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1- A LGPD é um complemento positivo à LAI porque define melhor o que é dado pessoal?

Por óbvio que sim, vez que a Lei de Acesso a Informação entra em vigor, isso há mais de dez anos
atrás, ela não define de maneira específica o que é considerado dado pessoal, ao contrário, quando
trata das informações pessoais em seu art. 31 °, descreve de maneira branda, assim deixando
algumas lacunas espaçadas para interpretação; e além disso, não obriga o Estado a apontar a
finalidade dos dados. Já a Lei Geral de Proteção de Dados, além de trazer uma definição mais
detalhada do que é dado pessoal, ela vai além é obriga o Estado a dar evidências a finalidade de uso
desses dados .

2- O QUE FAZER COM OS DADOS PESSOAIS QUE DEVEM SER PÚBLICOS?

A LGPD define, por exemplo, que uma organização pode, sem precisar pedir novo consentimento,
tratar dados tornados anterior e manifestamente públicos pelo titular. Porém, se uma organização
quiser compartilhar esses dados com outras, aí ela deverá obter outro consentimento para esse fim -
resguardadas as hipóteses de dispensa previstas na lei. Especialistas acreditam que a Lei Geral de
Proteção de Dados Pessoais traz parâmetros, mas que ainda há um debate sobre que tipos de dados
pessoais devem, de fato, ser considerados públicos e, assim, ficar disponíveis para a sociedade em
geral. A previsão é que a Autoridade Nacional de Proteção de Dados, em conjunto com a sociedade,
regule, esclareça dúvidas e detalhe a questão.
LGPD e LAI podem ser entendidos como as duas faces da mesma moeda. Mesmo sem LGPD,
ocorreu uma rejeição inexplicável. O Relatório de Transparência do Brasil mostra que, desde que o
presidente Jal Bolsonaro assumiu o poder, entre janeiro de 2019 e junho de 2020, o uso de pedidos
da Administração Federal para recusa de prosseguir com a LAI quadruplicou entre janeiro de 2019
e junho de 2020. Como trabalho adicional, "ordem geral" e palavras desproporcionais foram
utilizadas em 40% das palavras negativas.
O temor é que a LGPD dê novo embasamento a esse tipo de justificativa.
Manoel Galdino, diretor da Transparência Brasil, aponta como exemplos a possibilidade de serem
dificultados os acessos a dados de filiação partidária e de movimentações de servidores públicos. Os
próprios dados que levaram à investigação do esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa
do Rio de Janeiro envolvem amplas informações pessoais de servidores, como salários, e não está
claro como será o acesso a esses dados a jornalistas ou a sociedade civil.

3-A distinção entre público e privado na LGPD ficou pouco clara? por que?

Não, apesar que errou em não estabelecer muitos detalhes para o setor público, pois nesse caso não
foi pensado no impacto na relação com a transparência, desse modo o setor tem um componente
que se aplica a este. Porque a lei entra em conflito ameaçando o acesso à informação no Art. 5o ,
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou
de interesse coletivo ou geral.
Na lei 13. 709 estabelece regras e obrigações para o setor público que no capítulo 4 começar no art
23 O tratamento de dados pessoais pelas pessoas jurídicas de direito público referidas no parágrafo
único do art. 1o da Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação) ,
deverá ser realizado para o atendimento de sua finalidade pública, na persecução do interesse
público, com o objetivo de executar as competências legais ou cumprir as atribuições legais do
serviço público, desde que:
I - sejam informadas as hipóteses em que, no exercício de suas competências, realizam o tratamento
de dados pessoais, fornecendo informações claras e atualizadas sobre a previsão legal, a finalidade,

os procedimentos e as práticas utilizadas para a execução dessas atividades, em veículos de fácil


acesso, preferencialmente em seus sítios eletrônicos;
Por ser um setor público não pode usar dados pessoais sem dar justificativa, sem precisar de
consentimento, precisa garantir um nível de informação ao cidadão pois tem muitos mais dados
pessoais.
Ambiente público precisa agir com transparência , implica o princípio da minimização, está com
finalidade adequada, prazo e ao compartilhar dados com o setor privado tem que ter convênios,
contratos têm que está tudo detalhado ou seja , por ser público não pode ser de qualquer jeito.

4- Qual a sua opinião sobre o pedido via LAI para acesso a salários de servidores?

Sem dúvida um marco importantíssimo para a transferência pública no Brasil, sem dúvida
necessária para que o povo fiscalizem o destino de seus tributos e onde são depositados , agora a
maneira que os servidores irão gastar esse dinheiro é de total privacidade dos mesmos, a questão
principal é transparecer ao povo brasileiro que o valor depositado faz jus ao trabalho realizado .

5- Quem vai ser o árbitro das discussões — e o papel da nova Autoridade Nacional de
Proteção de Dados ? você condorda? Porquê?

A Lei 13.853, que criou a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), órgão federal que
vai editar normas e fiscalizar procedimentos sobre proteção de dados pessoais, teve origem na
Medida Provisória 869/2018 e foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com a nova lei, entre as competências da ANPD estão a zeladoria da proteção dos dados
pessoais, elaboração das diretrizes para a Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da
Privacidade e aplicação de sanções em caso de tratamento de dados feito de forma irregular.
Por falta de dotação orçamentária, a ANPD ainda não está em funcionamento e acredita-se que não
será fácil a implementação de suas unidades administrativas em todos os estados da Federação para
o fiel cumprimento da fiscalização e aplicação da norma. Nesse sentido, acreditamos que os
PROCONS estaduais e municipais terão papel preponderante na aplicação da lei, até que a ANPD
se estruture.
Os PROCONS, independentemente de sua natureza jurídica, já atuam em seus respectivos estados e
municípios há anos, dando cumprimento aos dispositivos no CDC. No que tange especificamente à
proteção de dados pessoais dos cidadãos, a Lei 8.078/90, observando o art. 5º, XV, da CF, já previa
situações nas quais o consumidor poderia ter acesso às suas informações pessoais contidas em
registros, cadastros e fichas (art. 43, §§ 1º a 6º), cabendo a imposição da aplicação da norma e a
reparação dos danos causados, em caso de sua inobservância (art. 44, § 2º c.c art. 22, parágrafo
único, ambos do CDC).
Nesse sentido, diante da expertise acumulada ao longo dos anos e da estrutura, tanto física quanto
de pessoal, os PROCONS exercerão papel essencial na aplicação da LGPD, auxiliando, no que for
necessário, a ANPD na fiscalização das normas previstas na LGPD, podendo, inclusive, requerer
explicações, autuar e processar administrativamente aqueles que não a obedecerem.

Grupo :

wendelfeitosa@rede.Ulbra.br
yasminwoodsen@rede.ulbra.br
wilgnermuller@rede.ulbra.br
zeina.simoes@rede.ulbra.br
alveswodley@rede.ulbra.br

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