveladas por cima, com padrões das grandes universidades públicas, mesmo as privadas recém criadas,
com pouco tempo de experiência e investimentos. Faz-se necessário um estudo mais elaborado por parte das
autoridades para o estabelecimento destes indicadores. Conforme Rozados (2005, p. 3), para que indicadores
possam ser aplicados à gestão, devem estar normalizados, e sua produção deve se ater sempre à mesma
De qualquer forma, o INEP (2004, p. 57), considera que “o trabalho desenvolvido pelas Comissões de
Avaliação das Condições de Ensino vem contribuindo para alguma melhora dos cursos de graduação”.
Considera-se possível que estas melhorias sejam decorrentes da participação de especialistas das diversas
áreas/cursos avaliados na elaboração de critérios e instrumentos de avaliação, na realização das visitas, etc. De
forma objetiva, verificam-se melhorias em aspectos relacionados às questões materiais e operacionais dos
cursos, tais como a instalação de infra-estrutura mínima de biblioteca e informática, acessibilidade para pessoas
o INEP (2004), para as instituições, em especial as do setor privado, tal fato assume grande importância, pois
foram estabelecidas referências concretas de como “imprimir qualidade” aos cursos. Neste sentido, o bibliotecário
pode fazer uso destes benefícios, embasando-se nas avaliações, críticas e sugestões emitidas no processo de
de: acervo, serviços, infra-estrutura; métodos quantitativos e métodos qualitativos de avaliação de bibliotecas.
Foram também analisados os critérios de avaliação utilizados pelo MEC, a caracterização dos mesmos e
pesos aplicados em cada critério, procurando-se levantar os pontos positivos/negativos para as bibliotecas e
traçar orientações aos profissionais envolvidos nestes processos. Por fim, compreende-se a necessidade
fundamental de buscar capacitação de bibliotecários para atuarem como gestores dos processos de
planejamento, desenvolvimento e avaliação nas bibliotecas universitárias, de forma a torná-las mais eficientes no
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