e A Necessidade de Uma Nova Igreja Por: Emerson Silva de Oliveira
Mais uma Igreja?
Estimam alguns que no mundo existe, agora no começo do século 21, cerca de 100.000 denominações. Acredito que nessa era líquida, tudo se tornou mais fácil, para que cada indivíduo venha a ter a sua própria igreja. Afinal, tudo é relativo, plural e subjetivo, de modo que já não há espaço para uma fé sólida, com fonte objetiva e partilhada por muitos, em vários lugares e épocas. Essa constatação nos leva a considerar que, se o denominacionalismo não chegou ao fim, é certo, porém, que seus paradigmas foram mudados. Aquilo que padronizava e emoldurava uma denominação, mantendo sempre uma uniformidade distintiva, agora fora substituída por uma disformidade, no sentido de que foge a certo padrão de identidade fixa e inflexível, ortodoxa. Diante disso, como justificar o surgimento de mais uma igreja presbiteriana? Que explicação há para uma nova igreja com um nome antigo jungido a uma declaração? Finalmente, por que uma Igreja Presbiteriana Confessional? Retorno às Sagradas Escrituras. Os presbiterianos são legítimos herdeiros da Reforma Protestante de Genebra, liderada por João Calvino. Os calvinistas, ou reformados originaram-se, portanto de um movimento profundo de retorno às Sagradas Escrituras, que produziu uma reconfiguração bíblica da Igreja de Cristo, como encontramos na Instituição da Religião Cristã, do célebre teólogo de Genebra. Da Suíça, especificamente da Academia de Genebra, criada por Calvino e outros reformadores, sai um de seus melhores alunos, o escocês John Knox, em regresso à sua nação, encontrando ali singular oportunidade de implantar o modo de vida presbiteriano. Desde então, o presbiterianismo continuou a se espalhar, implantando uma visão bíblica de mundo, através de igrejas comprometidas com a Palavra. Dessa grandiosa origem e com esse sagrado propósito, vem à justificativa para o surgimento de mais uma igreja presbiteriana, que de um ponto de partida nascente, se multiplique em diversas outras comunidades e promovam a glória de Deus no mundo. Cremos e Confessamos. Cerca de um século se passou e o protestantismo da Inglaterra e de outros países, composto de reformados não apenas presbiterianos, fora convocado a formular os artigos de sua fé comum, os quais deveriam estar expressos em um documento de Confissão e ensinados através de seus próprios Catecismos. De um espaço de seis anos e com muita oração, surgiram então, os Símbolos de Fé de Westminster. Na Abadia de Westminster, entre 1643 e 1649, estiveram reunidos 121 teólogos e mais 30 representantes das igrejas reformadas produzindo a rainha das Confissões. Essa última confissão, seus catecismos e um diretório de culto constituem o corpo interpretativo das Sagras Escrituras, as doutrinas fundamentais do cristianismo bíblico e dogmático e o modo biblicamente aceitável de adoração comunitária. Agora, com seus padrões de fé estabelecidos, dentro de uma excelente tradição exemplar de cristianismo bíblico, nos séculos 17 e 18, conhecida como O Puritanismo, os presbiterianos continuaram sua missão de levar todo pensamento cativo a Cristo. Reformada sempre se reformando. Um padrão de vida rigidamente presbiteriano de purificação da igreja e da sociedade, pelas lentes da Palavra de Deus, tem nesse mundo caído fortes efeitos colaterais. Aqueles que sustentaram com a vida o sentido de ser presbiteriano confessional foram entendidos como inoportunos na Inglaterra, tanto para a igreja, quanto para o Estado. Eles eram inconformistas e puderam partir com cerca de 50 famílias para a colônia, a nova Inglaterra. Com uma visão de mundo completa, enxergando a realidade pelas lentes das Sagradas Escrituras chegam à América do Norte os Peregrinos Puritanos, para livremente, com base na Soberania Divina e na livre consciência cristã, exercerem a vida cristã, reformada, presbiteriana, confessional. Essa senda revelou que apenas essa postura foi e ainda é capaz de sustentar uma igreja de fato reformada, sempre se reformando. Esse é o ethos presbiteriano desde o seu nascimento e quando isso é mudado, presbiteriano passa a ser um termo vago, alegórico, nada descritivo e representativo. Somos assim, convidados a sair de onde estãos, como reformados, sempre se reformando. Mais uma Igreja! Os paradigmas foram mudados, tudo é relativo, plural e subjetivo. As estruturas não são mais sólidas. Aqueles que antes andavam bem, agora revisam os padrões de nossa fé presbiteriana e ao sabor das séries de TV, demonizam os puritanos, nossos pais. Reformado já não define presbiteriano e vice-versa. Contudo, dessa crise exploratória do surgimento indiscriminado de igrejas, veio a oportunidade. A organização da Igreja Presbiteriana Confessional, após o nosso rompimento com a Igreja Presbiteriana do Brasil, ocorreu em um Domingo, Dia do Senhor, a 1º de julho de 2018, dia histórico em que se comemoraram exatos 375 anos da abertura dos trabalhos da Assembleia de Westminster (1º de julho de 1643). Com a CFW, I, X, reafirmamos nossa postura presbiteriana, afirmando que “... o Juiz Supremo, em cuja sentença nos devemos firmar, não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura”. Assim, rejeitamos uma igreja relativista; rejeitamos uma igreja pluralista, rejeitamos uma igreja subjetivista. Rejeitamos uma igreja onde suas estruturas já não são mais sólidas, pois somos Presbiterianos Confessionais. Nossas estruturas são sólidas; Castelo Forte é o Nosso Deus!