O documento discute a evolução da construção pesada no Brasil, começando com a hegemonia de empresas estrangeiras e evoluindo para o domínio de empresas nacionais. Explica que as empresas nacionais puderam crescer devido ao Estado assumir a maior parte da demanda por infraestrutura e reservar esses projetos para empresas brasileiras. Também destaca que a construção pesada tem características que facilitam o crescimento de pequenas empresas, como a possibilidade de fragmentar projetos e financiar equipamentos após obter contratos.
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Título original
A TRANSNACIONALIZACÃO DA GRANDE ENGENHARIA BRASILEIRA
O documento discute a evolução da construção pesada no Brasil, começando com a hegemonia de empresas estrangeiras e evoluindo para o domínio de empresas nacionais. Explica que as empresas nacionais puderam crescer devido ao Estado assumir a maior parte da demanda por infraestrutura e reservar esses projetos para empresas brasileiras. Também destaca que a construção pesada tem características que facilitam o crescimento de pequenas empresas, como a possibilidade de fragmentar projetos e financiar equipamentos após obter contratos.
O documento discute a evolução da construção pesada no Brasil, começando com a hegemonia de empresas estrangeiras e evoluindo para o domínio de empresas nacionais. Explica que as empresas nacionais puderam crescer devido ao Estado assumir a maior parte da demanda por infraestrutura e reservar esses projetos para empresas brasileiras. Também destaca que a construção pesada tem características que facilitam o crescimento de pequenas empresas, como a possibilidade de fragmentar projetos e financiar equipamentos após obter contratos.
A TRANSNACIONALIZAÇÃO DA GRANDE ENGENHARIA BRASILEIRA
A hegemonia da empresa nacional na construção pesada.
As considerações desenvolvidas no item anterior mostram que ao longo da história da construção
pesada no Brasil, observa-se alterações significativas na relação construtor demandante. Queremos dizer que de um período onde é clara a hegemonia de construtoras estrangeiras, evolui-se para o atual predomínio da empresa nacional, passando-se por um momento onde o Estado tem importância como construtor direto. Este movimento está, por sua vez, intimamente articulado à evolução da demanda por obras de infraestrutura que perde, principalmente a partir dos anos trinta o caráter privado. O Estado já tornou, na entrada da década de cinquenta, o responsável pelo grosso da demanda para o setor. (pág. 79). Assim, a partir da inegável evidência de que o desenvolvimento de capitalismo no Brasil permitiu a consolidação de um conjunto de empresas nacionais que se tornam hegemônicas no setor construção pesada, somo levados a crer que, na mesma medida em que o Estado brasileiro teve como tarefa construir um suporte infraestrutural sob a forma de capital social básico, reservou, em contrapartida, o mercado de obras públicas para a iniciativa nacional. Disto resulta uma questão que, inevitavelmente, deve ser enfrentada: por que foi possível resguardar para o capital privado nacional o setor da construção pesada? As considerações que se seguem não pretendem respondê-la por inteiro mas, tão somente, abir a discussão e revelar a medida de sua importância. Como é sabido, um dos obstáculos com que se defronta o capital privado nacional de países de desenvolvimento capitalistas tardio, cristaliza-se na magnitude da massa de capital necessária para fazer frente aos investimentos iniciais demandados por determinadas atividades. Isto porque o desenvolvimento do capitalismo no plano mundial impõe, na maioria dos setores da economia, a necessidade da empresa já nascer grande, o que muitas vezes, alija, desde logo, o capital privado nacional tendo em vista suas pequenas possibilidades de mobilização de capital.(pág. 80). No que diz respeito a construção pesada, podemos afirmar que tal problema se apresenta em menor proporção, sendo possível a uma firma perfazer o percurso pequena – média- grande empresa. Algumas características específicas da atividade da construção explicam este fato. Primeiramente existe no setor a possibilidade de se fragmentar obras ou de se contratar empresas para serviços específicos. Uma obra rodoviária, por exemplo, pode ser desmembrada em vários lotes, o que possibilita a uma empresa obter contratos que não exigem grande mobilização de capital. Por outro lado, diferentemente do que acontece em outros setores, a construção vende antes de produzir e nesta condição, a mobilização de capital pode ser concretizada após a obtenção da obra. Além disto, algumas vezes, garantir um contrato pode também significar recursos prévios para aquisição de equipamentos. Existem indícios de que no nascedouro de engenharia nacional muitas firmas se beneficiaram deste expediente, o que se pode constatar nas declarações de um ex diretor do DNER: (pág. 81). Soma-se a esta peculiaridade o fato da rotação do capital fixo tender a ser, no setor, bastante rápida. Assim, podemos simular uma operação onde a empresa obtenha um determinado contrato, que não demande grande imobilização de capital, compre os equipamentos necessários execute a obra e tenha, no final do percurso, parcela substancial do capital adiantado reconvertido em capital dinheiro. Por sua vez, a questão tecnológica parece não representar, no setor, uma barreira à entrada. Além da tecnologia vir embutido no equipamento, é possível absorver técnicas de construção na própria atividade de construir. Se determinadas obras exigem conhecimentos técnicos mais avançados, existem sempre a possibilidade de se contratar consultoria ou associar-se a firmas estrangeiras. Ademais, no caso brasileiro, encontramos a presença de determinada atividade que além de decisivas (construção rodoviária por exemplo) não apresentam, por natureza, grandes barreiras tecnológicas. Desta forma, desde que uma empresa for capaz de assegurar, continuamente, uma boa carteira de obras, é possível supor que ela consiga evoluir de pequena a grande empresa. No caso brasileiro, como vimos na seção anterior, há evidências inegáveis que o grosso das grandes empresas nacionais cumpriram aquela trajetória. (pág. 82). Se aceitarmos a hipótese de que para o crescimento e consolidação de uma empresa basta a garantia de uma boa e contínua carteira de obras, nossa investigação deve necessariamente se deslocar para uma outra questão: o que determina a possibilidade de uma firma obter aquela carteira? Evidentemente a resposta para esta questão passa pela análise das formas que assumo a concorrência intercapitalista no setor. Também neste caso, as alterações verificadas na natureza da demanda (privada pública) parecem ser decisivas para entendermos como se opera a concorrência no setor, visto que, o nosso juízo, aquelas alterações acabam por determinar distintas formas de sua regulação Na tentativa de esclarecer a afirmação anterior, começaremos por reproduzir algumas considerações desenvolvidas em Pesquisa da Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo acerca da importância da natureza da demanda (privada ou pública) na determinação do preço das obras e do lucro das empreiteiras. (pág. 83).