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TCC Finalizado PDF
TCC Finalizado PDF
PINHAIS - PR
2017
ALESSANDRA MARA RODRIGUES
PINHAIS - PR
2017
TERMO DE APROVAÇÃO
Banca Examinadora
__________________________________________
Orientadora - Profa. Dra. Edna Torres Felício Câmara
__________________________________________
Prof.
__________________________________________
Prof.
The research has the purpose to place the results about the inclusion of people with
special needs in school and also to guarantee accessibility as a legal right. This theme
illustrate its importance considering the results of data from Census 2010, forty-five
thousand says that they have any kind of special need. Therefore, inclusion is a
contemporary subject and repeated discussions because of the challenges. Note that
the challenge is bigger because of the ignorance of people with special needs and also
society about the rights assured to them. The methodology used in this research was
bibliographic review and also analyses of the main laws. In conclusion after analisys
of aspects related for the people´s treatment with special needs, after to the
presentation of the development about the specific human rights of this group and after
the review from the constitution of 1988, international conventions, intraconstitutions
laws, moreover education and the guarantee of accessibility could not be actions of
charity value but are basic human rights and must be guaranteed by the government,
as the same force as the rights registered in the Magna Letter from 1988.
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 14
2 AÇÕES VOLTADAS ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA................................... 16
2.1 A PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL.................................................... 16
2.2 ONU E AS PESSOAS COM DEFICIENCIA....................................................... 20
2.3 PEDAGOGIA E INCLUSÃO.............................................................................. 22
2.4 A ATUAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS.................................................... 24
2.5 TERMINOLOGIA............................................................................................... 26
2.6 MODELOS DE TRATAMENTO......................................................................... 35
3 OS DIREITOS HUMANOS E AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA....................... 38
3.1 O DESENVOLVIMENTO DOS DIREITOS HUMANOS..................................... 39
3.2 OS DIREITOS HUMANOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA..................... 42
3.3 A CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA.... 46
3.4 A CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
E A EDUCAÇÃO..................................................................................................... 50
4 OS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL, A EDUCAÇÃO
INCLUSIVA E A ACESSIBILIDADE....................................................................... 54
4.1 A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL.................................................................. 56
4.2 A ASSISTÊNCIA SOCIAL NA CONSTITUIÇÂO FEDERAL DE 1988............... 59
4.3 A LEI 7.853/89 E O DIREITO À EDUCAÇÃO INCLUSIVA................................ 62
4.4 A ACESSIBILIDADE GARANTIDA PELA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA
EDUCAÇÃO............................................................................................................ 68
4.5 A LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
(ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA) LEI 13.146/15.............................. 76
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 80
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 84
ANEXO 1 – CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL,
1988........................................................................................................................ 91
ANEXO 2 – LEI 7853/89.......................................................................................... 92
ANEXO 3 – DECRETO 3298/99.............................................................................. 94
ANEXO 4 – LAS – LEI Nº8742/93........................................................................... 98
ANEXO 5 – CIF....................................................................................................... 101
ANEXO 6 – LDB...................................................................................................... 102
ANEXO 7 – DECRETO Nº 6949/2009..................................................................... 103
ANEXO 8 – LEI 10.098/2000................................................................................... 105
ANEXO 9 – LEI 13.146/2015................................................................................... 112
14
1 INTRODUÇÃO
[...] aqui no Brasil e em boa parte do mundo, na grande maioria dos casos,
tem sido uma verdadeira epopéia. Essa epopéia nunca deixou de ser uma
luta quase que fatalmente ignorada pela sociedade e pelos governos como
um todo - uma verdadeira saga melancólica-assim como o foi em todas as
culturas pelos muitos séculos da existência do homem. Ignorada, não por
desconhecimento acidental ou por falta de informações, mas por não se
desejar dela tomar conhecimento. (SILVA, 1987, p.11).
[...] pôde estudar um fêmur direito encontrado numa gruta do vale Petit-Morin
que havia sido fraturado em seu terço inferior, e que apresentava um forte
deslocamento. O fragmento inferior tinha sua ponta, na linha áspera e
quebrada, solidificada à extremidade baixa do pedaço superior do fêmur, mas
com grande desvio. Assim, o conjunto é envolvido numa calosidade óssea de
aproximadamente 20 cm de circunferência, daí resultando um considerável
encurtamento da coxa. Todas essas fraturas mesmo a do metatarso
chegavam a impedir o homem primitivo da participação em atividades de caça
ou de guerra praticamente durante meses. Viviam com seus membros
imobilizados - ou pelo menos não usados - sobrevivendo na dependência dos
demais. Eram, assim, transitórias, mas seriamente deficientes. (SILVA,
1987.p.18)1.
1Em relação aos cuidados prestados à pessoa com deficiência Sidney Madruga, (2016, p.34-36)
aponta que ao longo da história existiram diferentes modelos de tratamento conferidos às pessoas
com deficiência. “A doutrina por sua vez os divide em três: modelo de prescindência, o modelo médico
(ou reabilitador) e o modelo social”.
No modelo de prescindência os motivos que davam origem à deficiência teriam cunho religioso e “as
pessoas com deficiência são consideradas inúteis por não contribuírem com a vida na comunidade”.
Nesse modelo assim como ocorria na Idade Média às pessoas eram eliminadas ou excluídas.
O modelo médico/ reabilitador, surgiu ante os efeitos suportados pelos feridos em combate, com o
fim da Primeira Guerra Mundial. Considera a origem científica da deficiência, como um “problema”
que está nas limitações individuais da pessoa incapaz de enfrentar a sociedade. E o modelo social
que surgiu em meados de 1960, nesse modelo o problema não é entendido de maneira individual,
mas eminentemente social. O problema está na sociedade e não no indivíduo.
Os modelos de tratamento serão explanados no capítulo 2.2 para melhor compreensão dessa
evolução.
18
Nesse sentido Figueira (2008) citando Léry um missionário europeu que após
ser nomeado pastor em 1560, escreve suas experiências brasileiras, e entre elas esta:
“Viagem à Terra do Brasil” de 1578. Nessa obra Léry narrou à vida e os costumes dos
tupinambás, onde em certo trecho descreve:
Não são maiores nem mais gordos que os europeus; são, porém mais fortes,
mais robustos, mais entroncados, mais bem dispostos e menos sujeitos a
moléstias, havendo entre eles muito poucos coxos, disformes, aleijados ou
doentios. (FIGUEIRA, apud Léry 2008, p.24).
Embora sem muitos detalhes, essa afirmação denota que nem todas as tribos
praticavam a política de exclusão. Dessa maneira Figueira (2008) afirma que existiram
pessoas com deficiência já a essa época. Mas foi na metade do século XVI, que surge
a medicina jesuítica onde, os padres e irmãos da Companhia de Jesus2 foram os
médicos, enfermeiros e boticários3 dos povos daquela época.
Com a Companhia de Jesus, surgiram os primeiros hospitais das Irmandades
de Misericórdia, mas contavam com poucos recursos que não atendiam as
necessidades daquele período. Esses locais eram procurados pelos doentes, pobres,
mestiços e negros que buscavam socorro. Dessa forma transformando as enfermarias
da Companhia de Jesus em hospitais aos necessitados (FIGUEIRA, 2008).
Salienta Figueira (2008, p.30), que “embora não tendo registros oficiais da
época, pelas descrições das doenças, podemos presumir a existência de pessoas
com deficiências congênitas ou adquiridas, entre os assistidos pelos jesuítas”.
No que tange ao assistencialismo, que mais tarde se configura no modelo
médico de tratamento da pessoa com deficiência, as crianças provenientes das
relações entre os brancos, negros com as mulheres indígenas eram chamadas órfãs
da terra, e eram normalmente abandonadas por suas mães. Os índios acreditavam
que parentesco verdadeiro se dava apenas parte dos pais, e assim essas crianças
não fariam parte do seu povo, por não terem sido geradas por um homem da tribo.
(FIGUEIRA, 2008).
2 A Companhia de Jesus [...] era uma Sociedade missionária fundada em 1534, com o objetivo de
defender o catolicismo contra a Reforma Protestante na Europa [...] (FIGUEIRA, 2008, p.27).
3 Os boticários foram cristão-novos, de condição inferior e oriundos da Península Ibérica. Estabeleciam
boticas, contratavam auxiliares e trabalhavam na manipulação das drogas, obedecendo ao que era
determinado nas coleções manuscritas de receitas, enquanto que os boticários mais esclarecidos
manuseavam as obras de botânica e de matéria médica. (FIGUEIRA, 2008, p.29).
19
Foi neste cenário que, surge à ideia de tutela no Brasil, que mais tarde reflete
também no assistencialismo às pessoas com deficiência. (FIGUEIRA, 2008).
Sobre a deficiência causada pelo trabalho escravo Figueira (2008) ensina que
nessa época houve muitos casos, advindos de mutilações e castigos aplicados pelos
portugueses. Documentos oficiais da época comprovam que D. João V aprovava essa
punição. Esse número de deficientes só não foi maior devido à necessidade dos
escravos para a mão de obra.
Descrevendo o destino dos escravos mutilados e consequentemente
deficientes, Figueira (2008, p. 50) se reporta a obra de Delbret, que reproduziu
fielmente o cotidiano de nosso país: “várias pessoas cegas, eram utilizadas e
valorizadas como cantores de rua” ou simplesmente, abandonadas e ficavam em
busca de sobrevivência.
Ainda no Brasil Colônia surgiram os primeiros hospitais brasileiros e as Santas
Casas de Misericórdia para dar abrigo aos necessitados, marcando uma cultura
assistencialista, que mais tarde daria abrigo a deficiência associada à doença. Essa
cultura não teve modificações relevantes até meados do século XX. (FIGUEIRA,
2008).
20
Nesse aspecto foi somente em 1956 com o início da Revolução Industrial, que
Jânio Quadros, com o intuito de atender os operários acidentados, assina o Decreto
27.083/56. Criando na Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo, o
Instituto Nacional de Reabilitação, o (INAR), que foi extinto em 1968 com o final do
apoio de especialistas estrangeiros e de membros da ONU. (FIGUEIRA, 2008).
Já de acordo com Lanna Júnior (2010, p.28) “um dos primeiros centros de
reabilitação do Brasil foi a Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR),
fundada em 1954”. Foi idealizado pelo arquiteto Fernando Lemos, que tinha um filho
com sequelas de poliomielite.
Nesse mesmo pensamento o autor ressalta a importância da ABBR, pois foi
dela a iniciativa de criar a escola de reabilitação para formar fisioterapeutas e
terapeutas ocupacionais, ante a carência desses profissionais no Brasil. (LANNA
JÚNIOR, 2010).
E a partir de 1960 com os novos rumos da industrialização, o perfil dos
usuários dos centros de reabilitação teve uma mudança significativa:
Porém não foi o que ocorreu Lanna Júnior (2010), salienta que as pessoas
com deficiência, não participaram dessa Comissão Nacional do Ano Internacional das
Pessoas com Deficiência, motivo que gerou grande insatisfação por parte do
movimento.
Muitas foram às críticas nesse sentido. Como consequência, houve muitas
ações, no intuito de aproveitar a atenção midiática que o evento proporcionava. Dessa
forma foram criadas várias comissões de pessoas com deficiência visando despertar
à busca pelos direitos. (LANNA JÚNIOR, 2010).
A imprensa por sua vez demonstrando pouco conhecimento sobre o tema
generalizou o uso das expressões, empregando termos pejorativos como: “‘retardado
mental’, ‘paralítico’, e ‘deficiente físico’”. Tais atitudes despertaram campanhas contra
a forma pelas qual as pessoas com deficiência foram tratadas pela imprensa (LANNA
JÚNIOR, 2010, p 46).
Todavia o autor destaca um ponto positivo e importante para esse ano “Pode
se afirmar que o Ano Internacional da Pessoa com Deficiência, cumpriu o objetivo
desejado pela ONU”. No Brasil as pessoas com deficiência além de ganharem
destaque, suas reivindicações, por direitos e mobilizações foram notadas como nunca
antes tinha acontecido. (LANNA JÚNIOR, 2010, p.46).
E somente em 1990 que o serviço de reabilitação reaparece, com a assinatura
do Decreto 32.122 onde o Instituto de Ortopedia e Traumatologia, passa a chamar
Professor Francisco Elias Godoy Moreira. (FIGUEIRA, 2008).
23
Dessa forma Goffredo (1999) orienta que muitos foram os caminhos para uma
educação inclusiva, de qualidade e para todos os indivíduos. Em 1994, na cidade de
Salamanca, na Espanha aconteceu a Conferência Mundial sobre Necessidades
Educativas Especiais. Essa conferência tinha por objetivo:
Dessa forma, surge um dos mais importantes documentos que visa à inclusão
social, a Declaração de Salamanca, resolução das Nações Unidas, a qual o Brasil se
tornou signatário em 1994.
Cabe ressaltar que a Declaração de Salamanca, traz que todas as crianças
com necessidades educacionais especiais deveriam ter acesso à escola regular,
sendo acomodadas em uma pedagogia centrada na criança. Esse documento:
Figueira (2008, p. 140) ensina que hoje devido o grande número de pessoas
com deficiência no Brasil, “essa quantidade passou a ter um peso significativo na
sociedade”. Deixando de ser os coitadinhos para tornar-se um público ativo,
consumidor, produtivo, e sabedor de onde realmente quer chegar, exigente de bons
serviços.
Como consequência, cada vez mais o contexto social esta se voltando a
promover e adaptar a política da inclusão social para recebê-los.
O autor salienta que com o crescimento do Terceiro Setor, as famosas ONG
– Organizações Não- Governamentais, que surgiram significativamente na década de
noventa, voltadas a participação dos cidadãos em ações que visam interesse comum
em uma esfera de atuação pública, não estatal, formada a partir de iniciativas
voluntárias e sem fins lucrativos, houve uma grande participação das pessoas com
deficiência.
Fundadas, presididas e administradas por elas com velhos nomes dos
movimentos das três décadas passadas. As ONGs por sua vez significam “uma nova
expressão, um novo reduto para o movimento atual”, na continuação dos novos
desafios na defesa dos direitos das pessoas com deficiência. (FIGUERIA, 2008, p.
142).
As organizações representativas, das pessoas com deficiência, também
estimularam uma nova mudança: passando do campo assistencialista para um campo
26
mais inclusivo. Porém de início gerou certa apreensão em relação às famílias, pois
estas sentiram insegurança em relação ao medo de perder direitos já conquistados.
(SANTOS, 1999).
Sobre as mudanças ocorridas em função dos movimentos sociais Lanna
Júnior (2010, p. 108), comenta que do paradigma integração até a sociedade
inclusiva, “o movimento político das pessoas com deficiência, vem trabalhando
intensivamente para alcançar um novo patamar de dignidade humana”.
Desse modo explica o autor que o movimento político das pessoas com
deficiência ainda:
Destarte Lanna Júnior (2010), ressalta que os desafios que ainda deverão ser
enfrentados pelos movimentos são: a efetividade das leis e os sistemas de proteção
conquistados, de modo que se apliquem ao cotidiano das pessoas com deficiência. E
que os novos movimentos se fortaleçam, de modo a dar seguimento na disseminação
dos direitos adquiridos a fim de evitar as violações que possam ocorrer.
2.5 TERMINOLOGIA
Foi a partir da década de 70, que surge a busca por definições ou termos que
fossem mais precisos e objetivos, pois até então o que se tinha eram conceitos
evasivos, e definições que não davam conta da realidade total e concreta dessas
pessoas. O intuito era aprimorar os termos de modo que propiciasse uma imagem
positiva desses grupos.(RIBAS, 2003).
Pois até então, o que se tinha era uma imagem distorcida das pessoas com
deficiência, construídas com base em termos como “inválidos, insanos, ceguinhos ou
portadores de handicap”. Tais imagens e termos, entretanto foram sendo construídos
através da cultura de fatores históricos. (RIBAS, 2003, p.9).
Dessa forma (RIBAS, 2003, p. 10) com o objetivo de lançar mundialmente o
termo ‘pessoas deficientes’ “alguns órgãos da Organização das Nações Unidas se
manifestaram”. Surgindo em 1975a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes,
28
aprovada pela Assembleia Geral da ONU, que proclamou em seu artigo I, sobre o
termo “pessoas deficientes”, que se referiu:
[...] substituir anormalidade, seguindo um processo que tem como base uma
lógica de institucionalização e segregação das diferenças. Entretanto, se lida
com a deficiência como se ela fosse natural, estática, definitiva. Porém esse
é um fenômeno relacional, depende do contexto, de situação, da cultura em
questão, etc. A explicação sob o referencial organicista não dá conta dos
critérios de agrupamentos e não justifica e exclusão. Pode-se dizer que a
prática dessa área se caracteriza pela manutenção do conceito de
deficiência, reputada a causas biológicas, emocionais ou sociais. Mesmo
quando relativizada (considerando deficiência como construção), afirma a
existência de uma identidade deficiente. A preservação desse conceito, ao
mesmo tempo em que estigmatiza e marginaliza alguns grupos sociais,
obscurece os efeitos de poder nesses grupos. (LIPPO, 2009, p.51).
Assim Diniz (2012, p.20), explica que a deficiência passou a ser um conceito
político: “a expressão da desvantagem social sofrida pelas pessoas com diferentes
lesões”. Ainda segundo a autora, termos como:
29
Bevervanço (2001) explica que até meados do século XXI muitos profissionais
da área defendiam essa denominação pessoa com necessidades especial. Explica a
autora que tal conceito afasta a sociedade das deficiências e suas modalidades:
pessoa com necessidades especiais dificulta a difusão de informação, diante da
generalidade extrema.
Nesse mesmo pensamento Lippo (2009) salienta que alguns autores
discordam desse termo sintetizado pessoas com deficiência, por descaracterizar a
identificação dos movimentos sociais. Uma vez que esse termo torna-se ainda muito
mais abrangente. “Centra-se em um déficit, não na diferença ou particularidade e
tampouco na capacidade do indivíduo”. (LIPPO, 2009, p.53).
E como observa Figueiredo (1997) citado por Bevervanço (2001), em virtude
de tais fatos, a opção mais técnica e adequada ainda seria pessoa “portadora de
deficiência”. (FIGUEIREDO, 1997 apud BEVERVANÇO, 2001, p. 12).
Destarte Débora Diniz, descreve que é comum o termo deficiente, nos
seguidores das Upias (Liga dos Lesados Contra a Segregação)e na linha britânica,
por denotar a identidade na deficiência. (DINIZ, 2012, p. 21).
Segundo Oliver e Barnes, citado por Diniz (2012, p.21) explica sobre o que
sugere “a expressão pessoa com deficiência”:
Oliver citado por Débora Diniz por sua vez, considera que essa expressão
deficiente faz parte de uma visão liberal, e tratar-se de um modelo mais forte
politicamente;
Esta visão liberal e humanista vai de encontro à realidade tal como ela é
experimentada pelos deficientes, que sustentam ser a deficiência parte
essencial da constituição de suas identidades e não meramente um apêndice.
Nesse contexto, não faz sentido falar sobre pessoas e deficiência
separadamente. [...] “Deficiente” seria, portanto, um termo politicamente mais
forte que “pessoa com deficiência”, muito embora alguns autores utilizem
ambos de modo indiscriminado. (DINIZ, 2012.p.21-22).
A razão disso reside no fato de que a cada época são utilizadas palavras
cujos significados são compatíveis com os valores vigentes no período.
Percorramos, mesmo que superficialmente, a trajetória da terminologia
utilizada ao longo da história da atenção às pessoas com deficiência no
Brasil. (SASSAKI, p.10, 2009).
No começo da Os inválidos – “indivíduos Aquele que tinha deficiência era tido como
história, entre os sem valor” socialmente inútil, um peso morto para a
séculos. sociedade, um fardo para a família, alguém
sem valor profissional.
De 1981até +- 1987 Pessoas deficientes Foi atribuído o valor “pessoas” àqueles que
tinham deficiência, igualando-os em direitos e
dignidade à maioria dos membros de
qualquer sociedade ou país.
1990 até hoje. Pessoas especiais. Pessoas O adjetivo “especiais” permanece como uma
com deficiência simples palavra, sem agregar valor
diferenciado às pessoas com deficiência. O
O Termo “Pessoas com
“especial” não é qualificativo exclusivo das
deficiência” passa a ser o
pessoas que têm deficiência, pois ele se
termo preferido por um
aplica a qualquer pessoa. Os valores
número cada vez maior de
agregados às pessoas com deficiência são:
adeptos, boa parte dos quais
é constituída por pessoas 1) O do empoderamento [uso do poder
com deficiência que, no maior pessoal para fazer escolhas, tomar decisões
evento (“Encontrão”) das e assumir o controle da situação de cada um];
organizações de pessoas e
com deficiência, realizado no
2) O da responsabilidade de contribuir
Recife em 2000,
com seus talentos para mudar a sociedade
conclamaram o público a
rumo à inclusão de todas as pessoas, com ou
adotar este termo. Elas
sem deficiência.
esclareceram que não são
“portadoras de deficiência” e
que não querem ser
chamadas com tal nome.
Em maio de 2002 Portadores de direitos Não há valor a ser agregado com a adoção
especiais. deste termo, por motivos expostos na coluna
ao lado e nesta.
Desse modo Lippo destaca que “a mudança de nomenclatura por si só, não
transforma o sentido dados aos termos, há uma transformação cultural que tem de ser
consolidada”. (LIPPO, 2009, p.58).
Nas palavras de Sassaki (2009) sobre a terminologia da deficiência na era
da inclusão, concluiu que o assunto já está encerrado pautado na Convenção
Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com
Deficiência:
Nesse sentido Lopes (2014) aponta que deve haver na legislação brasileira
as atualizações pertinentes, e que outras terminologias devem ser abandonadas,
assim:
arts. 7° XXXI; 23 II; 24 XIV; 37 VIII; 203 IV e V; 227,§ 2°; 244 caput) e portadores de
deficiência” (arts. 40 §4°, I; 201, §1°; 227, § 1°, II, CF/88.)”. (MADRUGA, 2016, p.18).
A expressão adota da pela Convenção é atualmente usada nos diversos
setores da sociedade e órgãos governamentais, porém em alguns contextos jurídicos
é ainda negligenciada.
Portando não se usa mais o termo portadores de deficiência, uma vez que a
deficiência não se carrega não se porta não se leva consigo como se fosse algo ou
um objeto, que se possa retirar a qualquer tempo. “A deficiência é inerente à pessoa
que a possui”. (MADRUGA, 2016, p.19).
Dessa maneira, percebe-se que houve uma busca pelo termo mais adequado,
de modo a contribuir por afastar estigmas e atitudes discriminatórias daqueles que
sempre foram excluídos. (MADRUGA, 2016).
Por fim com de tudo que se expôs Araújo (2011, p. 22), com fundamento na
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, incorporada pelo Direito
Interno, ensina que a terminologia correta é “pessoa com deficiência”, expressão que
será utilizada no decorrer do trabalho.
Werneck (2004, p.1) sustenta que o modelo médico tem como enfoque os
tratamentos na área da saúde na qual a deficiência deve ser combatida. Nesse modelo
“a sociedade estaria isenta de qualquer responsabilidade por atos e processos de
discriminação”.
“Essa visão de “fora para dentro”, problematizada e relativizada, do indivíduo
como objeto de análise e intervenção clinica individual é denominado modelo médico”.
(MADRUGA, 2016, p.34).
O modelo social surge em meados dos anos 60 “no Reino Unido, por iniciativa
de pessoas com deficiências reunidas no chamado Social Disability Movement”. O
objetivo do movimento era mostrar que as dificuldades enfrentadas pelas pessoas
com deficiência era consequência “da forma pela qual a sociedade lida com as
limitações e as lesões físicas, intelectuais, sensoriais e múltiplas de cada indivíduo”.
(WERNECK, 2004, p.02).
Na década de 80 esse modelo foi essencial para o desenvolvimento da
doutrina. Nesse seguimento teve início à ação da ONU que proclamou 1981 como o
Ano Internacional dos Portadores de Deficiência, visando estimular a participação e
igualdade plena. (MADRUGA, 2016).
Nesse sentido o modelo social aponta a “inadequação da sociedade para
incluir a coletividade”. O problema não esta mais no indivíduo mais na sociedade. “É
o contexto social que gera a exclusão”. (MADRUGA, 2016, p.34).
Madruga (2016) afirma que atualmente as iniciativas estão pautadas no
modelo social, diferentemente do quevinha sendo antes em outros modelos. Hoje a
pessoa com deficiência é vista no enfoque dos direitos humanos, nesse aspecto é a
sociedade que deve se ajustar para receber a diversidade.
Diante desta realidade, Werneck (2004) orienta que o paradigma do modelo
social não pressupõe o abandono da reabilitação. Porém não se pode haver apenas
um aspecto. Deve-se:
Entretanto Madruga (2016) explica que apesar das pessoas com deficiência
apresentarem dificuldades decorrentes de seu estado físico. Deve-se ser fazer uma
abordagem equânime de modo a atender as diferentes necessidades dessas
pessoas.
Arrematando o pensamento inicial Madruga (2016) instrui que a deficiência, sob
o enfoque social, reconhece que o problema não está no indivíduo, mas no próprio
comportamento estigmatizado de todo corpo social.
Nesse sentido a sociedade deve unir esforços de maneira a incluir as pessoas
com deficiência, seja através das reabilitações, para uma melhor qualidade de vida,
nas mudanças comportamentais, e através das adaptações mobiliárias possibilitando
o acesso, visando a participação plena, com base em uma sociedade para todos.
38
De acordo com os autores Farias, Cunha e Pinto, (2016, p.19) “os direitos
humanos, segundo a classificação usualmente aceita, são divididos como da primeira,
segunda e terceira geração”.
Nesse sentido os direitos de primeira geração surgem com a transição do
feudalismo e a sociedade burguesa. Representam a luta da burguesia contra o poder
isolado dos estados absolutistas, e tinham como base o direito de liberdade, da livre
iniciativa econômica, direito de ir e vir, de uma mão de obra livre, entre outros.
O surgimento da segunda geração é definido por Farias, Cunha e Pinto,
(2016) somente a partir do século XIX com a Revolução Francesa. Cujos valores são
a liberdade, igualdade e fraternidade. Com uma nova concepção de direitos humanos,
de conteúdo de direitos sociais, econômicos e culturais.
Destacando os direitos à greve, à aposentadoria, à organização sindical, à
estabilidade no emprego, férias, serviços públicos básicos como a saúde e a
educação. São lutas que refletiram o momento histórico e que até hoje continuam
sendo travadas. (FARIAS; CUNHA; PINTO, 2016).
Ainda de acordo com os autores, surgem os direitos de terceira geração, com
o fim da segunda grande guerra, com as transformações das relações sociais e
humanas ampliando assim o conteúdo dos direitos humanos.
40
Por conseguinte Nogueira (2008, p.26) ensina que “os direitos humanos estão
presentes desde os tempos antigos, quando estes ainda eram conhecidos por ‘direitos
do homem’ e denominados por conceitos como direitos naturais, inalienáveis,
essenciais ou inerentes à pessoa”. Dessa forma o autor disserta que Filósofos gregos
e romanos:
41
Visto que os direitos humanos são direitos históricos, Bobbio ensina que estes
sofrem modificações ao longo do tempo. (BOBBIO, 2004).
Assim Oliveira (2016) ensina que expressões como, Direitos humanos:
Os direitos humanos por sua vez tem sido objeto de grandes discussões,
quando a sua efetividade. Nesse sentido “As preocupações com a defesa dos
princípios fundamentais extensivos a todos os homens estão expressas na
Declaração Universal dos Direitos do Homem”. (CARVALHO, 1999, p.18).
Para tanto Bobbio, deslinda sobre o tema, uma coisa é proclamar o direito e
outra é desfrutá-lo efetivamente:
[...] que não existem direitos fundamentais por natureza “o que parece,
fundamental numa época histórica e numa determinada civilização não é
fundamental em outras épocas e em outras culturas.” (BOBBIO, 2004, p.13).
44
Nesse viés, Comparato (2015, p.24)ressalta que somente após vinte e cinco
séculos, a abertura de uma Declaração Universal de direitos Humanos, que englobou
quase a totalidade dos povos da Terra, proclamou que “todos os homens nascem
livres e iguais em dignidade e direitos”.
Segundo Silva (2005) os artigos da Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, reconhecem os direitos fundamentais do homem, e proclama em seus
artigos, os direitos e garantias individuais, tais como a igualdade, dignidade, não
discriminação; direito a vida, à liberdade de locomoção, de pensamento, de
consciência assim como outros também importantes.
Ainda segundo o autor já citado a Declaração, careceu de eficácia por não ter
mecanismos para fazer valer o seu conteúdo e, em razão disso foram firmados vários
pactos e convenções internacionais, sob o patrocínio da ONU. (SILVA, 2005, p.165).
Já nas palavras de Norberto Bobbio, a Declaração Universal dos Direitos do
Homem começa afirmando que;
Os Estados Partes reafirmam que todo ser humano tem o inerente direito à
vida e tomarão todas as medidas necessárias para assegurar o efetivo
exercício desse direito pelas pessoas com deficiência, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas. (BRASIL, 2012a, p.36).
Assim Barroso (2015) ensina que o mínimo existencial social está na essência
dos direitos sociais e econômicos e encontram-se de fato como direitos fundamentais
e não como simples privilégio dependente do processo político.
Em termos da verdadeira dignidade humana, para que ela exista, os
indivíduos devem ser livres, iguais e capazes de exercer a cidadania e estando além
46
dos limites mínimos do bem-estar, caso contrário a autonomia se torna apenas uma
simples ilusão. (BARROSO, 2015).
Em relação os direitos humanos da pessoa com deficiência, é justo salientar
o importante papel exercido por esses direitos básicos, conferidos a todos os seres
humanos. No que tange aos direitos da pessoa com deficiência percebe-se que este
está intrinsecamente ligado a uma importante ferramenta em prol dos direitos
protetivos que asseguram uma sociedade mais justa e mais fraterna, no sentido da
inclusão dessas pessoas.
Desta maneira pautada no propósito da justiça social, é que se busca com
esse trabalho o verdadeiro significado dos direitos humanos, através da eliminação
de qualquer barreira que vise à exclusão.
Dessa forma a atenção aos grupos vulneráveis como o grupo das pessoas
com deficiência, vem buscar a eficácia dos direitos humanos de forma a fazê-los unos,
indivisíveis e interdependentes. (FONSECA, 2017).
Assim, existe uma tendência mundial em proteger os direitos das minorias e
dos grupos vulneráveis, nas palavras de Nishiyama (2016) os excluídos sociais, onde
se enquadram as pessoas com deficiência quando elas são excluídas socialmente
pela falta da acessibilidade.
Ao contrário do assistencialismo e da vitimização o que se busca é a
autonomia e a independência, e para isso se faz necessário uma sociedade acessível.
(NISHIYAMA, 2016).
A Cartilha do Censo de 2010 das Pessoas com Deficiência descreve que a
deficiência é um tema de direitos humanos, seguindo o princípio de que todos têm o
direito às condições necessárias para o desenvolvimento de seus talentos,
aspirações, sem que seja submetido a qualquer tipo de discriminação. (BRASIL,
2012b).
Ainda segundo a Cartilha do Censo de 2010, os princípios que regem o
enfoque da deficiência como direito humano são:
48
Essa política de inclusão esta pautada de acordo com Santos (2014, p.160)
no artigo 24 da Convenção que prevê que as pessoas com deficiência devem receber
o apoio necessário, no âmbito educacional, através de adaptações e medidas
individualizadas. Com o fim de “garantir plenas condições de acesso, permanência,
participação e aprendizagem em todas as modalidades de ensino, sem discriminação
e em igualdade de condições”.
Fundamentado ainda no Decreto n°7084/2010, que dispõe sobre os
programas de material didático in verbis;
Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo
menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será
obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como
a instrução superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada
no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do
fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades
fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a
amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará
as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. (UNIC/RIO,
2009, não p.).
sobre as diretrizes e bases da educação nacional, estampados nos Artigos 205 a 214.
(BRASIL, 2012b, p.15).
A Cartilha do Censo (BRASIL, 2012b, p.15-16) ressalta que dados de 2010,
apontaram uma taxa de alfabetização de 81,7% no segmento de pessoas com pelos
menos uma deficiência. Destacando que “as pessoas com deficiência apresentam
taxas de alfabetização menores do que a população total em todas as regiões
brasileiras”.
Conforme esses dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), 45,6 milhões de pessoas tem algum tipo de deficiência, o que corresponde a
23,9% da população, do período. No que tange a deficiência motora, a prevalência
fica em segundo lugar, incidindo em 7% da população, especificamente o equivalente
a 10 milhões. (BRASIL, 2012b, p.6-7).
De acordo com a Cartilha do Censo (BRASIL, 2012b, p.6) “os direito humanos
são assegurados a todos os brasileiros com deficiência e para esse grupo são
desenvolvidos programas e ações do Governo Federal e da Secretaria Nacional de
Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência”.
No que tange a deficiência por regiões brasileiras, dados apontaram que a
deficiência está ligada a condições de vida. Nessa especificação a região nordeste
teve a maior taxa de prevalência, constatando que a deficiência esta adstrita
apobreza. Nesse sentido essa região apresentou a menor taxa de alfabetização das
pessoas com pelo menos uma deficiência. (BRASIL, 2012b, p.8-24).
Ainda segundo o instituto (IBGE) a população projetada para o Brasil, em 2020
será de 212.077.375 habitantes, com um universo de 50,6 milhões de pessoas com
deficiência.(IBGE, 2013).
Sobre a relação da deficiência com a pobreza DEVANDAS, citado por VITAL,
(2008, p.24) alerta que “a deficiência é tanto causa como uma consequência da
pobreza; alguns cálculos indicam que uma a cada cinco pessoas pobres apresenta
uma deficiência”.
Convém neste ponto relembrar com Araújo (2011) que da mesma forma que
o direito à saúde, a educação é um direito de todos. Nesse sentido o artigo 205 da
Constituição Federal de 88, tipifica esse direito. Como sendo a educação:
56
Art. 5º (...) LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:a)
partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
membros ou associados. (BRASIL, 2016, p.21).
“De todos os direitos fundamentais a igualdade é aquele que mais tem subido
de importância no Direito Constitucional”. Sendo o direito “chave e guardião do Estado
social”. (BONAVIDES, 2004, p.376).
Por fim, MADRUGA (2016) ensina que é impossível falar dos direitos das
pessoas com deficiência, sem fazer relação com os direitos fundamentais. Visto que
estes são a prova para que às pessoas com deficiência, possam ter a igualdade de
oportunidades, é preciso ter um tratamento diferenciado, como garantias e direitos
específicos.
Não se tratando de direitos especiais, mas de leis específicas. Então “o cerne
fundamental das atuais disposições constitucionais consagradas às pessoas com
deficiência se vincula a garantir a sua dignidade como pessoa humana”. (MADRUGA,
2016, p.172).
Seguindo essa mesma linha de raciocínio Bublitz e Hendges (2011) concluem
que;
61
Dessa forma conclui Benjamin (1997, p.28), não haver “dúvida que o
Ministério Público é o tutor natural dos interesses das pessoas com deficiência.
Assim Mazzilli explica essa intervenção:
4A Organização dos Estados Americanos OEA - A Organização foi criada para alcançar nos Estados
membros, como estipula o Artigo 1º da Carta, “uma ordem de paz e de justiça, para promover sua
solidariedade, intensificar sua colaboração e defender sua soberania, sua integridade territorial e sua
independência”.
5O CONADE foi criado como órgão superior de deliberação coletiva com a atribuição principal de
Nesse viés, para fim de comparação dos dados, As Nações Unidas solicitaram
que o trabalho estatístico e metodológico obedecesse a padrões internacionais.
Adotando como ponto de partida conceitual a Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. (ANEXO 5).
Dessa forma o Censo do IBGE 2010 utilizou meios informatizados, e houve
uma maior preparação dos recenseadores, no que se refere às pesquisas das
pessoas com deficiência. (LANNA JUNIOR, 2010).
Desse modo de acordo com dados do IBGE 2010 apud Brasil (2012b), o Brasil
tem 45,6 milhões de pessoas com pelo menos um tipo de deficiência, conforme
apresentado na: (FIGURA 1).
Por fim, o Decreto nº 3.298, que regulamenta a Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre a
Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define a
educação especial como:
próprias para esse grupo, com tarefas adequadas e específicas. “Igualdade, direito à
educação, e ensino inclusivo são expressões que devem andar juntas. (ARAÚJO,
2011, p.57).
Nesse cenário Araújo (2011, p.57) expõe que ao proporcionar o ingresso do
aluno com deficiência nas classes regulares de ensino, está se “desenvolvendo o
espírito da solidariedade, uma comunicação mais rica e mais motivada
engrandecendo a todos, reflexo de uma postura democrática”.
Nesse aspecto a Lei da acessibilidade n° 10.098/2000 foi criada visando
garantir os direitos igualitários a fim de assegurar as pessoas com deficiência,
qualidade de vida adequada, possibilitando o acesso a todos os espaços. (SLOBOJA,
2014, p.13).
No que se refere especialmente aos ambientes escolares, o artigo 24 do
decreto 5296/2004 que regulamenta a Lei 10.098/00, dispõe sobre as normas de
acessibilidade que os estabelecimentos públicos ou privados deverão proporcionar às
pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida nesse sentido os estabelecimentos
de ensino:
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a
modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular
de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela
Lei nº 12.796, de 2013).
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola
regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos
alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino
regular. § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado,
tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
(BRASIL, 2012c, p.33).
[...] inclusão não é apenas para crianças com deficiência, efetivamente para
toda a comunidade, porque o ambiente escolar sofre um impacto no sentido
da cidadania, da diversidade e do aprendizado. (INCLUSÃO, 2005, p.5).
Ferreira Promotor de Justiça (2009, p.1), orienta que para garantir a educação
do aluno com deficiência, existe uma série de elementos que necessitam ser
adequados. E elenca um rol de fatores que precisam estar em harmonia para que de
fato haja a inclusão social. Como:
Ferreira, (2009) destaca ainda que para haver uma educação inclusiva,
requer um “sistema educacional inclusivo”. (FERREIRA, 2009, p.1).
Sobre as adaptações Ferreira (2009) explica que providências como ação civil
pública e o inquérito civil devem ser tomadas buscando o termo de ajustamento de
conduta, para que essas adaptações sejam de fato efetivadas.
Nesse viés o autor (FERREIRA, 2009, p.1) se posiciona sobre a justificativa
legal para a instauração do inquérito civil. Que se encontra pautada na:
Logo Mantoan (2003, p14) concorda que a educação inclusiva tem que ser
voltada para uma cidadania “global, plena, livre de preconceitos e que reconhece e
valoriza as diferenças.”
E sobre as contradições pautadas na Constituição Federal e na LDB, no que
se refere à integração e inclusão no fundamento das classes especiais de ensino
Mantoan (2008) se posiciona que a regra para contemplar as pessoas com deficiência,
deve acontecer dentro do ensino regular, não se justificando um ensino especial
apartado. (MANTOAN, 2003).
A autora já citada ainda ressalta a evolução das normas educacionais, entre
as controvérsias da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB de
1996) e a Constituição Federal de 1988. Razão pela qual a inclusão é relevante na
educação escolar, uma vez que deve ultrapassar os impasses da legislação.
(MANTOAN, 2003).
Dessa forma pode-se perceber que a Constituição Federal “admite que o
atendimento educacional especializado possa ser oferecido fora da rede regular de
ensino, em qualquer instituição”, de maneira apenas complementar, e não um
substitutivo, do ensino ministrado na rede regular para todos os alunos, porém “na
LDB (art. 58 e seguintes), consta que a substituição do ensino regular pelo ensino
especial é possível”. (MANTOAN, 2003, p.23).
Assim Mantoan (2003, p.24), traz que posteriormente a LDB surge uma nova
legislação que revogou as disposições contrárias a ela. “Trata-se da Convenção
Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as
Pessoas Portadoras de Deficiência, celebrada na Guatemala, em maio de 1999”, a
qual o Brasil é signatário.
E esse novo documento segundo Mantoan (2003) fica claro a impossibilidade
de diferenciação com base na deficiência. E define a discriminação:
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De tudo verifica-se que, apesar do Brasil ser o quinto país mais inclusivo em
legislação, ainda existe muita falta de informação sobre os direitos fundamentais da
pessoa com deficiência, dificultando a aplicação da legislação.
Por outro lado se fazem necessárias políticas públicas voltadas a esse público
com o intuito de afirmar as legislações e divulgar informações como as relevantes
modificações no sistema de ensino – com ações conjuntas de acessibilidade
removendo as barreiras arquitetônicas, bem como na capacitação dos profissionais
da educação de modo a atender o princípio da igualdade assegurando uma educação
isonômica.
Em suma, para haver uma sociedade de fato inclusiva, fraterna e igualitária,
se faz necessário ir além da legislação, é preciso que as pessoas com deficiência
tenham conhecimentos delas, e, igualmente importante da boa vontade e dedicação
de todos os cidadãos. Assim a proteção desses direitos necessita de políticas públicas
eficientes, para que de fato se tornem efetivas.
Conclui-se que a remoção das barreiras estruturais e atitudinais impostas às
pessoas com deficiência é um direito fundamental que necessita ser concretizado.
Ressalta-se que a elaboração deste trabalho de conclusão de curso constituiu
em uma excelente oportunidade para conhecer e refletir sobre os direitos das pessoas
com deficiência, especialmente ao expor o fundamento de que a inclusão não se trata
de uma benesse ou caridade, mas de um direito com fundamento no arcabouço
jurídico nacional e internacional.
Os direitos humanos têm como principal característica a universalidade,
portanto, a inclusão e a consequente acessibilidade é direito de todas as pessoas com
deficiência.
Em suma hoje é praticamente impossível falar dos direitos das pessoas com
deficiência sem fazer uma relação com os direitos fundamentais.
A presente pesquisa pretende contribuir com as pessoas com deficiência
(inclusive ao filho desta pesquisadora) e com suas famílias que precisam conhecer os
seus direitos para lutar por sua efetivação.
84
REFERÊNCIAS
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Comentada.Brasília: CONADE, 2008, p.24-25.
I - Na área da educação
a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade
educativa que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1° e 2° graus, a
supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e
exigências de diplomação próprios;
b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, privadas e
públicas;
c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimentos públicos
de ensino;
d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial a nível pré-escolar
e escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por
prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de deficiência;
e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais
educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo;
f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e
particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no
sistema regular de ensino;
Art. 5º O Ministério Público intervirá obrigatoriamente nas ações públicas, coletivas ou
individuais, em que se discutam interesses relacionados à deficiência das pessoas.
Art. 6º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou
requisitar, de qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou particular, certidões,
informações, exame ou perícias, no prazo que assinalar, não inferior a 10 (dez) dias
úteis.
§ 1º Esgotadas as diligências, caso se convença o órgão do Ministério Público da
inexistência de elementos para a propositura de ação civil, promoverá
fundamentadamente o arquivamento do inquérito civil, ou das peças informativas.
Neste caso, deverá remeter a reexame os autos ou as respectivas peças, em 3 (três)
dias, ao Conselho Superior do Ministério Público, que os examinará, deliberando a
respeito, conforme dispuser seu Regimento.
93
§ 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário
com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da
assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. (Redação dada
pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 5o A condição de acolhimento em instituições de longa permanência não prejudica
o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício de prestação continuada.
(Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 6o A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de
incapacidade, composta por avaliação médica e avaliação social realizadas por
médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS). (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 6º A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de
impedimento de que trata o § 2o, composta por avaliação médica e avaliação social
realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de
Seguro Social - INSS. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)
§ 7o Na hipótese de não existirem serviços no município de residência do beneficiário,
fica assegurado, na forma prevista em regulamento, o seu encaminhamento ao
município mais próximo que contar com tal estrutura. (Incluído pela Lei nº 9.720, de
1998)
§ 8o A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo
requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos
previstos no regulamento para o deferimento do pedido.(Incluído pela Lei nº 9.720, de
1998)
§ 9º A remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz não será
considerada para fins do cálculo a que se refere o § 3o deste artigo. (Inclído pela Lei
nº 12.470, de 2011)
§ 9o Os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado e de aprendizagem não
serão computados para os fins de cálculo da renda familiar per capita a que se refere
o § 3o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
§ 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo,
aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. (Inclído pela Lei nº
12.470, de 2011)
§ 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste artigo, poderão ser
utilizados outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo
100
ANEXO 5 – CIF
ANEXO 6 – LDB
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para
a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração
para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;
III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para
atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados
para a integração desses educandos nas classes comuns.
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm> acesso em 07/05/2017.
103
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida,
mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no
mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e
de comunicação.
Art. 2o Para os fins desta Lei são estabelecidas as seguintes definições:
I – acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança
e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos
transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de
deficiência ou com mobilidade reduzida;
II – barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a
liberdade de movimento e a circulação com segurança das pessoas, classificadas em:
a) barreiras arquitetônicas urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos espaços
de uso público;
b) barreiras arquitetônicas na edificação: as existentes no interior dos edifícios
públicos e privados;
c) barreiras arquitetônicas nos transportes: as existentes nos meios de transportes;
d) barreiras nas comunicações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou
impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos meios
ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa;
III – pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida: a que temporária
ou permanentemente tem limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de
utilizá-lo;
IV – elemento da urbanização: qualquer componente das obras de urbanização, tais
como os referentes a pavimentação, saneamento, encanamentos para esgotos,
distribuição de energia elétrica, iluminação pública, abastecimento e distribuição de
água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento urbanístico;
V – mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas vias e espaços públicos,
superpostos ou adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação, de forma
que sua modificação ou traslado não provoque alterações substanciais nestes
elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, cabines
106
Art. 3o O planejamento e a urbanização das vias públicas, dos parques e dos demais
espaços de uso público deverão ser concebidos e executados de forma a torná-los
acessíveis para todas as pessoas, inclusive para aquelas com deficiência ou com
mobilidade reduzida. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Parágrafo único. O passeio público, elemento obrigatório de urbanização e parte da
via pública, normalmente segregado e em nível diferente, destina-se somente à
circulação de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário urbano e de
vegetação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 4o As vias públicas, os parques e os demais espaços de uso público existentes,
assim como as respectivas instalações de serviços e mobiliários urbanos deverão ser
adaptados, obedecendo-se ordem de prioridade que vise à maior eficiência das
modificações, no sentido de promover mais ampla acessibilidade às pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Parágrafo único. Os parques de diversões, públicos e privados, devem adaptar, no
mínimo, 5% (cinco por cento) de cada brinquedo e equipamento e identificá-lo para
possibilitar sua utilização por pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida,
tanto quanto tecnicamente possível. (Incluído pela Lei nº 11.982, de 2009)
Art. 5o O projeto e o traçado dos elementos de urbanização públicos e privados de uso
comunitário, nestes compreendidos os itinerários e as passagens de pedestres, os
percursos de entrada e de saída de veículos, as escadas e rampas, deverão observar
os parâmetros estabelecidos pelas normas técnicas de acessibilidade da Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
Art. 6o Os banheiros de uso público existentes ou a construir em parques, praças,
jardins e espaços livres públicos deverão ser acessíveis e dispor, pelo menos, de um
sanitário e um lavatório que atendam às especificações das normas técnicas da
ABNT.
Art. 7o Em todas as áreas de estacionamento de veículos, localizadas em vias ou em
espaços públicos, deverão ser reservadas vagas próximas dos acessos de circulação
de pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que transportem pessoas
portadoras de deficiência com dificuldade de locomoção.
Parágrafo único. As vagas a que se refere o caput deste artigo deverão ser em número
equivalente a dois por cento do total, garantida, no mínimo, uma vaga, devidamente
sinalizada e com as especificações técnicas de desenho e traçado de acordo com as
normas técnicas vigentes.
109
CAPÍTULO III
DO DESENHO E DA LOCALIZAÇÃO DO MOBILIÁRIO URBANO
Art. 8o Os sinais de tráfego, semáforos, postes de iluminação ou quaisquer outros
elementos verticais de sinalização que devam ser instalados em itinerário ou espaço
de acesso para pedestres deverão ser dispostos de forma a não dificultar ou impedir
a circulação, e de modo que possam ser utilizados com a máxima comodidade.
Art. 10. Os elementos do mobiliário urbano deverão ser projetados e instalados em
locais que permitam sejam eles utilizados pelas pessoas portadoras de deficiência ou
com mobilidade reduzida.
Art. 10-A. A instalação de qualquer mobiliário urbano em área de circulação comum
para pedestre que ofereça risco de acidente à pessoa com deficiência deverá ser
indicada mediante sinalização tátil de alerta no piso, de acordo com as normas
técnicas pertinentes. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
CAPÍTULO IV
DA ACESSIBILIDADE NOS EDIFÍCIOS PÚBLICOS OU DE USO COLETIVO
Art. 11. A construção, ampliação ou reforma de edifícios públicos ou privados
destinados ao uso coletivo deverão ser executadas de modo que sejam ou se tornem
acessíveis às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Parágrafo único. Para os fins do disposto neste artigo, na construção, ampliação ou
reforma de edifícios públicos ou privados destinados ao uso coletivo deverão ser
observados, pelo menos, os seguintes requisitos de acessibilidade:
I – nas áreas externas ou internas da edificação, destinadas a garagem e a
estacionamento de uso público, deverão ser reservadas vagas próximas dos acessos
de circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que transportem
pessoas portadoras de deficiência com dificuldade de locomoção permanente;
II – pelo menos um dos acessos ao interior da edificação deverá estar livre de barreiras
arquitetônicas e de obstáculos que impeçam ou dificultem a acessibilidade de pessoa
portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;
III – pelo menos um dos itinerários que comuniquem horizontal e verticalmente todas
as dependências e serviços do edifício, entre si e com o exterior, deverá cumprir os
requisitos de acessibilidade de que trata esta Lei; e
IV – os edifícios deverão dispor, pelo menos, de um banheiro acessível, distribuindo-
se seus equipamentos e acessórios de maneira que possam ser utilizados por pessoa
portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.
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