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A crise na ética

TIAGO CORDEIRO / SEQUENCIAL DE REDES – 4ºS.

PUCPR / Curitiba / Brasil

E-mail: tiago.cordeiro@consult.com.br

Abstract: Dentro da análise realizada sobre o de sanções tanto políticas como principalmente
referido tema, subentende-se que a ética esta em sociais, tem feito uma dupla de extremo poder, a
constante declínio, caracterizando uma inversão de ética entrou em declínio, na falta dos valores
valores de tal modo que a superficialidade e o antigos, e a necessidade de valores novos, estamos
vazio têm tomado conta de todos. à mercê do sistema.

Palavras Chaves: Ética, crise, vazio, poder e Niilismo segundo Nietzsche


descontentamento.
Nietzsche parte do século XIX, onde a cultura
Introdução ocidental estava fraca e a sociedade sedenta por
novos valores, pois os antigos valores, conceitos e
Dois grandes filósofos, Nietzche e Deleuze, limites encontravam-se vazios, sem sentido e
discursam em suas obras sobre o mesmo tema, a banalizados, juntamente com a própria vida, uma
crise constante na ética em sociedade. Dentro de crise estava se aproximando.
uma constatação realizada pelos filósofos, naquela O filósofo tinha como característica, a
época (Nietzche 1844 a 1900 e Deleuze 1925 a consideração, muito relevante, do vazio humano, e
1995), ambos entendiam a decadência da ética nas constatava que somos seres pensantes e
relações sociais. questionadores, para obtermos uma relação com o
Vivemos hoje em uma sociedade que a todo o mundo em que vivemos, a partir desse
momento torna-se mais dependente do consumo, desligamento com os valores, o colapso em
do poder, da massificação dos rostos, da questão, foi denominado a crise da ética.
manipulação social abstrata, que de fato, já era Nunca houve a elaboração de um livro, baseado
algo previsto pelos filósofos, o que nos remete hoje no niilismo, porém o conceito varias vezes foi
ao sentido patético e frágil humano. citado na obras de Nietzsche, porém sua citação
Como a procura pelo bem estar e prazer mais clara foi em 1988, onde explicitou o
pessoal, inaladas juntamente com a manipulação esvaziamento da vida e dos valores.Subentendido
massificada que a sociedade nos impõe, sob pena como a falta de agregação de valores a vida, o

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niilismo é basicamente caracterizado pelo fim da A ética Deleuzeana
satisfação do ser humano com sua vida e seus
valores. Gilles Deleuze, a partir de maio de 1968 passou
Nesse sentido o homem sente-se perdido, sem a exercer grande influência na filosifia, e também
saída, sem rumo, sem horizonte, perdendo toda a política, cinema e psicanálise, tecia seus
compreensão de sua existência, em uma imensidão pensamentos sobre a arte de formar, criar
de perguntas em respostas, sem ter para onde ir, conceitos.
sem saber o que pensar, entrando em colapso, Suas reflexões sobre o estatuto da ética, exibiam
baseado em seu vazio de existência, perdido em grande valor, entendia claramente que a filisofia
seu próprio mundo, em seu próprio autocontrole, precisa lançar luz a sociedade, impondo seus
entendendo que ninguém pode ajudá-lo nessa pensamentos, sempre em busca de resistência.O
situação, sem respostas para todos os seus por pensamento, segundo Deleuze, era tido como uma
quês. forma de violentar forças externas, abstratas, para
Dentro desse parâmetro de entendimento, na o confronto com nossas próprias ilusões, nos
falta de qualquer valor agregado a sua vida e a sua tirando da zona de conforto.
existência, a vida não fazendo sentido, tanto para si Em seu livro, escrito junto com Guattari, Mil
quanto para os outros, o vazio acaba no impelindo Platôs, Deleuze descreve que a mídia vinha
a matar, tiranizar, etc. Nietzsche, em seu livro A exercendo um papel essencial na fabricação de
gaia ciência, em um capítulo chamado “O homem espaços, completamente reacionários,
louco”, sendo um dos textos mais famosos na massacrantes e contrapunha com a necessidade da
história filosofia, onde sua retratação nos mostra filosofia fazer algo para enfrentar esse confronto
claramente a angústia do vazio sofrido pelo tão próximo e certamente brusco.
homem, sem meta e sem algum horizonte para Mil Platôs é um livro, com características
seguir, todas as bases da cultura perdendo seu diferentes, um livro ilustrado, inconstante, não
valor. capturável e principalmente nômade; é um livro
Em “O homem louco” é retratado com que oferece altos riscos, violentando cada
veemência a situação caótica em que a sociedade pensamento, na tentativa de invenção de novas
(indivíduos) como um todo se encontrava e se possibilidades que resistam a rostidade (são varios
encontraria nos dias de hoje, um diálogo onde o elementos que constituem aos poucos cada
homem certa manhã fora a praça do mercado, com indivíduo).
uma lanterna, gritando ao perguntar: “Procuro Deleuze desenvolveu o platô “Ano zero -
Deus! Para onde foi Deus? Nós o matamos!”, com Rostidade”, baseado na integração da
isso Nietzsche quis demonstrar a que ponto a personalidade do individuo, onde o que acontece é
cultura chegou, ao ponto de apagar horizontes, tirar a introdução do indivíduo em um rosto, e não a
as metas, instalar no vazio em cada um. criação de um rosto indivual, ele afirma a
existência de uma máquina abstrata que nos

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impulsiona, que ao mesmo tempo nos liberta e nos afirmação Deleuze nos apresenta que a maquina
mantém presos. abstrata (no capitalismo, as corporações) nos
Essa maquina abstrata, nada mais é que o domina, pois cada indivíduo deve possuir um
sistema, que circula o poder e quer nos manter rosto, não um rosto individual e sim rosto
dentro dos eixos,e por ser justamente abstrata, massificado, para que se encaixe na sociedade.
torna-se de extrema potência e muita perigosa, Claro que para chegarmos nessa concepção que
Deleuze, na tentativa de alertar, tenta nos impelir a somos dominados pelo sistemas, é preciso muito
pensar e a intervir na possibilidade de desapego e entendimento, pois cada um de nós
manipulação,não permitindo a permanência desta entende erroneamente que todos somos diferentes
manipualção, controlando os desejos, que é onde a no ponto de vista da sociedade, sendo que após
maquina abstrata nos controla, e ainda afirma que esse clareamento no pensamento não é dificil a
resistir nada mais é que tornar-se impercepitcvel. percepção de que a queda da ética deve-se a busca
incansável ao poder; todo o indivíduo está sendo
A crise da ética maninupaldo pelo fator econômico, sendo esse
fator mais importante do que qualquer outro, a
No histórico de cada filósofo, compreendemos economia sendo responsável diretamente por todo
até que ponto a crise na ética tem chego; naquele julgamento de valor e desvafazendo também até
tempo (nas publicações) eles, como outros, ja mesmo a política, a religião, sem contar é claro a
previam a queda dos valores sociais e pessoais, a ética.Depois, de todo esse emaranhado de idéias,
falta de moralidade e principalmente o vazio em que nos força a rever conceitos e se auto analisar,
que a sociedade se encontrraria, logicamente que entendemos que a crise da ética chegou a um
essa percepção de ambos veio a partir dos sinais ponto, que precisamos urgente rever valores,
que ja vinham acontecendo na época. buscar antigos limites, e principalmente como
Ambos, entendem, de formas diferentes, porém afirma Deleuze, precisamos nos trair, claro traição
de certa forma semelhantes, que a falta de valores, no sentido de criar, de nos isentar de nossos rostos,
a quebra da moral , influenciou de toda forma, a tornarmo-nos desconhecidos, trair principalmente
crise que vem se apresentando.A busca insessante ao território e a nós mesmos. Em consonância
por poder, bem estar e a insatisfação pessoal tem com os dois filósofos, é necessário o desapego
levado a sociedade a decadência, logicamente ao território, a sociedade, nos isentando da
como Deleuze afirma a maquina abstrata só é
insatisfação que o sistema nos tem imposto
alimentada por nossa insatisfação.
como forma de vida (Niilismo), tirando sobre
Nietzsche denuncia a morte de Deus e a partir
nós os rótulos que a sociedade nos impõe para
dessa denuncia entendemos que a sociedade foi
sermos aceitos, adquirir e resistir a
tomada pela violência, pois conforme sua
massificação de personalidades, trair a nós
afirmação, Deus foi morto, por morte violenta e
que todos somos assassinos de Deus, e nos mesmos para a reivenção de um território
tornamos então indignos da fé cristã. Patindo dessa antes codfificado, sendo o homem uma obra de

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obra, que sempre precisa da reinvenção
(Rostidade).

Referências:

• Artigos Professor Jorge (Eureka)


• www.artigos.com
• www.sel.eesc.usp.br

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