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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO


AMAZONAS, CAMPUS MANAUS ZONA LESTE.

Curso Subsequente em Agropecuária módulo 3


Disciplina de Ambiente, Saúde e Segurança.
Elves Oliveira dos santos
Profª Mariluce

Introdução
O acidente de trabalho é algo preocupante, isso afeta tanto aos trabalhadores
do campo como a todos que estão envolvidos no meio comum, muitos dos
trabalhadores não contam com as ferramentas próprias e o material de segurança
necessário para assegurar as suas vidas, ao tratarmos deste assunto estamos
falando tanto do pequeno agricultor familiar, que retira da terra o seu pão, como
também do trabalhador contratado por empresas relacionadas ao meio rural, o
assunto é amplo quando procuramos discutir as responsabilidades sobre a
segurança no meio rural, se faz necessário muitos estudos e também engajamento,
no combate a ingenuidade, a falta de conhecimento e ao desprezo a saúde, ou seja,
a segurança como um todo.

Definição
É o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo
exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do artigo 11 desta Lei,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda
ou redução, permanente ou temporária.

Acidente de trabalho no meio rural


O Acidente do Trabalho envolve uma grande discussão sem sombra de
duvidas, sobre ele estão várias marcas decorridas dos fatos que o envolvem, as
consequências não atingem somente os trabalhadores e os empregadores, os
efeitos tocam também o patrimônio público, o poder público é responsável por
assegurar o necessário para os acidentados. No meio rural essa perspectiva se
torna ainda mais dificultosa, pois a forma como muitas vezes esse trabalho é
realizado é precária, ocasionando um número exacerbado de acidentados.
Infelizmente algumas ações não são suficientes, muitos trabalhadores se
acidentam, e por desconhecerem a lei, ou por não serem agraciados pelos
benefícios, acabam se escondendo no “anonimato”, prejudicando a perspectiva
sobre a realidade dos fatos.
A prova do acidente laboral no meio rural sempre foi muito difícil, sobretudo
para os trabalhadores do campo, numa situação que era mais latente antes 31 de
março de 2007, pois, até então, os segurados da Previdência Social tinham muitas
dificuldades para provar que a incapacidade laboral fora produzida no ambiente do
trabalho, e que, portanto, se caracterizava como uma doença ocupacional ou um
acidente laboral típico. Tal fator, aliado à necessidade de apresentação da
Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT), nem sempre emitida pela empresa
responsável, culminava em uma subnotificação das doenças ocupacionais nocivas
ao indivíduo.
O acidente do trabalho pode ser definido em termos de prevenção ou o
conceito prevencionista e também em termos legais.
Na prevenção, o acidente de trabalho é definido por uma ocorrência indesejada
que altera o põe fim ao trabalho, isso resulta em perda de tempo, danos materiais,
danos físicos ou permanentes ou morte.
No segundo caso, no conceito de acidente rural, é “acidente do Trabalho Rural, a
serviço de empregador, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou
doença, e que cause a morte ou a perda ou a redução permanente ou temporária da
capacidade para o trabalho e que, embora não tenha sido causa única, contribua
diretamente para a morte ou perda ou redução da capacidade para o trabalho,
equiparando-se ao acidente a doença profissional inerente à atividade rural e
definida em portaria ministerial”.
A exploração agropecuária, em qualquer país do mundo, é uma atividade importante
quer pelo número de pessoas envolvidas, quer pelo capital investido, como também,
pelo valor que a mesma representa na economia de qualquer país.
O número de acidentes que ocorrem a cada ano na agricultura é desconhecido
totalmente, uma vez que os dados oficiais referem-se apenas ao contingente de
trabalhadores formais. Porém, sabe-se que esta exploração se situa, juntamente
com construção civil, indústria e transporte, entre as mais perigosas.
O acidente de trabalho além de representar um custo elevado em termos de
tratamento médico, indenizações, perdas de produção, danos às máquinas, atrasos
e outros, traz graves problemas ao acidentado e à sua família. No meio rural, para a
infelicidade de muitos, se concentra uma alta taxa de trabalhadores sem registro e,
portanto, desassistidos pelos órgãos de assistência social e saúde pública.
Ao se analisarem as medidas de prevenção de acidentes para o trabalho rural, deve-
se ter em mente que os princípios fundamentais de Segurança, Higiene e Medicina
do Trabalho, assim como a sua aplicação, são os mesmos que os recomendados
para os demais tipos de exploração econômica, ou geram a regulamentação oficial,
inspeção das condições de trabalho, normas técnicas e treinamento de
trabalhadores.
Entretanto, em virtude das condições em que se dá a exploração agrícola, nem
sempre o trabalho pode ser supervisionado diretamente, o que torna difícil a
coordenação e a vigilância de medidas prevencionista de segurança. Daí, a
importância que se deve dar à educação, ao treinamento e adequação visando à
prevenção de acidentes e às doenças no trabalho agrícola.
A exploração agrícola abrange um grande número de atividades variadas, que vão
desde a limpeza e preparo do solo para o plantio até às operações de manejo da
cultura, colheita, transporte, e armazenamento.
Veja, também, que, paralelo a todas essas atividades básicas, outras são realizadas
como: tratamentos de sementes e partes vegetativas, abertura de canais de
irrigação e drenagem, criação de animais, construção e manutenção de estradas,
cercas, estábulos, paiol e outros; controle de doenças e pragas, aplicação de
corretivos e adubos, operação de máquinas, eletrificação rural e as agroindústrias de
beneficiamento.
E, para a realização de todas essas atividades, é utilizado um grande numero de
ferramentas manuais, máquinas, implementos, veículos, produtos químicos,
substâncias inflamáveis etc. que, se não forem corretamente manejados, podem
causar inúmeros acidentes graves e comprometerem seriamente a saúde do
trabalhador.    

Comunicação de Acidente do Trabalho


Comunicar o acidente para que seja resguardado o direito dos empregados
públicos, os ocupantes de cargos comissionados sem vínculo efetivo e os
contratados temporariamente, ou seja, os segurados do Regime Geral de
Previdência Social – RGPS.
É possível perceber que faltam informações sobre números de acidentes no
exercício das atividades laborais, tendo em vista que grande parte das pessoas
desenvolve atividades sem vínculos formais de trabalho, sem carteira assinada ou
são proprietários do local, dificultando o registro dos acidentes ocorridos. Nesses
casos os acidentes não são computados, dentre outros possíveis fatores, pela falta
de interesse em fazê-lo ou por não perceberem a importância de informar tais
ocorrências.
Nas áreas rurais muitos trabalhadores desenvolvem suas atividades sem
carteira assinada ou por serrem proprietários da terra, sendo que muitas ocorrências
de acidentes de trabalho não são notificadas. Além disso, estudos abordando
trabalhadores rurais são menos frequentes que outras categorias de trabalhadores.
Tal realidade aponta para a falta de informações atuais. Investigações dessa
natureza são incipientes no meio científico, podendo também subsidiar a criação de
políticas públicas capazes de prevenir, reduzir e/ou eliminar acidentes.

Estatísticas de Acidentes de trabalho


No ano de 2007 fora criado o Nexo Técnico Epidemiológico – NTEP, cuja
principal função era desburocratizar a concessão desses benefícios previdenciários
decorrentes dos infortúnios laborais, contribuindo, assim, para o aclaramento das
estatísticas sobre estes acidentes.
Com base em dados gerados pelo INSS realizou-se um estudo após o
estabelecimento do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP), tendo
restado, com inteira evidência, o surgimento de diferenças significativas, em termos
de variações percentuais, entre o número de acidentes e o de doenças profissionais.
Nos anos subsequentes ao NTEP, observou-se um aumento gradativo no número
de acidentes de trabalho, no país, conforme revelam os dados da Previdência
Social, disponibilizados no o Anuário de Acidentes do Trabalho de 2009. Em 2006,
por exemplo, foram 512.232 casos registrados e, já em 2007, houve um aumento
nesse número, com um total de 653.090 ocorrências. No ano de 2008, os registros
somaram 747.663.
Classificação dos Acidentes
Típico
Acidentes desse tipo acontecem necessariamente durante o trabalho. São exemplos
de acidentes típicos quedas e choques.
De trajeto
São aqueles que ocorrem com o colaborador durante o trajeto de ida ou de volta,
independentemente da forma como ele está se locomovendo.
Atípico
Doenças ocupacionais e profissionais, como perda da audição por exposição a altos
níveis de ruídos, que são causadas pelas condições do ambiente de trabalho. Esse
trabalho pode estar sendo executado dentro ou fora da empresa.

Condições inseguras
São os defeitos, irregularidades técnicas, falta de dispositivos de segurança e as
condições do meio em que o trabalho é realizado, com riscos para a vida e a saúde
do trabalhador e para as condições operacionais dos equipamentos em uso.
Ferramentas manuais mal desenhadas e inadequadas; falta de dispositivos de
segurança e de proteção em máquinas e veículos agrícolas, como roldanas e
engrenagens, transmissões sem proteção; excesso de ruído e vibrações nos
veículos, máquinas e equipamentos agrícolas inadequados; pulverizadores com
vazamentos; falta de cabine ou chassi de segurança nos tratores agrícolas;
transporte de trabalhadores em veículos, que não reúnam condições mínimas de
segurança como a falta de bancos, sinalização e outros.

Ato inseguro
Trata-se do comportamento inseguro ou o excesso de confiança na maneira pela
qual o trabalhador se expõe ao executar uma tarefa. Especialistas chegam a afirmar
que esses comportamentos arriscados e impensados, ou confiantes demais,
representam 80% das causas de acidentes, daí a importância do treinamento
contínuo dos trabalhadores.

Equipamentos de Proteção Individual e coletiva.


Os Equipamentos de Proteção Individuais são ferramentas indispensáveis para o
trabalhador rural, pois o ajudam a evitar o contato com elementos tóxicos, como
fumaças e partículas suspensas de defensivos e outros produtos. Essa intoxicação
pode ocorrer por diversas vias:
 oral — contato do agrotóxico com a boca do operador;
 ocular — contato com os olhos;
 nasal — pela aspiração do produto pelas vias respiratórias;
 dérmica — contato do químico com a pele.

Assim, o EPI não é recomendado somente para o profissional que trabalha no


plantio, na colheita ou na pulverização: aqueles que atuam com o armazenamento e
o transporte desses fitossanitários também precisam se proteger.
A ANVISA classifica os níveis de toxicidade dos produtos por cores de faixas que
ficam nos rótulos e nas bulas:
 Classe I — vermelha: extremamente tóxico.
 Classe II — amarela: altamente tóxico.
 Classe III — azul: medianamente tóxico.
 Classe IV — verde: pouco tóxico.
No entanto, os EPIs não protegem o trabalhador somente contra produtos químicos.
Eles também podem reduzir as chances do trabalhador se cortar ou sofrer
perfurações. Afinal, ele manuseia ferramentas manuais cortantes, além de máquinas
e implementos agrícolas, e está propenso a sofrer acidentes de trabalho.
Vale lembrar outros riscos que o trabalhador rural está exposto que justificam os
EPIs:

 animais peçonhentos;
 agentes parasitários;
 exposição a radiações solares e outras intempéries por longos períodos;
 ruídos e vibração de tratores e outras máquinas agrícolas;
 partículas de grãos armazenados, pólen, ácaros, dejetos, células de fungos e
bactérias — elementos infecciosos e que podem desencadear processos
alérgicos.

Assim, o EPI vai garantir a integridade física e a saúde do trabalhador em suas


tarefas diárias.
No rótulo e na bula de cada agroquímico também há a indicação dos tipos de EPIs
necessários para uso. O kit de EPI rural pode ser composto por:
 touca árabe;
 viseira;
 camisa;
 avental;
 luvas;
 calças;
 bota;
 máscara.
Luvas nitrílicas ou de neoprene
Essas luvas protegem as mãos contra contaminações químicas.
Avental
Ele protege contra vazamentos e respingos.
Botas
Devem ser fabricadas em material de PVC, que é impermeável.
Vestimenta
Preferencialmente deve ser feita com tratamento hidro-repelente para oferecer
segurança e conforto térmico ao usuário.
O que dizem as normas e leis?
Todo EPI deve ter o CA — Certificado de Aprovação — emitido pelo Ministério do
Trabalho, que garante o cumprimento da NR 31 e atesta o nível de proteção de
segurança dos equipamentos. A NR 31 é uma norma regulamentadora do Ministério
do Trabalho para a saúde e segurança, e atribui responsabilidades ao empregador e
ao trabalhador rural.
Segundo a norma, é obrigação do empregador fornecer e manter o EPI limpo e
adequado ao trabalho, assim como instruir e exigir o seu uso, treinar, fiscalizar e
substituir os EPIs danificados ou vencidos. O não cumprimento de qualquer uma
dessas ações pode gerar problemas trabalhistas ao empregador. 
A NR 31 define as seguintes obrigações para o empregador rural:
 fornecer os EPIs e as vestimentas que sejam condizentes com os riscos a
que o trabalhador estará exposto, e que não apresentem desconforto térmico
prejudicial;
 garantir que os equipamentos de proteção individual e as vestimentas
estejam em perfeitas condições de uso e higienizadas;
 responsabilizar-se pela descontaminação dos EPIs no fim de cada jornada de
trabalho, garantindo a substituição, quando necessário;
 orientar os trabalhadores sobre o uso correto dos dispositivos;
 evitar que dispositivos de proteção ou vestimentas contaminadas sejam
transportados para fora do ambiente de trabalho;
 disponibilizar um local seguro, onde os trabalhadores possam guardar suas
roupas pessoais;
 prover toalhas, água e sabão para a higiene pessoal da equipe;
 evitar que qualquer EPI seja reutilizado sem a devida descontaminação;
 assegurar que nenhum trabalhador fará uso de roupas pessoais ao aplicar
defensivos na lavoura.
Para fiscalização, o empregador deve ter e guardar documentos que comprovem
suas obrigações relacionadas ao EPI. Alguns documentos que podem auxiliar são: 
 nota fiscal de aquisição;
 número do certificado de aprovação de registro do Ministério do Trabalho;
 comprovante de entrega do EPI assinado;
 advertência formal pelo não uso do EPI (se houver);
 certificado de treinamento de aplicação de agrotóxicos — que pode ser dado
por diferentes instituições, inclusive o SENAR.
Por outro lado, o trabalhador também tem responsabilidades quanto à sua própria
segurança. Cabe a ele:
 usar o EPI rural conforme as necessidades e orientações;
 cuidar bem do EPI;
 notificar o responsável sobre a necessidade de troca, seja por desgaste, seja
por defeito.
Caso não cumpra tais obrigações, o trabalhador pode ser demitido por justa causa.
Afinal, ele está colocando sua vida e sua saúde em risco.
Como fazer o uso correto dos equipamentos de proteção individual (EPI)
agrícolas?
O uso de EPIs exige treinamento, pois é necessário ter bastante cuidado,
principalmente na hora de retirar os equipamentos — uma vez que estarão
contaminados com produtos tóxicos.
Para vestir o equipamento, siga esta ordem:
 calças;
 jaleco;
 botas;
 avental;
 respirador;
 viseira facial;
 boné árabe;
 luvas.
Para retirar o equipamento, a sequência é esta:
 boné árabe;
 viseira facial;
 avental;
 jaleco;
 botas;
 calças;
 luvas;
 respirador.

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