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ORIGEM

O movimento beguinal surge no final do século XII, atuando informalmente entre 1190 e 1230,
em pequenas comunidades sem instalações físicas. A partir de 1230, adquirem propriedades e
adotam regras de conduta e estilo de vida, surgindo os primeiros conventos. Existem relatos
em literaturas e documentos esparsos sobre atividades que poderiam ser precursores do
movimento beguinal, datados de antes de 1190, mas que não foram definidos por falta de
informações que certificassem se tratar do mesmo movimento.

Em um primeiro momento, surge como grupos de orações na área rural que se propaga para
os centros urbanos com o movimento migratório do homem do campo para as cidades.

Por volta de 1200, nos maiores centros urbanos dos países baixos, existia pelo menos um
hospital para doentes e necessitados com a participação das novas ordens religiosas que
representavam a força de renovação da igreja ocidental. Era muito comum o exercício da
atividade de enfermeiras pelas beguinas nestas instituições hospitalares e de apoio aos
necessitados.

ATIVIDADES

I – CARIDADE

Sob a rubrica caridade, prestavam auxílio espiritual aos pobres, leprosos, e todos aqueles que
eram explicitamente rejeitados pela sociedade. Portanto, a caridade era parte do programa
religioso de muitas novas ordens religiosas que surgiam, dentre elas, o das beguinas.

As beguinas tinham atenção especial para senhoras idosas, doentes e sem teto.

No século XIII há um crescimento significativo das instituições de caridade.

Um grande número de conventos foi fundado para acolher e cuidar de velhas doentes e
mulheres carentes.

Para manutenção das instituições, as beguinas recebiam donativos em nome da enfermaria,


terras e alugueis para cuidar de doentes e indigentes.

Apesar de instituições distintas pela finalidade, os conventos e os hospitais beguinos


desenvolviam atividades intercambiáveis. Poderia ocorrer a transferência de recursos,
assistência e mesmo de beneficiários de uma para a outra instituição.

Por volta de 1300 d.C., duas beguinas da Saint Elizabeth of Ghent doaram suas casas para o
movimento beguinal.

Beguinas não eram meras enfermeiras, mas recebiam treinamento médico para tratar de
leprosos, porém não eram documentados estes treinamentos. Tratava-se de uma capacitação
informal. Apesar de realizarem trabalhos muito próximos aos de médicos, o que não era
permitido para elas, acabavam realizando diversos procedimentos na clandestinidade. O
trabalho de parteiras era expressamente proibido nos estatutos do movimento beguinal, mas,
ainda assim, praticavam.

Em 1551 fora admitida a assistência como parteira se a mãe estivesse em perigo, correndo
risco de morte.

As atividades religiosas compreendiam orações em velórios e sepultamentos, vigílias durante a


madrugada da morte de um membro beguinal, com revezamento entre elas para não
interromper o “culto”. Frequentemente eram convidadas para orar nos leitos de morte e
funerais.

Vale lembrar que o exercício desta atividade incomodava a igreja, pois as beguinas não
estavam habilitadas para o exercício do sacerdócio. Habilitação que era considerada divina.

II - ENSINAMENTO

Ensinavam religião, leitura e música.

Nos séculos XIII e XIV, algumas beguinas eram extremamente eruditas e determinadas a
compartilhar seus conhecimentos.

Em 1274 as beguinas se empenharam na tradução da Bíblia, que não era permitido e


afrontrava a ordem religiosa católica. Sem muito esforço, era possível encontrar em Paris
exemplares em francês em pequenas livrarias, que acabou sendo alvo de críticas por Guilbert
of Tournai, um franciscano mestre de teologia em Paris. Ele alertava para o exemplar em
francês feita por tradução, sem o conhecimento dos melhores especialistas em escrituras, ou
sem a profunda compreensão. Dizia se tratar de desrespeito e ofensa às escrituras sagradas.
Recomendou que fossem destruídos todos os exemplares para que as pessoas não tivessem
acesso ao que chamou de discurso vulgar.

Em 1300, uma beguina de Rheims possuía uma versão traduzida da Bíblia em francês
(atualmente preservada na Biblioteca Municipal de Rheims) que era usada para fins de ensino
religioso.

O Concílio de Vienne (1311-12) formalmente denunciou uma série de crenças heréticas,


chamando o movimento beguinal de uma seita abominável de homens bruxos (begardos) e
mulheres infiéis (beguinas).

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