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Simples e singela, essas são as características-chave da lírica da goiana Cora

Coralina. A poeta começou a publicar os seus versos quando tinha 76 anos de idade,
também por esse motivo vemos no seu trabalho um tom de sabedoria do vivido, de quem
passou pela vida e recolheu conhecimento ao longo do percurso.

Saber viver é um exemplar típico da poética da escritora e condensa em alguns


poucos versos o que lhe parece essencial para o leitor. Trata-se de uma reflexão
sobre a vida feita a partir de um vocabulário descomplicado e com uma sintaxe
informal. É como se o eu-lírico se sentasse ao lado do leitor e partilhasse com ele
aquilo que extraiu de conhecimento ao longo do caminho.

Vemos nos versos o destaque para a vida em comunidade, para a partilha, para o
sentimento de entrega e comunhão com o outro - é justamente a partir desse encontro
que surgem os momentos de maior fruição.

Não sei…
se a vida é curta
ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:


colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo:


é o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela


não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura…
enquanto durar.

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