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TERMINOLOGIA, SOCIOTERMINOLOGIA,

DIALETOLOGIA: afinidades e necessidades


interdisciplinares

Enilde Faulstich1

RESUMO: Neste artigo, apresentamos um percurso da Terminologia e da Socioterminologia para


demonstrar que esta última é a disciplina que se ocupa da variação de termos. Para isso, é necessário que
o método de pesquisa seja útil e flexível a ponto de favorecer a interdisciplinaridade com a geografia
linguística e com a dialetologia. Ao final, chamamos atenção para as funções de comunicação e de
expressão da Língua, como base para um planejamento político, que, se organizado a partir das pesquisas
nacionais, possibilitará que os materiais de ensino apresentem um retrato real da língua do Brasil.
Palavras-chave: Terminologia, Socioterminologia, Dialetologia, variação terminológica,
interdisciplinaridade.

ABSTRACT: We present, in this paper, a trajectory of Terminology and Socioterminology to demonstrate


that the latter is a discipline that deals with the variation of terms. For this, the research method should be
useful and flexible enough to facilitate interdisciplinarity with geolinguistics and dialectology. Finally, we
call attention to the functions of communication and expression of language, as a basis for policy planning,
which, if organized from national investigations, will enable the teaching materials to present a real picture
of the language of Brazil.
Keywords: Terminology, Socioterminology, Dialectology, terminological variation, interdisciplinarity.

1 Introdução
Em 1996, o Pointer2 divulgou uma figura que põe a Terminologia no centro das
atenções de diversos estudos. A tecnologia de links conduzia a palavra central para ações
práticas de modo que as relações entre ‘logos’ e as diversas formas de funcionamento do ‘logos’
se tornassem evidentes. Poderíamos pensar que se tratava de uma grande rede de dados, que
funcionaria como um protocolo de acesso para redes especializadas por meio de arquivos
gravados, que fariam a imediata ligação entre as partes e que poderiam ser usados como uma
fonte de difusão de conhecimento. Ou, então, muito mais simples, poderíamos pensar que a
Terminologia, posta no centro do círculo, seria o registro de um conhecimento com vínculos
entre áreas afins.

1
Professora Drª. do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas (LIP) da Universidade de Brasília
(UnB); coordenadora do Centro de Estudos Lexicais e Terminológicos da UnB; e-mail: enilde@unb.br.
2
POINTER, Proposals for Operational Infrastructure for Terminology in Europe, 1996. Informações gerais no site
http://www.computing.surrey.ac.uk/ai/pointer/ .

29
Figura 1. Proposals for Operational Infrastructure for Terminology in Europe (Pointer).

A figura do Pointer evidencia o que acabamos de dizer e demonstra como, em 1996,


era vista a exuberância da Terminologia. Antes, Auger et al esclareceram que:

Son spectre [de la terminologie] s’est étoffé rapidement à partir du milieu des
années 1970 pour aboutir, vers la fin de la décennie suivante, à une science
achevée aux contours aisément identifiables. Au détour des années 1990, la
terminologie devient le lieu d’une activité febrile sur la planète, sauf dans les
milieux anglo-saxons, où elle n’inspire guère les linguistes absorbés par la
vogue générativiste. Tenant bon le cap, elle se hissera au rang des activités
de la linguistique qui acquerront une importante dimension sociale, em raison,
notamment, des besoins des sociétés affairées à donner à leur langue un
statut lui permettant de survivre à la modialisation d’activités s’exportant vers
les pays demandeurs par la seule voie de l’anglais.

Com a expansão, a Terminologia torna-se interdisciplinar, por ser um conhecimento


central ligado a outras disciplinas, em hiperlink. O link da Terminologia com outras disciplinas
abre caminhos para a produção de documentos não lineares interconectados por palavras, ou
por imagens, ou por objetos nomeados no mundo da informação pela linguagem dos negócios.
A roda de disciplinas, que aparece na figura 1, mostra como se dava, no recomeço após
a década de 80, a hiperligação da Terminologia com outras áreas do conhecimento, entendidas

30
como afins, segundo os objetos relacionados3: nomenclatura, como um sistema de
designação; padrões, como modelos de normalização; R&D, como pesquisa e
desenvolvimento; comunicações de marketing, como processo de comunicação eficaz com
o consumidor; informação ao consumidor, como um direito à informação precisa 4;
aplicações em engenharia da linguagem, como soluções tecnológicas para a comunicação
entre pessoas por meios apropriados, quais sejam, corpora, bases de dados lexicais,
etiquetadores morfológicos, alinhadores de documentos em diferentes idiomas, analisadores
sintáticos, expurgadores de palavras funcionais, conjuntos de frases de teste para gramáticas
computacionais, pares de traduções para sistemas de tradução automática, engenharia de
conhecimento codificado por meio de regras de linguagem de representação do conhecimento;
aprendizado de línguas assistido por computador, como planejamento e
desenvolvimento de sistemas de Processamento de Linguagem Natural (PLN) para auxiliar a
aprendizagem de línguas; aprendizado a distância, como mediação das tecnologias de
comunicação por suportes tecnológicos digitais e de rede, inseridas em sistemas de ensino
presenciais, mistos ou completamente realizada através d a distância física; ensino assistido
por computador, como condição assíncrona de aprendizagem, auxiliada por computador e
combinada com as ferramentas do sistema convencional; sistema de informações
corporativas, como um sistema que abrange pessoas e máquinas, com métodos organizados
para coletar, processar, transmitir e disseminar dados que representam informação para
usuários e clientes; redação técnica, como uma modalidade escrita da linguagem com
precisão vocabular; banco de dados terminológico, como um sistema de gerenciamento de
dados, volumoso e complexo, formado de lista de informações, organizadas em tabelas, que,
por sua vez, são organizadas em linhas e colunas e cada linha é um registro que contém partes
de informações; recuperação da informação, como busca por metadados que descrevem
documentos e busca em banco de dados, relacionais ou isolados, ou interligados em rede de
hipermídia; tradução assistida por computador, como uma forma de tradução em que o
tradutor humano cria meta de texto com ajuda de um programa de computador e a tarefa,
pode ser executada com auxílio de um dicionário padrão informatizado e de software de
gramática; tradução feita por máquina, com software para traduzir textos de uma língua
natural para outra; tradução feita por homem, com vistas à comunicação do significado de
uma fonte de linguagem de texto para uma língua-alvo, feita por pessoa bilíngue.
As implicações da Terminologia prática com esses objetos informatizados parecem
resolver todos os problemas de quem precisa dedicar-se a essa atividade. No entanto, para a
compreensão dos fundamentos teóricos, cabe perguntar: o que é Terminologia?

2 A Terminologia no lugar certo


Apresentaremos, na sequência, um percurso da sedimentação da Terminologia como
disciplina formadora de pessoal especializado para atuar nos diversos campos requeridos. O
trajeto selecionado para esta conferência considera um liame entre Brasil, Paris, Rouen e Nice
(Fr), Québec (Ca), Barcelona (Es). Os centros de atuação são as universidades que,
primeiramente, se abriram para as novas perspectivas dessa disciplina da linguagem.

3
A interpretação de cada objeto é de nossa inteira responsabilidade.
4
Não se trata necessariamente do CDC – Código de Defesa do Consumidor.

31
Figura 2. Um trajeto pela Terminologia.

Os estudiosos listados (Figura 2) deram à Terminologia a feição de disciplina teórica e


aplicada, porque expuseram, em diversas obras, o caráter epistemológico do conteúdo,
segundo uma perspectiva linguística e social de aplicação do conhecimento. Cabe destacar, no
entanto, o lugar do conhecimento em que os autores inserem a Terminologia, segundo o ponto
de vista de cada um. Seguiremos uma ordem cronológica para ordenar o pensamento.
Auger, em conferência apresentada em 1976, no Colóquio Internacional de
Terminologia5, em Québec, declara que «a terminologia parte de uma realidade expressa por
um conceito para chegar à palavra». E completa o pensamento, quando diz:

la terminologie [...] se situe à une sorte de carrefour de plusieurs disciplines


linguistiques et même extralinguistiques. Essentiellement, par son champ
d’étude, la terminologie se situe au niveau du signe linguistique dénommant
en science et en technique des référents bien identifiés. [...]
La terminologie de l’avenir devra nécessairement regarder du côté de la
sociolinguistique pour arriver: 1) à dégager un modèle fonctionnel et
descriptif de la norme et des niveaux de langue em terminologie; 2) à tracer
une théorie du changement des habitudes linguistiques d’une collectivité
donnée. On ignore beaucoup de choses également sur le comportement
linguistique de l’individu, de as résistence face à une stratégie de changement
de sés habitudes linguistiques. (AUGER, 1976 p. 11-12)

Em 1979, na França, Alain Rey declara:

5
AUGER, Pierre. La terminologie: une discipline linguistique du XXe siècle. In: Langues et Linguistique, nº 33, 2010: 1-
19. Publicação original: Essai de définition de la terminologie. In: Actes du colloque international de terminologie, 5 au 8
octobre 1975, Henriette Dupuis, éd., Manoir du Lac Delage, Québec, Régie de la langue française, 1976, p. 59-71.

32
quoi qu’il en soit, les terminologies sont des systèmes de noms et des
systèmes définitionnels; elles correspondent à la seule réalisation concrète,
sous forme de signes d’une langue, des «systèmes notionnels» (REY, 1979,
p.26).
Em 1993, na França, Gaudin questiona a definição de terminologia e apresenta, de
início, extratos do pensamento de três pioneiros: Robert Dubuc (Canada, 1975) 6, de Alain Rey
(França, 1979)7 e de Guy Rondeau (Canada, 1981) 8; é sabido que, para este último, o objetivo
da terminologia seria fornecer termos próprios para uma atividade, estruturando-os e
classificando-os com vistas ao pertencimento a um domínio. Gaudin (1993, p. 83) apresenta
seu ponto de vista pessoal e situa a terminologia «num quadro de funcionamento de uma
atividade». Para isso, elucida:

[...] il devient alors possible d’envisager le continuum qui existe entre science
et technique [...]. C’est pourquoi nous pensons que s’il existe um point de
départ à chercher dans la production des conceptes, il est à rechercher non
dans des idées dégages de la matérialité confuse des langues, mais au sein
des rapports multiples et complexes que le langage et le travail entretiennent
tou au long de l’action de l’homme. [...] il nous faut maintenant examiner les
difficultés que presente la démarche onomasiologique et le problème, central,
du primat du concept. [...] ce primat de l’activité conceptuelle, liée à l’activité
cognitive, qui semble bien fonder la terminologie et qui pose les problèmes le
plus épineux si l’on envisage la discipline d’um point de vue de la linguistique.
(GAUDIN, 1993, p. 73)

Da obra publicada de Cabré (1992, p. 71) recolhemos:

Amb el mot terminologia es designen almenys três conceptes diferents:


a) El conjunt de principis i de bases conceptuals que regeixen l’estudi dels
terms.
b) El conjunt de directrius que es fan servir en el treball terminogràfic.
c) El conjunt de termes d’una determinada área d’especialitat.

Para a autora, a primeira acepção refere-se à disciplina e, nesse caso, é matéria de


interseção que se ocupa dos conceitos das línguas (sic) de especialidade. Seu objetivo é, pois, a
denominação dos conceitos; a segunda refere-se à metodologia; e a terceira designa cada
conjunto de termos de temática específica. (id.; ibid.)
E mais adiante afirma que «de la linguística, la terminologia no n’aprofita totes les
nocions, sino que en fa una selecció pertinent en funció dels seus objectius; així, manlleva
elements de la morfologia, de la lexicologia i de la semàntica; i d’aquestes branques
lingüístiques, només en selecciona una part dels conceptes.» (id.; ibid., p. 72)
Em 1996, publicamos o artigo que contém uma proposta epistemológica com vistas a
demonstrar que lexema - objeto da Lexicologia - e termo - objeto da Terminologia - são
unidades lexicais cujos estudos dependem de métodos diferentes. E esclarecemos:

6
DUBUC, Robert. Formation des terminologues: théoriciens ou praticiens? In: La banques de mots nº 9, éd. PUF. 1975.
7
REY, Alain. La terminologie, noms et notions. France, Presses Uiniversitaires de France, Que sais-je? nº 1780, 1979.
8
RONDEAU, Guy. Problèmes et méthodes de la néologie terminologique 9néonymie). In: Infoterm Séries 6. Ed.
Infoterm, Vienne, p. 161-176.

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Cet exposé nous permet de dire que les principes délimitant le lexème et le
terme proviennent davantage des recours méthodologiques de la lexicologie
et de la terminologie que des fondements conceptuels du lexème et du terme.
La méthode de travail de la lexicologie tient compte des hypothèses
théoriques qui réfutent ou acceptent les productions des usagers au moyen
d’échantillonnages; la terminologie ancienne n’expliquait pas le comportement
linguistique des usagers; cependant la «nouvelle terminologie» - la
socioterminologie – a por but d’étudier le terme dans une perspective
linguistique, vers l’interaction sociale.
Ainsi, les méthodes de la lexicologie théorique et celles de la lexicologie
descriptive servent de point de départ pour systématiser de diverses manières
les vocabulaires, tout comme elles servent de base au travail lexicografique
dans l’élaboration de dictionnaires de la langue générale. Voilà pour les
résultats pratiques! Par contre, les méthodes de la terminologie servent de
point de départ pour la terminographie, laquelle a pour but la constitution de
dictionnaires spécialisés. (FAULSTICH, 1996a, p. 240)

Na figura seguinte, resumimos o pensamento:

Figura 3. Natureza epistemológica do Lexema e do Termo (FAULSTICH, 1996a, p. 244), editado no


programa Cmap Tools

34
De Zinglé9, no Avant-propos du Travaux du LILLA nº 2, de 1997, extraímos a seguinte
citação:

dans ce numéro nous avons voulu faire de la place à l’équipe d’Enilde


Faulstich de l’Université de Brasilia. Sa contribution est le témoignage de
l’étroite collaboration instaurée ces deux dernières années entre le centre
LexTerm et le Lilla. (ZINGLÉ, 1997, p. 5)

Mais adiante, no artigo Acquisition et traitement de données terminologiques avec


ZTermino esse autor elucida, nos aspectos metodológicos, que:

le point de vue de l’utilisateur a été introduit des le départ dans la conception


même du logiciel, en s’appuyant notamment sur um document interne du
réseau Realiter (Réseau panlatin de terminologie) concernant les príncipes
méthodologiques du travail terminologique ainsi que sur um document
elabore par le groupe LexTerm de l’Université de Brasilia portant sur les
donnés terminologiques et la création de dictionnaires et de glossaires. (Id.;
idib., p.8)

Antes de prosseguir, precisamos dizer que, na edição eletrônica de 2001 do Petit


Robert, dicionário orientado por Alan Rey, o significado de Terminologia é alargado, em relação
ao pensamento de Rey 1979; assim, na acepção 2 do verbete correspondente, aparece:

2♦ Étude systématique des « termes » ou mots et syntagmes spéciaux


servant à dénommer classes d'objets et concepts ( lexicographie); principes
généraux qui président à cette étude. La terminologie relève largement de la
lexicologie*. « La création, dans chaque ministère, des commissions de
terminologie » (J. Chirac).

A terminologia, como sistema, está situada entre a linguística e a filosofia, uma vez
que, no verbete, termos servem para dar nome a coisas que tenham propriedades e
características de classe e conceito. Relaciona, ainda, a terminologia à lexicografia e,
fortemente, à lexicologia.
O foco de nossa exposição, a partir de agora, converge para a Terminologia, a
Socioterminologia e a Dialetologia, no Brasil. Para fins de ilustração, a figura 4 apresenta o
Brasil no centro, porque o ponto de partida do conteúdo deste texto é nosso trabalho no país.

9
Fica aqui nossa homenagem.

35
Figura 4. Relação entre disciplinas.

Os antecedentes da Terminologia que apresentamos serviram de subsídio para mostrar


que a Socioterminologia já era prenúncio para o desenvolvimento de uma Terminologia de
cunho funcionalista e de natureza social.
O livro de François Gaudin - Pour une socioterminologie. Des problemes sémantiques
aus pratiques institutionnelles, publicado em Rouen (França), em 1993, abre portas para a
percepção de uma Terminologia social, embora já tivesse havido discussões em torno do tema
(AUGER, 1994a e b; GAMBIER, 1987, 1989; GAUDIN, 1985, 1989, 1990a e b, 1991, 1992).
Gaudin destaca, em seu livro principal de 1993 (p, 120), a organização da
Socioterminologia como disciplina, não sem antes ter o sentimento da variedade de línguas
(varieté des langues): «est au coeur du dilemme terminologique». E no último parágrafo da
conclusão do livro diz:

C’est que la terminologie, pour peu qu’elle veuille dépasser les limites d’une
terminologie “greffière”, doit replacer la genèse des termes, leur réception,
leur acceptation mais aussi les causes de leur échec et les raisons de leur
succès, au sein des pratiques langagières et sociales concrètes des hommes
qui les emploient. Ces pratiques sont essentiellement celles qui s’exercent
dans des sphères d’activité. C’est pourquoi la socioterminologie devait
rencontrer les réflexions sur les liens qui se nouent entre travail et langage.
(GAUDIN, 1993, p. 216)

Conhecedora das publicações de Québec e Rouen sobre o tema, escrevemos, em 1995,


o livreto Base metodológica para pesquisa em socioterminologia. Termo e Variação e
implantamos, como pioneira no Brasil, no Curso de Pós-Graduação em Linguística da
Universidade de Brasília, a área de estudo Socioterminologia. Inauguramos assim um método
próprio para a «desburocratização» (cf. Gaudin) da terminologia e instauramos a terminologia
como área do conhecimento da Linguística, com abordagem centrada na interação por meio da
linguagem e no desempenho do indivíduo na comunidade em que sua língua é falada. Até
então não se conhecia um método funcionalista, no estudo da terminologia, que enxergasse os

36
termos no conjunto como entidades linguísticas que variam segundo categorias de variantes e
tipologia de variantes.
No livreto publicado em 1995, atribuímos à socioterminologia o papel de disciplina que
vai da concepção teórica para uma aplicação prática e, para isso, definimos como segue:

Socioterminologia, como disciplina descritiva, estuda o termo sob a


perspectiva linguística na interação social.
Socioterminologia, como prática do trabalho terminológico, fundamenta-se
na análise das condições de circulação do termo, assentada no funcionamento
da linguagem. (FAULSTICH, 1995)

E reconhecemos que a pesquisa socioterminológica deve ter como auxiliar princípios de


sociolinguística, em atenção aos critérios de variação e de mudança linguística dos termos no
meio social, e da etnografia, em vista da comunicação no seio da sociedade, como o meio
capaz de gerar conceitos interacionais de um mesmo termo ou de gerar termos diferentes para
um mesmo conceito.
Chamamos atenção, ainda, para os procedimentos de base da pesquisa
socioterminológica, cuja equipe deve compor-se de linguista especialista em terminologia, de
especialista(s) da área científica e técnica específica; mais ainda, de tradutor, de especialista da
informática, de especialista da área de ciência da informação, sendo que estes três últimos
participarão da equipe se o tipo de trabalho os requisitar.
Nossos trabalhos (Nice, 1996; Havana, 1998; Barcelona, 1998; Québec, 1999; São
Paulo, 1999; Porto Alegre, 2003 e seguintes), listados na bibliografia, situam a Terminologia, a
Socioterminologia e a Variação em terminologia no centro de nossos estudos e pesquisas, a
partir dos postulados criados no início da formulação das ideias e com o olhar determinado
sobre os fatos de linguagem, decorrentes de fenômenos que seguem as regularidades de
variáveis que movimentam as línguas e organizam uma gramática da terminologia. Elaboramos,
então, em 1998/1999 os postulados 10, que transcrevemos abaixo, entendidos como princípios
para a descrição da terminologia; em 2003, elaboramos o constructo de Faulstich 11, como o
modelo central para a organização da gramática postulada.

2.1 Os postulados. Um constructo


A teoria da variação em terminologia que desenvolvemos é sustentada por cinco
postulados:

a) dissociação entre estrutura terminológica e homogeneidade ou univocidade ou


monorreferencialidade, associando-se à estrutura terminológica a noção de heterogeneidade
ordenada;
b) abandono do isomorfismo categórico entre termo-conceito-significado;
c) aceitação de que, sendo a terminologia um fato de língua, ela acomoda elementos variáveis e
organiza uma gramática;
d) aceitação de que a terminologia varia e de que essa variação pode indicar uma mudança em
curso;
e) análise da terminologia em co-textos linguísticos e em contextos discursivos da língua escrita e
da língua oral.

10
Ver Terminology, Principes formels et fonctionnels de la variation em terminologie e TradTerm, 2001.
11
Ver Formação de termos: do constructo e das regras às evidências empíricas, 2003.

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Principalmente com base nos postulados a, b, e c, reelaboramos o esquema básico da
variação em terminologia12. Assim, num plano superior aparecem três categorias, com
subcategorias. A subcategoria de variantes terminológicas linguísticas abarca, ainda, uma
tipologia de variantes.
As categorias são três: concorrentes, coocorrentes, competitivas. As
subcategorias das variantes concorrentes são duas: variantes terminológicas linguísticas e
variantes terminológicas de registro, como demonstramos a seguir.

I – Categoria de variantes concorrentes, que inclui duas subcategorias:


1. Subcategoria de variantes terminológicas linguísticas:
1a. Variante terminológica fonológica
1b. Variante terminológica morfológica
1c. Variante terminológica sintática
1d. Variante terminológica lexical
1e. Variante terminológica gráfica
2. Subcategoria de variantes terminológicas de registro:
2a. Variante terminológica geográfica
2b.Variante terminológica de discurso
2c. Variante terminológica temporal
II - Categoria de variantes coocorrentes, que inclui uma subcategoria: a sinonímia
terminológica.
III - Categoria de variantes competitivas, que inclui uma subcategoria: os empréstimos
linguísticos em competição com formas vernaculares.

As categorias e a tipologia são úteis na aproximação da Socioterminologia com a


Dialetologia.

3 Terminologia, Socioterminologia e Dialetologia


Ao observar dados recolhidos por pesquisadores nacionais, entendemos que, ao lado do
registro da língua comum, que abrange o léxico comum pela lexicologia, há necessidade do
registro urgente das linguagens de especialidade, que têm na terminologia os métodos
necessários para a sistematização dos termos. Em Cardoso (2010, p. 183), há a constatação de
que «tal conhecimento [o registro da língua comum] permitirá a socialização dos bens de
cultura linguageira».
Assim, as afinidades que aproximam a Dialetologia da Socioterminologia estão, sob
nosso ponto de vista, inscritas na exposição de Cardoso (id.;ibid., p. 178), quando afirma que
«traços que são regionais, definidores de áreas geográficas, afetam a todos os falantes da
região, não se constituindo, no seu interior, como distintivo de classes sociais e, portanto,
estigmatizantes». Diz ainda Cardoso ((id.;ibid., p. 180) que «fenômenos de variação numa
língua são fenômenos definidores de uma norma vista e aceita sem restrições locais e de certo
modo nacional», constitui-se, assim, em «conhecimento da realidade nacional.» E, de forma
consistente, as necessidades interdisciplinares aparecem nos trabalhos e nas publicações, como
demonstramos a seguir.

12
A primeira versão é de 1995, que passou por reformulações; a última versão é de 2001, na TradTerm.

38
A aplicação de um método que contemple um trabalho interativo entre áreas afins,
aparece na dissertação de Mestrado de Borges (2011)13, da qual transcrevemos o verbete
seguinte.

meliponíneo [ESPÉCIES DIVERSAS]


s.m.
O mel de meliponíneo normalmente é mais líquido que o mel das abelhas
italianas, portanto, pode fermentar com mais facilidade. {LV-08}
Var: abelha-sem ferrão*; abelha-nativa; abelha-indígena; abelha-
silvestre; abelha-silvestre-nativa; abelha-social-brasileira; abelha-
social-nativa; abelha-social-sem-ferrão; abelha-nativa-sem-ferrão;
abelha-nativa-do-Brasil; abelha-indígena-sem-ferrão; abelha-
melífera-sem-ferrão; melípona; meliponídeo; ASF.14

E complementamos: a socialização dos bens de cultura se faz pela socioterminologia,


nas cartas lexicais de que a geografia linguística se ocupa.
Outro exemplo significativo de afinidade entre as áreas foi extraído de Altenhofen e
Klassmann (2011), de uma carta semântico-lexical do ALERS (p. 140-141), que transcrevemos
a seguir, sem o mapa dos estados do Sul, Paraná (Pr), Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul
(RS), mas com adaptação, em relação ao original, na forma de apresentar o resultado:

QSL 062
NEVOEIRO
cerração – com frequência 218, resultante do percentual do uso no PR, em SC
e no RS;
neblina/nebrina – com frequência 28 pelo uso no PR, em SC e RS;
leblina/lebrina/librina – com frequência 11, nos três estados do Sul;
nevoeiro – com frequência 03 e uso no PR e RS.

Esses resultados, aqui uma amostra muito pequena do grande trabalho desenvolvido
pela equipe do ALERS, servem para explicitar que as cartas lexicais, objetos de ocupação da
geografia linguística, são um demonstrativo de como a socialização dos bens de cultura pode
ser feita por esses documentos. Ao informar como se deu a ‘opção teórica do Projeto’ (p. 26),
os autores esclarecem que: «O Projeto ALERS foi concebido [...] tendo por ênfase a dimensão
diatópica e privilegiando desta forma a delimitação de áreas linguísticas que apontassem
tendências de variação do português falado na área de estudo». Mais adiante acrescentam:
«Temas como a ‘popularização’ de inovações tecnológicas, incluindo terminologias científicas,
são um exemplo da multiplicidade de interesses que o Atlas pode despertar e fomentar» e nos
convidam a comparar as diversas realizações para satélite, carta 050:

13
Os termos da meliponicultura: uma abordagem socioterminológica, UFPA, 2011, p. 133. No verbete, s.m. quer dizer
substantivo masculino; LV-08 significa Referência do corpus; Var é o mesmo que variante; asterisco no termo identifica
a variante de maior frequência no corpus e é, no glossário, o termo-entrada principal com a definição. (p.69, com
adaptação).
14
No item 4.8 – A estrutura do glossário, a autora declara que “A microestrutura dos dados contidos nos verbetes do
glossário é apresentada de acordo com o que propõe Faulstich (1990), com adaptações.” ( pág. 68)

39
QSL 081
SATÉLITE
satélite – com frequência 104 pelo uso no PR, em SC e no RS;
chatélite – com frequência 02, em variação nos três estados;
satéli(s) – com frequência 29 nos três estados, ao lado de sotéli, com
frequência 01;
satel – com frequência 05, em variação com saté e saltel, cada um com
frequência 01, nos três estados;
aparelho – com frequência 21 e uso no PR;
satélico – com frequência 05 e em variação com satélik e satélique, cada um
com frequência 02, sutélico e via satélik, cada um com frequência 01, com
uso em Sc e RS;
disco voador - com frequência 06 e uso no PR15

Se estes dados forem vistos sob a perspectiva da Socioterminologia, com o


entendimento das categorias de variantes terminológicas de Faulstich, será possível relacionar
variantes de tipo diversificado. Vamos aplicar a tipologia das variantes aos dados; tomaremos
como ponto de partida o termo de maior frequência satélite; assim na relação do termo satélite
com os termos variantes, temos:
- chatélite, satéli(s), satel e satélico são variantes terminológicas fonológicas, porque do
ponto de vista da função na língua criam pares pela posição do fonema no segmento e fazem
surgir formas decalcadas da fala. São também variantes terminológicas gráficas, porque, na
escrita, não obedecem às convenções da língua para a codificação de algum segmento do
termo;
- aparelho, no contexto diatópico da pesquisa, é variante sinônimo, porque os dois
termos com significados idênticos estão em coocorrência num mesmo contexto, sem que haja
alteração do conteúdo informacional;
- disco voador, na relação de termos com satélite, é uma variante sinônimo e i) se
considerarmos que a marcação em itálico no documento original destaca voador, ii) se
considerarmos que o uso pode ser somente voador com o pagamento de ‘disco’, então o termo
usado é também variante lexical porque algum item dessa estrutura lexical, que é uma unidade
terminológica complexa (UTC), sofre apagamento, mas o conceito do termo não se altera. Para
ampliar a ilustração, citemos alguns termos variantes de Borges (2011): abelha-social-nativa e
abelha-ø-nativa; abelha-silvestre-nativa e abelha-silvestre-ø; abelha-social-brasileira e abelha-
social-ø-sem-ferrão, donde supomos o termo abelha-social-brasileira-sem-ferrão; abelha-
nativa-ø-sem-ferrão; abelha-nativa-do-Brasil-ø, e donde supomos: abelha-nativa-do-Brasil-sem
ferrão e abelha-nativa-do Brasil-sem ferrão, termos idênticos do ponto de vista conceitual.
Essa variação marcada por elipse de parte da UTC põe em confronto ‘termo(s) de
superfície’ e ‘termo profundo’, ambos da teoria de Faulstich (2012), mediante a presença ou o
apagamento de estruturas na linearidade dos termos. Definimos, então, cada um de acordo
com o reordenamento gramatical e lexical, resultante da operação estrutural numa UTC. Assim,
termo profundo é a representação de um termo complexo, ou unidade terminológica
complexa – UTC, que mantém todas as entidades léxicas por solidariedade gramatical e
referencial (FAULSTICH, 2012, p. 436), no caso: abelha-social-nativa. Termo de superfície é
a representação linear de um termo composto, ou UTC, tal como efetivamente se apresenta no
discurso, após as derivações, no caso: abelha-nativa.

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Os autores ainda listam Sputinik, avião(zinho), foguete (estraviado), planeta, sinal (do céu) mãe de ouro, estalélite,
eclipse voador, estrela que caminha e sateco sem que estes termos estejam distribuídos na carta 50.

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4 Conclusão
Para finalizar, apresentamos um novo constructo com vistas a relacionar, de modo
sistemático, as pesquisas desenvolvidas nas disciplinas Terminologia, Socioterminologia,
Dialetologia e Geografia linguística. Da construção mental que sugerimos pode resultar um
MÉTODO que contemple um trabalho interativo entre áreas afins; apresentamos, então, a
síntese de um Constructo de um MÉTODO interativo, na figura seguinte:

Figura 5. Constructo de um MÉTODO interativo.

Entendemos que, na Língua, as funções de comunicação e de expressão são


indissociáveis. A função de comunicação tem por meta a uniformização do código; por sua vez,
cabe à função de expressão o papel de demonstrar o lugar linguístico e extralinguístico por
onde passa a diversificação gramatical e social da língua. A uniformização e a diversificação são
bases para um planejamento político das línguas que, se organizado a partir das pesquisas
nacionais, possibilitará que tenhamos um retrato real da distribuição lexical da língua do Brasil.
Desse modo, será possível enxergar a língua estabilizada e as mudanças por que passa o
português contemporâneo do Brasil.

Esta conferência é dedicada ao meu colega Professor Dr. François


Gaudin, da Université de Rouen, França.

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