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Alimentos funcionais

1.Introdução

Alimentos funcionais são alimentos ou ingredientes que produzem efeitos metabólicos e/ou
efeitos benéficos á saúde, além de suas funções nutricionais básicas.
Os alimentos funcionais se caracterizam por oferecer vários benefícios á saúde, além de
valor nutritivo inerente á sua composição química, podendo desenvolver um papel potencialmente
benéfico na redução do risco de doenças crônicas degenerativas.
Historicamente, a utilização de certos alimentos na redução do risco de doenças é
considerada a milhares de anos. Hipócrates há cerca de 2500 anos atrás já pregava isso em umas das
suas célebres frases que dizia algo do tipo:”Faça do alimento o seu medicamento.”
Atualmente, o interesse científico sobre determinados alimentos ou hábitos alimentares que
podem prevenir, causar ou tratar muitas doenças, é intenso. As pesquisas se intensificaram e o
conceito de alimento funcional tornou-se mais conhecido do público leigo e também de
pesquisadores, que até então não estavam envolvidos com estudos nessa área.
O Japão foi o pioneiro na produção e comercialização de alimentos funcionais, conhecidos
como FOSHU “Foods for Specified Health Use”, os funcionais japoneses sustentam um selo de
aprovação do Ministério da Saúde e Bem Estar.
A FDA (Food and Drug Administration) regula os alimentos funcionais baseada no uso que
se pretende dar ao produto, na descrição presente nos rótulos ou ingredientes do produto.
No Brasil, em abril de 1999, foi criada a portaria no 933 da Secretaria de Vigilância Sanitária
do Ministério da Saúde, que regulamenta o alimento funcional como um alimento ou ingrediente
que, além das funções nutricionais básicas, como parte da dieta usual, produz efeitos metabólicos
e/ou fisiológicos e/ou efeitos benéficos á saúde.
Cada alimento contém centenas de substâncias que são valiosas para fornecer energia ou
nutrientes essenciais. As evidências epidemiológicas, associadas ás pesquisas bioquímicas e
clínicas, indicam que nos alimentos existem substâncias químicas que podem ter ação biológicas,
fundamentais para a promoção de saúde.
Essas substâncias “não-nutrientes”, presentes nos alimentos, atuando na prevenção e cura de
doenças. Possuem ingredientes ativos” ou compostos bioativos” (fitoquímicos) que conferem a
esses alimentos propriedades biológicas importantes que beneficiam nossa saúde.Esses compostos
são: oligossacarídeos, polissacarídeos, ácidos graxos, fitoesteróis, componentes do leite,
carotenóides que podem ser subdivididos em fibras alimentares,betaglucano, queratina, licopeno,
sinoesterol, ácidos graxos Ômega-3 e imunoglobulinas.
Baseando-se na presença dos fitoquímicos, os alimentos funcionais são classificados em três
grupos principais:imunomodulatória, antioxidantes e ricos em ácidos graxos poliinsaturados
Ômega-3 e ômega-6.
De maneira geral, os alimentos funcionais funcionais são usados como protetores da saúde e
podem estar associados à diminuição dos riscos de algumas doenças crônicas.

2. Desenvolvimento

Alimentos com propriedades imunonomodulatórias são alimentos que melhoram a


imunidade celular contra diferentes antígenos (corpos estranhos, microorganismos e células
doentes). Estão presentes nos alimentos vegetais(betaglucanos), hortaliças, frutas,chás (compostos
fenólicos), trigo(lipossacarídeos) e em peixes.
As fibras solúveis, como betaglucanos, presentes nos cereais integrais como aveia, cevada,
farelo de trigo, etc e as leguminosas como soja, feijão, ervilha,etc, formam géis em contato com a
água, aumentando a viscosidade dos alimentos parcialmente digeridos no estômago diminuindo a
absorção de ácidos biliares e têm atividades hipocolesterolêmicos, e também reduz o nível de
glicose no sangue(glicemia).As fibras insolúveis permanecem intactas através de todo o trato
gastrointestinal e não se dissolvem em líquidos e estão presentes no farelo de arroz, farelo de trigo,
pães integrais e verduras.As principais funções são provocar o aumento do bolofecal, diminuir o
tempo e trânsito intestinal e absorção de glicose.O consumo de fibras traz ao nosso organismo e
pela própria proteção contra várias enfermidades como diabetes mellitus, obesidade, câncer,
doenças cardiovasculares e gastrintestinais.As fibras insolúveis estão presentes na abóbora,
abobrinha. Acelga, agrião cozido, alho-porró, amêndoa, aspargos, azeitona, banana d´água, bertalha,
brócolis, caju, carambola, castanha, chicória cozida, cogumelo, couve-flor, espinafre, goiaba,
jatobá, jiló , morango, palmito, pimentão, quiabo, tomate e vagem.
Os flavonóides englobam uma classe importante de pigmentos naturais encontrados com
freqüência na natureza, unicamente em vegetais. Os verdadeiros flavonóides são as antocianinas
(pigmentos azul-púrpura). As autoxantinas (amarelas), as catequinas e as leucociantinas que são
incolores (taninos) e funcionam como sequestradores de radicais e algumas vezes como quelantes
de metais agindo tanto na etapa de iniciação como na propagação do processo oxidativo. Essas
substâncias tem atividade anti-câncer, vasodilatadora, antiinflamatória e antioxidantes e estão
presentes na soja, frutas cítricas, tomate, pimentão, alcachofra e cereja; os taninos na maçã, sorgo,
manjericão, manjerona, sálvia, uva, caju, soja, etc,e as catequina no chá verde, cerejas, amoras,
framboesas, mirtilo, uva roxa, vinho tinto;
Uma subclasse dos flavonóides são as isoflavonas, as quais tem sido um componente da
dieta de certas populações durante muitos séculos. A isoflavona apresenta estrutura e atividade
semelhante ao estrógeno humano e são conhecidas como estrógenos, podendo proteger o organismo
contra doenças do coração e possivelmente contra câncer de mama pela ação de estrógenos
bloqueadores.São encontradas em legumes, principalmente em grãos de soja.
Os alimentos antioxidantes protegem o organismo contra a oxidação provocada pelos
radicais livres. A oxidação nos sistemas biológicos ocorre devido à ação dos radicais livres no
organismo. Estas moléculas são um elétron isolado , livre pra se ligar a qualquer outro elétron,e por
isso são extremamente reativas.As lesões causadas pelos radicais livres nas células podem ser
prevenidas ou reduzidas por meio da atividade de antioxiadantes, sendo estes encontrados em
muitos alimentos.Os antioxidantes podem agir diretamente na neutralização da ação dos radicais
livres ou participar indiretamente de sistemas enzimáticos com essa função.Dentre os antioxidantes
estão a vitamina C, a vitamina E e os carotenóides.
Os carotenóides estão presentes em alimentos com pigmentação amarela,laranja ou
vermelha (tomate, abóbora, pimentão, laranja).Seus principais representantes são os carotenos,
precursores da vitamina A e o licopeno.
Os carotenóides, precursores da vitamina A, parecem apresentar ação protetora, sendo que
os possíveis mecanismos de proteção são por intermédio do sequestro de radicais livres, modulaçao
do metabolismo do carcinoma e inibição da proliferação celular, aumento da diferenciação celular
via retinóides, estimulação da comunicação entre as células e aumento da resposta imune. O
betacaroteno é um potente antioxidante com ação protetora contra doenças cardiovasculares. A
oxidação do LDL é fator crucial para desenvolvimento da aterosclerose e o betacaroteno atua
inibindo o processo da oxidação da lipoproteína.
Tomate, melancia, goiaba, pêssego, salsinha, cenoura, brócolis, couve, pepino, abóbora,
inhame, berinjela, pimenta, hortelã, frutas cítricas, são exemplos de alimentos que contem licopeno;
vegetais folhosos verde escuros(couve, mostarda, brócolis, espinafre), pimentão, batata-doce,
cenoura, damasco, abóbora, mamão são alimentos fonte de betacaroteno.
A vitamina E é a principal vitamina antioxidante transportada na corrente sanguínea pela
fase lipídica das partículas lipoproteicas. A ingestão de vitamina E em quantidade acima das
recomendações recorrentes para reduzir o risco de doenças cardiovasculares, melhorar a condição
imune e modular condições degenerativas importantes associadas com envelhecimento. A vitamina
E encontra-se em grande quantidade nos lipídeos, e evidencias recentes sugerem que essa vitamina
impede ou minimiza os danos provocados pelos radicais livres associados com doenças específicas,
incluindo o câncer, artrite, catarata e o envelhecimento. As principais fontes de vitamina E são:
amêndoas, castanhas, avelãs, gérmen de trigo, espinafre cozido, damasco seco, azeite de oliva,
farinha de trigo integral, batata doce cozida sem casca, abacate, ervilha com vagem e alho.
A vitamina C “ácido ascórbico”, é consumida em grandes doses pelos seres humanos, sendo
adicionada a muitos produtos nitrosos carcinogênicos. Os estudos epidemiológicos também
atribuem a essa vitamina possível papel de proteção no desenvolvimento de tumores humanos. Os
alimentos fontes de vitamina C são: acerola, caju, suco de laranja fresco, pimentão vermelho e cru,
morango, kiwi, couve-flor, melão, tangerina e manga.
Os alimentos ricos em ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 e ômega-6 fazem parte das
membranas celulares e o equilíbrio da ingesta do ômega-3 e ômega-6 podem prevenir doenças
como cardiopatias, triglicerídio alto e hipertensão. São encontrados em peixes de água fria (salmão,
atum, sardinha, bacalhau, arenque, truta), óleos vegetais (milho, açafrão, soja, girassol, canola),
nozes, amêndoas, castanhas. Estudos epidemiológicos tem mostrado que a ingestão de peixes
regularmente na dieta tem efeito favorável sobre os níveis de triglicerídeos, pressão sanguínea,
mecanismos de coagulação e ritmo cardíaco, na prevenção de câncer(mama, próstata e cólon), e
redução da incidência de arterosclerose.
Os ácidos graxos saturados induzem a hipercolesterolemia enquanto que os ácidos graxos
poliinsaturados apresentam efeito de redução da hipercolesterolemia. No estudo realizado por
Kurushima, os efeitos da adição do colesterol e ácidos graxos na dieta de cobaias hamsters foram
avaliados, onde os animais foram alimentados por quatro semanas com dietas padrão de colesterol e
ácido oléico ou palmítico. A adição 0.1% de colesterol à dieta padrão aumentou os níveis
plasmáticos de colesterol total VLDL e LDL. A adição de 5% de ácido palmítico à dieta com 0.1%
de colesterol aumentou ainda mais os níveis plasmáticos de colesterol total de LDL enquanto que
com a adição de 5% de ácido oléico com 0.1% de colesterol houve diminuição dos níveis de
colesterol total VLDL e LDL. Foi atribuída que a ação do ácido oléico deve-se ao aumento da
atividade do receptor hepático da LDL, enquanto o ácido palmítico apresentou efeito inverso.
O ácido linolênico presente no óleo de girassol pertencente ao grupo dos ácidos ômega-6
desempenham importante papel fisiológico: participando da estrutura de membranas celulares,
influenciando a viscosidade sanguínea, permeabilidade dos vasos, ação antiagregadora, pressão
arterial, reação inflamatória e funções plaquetárias. Estudos mostram os efeitos causados pela
substituição de gordura por gordura monoinsaturada na dieta, com a redução dos níveis de
colesterol total e de LDL sem alterar significativamente os níveis de HDL.

CONCLUSÃO

Como vimos, uma alimentação equilibrada é a base da saúde de todos os seres humanos.
Utilizando os alimentos certos nas quantidades corretas pode se prevenir muitas doenças que
acometem a população brasileira nos dias de hoje como: diabetes, hipertensão arterial, doenças
cardiovasculares, obesidade, depressão, entre outras.
De acordo com as inúmeras pesquisas realizadas nos últimos anos, os alimentos funcionais
promovem o bem estar físico e mental, e isso já foi constatado a mais de dois mil anos por
Hipócrates que escreveu: “Cada uma das substâncias da dieta de um homem age sobre seu corpo
mudando-o de alguma forma. E toda sua vida depende dessas mudanças, esteja ele saudável, doente
ou convalescendo”.
Referências:

Stürmer, Joselaine. Comida:Um Santo Remédio. 4 .ed. Petrópolis:Vozes, 2002


Reis, Nelzir Trindade. Nutrição clínica:Sistema Digestório.Rio de Janeiro:Rubio.2003
Moraes, Fernanda P. ,Colla ,Luciane M. Alimentos Funcionais e Nutracêuticos:Definições,
Legislação e Benefícios á Saúde.Revista Eletrônica de Farmácia Vol 3(2), 109-122,
2006.Disponível em:<www.revistas.ufg.br/index.php/REF/article/.../2082 >Acesso em 18 março .
2010
Alimentos Funcionais .Nutri Jr. Jornal Eletrônico, Florianopólis,p. 3 _7, junho/2008
Dutra de Oliveira JE,Marchinni JS. Ciências Nutricionais.São Paulo: Sarvier: 1998
Universidade de Uberaba

Nutrição Clínica III


Propriedades Terapêuticas dos Alimentos

Fernanda Cristina de Souza

Uberaba-2010

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