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Superior Tribunal de Justiça

Secretaria de Auditoria Interna

MANUAL DE ORIENTAÇÃO

pesquisa de
preços
Edição 2021

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Coordenadoria de Auditoria de
Aquisições e Contratações
Sumário
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3
1.1. Fundamentação Legal da Pesquisa de Preços .................................. 4
1.2. Função da Pesquisa de Preços ............................................................ 5
1.3. Consequências para a Administração da ausência da Pesquisa de
Preços................................................................................................................ 7
1.4. Fontes para Pesquisa de Preços .......................................................... 8
1.5. Avaliação da Pesquisa de Preços ...................................................... 11
2. PRINCIPAIS ERROS NA REALIZAÇÃO DA PESQUISA DE
PREÇOS ......................................................................................................... 12
3. PRINCIPAIS DÚVIDAS SOBRE A PESQUISA DE PREÇOS ........... 14
4. PRINCIPAIS PASSOS PARA UMA PESQUISA DE PREÇOS
EFICIENTE ..................................................................................................... 45
5. NORMAS E PUBLICAÇÕES CONSULTADAS .................................. 49

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1. Introdução

A inexistência de norma regulamentadora que defina os


procedimentos necessários para a realização de pesquisa de preços no
âmbito do Poder Judiciário, aliada à pluralidade de entendimento quanto
à forma de sua efetivação torna complexa a atividade de pesquisar preços
nas contratações promovidas pelo referido poder.
A pesquisa de preços tornou-se um obstáculo a ser superado na
condução dos certames licitatórios públicos, exigindo um vasto
conhecimento da jurisprudência atual sobre a matéria, de forma a
possibilitar o aperfeiçoamento das rotinas até então estabelecidas.
Dessa forma, faz-se necessário compreender os objetivos, o passo-
a-passo e as dificuldades inerentes a tal procedimento, desprender-se de
alguns dogmas estabelecidos sobre sua realização, além de atentar para
o mercado e para a jurisprudência dominante, no sentido de melhor
proceder à concretização da pesquisa de preços.
Assim, com objetivo de possibilitar o desenvolvimento de
mecanismos que confiram maior efetividade à realização de pesquisa de
preços e orientar a administração do Superior Tribunal de Justiça quanto
à jurisprudência atual sobre o assunto, esta Secretaria de Auditoria Interna
– AUD, com a colaboração de sua Coordenadoria de Auditoria de
Aquisições e Contratações - CAUC, em 2017, atualizou o presente
documento orientativo, editado em sua primeira versão em
dezembro/2014 e, mais uma vez, apresenta esta última versão.
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1.1. Fundamentação Legal da Pesquisa de Preços

A Lei n. 8.666/93 faz remissões à estimativa de custos como baliza


procedimental necessária nas licitações públicas. O inciso II do parágrafo
2º do artigo 40 da referida lei determina a necessidade de elaboração do
orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários
como anexo do edital. Já o § 3º do artigo 44 da mesma lei, ao tratar sobre
o julgamento das propostas, ressalvada a exceção ali constante, não
admite “a apresentação de preços global ou unitários simbólicos, irrisórios
ou de valor zero, incompatíveis com os preços dos insumos e salários de
mercado”. Assim, é necessário que o órgão licitante realize estimativa
orçamentária prévia que permita verificar se os preços propostos são
realizáveis, exequíveis ou compatíveis com os preços dos insumos e
salários praticados pelo mercado.
Ainda a mesma lei, em seu art. 15, dispõe que as compras, extensivo
às contratações de serviços e obras, deverão balizar-se pelos preços
praticados no âmbito dos órgãos e entidades da Administração Pública.
O Decreto Federal 7.892/2013, alterado pelo Decreto 8.250/2014,
que regulamenta o Sistema de Registro de Preços no âmbito do Poder
Executivo, determina no inciso IV do artigo 5º que cabe ao órgão
gerenciador a realização de pesquisa de mercado para identificação do
valor estimado da licitação e consolidação dos dados das pesquisas
realizadas pelos órgãos e entidades participantes.
O referido decreto especifica, no inciso XI do art. 9º, a necessidade
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de realização periódica de tal pesquisa para comprovação da
vantajosidade da contratação.
No âmbito do Poder Executivo, foi editada a Instrução Normativa
SLTI/ME n. 73/2020, que tem por objeto normatizar os procedimentos
administrativos para a realização de pesquisa de preços para aquisição de
bens e contratação de serviços em geral.

1.2. Função da Pesquisa de Preços

A pesquisa de preços consiste em procedimento prévio e


indispensável para a verificação de existência de recursos suficientes para
assumir as obrigações financeiras decorrentes de contratação pública.
Serve de base para comparar e examinar as propostas recebidas no
procedimento licitatório, além de indicar o preço estimado do bem ou
serviço que a Administração está disposta a contratar, devendo constar
no edital o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global.
Mediante a pesquisa de preços se obtém a estimativa de custos que
se apresenta como de fundamental importância nos procedimentos de
contratação da Administração Pública, funcionando como instrumento
de baliza aos valores oferecidos nos certames licitatórios e àqueles
executados nas respectivas contratações. Assim, sua principal função é
garantir que o Poder Público identifique o valor real do bem ou do
produto para uma pretensa contratação, de forma que o preço a se pagar
seja justo e esteja compatível com os valores praticados pela
Administração Pública.
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Dentre as diversas funções da pesquisa de preços, destacam-se as
seguintes:
I. Informar a todos interessados o preço estimado e justo que a
Administração está disposta a contratar;
II. delimitar e prover os recursos orçamentários necessários à
licitação;
III. auxiliar na identificação do enquadramento da modalidade
licitatória;
IV. fundamentar a justificativa de preços na contratação direta;
V. identificar sobrepreço em itens de planilhas de custos;
VI. identificar jogos de planilhas;
VII. conferir maior segurança na análise da exequibilidade da
proposta ou de itens da proposta;
VIII. impedir a contratação acima do preço praticado no mercado;
IX. servir de parâmetro objetivo para julgamento das ofertas
apresentadas;
X. garantir a seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração;
XI. auxiliar o gestor a identificar a necessidade de negociação
com os fornecedores, sobre os preços registrados em ata, em
virtude da exigência de pesquisa periódica;
XII. servir de parâmetro nas renovações contratuais;
XIII. subsidiar decisão do pregoeiro para desclassificar as
propostas apresentadas que não estejam em conformidade

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com os requisitos estabelecidos no edital;
XIV. auxiliar à identificação de vantagem econômica na adesão à
uma ata de registro de preços;
XV. auxiliar na definição dos critérios de recebimento do objeto a
ser contratado;
XVI. identificar a obrigatoriedade de aplicação de margem de
preferência de bens ou produtos, quando o valor influenciar
a mesma;
XVII. prevenir aplicação de sanções aos agentes públicos por parte
dos órgãos de controle.

1.3. Consequências para a Administração da


ausência da Pesquisa de Preços

O Tribunal de Contas da União, na decisão proferida no Acórdão n.


769/2013 – Plenário, estabeleceu que a ausência da pesquisa de preço e
da estimativa da demanda pode implicar contratação de serviço com
valor superior aos praticados pelo mercado, desrespeitando o princípio da
economicidade, além de frustrar o caráter competitivo do certame, na
medida em que a falta dessas informações prejudica a transparência e
dificulta a formulação das propostas pelos licitantes.
Noutra oportunidade, a mencionada Corte de Contas esclareceu
que a ausência de pesquisa que represente adequadamente os preços de
mercado, além de constituir afronta ao Regulamento de Licitações e

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Contratações e à jurisprudência do Tribunal de Contas, pode render
ensejo à contratação de serviços ou aquisição de bens por preços
superiores aos praticados pelo mercado, ferindo, assim, o princípio da
economicidade, conforme entendimento constante do Acórdão TCU n.
1.785/2013 – Plenário.
Percebe-se, assim, que a inexistência de uma pesquisa de preços
eficiente impossibilita à Administração Pública atingir os objetivos
definidos pela Lei de Licitações e Contratos e os elencados no item
anterior, principalmente aqueles relacionados à seleção da proposta mais
vantajosa.

1.4. Fontes para Pesquisa de Preços

A Instrução Normativa SEGES/ME n. 73/2020, que dispõe sobre os


procedimentos administrativos básicos para a realização de pesquisa de
preços para a aquisição de bens e contratação de serviços no âmbito do
Poder Executivo, especifica que a pesquisa será realizada mediante a
utilização de um dos seguintes parâmetros:
I. Painel de Preços disponível no endereço eletrônico
https://paineldeprecos.planejamento.gov.br/, que as cotações se
refiram a aquisições ou contratações firmadas no período de até 1
(um) ano anterior à data de divulgação do instrumento
convocatório;
II. aquisições e contratações similares de outros entes públicos,
firmadas no período de até 1 (um) ano anterior à data de
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divulgação do instrumento convocatório;
III. dados de pesquisa publicada em mídia especializada, de sítios
eletrônicos especializados ou de domínio amplo, desde que
atualizados no momento da pesquisa e compreendidos no
intervalo de até 6 (seis) meses de antecedência da data de
divulgação do instrumento convocatório, contendo a data e hora
de acesso; ou
IV. pesquisa direta com fornecedores, mediante solicitação formal de
cotação, desde que os orçamentos considerados estejam
compreendidos no intervalo de até 6 (seis) meses de antecedência
da data de divulgação do instrumento convocatório.
O normativo em questão determina que os parâmetros previstos
nos incisos do artigo 5º poderão ser utilizados de forma combinada e
concomitante ou não entre si, devendo ser priorizados, para efeito de
estimativa, aqueles previstos nos incisos I e II (conforme disposto acima)
que representa os preços praticados na Administração Pública, seja por
meio de contratos firmados com órgãos públicos ou de atos
homologados no portal de compras.
Nesse mesmo sentido, o Tribunal de Contas da União – TCU, em sua
competência constitucional de interpretar e orientar as atividades da
Administração, por meio do Acórdão n. 1.445/2015 – Plenário, já havia se
manifestado acerca da correta forma de instrução dos autos, em relação à
estimativa de preços.

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O Acórdão em questão recomendou ao órgão auditado que, ao
realizar a pesquisa de preços, utilizasse mais de um parâmetro como fonte
de pesquisa de preços, priorizando aqueles praticados na Administração
Pública, por meio de contratos firmados por outros órgãos ou dos atos
registrados no portal, à época, denominado Comprasnet.
Além disso, complementou que a pesquisa publicada em mídia
especializada, sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo” e
“pesquisa com os fornecedores” devem ser adotadas como prática
subsidiária, suplementar.
Assim, esta unidade de auditoria se alinha ao entendimento do
Tribunal de Contas da União – TCU e do atual Ministério da Economia
quanto à necessidade de promover a necessária pesquisa de preços que
represente, o mais fielmente possível, os preços praticados pelo mercado,
devendo levar em conta diversas origens, como, por exemplo, Portal de
Compras Governamentais, contratações similares do próprio órgão, do
Sistema S e de outros entes públicos, incluindo, em especial, os valores
registrados no Sistema de Preços Praticados do Siasg e nas atas de registro
de preços da Administração Pública Federal, em detrimento de pesquisas
com fornecedores, publicadas em mídias especializadas ou em sítios
eletrônicos especializados ou de domínio amplo, cuja adoção deve ser
tida como prática subsidiária e suplementar (Acórdão TCU 6.237/2016 –
Primeira Câmara).

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1.5. Avaliação da Pesquisa de Preços

É indispensável que a Administração avalie, de forma crítica, a


pesquisa de preço obtida junto ao mercado, em especial quando houver

grande variação entre os valores apresentados. Esse foi o entendimento


proferido pelo TCU nos Acórdãos 403/2013 – Primeira Câmara e
1.108/2007 – Plenário, nos quais se reforça a necessidade de examinar os
valores obtidos na pesquisa de preços sem se destituir de juízo crítico.
No sentido em questão, a Instrução Normativa SEGES/ME n.
73/2020, em seu parágrafo 3º do artigo 6º estabelece que “os preços
coletados devem ser analisados de forma crítica, em especial, quando
houver grande variação entre os valores apresentados”.
Assim, para obtenção do resultado da pesquisa, não deverão ser
considerados os preços excessivamente elevados e os inexequíveis,
conforme critérios fundamentados e descritos no processo
administrativo.
Os critérios e parâmetros a serem analisados devem ser os próprios
preços encontrados na pesquisa, a partir de ordenação numérica na qual
se busque excluir aquelas que mais se destoam dos demais preços
pesquisados.

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2. Principais erros na realização da
Pesquisa de Preços

I. não utilizar como fonte principal de pesquisa os preços praticados


na Administração Pública, seja nos contratos celebrados ou no
sistema comprasgovernamentais;
II. utilizar preços de fornecedores quando existem preços válidos e
suficientes praticados na Administração Pública;
III. inexistência de comprovação da pesquisa de contratações
similares de outros entes públicos;
IV. pesquisa de preço realizada exclusivamente na internet, em sítios
eletrônicos especializados e fornecedores sem a devida
justificativa quanto à impossibilidade de obtenção de preços
junto à Administração Pública;
V. inexistência de análise crítica dos valores orçados de forma a
desconsiderar aqueles que apresentem grande variação em
relação aos demais;
VI. exclusão de valores exequíveis sem a devida justificativa;
VII. exclusão de proposta na estimativa de preços sem a devida
justificativa;
VIII. desconsideração dos critérios e condições exigidos na descrição
do objeto, constante no Termo de Referência (garantia, frete,
seguro, assistência técnica) para obtenção dos preços;
IX. pesquisa composta por menos de três propostas válidas sem a

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devida justificativa;
X. não observância dos aspectos formais da proposta, tais como,
razão social, CNPJ, endereço da empresa, entre outros;
XI. inexistência nos autos da documentação comprobatória ou de
informações complementares da realização da pesquisa;
XII. Realizar pesquisa de preços apenas pelo valor global do objeto
sem considerar a cotação individual de cada item,
potencializando o risco da prática de jogo de planilhas.

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3. Principais dúvidas sobre a Pesquisa de
Preços

I. É permitido utilizar a Instrução Normativa SEGES/ME n.


73/2020 como referência para realização da pesquisa de
preços no âmbito do Superior Tribunal de Justiça?
Sim. A Instrução Normativa SEGES/ME n. 73/2020 é uma norma
infralegal que subordina apenas os órgãos e entidades integrantes do
Sistema de Serviços Gerais (SISG), o que não inclui o STJ. Entretanto, assim
como ocorreu com a Instrução Normativa n. 5 e outras do mesmo
Ministério, os demais Poderes da Administração Pública, embora não
vinculados pelos mencionados instrumentos, quando da falta de
normatização própria sobre o assunto tratado, podem ter seus
procedimentos balizados pelas referidas Instruções como boas práticas
administrativas.
Assim, esta unidade de auditoria entente que as regulamentações
constantes da Instrução Normativa SEGES/ME n. 73/2020 estão aptas a
serem observadas como boa prática pelo Superior Tribunal de Justiça,
uma vez que carrega potencial para conferir eficiência, isonomia,
padronização procedimental e maior transparência na realização da
pesquisa de preços no âmbito da Administração Pública Federal.
Além disso, o Tribunal de Contas da União não só prestigia e apoia
o conjunto normativo que emana do atual Ministério da Economia, como
em seus Acórdãos legitima a sua aplicação e recomenda a sua

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observância, inclusive por órgãos não vinculados aos referidos atos
normativos, situação típica do STJ.

II. Há ordem de preferência nos parâmetros utilizados para


realização de pesquisa de preços estabelecidos pela IN
SEGES/ME n. 73/2020?
Sim. O inciso V do artigo 15 da Lei n. 8.666/93 estabelece que as
compras, sempre que possível, deverão balizar-se pelos preços praticados
no âmbito dos órgãos e entidades da Administração Pública, e os preços
praticados pela administração pública são aqueles constantes de seus
contratos e demais ajustes, suas atas de registro de preços ou registrados
no portal de compras governamentais.
No mesmo sentido a IN SEGES/ME n. 73/2020, em seu artigo 5º,
especifica que a pesquisa de preços deverá utilizar preferencialmente
como parâmetros, o Painel de Preços e as contratações similares de outros
entes públicos, ou seja, o referido normativo estabelece uma ordem de
preferência.
O mesmo entendimento foi proferido pelo Tribunal de Contas da
União –TCU, por meio de seu Acórdão n. 1.445/2015- Plenário, que
recomendou aos órgãos da administração pública que, para fins de
orçamentação nas licitações de bens e serviços, priorizem os parâmetros
previstos nos incisos relacionados às contratações similares de outros
entes públicos obtidas inclusive nos portais de compras governamentais,
em detrimento dos demais parâmetros.

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Também, cabe mencionar decisão proferida pelo TCU, por meio do
Acórdão 6.237/2016 – 1C, que recomendou que a pesquisa de preços
deve levar em conta diversas origens, como, por exemplo, Portal de
Compras Governamentais, contratações similares do próprio órgão e de
outros entes públicos, em detrimento de pesquisas com fornecedores,
publicadas em mídias especializadas ou em sítios eletrônicos, cuja adoção
deve ser tida como prática subsidiária ou complementar.
Dessa forma, verifica-se que tanto a legislação como a
jurisprudência estabeleceram uma ordem de prioridade para adoção dos
valores a serem utilizados na composição dos preços, devendo ser
adotados primeiramente aqueles praticados no âmbito da Administração
Pública e, apenas, se inviável estes, deverão ser adotados preços de outras
fontes de pesquisas.
Assim, sempre que houver 3 (três) preços válidos ou mais oriundos
de contratações similares dos órgãos da Administração Pública não
haverá necessidade de utilização dos preços obtidos junto às demais
fontes.

III. Quando se deve efetuar pesquisa de preços junto a


fornecedores, internet ou mídia especializadas?
A pesquisa de preços junto a fornecedores, internet ou mídia
especializadas somente será possível quando comprovadamente não for
possível obter 3 (três) preços válidos praticados pela Administração
Pública.

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IV. Quando a pesquisa de preços for solicitada a fornecedores,
quais são as formalidades exigidas?
As pesquisas de preços realizadas junto aos fornecedores, quando
da impossibilidade de se obter resultados praticados pela Administração
Pública, poderão ser solicitadas por telefone, via e-mail, por
correspondência ou pessoalmente. Além da especificação do objeto e os
respectivos preços unitário e global, as propostas devem conter as
seguintes informações:
a. no caso de pesquisa de preços realizada por telefone, devem ser
registrados e juntados aos autos os dados do servidor responsável
pela pesquisa e do proponente, como o número do telefone, a data,
contendo os dados do proponente (nome, CNPJ e endereço) e das
pessoas que forneceram o orçamento;
b. no caso de pesquisa de preços realizada por e-mail ou
correspondência, deverão ser juntados aos autos cópia do pedido e
da resposta do fornecedor, contendo os dados do proponente; e
c. junto a fornecedores, por meio de representante da
Administração do Tribunal, deverá ser juntado aos autos
documento em nome da empresa, contendo os dados do
proponente, a data, o nome e a assinatura do representante ou
responsável pelo fornecimento do preço; e
d. no caso de mídia especializada, deve ser juntado o resultado da
consulta de forma a identificar os dados do proponente, o site

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consultado com registro da data da realização.
e. Em todas as pesquisas deverá haver a comprovação de que o
objeto consultado corresponde ao descrito e especificado no
Termo de Referência ou Projeto Básico da respectiva contratação.
A fim de justificar a ausência de amplitude da pesquisa, quando
necessário, deverão ser juntadas aos autos, as manifestações de
desinteresse das empresas pesquisadas.
Ressalte-se que a possibilidade de utilizar como fonte de pesquisa
de preço a consulta a fornecedores deve ocorrer de forma suplementar,
subsidiária, na ausência de obtenção de preços praticados junto à
Administração Pública.

V. Quais portais de compras governamentais podem ser


utilizados como fonte de pesquisa?
A IN SEGES/ME n. 73/2020 estabelece que preferencialmente o
portal de Compras do Governo Federal seja utilizado como fonte de
pesquisa. Isso porque, o “Painel de Preços” é uma ferramenta que trata e
extrai os dados e as informações insertos no Sistema de Compras do
Governo Federal - Comprasnet, maior portal de compras governamentais
do Brasil, referentes às contratações homologadas pela Administração
Pública, subsidiando a pesquisa de preços.
Entretanto, ampliando esse entendimento, a jurisprudência atual
do TCU é no sentido de priorizar os preços praticados no âmbito dos
órgãos e entidades da Administração Pública. Dessa forma, os portais de

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compras governamentais como exemplo o Portal Licitações-e, do Banco
do Brasil e o Portal Licitações Caixa, da Caixa Econômica Federal, por
representarem preços praticados junto ao poder público, poderão ser
utilizados como fontes principais da pesquisa.

VI. Qual seria o critério a ser empregado para que uma mídia ou
sites seja considerado especializado e aceito para fins de
pesquisa de preços?
Para que um site seja considerado especializado, esse deverá estar
vinculado necessariamente a um portal na internet com a utilização de
ferramentas de busca de preços ou tabela com listas de valores, atuando
de forma exclusiva ou preponderante na análise de preços de mercado,
desde que haja um notório e amplo conhecimento no âmbito de sua
atuação. Exemplos: Webmotors, Wimoveis e Imovelweb.
No que tange ao site de domínio amplo, esse deve estar presente
no mercado nacional de comércio eletrônico ou de fabricante do produto,
detentor de boa credibilidade no ramo de atuação, desde que seja uma
empresa legalmente estabelecida. Exemplos: Americanas e Saraiva.
Em relação à mídia especializada, ela não está vinculada
necessariamente a um portal na internet, mas sim a outros meios, tais
como jornais, revistas, estudos etc., desde que haja um notório e amplo
reconhecimento no âmbito em que atua. Cita-se como exemplo a Tabela
de Preço Médio de Veículos, derivada de estudos realizados em todo o
País pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE.

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VII. É permitida a pesquisa de preço por telefone?
Sim, é permitida a realização de pesquisa de preços por telefone,
desde que esteja presente nos autos o comprovante de sua realização
constando a identificação do servidor responsável pela pesquisa (nome e
matrícula) e os dados do proponente e do responsável pelas informações
prestadas (nome e CNPJ da empresa e dados dos colaboradores que
forneceram o orçamento), além dos registros da realização da pesquisa
(telefone, data e horário).
Frise-se que o TCU, no Acórdão n. 8.095/2012 – Segunda Câmara,
entende que a comprovação da pesquisa de preços realizada via telefone
deve estar consignada nos autos da contratação.

VIII. É permitida a pesquisa de preço via internet?

Sim. A IN SEGES/ME 73/2020 e o Tribunal de Contas da União


admitem a realização de pesquisa de preços via internet. O que não se
admite é a utilização de sites não confiáveis, de leilão ou de intermediação
de vendas, como, por exemplo, Oferta fácil, Bom negócio e Olx, entre
outros.
No caso de pesquisa de preços realizada em lojas na internet,
deverá ser juntada aos autos a cópia da página pesquisada em que conste
o preço, a data de sua realização e a descrição do bem.
É importante ressaltar que essa é uma das possíveis fontes de
pesquisa, devendo ser utilizada em conjunto com as demais, sempre que

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não for possível a obtenção de preços junto ao Poder Público, já que a
utilização da internet, com essa finalidade, deve ser vista como prática
subsidiária, suplementar.

IX. A pesquisa deve ter quantos orçamentos?


A jurisprudência do TCU aponta para a necessidade de se realizar
pesquisa de preços da maneira mais ampla possível, de modo a verificar a
compatibilidade das propostas apresentadas pelos licitantes com os
preços de mercado, preferencialmente obtida junto aos órgãos da
Administração Pública e, de forma complementar, junto às demais fontes.
A IN SEGES/ME n. 73/2020 estabelece que, excepcionalmente,
mediante justificativa da autoridade competente, será admitida a
pesquisa com menos de três preços.
Destaque-se que a adoção de um mínimo de três propostas válidas,
comumente recomendado, pode não representar uma amostra confiável
diante de um universo muito amplo de fornecedores, considerando a
natureza e a complexidade de cada objeto a ser contratado.
Cabe mencionar que a necessidade de se ampliar o número de
fornecedores a serem consultados decorre da incerteza do preço obtido
quanto à exequibilidade contratual e ao valor justo a ser pago para aquele
objeto contratado, diferentemente do resultado apurado nas
contratações públicas, que confere maior confiabilidade ao resultado.
Assim, a pesquisa de preços deve ter tantos orçamentos quanto forem

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possíveis, observando a preferência por aqueles obtidos junto ao poder
Público, devendo ser consignado no processo de contratação a
justificativa quanto à impossibilidade de utilização da ordem de
preferência e de obtenção de no mínimo três orçamentos válidos.

X. Qual o prazo razoável que o solicitante deve aguardar para


obter resposta da pesquisa de preços?
Segundo a IN SEGES/ME n. 73/2020, dispõe que o prazo de resposta
a ser concedido ao fornecedor deve ser compatível à complexidade do
objeto a ser licitado.
Assim, o responsável pela pesquisa deverá atuar juntamente com a
área responsável pela elaboração do Termo de Referência, pois, tal área é
quem detém o conhecimento necessário e suficiente para informar se o
produto possui complexidade para a formação de preços, de forma a
subsidiar o estabelecimento do prazo máximo de resposta.
Decorrido um prazo razoável a ser determinado pela
Administração, a partir da emissão do primeiro contato, os procedimentos
relacionados à estimativa de preços poderão ser continuados com base
nas propostas já obtidas, desde que fique comprovado nos autos que
todos os procedimentos necessários à obtenção dos preços, respeitada a
ordem de preferência, foram adotados.

XI. Qual a validade da pesquisa de preços?

A Instrução Normativa SEGES/ME n. 73/2020 estabelece que, para


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serem utilizadas como fonte de pesquisa de preços, as contratações
similares de outros entes públicos devem estar vigentes ou terem sido
concluídos no prazo de 1 (um) ano antes da divulgação do instrumento
convocatório.
A Referida IN especifica ainda que, no caso da pesquisa realizada
com fornecedores, somente serão admitidos os preços cujas datas
estejam compreendidas no intervalo de até 6 meses de antecedência da
divulgação do instrumento convocatório.
Outrossim, no painel de preços é possível refinar sua pesquisa de
preços utilizando períodos distintos das datas da homologação das
contratações, devendo-se observar antecedência de 1 (um) ano da
divulgação do instrumento convocatório.
Como boa prática de gestão não se deve estabelecer um prazo
único de vigência das consultas para todos os objetos, pois diversos
fatores podem distanciar a realidade do mercado daquele obtido, como
por exemplo as características e tamanho do mercado, natureza e
complexidade do objeto, especificidade do objeto a ser contratado.
Nesse mesmo sentido, o TCU, por meio do Relatório que subsidiou
o Acórdão 1.462/2010-Plenário, recomendou ao auditado, considerando
o dinamismo o mercado da TI, abster-se “de utilizar pesquisa de preços
defasadas em suas licitações, de modo a que o orçamento estimativo
reflita, de fato, os preços praticados no mercado à época do certame”
Dessa forma, entende-se como razoável o prazo de 6 meses e 1 ano,
a depender do parâmetro utilizado, para validade de uma pesquisa de

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preços. Entretanto, a avaliação no caso concreto pode requerer prazo
diverso do acima especificado, isso, porque a depender da contratação,
variáveis como: cotação do dólar, taxa de juros, crises econômicas entre
outros, pode impactar de forma considerável o preço praticado.
Assim, nessas situações, caberá ao gestor desenvolver um juízo
crítico sobre o resultado obtido na pesquisa de preços, e qual o prazo mais
adequado de validade dos valores obtidos.

XII. O que fazer quando, na pesquisa de preços, a proposta do


fornecedor estiver vencida?
Considerando os prazos estabelecidos na citada instrução, esta
unidade de auditoria considera aquele prazo (6 meses) aceitável para
validade da pesquisa de preços realizada junto aos fornecedores e,
portanto, somente após decorrido esse prazo, haverá necessidade de
renovação da pesquisa.
Vale ressaltar que o prazo de 60 dias estabelecido no parágrafo 3º
do artigo 64 da Lei 8.666/93 se refere ao prazo em que a vencedora da
licitação é obrigada a honrar o preço ofertado na fase externa do processo
licitatório, não tendo relação direta com os preços obtidos para fins de
estimativa de preços que ocorre na fase interna da licitação.
Assim, como regra, para fins de estimativa de preços, considera-se
razoável o prazo de 6 meses para validade de uma pesquisa de preços,
observados os pontos já discutidos na questão anterior.

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XIII. Os procedimentos adotados na realização de pesquisa de
preços para obras e serviços de engenharia são os mesmos
para aquisições e demais serviços?
Não. O Decreto n. 7.983/2013, que estabelece regras específicas
para esses casos, disciplina que o custo global de referência de obras e
serviços de engenharia, exceto os serviços e obras de infraestrutura de
transporte, será obtido a partir das composições dos custos unitários
previstas no projeto que integra o edital de licitação, menores ou iguais à
mediana de seus correspondentes nos custos unitários de referência do
Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil -
Sinapi, excetuados os itens caracterizados como montagem industrial ou
que não possam ser considerados como de construção civil, o que, nesse
caso, exige que se faça a apuração por meio de pesquisa de preços na
forma recomendada neste guia de orientação.
Em relação ao Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da
Construção Civil – Sinapi, a Caixa Econômica Federal é a responsável pela
manutenção da base técnica de engenharia, a qual é resultado de
pesquisas mensais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
sobre os custos e índices da construção civil.
Já o Sistema de Custos de Obras Rodoviárias – Sicro tem por
finalidade estimar o custo da execução de serviços de construção,
conservação e sinalização rodoviários em diversas unidades da federação.
Nesse mesmo sentido, a Resolução CNJ n. 114/2010, alterada pelas
Resoluções CNJ n. 132/2011 e 326/2020 que tratam do planejamento, da

25
execução e do monitoramento de obras no Poder Judiciário, estabelece a
necessidade de utilização do Sinapi e do Sicro, para obtenção do custo
global da obra. Assim, a pesquisa de preços de obras e serviços de
engenharia deve ser efetuada na forma especificada pela resolução.

XIV. Os procedimentos adotados na realização de pesquisa de


preços para itens constantes nos Catálogo de Soluções de TIC
são os mesmos para aquisições e demais serviços?
De acordo com a IN SEGES/MP n. 73/2020, as estimativas de preços
de itens do referido Catálogo com Condições Padronizadas, publicados
pela Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia, deverão
utilizar como parâmetro máximo o Preço Máximo de Compra de Item de
TIC - PMC-TIC, salvo se a pesquisa de preços realizada resultar em valor
inferior ao PMC-TIC.

XV. Os procedimentos constantes nesse manual aplicam-se às


contratações de prestação de serviços com dedicação de mão
de obra exclusiva?
Subsidiariamente utiliza-se o disposto nesse manual e na IN
SEGES/ME n. 73/2020, uma vez que a pesquisa de preço relativa às
contratações de prestação de serviços com dedicação de mão de obra
exclusiva, tem rito próprio e diferenciado, conforme disposto na Instrução
Normativa SEGES/ME n. 5, de 26 de maio de 2017.

26
XVI. Quais são os documentos necessários para comprovação da
pesquisa de preços?
Para comprovação da realização da pesquisa de preços é necessário
juntar aos autos cópias dos relatórios emitidos pelos sites, portais e
ferramentas governamentais, das páginas consultadas dos portais de
compras governamentais, dos contratos e das atas de registro de preços
vigentes, firmados por outros órgãos públicos, da resposta obtida junto
ao fornecedor, das páginas consultadas nos sites especializados e as
informações obtidas via telefone, entre outros.
Ressalte que, na impossibilidade da demonstração da pesquisa de
preços nos termos recomendados nesse guia, a sua justificativa deverá ser
acostada aos autos.
Insta frisar que apenas a planilha contendo os valores da proposta
não tem o condão de comprovar a validade da pesquisa, sendo
imprescindível a junção dos documentos elencados no parágrafo acima,
ou justificativa quanto à impossibilidade.

XVII. Como definir se um preço é inexequível ou excessivamente


elevado?
Conforme o entendimento do Tribunal de Contas da União, os
critérios e parâmetros a serem analisados para fins de classificar um valor
como inexequível ou excessivamente elevado devem ter por base os
próprios preços encontrados na pesquisa, a partir de sua ordenação
numérica na qual se busque excluir aqueles que mais se destoam dos

27
demais.
O § 1º do artigo 48 da Lei n. 8.666/93 possibilita que, no caso de
licitações de menor preço para obras e serviços de engenharia, sejam
consideradas manifestamente inexequíveis as propostas cujos valores
sejam inferiores a 70% do valor orçado pela Administração. Assim, a
própria lei determina quando o preço referente a obras e serviços de
engenharia será manifestamente inexequível.
Ressalte-se que o critério acima especificado é restrito a obras e
serviços de engenharia e se relaciona à avaliação das propostas das
licitantes. Porém, como inexiste norma tratando de critérios para
definição de preços inexequíveis para outros objetos, entende-se que este
parâmetro pode servir para identificar os valores que se presumem
inexequíveis na realização da pesquisa de preços, uma vez que há
previsão legal de integração da norma sempre que houver lacuna ou
omissão da lei.
Diante de tal entendimento, para se verificar a inexequibilidade de
um valor em uma pesquisa de preços, é suficiente compará-lo à média dos
demais valores, se o resultado for inferior a 70%, poderá ser considerado
como inexequível.
Insta frisar que os valores registrados em atas de registro de preço e
contratos firmados com o poder público, em execução ou executados,
que se enquadrarem na situação acima assinalada, não deverão ser
considerados inexequíveis, uma vez que, tendo sido executados pela
administração ou previamente avaliados no processo de licitação já

28
tiveram sua exequibilidade demonstrada.
No que tange aos preços excessivamente elevados, entende-se que
raciocínio análogo pode ser aplicado para identificação dos referidos
preços. Dessa forma, sempre que o valor for superior a 30% da média dos
demais preços, a Administração poderá considerá-lo excessivamente
elevado.
Considerando ainda que a Administração poderá adotar até mesmo
o menor preço como critério de definição do preço de mercado, entende-
se razoável o limite de 30% para classificação de um preço como
excessivamente elevado.
Outrossim, os principais problemas apresentados na realização da
pesquisa de preços estão relacionados à fixação da estimativa muito
acima do que vem a ser contratado. Desta forma, urge a necessidade de
definição de parâmetro que busque equalizar o preço orçado com o
praticado pelo mercado.
Conclui-se, por tudo isso, que um dos mecanismos passível de
aplicação para definição dos preços excessivamente elevados é compará-
lo com a média dos demais valores, sendo considerado excessivamente
elevado aquele que superar 30% da média dos demais.
Para melhor entendimento, na planilha abaixo foi apresentada
simulação contemplando as duas possibilidades, pesquisa realizada com
preços excessivamente elevados e preços inexequíveis:

29
PREÇO DE MERCADO EXCLUÍNDO OS EXCESSIVAMENTE ELEVADOS
MEDIA DOS PERCENTUAL EM RELAÇÃO À MÉDIA DOS PREÇO MÉDIO
EMPRESA/FONTE TIPO DE FONTE PREÇO AVALIAÇÃO
DEMAIS VALORES DEMAIS PREÇOS VÁLIDO
ALFA FORNECEDOR R$ 50,00 R$ 89,57 56% VÁLIDO
BETA ATA R$ 60,00 R$ 87,90 68% VÁLIDO
CHARLE COMPRASNET R$ 74,40 R$ 85,50 87% VÁLIDO
DELTA FORNECEDOR R$ 150,00 R$ 72,90 206% EXCESSIVAMENTE R$ 72,90
ECO FORNECEDOR R$ 75,00 R$ 85,40 88% VÁLIDO
FOX FORNECEDOR R$ 100,00 R$ 81,23 123% VÁLIDO
HOTEL PESQUISA INTERNET R$ 78,00 R$ 84,90 92% VÁLIDO

PREÇO DE MERCADO EXCLUÍNDO OS EXCESSIVAMENTE ELEVADOS E OS INEXEQUÍVEIS


PERCENTUAL EM RELAÇÃO À MÉDIA DOS
MEDIA DOS
EMPRESA/FONTE TIPO DE FONTE PREÇO DEMAIS PREÇOS APÓS RETIRADA DOS PREÇO MÉDIO VÁLIDO
DEMAIS PREÇOS
EXCESSIVAMENTE ELEVADOS
ALFA FORNECEDOR R$ 50,00 R$ 77,48 65% INEXEQUÍVEL
BETA ATA R$ 60,00 R$ 75,48 79% VÁLIDO
CHARLE COMPRASNET R$ 74,40 R$ 72,60 102% VÁLIDO
DELTA FORNECEDOR EXCESSIVAMENTE EXCESSIVAMENTE ELEVADO EXCESSIVAMENTE R$ 77,48
ECO FORNECEDOR R$ 75,00 R$ 72,48 103% VÁLIDO
FOX FORNECEDOR R$ 100,00 R$ 67,48 148% VÁLIDO
HOTEL PESQUISA INTERNET R$ 78,00 R$ 71,88 109% VÁLIDO

Por esse método, o preço DELTA da tabela acima pode ser


classificado como excessivamente elevado.
O preço de DELTA foi comparado à média dos demais valores. A
média consiste na soma dos preços ALFA + BETA + CHARLE + ECO + FOX
+ HOTEL dividida por seis.
Ressalte-se que, no método utilizado por este guia, que é
meramente exemplificativo, os preços excessivamente elevados deverão
ser excluídos individualmente antes de se proceder à eliminação dos
inexequíveis, tendo em vista o princípio da economicidade e objetivando
obter a melhor contratação para a Administração Pública.
No exemplo acima, após a exclusão dos preços considerados
excessivamente elevados, verifica-se que o preço ALFA pode ser
considerado inexequível, uma vez que representa menos de 70% da
média dos demais valores.
O valor de ALFA foi comparado à média das demais cotações. A
média consiste na soma dos preços BETA + CHARLIE + ECO + FOXI +
HOTEL dividida por cinco.

30
Dessa forma, o valor de R$ 77,48, obtido após os cálculos
promovidos na planilha acima, correspondente ao preço médio válido,
será o valor utilizado para fins de estimativa de preço do objeto a ser
contratado.
Para a utilização do preço mínimo, aplica-se a mesma metodologia,
ou seja, exclui-se os valores excessivamente elevados e inexequíveis,
nessa ordem, com vistas a certificar que o preço mínimo apurado, após
uso da metodologia, e que será utilizado para estimar a contratação não
seja um valor inexequível.
A planilha abaixo, considerando os mesmos dados da planilha
anterior, demonstra como esse valor é apurado.
MÉDIA DOS PERCENTUAL EM RELAÇÃO À MÉDIA DOS
EMPRESA/FONTE TIPO DE FONTE PREÇO AVALIAÇÃO PREÇO MÍNIMO
DEMAIS VALORES DEMAIS PREÇOS
ALFA FORNECEDOR R$ 50,00 R$ 89,57 56% VÁLIDO
BETA ATA R$ 60,00 R$ 87,50 68% VÁLIDO
CHARLE COMPRASNET R$ 74,40 R$ 85,50 87% VÁLIDO
DELTA FORNECEDOR R$ 150,00 R$ 72,90 206% EXCESSIVAMENTE R$ 50,00
ECO FORNECEDOR R$ 75,00 R$ 85,40 88% VÁLIDO
FOX FORNECEDOR R$ 100,00 R$ 81,23 123% VÁLIDO
HOTEL PESQUISA INTERNET R$ 78,00 R$ 84,90 92% VÁLIDO

PREÇO DE MERCADO EXCLUINDO OS EXCESSIVAMENTE ELEVADOS


MÉDIA DOS PERCENTUAL EM RELAÇÃO À MÉDIA DOS
EMPRESA/FONTE TIPO DE FONTE PREÇO AVALIAÇÃO PREÇO MÍNIMO
DEMAIS VALORES DEMAIS PREÇOS
ALFA FORNECEDOR R$ 50,00 R$ 89,57 65% INEXEQUÍVEL
BETA ATA R$ 60,00 R$ 87,50 79% VÁLIDO
CHARLE COMPRASNET R$ 74,40 R$ 85,50 102% VÁLIDO
DELTA FORNECEDOR EXCESSIVAMENTE EXCESSIVAMENTE ELEVADO EXCESSIVAMENTE R$ 60,00
ECO FORNECEDOR R$ 75,00 R$ 85,40 88% VÁLIDO
FOX FORNECEDOR R$ 100,00 R$ 81,23 123% VÁLIDO
HOTEL PESQUISA INTERNET R$ 78,00 R$ 84,90 92% VÁLIDO

Conforme pode ser verificado, de acordo com a explicação e


detalhamento acima, os preços excessivamente elevados e os
inexequíveis foram excluídos, de modo que o preço mínimo
correspondente a R$ 60,00, identificado após as exclusões, deverá ser o
valor utilizado para orçar a contratação.
Registre-se que a metodologia acima sugerida apenas exemplifica
um critério que pode ser utilizado na avaliação crítica da pesquisa de
31
preço, uma vez que a legislação e a doutrina não definem o limite a ser
utilizado para classificar um preço como inexequível, salvo no caso já
mencionado. Assim, a Administração pode utilizar outros métodos de
aferição técnica, desde que os critérios e parâmetros estejam definidos no
processo de contratação e utilize os próprios preços encontrados na
pesquisa.

XVIII. Qual critério a ser empregado para determinar quando


utilizar a média, a mediana ou o preço mínimo para definição
do preço de mercado nas licitações?
A utilização do preço mínimo é o mais aconselhável quando se
adota um mecanismo de avaliação de preços que desconsidera os valores
inexequíveis e os excessivamente elevados e se, o objeto a ser contratado,
não apresentar um histórico elevado de licitações desertas por motivo de
estimativa de preços considerada inexequível. Outra variável a ser
considerada é se nas contratações anteriores, como regra, houve
diferença expressiva entre a estimativa de preços realizada pelo órgão e o
valor efetivamente homologado e contratado, demonstrando que o
orçamento foi superestimado.
Vale ressaltar que, quando o critério adotado for o preço mínimo, os
valores enquadrados como inexequíveis deverão ser desconsiderados,
conforme explicado na questão anterior, de forma que, a partir desse
resultado, o menor preço identificado seja válido.
A utilização da mediana é aconselhável quando a pesquisa se

32
apresenta de forma heterogênea, uma vez que, nesse caso, há influência
dos extremos dos dados coletados, isso ocorre principalmente quando
não há desconsideração dos preços inexequíveis ou excessivamente
elevados.
Já a média é indicada, quando a administração julgar não ser mais
adequada a utilização do preço mínimo e quando os preços estão
dispostos de forma homogênea, sem a presença de valores extremos, ou
seja, quando é adotado um método de avaliação que exclui os
inexequíveis e os excessivamente elevados.
Um dos parâmetros passíveis de serem utilizados para definir
quando utilizar a média ou a mediana é fazer uso da medida de dispersão
denominada coeficiente de variação. O coeficiente de variação fornece a
oscilação dos dados obtidos em relação à média. Quanto menor for o seu
valor, mais homogêneos serão os dados.
O coeficiente de variação é considerado baixo quando apresentar
percentual igual ou inferior a 25%, sendo nesse caso indicada a média
como critério de definição do valor de mercado. Se ele for superior a 25%,
o coeficiente indica a presença de valores extremos afetando a média,
situação em que se recomenda o uso
da mediana como critério de definição do preço médio.

33
Ao analisar a planilha acima, verifica-se que o critério a ser utilizado
deverá ser a mediana, uma vez que o coeficiente de variação totalizou
40%, ou seja, acima do percentual indicado, sendo assim influenciado
pelos extremos da amostra, representados pelos preços ALFA e ECO.
Frise-se que o cálculo da Média, do Desvio Padrão e do Coeficiente
de Variação podem ser obtidos de forma simples, por meio de fórmulas
existentes no Excel, desta forma não serão aqui apresentados como são
calculados esses valores.
Em relação ao exemplo supra, constata-se que o método indicado
para aferição do preço de mercado é da média aritmética, uma vez que o
coeficiente de variação é de 10%, o que representa a homogeneidade dos
valores apresentados.

Insta frisar que a Administração poderá fazer uso de outros


métodos estatísticos mais completos de forma a melhor definir o preço de
mercado, sendo os critérios acima elencados apenas exemplos de formas

34
ou modelos de definição de parâmetros para aferição da pesquisa de
preços.

XIX. É possível a utilização de preço máximo na contratação


distinto do preço estimado?
Excepcionalmente, é possível a utilização de preço máximo na
contratação que representa o preço estimado obtido na pesquisa de
preço, acrescido ou subtraído de determinado percentual, definido com
vistas a aliar a atratividade do mercado e mitigação de risco de
sobrepreço.
A sua utilização exige a apresentação de justificativa técnica que o
assegure.

XX. É necessário realizar pesquisa de preços nas prorrogações?


Como regra sim. Um dos requisitos para prorrogação do contrato é
que o valor permaneça vantajoso para a Administração. Para esse fim, a
pesquisa é necessária. Esse é o teor do Acórdão TCU n. 1.214/2013 –
Plenário.
Nesse mesmo acórdão, o TCU acrescenta a possibilidade de
dispensar-se a realização de pesquisa de mercado na ocorrência de
prorrogação dos contratos de prestação de serviço continuado com
utilização de mão de obra exclusiva, quando houver previsão contratual
de que os reajustes dos itens envolvendo a folha de salários serão
efetuados com base em convenção, acordo coletivo de trabalho ou

35
decorrentes da lei, e dos itens envolvendo insumos e materiais serão
efetuados com base em índices oficiais, previamente definidos no
contrato.
Para os caso de contratação de prestadora de serviço continuado
sem utilização de mão de obra, aplica-se o mesmo ensinamento acima
citado.
A vantajosidade da prorrogação nos contratos de serviços
continuados sem dedicação exclusiva de mão de obra poderá ser
dispensada quando houver previsão contratual de índice de
reajustamento de preços, conforme entendimento constante no Parecer
n. 00001/2019/DECOR/CGU/AGU, devendo o gestor atestar que o índice
de reajuste aplicável ao contrato acompanha a ordinária variação dos
preços de mercado, bem como apresentar justificativa, de ordem
econômica, administrativa ou outra pertinente, a ser indicada como
elemento de vantagem (vantajosidade) legitimador da renovação
(prorrogação) contratual.
Quando a vantagem econômica de contratos não puder ser
comprovada nas prorrogação nas formas acima estabelecidas, a
prorrogação deverá ser precedida da realização de pesquisas de preços
contratados por outros órgãos e entidades da Administração Pública ou
preços de mercado, conforme disciplinado nesse manual.

36
XXI. No caso de contratação decorrente da Adesão à Ata de
Registro de Preço, a pesquisa de preço deverá ser realizada?
Sim. É necessário que se comprove a vantajosidade da adesão.
O Acórdão TCU. 2.764/2010 – Plenário reforça o dever de realizar
pesquisa de preços a fim de atestar a compatibilidade dos valores dos
bens a serem adquiridos com os preços de mercado e confirmar a
vantajosidade obtida com o processo de adesão.

XXII. É necessário realizar pesquisa de preços decorrente de


dispensa de licitação?
Sim. A jurisprudência do TCU sinaliza no sentido de que a realização
de pesquisa de preços de mercado é uma exigência legal para todos os
processos licitatórios, inclusive para os casos de dispensa. Nesse sentido
estão os Acórdãos 4.549/2014 – Segunda Câmara, 1.422/2014 – Segunda
Câmara e 522/2014 – Plenário e que encontram seu fundamento legal no
inciso III do parágrafo único do artigo 26 da Lei n. 8.666/1993.

XXIII. No caso de o objeto a ser contratado for composto de vários


itens ou partes, como deve ser realizada a pesquisa de preços?
Exemplo: Fornecimento de objeto com o serviço de instalação.
A Lei de Licitações preceitua no artigo 40, inciso X, que o edital deve
conter o critério de aceitabilidade das propostas recebidas em valores
unitários e global, de modo a subsidiar o exame e julgamento dessas
propostas.

37
Assim, é necessário que a pesquisa de preços também seja realizada
com o menor nível possível de detalhamento do objeto a ser contratado.
No exemplo mencionado, a pesquisa de preços deve apresentar o
valor para a o objeto a ser adquirido e o valor para a instalação. Além disso,
no exemplo, caso para a instalação seja necessária a utilização de material,
serviço de mão de obra e utilização de equipamentos, esses itens também
deverão apresentar seus preços unitários.
Dessa forma, torna-se possível ao gestor e outros interessados
analisarem a pesquisa de preço e identificar se o preço de cada um dos
itens está de acordo com o mercado ou superestimado.
Assim, evita-se o jogo de planilha, que ocorre quando se permite
que a licitante cote preços altos para os itens mais demandados e preços
baixos para os itens menos utilizados, de modo que ela obtenha o menor
valor global da licitação.

XXIV. É necessário realizar pesquisa de preços nas contratações


decorrentes de inexigibilidade de licitação?
Independente do procedimento que antecede a contratação, cabe
à Administração demonstrar a conformidade do preço ajustado com o
valor praticado no mercado.
Nas contratações por inexigibilidade de licitação, essa conclusão
encontra respaldo no inciso III do parágrafo único do artigo 26 da Lei n.
8.666/1993, que impõe a instrução do processo administrativo de
contratação direta com a justificativa de preço.

38
Nessas circunstâncias, considerando a inviabilidade de competição,
a adequação de preço será aferida por meio de comparação da proposta
apresentada com os preços praticados pela futura contratada junto a
outros entes públicos e/ou privados, em avenças envolvendo o mesmo
objeto ou objeto similar, em função de atividade anterior praticada pelo
próprio contratado, conforme disposto no Acórdão TCU 2.993/2018 –
Plenário.

XXV. Como proceder no caso de total impossibilidade de


comprovação de preços praticados anteriormente pela
empresa ou pelo profissional a ser contratado por
inexigibilidade de licitação?
Excepcionalmente, caso a futura contratada não tenha
comercializado o objeto anteriormente, a justificativa de preço de que
trata o caput pode ser realizada com objetos de mesma natureza,
conforme disposto na IN SEGES/MP n. 73/2020.
A título de exemplo, pode-se citar a contratação de serviços de
tradução juramentado do idioma português para o idioma húngaro,
sendo que o prestador exclusivo apresenta a proposta de preços referente
à prestação de serviço de tradução do idioma português para o holandês,
considerando haver equivalência quanto ao nível de complexidade e
mantidas as demais condições entre o 2 serviços.
Outro exemplo: prestação de serviços de manutenção preventiva e
corretiva de equipamentos de raio x para inspeção de bagagem da marca

39
“X”. Na impossibilidade de apresentação de preços pelo fornecedor
exclusivo, pode-se apresentar proposta para o mesmo objeto da marca”
Y”, ou equipamento de raio x para inspeção de encomendas.
Deve-se lembrar que os serviços devem ser equivalentes,
apresentando similaridade quanto ao grau de complexidade, tamanho,
peso e outras características.

XXVI. Como efetuar o comparativo de preços quando o local do


treinamento compõe a contração por inexigibilidade de
licitação?
Quando da instrução do processo de contratação, a pesquisa de
preços a ser realizada deverá conter o detalhamento do objeto a ser
contratado (ação educativa) que informará todas as características,
quantidades e prazos necessários para sua execução. Como exemplo,
podem-se citar: conteúdo e carga horária do curso, o material a ser
utilizado, instalação e equipamentos a serem disponibilizados, local e
demais aspectos como segurança, alimentação, transporte que devem ser
avaliados, de forma a permitir a comparação de preços por cada item que
compõe o objeto.

XXVII. Como efetuar a pesquisa de preços quando da contratação,


por inexigibilidade, de prova de certificação atrelada ao valor
do treinamento?
Os preços devem ser obtidos da mesma forma que as outras

40
contratações por inexigibilidade. Se a contratação incluir apenas a
certificação, a pesquisa deverá contemplar apenas a certificação. No caso
de se desejar contratar o treinamento necessário e o exame de
certificação, a pesquisa de preços realizada deverá apresentar o valor
global da proposta e o valor de cada um dos dois itens (treinamento +
certificação)

XXVIII. Como efetuar a pesquisa de preços quando a contratação


contemple a aquisição de licenças para educação a distância
por inexigibilidade de licitação?
Nesse caso, aplicam-se as mesmas condições da modalidade
presencial. Embora sejam utilizados recursos de TI, esses são utilizados
como meios, instrumentos para disseminar o conteúdo proposto, que é o
núcleo do objeto. Assim, o material a ser ministrado será desenvolvido de
acordo com a perspectiva do Conteudista (Professor), da mesma maneira
que ocorre nos cursos realizados na modalidade presencial.
A unidade de fornecimento pode variar conforme o formato do
curso, podendo ser por conteúdo, turma, módulo, acessos, a mesma que
servirá para subsidiar o preço da contratação.

XXIX. Como proceder no caso de total impossibilidade de


comprovação de preços praticados anteriormente pela
empresa ou pelo profissional a ser contratado por
inexigibilidade de licitação para prestação de serviço de ação

41
educativa?
Excepcionalmente, e caso não seja possível a comprovação de
preços praticados pela empresa ou profissional a ser contratado, a
unidade poderá utilizar como limite máximo os valores da Gratificação por
Encargo de Curso ou Concurso – GECC, uma vez que este é um valor já
prefixado pela Lei, sendo, assim, considerado válido e razoável do pondo
de vista da Administração Pública.

XXX. Como comprovar o preço de instrutor de ação educacional


que já ministrou vários cursos sobre o tema no passado, mas
sempre de forma gratuita e voluntária, e agora quer atuar de
forma remunerada?
Conforme já tratado na pergunta anterior, sempre que não for
possível a comprovação do preço praticado pelo instrutor, de forma
excepcional, poderá ser adotado como preço máximo aquele praticado
para remuneração da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso –
GECC.

XXXI. O que seria objeto similar para pesquisas de preços relativas


à ação educacional?
Para avaliar a similaridade de uma ação educacional, deverão ser
observados critérios comuns entre os objetos da comparação. São
exemplos válidos de critérios: Tema, Formato, Modalidade, Carga horária,
quantitativo de alunos ou outro critério previamente definido na

42
metodologia utilizada pela unidade responsável pela contratação.

XXXII. Qual unidade de medida deve ser adotada para o


comparativo de preços de ação educacional?
A unidade responsável pela contratação poderá adotar como
unidade de medida o valor da hora-aula, o valor por participante, o valor
da hora-aula por participante, o valor da diária do instrutor ou outro
critério previamente definido na metodologia adotada.

XXXIII. Podemos utilizar valor de inscrições individuais de ações


externas constantes de sites ou em documentos da empresa
como parâmetro na justificativa de preço?
É possível a utilização de preços de ações externas desde que para
contratação de treinamento similares. Não é possível, por exemplo, adotar
preços praticados em uma ação educacional externa para comparar com
um treinamento incompany, isso, porque na ação externa existem vários
custos que não constam de ação incompany, como exemplo (local, água,
energia, alimentação, divulgação etc.).

XXXIV. Pode-se utilizar ações semelhantes realizadas em prazo


superior ao disposto neste guia? Pode-se utilizar índice de
reajuste? Qual é mais recomendável?
De forma excepcional é possível a utilização de ações semelhantes
realizadas em prazo superior 6 meses ou 1 ano, a depender do parâmetro,

43
como comparativo de preços. Isso ocorre quando, comprovadamente,
não for possível a obtenção de preços pelos meios indicados pela
legislação e especificados nesse guia.
De acordo com o artigo 12 da Portaria TCU n. 444/2018, constatada
a inviabilidade da obtenção de preços mediante realização da pesquisa
de preços, justificadamente, poderão ser adotadas outras soluções a fim
de não frustrar a compra ou a contratação pretendida, o que inclui o
reajuste de preços.
Deve-se mencionar que o índice a ser adotado deve estar atrelado
ao segmento do objeto a ser contratado e, na falta de índice específico ou
setorial, poderá servir como base o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA/IBGE).

XXXV. Quando da contratação de ação de capacitação por meio de


inexigibilidade de licitação é possível a comparação com
outras empresas do mercado?
Não. A justificativa do preço nos casos de inexigibilidade não pode
ser realizada à luz de propostas de outros fornecedores ou prestadores. Se
inexigível o certame, a proponente deve ser a única a atender as
necessidades do órgão contratante.

44
4. Principais passos para uma
Pesquisa de Preços eficiente

I. Defina, de acordo com o que foi estipulado nas


especificações do termo de referência ou do
projeto básico, os critérios de fornecimento do
produto ou da prestação do serviço, de forma a
prever condições específicas que possam impactar
no valor da contratação, como, por exemplo,
prazo, local de entrega, quantidade, frete, garantia;
II. elabore planilhas que expressem a composição de
todos os custos unitários dos bens ou serviços a
serem contratados;
III. faça uso de ferramentas tecnológicas que facilitem
a realização de pesquisas nos sites oficiais de
compras governamentais (Painel de Preços,
disponível em
https://paineldeprecos.planejamento.gov.br/ ;
IV. junte aos autos a comprovação da realização da
pesquisa no Painel de Preços independentemente
de êxito;
V. obtenha, junto aos demais órgãos da
administração, contratos similares, atas de registro

45
de preços, em execução ou concluídos no período
de 1(um) ano anterior à divulgação do instrumento
convocatório
VI. verifique no próprio órgão a existência de
contratos similares, vigentes ou concluídos no
prazo de 1 (um) ano que antecede a divulgação do
instrumento convocatório;
VII. Junte aos autos a comprovação da solicitação dos
contratos similares firmados com o próprio órgão
ou com outros órgãos da Administração Pública.
Na impossibilidade de se obter êxito em relação à
pesquisa de preços elaborada junto ao Poder Público, os
seguintes passos devem ser adotados:
I. mantenha sempre atualizada a relação de
fornecedores de bens e serviços;
II. encaminhe solicitação de cotação de preços a
todas as empresas detentoras do objeto da
contratação e junte aos autos o comprovante da
solicitação;
III. realize pesquisa na mídia e site especializados ou
de domínio amplo;
IV. Junte aos autos todos as pesquisas obtidas junto às
diversas fontes, independente de êxito.
Independente do parâmetro utilizado, os passos
46
seguintes deverão ser sempre observados:
I. proceda à avaliação dos preços obtidos, excluindo
os valores inexequíveis ou que se destoam do
alinhamento dos demais preços pesquisados;
II. realize o levantamento de preço obtido por meio
de mecanismos previamente definidos podendo
se utilizar da média, mediana ou menor preço;
III. junte aos autos as justificativas quanto à
impossibilidade de obtenção de três propostas
válidas, bem como quando não for possível obter
preços de fontes diversas, observada a ordem de
preferência;
IV. capacite os servidores que direta ou indiretamente
estejam relacionados à pesquisa de preços;
V. Promova acordos de cooperação com outros
órgãos da Administração Pública, em especial com
tribunais superiores, STF, CNJ e TJDFT, com
objetivo de compartilhar informações de
fornecedores e de contratações similares que
possam ser utilizadas na pesquisa de preços. A
dificuldade na realização da pesquisa de preços
não se limita ao âmbito do STJ, sendo de interesse
mútuo dos demais órgãos do poder público adotar
boas práticas para melhor realizá-la.
47
48
5. Normas e Publicações
consultadas

 Constituição da República Federativa do Brasil,


de 1988.
 Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993.
Institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública.
 Lei n. 10.520, de 17 de julho de 2002.
Institui a modalidade de licitação
denominada pregão, para aquisição de
bens e serviços comuns.
 Decreto n. 7.892, de 8 de abril de 2013.
Regulamenta o Sistema de Registro de
Preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666,
de 21 de junho de 1993.
 Decreto n. 7.983, de 8 de abril de 2013.
Estabelece regras e critérios para
elaboração do orçamento de referência
de obras e serviços de engenharia,
contratados e executados com recursos
dos orçamentos da União, e dá outras
providências.
 Resolução CNJ n. 114, de 20 de abril de 2010.
49
Dispõe sobre o planejamento, a
execução e o monitoramento de obras
no poder judiciário.
 Instrução normativa SEGES/ME n. 73, de 5 de
agosto de 2020.
Dispõe sobre os procedimentos básicos
para a realização de pesquisa de preços.
 Portaria TCU n. 444, de 22 de julho de 2020.
Dispõe sobre a licitação e a execução de
contratos de serviços no âmbito da
Secretaria do Tribunal de Contas da
União.
 Parecer n. 00001/2019/DECOR/CGU/AGU
https://repositorio.cgu.gov.br/bitstream/1/4567
4/1/Parecer_001_2019.pdf. Acesso em: 01
fev.2020.
 Acórdãos TCU n. 403/2013 e 6.237/2016 da
Primeira Câmara, 51/2008, 8095/2012, 4549/2014
e 1422/2014 da Segunda Câmara, 1108/2007,
2764/2010, 3068/2010, 769/2013, 1785/2013,
1214/2013, 2147/2014, 522/2014 e 1445/2015-
Plenário.
http://portal.tcu.gov.br/jurisprudencia/b
oletins-e-informativos/informativo-de-
50
licitacoes-e-ontratos/list-
pagination/2.htm
 Painel de Preços
http://paineldeprecos.planejamento
gov.br/. acesso em: 5 de agosto 2020.
 TORRES, Ronny Charles Lopes de. Da pesquisa
de preços nas licitações públicas. Jus Navigandi,
Teresina, ano 18, n. 3773, disponível em
http://jus.com.br/artigos/25635. acesso em: 25
abril de 2017
 OLIVEIRA JÚNIOR, Moacir Gonçalves de Oliveira
Junior. Compras governamentais e pesquisa de
preços. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 20,
n. 4451, 8 set. 2015. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/42206> acesso em:
25 abril 2017
 VIANA, Nelson Corrêa. Os preços na licitação. Jus
Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3112, 8 jan. 2012.
Disponível em
http://jus.com.br/artigos/20811 acesso em: 25 abril
2017.

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Equipe Técnica
Ana Lucia Torres Soares Cavalcante
Antonio Lezuan Ferreira Souza
Daniela Meireles Borba
Danilo Bruno Barbosa Campos
Fernando Caldeira Melo
Francisco Ulisses da Trindade Júnior
Maria Elizabeth Canuto Calais

Revisão
Diocésio Sant’Anna da Silva

Coordenação
Diocésio Sant’Anna da Silva

Design
Vitor Dutra Freire

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Manual de Orientação sobre
Pesquisa de Preços
A pesquisa de preços tornou-se um obstáculo a ser
superado na condução dos certames licitatórios públicos,
exigindo um vasto conhecimento da jurisprudência atual
sobre a matéria, de forma a possibilitar o aperfeiçoamento
das rotinas até então estabelecidas.

Assim, a elaboração deste Guia de Orientação sobre


Pesquisa de Preços, em sua primeira versão, teve como
objetivo principal possibilitar o desenvolvimento de
mecanismos que confiram maior efetividade à realização de
pesquisa de preços e orientar a administração do Superior
Tribunal de Justiça quanto à jurisprudência atual sobre o
assunto.

E para não perder de vista esse propósito, fez-se necessário


nesta presente edição adaptar seu conteúdo às
informações, materiais e ferramentas desenvolvidas e
disponibilizadas pela administração pública desde então,
que resultaram no auxílio à realização de uma pesquisa de
preços com mais qualidade.

Por meio deste Manual será possível compreender os


objetivos, o passo-a-passo e as dificuldades inerentes a tal
procedimento, desprender-se de alguns dogmas
estabelecidos sobre sua realização, além de atentar para o
mercado e para a jurisprudência dominante, no sentido de
melhor proceder à concretização da pesquisa de preços.

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