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Estudo da germinação de Arrojadoa marylanae: uma nova espécie de

cactácea endêmica do Sudoeste da Bahia.


Marylan Coëlho de Oliveira1; Anderson Brito da Silva1,2.
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FACCEBA, Pós Grad Cursos e Eventos, Vitória da Conquista - BA. FTC, Vitória da Conquista - BA.
E-mail: brito_genetica@yahoo.com.br.
RESUMO
A cactácea Arrojadoa marylanae (Soares Filho & Machado) é uma nova espécie
endêmica da Serra Escura, município de Tanhaçú, Bahia. Utilizada pelas comunidades
tradicionais como ornamental, na fitoterapia por suas propriedades medicinais, sendo
ainda empregada na alimentação animal e humana como alternativa em períodos de
estiagem prolongada. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do nível de embebição
sobre a germinação de sementes de A. marylanae. As sementes foram submetidas a
cinco tratamentos, com cindo repetições, sendo as sementes embebidas por 0, 12, 24, 48
e 72 horas. Portanto, o Tratamento 2, no qual a sementes foram embebidas por 12 horas,
apresentou efeito positivo sobre a média de sementes germinadas e percentual de
germinação, superior ao observado em condições naturais, podendo ser recomendado
para aumentar a eficiência de propagação desta cactácea endêmica da Bahia.
Palavras-chave: Arrojadoa marylanae, sementes, propriedades medicinais.
ABSTRACT - Study of the germination of Arrojadoa marylanae: a new species of
endemic cactus of the southwest of Bahia.
The cactus Arrojadoa marylanae (Soares Filho & Machado) is a new endemic species of
the Serra Escura, city of Tanhaçú, Bahia. Used by the traditional communities as
ornamental, in the fitoterapia for its medicinal properties, in the animal and human feeding
as alternative in drought period. The objective of this work was analyze the effect of the
hydration level under the germination of seeds of A. marylanae. The seeds were submitted
to five treatments, wiht five repetitions, being the seeds soaked by 0, 12, 24, 48 and 72
hours. Therefore, the Treatment 2, in which the seeds were soaked by 12 hours,
presented positive effect under the average of germinated seeds and percentile of
germination, superior to the observed in natural conditions, could be recommended to
increase the efficiency of propagation of this endemic cactus of Bahia.
Keywords: Arrojadoa marylanae, seeds, medicinal properties.
INTRODUÇÃO
A cactácea Arrojadoa marylanae (Soares Filho & Machado) é uma nova espécie
caracterizada por seu caule robusto, ereto e indiviso provido de cefálios anelares
lenhosos, pelo elevado número de costelas, pelas aréolas providas de espinhos flexíveis,
pelas flores tubulares pequenas com segmentos do perianto pouco espessos, delicados e
patentes, e pelos frutos obovóides pequenos com polpa funicular translúcida e aquosa
(SOARES FILHO e MACHADO, 2003).
É uma espécie endêmica da Serra Escura, estado da Bahia, utilizada pelas comunidades
tradicionais como ornamental de rara beleza, na medicina natural por suas propriedades
cicatrizantes e adstringentes, sendo ainda empregada na alimentação animal e humana
como alternativa em períodos de estiagem prolongada pelo sertanejo (SOARES FILHO e
MACHADO, 2003).
Embora seja reconhecida a utilidade da A. marylanae como planta medicinal, ornamental
e suculenta comestível, não foram encontrados na literatura científica disponível estudos
sobre a germinação de sementes desta nova espécie de cactácea endêmica,
provavelmente ameaçada de extinção, como foi constatado para outras espécies do
mesmo gênero como A. bahiensis e A. diane (BRASIL, 2007).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do nível de embebição sobre a germinação de
sementes de Arrojadoa marylanae.
MATERIAL E MÉTODOS
O material biológico foi obtido de coletas realizadas na Serra Escura localizada no
município de Tanhaçú, Bahia. O experimento foi realizado no Laboratório de Genética da
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus de Vitória da Conquista.
No experimento foi avaliada a influência do nível de embebição das sementes de A.
marylanae sobre a germinação, sendo que as mesmas foram submetidas a cinco
tratamentos, sendo as sementes embebidas por 0, 12, 24, 48 e 72 horas. Após os
tratamentos, as mesmas foram colocadas para germinar em placas de Petri descartáveis
de 90 mm de diâmetro forradas com papel filtro qualitativo umedecido com água
deionizada. Cada placa recebeu 10 sementes, sob fotoperíodo 14 horas de luminosidade,
monitorado diariamente quanto à temperatura de condução. O substrato foi umedecido
durante o período de duração do teste com água deionizada sempre que necessário
(BRASIL, 1992; FERREIRA e BORGHETTI, 2004).
A parcela experimental constituiu-se na placa contendo 10 sementes, perfazendo cinco
tratamentos com cinco repetições em delineamento inteiramente casualizado (DIC).
Foram avaliados os parâmetros percentagem de germinação (%G), média de sementes
germinadas e velocidade de germinação (VG) (BRASIL, 1992; FERREIRA e
BORGHETTI, 2004).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O percentual de germinação do experimento foi de 37,6%, tendo sido conduzido à
temperatura média de 22,375 ºC. Os resultados do experimento referentes ao percentual
de germinação e média de sementes germinadas 21 dias após a semeadura revelam que
os tratamentos 2, 3 e 5 apresentaram maior percentual de germinação sendo,
respectivamente, 46%, 42% e 40%, com destaque para o Tratamento 2, que apresentou
maior média, como demonstrado pelo teste Student-Newman-Keuls a 5 % de
probabilidade. Não houve diferença estatística significativa entre as médias de velocidade
de germinação dos tratamentos pela metodologia estatística de Kruskal-Wallis a 5% de
probabilidade.
Portanto, o Tratamento 2, no qual a sementes foram embebidas por 12 horas, apresentou
efeito positivo sobre a média de sementes germinadas e percentual de germinação,
superior ao observado em condições naturais, podendo ser recomendado para aumentar
a eficiência de propagação desta cactácea endêmica da Bahia.
LITERATURA CITADA
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes.
SNDA/DNDV/CLAV, Brasília, 1992. 365p.
FERREIRA, A. G.; BORGHETTI, F. (org.). Germinação: do básico ao aplicado. Porto
Alegre: Artmed, 2004. 323 p.
SOARES FILHO, A.; MACHADO, M. Arrojadoa marylanae - a new Arrojadoa species from
the state of Bahia, Brazil. British Cactus & Succulent Journal, v. 21, n. 3, set. 2003.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora
Brasileira. In: <http://www.mma.gov.br>. Consultado em: 08 de mar. de 2007.

Tabela 1 - Médias da germinação de sementes de Arrojadoa marylanae (Soares Filho &


Machado) submetidas a diferentes níveis de hidratação, avaliadas 21 dias após a
semeadura, Vitória da Conquista, Bahia, 2007.
Tratamento Média Germinação (%) VG
Tratamento 02 23,0 46,0 % a 15,8261 dias
Tratamento 03 21,0 42,0 % ab 15,4762 dias
Tratamento 05 20,0 40,0 % bc 15,8000 dias
Tratamento 01 16,0 32,0 % c 15,3125 dias
Tratamento 04 14,0 28,0 % c 16,1428 dias
Percentagem de germinação (%G), velocidade de germinação (VG). Médias seguidas de
mesma letra não diferem entre si ao nível de 5 % de probabilidade pelo teste Student-
Newman-Keuls.

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