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IMPRESSÃO 3D NA MODA: A tecnologia no contexto de

comunicação da marca de luxo do segmento de alta costura Iris


Van Herpen

3D PRINTING IN FASHION: Technology in the context of


communication for the luxury brand in the haute couture segment
Iris Van Herpen

Mariana Weis Frasson1.

Luciana Dornbusch Lopes2.

Resumo: O presente estudo tem por objetivo avaliar a comunicação da


coleção Hypnosis da estilista holandesa Iris Van Herpen, com base nos
princípios do design da autora Jones (2005), através da descrição de imagens
digitais e comentários que correlacionam a aplicação do segmento de roupas
feitas por impressão 3D, na coleção de alta-costura. Ao abordar os assuntos
dos temas Moda, Luxo, Tecnologia e Comunicação em um panorama da moda
de alta costura, interliga-se sua relação expressa na passarela, através da
dinâmica imagética e de bases teórico-referenciais. A fim de refletir os efeitos
gerais da pesquisa, sobre a análise imagética da coleção impressa digitalmente
de Iris Van Herpen sob uma nova ótica do futuro 3D na moda, resulta-se em
uma discussão que interliga os principais pontos abordados.

Palavras–chave: Impressão 3D; moda de luxo; comunicação digital; Iris Van


Herpen; coleção Hypnosis.

Abstract: This study aims to evaluate the communication of the Hypnosis


collection by Dutch designer Iris Van Herpen, based on the design principles of
the author Jones (2005), through the description of digital images and
comments that correlate the application of the segment of 3D printed clothing, in
the haute couture collection. By approaching the subjects of Fashion, Luxury,
Technology and Communication in a panorama of haute couture fashion, her
relationship expressed in the fashion show is interconnected, through the
dynamics of imaging and theoretical-referential bases. In order to reflect on the
general effects of the research on imagetic analysis of Iris Van Herpen's digitally
printed collection under a new perspective of the future 3D in fashion, it results
in a discussion that interconnects the main points addressed.

Keywords: 3D print; luxury fashion; digital communication; Iris Van Herpen;


Hypnosis collection.

1
Artigo apresentado no Curso de Moda como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Moda
da Universidade do Estado de Santa Catarina no ano de 2020.
2
Professor orientador.

1
1. INTRODUÇÃO

Ao se tratar do discurso sobre moda, aborda-se temas sobre sociedade,


comportamento e comunicação. Referindo-se ao mercado de luxo, vem à tona
o entendimento dos conceitos sobre tradicionalismo e conservadorismo no
discurso disseminado pelas marcas. No entanto, este mercado de luxo se
mantém em crescimento, com aprimoramento das peças, evolução das ideias,
em aspectos que se pode observar, no meio web, de marcas como Chanel3,
Versace4 e da estilista holandesa Iris Van Herpen5, as quais apresentam novas
propostas de modernização deste mercado que preza por restrição e
exclusividade.
Estas marcas optam por implementar a tecnologia do tridimensional em
suas coleções nas passarelas, eventos ou em artigos conceituais, ao substituir
tecidos por roupas produzidas pela impressora 3D.
Atualmente, a impressão 3D tem maior expressividade em sua utilização
nos setores da engenharia, da medicina, em prototipagem e próteses, ela
permite a inovação no âmbito da criação e na utilização de diferentes materiais,
como filamentos de PLA e PETG6, nylon, policarbonato, fibra de carbono,
polipropileno e entre outros. Aos poucos esta tecnologia vem ocupando espaço
no ramo da moda, visando um futuro promissor em exclusividade,
sustentabilidade, praticidade.
Ainda assim, comercialmente torna-se um desafio para adentrar ao
mercado varejista, e ser vista como um avanço que pode mudar o jeito de criar,
produzir e comunicar os produtos. Um novo jeito de conceber o produto de
moda no mercado. A moda, enquanto um fenômeno cultural, interpreta-se num
amplo sistema de significações. A dinâmica da busca incessante pela novidade
e pela mudança periódica de estilo reflete no comportamento da sociedade. O
conservadorismo é símbolo presente nas casas de alta-costura e com passar
do tempo este aspecto sofre alterações devido interferências externas, de
comunicação, tendências e globalização, desfigurando-se frequentemente sob
a reconstrução de novos discursos, aptos a mudanças, mesmo resguardando
técnicas hereditárias.
Por este viés, questiona-se: qual diálogo entre essa imersão tecnológica
na moda e o tradicionalismo do mercado de luxo da alta-costura? O objetivo
deste estudo é identificar a inserção da tecnologia de impressão 3D no
contexto da alta-costura na coleção conceitual marca de luxo IVH.
Para tal, pretendeu-se analisar o reflexo comunicativo expresso por meio
digital com a introdução dessa nova tecnologia nas marcas de luxo, e seu
diálogo com o universo da alta-costura, tendo em vista o posicionamento da
marca IVH ao exibir essa inovação nas passarelas. Mediante os novos
fundamentos e conceitos que estão mudando o jeito de pensar desse sistema
de moda, o qual ainda é consolidado, descreveu-se os aspectos de
composição da coleção conceitual observada com ênfase na impressão 3D,
uma vez que esta pode ser o fio condutor para essa mudança.

3
Ver Chanel em: https://inside.chanel.com/pt/gabrielle-chanel-and-dance
4
Ver Versace em: https://www.versace.com/international/en/world-of-versace/
5
Ver Iris Van Herpen em: https://www.irisvanherpen.com/about
6
PLA e PETG, ver sobre em: https://3dfila.com.br/pla-vs-petg-comparando-impressoes-com-os-
filamentos/#:~:text=Tanto%20o%20PETG%20e%20o,de%20fato%20degradar%20o%20material.

2
O artigo tem por finalidade ressaltar o discurso visual do tema apontado,
com caráter descritivo, para nortear futuras pesquisas de aprofundamento
semiótica imagética, sobre implementação desta nova tecnologia, e sua
praticabilidade no setor da moda, visualmente expressas na marca de grife.
Dentro deste contexto, este trabalho se resume na interligação dos principais
pontos analisados, contribuindo como fonte de estudo.
Esta pesquisa de natureza qualitativa, baseou-se, primeiramente, a partir
da coleta de dados de pesquisa bibliográfica em consulta a artigos e livros. Ao
abordar sobre o tema “Moda”, utilizou-se como base o artigo de Dias (2015),
onde aborda os panoramas do estudo sobre moda, relacionando o tempo entre
tendências e releituras. Na sequência, sob a mesma visão de contexto, utilizou-
se bases de Vieira e Silva (2011), no qual faz a ponte para o tema da moda de
luxo. Ao aprofundar este tópico, foram citados os autores: D’Angelo (2004),
Hobsbawm e Ranger (2008) e as definições de Bourdieu (2004), os quais
abrangem teorias dos significados e significantes que atuam no mercado do
luxo. Sobre o viés “Tecnologia”, referenciou-se a dissertação de Assis (2018),
onde ressalta os modelos de negócios e cenários da impressão 3D, e também
a dissertação sobre a indústria 4.0 de Carlota (2018), a qual pontua o
discorrimento sobre o tema.
Ao desenvolver uma relação do implemento do 3D no mercado de luxo,
atrelada ao contexto da comunicação digital, analisou-se a matéria da Forbes
Brasil (2017), sobre os maiores desafios para o negócio do luxo com essa
inovação no mercado. Como base no estudo da comunicação, referenciou-se
Teixeira (2014), a qual articula sobre a percepção da comunicação digital das
marcas de luxo de moda.
Ao sintetizar as informações, foi feito um apanhado de um banco de
imagens digitais no site7 da marca, a fim de analisar a relação da coleção
conceitual Hypnosis, de IVH, com a evidência da modernização na moda de
alta-costura, emergindo para um disserto de caráter descritivo. O processo de
desenvolvimento se deu a partir da pesquisa desmembrada nos fundamentos
elaborados e na metodologia dos princípios de design de moda de Jones
(2005), com abordagem dos elementos do design da autora, acrescido da
análise dos elementos visuais e critérios apontados no artigo de Mendes e
Santos (2017), a fim de orientar as discussões dos resultados.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Com objetivo de discorrer o tema abordado, com amparo de fontes


secundárias, para conceituar e fundamentar a discussão, foram pontuados os
seguintes tópicos: Moda, Mercado de luxo, Tecnologia e moda, Comunicação
digital.

2.1. MODA

Na Contemporaneidade, a compreensão da moda se resume como um


estudo de um sistema, o qual seu viés social abrange, além de estudos
técnicos de execução do produto da cadeia de moda, a síntese num parâmetro

7
Imagens retiradas de: https://www.irisvanherpen.com/haute-couture/hypnosis

3
da atualidade e historicidade. Com seu surgimento no período Renascentista,
meados do século XVI, a moda permeou ao longo do tempo na finalidade de
distinguir e delimitar a vestimenta, em função de enobrecer padrões e hábitos
das funções de classes mais ricas perante as pobres. Com o passar dos
séculos, o vestuário passa a expressar diferentes significados, traduzir uma
simbologia nos estilos que permeiam conforme o contexto histórico de cada
década. Por isso, para se referir à moda como um todo, analisa-se o alicerce
que a sustenta, a conjuntura dos eixos econômicos, tecnológicos, políticos e de
inter-relações culturais.

A moda, sendo uma das formas mais visíveis de consumo,


desempenha um papel de extrema importância na construção social
da identidade. A escolha do vestuário propicia um vasto campo de
estudo a respeito de como os indivíduos interpretam determinada
forma de cultura para seu próprio uso, forma essa que inclui normas
rigorosas sobre a aparência que se considera apropriada num
determinado período. (DIAS, 2015, p. 127).

Diante disso, ao adentrar no cenário da indústria do vestuário a partir do


século XXI, percebe-se uma constante transformação e renovação acerca da
construção do indivíduo, a sociedade se volta para um consumo de maior
poder simbólico social pautado na aceitação, encontro de identidade e posse
de bens. Numa visão amplificada, esses gostos, interesses e desejos são
segmentados em alguns eixos de mercado. Conforme Vieira e Silva (2011), as
quais dividem nos seguintes pontos: Mercado jovem, Mercado de baixa renda e
Mercado de luxo. Sendo este último, um dos tópicos a se evidenciar.

2.2. MERCADO DE LUXO

Derivado da palavra latim lux (luz), o luxo é um mercado requisitado, seu


estudo abrange áreas do marketing, sociologia e história. Segundo D’Angelo
(2004), ao introduzir o tema sobre o luxo, aborda a significância do estudo
sobre consumo, como ponte para entendimento. “Na sociedade tradicional, o
consumo vinculava-se aos status social, geralmente fixo, imóvel; na
modernidade, a estabilidade das posições sociais dá lugar a uma ordem
marcada pela mobilidade e pelo quase desapego às tradições [...]”.
(D’ANGELO, 2004, p. 23).
Ao aprofundar no contexto do mercado de luxo de moda, depara-se com
a divergência do simbolismo atribuído ao consumo perante as diferentes
épocas, nota-se que na modernidade o luxo é gradativo: há o grupo de
pessoas que consomem com frequência, há os que consomem de vez em
quando e aqueles que não consomem em ocasião alguma, mencionam Vieira e
Silva (2011). Já anteriormente ao século XX, os artigos de luxo eram muito
mais restritos, apenas pessoas pertencentes à alta classe social adquiriam. O
luxo dicotômico declina ao longo das décadas, mesmo que a distinção social
por meio da aquisição do luxo seja ainda presente. Diante do cenário de
transformações, identifica-se uma maior acessibilidade ao luxo em decorrência
à modificações de pensamento, hábitos e valores da sociedade, no geral. “[...]
quando uma transformação rápida da sociedade debilita ou destroi os padrões
sociais para os quais as “velhas” tradições foram feitas, produzindo novos

4
padrões com os quais essas tradições são incompatíveis;”. (HOBSBAWM;
RANGER, 2008, p. 12).
Assim, com o fluxo do movimento das transformações cotidianas, as
grandes marcas imersas nesse mercado vasto e amplo do luxo, redirecionam
seus discursos conforme as correntes das tendências globais. Tendo isso em
vista, as marcas se posicionam em diferentes linhas de produção, seja prêt-à-
porter de luxo ou na exclusividade da alta-costura. Os signos que essas grifes
de luxo constroem ao longo de sua jornada, seja na venda de artigos
diferenciados, ou pela alta qualidade, ou de itens raros, ou até mesmo pelos
elevados preços de mercado, deparam-se no ápice, no qual as próprias marcas
já simbolizam o luxo por si só. Com base nas definições de Bourdieu (2004), o
prestígio de consumo atribui na dependência de um sistema cognitivo onde
mediadores operam na classificação do social, a que define a desenvoltura do
capital simbólico. Exemplifica:

Em suma, quando o único capital útil, eficiente, é o capital


irreconhecido, reconhecido, legítimo, a que se dá o nome de
“prestígio” ou “autoridade”, neste caso, o capital econômico
pressuposto, quase sempre, pelos empreendimentos culturais só
pode garantir os ganhos específicos produzidos pelo campo - e, ao
mesmo tempo, os ganhos “econômicos” que eles sempre implicam-
se vier a converter-se em capital simbólico: a única cumulação
legítima, tanto para o autor quanto para o crítico, tanto para o
marchand de quadros quanto para o editor ou o diretor de teatro,
consiste em adquirir um nome, um nome conhecido e reconhecido,
capital de consagração que implica um poder de consagrar, além de
objetos (é o efeito de grife ou de assinatura) ou pessoas (pela
publicação, exposição, etc.), portanto, de dar valor e obter benefícios
desta operação. (BOURDIEU, 2004, p. 20).

Diante desta reflexão, pode-se relacionar os simbolismos presentes no


prestígio da conservação das tradições nas maisons8, atrelada às mudanças
decorrentes de novas marcas de alta-costura que modificam o cenário do
tradicionalismo perdurável. Como Bourdieu (2004), exalta em um tom descritivo
figurativo:

“Por um lado, os muros brancos e o tapete cinza, os monogramas, as


vendedoras de uma certa idade, das velhas maisons de prestígio e de
tradição, situadas nos santuários da rive droite, tais como a rue
avenue Françoies I e a avenue Montaigne, por outro, o metal branco
e ouro, as formas e os volumes implacavelmente modernos, além dos
vendedores audaciosamente santropezianos [...]”. (BOURDIEU, 2004,
p. 115).

Ante a essa linha de raciocínio, diante de novas linguagens no mundo


contemporâneo, percebe-se o aprimoramento dos ajustes nas técnicas e
conceitos das produções e comunicações de alta-costura, o qual se vê diante
de mecanismos inovadores para englobar seus consumidores, através da
aplicação da tecnologia e de diferentes materiais, para realização das
coleções. Utilizando-se de novas linguagens e princípios que questionam a
ruptura do “antigo” para o “novo” jeito de fazer Moda de alta-costura, apesar
deste setor ainda ser composto por um público mais seletivo.

8
Maisons: casas de alta-costura.

5
2.3. TECNOLOGIA E MODA

Conforme novos avanços tecnológicos que se dá ao longo dos anos,


com aprimoramento de equipamentos e softwares, algumas mudanças aliam-
se com o universo do vestuário. Desde a invenção da máquina de costura de
Isaac Singer em 1851, até a aplicação de nanotecnologia em tecidos no século
XIX. Com a implementação da impressora 3D não foi ao contrário, após seu
surgimento em 1984, por Chuck Hull, foi usada para diversos materiais, para
várias funções, conforme ressalta Assis (2018).
Além disso, a máquina utiliza-se de resíduos plásticos, somado a uma
lista de filamentos geralmente utilizados (PVC9, PLA, PETG, ABS10, PLA Flex,
HIPS11 e entre outros polímeros que contribuem para a reutilização da matéria
prima), podendo ser feitos até mesmo de materiais biodegradáveis, uma forma
sustentável de aplicar no mercado. Mesmo assim, a utilização da impressora
3D na moda continua pouco expressiva, com recursos limitados de materiais,
poucos profissionais na área, não abrangendo com expressividade o atual
mercado varejista.
A amplitude de recursos tecnológicos impulsiona melhorias nas
gerações de alternativas, na resolução de problemáticas, como na elaboração
de novos tecidos, auxílio na aplicação do sistema de dados antropométricos,
adequação e exclusividade para o consumidor, entres outros aprimoramentos
consideráveis. Em meio aos artifícios que a tecnologia da impressora 3D pode
oferecer em conjunto com demais equipamentos, tende a gerar impacto sobre
a cadeia produtiva, caso planejada para uma futura aplicação na produção para
o mercado de vestuário, como cita Carlota (2018):

Existe a possibilidade de muito brevemente os consumidores


possuírem uma impressora 3D em que podem pesquisar modelos
dos designers que mais gostam, descarregar o ficheiro online com as
medidas adequadas e imprimi-los diretamente em suas casas. A
forma de consumir roupa poderá vir a seguir as pisadas do que
aconteceu na música e nos média no passado, com opções de open-
source ou designs pagos, realizados por marcas. (CARLOTA, 2018,
p. 41).

Apesar dos atritos que acercam o implemento dessa tecnologia na


moda, ainda se encontra em um estágio de maturação de seu
desenvolvimento. Um dos exemplos, como objeto de estudo, é a visibilidade
dessa inovação nas coleções da marca IVH. Exibida nas passarelas, o 3D
ocupa o espaço midiático, o qual traz em pauta discussões e interligações
dessa evolução da Indústria 4.0 mediante ao setor de comunicação de moda.

2.4. COMUNICAÇÃO DIGITAL

No discurso da comunicação expressa pela publicidade e pelo


jornalismo, observa-se, como referência, na matéria da Forbes Brasil (2017),
na qual reporta os avanços da impressão 3D na moda de luxo, e abrange os
temas sobre os principais desafios econômicos e sob o impacto gerado com

9
PVC: policloreto de vinila
10
ABS: é um copolímero composto pela combinação de acrilonitrila, butadieno e estireno
11
HIPS: é uma mistura de material de poliestireno e borracha

6
essa tecnologia aplicada na moda de luxo, questionando se a impressão 3D
poderia de alguma forma afetar a indústria do luxo, contribuindo com o cenário
de maior falsificação. Discorre, na redação, sobre a implementação do 3D ser
uma possível ameaça ao atual modelo de varejo de luxo e de seu uso ainda
limitado, ao se tratar de materiais utilizados na máquina de impressão.
Surge através dos meios digitais uma forma de promover um proposta
de interatividade das marcas de luxo com o público. Cada vez mais as
plataformas web, redes sociais, vem a ser utilizadas com mais frequência, por
mais usuários. O modo como as marcas de luxo da moda enfrentam esses
desafios, gera mudanças de suas variantes de consumo, arcando com
readaptações na exposição de seus signos comunicativos dentro de uma
plataforma digital. “A moda enquanto condutora social reinventa a sua
comunicação, a sua linguagem visual adapta-se a novos meios e formatos de
comunicação, o que implica o estudo desta nova comunicação.” (TEIXEIRA,
2014, p. 4).
A difusão a que se dá pela rápida disseminação de conteúdo e
informação em meio digital, no que concerne a uma escala global, e pelo
desenvolvimento das inovações do mercado têxtil e de fabricação do vestuário
de moda, revela-se um direcionamento de sua maior expansão, a fim de
sucumbir às exigências de mercado.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A fim de gerar resultados e discussões perante os temas fundamentados


no disserto, trabalhou-se com a metodologia aplicada com a base estrutural de
Jones (2005) e referenciais de Mendes e Santos (2017), acrescido de
adaptações feitos pela autora. A apresentação sobre a marca e a coleção
prefaciam a aplicação metodológica, a qual se deu pela descrição das imagens
exibidas, doravante.

3.1. MARCA IRIS VAN HERPEN

Com sua primeira coleção produzida no ano de 2007, a estilista Iris Van
Herpen ficou conhecida por sua marca apresentar uma linha de vestuário com
diferentes formas e texturas, na utilização de materiais distintos dos tradicionais
tecidos, como metais, arames, fios de nylon, entre outros. A partir do ano de
2010 trouxe a inovação das peças feitas por impressão 3D, a coleção
Crystallization, sendo a pioneira. Em 2011, tornou-se a membro-convidada da
Fédération de la Haute Couture et de la Mode (FHCM)12. Passou a elaborar
projetos de sua coleção juntamente com arquitetos, artistas plásticos e
engenheiros. Em uma das suas últimas coleções, trouxe no ano de 2019, com
a colaboração do artista Anthony Howe, a coleção de alta-costura impressa,
em parte, tridimensionalmente, Hypnosis.

12
Fédération de la Haute Couture et de la Mode (FHCM): Federação da Alta Costura e da Moda –
FHCM. Ver sobre em: https://br.fashionnetwork.com/tags-federation-francaise-de-la-couture

7
3.2. COLEÇÃO HYPNOSIS

Sob um ótica de caráter revolucionário, Iris Van Herpen utilizou para sua
coleção conceitual do segmento de alta-costura, Hypnosis, juntamente com as
técnicas de peças feitas com impressão 3D, a engenharia das esculturas
cinéticas do artista plástico Anthony Howe. Conforme a estilista descreve no
conceito da criação:

A escultura esférica de Howe 'Omniverse' explora nossa relação com


a natureza e se entrelaça com infinita expansão e contração,
expressando um ciclo de vida universal. O movimento meditativo do
'Omniverso' serve como um portal para a coleção e os modelos,
circundando um estado de hipnose. (VAN HERPEN, 2019, tradução
nossa).

Utilizou como base estrutural, para todas as peças, uma espécie de tule
extremamente fino, praticamente imperceptível a uma certa distância. Coleção
composta por tecidos leves, como seda, organza, contrabalança com a rigidez
da tecnologia bem aplicada. Diante dessa perspectiva, analisou-se os
principais pontos referenciais expressos sobre a elaboração da coleção
Hypnosis, a fim de discorrer a descrição das imagens na subseção seguinte.

3.3. DESCRIÇÃO DAS IMAGENS DA COLEÇÃO CONCEITUAL DE ALTA-


COSTURA “HYPNOSIS” DE IRIS VAN HERPEN (IVH), ATRAVÉS DA
APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO DESIGN

Com fundamento de Jones (2005), através de seu estudo dos princípios


do design de coleção, cuja separação de elementos se dá por:

1) Silhueta: Reta, Natural, Trapézio, Ampulheta, Oval, Ombros


avolumados.
2) Linhas: Verticais, Horizontais, Diagonais.
3) Texturas: Diferentes tipos e toques, de acordo com o tecido ou
material observado.

Tendo em vista esses pontos, trabalhou-se com a metodologia


descritiva acima dos princípios do design da autora:

a) Repetição: uso dos mesmos componentes mais de uma vez, em


uma mesma roupa, sem necessariamente ter uma certa ordem.
b) Ritmo: repetição regular de certas características da roupa.
c) Gradação: repetição de componentes de diferentes tamanhos em
ordem gradativa (do maior para o menor, do menor para o maior),
em sequência.
d) Radiação: efeito do raio geométrico, visível por meio de linhas
que se encontram no mesmo eixo central.
e) Contraste: por meio de cores, detalhes ou características, que se
opõem uma da outra, opostas, criando essa diferença de
contraste. Podendo ser extremo ou sutil.
f) Harmonia: por meio de cores, detalhes ou características, que
apresentam umas certa semelhança, uma paridade.

8
g) Equilíbrio: uma certa simetria visual, seja ela de forma vertical,
horizontal ou diagonal. Tamanhos iguais, distâncias iguais.
Mesmo que seja uma peça assimétrica, o equilíbrio está na
representação e disposição regular de um conjunto total
observada.
h) Proporção: aspectos de dimensões e medidas conforme a
visualização das formas e partes como um todo.
i) Sensação corporal: experiência sensorial, palpável e
propriedades de texturas das roupas aplicadas sobre o corpo.

Para ampliar esta abordagem, considerou-se também os apontamentos


de Mendes e Santos (2017), sobre linguagem visual, citando os elementos
como linhas, texturas, silhuetas e cores.
Na conjuntura dessas metodologias e referenciais teóricos, adaptou-se
ao artigo, tendo por sua vez a divisão das unidades que compõe a coleção,
apresentados em tópicos, com ênfase nos seguintes aspectos: Estrutura e
Formas, Linhas, Silhueta, Cores e Texturas. A partir destas secções,
menciona-se os princípios, de “a)” a “i)”, de Jones (2005), ao discorrer da
abordagem descritiva. De acordo com as imagens, a coleção apresenta 19
looks em sua totalidade, do segmento de vestidos de caráter conceitual.
Dispostas por colagens de 8 fotos na “Figura 1”, 8 fotos na “Figura 2” e 3 fotos
na “Figura 3”, elencadas de “A” a “S”, de ordem cronológica do desfile
apresentado na semana de Alta Costura Inverno 19/20 (no Élysée Montmarte,
Paris), descreve-se diante de suas composições. Para facilitar a análise
utilizou-se uma fonte adicional, o video do desfile, visto em:
https://www.youtube.com/watch?v=72yAm_csi20.

9
Figura 1 - Fotos de “A” a “H” do desfile da coleção Hypnosis de IVH

13
Fonte: 1ª Compilação do autor (2020).

Ao analisar o seguimento das fotos, sendo “A” o look da abertura do


desfile, percebe-se:
Estrutura e Formas: nessa primeira compilação (Figura 1), conduzida
pelo efeito que se dá os recortes, em pequenos moldes, dispõe-se numa
composição de lâminas finas, envoltas com um tipo de fita, permitindo
sustentação, maleabilidade e leveza no conjunto da peça. Verifica-se o uso
contínuo, na coleção, das formas mais arredondadas, numa dinâmica de
ondas, criando o efeito de esferoides conforme a movimentação da roupa.
Linhas: com maior ênfase nos looks “C”, “D” e “F”, combinam o
processo de formação de linhas verticais, alongando a perspectiva do tamanho
das peças. As linhas mais caídas aos ombros em “C”, “F”, “G” e “H”, sucedem
de um afinamento no tronco, alongando o pescoço. As linhas das roupas de “C”
a “H” tendem a ter uma projeção de fluxo vertical, de cima para baixo.
Silhueta: de acordo com as definições de tipos de silhueta de Jones
(2005), as peças “A” e “B”, de estruturas mais largas nas silhuetas, tem o
aspecto da “Silhueta Oval”, por seu maior volume. As demais peças são
demarcadas por “Silhueta Ampulheta”, devido seu busto mais justo, e da
cintura para baixo a abertura mais larga da saia do vestido. No look “E” há
predominância da “Silhueta Reta”, sem demarcação da cintura do corpo, de
cima a baixo. Como realça, nas suas aplicações e técnicas, diante a criação da
coleção: “[...] silhuetas que fluem de forma enganosa em transparências.
Multicamadas ao redor do corpo, elas reavivam a antiga técnica de tecelagem

13
Montagem a partir de imagens coletadas no site da Iris Van Herpen via
https://www.irisvanherpen.com/haute-couture/hypnosis

10
em moiré de seda que se relaciona com a natureza ilusória da percepção
humana.” (VAN HERPEN, 2019, tradução nossa)
Cores: no uso de cores mais sóbrias, e de tonalidades mais fechadas,
encontra-se o domínio da técnica degradê. A gradação presente no uso da cor
branca enfatiza a variação de luz e sombra, em contraponto à cinza. Utiliza-se
outras cores, numa mistura de azul, vermelho e roxo, em diferentes
tonalidades. Para o processo de tingimento de cores, a estilista aplicou a
técnica japonesa “Suminagashi”14, na qual revela: “As peças de vestuário
“Suminagashi” que refletem a venerável arte da tinta flutuante japonesa sobre a
água, são cortadas a laser em linhas líquidas de seda tingida, unidas por calor
em tule transparente para fluir aparentemente e sem problemas sobre a pele.”
(VAN HERPEN, 2019, tradução nossa).
Texturas: apesar da utilização de tecidos mais leves, com realce das
texturas lisas, os formatos em ondas e relevos, os looks da compilação
apresentam caráter mais rígido, de estrutura robusta. De acordo com a
movimentação da modelo, a transparência salienta a texturização áspera do
tecido ondeado sobre a pele.

Figura 2 - Fotos de “I” a “P” do desfile da coleção Hypnosis de IVH

15
Fonte: 2ª Compilação do autor (2020).

A partir da 2ª compilação de fotos, elaborou-se os seguintes


apontamentos:
Estrutura e Formas: repercute as repetições de linhas e recortes nas
peças “J” e “P” , já comentadas na compilação de fotos anteriormente (Figura

14
Ver sobre em: https://arteref.com/historia/papel-marmorizado/
15
Montagem a partir de imagens coletadas no site da Iris Van Herpen via
https://www.irisvanherpen.com/haute-couture/hypnosis

11
1), em formatos ondulatórios e em secções. Porém, nessa seleção, apresenta-
se mais looks com tecidos soltos e esvoaçantes. Os vestidos “K” e “M”
possuem uma espécie de plissado em todo tecido trabalhado em seda. Com a
estrutura mais achatada, os looks “L” e “O” se assemelham, mais colados ao
corpo na parte do busto e cintura, apresentando uma soltura, com recortes
assimétricos, do quadril para baixo.
Linhas: visto a abertura de decotes, as linhas projetam um busto mais
largo nas peças “K”, “M” e “N”. Nessa coletânea, observa-se em “J”, “L”, “O” e
“P” linhas mais curvilíneas, com ênfase de linhas mais arredondadas, com
maior volume, dispostos na parte das coxas e panturrilhas. O vestido “I”
apresenta ritmo nas linhas de simetria, que vão de encontro a cintura, com
formas mais geométricas.
Silhueta: as peças, em sua maioria, manifestam a “Silhueta Trapézio”,
vistas nos vestidos de “L” a “O”. A “Silhueta Ampulheta” exibidas em “J”, “K” e
“P”, visto por os volumes nas saias dos vestidos. No look “I” adequa-se ao tipo
da “Silhueta Reta”, posto pelo formato triangular do vestido longo, sem
demarcação da cintura.
Cores: em equilíbrio, a coleção predomina os tons de degradê do
branco e cinza, nesta compilação encontra-se cores mais fechadas e escuras.
Assim sendo, os tons de dourado nas peças de “K” a “N”, com nuances em
roxo em “K”, “L” e “N”, em diferentes tonalidades. Com destaque ao vestido “N”,
a estampa reluzente remete a natureza da holografia de acordo com a
movimentação do tecido, dispondo de um jogo de cores como laranja, roxo,
azul, amarelo, em tons gradativos, de maneira mais abstratas, indefinidas.
Texturas: nesta segunda compilação (Figura 2) percebe-se uma leveza,
ao considerar a texturização. Com predomínio do uso da seda, os vestidos são
soltos e longos, identificados em “I”, “K”, “M” e “N”. Já no aspecto “sanfona”
dos vestidos “J” e “P”, depara-se com a aparência de relevos, de uma textura
rígida. Em “L” e “O”, suas assimetrias figuram um caráter mais pontudos e com
realce das proporções nas saias dos looks.

Figura 3 - Fotos de “Q” a “S” do desfile da coleção Hypnosis de IVH

16
Fonte: 3ª Compilação do autor (2020).

16
Montagem a partir de imagens coletadas no site da Iris Van Herpen via
https://www.irisvanherpen.com/haute-couture/hypnosis

12
Por fim, analisa-se, diante dos últimos 3 looks, o encerramento da
coleção:
Estrutura e Formas: na presença de formas grandiosas, nesta última
compilação, identifica a principal identidade visual da estilista, na manifestação
intrínseca do uso da tecnologia 3D no vestido “R”, projetado como uma espécie
de “rede” bem fina, rígida, para garantir o sustento do formato oval. No vestido
“Q” foi utilizado a mesma técnica presente nas revisões das imagens de
seleções anteriores (Figura 1 e Figura 2), disposta por várias camadas, com
um maior volume na cintura e nas pernas. Com o foco final do desfile para o
vestido “Infinity”, imagem “S”, a estilista relata: “Um esqueleto de alumínio, aço
inoxidável e rolamentos é bordado com uma delicada camada de penas em
vôo cíclico; girando em torno de seu próprio centro.”(VAN HERPEN, 2019,
tradução nossa).
Linhas: na peça “Q” as linhas divergem do eixo central, no joelho, para
fora, proporcionando volume, com o efeito da radiação. Este efeito também
analisado no vestido “R”, mas com o eixo central localizado na cintura, nos
quais são mais enfatizados pelas linhas paralelas (mais próximas umas das
outras) verticais da saia. As linhas das mangas, em formato oval, construídas
por um formato que as tornam mais robustas. Diante das linhas menos
expressivas na base do vestido “S”, o enfoque se dá pelas aplicações da
estrutura de alumínio, que expandem, do eixo central da cintura para as
laterais, em curvas espirais, com sua finalização nas costas da peça. E
desfrutando da tecnologia cinética de Anthony Howe, as linhas sinuosas das
penas se encaixam na curvatura do corpo da modelo.
Silhueta: com silhuetas mais extravagantes, em “Q” nota-se uma
mistura entre “Silhueta Ampulheta” com “Silhueta Oval”, visto a alternância de
posição no afinamento do vestido, o qual se dá na região dos joelhos. No look
“R”, a “Silhueta Oval” também aparece com mais um formato, onde o sentido
das linhas da saia exibem um afunilamento da cintura. Por fim, “S” apresenta
uma “Silhueta Natural”, devido seu caimento do vestido se dar a estrutura
corporal.
Cores: nesse repertório, assim como na maioria do restante da coleção,
predominaram as cores branco e cinza. Em ambos looks, “Q” e “R”, a gradação
de cor é criada por efeito de ilusão de ótica. Em “Q”, os recortes no tecido de
seda branca somados ao tingimento, resultam numa percepção de luz com tom
reluzente. Já em “R” o tecido digitalmente impresso é composto com finas tiras
brancas, e a característica de sombra se dá pelo espaço entre as. Coberto por
penas brancas, o vestido “S” tem uma disposição opaca, contrastando apenas
as cores das penas postas na estrutura de alumínio, que conforme
movimentam-se, a direção da luz alterna, expondo-se ora claras e ora escuras.
Texturas: o “efeito sanfona” volta a aparecer no vestido “Q”,
contrastando a suavidade das camadas de seda estruturadas com uma
espécie de fita envolta de cada recorte. Incorporadas por camadas lisas. Em
“R”, com sua estrutura inteira formada por um tipo de rede, elaborado
digitalmente, com aspecto mais estruturado, remete uma textura de aspereza.
E por fim, a leve e macia textura caracterizada pelas penas aplicadas por todo
vestido “S”, o qual relaciona-se com a dinâmica de “Sensação Corporal”, diante
dos princípios de Jones (2005). Contrastando com o suporte rígido da estrutura
de alumínio.

13
3.3.1 Resultados da comunicação na passarela

Mediante a apresentação do desfile, visto na plataforma do YouTube,


“IRIS Van Herpen – Hypnosis” (2019), a ambientação da passarela harmoniza
com a áurea da coleção. Na casa de música em Paris 17, a coleção foi desfilada
no centro do salão, no qual os espectadores foram distribuídos nas cadeiras
aos lados, no mesmo nível da passarela, ou seja, sem uma estrutura de palco.
Na ambientação mais escura, com luzes brancas centrais fixas, o enfoque na
escultura cinética suspensa de Anthony Howe, deu entrada às modelos. Com
um aspecto mais futurista, o deslumbre desfile de looks conceituais resultou
sob um novo olhar, contemplado pela introdução da inovação 3D na alta-
costura. Combinando o artesanato tradicional da alta-costura, com todas as
peças sendo fabricadas à mão, com a aplicação de tecidos impressos por
máquinas e/ou métodos que utilizam bases tecnológicas. Essa modernidade
acrescida à moda de alta-costura, diverge dos pontos tradicionalistas
empregados.

3.4. DISCUSSÃO

Ao articular os parâmetros vistos durante o desenvolvimento desse


disserto, associa-se a divergência entre a linguagem técnica do vestuário,
enquanto aplicada no caráter descritivo, e a expressão dos objetos lida em
nível inconsciente numa representação de espetáculo. A utilização da
tecnologia na fabricação da coleção, transpassa uma nova maneira de fazer
roupa e imerge em uma contemporaneidade onde a cultura da multimídia
torna-se mais exuberante e com papel mais rotineiro na vida das pessoas. É
possível perceber o envolvimento da marca de luxo IVH com uma nova
concepção de alta-costura no campo do entretenimento, ao aplicar formas,
objetos e têxteis inovadores, onde os significados do conceito ultrapassam o
caráter utilitário, e opera no mundo material e simbólico.
No cenário atual, a busca incessante do prazer de compra, de novidade,
nessa dinâmica de individualização, onde se coloca a priori novas soluções e
métodos de um constante giro de mercado, a inserção de máquinas 3D se dá
pela prática nos recursos de “escolha” disponibilizados pela indústria da moda,
de adequação do consumidor ao se inteirar a produção do vestuário. Dispondo
assim, processo de interações em duas dimensões, material e cultural,
possibilitando a satisfação de suas necessidades, objetivas e expressas por
meio da imagem construída, respectivamente. Nesta situação, cria-se uma
inter-relação dos designers, os quais poderiam aprimorar suas criações
exclusivamente para seu consumidor, facilitando a produção de suas peças
sem que haja grandes desperdícios ou superprodução.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em síntese, sob os eixos de estudo que fundamentam a base do


entendimento sobre a moda, em uma visão ampla, depreende-se com os
desdobramentos perante os avanços tecnológicos nesse ramo. A inserção da
impressão 3D na produção de artigos e vestuários de moda, ganha espaço e

17
Élysée Montmarte, Paris.

14
gera repercussão em face dos desafios nos setores mais tradicionalistas, como
a alta-costura e o mercado de luxo, instigada para uma futura ocupação no
mercado.
Ao se estudar luxo e alta-costura atrelada a modernidade do 3D, vem à
tona a estilista pioneira no ramo, Iris Van Herpen, e possibilita um
enriquecimento no entendimento texto/objeto, mediante a descrição das
imagens de sua coleção Hypnosis. O caminho das estratégias discursivas da
moda aplicam-se no estudo das significações da comunicação proposta pela
criação da estilista. Os elementos e princípios do design aplicados, formam
traços que possibilitam a apreensão do sentido do ponto de vista imagético
representado na coleção, perante os signos de comunicação narrados no
contexto de modernidade.
Como se pode observar, num contexto de público e mercado, onde
clientes buscam por maior praticidade e exclusividade, esta tecnologia está
atrelada a uma série de contrapontos, alavancados pelo caráter exibicionista no
seu papel midiático, por enfrentar atritos devido seus altos custos operacionais
e ao revelar limitações materiais ainda evidentes.
Neste trabalho foram abordados, em uma breve introdução, os temas de
moda, tecnologia, alta-costura e luxo, para uma aplicação metodológica de
cunho descritivo da coleção de alta-costura “Hypnosis” da marca de luxo Iris
Van Herpen, e o impacto positivo que a impressão 3D poderá vir a trazer aos
setores da moda. Para uma investigação futura é proposto que seja também
fundamentada uma pesquisa de prospecção de mercado varejista no setor do
vestuário, para possível adequação da inovação mencionada, e a realização de
uma análise semiótica mais aprofundada sobre os significantes imagéticos
dispostos, ao associar as diretrizes comunicacionais que a grife pode estar
disseminando com essa proposta e discurso da tecnologia tridimensional na
moda.

5. REFERÊNCIAS

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os novo cenários para a propriedade intelectual. 2018. 128 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018.

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dos bens simbólicos. 2. ed. São Paulo: Zouk, 2004. 220 p. Tradução de: Maria
da Graça Jacintho Setton.

CARLOTA, Mariana Casimiro. A indústria 4.0 aplicada aos Setores da


moda. 2018. 75 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia e Gestão
industrial, Universidade da Beira Interior, Covilhã, 2018.

D'ANGELO, André Cauduro. Valores e significados do consumo de


produtos de luxo. 2004. 209 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2004.

15
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