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Lição 2

A PERSEVERANÇA NAS PROVAÇÕES


Tiago 1:1-18
Introdução
Acredito que a maioria já ouviu aquele ditado popular que diz que se vida lhe der limões, faça uma limonada.
Certo? É possível? Qual é a ideia por trás deste ditado? A ideia é buscarmos transformar derrotas em vitórias,
dificuldades em oportunidades, transformar tribulação em triunfo. Em vez de nos vermos como vítimas,
devemos nos tornar vitoriosos. A questão é que é mais fácil falar do que fazer! Concorda? E se a vida me dá o
limão, mas eu não tenho a água e o açúcar? E se eu não tenho como cortar o limão? Ou não tenho a jarra?
Não basta desejar transformar uma situação difícil e traumática em bênção, eu preciso ter os recursos
necessários para poder realizá-lo. Eu preciso saber qual o caminho para transformar as minhas tribulações em
triunfos. Tiago neste trecho vai nos ajudar apontando a direção que devemos trilhar para poder encarar as
nossas tribulações de forma sábia, paciente e transformadora.
I. NATUREZA E ORIGEM DAS PROVAÇÕES (v.2-4)
A. A Certeza das provações – É muito interessante que Tiago começa a sua carta abordando a
certeza das provações em nossas vidas. Observem que ele não diz: “Se passardes por várias
tribulações”, mas “quando” passardes por várias tribulações. Tiago não está dizendo que provações
na vida de um cristão é uma possibilidade distante, mas uma certeza real e próxima. É apenas uma
questão de tempo: “Quando passardes”. Toda a Bíblia nos alerta e nos prepara a esperar provações
em nossa jornada. Jesus advertiu: “No mundo tereis aflições” (Jo 16:33), e Paulo também alertou:
“...através de muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus.” (At 14:22). “Todo aquele que
quiser viver piedosamente será perseguido.” (2Tm 3:12). As provações fazem parte integral e natural
de nossa vida.
B. A Origem das provações – Como seres racionais sempre questionamos o porquê das coisas.
Quando passamos por dificuldades e grande sofrimento queremos saber “por que sofremos?”, “por
que pessoas boas passam por coisas ruins?”, por que servos de Deus fiéis são acometidos de doenças
terríveis ou mortes trágicas? Tiago adverte que existe uma variedade (ARA), diversidade (NVI) de
provações. Isto significa que tanto a origem, a intensidade e a natureza das provações são variadas.
Não sofremos todos dos mesmos problemas e crises. Em linhas gerais podemos dizer que provações
procedem:
1. De nossa condição humana – Doenças, acidentes e desapontamentos e frustrações são típicas
da nossa condição humana vulnerável e limitada. Todos os seres humanos estão sujeitos a estas
coisas normais da vida de uma natureza humana caída.
2. De nossa pecaminosidade – Muitas vezes sofremos as consequências das más escolhas que
fazemos na vida e do mal que praticamos a outros e a nós mesmos. Criamos problemas porque
não controlamos a nossa língua, sofremos doenças por escolher um estilo de vida não saudável.
3. De nossa fé – Também cresce o sofrimento de cristãos ao redor do mundo que sofrem porque
crêem e seguem a Jesus em países onde imperam ideologias políticas totalitárias, regimes
teocráticos opressores e intolerância religiosa. Hoje, mais de 260 milhões de cristãos são
perseguidos em mais de 50 países ao redor do mundo.
C. O resultado das provações – Entendemos que as provações são várias e de diferentes fontes.
Podem ser externas (perseguição, opressão, exploração e discriminação), podem ser internas
(doenças físicas ou emocionais ou crises espirituais), tanto podem ser recorrentes (crises financeiras e
de relacionamentos) ou totalmente insperadas (diagnósticos trágicos). O fato é que eles existem e
nos visitarão por uma curta ou longa temporada. A questão ainda persiste: Por quê? Por que Deus
permite que elas nos aflijam? Por que Ele não acaba com elas de uma vez? Como um menino numa
aula da escola dominical prguntou ao seu professor: “Por que Deus não mata logo o Diabo a
pauladas e acaba logo com o problema?” O que as provações produzem de positivo em nossas vidas
para que Deus permita que elas nos atinjam constantemente?

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1. Produz uma fé vitoriosa – A busca pela felicidade é o alvo supremo da humanidade em nossos
dias. Evita-se a todo custo sofrimentos e problemas e fugimos como o diabo foge da cruz de
pessoas problemáticas ou com problemas para que não sobre para nós também! Tiago apresenta
uma perspectiva diferente do mundo e da cultura atual. É muito inspirador como a Bíblia na
Linguagem de hoje traduz o verso 3: “quando a sua fé vence essas provações, ela produz
perseverança.”. Tiago nos ensina que as provações existem para serem vencidas. É possível vencê-
las no poder do Espírito e na operação da fé, mas nunca pela própria carne. A fé e exercitada e
fortalecida nas provações que enfrentamos na vida. A nossa fé não é provada e aprovada pelo
exercício religioso semanal, mas pelo conflito diário a que é exposta.
2. Produz perseverança – Confesso que eu luto com perseverança. Geralmente eu abandono
algumas coisas que comecei. Outras consegui terminar, mas algumas mais difíceis e demoradas
me desanimam. Somos seres movidos a resultados. Dificilmente enfrentaríamos alguma
circunstância difícil se soubéssemos que nada de bom surgirá daquilo. Acredito que dificilmente
alguém abandonaria uma fila interminável de horas no sol quente se soubesse que no final
recebria uma casa! Mas, se o prêmio fosse apenas 1 picolé a coisa seria bem diferente.
Perseverança é a tradução de “paciência” em muitas versões. A palavra grega Hypomoné pode ser
traduzida por “perseverança”, “paciência” ou “constância”. Refere-se a uma virtude dinâmica e
não algo passivo (vou esperar e ver no que dá!). No verso 3 a perseverança está associada a fé e na
verdade é um fruto da fé ativa. A fé vitoriosa produz uma disposição perseverante.
3. Produz maturidade – Confesso que eu luto com perseverança. Geralmente eu abandono
algumas coisas que comecei. Outras consegui terminar, mas algumas mais difíceis e demoradas
me desanimam. Somos seres movidos a resultados. Dificilmente enfrentaríamos alguma
circunstância difícil se soubéssemos que nada de bom surgirá daquilo. Acredito que dificilmente
alguém abandonaria uma fila interminável de horas no sol quente se soubesse que no final
recebria uma casa! Mas, se o prêmio fosse apenas 1 picolé a coisa seria bem diferente.
Perseverança é a tradução de “paciência” em muitas versões. A palavra grega Hypomoné pode ser
traduzida por “perseverança”, “paciência” ou “constância”. Refere-se a uma virtude dinâmica e
não algo passivo (vou esperar e ver no que dá!). No verso 3 a perseverança está associada a fé e na
verdade é um fruto da fé ativa. A fé vitoriosa produz uma disposição perseverante.
4. Produz Integridade – O termo grego aqui tem o sentido de “plenitude”, “solidez” ou
“saudável” em oposição a doente. Também traz a ideia de preencher as lacunas, todas as partes
estão funcionando. Parece que Tiago está nos ensinando que se permitimos o processo do
amadurecimento através das provações seguir o seu curso normal (deve ter ação completa), o
resultado será esta vida íntegra, completa, funcional e saudável.
❑ Muito importante: Tiago não está dizendo que cresceremos e amadureceremos
pelo simples fato de passarmos por provações. Não! Precisamos passar por
provações com a fé e perseverança necessária para produzir os resultados por
ele descritos. Cristãos que se desesperam, reclamam e murmuram e se
alimentam de ira e rancor nunca amadurecerão nas provações.
II. OS ESSENCIAIS PARA AS PROVAÇÕES (v.5-8)
A. A Necessidade de sabedoria nas provações – Por que Tiago agora traz o assunto da
falta de sabedoria após ter falado sobre tribulações e seus resultados? Acredito que a razão é porque
a tribulação é a grande reveladora da presença de sabedoria ou imaturidade em um cristão. Quando
somos afligidos ou agiremos com sabedoria ou insensatez e imaturidade! Por isso Tiago agora mostra
que é possível aos imaturos e insensatos adquirirem sabedoria para enfrentar as provaçãoes da vida.
Mas, afinal, o que é sabedoria? Se vamos pedir algo a Deus, precisamos saber o que estamos
pedindo. “Porque o Senhor dá a sabedoria, da sua boca vem a inteligência e o entendimento”
(Pv 2.6). Salomão equaliza a sabedoria com a inteligência e o entendimento. Além disso, o Novo
Testamento afirma que o cristão recebe sabedoria e conhecimento de Deus (1Co 1.30).
❑ “se a sabedoria é o uso correto do conhecimento, a sabedoria perfeita
pressupõe conhecimento perfeito”. (Donald Guthrie).

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❑ Alguém disse que conhecimento é a capacidade de desmontar coisas, enquanto
sabedoria é a capacidade de montá-las.
B. A Necessidade de oração nas provações – Qual o caminho na busca por sabedoria
apresentado por Tiago. Dois passos essenciais: 1) Um auto-exame para verificar se estamos agindo
sabiamente e 2) Em caso de diagnóstico positivo, recomenda-se a oração. A busca intensa pela
sabedoria é uma ênfase dominante no livro de provérbios (Pv 4:7; 23:23). A sabedoria é um dom
divino e a ausência de sabedoria deve ser motivo constante de oração. Tiago parece muito generoso
em dizer “se” alguém falta sabedoria. Acredito que a realidade é que todos nós carecemos de
sabedoria. Tiago encoraja: Peça a Deus que a todos dá livremente. Uma pergunta que pode surgir
naturalmente: Por que pedir sabedoria nas tribulações? Por que não pedir força, graça ou mesmo
livramento? Por um motivo: a fim de não desperdiçar as oportunidades que Deus concede de
amadurecer. A sabedoria ajuda a entender como usar essas circunstâncias para nosso bem e para a
glória de Deus.
C. A Necessidade de fé nas orações – Tiago já nos disse que em caso de provações
precisamos orar por sabedoria. Agora, não basta orar apenas, precisamos saber como orar. Tiago diz
que precisamos orar com fé. Tiago afirma que orar sem fé é inútil e utiliza três figuras para ilustrar:
1. As ondas do mar (1:6) – É a pessoa que oscila entre fé e incredulidade, ânimo e desânimo,
otimismo e pessimismo. Ora está no alto, ora no vale. Um dia fervoroso, outro dia abatido.
2. Duas mentes em um só corpo (1:6) – A palavra grega “duvidando” diacrimonai = duas mentes. É
uma pessoa com duas mentes. A fé diz sim, mas descrença diz não. Uma hora ele diz sim, outra
hora ele diz não. Exemplo: Pedro andando sobre o mar afundou quando duvidou.
3. Duas almas em um só corpo (1:8) – A palavra grega “dobre” dipsychoi = duas almas. Almas
divididas. É tentar andar em dois caminhos. É tentar servir a dois senhores.
III. O MAIOR DESAFIO DAS PROVAÇÕES: ALEGRAR-SE (v.9-12)
A. Um contexto que não motiva alegria – Tiago começa a carta afirmando que devemos
tomar as provações como motivo de grande alegria. Em situações normais já seria muito desafiador
passar por provação, maior desafio ainda seria se alegrar ao passar por provações em condição de
privação financeira! Estes versos de 9-11 parecem fora de lugar e não parece seguir a sequência do
texto. Muitos estudiosos entendem que a ligação do tema das provações e a riqueza e pobreza
estaria na pobreza que muitos dos leitores de Tiago no Oriente Médio enfrentavam (At 11:28-30). A
pobreza e crises econômicas e trabalhistas seriam algumas das provações que enfrentavam. Seria
muito difícil considerar motivo de grande alegria não ter comida na mesa! Não ter emprego ou estar
sendo humilhado e explorado por ricos gananciosos.
B. O verdadeiro motivo de alegria do pobre – Tiago diz ao irmão de condição humilde que
ele deve ser “orgulhar”, “gloriar” em sua “dignidade” (ARA), “elevada posição” (NVI), “exaltação”
(NAA). Como alguém pobre pode ser considerado elevado, digno ou exaltado? Obviamente isso não
acontece neste mundo e nesta cultura elitista e materialista que vivemos. Podemos afirmar, então,
que dignidade inclui o gozo atual que o crente tem em seu status espiritual exaltado e a esperança de
participar do glorioso e eterno reino inaugurado por Cristo. E justamente esta combinação do status
atual e da herança futura que Tiago destaca neste trecho e em 2:5: “Não escolheu Deus os que para o
mundo são pobres, para serem ricos em fé e herdeiros do reino que ele prometeu aos que o amam?”
C. A alegria ilusória do rico Tiago agora passar a contrastar com o rico e sua posição e seu
motivo de orgulho. Como pode uma pessoa rica “orgulhar-se de sua posição inferior”? O pobre
orgulha-se de suas riquezas espirituais, mas o homem rico que rejeita Deus é espiritualmente cego e
incapaz de ver sua “insignificância”. Ele se gloria de sua riqueza material, mas as riquezas terrenas
“desaparecem como a flor da erva”. Tiago lança mão da ironia. Está dizendo que “o homem rico deve
orgulhar-se de sua posição humilde”, invisível ao irmão que tem discernirhento espiritual. Os bens
terrenos podem ser comparados às marés:eles vêm e vão.

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IV. A FONTE E O PROCESSO DA TENTAÇÃO (v.13-18)
A. Deus não é a fonte de tentações – Na Bíblia palavra tentação no original é a mesma
palavra para provação. A Bíblia nos ensina que Deus não tenta ninguém (Tg 1:13) mas Ele nos prova.
O diabo é o tentador. A tentação tem o objetivo de destruir a nossa fé e nosso caráter, este é o alvo
de satanás. A provação almeja a nossa maturidade, o nosso crescimento para que a nossa fé seja
fortalecida, este é o propósito de Deus. Tiago assegura que Deus não é fonte nem de tentação e nem
de pecado. Deus não é levado para o mal e a ninguém leva ao mal. Todas as bênçãos coisas boas vem
de Deus, nada de mal procede de Deus (v.17)
B. Nós somos fonte de tentações – Após afirmar que as tentações não procedem de Deus,
Agora Tiago esclarece de onde procedem as tentações e o pecado em nossas vidas. A Bíblia aponta
que somos tentados basicamente por 3 grandes fontes: o mundo, o diabo e a nossa carne. Esta tríade
do mal são basicamente as fontes de nossas tentações. Tiago aqui não aborda o mundo ou o diabo,
mas foca em nossa carne pecaminosa como grande fonte de tentações. Nossos desejos internos que
militam contra nossa mente e nosso corpo para pecar ou para se santificar.
C. O processo da tentação ao pecado - Tiago nos ensina que pecado não é um evento, mas
um processo. Ninguém cai em pecado! (como ouvimos dizer), na verdade, a pessoa entra em pecado!
(como Tiago mostra).
1. Desejo ou cobiça (1:14) – É desejar satisfazer um desejo fora da vontade de Deus. Comer é
normal, glutonaria é pecado. Dormir é normal, preguiça é pecado. Sexo no casamento é normal,
sexo fora do casamsento é pecado. Os desejos devem estar sob controle e não nos controlar.
2. Engano – (1:14) – Tiago usa duas figuras para ilustrar o engano da tentação:
 A figura do caçador que usa uma armadilha (atrai);
 A figura do pescador que usa o anzol com ísca (seduz).
3. O parto do pecado – (1:15) – Tiago muda a figura da armadilha e do anzol para a figura do
nascimento de um bebê maldito, chamado PECADO.
4. Morte (1:16) – A cobiça depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez
consumado, gera a morte. O salário do pecado é a morte (Rm 6:23).
D. A vitória sobre a tentação e o pecado -Tiago usa o nascimento como uma imagem do
desejo que leva ao pecado e à morte (Tg 1:15). Ele emprega a mesma imagem para explicar de que
maneira podemos ter vitória sobre a tentação e o pecado. Paulo também usa a imagem da morte e
renascimento no batismo para mostrar o caminho da vitória sobre o pecado em nossas vidas (Rm 6:1-
8). João também associa o nascimento em Deus como fonte de vitória sobre o pecado: “Todo aquele
que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente;
ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus.” (1Jo 3:9). Este novo nascimento
acontece pela pregação da palavra quando a ouvimos, cremos, nos arrependemos e somos batizados.
Apenas a vida pode vencer a morte! Você já nasceu de novo em Cristo?

CONCLUSÃO
O sofrimento e o mal tem sido talvez um dos maiores desafios para muitas pessoas acreditarem e confarem
em Deus. Muitos ateus não conseguem conceber a existência de um Deus bom e poderoso que permite o mal
existir e avnçar. Muitos cristãos são tentados a abandonar a sua fé quando estão sofrendo terrivelmente
porque raciocinam: “Como Deus permitiu que isso acontecesse comigo? Eu que sempre fui fiel a Ele?”
Tiago nos ensina que as tribulações da vida não são para nos destruir, desanimar ou fazer pecar, mas para nos
testar, nos fortalecer, exercitar a nossa fé e nos transformar mais e mais na imagem de Jesus. A bondade,
poder e amor de Deus por nós não reside em impedir ou parar o nosso sofrimento, mas caminhar conosco e
nos capacitar para vencê-lo pela fé e a atuação do Espírito Santo.

❑ “Às vezes Deus acalma as tempestades, as vezes Ele acalma o marinheiro.


Outras Ele nos ensina a nadar.”

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