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GEOGRAFIA E

HIDROGRAFIA GERAL E
DO BRASIL

1
Gegrafia e SOMESB
Hidrografia Geral
e do Brasil Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda.

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Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância

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Sumário

FUNDAMENTOS TEÓRICOS-
CONCEITUAIS DA HIDROGRAFIA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HIDROSFERA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07

FUNDAMENTOS BÁSICOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07

O CICLO HIDROLÓGICO E SUA IMPORTÂNCIA NOS ESTUDOS


DOS RECURSOS HÍDRICOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 09
AS GRANDES MASSAS DE ÁGUA: LAGOS, GELEIRAS E
OCEANOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 14
A DINÂMICA DOS OCEANOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 19

A BACIA HIDROGRÁFICA: UNIDADE FUNDAMENTAL


NO ESTUDO DOS RECURSOS HÍDRICOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 24

VARIÁVEIS INTERVENIENTES BA DINÂMICA DAS BACIAS


HIDROGRÁFICAS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 24
ANÁLISE DE BACIAS HIDROGRÁFICAS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 27

BACIAS HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 29

REGIÕES HIDROGRÁFICAS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 34

OS USOS MÚLTIPLOS DA ÁGUA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○


37

POTENCIAL E UTILIZAÇÃO DA ÁGUA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 37

O ABASTECIMENTO DE ÁGUA URBANO E RURAL ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 39

OS RECURSOS HÍDRICOS E O CONTEXTO AMBIENTAL ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 40

O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS


HÍDRICOS○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 42

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A GESTÃO DOS RECURSOS
Gegrafia e
Hidrografia Geral HÍDRICOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 44
e do Brasil

PLANEJAMENTO E GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 44

POLÍTICAS INSTITUCIONAIS DOS RECURSOS HÍDRICOS NO


BRASIL ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
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OS RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL - MARCOS LEGAIS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 46

O PROBLEMA DA ESCASSEZ DOS RECURSOS HÍDRICOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 47

ATIVIDADE ORIENTADA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 49

GLOSSÁRIO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 58

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Apresentação da Disciplina

Caro aluno,

As questões da água configuram-se como a preocupação atual da


humanidade. Diz-se que, se no século XX o motivo das disputas
internacionais foi o petróleo, a escassez da água será o próximo motivo da
rivalidade entre as nações.

Conhecer para melhor se posicionar, eis a atitude do homem sensato


ante a conjuntura em que se vê envolvido. Apropriar-se do saber existente
sobre os recursos hídricos é indispensável ao graduando de Geografia,
cujo objeto de estudo é o “espaço enquanto morada do homem”.

É dentro desse escopo que apresentamos para você o que existe


de mais importante no conhecimento sobre os recursos hídricos. Assim,
num primeiro momento, tratamos dos conceitos básicos sobre hidrografia,
analisando os elementos fundamentais do ciclo hidrológico em suas
manifestações na superfície terrestre, caracterizando-se os corpos d’água
e sua dinâmica. Segue-se, então, a análise da bacia hidrográfica como
unidade fundamental dos recursos hídricos onde a hidrografia brasileira é
apresentada.

No segundo momento, discute-se a visão pedagógica sobre esses


recursos objetivando oferecer ao futuro licenciado subsídios aos debates
sobre os usos, planejamento e gestão da água em nosso país.

Consideramos que os conhecimentos apresentados nessa disciplina


serão capazes de instrumentalizá-lo para uma prática pedagógica
consciente, no sentido de sensibilizar os seus futuros educandos a um uso
sustentado da água e a uma prática ecológica correta no que diz respeito
ao ambiente em que ele vive.

Muito sucesso na sua proposta de tornar-se um educador!


Lembre-se, só é mestre quem forma discípulos, seguidores.

Creuza Santos Lagem

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Gegrafia e
Hidrografia Geral
e do Brasil

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FUNDAMENTOS TEÓRICO-CONCEITUAIS
DA HIDROGRAFIA

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HIDROSFERA


Você já imaginou passar um dia sem beber água? E dois? Terrível só em pensar.
Entretanto, essa é a realidade de milhares de seres sobre a Terra. A água é a substância
que existe em maior quantidade nos seres vivos. Representa cerca de setenta por cento do
peso do corpo humano. Além de entrar na constituição dos tecidos, a água é o dissolvente
que transporta as substâncias não aproveitadas pelo organismo. A falta de água provoca a
debilidade ou até a morte dos seres vivos. O homem necessita ingerir líquido numa
quantidade diária de dois a quatro litros; pode sobreviver 50 dias sem comer, mas perece
após quatro dias sem água, em média. A água é um dos recursos mais importantes para a
humanidade. Em torno desse elemento grandes civilizações desenvolveram-se e a sua
escassez provocou o deslocamento de grandes massas populacionais em regime de
carência social.
O conhecimento sobre a água, sua ocorrência, circulação e distribuição na Terra e
suas implicações sobre o meio ambiente e a sociedade é de fundamental importância para
toda a humanidade. Na Licenciatura em Geografia, os estudos sobre os recursos hídricos
são imprescindíveis ao educador que se propõe a formar uma massa crítica com relação
aos problemas ambientais que afetam o cotidiano da sociedade.
A Hidrografia, ao analisar a água como elemento fundamental do ambiente, oferece
ao licenciando de Geografia conhecimento atualizado sobre os recursos hídricos e sua
importância no desenvolvimento da sociedade. Vamos a esses conhecimentos.

FUNDAMENTOS BÁSICOS

Hidrosfera, do grego “hidro” que significa água, corresponde ao sistema terrestre


formado pela água e que ocupa 70% de sua superfície. É o nome dado ao conjunto de
regiões do planeta que agrega a água em seus diferentes estados: sólido, líquido e gasoso.
Desse conjunto, os oceanos constituem o maior reservatório com 97,3% do total da
hidrosfera. Há, também, a água dos rios, lagos, aqüíferos (água subterrânea), água das
geleiras localizadas nos polos e regiões montanhosas e água na forma de umidade na
atmosfera.
De todo o potencial da hidrosfera, apenas e aproximadamente 0,007% é água
disponível ou de possível acesso para consumo humano. A água, como substância, está
presente em toda parte, mas como recurso hídrico, isto é, bem econômico e que pode ser
aproveitado pelo ser humano, é escasso. Milhões de pessoas, no planeta, vivem com menos
de cinco litros de água por dia. “a hidrosfera aproveitável” é suficiente para o abastecimento
de água de toda a população da Terra, mas ela é irregularmente distribuída, assim, dada a
sua importância, a hidrosfera é objeto de estudo da Hidrografia.
Entende-se por Hidrografia a parte da Geografia Física que abrange, em especial,
as propriedades, fenômenos e distribuição da água na atmosfera, na superfície da Terra e

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no seu subsolo. Sua importância está relacionada com o papel da água na
vida humana. Ainda que os fenômenos hidrológicos mais comuns, como as
chuvas e o escoamento dos rios, possam parecer suficientemente conhecidos,
Gegrafia e devido à regularidade com que se verificam, basta lembrar os efeitos
Hidrografia Geral catastróficos das grandes cheias e das estiagens para se constatar quanto o
e do Brasil
Homem precisa entender sobre as leis naturais que regem aqueles fenômenos
e a necessidade de se aprofundar o seu conhecimento.

A Hidrografia divide-se em Hidrologia, o estudo das águas superficiais e subterrâneas;


e a Oceanografia, o estudo das águas dos mares e oceanos, essas últimas constituem-se
por si só um conhecimento específico. Alguns autores colocam a Liminologia (águas
lacustres) como uma subdivisão especial da Hidrologia.
A Hidrologia é uma ciência recente, apesar de certas noções serem conhecidas e
aplicadas há muito tempo. Os egípcios e os hindus já possuíam conhecimentos sobre
enchentes dos rios e sobre a precipitação pluvial há mais de 3000 anos A.C.
Figuras importantes são relacionadas aos estudos hidrológicos como Leonardo da
Vinci e Bernard Palissy no século XV. James Hutton e John Playfair no século XVIII foram
grandes fluvialistas. William Morris Davis elaborou uma teoria sobre a ação das águas
correntes no relevo terrestre. Robert Horton (1945) e Arthur Strahller (1957) produziram
indicadores para a análise morfométrica (quantitativa) das bacias hidrográficas.
No Brasil, figuras como Antônio Christofoletti (1970), Antonio José Teixeira Guerra,
Ana Luíza Coelho Netto e Sandra Baptista da Cunha e Dieter Muehe (1996) são exemplos
de pesquisadores ligados aos estudos dos recursos hídricos.
A água da Terra em seus vários estados sólido, líquido e gasoso distribui-se por três
reservatórios principais, os oceanos, os continentes e a atmosfera, entre os quais existe
uma circulação permanente.
Fig x O movimento da água
entre a superfície terrestre
(continentes e oceanos) e a
atmosfera é chamado de
ciclo hidrológico, cuja
importância nos estudos dos
recursos hídricos, coloca-o
como ponto inicial nos
estudos hidrográficos e sua
inserção nas práticas
pedagógicas.

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#
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR

1. Destaque a importância da hidrosfera para o nosso planeta.

2. Caracterize as principais relações da hidrosfera com as demais camadas da Terra.

O CICLO HIDROLÓGICO E SUA IMPORTÂNCIA NOS ESTUDOS


DOS RECURSOS HÍDRICOS

O ciclo hidrológico, ou ciclo


da água, constitui um sistema
fechado com duas fases distintas, a
terrestre e a atmosférica, cuja
dinâmica compreende a constante
mudança de estado da água na
natureza, seu transporte e seu
armazenamento.
O ciclo da água representa o
movimento da água no meio físico.
Desse modo, a água encontra-se em
constante circulação, passando de
um meio a outro e de um estado
físico a outro, sempre mantendo o equilíbrio, sem ganhos ou perda de massa no sistema. A
dinâmica deste ciclo é alimentada pela radiação solar e a força da gravidade.

Ciclo Hidrológico

Fase atmosférica do ciclo hidrológico

A mudança de estado da água na fase atmosférica está representada pela


evaporação, a condensação e a precipitação. A evaporação se dá a partir dos oceanos e

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corpos d’água produzindo o vapor d’água que se condensa na atmosfera dando
origem às nuvens. Essas, por sua vez, formam as massas de ar que
armazenam a água na atmosfera e são transportadas pelo vento, até que as
Gegrafia e condições atmosféricas devolvam essa água acumulada para o continente
Hidrografia Geral em forma de precipitação (chuvas, neves e granizos). O estudo da fase
e do Brasil
atmosférica do ciclo hidrológico constitui-se em objeto de análise da
Climatologia.
Fase terrestre do ciclo hidrológico

A precipitação que ocorre sobre a terra se dispersa de formas variadas. Parte da


água que se precipita da atmosfera retorna em forma de vapor d’água antes mesmo de
atingir a superfície terrestre. Além disso, a água, interceptada pela vegetação e outros seres
vivos, retorna ao estado gasoso através da evapotranspiração. A parte restante atinge o
solo dando origem a dois tipos de escoamento: o subterrâneo e o superficial, formas de
transporte da água na fase terrestre. Devido à influência da gravidade, tanto o escoamento
superficial como o subterrâneo são realizados na direção das áreas mais baixas do relevo
e transportados, em sua maioria, para os oceanos.
Tanto o escoamento subterrâneo quanto o superficial serão objeto de análises mais
aprofundadas nos temas a seguir

Importância do ciclo hidrológico

O ciclo hidrológico é uma realidade essencial do ambiente. É, também, um agente


modelador da crosta terrestre devido à erosão e ao transporte e deposição de sedimentos
por via hidráulica. Condiciona a cobertura vegetal e, de modo mais genérico, a vida na
Terra.
O ciclo hidrológico pode ser comparado a uma grande máquina de reciclagem da
água à escala planetária onde processos de transferência e transformação mantêm o volume
geral de água constante, na Terra.
O ciclo hidrológico tem uma aplicação prática nos estudos dos recursos hídricos os
quais visam avaliar e monitorar a quantidade e a qualidade de água na superfície terrestre.

Estrutura do Ciclo Hidrológico - Escoamento subterrâneo

Quando uma chuva cai, uma parte da água se infiltra através dos espaços que encontra
no solo e nas rochas. A água que se infiltra está submetida às forças devidas à atração
molecular ou adesão; à tensão superficial ou capilaridade e à gravidade.
A capilaridade se manifesta pela força de adesão das moléculas da água às
superfícies das partículas do solo. Ela acontece no início da precipitação ou quando as
chuvas são passageiras e de pouca intensidade. Nesse caso, a água não atinge as zonas
mais profundas repondo, apenas, a umidade do solo na sua parte mais superficial.
A continuidade da chuva e a sua intensidade fazem a gravidade vencer a força da
capilaridade e a água infiltra-se até não encontrar mais espaços, começando, então, a se
movimentar horizontalmente em direção às áreas mais baixas formando os lençóis d’água
ou aqüíferos.
A capacidade de infiltração de água no solo depende de fatores como grau de
porosidade do solo, da cobertura vegetal, do relevo e do tipo de chuva.
Porosidade – a quantidade de poros existentes no solo diminuem ou aumentam a
sua capacidade de infiltração. Solos arenosos apresentam maior capacidade de infiltração
que os argilosos devido a diferença de porosidade entre eles.

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Na figura à esquerda, a
disposição dos grãos do solo permite
a passagem da água, facilitando a
sua infiltração; já à direita a
disposição desses elementos
influenciam na menor porosidade e,
por conseqüência, na capacidade de
infiltração.
Cobertura vegetal – a
densidade da vegetação tem um
papel importante na permeabilidade do solo. Daí os problemas que o desmatamento traz à
conservação dos recursos hídricos
O relevo - o grau de declividade do relevo influencia o escoamento das águas. Em
declividades acentuadas, a água corre mais rapidamente, diminuindo o tempo de infiltração.
Tipo de chuva - chuvas intensas saturam rapidamente o solo não permitindo mais a
infiltração da água que passa a escoar em superfície. As chuvas finas e demoradas têm
mais tempo para se infiltrarem.
Outros fatores como a compactação do solo pelo pisoteio do gado, ou pelo
asfaltamento das ruas também influenciam na capacidade de infiltração do solo.

Fases da infiltração

Distinguem-se três fases no processo de infiltração da água no solo. A fase de


intercâmbio, a de descida e a de circulação.
Na fase de intercâmbio, a água está próxima à superfície do terreno e, por isso,
sujeita a retornar a atmosfera pela evaporação ou absorvida pelas plantas e em seguida
transpirada pelo vegetal.
Na fase de descida, dá-se o deslocamento vertical da água quando a ação de seu
próprio peso supera a adesão e a capilaridade. Esse movimento se efetua até a água
atingir uma camada impermeável do solo.
Na fase de circulação devido ao acúmulo da água constituem-se os lençóis
subterrâneos o aqüíferos que segundo às condições de declividade do terreno passam a
se movimentar obedecendo às leis de escoamento subterrâneo.

Zonas de ocorrência da água no solo

Segundo Pinto et all (1976), em função das forças que atuam sobre a infiltração,
assim como a natureza do terreno, a água pode se encontrar em duas zonas: a zona de
aeração, ou subsaturada ou na zona de saturada. A superfície que separa essas duas zonas
é denominada de piezométrica, ou nível hidrostático.

Zona de aeração: é a parte do solo que está parcialmente preenchida por água,
enquanto o ar preenche os demais espaços livres. Na parte mais superficial da zona de
aeração ocorre a água higroscópica, absorvida do ar e mantida em torno das partículas
de solo por adesão. A intensidade das forças moleculares não permite o aproveitamento
dessa umidade pelas plantas. A água capilar existe nos vazios entre os grãos e é
movimentada pela ação da tensão superficial, podendo ser aproveitada pela vegetação. A
água gravitacional é a água que vence a ação da capilaridade e percola (desce) sob a
influência da gravidade.
Na zona de aeração podemos distinguir três regiões:

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Zona de umidade do solo: é a parte mais superficial, onde a perda
de água de adesão para a atmosfera é intensa. Em alguns casos, é muito
grande a quantidade de sais que se precipitam na superfície do solo após a
Gegrafia e evaporação desta água, dando origem a solos salinizados ou a crostas
Hidrografia Geral ferruginosas (lateríticas).
e do Brasil

Franja de capilaridade: é a região mais próxima ao nível d’água do


lençol freático, onde a umidade é maior devido à presença da zona saturada
logo abaixo.

Zona intermediária: região compreendida entre as duas anteriores e


com umidade menor do que na franja capilar e maior do que na zona superficial
do solo.

Em áreas onde o nível freático está próximo da superfície, a zona intermediária pode
não existir, pois a franja capilar atinge a superfície do solo. São brejos e alagadiços, onde
há uma intensa evaporação da água subterrânea.

Zona de Saturação: é a região abaixo do lençol freático (nível freático) onde a água
ocupa todos os poros ou fraturas da rocha esse encontra sob pressão hidrostática. É nessa
zona que se armazenam a água subterrânea que constituem os aqüíferos.

Águas Subterrâneas

Entende-se por água subterrânea a água situada abaixo da superfície piezométrica.


São as águas subterrâneas, que dada as condições climáticas e topográficas da região,
migrarão em direção aos vales, alimentando os rios e demais corpos d’água, principalmente
nos períodos de estiagem.
As águas subterrâneas desempenham um papel fundamental no abastecimento
público e privado em todo o mundo. Grande parte das necessidades de água da população
urbana e rural é suprida pelos mananciais subterrâneos ou aqüíferos.
Aqüífero é uma formação geológica formada por rochas permeáveis capaz de
armazenar e transmitir quantidades significativas de água. O aqüífero pode ser de variados
tamanhos. Eles podem ter extensão de poucos km2 a milhares de km2, ou também, podem
apresentar espessuras de poucos metros a centenas de metros. Os aqüíferos classificam-
se em freáticos ou livres e artesianos ou cativos, mantidos sobre pressão entre camadas
impermeáveis.
As águas subterrâneas retornam à superfície através das fontes, também conhecidas
como olhos d’água ou nascentes.
Você conhece alguma
fonte em sua cidade? Elas são
importantes como mananciais
dos recursos hídricos locais. Os
poços são mais conhecidos e
disseminados, sobretudo na zona
rural.
As fontes são formas de
surgência das águas
subterrâneas, ou seja, o retorno
natural à superfície das águas de
um aqüífero. Já os poços são

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formas de captação dessa águas pelo homem. Os poços artesianos são captações dos
aqüíferos cativos.

Entre as águas subterrâneas destacam-se os aqüíferos de água mineral pela


importância econômica que apresentam. Denominam-se águas minerais aquelas que,
provenientes de fontes naturais ou artificiais, possuem características químicas, físicas e
físico-químicas que as distinguem das águas comuns e que, por esta razão, lhes conferem
propriedades terapêuticas. (Código de Águas Minerais do Brasil).
As águas provenientes das camadas profundas do subsolo, quando afloram à
superfície, trazem dissoluções de sais minerais e gases, que possuem diversas propriedades
terapêuticas. Essas águas, quando bebidas na fonte por vários dias, agem como uma
lavagem interna do aparelho digestivo, sendo indicada nas infecções e moléstias alérgicas.
As águas minerais, pelo seu grau de temperatura, podem ser classificadas como
termais. As fontes termais são atrativos turísticos de vários Estados do Brasil.

Escoamento Superficial

Escoamento superficial é o segmento do ciclo hidrológico referente ao deslocamento


das águas na superfície terrestre. O escoamento superficial compreende o movimento da
água a partir da menor porção de chuva que, caindo sobre um solo saturado pela infiltração
ou impermeável, escoa pela sua superfície e vai dar origem as enxurradas, rios lagos ou
barragens.
O escoamento superficial tem sua origem fundamental nas precipitações. Vimos,
anteriormente, que parte da água das chuvas é interceptada pela vegetação, outra parte
infiltra-se no solo, outra parte é retida em depressões do terreno e o restante escoa em
superfície logo que a intensidade da chuva supere a capacidade de infiltração no solo e as
superfícies retentoras tenham sido preenchidas.
Os fatores que intervêm no escoamento superficial é a quantidade e intensidade da
chuva e a declividade do relevo. No início do escoamento superficial temos as chamadas
águas livres, película laminar de água que aumenta de espessura à medida que a chuva
continua. A continuidade do processo faz com que a lâmina de água se movimente segundo
caminhos preferenciais ou pequenos canais que formam uma microrrede de drenagem. A
partir dessa microrrede formam-se as torrentes e os cursos d’água propriamente ditos.
Chama-se rede de drenagem ao conjunto dos cursos de água de uma área da superfície
terrestre. A rede de drenagem é constituída tanto pelos pequenos córregos como pelo rio
principal.
Segundo Pinto et all (1976), as águas provenientes das chuvas atingem os cursos de
água por quatro vias diversas:
· escoamento superficial;
· escoamento subsuperficial ou hipodérmico;
· escoamento subterrâneo;
· precipitação direta sobre a superfície livre.

A principal grandeza de análise do escoamento superficial é a bacia hidrográfica,


definida como a área geográfica coletora desse tipo de escoamento. Define-se, também,
como a área definida topograficamente drenada por um curso d’água e seus afluentes de
tal forma que toda a vazão seja descarregada através de uma simples saída. Figx (modelo
da p. 7 de Hidrologia Aplicada de Villela).
Entende-se por vazão o volume de água escoado na unidade de tempo em uma
determinada seção de um curso de água. A vazão de um rio é expressa em metros cúbicos
por segundo.

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O estudo das bacias hidrográficas, pela sua importância no
aproveitamento dos recursos hídricos, será objeto especial do segundo bloco
temário desse livro.
Gegrafia e Entretanto, é importante entendermos que são as águas subterrâneas
Hidrografia Geral e as águas superficiais os segmentos fundamentais do ciclo hidrológico na
e do Brasil
formação e origem dos corpos d’água no planeta Terra.

#
1.
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR

Discuta as principais conseqüências que a falta de cuidado com o Meio Ambiente


pode trazer para o processo natural do ciclo hidrológico.

2. Estabeleça relações entre a dinâmica atmosférica e o ciclo hidrológico.

AS GRANDES MASSAS DE ÁGUA: LAGOS, GELEIRAS E OCEANOS

As Massas de Água Continentais: os Lagos e Geleiras

As águas superficiais, aquelas que se encontram sobre as terras emersas, são os


lagos, grandes reservatórios naturais de água, as geleiras acumulação de água em estado
sólido e bacias hidrográficas que serão estudadas no próximo bloco temático.

As Águas Lacustres e suas Características

Entende-se por Limnologia o estudo dos lagos, do seu relevo, dos movimentos de
suas águas e do ecossistema lacustre. As águas lacustres são normalmente insípidas;
entretanto, existem vários lagos de águas salgadas, cujas causas podem ser: a) a
comunicação direta com o mar, como acontece com as lagoas costeiras; b) a concentração
dos sais existentes nas águas trazidas pelos rios; c) a existência de um antigo mar, do qual

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o lago é um residual; d) a alta
evaporação provocada pelas
condições climáticas. São exemplos
de lagos salgados, entre outros: o
Grande Lago Salgado nas Montanhas
Rochosas na América do Norte, e o
Balcash, na Ásia Central.
No que se refere à temperatura,
os lagos classificam-se em três tipos:
1) os lagos de regime tropical – com
temperaturas sempre acima de 4
graus, jamais se congelam. Ex: O
Lago Tchad, na África; os lagos do
Brasil, etc. 2) Os lagos de regime temperado – apresentam temperaturas de até 4 graus e
estão sujeitos ao congelamento em determinado período. A maioria dos lagos situados na
zona temperada é desse tipo. 3) Os lagos de regime polar – apresentam-se congelados a
maior parte do ano. Aparecem na maioria das altas montanhas e nas regiões de clima frio.
Embora a superfície dos lagos pareça tranqüila, sabe-se que as águas lacustres
possuem movimentos que muito se assemelham aos do mar: ondas, correntes e marés
como acontece nos Grandes lagos norte-americanos e o lago de Genebra na Europa.

O ciclo vital dos lagos

As águas das chuvas e das geleiras alimentam muitos lagos, são, porém, as águas
correntes que representam a grande fonte de alimentação dos lagos. Afluentes são os rios
que alimentam os lagos, e emissários os que servem de escoadouro. O chamado ciclo vital
dos lagos compreende três fases distintas: a juventude, a maturidade e a velhice.
O lago está na juventude quando recebe mais água do que perde.Ex: O Grande
Lago Salgado. Encontra-se na maturidade quando há um certo equilíbrio entre os
recebimentos e as perdas de água. É o tipo mais comum. Está na velhice o lago que perde
mais água do que recebe. O lago Tchad e os lagos-mares Cáspio e Aral são exemplos
desse tipo de lago.

Os lagos segundo sua origem

Os lagos apresentam características diferentes se considerarmos sua origem. Assim,


classificam-se em lagos tectônicos aqueles que aparecem nas grandes fossas criadas por
fraturas e deslocamentos das camadas da crosta terrestre a exemplo do lago Tanganica na
África e o Baical na Ásia. Os lagos vulcânicos ocupam antigas crateras de vulcões como
Crater Lake nos Estados Unidos. Os lagos de barragem são formados pela acumulação
dos materiais carreados pelos rios, geleiras e sedimentos marinhos. A maioria dos lagos
no Brasil é desse tipo. Os lagos residuais correspondem a antigos mares como o Cáspio e
Aral. Os lagos de depressão resultam de depressões fechadas, onde se acumulam as águas
das chuvas e dos rios. Deste tipo são os lagos Tchad na África e o Lob-nor no Tibé na Ásia.

As geleiras ou glaciares

As geleiras ou glaciares são grandes massas de gelo que se acumulam nas regiões
polares e nas altas montanhas. As que se formam nas regiões polares são chamadas
geleiras continentais. Na Groenlândia elas se acumulam nas bacias interiores com uma
espessura em torno de 2000 metros. Na Antártida apresentam-se como verdadeiras calotas
geladas de notável espessura. Essas geleiras são fornecedoras dos icebergs tão perigosos
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à navegação. Lembram-se do filme Titanic? O navio afundou em função de
um iceberg, verdadeira montanha de gelo flutuante no oceano.
Nas regiões montanhosas de clima frio e elevadas precipitações
Gegrafia e atmosféricas aparecem as chamadas geleiras de montanhas ou de vales.
Hidrografia Geral Elas se acumulam nas depressões existentes nas montanhas
e do Brasil
denominadas circos. O crescente aumento de sua massa dá
início à descida pelas encostas, criando a língua da geleira
que percorre vales e avança até dezenas de quilômetros. São
exemplos de geleiras de montanhas as dos Alpes, do Himalaia e
dos Andes, entre
outras.
O domínio
geográfico das
geleiras é bastante
reduzido. Mas nem
sempre assim
aconteceu, pois é
sabido que em
outras eras e, mais
recentemente, no
início da era
quaternária pelo menos o hemisfério norte viu-se coberto por uma extensa calota glaciária.

As águas oceânicas e sua repartição

As águas oceânicas são objeto de estudos da Oceanografia, disciplina que trata


dos processos físicos, químicos, físicos e geológicos dos oceanos.
A história da Terra está estreitamente ligada aos oceanos. Eles regulam a maior
parte dos processos que ocorrem nas terras emersas e são os grandes armazenadores da
água que chega à superfície terrestre sob a forma de precipitação. Têm um papel importante
na circulação atmosférica. Os movimentos da água do mar, como as correntes e marés são
fundamentais para a vida nos mares e do homem para quem os oceanos são importantes
fontes de recursos. Navios que cruzam as águas oceânicas e as riquezas minerais que são
retiradas do mar demonstram a sua importância para a sociedade.
Cerca de 370 milhões de km2 da superfície terrestre são ocupados pelas águas
oceânicas, constituindo os oceanos e mares. Na realidade, existe um só oceano, pois nenhum
obstáculo separa essa imensa massa líquida. Entretanto, a disposição das áreas continentais
permite que reconheçamos três grandes oceanos: o Pacífico, o Atlântico e o Índico. A tradição
admite mais dois menores: o Glacial Ártico e o Glacial Antártico.
O Oceano Pacífico, o mais extenso dos oceanos, situa-se entre as terras da América
a leste, e as terras da Ásia e da Austrália a oeste, e ocupa uma área maior que a de todos
os continentes reunidos. Sua forma elíptica é fechada ao norte e aberta ao sul. Possui uma
quantidade expressiva de ilhas e de arquipélagos de origem vulcânica ou coralígena.
O Pacífico possui as maiores profundidades do planeta. As fossas submarinas como
de Mindanau (11682m), Emden (10793) Marianas (9636) são alguns exemplos dessas
profundidades.
Durante muitos séculos os europeus ignoraram a existência desse imenso oceano.
Foi Fernão de Magalhães o primeiro europeu a percorrê-lo de ponta a ponta, quando tentava
realizar sua célebre volta ao redor do mundo em 1521.

16
O Oceano Atlântico, situado entre o continente americano, do lado ocidental e a
Europa e a África, do lado oriental, tem a forma de um grande S. A sua posição geográfica
entre as terras da Europa e as da América o colocou como o mais navegado e o oceano
mais importante. Comparado ao Pacífico, o Oceano Atlântico possui poucas ilhas e
arquipélagos e seus trechos mais profundos situam na Antilhas com as fossas das Virgens
(8526m) e Milwaukee (9460m). Na costa brasileira, as maiores profundidades não vão além
de 6000m.
O Oceano Índico localiza-se quase totalmente na zona intertropical. Situado ao sul
da Ásia, tem a África a ocidente e a Austrália a oriente. O Índico é fechado ao norte e abre-
se largamente ao sul. Durante muito tempo foi conhecido como Mar das Índias, através das
referências históricas de fenício e árabes. Suas maiores profundidades encontram-se nas
proximidades das Ilhas de Sonda, onde se encontra a fossa de Java com 7450 metros.
Os oceanos glaciais caracterizam-se por apresentarem sua superfície congelada
quase permanentemente. Na realidade são prolongamentos dos grandes oceanos.
O Glacial Ártico é um verdadeiro mar mediterrâneo formado pelo Atlântico, ao norte
da América, da Europa e da Ásia. O Glacial Antártico caracteriza-se por ser totalmente
aberto, de maneira que se torna difícil definir os seus limites com os grande oceanos.
Circunda o continente antártico e atualmente vem sendo objeto de estudo de várias nações
que lá estabeleceram bases de pesquisa científica.

Os Mares

Qual a diferença entre mar e oceano se até agora usamos os dois termos como
semelhantes? Há muitas diferenças entre um mar e um oceano. Elas dizem respeito ao
tamanho, às características físico-químicas, à profundidade e a forma. Enquanto os oceanos
ocupam grandes extensões, possuem profundidades acentuadas; os mares sofrem uma
grande influência das massas continentais e apresentam características como salinidade e
temperatura bem definidas. Muitos mares são apenas denominações locais de certas partes
dos oceanos, que devido a influência das terras que margeiam, apresentam características
particulares. Podemos classificar os mares em três categorias: mares costeiros, mares
continentais e mares fechados.
Os mares costeiros, abertos ou adjacentes são os que se comunicam com os
oceanos que os formam através de aberturas mais ou menos amplas e não sofrem de
maneira tão intensa as influências das massas continentais. Dentro desta categoria, é
possível distinguir dois tipos: a) os mares-manchas e os mares golfos. Os mares manchas
posuem duas ou mais saídas constituindo-se em grandes estreitos, como é o caso do Mar
da Mancha, do Mar do Norte, do Mar Egeu, do Mar de Bering, entre outros. Os mares do
Golfo são abertos apenas um lado e apresentam o formato de um saco, a exemplo dos
mares das Antilhas, Omã e o Golfo do México.
Os mares continentais, interiores ou mediterrâneos acham-se intimamente
ligados aos continentes, nos quais penetram, às vezes, profundamente, comunicando-se
com os oceanos por meio de passagens estreitas. Sofrem a influência do clima e dos rios
das terras próximas, são geralmente pouco profundos e recebem menor influência das águas
oceânicas. O melhor exemplo desse tipo é o próprio mar Mediterrâneo juntamente com
seus mares secundários: Adriático e Negro. O mar Báltico e o Mar Vermelho pertencem à
mesma categoria.
Os mares fechados ou isolados são verdadeiros lagos de águas salgadas, sem
nenhuma comunicação com o oceano. A influência das terras que os cercam é forte e qualquer
desequilíbrio no aporte de águas fluviais que recebem pode provocar o seu desaparecimento.
São exemplos desse tipo o Mar Cáspio, o Mar de Aral e o Mar Morto.

17
Tanto os mares como os oceanos são muito importantes para a
humanidade pis além dos recursos que oferecem são um traço de união entre
os povos, oferecendo meios de estreitas mais as relações entre os seres
Gegrafia e humanos.
Hidrografia Geral Topografia das bacias oceânicas. O relevo das bacias oceânicas
e do Brasil
varia de um lugar para outro refletindo os processos internos da terra. Para
determinar as características do fundo do mar várias pesquisas vêm sendo
efetuadas ao longo dos anos e o instrumental utilizado torna-se cada vez mais sofisticado.
Os resultados dessas pesquisas indicam que existem três feições topográficas comuns a
todos os oceanos: as margens continentais, os soalhos das bacias oceânicas e os
grandes sistemas de cordilheiras oceânicas. Além dessas feições há uma grande
semelhança entre o relevo do fundo do mar e o relevo dos continentes. Montanhas, planaltos,
planícies e profundas depressões se sucedem cuja particularidade é a predominância dos
processos de sedimentação nas profundezas oceânicas.
A margem continental é comumente formada por dois tipos de seqüência no sentido
terra-mar: 1) plataforma-talude-elevação ou 2) plataforma talude-fossa-crista. A plataforma
continental é a região submersa que aparece logo depois da orla litorânea, com profundidades
que vão de 10 a 500 metros. Sua largura é bastante variável: apresenta-se estreita no lado
ocidental da América e alarga-se enormemente ao redor das Ilhas Britânicas. O limite da
plataforma continental em direção ao mar é denominado de quebra da plataforma quando
começa o talude continental que se caracteriza por apresentar vários escarpamentos onde
as profundidades são variadas. Alguns taludes constituem-se no lado continental de uma
fossa profunda, como é o caso das fossas de Porto Rico, Aleutas e Peru nas Américas. A
elevação continental é uma feição deposicional situada ao pé do talude. Essas elevações
apresentam canyons ou canhões que são canais que transportamos sedimentos dos rios
rumo ao mar. O canhão do S. Francisco e do Amazonas vêm sendo objetos de pesquisa
dada a sua importância na dinâmica marinha da costa brasileira e mesmo da América do
Sul.
O soalho das bacias oceânicas compreende a feição topográfica entre a margem
continental e os sistemas de cordilheiras oceânicas. Constitui cerca de um terço das bacias
dos oceanos Atlântico e Índico e cerca de três quartos da bacia do oceano Pacífico.
Montanhas marinhas, vulcões, planos abissais, ilhas oceânicas são feições encontradas no
soalho oceânico. Muitas ilhas oceânicas têm origem vulcânica como as ilhas do Hawai.
Os sistemas de cordilheiras oceânicas formam uma série de áreas topograficamente
altas e interligadas presentes em todos os oceanos. Elas, em geral, limitam as grandes
placas tectônicas que constituem a litosfera do globo. Esses sistemas também são
conhecidos por cordilheiras meso-oceânicas onde são representativas as feições vulcânicas
e de falhamentos. Na região central
da Cordilheira Meso-Atlântica há um
rift-valley (vale de falha)
caracterizado por fortes terremotos
e fluxos de calor.

18
#
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR

1. É possível relacionar as águas superficiais com a estrutura geológica da Terra?


Justifique.

2. Descreva a importância dos oceanos na dinâmica exercida pela hidrosfera em nosso


planeta.

A DINÂMICA DOS OCEANOS

As propriedades da água dos oceanos e os movimentos da água do mar sempre


foram de objeto estudos e pesquisa dada a importância que apresentam para a humanidade.
Métodos foram criados ajudando a entender-se a dinâmica dos oceanos.
Propriedades físicas e químicas da água do mar – as águas oceânicas constituem
uma imponente massa líquida onde corpos de toda espécie podem ser encontrados em
suspensão. Corpos simples como o ouro, os gases como o azoto, o oxigênio, o gás carbônico
e o ácido sulfúrico são aí encontrados. Entretanto são os sais os elementos característicos
das águas do mar.
A salinidade ou o grau de salinidade do oceano é definida como o número de
gramas de sais em 1000 gramas de água do mar. Dentre esses sais, predomina, com
77.8%, o cloreto de sódio ou sal de cozinha, embora existam outros em menores quantidades
como o cloreto de magnésio, o sulfato de magnésio ( sal amargo), o sulfato de cálcio (gesso),
o sulfato de potássio, o carbonato de cálcio (giz), o brometo de magnésio e outros.
A salinidade da água do mar varia de um lugar para outro, em virtude de numerosos
fatores, tais como a quantidade de rios de chuvas, a temperatura das águas, os ventos e
as correntes marinhas. Os rios e as chuvas quando abundantes concorrem para diminuir a
salinidade. A temperatura quando elevada e os ventos muito fortes favorecem a evaporação
tornando as águas mais salinas. Já as correntes marinhas desempenham o papel de
transportadoras dos sais marinhos de uma região para outra.

19
Nos mares do globo, a salinidade apresenta grandes contrastes: o
Báltico e o Negro, por exemplo, são pobres em sais, ao passo que o Mar
Vermelho e o Mar Morto incluem-se entre os que apresentam maior grau de
Gegrafia e salinidade na Terra.
Hidrografia Geral Qual a origem dos sais nas água do mar? Muitas são as hipóteses. As
e do Brasil
mais referidas são as que lhes dão uma origem magmática, admitindo que
foram expelidas da própria crosta terrestre em virtude das grandes pressões
internas do planeta; ou as que os considera terrígenos, isto é, provenientes das áreas
continentais e conduzidos em dissolução e em quantidades ínfimas , durante milhões de
anos pelas águas dos rios.
Temperatura da água do mar – podemos considerar os oceanos como grandes
bombas em que o calor circula do Equador para os Pólos. De modo geral, a superfície das
águas oceânicas apresenta temperaturas idênticas às do ar com que está em contato,
dependendo estreitamente das latitudes, São mais altas na região intertropical e mais baixas
nas regiões temperadas e polares.
A temperatura das águas pode variar conforme o tipo de mar e de um oceano para
outro. Como vimos os mares abertos apresentam grande identidade com os oceanos que
os formam. Já os mares mediterrâneos ou continentais oferecem maiores variações. O
Oceano Índico é o mais quente dos oceanos por estar situado na zona Intertropical.
Em relação as águas profundas, registra-se de início uma diminuição à proporção
que a profundidade aumenta. Mas a partir de 1000 metros a diminuição já é mais lenta com
tendência à estabilidade.
Os gelos do mar - Em virtude da sua maior densidade, as águas do mar congelam-
se somente quando a temperatura desce a -2 graus e – 3 graus centígrados. Mas essa
congelação é apenas superficial. A crosta de gelo formada pelo congelamento das águas
superficiais dos mares e oceanos denomina-se banquisa. A banquisa é uniforme e plana e,
em geral, dissolvem-se ao terminar a estação fria e difere dos icebergs porque estes são
formados nas geleiras, de águas insípidas e que descem da terra para o mar.
Densidade da água do mar - é função da temperatura e da salinidade. Quanto
maior for a temperatura, menor será a densidade para uma determinada salinidade; e quanto
maior a salinidade, maior será a densidade para uma dada temperatura. A densidade das
águas dos oceanos, juntamente com a radiação solar, são responsáveis pela circulação
dos oceanos.

Circulação Oceânica

A circulação oceânica responde as diferentes interações entre a energia solar com a


superfície terrestre criando dois sistemas: o da circulação dirigida ou das camadas
superficiais dos oceanos e o da circulação oceânica de profundidade. A circulação superficial
é dirigida pelos ventos gerados na atmosfera por aquecimento diferencial. A circulação de
profundidade tem origem na evaporação e refrigeração, que produzem variações na
densidade das águas.
Correntes de superfície – é o sistema de circulação das águas oceânicas dirigido,
sobretudo, pelos ventos. Outros fatores como a conformação das bacias oceânicas, as
diferenças de densidade das águas e a rotação da Terra também exercem influência sobre
as correntes marinhas. Chamam-se correntes marinhas os verdadeiros rios de água salgada
que percorrem largos trechos do oceano seguindo as principais direções do vento. Existem
dois grandes focos de dispersão dessas correntes: a região equatorial de onde partem
correntes quentes que se dirigem para as altas latitudes; e as regiões polares de onde
procedem correntes frias, que tomam o rumo do Equador.

20
As correntes marítimas do Oceano Atlântico são as mais conhecidas. De sua porção
equatorial partem duas: a corrente Norte Equatorial e a Sul Equatorial, ambas quentes. A
primeira vai dar origem a importante corrente do Golfo, ao passo que a segunda se biparte,
formando a corrente das Guianas e a corrente do Brasil. Das regiões árticas procedem a
corrente do Labrador e a corrente da Groenlândia, enquanto das regiões antárticas vem a
corrente das Falklands, que se prolonga com o nome de corrente de Benguela..
Das correntes atlânticas, a mais conhecida é a do Golfo no Atlântico Norte. Origina-
se no extremo leste do Golfo do México do encontro das águas da corrente Norte Equatorial
com as da corrente das Guianas. A corrente do Golfo desloca-se em direção ao norte,
através do estreito da Flórida e alcança a margem continental na altura do Cabo Hatteras,
onde se volta para mar aberto. Na latitude dos Açores bifurca-se. Um ramo bem mais ao
norte torna-se a corrente do Atlântico Norte que é responsável pelo aquecimento das Ilhas
Britânicas, a Islândia e as costas da Noruega, indo morrer no oceano Glacial Ártico. O outro
ramo abre-se em leque e alcança as costas da França, da península Ibérica e da costa do
Marrocos, formando a corrente das Canárias. A importância da Corrente do Golfo advém
do fato dela influir de maneira decisiva sobre as condições climáticas das regiões por ela
banhadas.
No oceano Pacífico, também existem duas correntes quentes que se formam nas
vizinhanças do Equador: a Norte Equatorial que se transforma na importante corrente do
Japão ou Curo-sivo (Rio Negro) e a Sul Equatorial que se prolonga com o nome de corrente
da Austrália. Dentre as correntes frias, destacam-se a corrente da Curilas procedente do
mar de Bering e a corrente de Humboldt ou do Peru, oriunda do oceano Antártico. A corrente
do Japão tem muitas semelhanças com a do Golfo face sua importância no clima das áreas
que banha. A corrente de Humboldt acompanha as costas do Chile e do Peru, na América
do Sul. Ricas em plâncton, suas águas atraem muitos peixes.Durante o fenômeno do El
Niño, ela desaparece e deixa em seu lugar uma corrente quente, diminuindo o plâncton e
aumentando as precipitações pluviométricas na costa sul-americana do Pacífico.
No oceano Indico, na parte situada ao norte do equador, aparece as correntes das
Monções, que obedecem ao regime dos ventos que ali predominam. Ao sul da linha equatorial
aparecem duas correntes: a das Agulhas e a de Madagascar.
Nos oceanos glaciais aparecem a corrente da Groenlândia, na banda oriental do
Ártico; e a corrente Antártica, que contorna todo o continente austral.

21
Circulação Oceânica em Profundidade

Na circulação oceânica, principal fator é a estratificação da água devido


Gegrafia e à densidade. O grau de salinidade e as condições de temperatura da água do
Hidrografia Geral mar geram uma circulação denominada de termosalina. Formam–se, assim,
e do Brasil
massa de água nos oceanos provocando a circulação oceânica de
profundidade. Dessa massa de água, as mais estudadas são as Águas
profundas do Atlântico Norte, que sofrem a influência da Corrente do Golfo e as Águas
Antárticas de Fundo.

Ondas e Marés

Além da circulação dos oceanos, existem outros tipos de movimentos do mar. São
os movimentos periódicos conhecidos como ondas e marés. As ondas ou vagas constituem
o resultado do movimento ondulatório que se processa na superfície das águas, em virtude
do vento ou da transmissão de energia ao oceano através de um terremoto ou de uma
explosão vulcânica. As ondas provocadas por fenômenos sísmicos são conhecidas como
tsunami. É uma onda gigante que possui alto poder destrutivo quando chega à região costeira.
A palavra vem do japonês “tsu” (porto, ancoradouro) e “nami” (onda, mar).
Você sabia que o Tsunami que provocou milhares de mortes nas costas do Pacífico
e do Indico teve origem nos movimentos das placas tectônicas existentes naquela área?
Um terremoto de nove pontos na escala Ritcher provocou ondas de até 10m de altura que
atingiu vários países da Ásia, provocando destruição e mortes nas costas atingidas.
Nas ondas de superfície o vento e as características da margem continental são
responsáveis pelas suas características. Numa onda distinguimos a crista a parte mais alta
de uma onda e o cavado a sua parte mais baixa. A distância da crista ao cavado define a
altura da onda. O comprimento de uma onda, isto é a distância que separa duas cristas
sucessivas corresponde 25 ou 30 vezes a sua altura. O tempo decorrido entre uma onda e
outra é medido pela passagem de duas cristas sucessivas por um ponto fixo e costuma ser
de seis a oito segundos. Quanto à velocidade, a média é de doze metros por segundo.

Marés

As águas do mar não permanecem sempre no mesmo nível, caracterizando-se por


elevações e abaixamentos. A este movimento cíclico dá-se o nome de marés. Quando as
águas se põem a subir, tem lugar o fluxo ou a enchente da maré. Nesta ascensão levam,
em média seis horas e doze minutos, ao fim dos quais as águas atingem sua máxima
elevação: é a maré alta ou preamar.
Em seguida, as águas permanecem como que paradas durante uns sete a 8 minutos,
ao fim do que se inicia a descida da maré – refluxo ou a vazante, cuja duração é também de
seis horas e doze minutos. Quando as águas alcançam o ponto de maior abaixamento,
tem-se a maré baixa ou baixa-mar. A que se segue nova parada e depois outro fluxo de
enchente. E assim sucessivamente.
A altura da maré, isto é, a diferença entre a preamar e a baixa-mar é bastante variável.
Diversos fatores podem explicar essas variações, bastando dizer que nos mares continentais
e no alto mar costuma ser insignificante, já nos litorais alcança alturas notáveis, sobretudo
nos mares estreitos ou em golfos e baías.
Nas costas brasileiras registram-se alturas entre dois e oito metros, sendo que em
São Luís no Maranhão são registradas as maiores alturas.
As marés são de origem astronômica, decorrem da atração exercida pela Lua e
pelo Sol sobre a massa líquida dos oceanos, onde a Lua desempenha o principal papel.

22
Segundo a lei de Newton (lei da gravidade) o sistema Terra-Lua equilibra-se como
um todo pela forças de atração e centrífuga, mas os dois corpos reagem á força resultante
naquele ponto. O principal efeito dessa força é sobre os oceanos. Assim no ponto em que
nosso planeta estiver voltado para a Lua, como do lado oposto a esse ponto, forma-se uma
saliência da massa líquida – é a maré alta. Ao mesmo tempo, nos pontos que a atração não
é exercida, há um abaixamento das águas - é a maré baixa. Ora, em virtude do movimento
de rotação, tais saliências e tais abaixamentos das águas se vão sucedendo com
regularidade o que explica a alternância do fluxo e do refluxo das marés.
Além do efeito dominante da Lua, o Sol
exerce uma forte influência sobre as marés. Na
Lua Nova ou na Lua Cheia quando o sistema Sol-
Terra-Lua se acham em conjunção ou oposição,
Isto é, alinhados, registram-se as chamadas
marés de águas-vivas ou de sizígias (marés muito
altas) originadas da coincidência da atração dos
dois astros no mesmo sentido. Ao contrário, no
Quarto Crescente ou no Quarto Minguante, as
atrações dos dois astros sobre a Terra se
contrariam registrando-se fracas marés: são as
marés de águas mortas ou de quadratura.
Como as marés constituem fenômenos
periódicos, em um fluido, elas vão sofrer a influência da configuração dos oceanos, baías,
estreitos, braços de mar, etc. Por esta razão, o ciclo da maré apresenta diferenças de um
lugar para outro. Essas diferenças obrigam construção de tabelas ou tábuas de marés,
onde os especialistas estabelecem previamente as seqüências e amplitude das marés
para os portos marítimos de toda a Terra.
Resta mencionar os efeitos das marés ao contato com as águas de certos rios. Por
ocasião da subida ou fluxo da maré, as águas do mar avançam de encontro às águas fluviais.
Dependendo da diferença de densidade, velocidade e quantidade das águas fluviais, o
turbilhonamento das águas em conflito provocam um fenômeno chamado macaréu. No Rio
Amazonas, o macaréu é conhecido pelo nome de pororoca, sendo acompanhado por um
surdo rumor ouvido a 10 km.

# 1.
[ ]Agora é hora de
TRABALHAR
Explique a importância das correntes marinhas na
dinâmica dos oceanos.

2. Relacione as correntes marinhas a dinâmica atmosférica do nosso planeta.

23
A BACIA HIDROGRÁFICA: UNIDADE
FUNDAMENTAL NO ESTUDO DOS
Gegrafia e
Hidrografia Geral
RECURSOS HÍDRICOS
e do Brasil

VARIÁVEIS INTERVENIENTES NA DINÂMICA DAS BACIAS


HIDROGRÁFICAS

Vimos, anteriormente, que dentre os elementos do ciclo-hidrológico na sua fase


terrestre aparece o escoamento superficial definido por Villela e Matos (1975) “como a
parte da precipitação que se desloca livremente pela superfície do terreno, até o escoamento
de um rio, que pode ser alimentado tanto pelo excesso de precipitação como pelas águas
subterrâneas”.
Vimos, também, que o estudo das bacias hidrográficas é fundamental na
caracterização dos recursos hídricos de uma região. Tanto assim que as bacias hidrográficas
vêm sendo consideradas no planejamento ambiental como uma unidade fundamental de
análise dos recursos hídricos.
A bacia hidrográfica é conceituada por vários autores como uma área definida
topograficamente, drenada por um curso d’água ou um sistema conectado de cursos d’água
tal que toda vazão efluente seja descarregada através de uma simples saída.
Para melhor entendimento do balanço da água numa bacia Villela e Matos (1975)
apresentam um modelo de sistema hidrológico simples. Podemos entender o comportamento
da água numa bacia considerando uma superfície plana inclinada impermeável confinada
em todos os quatro lados com uma saída em uns dos cantos. A precipitação que cai na
bacia tenderá a se dirigir para a única saída. O balanço entre a água que sai – a vazão- será
a diferença entre a precipitação e a água que ficou armazenada na superfície.

As bacias podem ser classificadas de acordo com sua importância, como principais
(as que abrigam os rios de maior porte), secundárias e terciárias; segundo sua localização,
como litorâneas ou interiores.
Toda bacia hidrográfica é contornada por um divisor de água, isto é, a linha de
separação que divide as precipitações que caem em bacias vizinhas. O divisor de água
une os pontos mais altos (cotas) entre bacias direcionando as águas superficiais para um
ou outro sistema de drenagem. O divisor d’água estabelece os limites da bacia e a sua
forma.

24
O estudo de uma bacia hidrográfica passa pela análise da dinâmica fluvial. Toda
bacia possui um sistema de drenagem constituído por um rio principal e seus afluentes. Daí
a necessidade de compreendermos o comportamento do escoamento fluvial como variável
importante na caracterização das bacias hidrográficas

Escoamento Fluvial

Segundo Christofolleti (1974), entende-se por escoamento fluvial a quantidade total


de água que alcança o canal de escoamento. Os canais de escoamento são áreas
preferências por onde as águas superficiais se movimentam na superfície terrestre.
Geológica; e geomorfologicamente todo fluxo canalizado denomina-se de rio. Rio é uma
corrente contínua de água, mais ou menos caudalosa, que deságua noutra, no mar ou lago.
Chama-se rio o principal e maior dos elementos de uma bacia de drenagem. Os cursos de
água menores são designados como riacho, arroio, ribeirão e ribeiro.
Os rios classificam-se quanto o fluxo de água que recebem durante o ano em
efêmeros, intermitentes e perenes. Os rios efêmeros comportam o fluxo de água durante e
imediatamente após uma chuva. Os cursos de água que funcionam durante parte do ano,
mas tornam-se secos no decorrer da outra, são designados de rios intermitentes. Aqueles
cursos que drenam água no decorrer do ano são denominados de rios perenes. Os rios das
regiões úmidas são rios efluentes, pois recebem contribuição contínua de água subterrânea;
já nas regiões áridas e semi-áridas eles perdem água para o subsolo e são classificados
como influentes. A variação do nível das águas fluviais no decorrer do ano corresponde ao
regime fluvial, e o volume de água medido em metros cúbicos por segundo é a vazão ou
débito fluvial.
O fluxo da água de um rio pode ser laminar ou turbulento. É laminar quando escoa ao
longo de um canal reto, suave e a baixas velocidades. O fluxo turbulento caracteriza-se por
uma velocidade maior e movimentos caóticos, com muitas correntes secundárias contrárias
ao fluxo principal. O fluxo turbulento classifica-se em turbulento corrente, o mais comum, e o
turbulento encachoeirado, encontrado nas cachoeiras e corredeiras.

O Trabalho dos Rios

Os rios têm um papel importante nos processos de elaboração do modelado terrestre.


O trabalho dos rios sobre o relevo terrestre pode ser pelo transporte, erosão e deposição
do material detrítico. Os processos de intemperismo que agem sobre as vertentes geram
sedimentos que são carregados pelos rios de três maneiras diferentes, solução, suspensão
e saltação.
O material dissolvido pela ação da água subterrânea é transportado em solução
química até o rio e constitui a carga dissolvida dos cursos de água. Os sedimentos como
os siltes e as argilas formam a carga em suspensão e as areias e cascalhos formam a
carga do leito do rio. Nos rios brasileiros a carga transportada pelo sistema fluvial permite
classificá-los em rios brancos, quando predomina a carga em suspensão, e rios negros
quando predomina a carga dissolvida. Já a carga de leito influencia na capacidade –
quantidade de detritos transportados pelo rio - e na competência do rio - tamanho dos
detritos transportados.
A erosão fluvial é realizada através dos processos de corrosão, corrasão e cavitação.
A corrosão é um processo químico resultante da reação entre a água e as rochas superficiais
que com ela entra em contacto. A corrasão é o desgaste das rochas, que afloram no canal
do rio, provocado pelo atrito mecânico. As marmitas gigantes depressões que aparecem
no canal dos rios são um tipo de corrasão. A cavitação ocorre sob velocidades elevadas da
água provocando a fragmentação das rochas.

25
A deposição da carga detrítica carregada pelos rios ocorre quando há
diminuição da competência ou da capacidade fluvial. Essa sedimentação fluvial
origina formas como as planícies de inundação e os deltas dos rios. A planície
Gegrafia e de inundação ou várzea é formada pelos materiais – aluviões - depositadas
Hidrografia Geral no canal fluvial ou fora dele. Os deltas são formados pela deposição de carga
e do Brasil
detrítica pelo rio quando escoa para o mar ou para um lago.

Leitos Fluviais

Os rios apresentam os seguintes tipos de leito: a) leito de vazante - ocupa a linha de


maior profundidade de leito denominada de talvegue; b) leito menor - encaixado entre as
margens bem definidas; c) leite maior ou sazonal - ocupado periodicamente pelas cheias;
d) leito maior excepcional - onde ocorrem as cheias mais elevadas.

Canais Fluviais

Os canais fluviais podem ser classificados em sinuosos, anastomosados,


meandrantes, retos e ramificados. Os canais sinuosos são os mais comuns; os
anastomosados apresentam vários canais secundários decorrentes da carga sedimentar
que o rio deposita no seu próprio leito, fazendo com que o rio se ramifique. Os canais
meandrantes descrevem curvas sinuosas, largas, harmoniosas e semelhantes entre si,
através de um trabalho contínuo de escavação na margem côncava e de deposição na
margem convexa. Os canais retos aparecem em áreas de controle estrutural – falhas e
fraturas tectônicas. Os canais ramificados quando o canal se divide em função de uma ilha.
O caso mais famoso de canal ramificado é o do rio Araguaia que contorna a Ilha do Bananal
com dois braços de rio.

#
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR

1. Descreva a estrutura de uma bacia hidrográfica.

2. Diferencie rede hidrográfica de bacia hidrográfica.

26
ANÁLISE DE BACIAS HIDROGRÁFICAS

Nas análises de bacias hidrográficas, a determinação de suas características


morfológicas e as medições planimétricas e lineares oferecem subsídios ao levantamento
do potencial hídrico da rede de drenagem em estudo. Entre os índices utilizados nesses
levantamentos temos os que se seguem.
O sistema fluvial é composto por um conjunto de canais de escoamento
interrelacionados que formam a bacia hidrográfica ou bacia de drenagem. Conforme o
escoamento global, as bacias de drenagem podem ser classificadas em exorreicas,
endorreicas, arreicas e criptorreicas.
Uma bacia é exorreica quando as suas águas desembocam diretamente no mar ou
oceano. As bacias endorreicas quando o escoamento não chega até o mar. Essas bacias
podem se desembocar em lagos, dissipam-se nas areias dos desertos ou em depressões
cársicas.A drenagem arreica aparece em áreas desérticas e áridas onde a precipitação é
baixa e os canais de drenagem não apresentam estruturação. As bacias criptorreicas são
subterrâneas como nas áreas cársicas.

Padrões de Drenagem

Os padrões de drenagem são definidos como o arranjo espacial dos cursos d’água.
Essa configuração resulta da natureza e da declividade das camadas rochosas e pela
evolução geomorfológica da região. Os padrões básicos são:
Drenagem dendrítica sua configuração assemelha-se aos ramos de uma árvore;
drenagem em treliça, padrão composto por rios principais que correm paralelamente e
afluentes cujas confluências se faz em ângulos retos. Essa forma espacial deve-se ao controle
estrutural da geologia da área; drenagem retangular: trata-se de uma derivação da drenagem
em treliça. Essa configuração resulta do controle exercido por falhas e fraturas do terreno;
drenagem paralela: nela os cursos d’água escoam paralelamente como os fios de um rabo
de cavalo. O controle estrutural está presente influenciada pela presença de declividades
acentuadas; drenagem radial - os canais fluviais encontram-se dispostos como os raios de
uma roda, em relação a uma área central; drenagem anelar os rios apresentam uma
configuração em forma de anéis.
A análise dos padrões de drenagem de uma bacia oferece informações importantes
ao pesquisador com referência à geologia e aos fenômenos estruturais presentes na área,
às formas de relevo e aos processos geomorfológicos atuantes.

Hierarquia Fluvial

Uma bacia hidrográfica evidencia a hierarquização dos rios, ou seja, a organização


natural por ordem de menor volume para os mais caudalosos, que vai das partes mais altas
para as mais baixas.
A determinação da hierarquia fluvial numa bacia é um procedimento importante na
análise e determinação da importância de uma rede de drenagem no âmbito dos recursos
hídricos de uma região.

27
A hierarquia fluvial consiste na classificação de um curso d’água no
contexto de toda a bacia. A análise hierárquica de uma bacia compreende o
entendimento de alguns conceitos como rede fluvial, confluência, fonte,
Gegrafia e nascente ou manancial, segmento fluvial, ordem e rio base, tributários, sub-
Hidrografia Geral bacias.
e do Brasil
Rede fluvial ou rede de canais compreende o conjunto de rios em
determinada área, a partir das nascentes até a foz ou desembocadura dessa
rede. A confluência refere-se ao lugar onde dois canais se encontram. Fonte ou nascente
de um rio é o lugar onde o mesmo se inicia. Segmento fluvial é o trecho do rio ao longo do
qual ele apresenta uma certa classificação ou ordem. Rio base de uma determinada rede é
o rio que recebe somente tributários de ordem inferior à sua. Tributários o mesmo que
afluentes rios ou canais que deságuam em outro rio. Sub-bacias tributarias de uma bacia
hierarquicamente superior.
Dois nomes importantes aparecem como referências na análise hierárquica das
bacias e canais fluviais. São eles, Robert Horton (1945) e Arthur Strahler (1952), que criaram
métodos para determinar a classificação dos cursos d’água..
Horton propôs os critérios iniciais para a ordenação dos canais fluviais. Assim, ele
classificou como:
Canais de primeira ordem – aqueles que não possuem tributários, afluentes.
Canais de segunda ordem – somente recebem afluente de primeira ordem.
Canais de terceira ordem – podem receber um ou mais afluente de segunda ordem
e também de primeira ordem.
Canais de quarta ordem – recebem afluentes de terceira ordem e de outra ordem
inferior. E assim sucessivamente.
Entre dois canais confluentes será classificado como de ordem superior aquele que
se apresentar maior comprimento.
O rio principal da bacia é identificado pela mesma ordem da sua nascente até a sua
desembocadura.

Strahler, considerando as decisões subjetivas que o modelo de Horton apresentava,


adotou um sistema diferente para a hierarquização dos canais. Para Strahler:

Canais de primeira ordem – os menores canais sem tributários, estendendo-se das


nascentes até a confluência.
Canais de segunda ordem – surgem da confluência de dois canais de primeira ordem,
e só recebem canais de primeira ordem.
Canais de terceira ordem – recebem dois canais de segunda ordem podendo receber
afluentes de segunda e de primeira ordem. E assim sucessivamente.
O modelo de Strahler elimina o conceito de rio principal.

Forma, Área da Bacia e Densidade


Hidrográfica

As características físicas de uma bacia


hidrográfica são importantes na identificação do seu
comportamento hidrológico, ou seja, da sua
contribuição no escoamento das águas em seus
limites.
De um modo geral, as grandes bacias têm a
forma de uma pêra ou de um leque, mas as pequenas

28
bacias podem apresentar formatos variados. Existem alguns índices para se calcular a forma
das bacias correlacionando-a com figuras geométricas, como um retângulo, um círculo ou
um triângulo.
A área de uma bacia é a área plana delimitada pelos divisores de água A área é
calculada por planimetria em mapas através do uso de escalas e expressa em hectares ou
quilômetros quadrados. A determinação da área de uma bacia é fundamental para o cálculo
de outros parâmetros físicos.
Já a densidade hidrográfica estabelece a relação entre o numero de rios ou cursos
d’água e a área da bacia. Esses índices são importantes como indicadores do
desenvolvimento de um sistema de drenagem.

BACIAS HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS

O Brasil é um país privilegiado em recursos hídricos, possui a maior disponibilidade


hídrica do planeta, ou seja, 13,8% do deflúvio médio mundial. Entretanto, a distribuição
dessa água não é uniforme assim, a zona semi-árida do Nordeste brasileiro apresenta
menor disponibilidade de águas, estando ciclicamente submetida ao fenômeno das secas.
Já na região Norte o sistema fluvial amazônico contribui com % de água doce para o oceano
Atlântico. Esse é um dos fatores que obriga o país a adotar um sistema nacional de recursos
hídricos, com gestão integrada, tendo a bacia hidrográfica como unidade de planejamento
e gerenciamento.

A rede hidrográfica do país é a mais extensa do Globo, com 55.457km2. Muitos de


seus rios destacam-se pela profundidade, largura e extensão, o que constitui um importante
recurso natural. A maioria dos rios
brasileiros possui um regime
fluvial (alimentados pelas
precipitações), apenas o rio
Amazonas se caracteriza por
regime misto (fluvial e nival –
alimentação através do
derretimento das neves). Os rios
perenes são a maioria e os rios
intermitentes ou temporários
aparecem na zona semi-árida.
As bacias brasileiras
classificam-se em dois tipos: bacias de planície e bacias de planalto. No Brasil predominam
os rios de planalto e o elevado índice pluviométrico, juntamente com os desníveis topográficos,
contribuem para torná-los as fontes mais importantes de geração de eletricidade. O Brasil
possui um número expressivo de usinas hidrelétricas. Dentre os grandes rios nacionais,
apenas o Amazonas e o Paraguai são predominantemente de planície e largamente
utilizados para a navegação. Os rios São Francisco e Paraná são os principais rios de
planalto.
A rede hidrográfica brasileira tem sete bacias principais: Bacia Amazônica, Bacia
do Araguaia/Tocantins, Bacia Platina composta pelas sub-bacias dos rios Paraná e Uruguai
Bacia do São Francisco e Bacia do Atlântico Sul subdivida nos trechos norte-nordeste,
leste, sudeste e sul.

29
Gegrafia e
Hidrografia Geral
e do Brasil

Bacia do Rio Amazonas

O rio Amazonas possui uma extensão de


aproximadamente 6.500 km, ou superior, conforme
recentes descobertas e disputa com o rio Nilo o
título de mais extenso no planeta. Esse rio foi
descoberto em 1541 pelo explorador espanhol
Francisco de Orellana que o percorreu, desde as
suas nascentes nos Andes peruanos, até o
Oceano Atlântico. Dizem alguns estudiosos que
Orellana deu esse nome ao rio talvez por acreditar
que os índios observados nas margens do rio fossem as
mulheres guerreiras, as Amazonas da mitologia grega.
Sua bacia de drenagem total, superior a 5,8 milhões de km2, representa a maior
bacia hidrográfica mundial. Dessa área 3,9 milhões pertencem ao Brasil e o restante divide-
se entre o Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana e Venezuela.
O volume de água do rio Amazonas é extremamente elevado, descarregando no
Oceano Atlântico aproximadamente 20% do total que chega aos oceanos em todo o planeta.
Sua vazão é superior à soma das vazões dos seis maiores rios, sendo mais de quatro
vezes maior que o rio Congo, o segundo maior em volume, e dez vezes o rio Mississipi. Por
exemplo, em Óbidos, distante 960 km da foz do rio Amazonas, tem-se uma vazão média
anual da ordem de 180.000 m3/s. Tal volume d’água é o resultado do clima tropical úmido
característico da bacia, que alimenta a maior floresta tropical do mundo.
O rio Amazonas se apresenta como um rio de planície, possuindo baixa declividade.
Sua largura média é de 4 a 5 km, chegando em alguns trechos a mais de 50 km. Em alguns
lugares, de uma margem é impossível ver a margem oposta, por causa da curvatura da
superfície terrestre. No ponto onde o rio mais se contrai – o chamado estreito de Óbidos –
a largura diminui para 1,5 quilômetro e a profundidade chega a 100 metros. Sua
desembocadura, em forma de delta situa-se em Belém, onde a sua vazão provoca a
pororoca e faz com que a água do mar se torne “doce” por vários quilômetros.
No seu curso, o Amazonas recebe três nomes: rio Maranõn, no seu percurso nos
paises andinos; rio Solimões, ao entrar no Brasil, e Amazonas ao receber as águas do Rio
Negro. A alta densidade hidrográfica da Bacia Amazônica criou uma rede de canais que
propicia maior penetrabilidade e são utilizados tradicionalmente como hidrovias. Navios
oceânicos de grande porte podem navegar até Manaus, capital do Estado do Amazonas,
enquanto embarcações menores, de até 6 metros de calado, podem alcançar a cidade de
Iquitos, no Peru, distante 3.700 km da sua foz.
Como é atravessado pela linha do Equador, o rio Amazonas apresenta afluentes nos
dois hemisférios do Planeta. Entre os principais afluentes da margem esquerda encontram-

30
se o Japurá, o Negro e o Trombetas; na margem direita, o Juruá, o Purus, o Madeira, o
Xingu e o Tapajós.
Entre os afluentes do Amazonas encontram-se rios de águas barrentas (ou brancas,
como as populações locais se referem a eles), de águas claras e de águas pretas. Os rios
de águas barrentas, como o Madeira e o próprio Amazonas, têm essa cor por causa dos
sedimentos, ricos em nutrientes, carreados rio abaixo desde as montanhas andinas. Por
esse motivo, são os rios que apresentam maior produtividade.
Os rios de águas claras, como os rios Xingu, Tapajós e o Trombetas, têm as
nascentes nos planaltos do Brasil e das Guianas. Os trechos médio e alto desses rios
possuem muitas corredeiras e
quedas d’água.
A grande quantidade
de areia depositada na
planície amazônica deu
origem aos rios de águas
pretas, os rios mais
característicos da Amazônia.
Os solos arenosos da bacia
são muito pobres em
nutrientes, e os rios que
nascem sobre eles estão entre
os mais puros da Terra,
quimicamente falando. Suas
características químicas são
muito semelhantes às da água destilada. O mais famoso deles é o principal tributário do
Amazonas, o rio Negro, que ocupa aproximadamente 10% da bacia Amazônica.

Bacia do rio Tocantins - Araguaia

A bacia do rio Tocantins - Araguaia é um sistema fluvial formado por dois grandes
rios que abrangem uma área superior a 800.000 km2. Esse sistema constitui-se na maior
bacia hidrográfica inteiramente situada em território brasileiro e seu principal rio formador é
o Tocantins, cuja nascente localiza-se no estado de Goiás, ao norte da cidade de Brasília. A
bacia hidrográfica do Tocantins-Araguaia localiza-se quase que integralmente entre os
paralelos 2º e 18º e os meridianos de longitude oeste 46º e 56º. Sua configuração alongada
no sentido longitudinal, seguindo as diretrizes dos dois importantes eixos fluviais – o Tocantins
e o Araguaia – que se unem no extremo setentrional da Bacia, formando o baixo Tocantins
que desemboca no Rio Pará, pertencente ao estuário do rio Amazonas.
A bacia do rio Tocantins possui uma vazão média anual de 10.900m3/s, volume médio
anual de 344 Km3 e uma área de drenagem de 767.000Km2, que representa 7,5% do
território nacional; onde 83% da área da bacia distribuem-se nos Estados de Tocantins e
Goiás (58%), Mato Grosso (24%); Pará (13%) e Maranhão (4%), além do Distrito Federal
(1%). Limita-se com bacias de alguns dos maiores rios do Brasil, ou seja, ao Sul com a do
Paraná, a Oeste, com a do Xingu e a leste, com a do São Francisco. Grande parte de sua
área está na região Centro Oeste, desde as nascentes dos rios Araguaia e Tocantins até
sua confluência, na divisa dos Estados de Goiás, Maranhão e Pará. Desse ponto para
jusante a bacia hidrográfica entra na região Norte e se restringe a apenas um corredor
formado pelas áreas marginais do rio Tocantins e Araguaia.
Embora possua, ao longo do seu curso, vários rápidos e cascatas, também permite
alguma navegação fluvial no seu trecho desde a cidade de Belém, capital do estado do

31
Pará, até a localidade de Peine, em Goiás, por cerca de 1.900 km, em épocas
de vazões altas. Todavia, considerando-se os perigosos obstáculos oriundos
das corredeiras e bancos de areia durante as secas, só pode ser considerado
Gegrafia e utilizável, por todo o ano, de Miracema do Norte (Tocantins) para jusante.
Hidrografia Geral O rio Araguaia nasce na serra das Araras, no estado de Mato Grosso,
e do Brasil
possui cerca de 2.600 km, e desemboca no rio Tocantins na localidade de
São João do Araguaia, logo antes de Marabá. No extremo nordeste do Estado
de Mato Grosso, o rio divide-se em dois braços, rio Araguaia, pela margem esquerda, e rio
Javaés, pela margem direita, por aproximadamente 320 km, formando, assim, a ilha de
Bananal, a maior ilha fluvial do mundo. O rio Araguaia é navegável cerca de 1.160 km, entre
São João do Araguaia e Beleza, porém não possui neste trecho qualquer centro urbano de
grande destaque.
Essa Bacia destaca-se pelo potencial hidrelétrico, dado seu grande volume de água.
Apresenta uma vazão média de 68.400 m3/s em uma área de 758.000 km2, nela já se
encontra instalada a Usina Hidroelétrica de Tucuruí com potencial de 4.245 MW.

Bacia do Rio São Francisco

A bacia do rio São Francisco nasce na serra da Canastra, em Minas Gerais e


atravessa os Estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. O rio São Francisco
possui uma área de drenagem superior a 630.000 km2, uma extensão de 3.160 km e ocupa
8% do território brasileiro.
De grande importância política, econômica e social, principalmente para a região
nordeste do país, é navegável por cerca de 1.800 km, desde Pirapora, em Minas Gerais,
até a cachoeira de Paulo Afonso, em função da construção de hidrelétricas com grandes
lagos e eclusas, como é o caso de Sobradinho, Itaparica e Xingó.
É uma extensa bacia hidrográfica, responsável pela drenagem de, aproximadamente,
7,5% do território nacional. O rio São Francisco, que nasce em Minas Gerais, atravessa o
sertão semi-árido mineiro e baiano possibilitando a sobrevivência da população ribeirinha
de baixa renda, a irrigação em pequenas propriedades e a criação de gado. O São
Francisco é um rio bastante aproveitado para a produção de hidreletricidade. Ele é navegável
em um longo trecho dos Estados de Minas Gerais e Bahia, desde que a barragem de Três
Marias não lhe retenha muita água.
Sua calha está situada na depressão são-franciscana, entre os terrenos cristalinos a
leste (serra do Espinhaço, Chapada Diamantina e Planalto Nordeste) e os planaltos
sedimentares do Espigão Mestre a oeste, conferindo diferenças quanto aos tipos de águas
dos afluentes. Os rios da margem direita, que nascem nos terrenos cristalinos, possuem
águas mais claras, enquanto os da margem esquerda, terrenos sedimentares, são mais
barrentos.
O rio São Francisco tem 36 tributários de porte significativo, dos quais apenas 19
são perenes. Os principais contribuintes são os da margem esquerda, rios Paracatu,
Urucuia, Carinhanha, Corrente e Grande, que fornecem cerca de 70% das águas em um
percurso de apenas 700 km. Na margem direita, os principais tributários são os rios
Paraopeba, das Velhas, Jequitaí e Verde Grande.
A bacia do São Francisco é dividida em quatro regiões: Alto São Francisco, das
nascentes até Pirapora-MG; Médio São Francisco, entre Pirapora e Remanso – BA;
Submédio São Francisco, de Remanso até a Cachoeira de Paulo Afonso, e, Baixo São
Francisco, de Paulo Afonso até a foz no oceano Atlântico.
Desde as nascentes e ao longo de seus rios, a bacia do São Francisco vem sofrendo
degradações com sérios impactos sobre as águas e, conseqüentemente, sobre os peixes.
A maioria dos povoados não possui nenhum tratamento de esgotos domésticos e industriais,

32
lançando-os diretamente nos rios. Os despejos de garimpos, mineradoras e indústrias
aumentam a carga de metais pesados, incluindo o mercúrio, em níveis acima do permitido.
Na cabeceira principal do rio São Francisco, o maior problema é o desmatamento para
produção de carvão vegetal utilizado pela indústria siderúrgica de Belo Horizonte, o que
tem reduzido as matas ciliares a 4 % da área original. O uso intensivo de fertilizantes e
defensivos agrícolas também tem contribuído para a poluição das águas. Além disso, os
garimpos, a irrigação e as barragens hidrelétricas são responsáveis pelo desvio do leito
dos rios, redução da vazão, alteração da intensidade e época das enchentes, transformação
de rios em lagos, etc., com impactos diretos sobre os recursos pesqueiros.
As barragens hidrelétricas e a irrigação transformaram o rio São Francisco e alguns
de seus tributários. Atualmente, o rio São Francisco possui apenas dois trechos de águas
correntes: 1.100 km entre as barragens de Três Marias e Sobradinho, com vários tributários
de grande porte e inúmeras lagoas marginais; e 280 km da barragem de Sobradinho até a
entrada do reservatório de Itaparica. Daí para baixo, transforma-se em uma cascata de
reservatórios da Companhia Hidrelétrica do Rio São Francisco – CHESF, (Itaparica,
Complexo Moxotó com Paulo Afonso I, II,III,IV e Xingó). Estes dois trechos e os grandes
tributários, onde existem as lagoas marginais, ainda permitem a existência de espécies de
peixes migradores, importantes para as pescarias comerciais e amadoras.

Bacia do Atlântico Sul - Trechos Norte e Nordeste

O Brasil possui, ao longo do litoral, três conjuntos de bacias secundárias denominadas


bacias do Atlântico Sul, divididas em três trechos: Atlântico Norte-Nordeste, Atlântico Leste
e Atlântico Sudeste. As bacias hidrográficas que os compõem não possuem ligação entre
si. Elas foram agrupadas pela sua localização geográfica ao longo do litoral. O rio principal
de cada uma delas tem sua própria vertente, delimitando, portanto, uma bacia hidrográfica.
O trecho Norte–Nordeste compreende 10 sub-bacias, iniciando pela sub-bacia do
rio Oiapoque, no extremo Norte, e passando pelo rio Araguari ambos no Estado do Amapá.
Vários rios de grande porte e significado regional podem ser citados como componentes
dessa bacia, a saber: rio Acaraú, Jaguaribe, Piranhas, Potengi, Capibaribe, Una, Pajeú,
Turiaçu, Pindaré, Grajaú, Itapecuru, Mearim e Parnaíba.
Em especial, o rio Parnaíba é o formador da fronteira dos estados do Piauí e
Maranhão, por seus 970 km de extensão, desde suas nascentes na serra da Tabatinga até
o oceano Atlântico, além de representar uma importante hidrovia para o transporte dos
produtos agrícolas da região.

Bacia do Atlântico Sul - Trecho Leste

Da mesma forma que no seu trecho norte e nordeste, a bacia do Atlântico Sul no seu
trecho leste possui diversos cursos d’água de grande porte e importância regional. Podem
ser citados, entre outros, os rios Pardo, Jequitinhonha, Paraíba do Sul, Vaza-Barris, Itapicuru,
das Contas e Paraguaçu.
O rio Paraíba do Sul, por exemplo, localizado entre os estados de São Paulo, Rio de
Janeiro e Minas Gerais, é rio de maior significado econômico no país, possui ao longo do
seu curso diversos aproveitamentos hidrelétricos, cidades ribeirinhas de porte, como
Campos, Volta Redonda e São José dos Campos, bem com industrias importantes como a
Companhia Siderúrgica Nacional.

33
Bacia Atlântico Sul – trecho Sul-Sudeste

A bacia do Atlântico Sul, nos seus trechos sudeste e sul, é composta


Gegrafia e por dez sub-bacias importantes como Ribeira do Iguape, Itajaí, Mampituba,
Hidrografia Geral Jacui, Taquari, Jaguarão e a bacia do arroio Chui, incluindo a lagoa dos Patos
e do Brasil
e a lagoa Mirim, no Rio Grande do Sul. Os mesmos possuem importância
regional, pela participação em atividades como transporte hidroviário,
abastecimento d’água e geração de energia elétrica.
Esses rios correm em terrenos acidentados e pedregosos, possuem águas frias,
bastante oxigenadas e livres de poluição e são excelentes áreas para a pesca. Vale ressaltar
que a região dos Campos de Cima da Serra, dada às suas condições geográficas, pode
ser considerada a “Patagônia” brasileira. Nessa região os rios não são encaixados, o que
permite a pesca de mosca em todas as suas técnicas.

Bacia Platina, ou dos Rios Paraná e Uruguai

A bacia platina, ou do rio da Prata, é constituída pelas sub-bacias dos rios Paraná,
Paraguai e Uruguai, drenando áreas do Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai.
O rio Paraná possui cerca de 4.900 km de extensão, sendo o segundo em
comprimento da América do Sul. É formado pela junção dos rios Grande e Paranaíba. Possui
como principais tributários os rios Paraguai, Tietê, Paranapanema e Iguaçu. Representa
um trecho da fronteira entre Brasil e Paraguai, onde foi implantado o aproveitamento
hidrelétrico binacional de Itaipu, com 12.700 MW, maior usina hidrelétrica em operação do
mundo. Posteriormente, faz fronteira entre o Paraguai e a Argentina. Em função das suas
diversas quedas, o rio Paraná somente possui navegação de porte até a cidade argentina
de Rosário.
O rio Paraguai, por sua vez, possui um comprimento total de 2.550 km, ao longo dos
territórios brasileiro e paraguaio e tem como principais afluentes os rios Miranda, Taquari,
Apa e São Lourenço. Nasce próximo à cidade de Diamantino, no Estado de Mato Grosso,
e drena áreas de importância como o Pantanal Mato-Grossense. No seu trecho de Jusante,
banha a cidade de Assunción, capital do Paraguai e forma a fronteira entre este país e a
Argentina, até desembocar no rio Paraná, ao norte da cidade de Corrientes.
O rio Uruguai, por fim, possui uma extensão da ordem de 1.600 km, drenando uma
área em torno de 307.000 km2. Possui dois principais formadores, os rios Pelotas e Canoas,
nascendo a cerca de 65 km a oeste da costa do Atlântico. Fazem parte da sua bacia os rios
Peixe, Chapecó, Peperiguaçu, Ibicuí, Turvo, Ijuí e Piratini.
O rio Uruguai forma a fronteira entre a Argentina e Brasil e, mais ao sul, a fronteira
entre Argentina e Uruguai, sendo navegável desde sua foz até a cidade de Salto, cerca de
305 km a montante.

REGIÕES HIDROGRÁFICAS

Desde que o homem passou a viver em sociedades organizadas e reconheceu a


importância de controlar a disponibilidade de água potável, surgiram as primeiras tentativas
da humanidade de modificar o ambiente natural. O desenvolvimento de atividades como a
agricultura, a indústria e a urbanização sempre esteve ligado ao controle da água.
Civilizações do antigo Egito, da China, Índia e Mesopotâmia eram chamadas de
civilizações hidráulicas. A ascensão e queda desses povos está intimamente ligada aos
usos e abusos da água. Ou seja, quando o curso de um rio é alterado para levar esgotos
para longe de uma determinada área, acaba por poluir outra ou os mares e oceanos. Da

34
mesma forma, a impermeabilização do solo em uma região provoca o aumento do nível dos
rios, gerando as enchentes ou inundações.
Diante de problemas como poluição, escassez e conflitos pelo uso da água, foi preciso
reconhecer a bacia hidrográfica como um sistema ecológico, que abrange todos os
organismos que funcionam em conjunto numa dada área. Entender como os recursos naturais
estão interligados e são dependentes. Daí os planejadores definiram a bacia hidrográfica,
ou seja, o espaço territorial determinado e definido pelo escoamento, drenagem e influência
da água, do ciclo hidrológico na superfície da Terra como a unidade fundamental de
planejamento e desenvolvimento regional.
A partir da década de 70, o conceito de bacia hidrográfica passou a ser difundido e
consolidado no mundo atendendo à necessidade de promover a recuperação ambiental e
a manutenção de recursos naturais escassos como a água. .
No Brasil, esse conceito passou a ser desenvolvido em meados dos anos 70. No
Estado de São Paulo, as primeiras experiências surgiram em 1976, na região metropolitana,
com a criação do Comitê do Acordo, firmado entre o Estado de São Paulo e o Ministério
das Minas e Energia.
A Lei 9.433/97 estabeleceu que a bacia hidrográfica é a unidade territorial para a
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema de
Gerenciamento de Recursos Hídricos. Esta lei coloca à disposição da sociedade um conjunto
de princípios, objetivando tornar inovador e moderno a administração dos recursos hídricos
no Brasil (CPRM 1998).
Com o objetivo de respeitar as diversidades sociais, econômicas e ambientais do
país, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH, aprovou em 15 de outubro de
2003, a Resolução Nº 32 que instituiu a Divisão Hidrográfica Nacional.
Assim, o Brasil está dividido em doze Regiões Hidrográficas: Amazônica, Tocantins-
Araguaia, Atlântico Nordeste-Ocidental, Parnaíba, Atlântico Nordeste-Oriental, São Francisco,
Atlântico Leste, Atlântico Sudeste, Paraguai, Paraná, Uruguai e Atlântico Sul.

35
Comitês de Bacias Hidrográficas

Os comitês de bacias hidrográficas são colegiados instituídos por Lei,


Gegrafia e no âmbito do Sistema Nacional de Recursos Hídricos e dos Sistemas
Hidrografia Geral Estaduais.
e do Brasil
Considerados a base da gestão participativa e integrada da água, têm
papel deliberativo e são compostos por representantes do Poder Público, da
sociedade civil e de usuários de água e podem ser oficialmente instalados em águas de
domínio da União e dos Estados. Existem comitês federais e comitês de bacias de rios
estaduais, definidos por sistemas e leis específicas.

Principais Atribuições

Conselhos - subsidiar a formulação da Política de Recursos Hídricos e dirimir


conflitos.
MMA/SRH - formular a Política Nacional de Recursos Hídricos e subsidiar a
formulação do Orçamento da União. (MMA Ministério do Meio Ambiente; SRH
Superintendência de recursos Hídricos.)
ANA - implementar o Sistema Nacional de Recursos Hídricos, outorgar e fiscalizar o
uso de recursos hídricos de domínio da União. (ANA – Agência Nacional da Água)
Órgão Estadual - outorgar e fiscalizar o uso de recursos hídricos de domínio do
Estado.
Comitê de Bacia - decidir sobre o Plano de Recursos Hídricos (quando, quanto e
porquê cobrar pelo uso de recursos hídricos).
Agência de Água - escritório técnico do comitê de Bacia.
Os Comitês de Bacias Hidrográficas têm, entre outras, as atribuições de: promover
o debate das questões relacionadas aos recursos hídricos da bacia; articular a atuação
das entidades que trabalham com este tema; arbitrar, em primeira instância, os conflitos
relacionados a recursos hídricos; aprovar e acompanhar a execução do Plano de Recursos
Hídricos da Bacia; estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos
e sugerir os valores a serem cobrados; estabelecer critérios e promover o rateio de custo
das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.
Comporão os Comitês em rios de domínio da União representantes públicos da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos municípios e representantes da sociedade,
tais como, usuários das águas de sua área de atuação, e das entidades civis de recursos
hídricos com atuação comprovada na bacia.
Cada Estado deverá fazer a respectiva regulamentação referente aos Comitês de
rios de seu domínio. Alguns Estados, a exemplo de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande
do Sul e Espírito Santo já estão em estágio bem avançado no processo de regulamentação,
com diversos Comitês criados.

#
[ ]
Comente o papel da legislação vigente no que diz
respeito ao gerenciamento dos recursos hídricos das bacias
hidrográficas em nosso país.
Agora é hora de
TRABALHAR

36
O OLHAR PEGAGÓGICO
NA HIDROGRAFIA

POTENCIAL E UTILIZAÇÃO DA ÁGUA

OS USOS MÚLTIPLOS DA ÁGUA

A água é a substância responsável pela existência e manutenção da vida. Existem


usos múltiplos da água, isto é, o homem aproveita a água de formas variadas.
Do ponto de vista do direito, a água é um bem público de uso comum, não suscetível
de direito de propriedade. Do ponto de vista econômico, a água é um recurso renovável,
porém limitado e escasso de grande valor econômico, pelo menos em termos de valor de
uso.
O aproveitamento da água pela sociedade é classificado em usos consuntivos e
usos não-consuntivos. Segundo Fernandez e Garrido (2002), usos consuntivos são aqueles
que retiram a água de seus mananciais, através de captações ou derivações, e apenas
parte dessa água retorna a suas fontes de origem. Exemplos de usos consuntivos da água:
agricultura irrigada, alimentação dos animais, o abastecimento humano (urbano e rural) e o
abastecimento industrial.
Dentre os usos consuntivos, a irrigação é a que causa maior indisponibilidade para
outros usos, isso porque a proporção de água retirada que não volta ao corpo d’água pode
atingir até 70% do total. Outro uso problemático é o abastecimento urbano cuja
indisponibilidade pode atingir até 60%.
Usos não-consuntivos são aqueles que utilizam a água em seus próprios mananciais
sem haver necessidade de retirá-la ou, depois de captada, retorna integralmente a seus
mananciais. Exemplos de usos não-consuntivos: pesca, lazer e recreação, navegação fluvial
e geração de eletricidade que aproveitam a disponibilidade da água em sua própria fonte.
Em termos gerais, os usos da água abarcam as atividades humanas em seu conjunto.
Neste sentido, a água pode servir para consumo ou como insumo em algum processo
produtivo.
A disponibilidade do recurso é cada vez menor, por um lado, porque deve ser
compartilhado por atividades distintas e, por outro, porque não é utilizado racionalmente.
Assim, por exemplo, a indústria e a mineração utilizam tecnologias que demandam grandes
quantidades de água e, em conseqüência, geram grandes quantidades de água residual
que são devolvidas às fontes de água sem tratamento prévio.
No caso da agricultura, a demanda da água também é muito grande, especialmente
nos lugares onde as chuvas não são constantes. Além disso, utilizam sistemas de irrigação
que desperdiçam enormes volumes de água. Os fertilizantes químicos e agrotóxicos também
contribuem para a contaminação dos cursos de água.
Finalmente, a água para consumo humano, que é captada de fontes superficiais e
subterrâneas, é cada vez mais procurada pelas populações, mas cada dia está mais escassa
e cara.

37
Utilização pedagógica do texto: Elaboração de oficina
ecológica
Oficina ecológica é uma atividade pedagógica cuja finalidade é:
Gegrafia e
Hidrografia Geral
e do Brasil - sensibilizar os alunos para os problemas ambientais que afetam o
sistema natural;
- ajudar a preservar o meio ambiente e a recuperar valores humanos
como amor ao próximo e à natureza;
- promover a exploração bibliográfica, documental e cartográfica da
temática estudada;
- estimular a discussão, a pesquisa, a comunicação com outras pessoas
ou instituições.

Exemplo de oficina ecológica:

Texto introdutório: Os usos múltiplos da água.

Atividades sugeridas para a oficina:

- Discussão com os alunos sobre o tema, utilizando o texto introdutório.

- Pesquisa sobre a questão como: De onde vem a água que você bebe?

- Entrevista com especialista.

- Utilizar o tema para uma visita a uma estação de tratamento de água.

#
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR

Descreva as principais formas de uso da água e caracterize os principais problemas


verificados quanto ao seu mau uso.

38
O ABASTECIMENTO DE ÁGUA URBANO E RURAL

O Abastecimento Humano

A água para abastecimento humano tem prioridade sobre qualquer outro tipo de
uso, daí a maior parte da água dos mananciais de uma região ser destinada para essa
finalidade. A água destinada ao abastecimento humano tem que atender a critérios de
qualidade, indispensáveis à saúde humana.
Esses critérios são atendidos pelos sistemas de saneamento urbano que criam toda
uma rede de abastecimento constituída pelos dutos, estações de tratamento e reservatórios.
Os dutos transportam a água captada dos mananciais até as estações de tratamento e
destas aos reservatórios.
As estações de tratamento ETA’s recebem a “água bruta” (não tratada) diretamente
dos mananciais: rios, lagos ou barragens. Essa água é submetida a vários tratamentos,
como filtragem, recebe a adição de elementos químicos até tornar-se água tratada, própria
ao consumo humano. Da estação de tratamento, essa água é conduzida pelos dutos aos
grandes reservatórios- caixas d’água e através de bombeamento são canalizadas até as
residências.
Para que possa ser consumida sem apresentar riscos à saúde, ou seja, tornar-se
potável, a água tem que ser tratada, limpa e descontaminada. Com o objetivo de oferecer
água de boa qualidade, as instituições responsáveis pelo serviço de abastecimento de
uma localidade mantêm captações em rios, lagos e barragens responsáveis por 80% do
volume total produzido. Os 20% restantes - grande parte destinada a abastecer pequenas
localidades - são buscados em mananciais subterrâneos. A preservação destes mananciais,
como forma de garantir o abastecimento, é uma prioridade e deve ser compartilhada com
toda a comunidade, pois a
qualidade dos recursos hídricos e
fundamental para o equilíbrio
ambiental.
Um serviço deficiente de
abastecimento de água potável
afeta a saúde das populações. Por
isso, é importante contar com um
sistema adequado de
abastecimento.

Como Planejar uma Aula de Campo com seus Alunos.

O trabalho de campo é uma técnica inerente às análises em Geografia, muito


adequada à pesquisa do potencial e da utilização dos recursos hídricos de uma região. Por
sua vez, são atividades pedagógicas que desenvolvem a capacidade de observação, análise
e interpretação do educando.
O trabalho de campo é precedido de uma fase de preparação que pode se constituir
numa oficina ecológica onde, além das atividades sugeridas, é fundamental uma análise de
material cartográfico e de imagens aéreas sobre a área a ser visitada. No caso de uma
instituição pública ou privada, um levantamento sobre seu funcionamento e suas finalidades
são fundamentais.

Obs: Isso é apenas uma sugestão para a aplicação em atividades no ensino fundamental.
39
Exemplo de trabalho de campo numa Estação de Tratamento.

Fase A. Analise e debate sobre o texto introdutório.


Gegrafia e
Hidrografia Geral Fase B. Preparação dos Instrumentos de Coleta de Informação na Visita
e do Brasil
a uma ETA

Entrevista – Preparar com os alunos. Abaixo temos algumas sugestões de itens:

1. Os mananciais que alimentam a cidade;


2. Onde fica a tomada da água bruta;
3. As fases de tratamento da água;
4. Os produtos que são utilizados para tratar a água;
5. A quantidade de água tratada por dia;
6. Quais os principais reservatórios alimentados por essa água;
7. Quais os destinos dados a água tratada. Muitas outras questões poderão ser feitas.

Outra atividade didática interessante é estudar, através de mapas, a bacia hidrográfica


que abastece a cidade e levar os alunos para conhecê-lo.

#
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR

Comente a importância do abastecimento urbano de água, descrevendo também,


os principais problemas referentes ao saneamento básico observado na maior parte das
cidades brasileiras.

OS RECURSOS HÍDRICOS E O CONTEXTO AMBIENTAL

A água é um recurso essencial à conservação da vida e do meio ambiente; entretanto,


é finita e vulnerável e sua escassez é um dos grandes problemas de desenvolvimento. A
água é um recurso ambiental e sua degradação afeta a qualidade ambiental e, por
conseguinte, a qualidade de vida e o bem-estar das populações.
A poluição da água e sua escassez são os dois grandes problemas que afetam os
recursos hídricos no contexto ambiental.
A poluição dos recursos hídricos está representada pelo aporte nos mananciais de
materiais poluentes oriundos das indústrias, dos dejetos urbanos e dos agrotóxicos da zona

40
rural. O excesso desses dejetos tóxicos e orgânicos reduz o nível de oxigênio, provocando
a morte dos peixes, o crescimento anormal de vegetação invasora provocando o desequilíbrio
ambiental.
A escassez da água é um problema que vem crescendo no mundo. Além das
condições climáticas, o desmatamento desenfreado, as formas de irrigação inadequadas
o aumento da demanda decorrente do aumento populacional e o desperdício no uso são
algumas das causas da aceleração desse processo.
No Brasil, a irregularidade pluviométrica está na base da escassez da água, causa
fundamental da seca no Nordeste, cujos efeitos são bastante conhecidos pelos prejuízos
sócio-econômicos que provoca.
A análise dos recursos hídricos no contexto ambiental permite estimular a sensibilidade
dos alunos para as questões da água no mundo. A criação de um “escritório da água” numa
escola pode-se tornar o cenário mais atraente para uma educação ambiental, onde atividades
práticas propiciarão formas de transdisciplinaridade tão desejáveis no momento atual.
O escritório da água é o espaço (que pode até ser virtual) onde os cenários de
aproveitamento, políticas e avaliação social sobre a água são debatidos. Trata-se de um
banco de dados onde pesquisas, entrevistas, mapas, fotos e notícias importantes são
armazenadas e renovadas constantemente, oferecendo ao educando um espaço de bate
papo e tira dúvidas. A criatividade do professor de Geografia poderá ter nesse escritório
um auxiliar importante para o seu trabalho pedagógico.
Para implantação e boa utilização desse instrumento pedagógico é importante a
criação de um site simples e manuseável pelos alunos e o estabelecimento de normas de
acesso, manutenção e conteúdo desejável.

Sugestão de Leitura...
Texto sobre a importância dos recursos Hídricos.
Analises de Impactos ambientais.
Textos que Fomentem debates sobre as conseqüências das
enchentes.
Textos sobre a transposição do Rio São Francisco.

#
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR

1. Como podemos relacionar a degradação do meio ambiente com a atual escassez


de recursos hídricos observada em grande parte das regiões urbanizadas do mundo?

41
2. Descreva a importância das matas ciliares na manutenção dos cursos
de água.
Gegrafia e
Hidrografia Geral
e do Brasil

O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS


HÍDRICOS

Entende-se por desenvolvimento sustentável aquele que atende às necessidades


do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas
próprias necessidades. Desenvolvimento sustentável se refere, principalmente, às
conseqüências dessa relação na qualidade de vida e no bem-estar da sociedade, tanto
presente quanto futura.
O desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos perpassa pela gestão do
saneamento básico. Saneamento é o conjunto de medidas, visando a preservar ou modificar
as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde.
Saneamento básico se restringe ao abastecimento de água e disposição de esgotos, mas
há quem inclua o lixo nesta categoria. Normalmente qualquer atividade de saneamento tem
os seguintes objetivos: controle e prevenção de doenças, melhoria da qualidade de vida da
população, melhorar a produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica.
A água própria para o consumo humano chama-se água potável. Para ser considerada
como tal, ela deve obedecer a padrões de potabilidade. Se ela tem substâncias que
modificam estes padrões ela é considerada poluída. A água necessita de tratamento para
se adequar ao consumo. Mas todos os métodos têm suas limitações, por isso não é possível
tratar água de esgoto para torná-la potável. Os métodos vão desde a simples fervura até a
correção de dureza e corrosão. As estações de tratamento são responsáveis pelo tratamento
da água.
Despejos são compostos de materiais rejeitados ou eliminados devido à atividade
normal de uma comunidade. O sistema de esgotos existe para afastar a possibilidade de
contato de despejos, esgoto e dejetos humanos com a população, águas de abastecimento,
vetores de doenças e alimentos. O sistema de esgotos ajuda a reduzir despesas com o
tratamento tanto da água de abastecimento quanto das doenças provocadas pelo contato
humano com os dejetos, além de controlar a poluição das praias. O esgoto (também
chamado de águas servidas) pode ser de vários tipos: sanitário (água usada para fins
higiênicos e industriais), sépticos (em fase de putrefação), pluviais (águas pluviais),
combinado (sanitário + pluvial), cru (sem tratamento), fresco (recente, ainda com oxigênio
livre).
O lixo é o conjunto de resíduos sólidos resultantes da atividade humana. Ele é
constituído de substâncias putrescíveis, combustíveis e incombustíveis. O problema do lixo
tem objetivo comum a outras medidas, mais uma de ordem psicológica: o efeito da limpeza
da comunidade sobre o povo. O lixo tem que ser bem acondicionado para facilitar sua
remoção. Às vezes, a parte orgânica do lixo é triturada e jogada na rede de esgoto. Se isso
facilita a remoção do lixo e sua possível coleta seletiva, também representa mais uma carga
para o sistema de esgotos. O lixo pode ser lançado em rios, mares ou a céu aberto, enterrado,
ir para um aterro sanitário (o mais indicado) ou incinerado.

42
Existem mais de 100 doenças causadas pela falta de saneamento básico entre as
quais cólera, amebíase, vários tipos de diarréia, peste bubônica, lepra, meningite, pólio,
herpes, sarampo, hepatite, febre amarela, gripe, malária, leptospirose, Ebola, etc.

Segundo Pedro Jacobi (2004), “A Educação Ambiental representa um instrumento


essencial para superar os atuais impasses da nossa sociedade”.
A relação entre meio ambiente e educação para a cidadania assume um papel cada
vez mais desafiador, demandando a emergência de novos saberes para apreender
processos sociais que se tornam cada vez mais complexos e riscos ambientais que se
intensificam.
As políticas ambientais e os programas educacionais relacionados à conscientização
sobre a crise ambiental demandam cada vez mais novos enfoques integradores de uma
realidade contraditória e geradora de desigualdades que transcendem a mera aplicação
dos conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis.”.
A discussão sobre a capacidade de suporte dos recursos hídricos na escola é
primordial na programação de curso de educação ambiental. São os conceitos e o
entendimento das limitações impostas pela sociedade atual aos recursos hídricos que
fundamentam a análise das questões socioambientais do espaço geográfico e a
possibilidade de sair do discurso de desenvolvimento sustentável para a prática da
sustentabilidade.
“O desafio que se coloca é de formular uma educação ambiental que seja crítica e
inovadora, em dois níveis – formal e não-formal. Assim, a educação ambiental deve ser,
acima de tudo, um ato político voltado para a transformação social. O seu enfoque deve
buscar uma perspectiva de ação holística que relaciona o homem, a natureza e o universo,
tomando como referência que os recursos naturais se esgotam e que o principal responsável
pela sua degradação é o homem.” (op.cit.).
Técnica de debate: O texto acima pode ser utilizado para discussão participativa
sobre a situação dos recursos hídricos e do saneamento da sua cidade.

#
[ ]Agora é hora de
TRABALHAR
1. É possível conjugar uso dos recursos naturais com
manutenção do meio ambiente?

43
2. Caracterize o que vem a ser desenvolvimento sustentável.

Gegrafia e
Hidrografia Geral
e do Brasil

A GESTÃO DOS RECURSOS HIDRÍCOS

PLANEJAMENTO E GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Os problemas decorrentes das relações entre o uso da água e o potencial desses


recursos vêm exigindo dos governos políticas que geram planos e formas de gestão dos
recursos hídricos.
O planejamento e a gestão dos recursos hídricos no Brasil é atribuição da Secretaria
de Recursos Hídricos. A Secretaria de Recursos Hídricos, criada em 1995, parte integrante
da estrutura básica do Ministério do Meio Ambiente e do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, tem como atribuição propor a formulação da Política
Nacional dos Recursos Hídricos no Brasil, bem como acompanhar e monitorar sua
implementação.
O Plano Nacional de Recursos Hídricos - PNRH é um dos Instrumentos da Política
Nacional de Recursos Hídricos, de acordo com os artigos 5º e 8º da Lei 9.433 de 08 de
janeiro de 1997. A Secretaria de Recursos Hídricos - SRH/MMA coordena a sua elaboração,
mantendo os princípios estabelecidos para gestão de recursos hídricos no Brasil tendo
como base a Constituição Federal de 1988, a Lei 9.433 de 1997 e demais instrumentos
legais posteriores.
O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos é formado pelos
seguintes órgãos:

CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hídricos


ANA - Agência Nacional de Águas
Conselhos Estaduais
Comitês de Bacia
Órgãos Públicos
Agências de Água
Organizações Civis de Recursos Hídricos.

A Agência Nacional de Águas (ANA), criada em julho de 2000, tem como missão
básica a implantação do sistema nacional de recursos hídricos. A ANA possui participação
na execução da Política Nacional de Recursos Hídricos, apoiando os Conselhos Nacional e
Estaduais de Recursos Hídricos, bem como os respectivos Comitês de Bacias Hidrográficas
e Agências de Bacia no sentido de fornecer subsídio técnico na implantação desta política.

44
Os principais instrumentos de gestão dos recursos são:

- Plano de recursos hídricos;


- Outorga de direito de usos das águas;
- Cobrança pelo uso da água;
- Enquadramento dos corpos d’água
- Sistemas de informações sobre recursos hídricos.

Os comitês de bacias hidrográficas são colegiados instituídos por Lei, no âmbito do


Sistema Nacional de Recursos Hídricos e dos Sistemas Estaduais. Considerados a base
da gestão participativa e integrada da água, têm papel deliberativo e são compostos por
representantes do Poder Público, da sociedade civil e de usuários de água e podem ser
oficialmente instalados em águas de domínio da União e dos Estados. Existem comitês
federais e comitês de bacias de rios estaduais, definidos por sistemas e leis específicas.

Sistema Nacional de Recursos Hídricos

Com base no texto acima, é possível entrevistar os responsáveis pelo Comitê de


Bacia e organizações Civis de Recursos Hídricos de sua Cidade.

#
[ ]Agora é hora de
TRABALHAR Explique a importância de legislações para cuidar dos
recursos hídricos em nosso país:

POLÍTICAS INSTITUCIONAIS DOS RECURSOS HÍDRICOS NO


BRASIL

A base política administrativa dos recursos hídricos tem como princípios fundamentais de
gerenciamento:

- Todos têm direito a pleitear aceso aos recursos hídricos.


- A água é um bem econômico.
- A bacia hidrográfica é a unidade de planejamento territorial.
- A água deve ser distribuída conforme critérios sociais, econômicos e ambientais.
- Os usuários devem participar da administração da água.
- A avaliação sistemática dos recursos hídricos de um pais é responsabilidade nacional e
deve ser assegurada pelos governos federais e estaduais.
- Deve haver esforço constante na educação ambiental da sociedade.
- É indispensável a cooperação internacional quando se trata de rios que atravessam ou
servem de fronteiras entre países.
- A cooperação internacional deve visar ao intercâmbio científico e tecnológico.

45
O planejamento dos recursos hídricos é de longo prazo porque envolve
projetos como construção de barragens e hidrelétricas, hidrovias e serviços de
abastecimento urbano e industrial e retificação de cursos d’água.
Gegrafia e Dentro as políticas institucionais de recursos hídricos no Brasil aparecem o
Hidrografia Geral projeto de Transposição do Rio S. Francisco que por sua complexidade vem se
e do Brasil constituindo numa das grandes polêmicas no país.
Segundo os projetos ministérios do Meio Ambiente e da Integração Nacional
a Interligação da Bacia do São Francisco com as bacias do Nordeste Setentrional
integra o Programa de Desenvolvimento Sustentável do Semi-Árido e da Bacia Hidrográfica
do Rio São Francisco, cuja elaboração ficou pronta em outubro. Segundo os técnicos o objetivo
principal desse programa é integrar ações para o desenvolvimento sustentável do semi-árido
setentrional e da bacia hidrográfica do Rio São Francisco. Assim, os pontos principais da sua
concepção são a Revitalização do Rio S. Francisco através de ações recuperação ambiental de
suas sub-bacias e a Integração de Bacias dos Eixos Norte e Leste.

A Questão dos São Francisco

Esse projeto é uma fonte permanente de conflito envolvendo praticamente todos os Estados
do NE. Enquanto o governo defende a sua implantação a sociedade civil vem estabelecendo
ações no sentido de suspendê-lo, discutindo alternativas mais racionais para o problema da
seca. Dizem os especialistas que uma redução significativa de vazão além de impactar a foz do
rio São Francisco deverá alterar a matriz energética da região, implicando no aumento de custo
da energia do sistema nacional. Então, além dos conflitos regionais derivados do uso da água do
Rio São Francisco, ter-se-á um conflito nacional decorrente do aumento das tarifas de energia
elétrica.

# 1.
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
Como o planejamento no uso dos recursos hídricos
favorece a manutenção saudável dos mesmos?

2. Cite exemplos de desrespeito às regras legais de cuidado com os recursos hídricos na


localidade onde você mora.

OS RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL – MARCOS LEGAIS

Em janeiro de 1997, a União estabelece a sua política e o seu sistema de gestão de


recursos hídricos, aprovados por meio da Lei Nº. 9.433/97. A promulgação desta lei vem consolidar
um avanço na valoração e valorização da água, quando, por meio de seu artigo 1.o, incisos I e II,
determina que: “a água é um bem de domínio público e dotado de valor econômico”.

46
No campo dos recursos hídricos, os conflitos de uso exigem instrumentos políticos que
permitam ao administrador público para atenuar questões como a poluição dos corpos d’água,
conflitos entre usuários competidores.
A outorga de direito de uso da água é o instrumento de política previsto em praticamente
todas as leis do setor. Ela é essencial para disciplinar o uso desse bem que torna-se a cada dia
mais escasso.
Segundo a Lei 9433/1997, no seu artigo 12 estão sujeitas ao regime de outorga, entre
outras, as seguintes modalidades de uso: a) derivação ou captação de água para consumo final
inclusive abastecimento público; b) extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final
ou processo produtivo; lançamento em corpo d’água de esgotos e demais resíduos; c)
aproveitamento dos potenciais hidrelétricos.
Segunda a legislação brasileira, a outorga em favor do uso da água para fins de geração
de energia elétrica é privativa do governo federal. Os usos restantes cabem ao Estado.
Há três modalidades de outorga de direito de uso da água: a permissão, a autorização e a
concessão. A permissão é dada quando a utilização da água não se destinar a uso público e ao
mesmo tempo requerer vazões significantes. A autorização será dada quando o uso não for de
utilidade pública, mas requerer vazões superiores. A concessão é aplicada quando a utilização
da água for de utilidade pública, não importando a quantidade da vazão. A autorização é da
competência da União, enquanto que as leis estaduais de recursos hídricos são responsáveis
pela permissão e a concessão.

#
[ ]Agora é hora de
TRABALHAR
1. Discuta a importância da Lei Nº. 9.433/97.

2. As leis referentes aos recursos hídricos podem, realmente, proteger esse patrimônio natural
em nosso país? Justifique.

O PROBLEMA DA ESCASSEZ DOS RECURSOS HÍDRICOS

Segundo a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), menos da metade da
população mundial tem acesso à água potável. As diferenças registradas entre os países
desenvolvidos e os em desenvolvimento chocam e evidenciam que a crise mundial dos recursos
hídricos está diretamente ligada às desigualdades sociais. De acordo com os números
apresentados pela ONU - Organização das Nações Unidas - fica claro que controlar o uso da
água significa deter poder.
Nos países do Continente Africano, a situação de falta d’água já atinge índices críticos de
disponibilidade - a média de consumo de água por pessoa é de dezenove metros cúbicos/dia, ou

47
de dez a quinze litros/pessoa. Já em Nova York, há um consumo exagerado de
água doce tratada e potável, onde um cidadão chega a gastar dois mil litros/dia.
Um bilhão e 200 milhões de pessoas (35% da população mundial) não têm
acesso a água tratada. Um bilhão e 800 milhões de pessoas (43% da população
Gegrafia e
Hidrografia Geral mundial) não contam com serviços adequados de saneamento básico. Diante
e do Brasil desses dados, temos a triste constatação de que dez milhões de pessoas morrem
anualmente em decorrência de doenças intestinais transmitidas pela água.
Vivemos num mundo em que a água se torna um desafio cada vez maior.
A cada ano, mais 80 milhões de pessoas clamam por seu direito aos recursos hídricos da
Terra. Infelizmente, quase todos os 3 bilhões (ou mais) de habitantes que devem ser adicionados
à população mundial no próximo meio século nascerão em países que já sofrem com a escassez
de água. Já nos dias de hoje, muitas pessoas nesses países carecem do líquido para beber,
satisfazer suas necessidades higiênicas e produzir alimentos.
Calcula-se a exaustão anual dos aqüíferos em 160 bilhões de metros cúbicos ou 160
bilhões de toneladas. Além da urbanização, a industrialização também amplia a demanda pelo
produto. A industrialização consome ainda mais água que a urbanização. A concentração
populacional, também, gera demanda adicional, à medida que as pessoas ascendem na cadeia
alimentícia e passam a consumir mais carne bovina, suína, aves, ovos e laticínios, consomem
mais grãos.
Se os governos dos países carentes ou não de água não adotarem medidas urgentes
para gerenciar de forma sustentada e elevar a produtividade hídrica, a escassez de água em
pouco tempo se transformará em falta de alimentos. Com esta conscientização faz-se necessário
que cada nação crie estratégias de longo prazo para a valorização e valoração de seus recursos
hídricos.

48
#
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR

Faça um breve comentário sobre a Declaração Universal dos Direitos da Água,


destacando a sua importância como um marco da conscientização de cuidado com os
recursos hídricos.

Atividade
Orientada

Essa atividade visa consolidar os conhecimentos referentes aos conteúdos


trabalhados durante as aulas de Hidrografia. Aproveitem a oportunidade para lançar
mão dos temas desenvolvidos em disciplinas anteriores, como a Cartografia e usem o
fórum do AVA para discutir suas dúvidas com a equipe de professores responsável por
essa disciplina. Bom trabalho!

Etapa 1 (em dupla, 2 pontos)

A partir do esquema abaixo, identifique e descreva as etapas (enumeradas) do


ciclo hidrológico abordando a importância de cada fase nos estudos dos recursos
hídricos.

49
Gegrafia e
Etapa 2 (individual, 4 pontos)

Hidrografia Geral
Analisando o mapa topográfico abaixo, trace a rede de drenagem
dos rios A, B e C, identificando as margens direita e esquerda, a jusante, a
e do Brasil
montante e a área da bacia.
Em seguida, hierarquize os cursos d’água conforme a classificação
de STRAHLER (1952) e caracterize seu padrão de drenagem.

Etapa
Figura A
3 (individual, 4 pontos)

50
Figura B

FiguraC

1- Observe as atividades econômicas que aparecem na figura B e escreva a


importância da água para o seu funcionamento e os impactos ambientais provocados
pelas mesmas.

2- Analisando o uso e ocupação do solo na figura C, comente como cada forma


de utilização dos recursos hídricos pode ser aproveitada de forma sustentável para as
futuras gerações. Discuta, em seu texto, o conceito de desenvolvimento sustentável.

51
3- Sabe-se que a quantidade de água existente no planeta se mantém
a mesma desde a formação da Terra até os dias de hoje, porém as
estimativas atuais alertam para a falta de água potável em alguns pontos do
Gegrafia e globo. Alguns cientistas alertam para a possibilidade da eclosão da 3ª Guerra
Hidrografia Geral
e do Brasil Mundial devido à escassez da potável em regiões do planeta. Relacione
essas afirmativas com todas as figuras acima e elabore um texto dissertativo,
mencionando a importância do Brasil dentro do cenário apresentado.

Glossário
Caro aluno,

Nesta parte do nosso manual apresentamos algumas palavras que fazem parte da
linguagem nos estudos dos recursos hídricos. Grande parte desses termos você pode
acessar em www.sct.rs.gov.br/redehidro. Outros mais comuns aparecerão no decorrer
do nosso livro, para esses, você poderá consultar os dicionários disponíveis.

AGUA CAPILAR OU ÁGUA DE CAPILARIDADE – Água retida por capilaridade no


solo, acima do lençol freático; água do solo acima da umidade higroscópica e abaixo da
capacidade de campo. A capilaridade, ou ação capilar, é o resultado da adesão entre a
água e vidro, combinada com a tensão superficial no topo da coluna de água.

AGUA DO SOLO – Água retida na camada superior da zona de aeração do solo, tão
próxima à superfície que pode passar à atmosfera por evapotranspiração e onde se fazem
sentir influências diurnas e sazonais, como por exemplo, chuva, irrigação, inundações,
drenagem e evapotranspiração.

ABSORÇÃO ESPECÍFICA – Quantidade de água absorvida por um poço de recarga


por unidade de tempo e por unidade de elevação do nível piezométrico. Razão entre a
quantidade de água que um solo pode reter e a quantidade total de água contida no solo
saturado ou o volume total do solo.

ACIDEZ DA ÁGUA – Quantidade de ácido, expressa em miliequivalentes de uma


base forte por litro de água, necessária para titular uma amostra a um determinado valor do
pH.

ACUMULAÇÃO – Processo de deposição de produtos oriundos de erosão ou


abrasão, de sais, de sedimentos, etc., em massas de água naturais ou artificiais. Quantidade
de neve ou outra forma de água no estado sólido adicionada a uma geleira, gelo flutuante
ou campo de neve. Retenção de massas de água devida a obras de contenção como
barragens, etc., ou a condições naturais.

ACUMULAÇÃO DE RETENÇÃO, SIN. ARMAZENAMENTO TEMPORÁRIO –


Parcela da precipitação temporariamente acumulada na passagem para o sistema fluvial,
durante ou imediatamente após a queda da chuva. Inclui a retenção superficial e no canal,
mas não a acumulação nas depressões.

52
AFLUENTE OU TRIBUTÁRIO – Curso de água que desemboca em um outro maior
ou em um lago.

AQÜÍFERO – Formação porosa (camada ou estrato) de rocha permeável, areia ou


cascalho, capaz de armazenar e fornecer quantidades significativas de água.

AQÜÍFERO ARTESIANO – Aqüífero que contém água com suficiente pressão para
elevá-la acima da superfície do solo. Algumas vezes usado como sinônimo de aqüífero
confinado ou cativo.

ARREICO – Relativo a áreas quase completamente carentes de drenagem


superficial.

ASPERSÃO – Irrigação por meio de gotas de água caindo livremente.

ASSOREAMENTO – Processo de elevação de uma superfície por deposição de


sedimentos.

BALANÇO HÍDRICO – Balanço das entradas e saídas de água no interior de uma


região hidrológica bem definida (uma bacia, um lago, etc), levando em conta as variações
efetivas de acumulação.

DECANTAÇÃO – Movimento, dirigido para baixo das partículas em suspensão na


água.

DEGRADAÇÃO – Desintegração e desgaste da superfície de rochas, falésias,


estratos, leitos de rio, etc., pela ação de agentes atmosféricos e aquosos.

DERIVAÇÃO DE ÁGUAS – Transferência de águas de uma corrente para outra,


podendo as correntes ser naturais ou artificiais.

DESNUDAÇÃO – Erosão por chuva, gelo, vento ou água do material sólido da terra.
Freqüentemente se dá o desaparecimento do solo pondo a descoberto o substrato rochoso.
Eliminação de toda a vegetação e matéria orgânica de um solo por meios naturais ou
artificiais.

DESVIO – Mudança na direção de um curso d’água.

ENDORREICO – Que drena para bacias interiores.

EUTROFIZAÇÃO – Processo pelo qual as águas se tornam mais eutrópicas (mais


ricas em nutrientes dissolvidos necessários para o crescimento de plantas aquáticas, como
algas), seja como fase natural de maturação da massa de água, seja artificialmente (por
exemplo, por poluição ou por efeito de fertilizantes).

EXORREICO – Que drena para o oceano.

CAVITAÇÃO – Formação de cavidades, no líquido em escoamento, cheias de ar e


vapor d’água causadas pela baixa pressão originada pela alta velocidade.
CONDENSAÇÃO – Passagem da fase de vapor à fase líquida.

53
CONFLUÊNCIA – Junção, ou ponto de junção, de dois ou mais cursos
de água.
Gegrafia e
Hidrografia Geral CONTAMINAÇÃO – Introdução na água de qualquer substância
e do Brasil
indesejável não presente nela normalmente, por exemplo, microrganismos,
produtos químicos, resíduos de esgotos, etc., e que a tornam imprópria ao
uso pretendido.

FONTE DE PERCOLAÇÃO – Fonte cuja água emerge de rocha permeável numa


área relativamente grande.

ÍNDICE DE INFILTRAÇÃO – Taxa média de infiltração deduzida do gráfico


intensidade-duração da precipitação, de tal modo que o volume de chuva em excesso sobre
essa taxa seja igual ao volume da água escoada.

ÍNDICE DE SECA – Valor calculado que se relaciona a alguns dos efeitos cumulativos
de um déficit de unidade prolongado e anormal. Índice de seca hidrológica correspondente
a níveis abaixo da média, em cursos d’água, lagos, reservatórios, etc. Entretanto, um índice
de seca em agricultura deve se relacionar também com os efeitos cumulativos de déficit de
transpiração absoluto ou anormal.

INFILTRAÇÃO – Fluxo da água da superfície do solo para o subsolo. Escoamento


de um meio poroso para um canal, dreno, reservatório ou conduto.

INUNDAÇÃO – Transbordamento de água de calha normal de um rio ou acumulação


de água, drenagem, em áreas não habitualmente submersas. Aspersão controlada de água
para irrigação, etc.

IRRIGAÇÃO – Fornecimento artificial de água ao solo, com finalidades agrícolas.

JUSANTE – Na direção da corrente, rio abaixo.

LIMNOLOGIA – Ciência que estuda todos os fenômenos físicos, biológicos e


hidrológicos pertinentes aos lagos e lagoas em relação ao respectivo meio ambiente.

MARULHO – Agitação da água causada pela interação de correntes ou por uma


corrente rápida passando sobre um fundo irregular, por exemplo, marulho de maré.

MARÉ – Elevação e abaixamento periódicos das águas nos oceanos e grandes


lagos resultantes da atração gravitacional da lua e do sol sobre a terra a girar.
MATERIAL SÓLIDO EM SUSPENSÃO – Sedimentos que permanecem em
suspensão na água corrente, durante considerável período de tempo, sem contato com o
leito do rio e sem nele se depositar.

MEANDRO – Sinuosidade do curso de um rio, constituída por duas curvaturas


consecutivas, onde o escoamento se dá no sentido dos ponteiros do relógio em uma e em
sentido contrário na outra.

NASCENTE – Fonte situada no limite do afloramento de um aqüífero, no local a


partir do qual o lençol se torna confinado.

54
NECESSIDADES EM ÁGUA DE IRRIGAÇÃO – Quantidade total de água exigida
por uma cultura para desenvolver-se normalmente “in situ”, por unidade de área.

NEVE – Precipitação de cristais de gelo, a maioria dos quais com aspecto ramificado
e, algumas vezes, estrelado.

OCEANOGRAFIA – Estudo dos mares e oceanos, inclusive tudo que se relaciona


com a topografia das costas e do fundo dos mares, os tipos de correntes e as marés, a
física e a química das águas do mar e as múltiplas fases da biologia marinha.

ONDA – Perturbação em uma massa de água, propagada à velocidade constante


ou variável (celeridade) freqüentemente de natureza oscilatória, acompanhada por subidas
e descidas alternadas das partículas da superfície do fluido.

ORVALHO – Depósito de gotículas de água em objetos situados no solo ou próximo


ao mesmo, produzidas pela condensação do vapor do ar límpido circundante.

PERCOLAÇÃO – Tipo de escoamento laminar que se produz nos interstícios de um


material poroso saturado sob a ação de gradientes hidráulicos moderados, dirigidos
principalmente para baixo.

PH – Logaritmo decimal do inverso da concentração do íon hidrogênio (atividade):


Utilizado como indicador da acidez (PH < 7) ou da alcalinidade (PH >7).

PLUVIÔMETRO – Instrumento para medir a altura da chuva de distribuição horizontal


supostamente homogênea e não submetida à evaporação.

PRECIPITAÇÃO – Produtos líquidos ou sólidos da condensação do vapor d’água


que caem das nuvens ou depositados pelo ar úmido sobre o solo. Quantidade de
precipitação caída (conforme a, definição em 1) sobre uma superfície horizontal durante um
dia, um mês ou um ano e designada como precipitação diária, mensal ou anual.

PREVISÃO DE CHEIAS – Previsão de cotas, descargas, tempo de ocorrência,


duração de uma cheia e, especialmente, da descarga de ponta num local especificado de
um rio, como resultado das precipitações e/ou da fusão das neves na bacia.

PSICRÔMETRO – Instrumento para medir o conteúdo de vapor d’água da atmosfera.


Consiste em dois termômetros, um dos quais (o de bulbo seco) é um termômetro comum
de vidro, enquanto o outro (o de bulbo molhado) tem o bulbo coberto por um pano fino,
impregnado de água destilada antes de cada observação.

PURIFICAÇÃO – Tratamento das águas naturais ou servidas para extrair as


impurezas físicas indesejáveis, as substâncias químicas e os organismos vivos nocivos.

QUALIDADE DA ÁGUA – Propriedades físicas, químicas e biológicas da água.

QUEDA D’ÁGUA – Queda vertical ou declividade muito acentuada de um curso


d’água, o mesmo que cachoeira e cataratas.

RECURSOS HÍDRICOS – Numa determinada região ou bacia, a quantidade de


águas superficiais ou subterrâneas, disponíveis para qualquer uso.

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REDE HIDROLÓGICA – Conjunto de estações hidrológicas e de postos
de observação situados numa dada área (bacia de um rio, região
administrativa), de modo a permitir o estudo do regime hidrológico.
Gegrafia e
Hidrografia Geral REGIME HIDROLÓGICO – Comportamento do leito de um rio durante
e do Brasil
um certo período, levando em conta os seguintes fatores: descarga sólida e
líquida, largura, profundidade, declividade, formas dos meandros e progressão
do movimento da barra, etc. Condições variáveis do escoamento num aqüífero; Modelo
padrão de distribuição sazonal de um evento hidrológico, por exemplo, vazão.

REPRESA – Massa de água formada por retenção; por exemplo, à montante de


uma barragem.

RESSURGÊNCIA – Reaparição, ao ar livre, ao fim de um percurso subterrâneo, de


um curso d’água superficial desaparecido à montante.

RIACHO – Curso d’água natural, normalmente pequeno e tributário de um rio.

RIO – Curso de água de grande dimensão que serve de canal natural para a drenagem
de uma bacia.

RIO CÁRSTICO – Rio que corre em região cárstica ou calcárea.

RIO ENCAIXADO – Rio que cortou seu canal no fundo de um vale muito apertado.

RIO SUBTERRÂNEO – Massa de água corrente que passa por uma grande
cavidade subterrânea: gruta, caverna ou conjunto de grandes interstícios em comunicação.

SALINIDADE – Concentração de sais dissolvidos na água, quando a matéria


orgânica já foi oxidada, os carbonatos convertidos a óxidos e o bromo e o iodo substituídos
pelo cloro. É expressa em g/Kg ou ppm de cloro.

SECA – Ausência prolongada, deficiência acentuada ou fraca distribuição de


precipitação. Período de tempo anormalmente seco, suficientemente prolongado para que
a falta de precipitações provoque grave desequilíbrio hidrológico.

SEDIMENTAÇÃO – Processo de decantação e depósito por gravidade de materiais


em suspensão na água.

SEDIMENTO – Material fragmentário transportado pela água, vento ou gelo do lugar


de origem ao de deposição. Em cursos d’água, os sedimentos são materiais aluviais
carreados em suspensão ou como material sólido de fundo.

SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA – Conjunto de estruturas hidráulicas


(reservatórios, bombas, condutos, etc.) necessárias para assegurar uma distribuição de
água adequada a diversas utilizações.

SOLAPAMENTO – Ação erosiva em particular, erosão local muito intensa da água


corrente nos rios escavando e arrastando materiais do leito e das margens.

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SOLO – Parte desintegrada da camada superficial da crosta terrestre, constituída
de material incoerente ou de fraca coerência, como por exemplo, cascalho, areia, silte,
argila ou qualquer mistura desses materiais. Em Pedologia: material terrestre alterado por
agentes físicos, químicos e biológicos e que serve de base para as raízes das plantas.

SUMIDOURO – Buraco que vai da superfície a uma cavidade subterrânea, geralmente


formado pela infiltração de águas superficiais ao atravessar rochas cársticas.

SÉRIE HISTÓRICA – Conjunto de dados hidrológicos e hidrometeorológicos de


eventos que ocorreram no passado.

TALVEGUE – Linha que segue a parte mais baixa do leito de um rio, de um canal ou
de um vale.

TERRAS ENCHARCADAS – Terras em que, como conseqüência de irrigações


excessivas ou de drenagem insuficiente, o nível do lençol freático fica tão próximo da
superfície do solo que não permite o desenvolvimento normal das culturas.

TOMADA D’ÁGUA – Estrutura ou local cuja finalidade é controlar, regular, derivar e


receber água diretamente da fonte por uma entrada d’água construída à montante. (CID)

TRANSBORDAMENTO – Excesso de água que vaza de um reservatório superficial


ou subterrâneo quando este tem seus limites de retenção ultrapassados.

TURBULÊNCIA – Agitação superposta ao escoamento principal, composta de


movimentos desordenados e em contínua variação, de partículas fluidas. Perturbação no
escoamento da água ou do ar, caracterizada pela presença de correntes transversais e de
turbilhões.

USINA HIDRELÉTRICA – Conjunto de todas as obras e equipamentos destinados


à produção de energia elétrica utilizando-se de um potencial hidráulico.

VALETA – Vala pequena construída nas margens de uma estrada para assegurar a
drenagem e escoamento das águas.

XERÓFITA – Planta que se desenvolve em clima árido.

ZONA DE PRECIPITAÇÃO OU DE CHUVA – Extensão geográfica afetada por uma


dada chuva.

ZONA DE ÁGUA DO SOLO – Parte subsuperficial da litosfera da qual a água passa


à atmosfera em quantidades apreciáveis, por evapotranspiração.

ZONA ÚMIDA – Zona na qual a precipitação excede a evaporação potencial.

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Referências
Gegrafia e
Hidrografia Geral Bibliográficas
e do Brasil

CHRISTOFOLETTI Antonio. Geomorfologia. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda


1976,149 p.
LEAL Márcia S. Gestão Ambiental de Recursos Hídricos: Princípios e Aplicações.
Rio de janeiro: CPRM 1998.122 p.

PINTO Nelson et all. Hidrologia Básica. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda, 1976,
278 p

TEIXEIRA Wilson et all.(orgs.) Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.

VILELA Swami, MATTOS Arthur. Hidrologia Aplicada. São Paulo: McGraw-Hill, 1975, 245p.

CARRERA-FERNANDEZ José, GARRIDO Raymundo J. Economia dos Recursos


Hídricos. Salvador: EDUFBA, 2002, 457 p.

CEPLAB. Bacias Hidrográficas do Estado da Bahia Recursos Naturais 1. Salvador:


182

COELHO, Marcos A.. Geografia do Brasil. 4ª edição. São Paulo, Editora Moderna, 1996

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Anotações

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Gegrafia e
Hidrografia Geral
e do Brasil

FTC - EaD
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância
Democratizando a Educação.
www.ftc.br/ead

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