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XXVI MODOS LITURGICOS Osmodosliturgicostém nomes gregos porque julgava-se que Correspondessem aos antigos modos da Grécia. Pesquisas revelaram que os modos gtegos comecavam em notas diferentes das dos homénimos eclesidsticos. Além disso, 0s gregos consideravam a escala no sentido descendente. Modos gregos: Dérico Frigio Lidio Go*Slnsasl Ged sa SS Obs.: 1) Os gregos costumavam nomear as suas escalas segundo suas Tegides. 2) Osistema tonal grego teve por base 0 “tetrachordon”, interpretado na lira de quatro cordas. Os modos eram originalmente formados Por apenas quatro notas. 3) O modo dérico era considerado o modo principal por ser adotado em toda a Grécia. Servia de base para todos os hinos e cangées patridticas. 4) Além dos modos principais havia ainda outros modos secundarios, situados uma quinta abaixo do modo original (ow uma quarta acima). Os respectivos nomes sio os mesmos dos modos principais com 0 acréscimo do Prefixo grego “hypo”, que significa “abaixo”, Hypoftigio 3 fre Hypolidio Peas Suse — rs os Sus Os modos “hyper” eram situados uma quarta abaixo do modo original (ou uma quinta acima), Hyperdérico Hyperfrigio Sus StSG Hyperlidio PV Teoria da Miisica - 5* edigo Modos litirgicos (ou escalas antigas ou modos eclesidsticos) sdo escalas diaténeas (as 7 notas guardam entre si o intervalo de um tom ou de um semitom). Conservam 0 nome dos modos gregos, mas a sua formacdo é diferente: comegam com outra nota e sua disposig&o é ascendente. Eram usados na musica liturgica da Idade Média. Modbos litirgicos auténticos ou Ambrosianos (Sao Ambrésio, falecido em 397, foi bispo de Milao). Dérico Frigio Lidio Mixolidio Os modos litargicos podem ser comparados as escalas diatonicas modernas, encontrando-se em cada um deles uma nota diferencial. O intervalo entre a t6nica ¢ a nota diferencial é o intervalo caracteristico. MODO DORICO Modo Dérico = Fm escala ré menor forma primitiva O modo dérico é um modo menor (hd um intervalo de terca menor entre os graus | e III). O intervalo caracteristico é Coral tcheco do séc. XVI MODO FRIGIO Modo FRIGIO escala mi menor forma primitiva 165 Teoria da Misica - S* edigao Winns O modo frigio é um modo mean oe intervalo de tera menor cate os graus I e III). O intervalo caracteristico é|2* mJ Coral Protestante MODO LiDIO vA oe Modo LIDIO 5 > Ss ee escala _, 3M aj - - ——_ F4 Maior —— forma primitiva === 3M O modo lidio é um modo maior (ha um intervalo de terga maior entre os graus I III). O intervalo caracterist ico é[4 Aum, Cangio folelérica MODO MIXOLipIo. Modo MIXOLiDIO. ese Sol Maior forma primitiva SF Biren Teoria da Miisica - 5* edigo 0 modo mixolidio € um modo maior (hé um intervalo de tetea maior entre os graus I ¢ III). O intervalo caracteristico é/7" m, Coral: ma o? Obs.: 1) Existe sempre uma unica nota diferencial, comparando o modo com a escala moderna de mesma ténica e mesmo tipo. 2) Os intervalos caracteri: icos sio também chamados de sexta dorica (6* Maior), segunda frigia (2* menor), quarta lidia (4° Aumentada) e sétima mixolidia (7" menor). 3) Canto Gregoriano é 0 canto litdrgico estabelecido pelo Papa Sao Gregério Magno no século VI e adotado pela Igreja Catélica como canto oficial. 4) Os modos liturgicos so também chamados de modos gregorianos. 5) Em todos 0s intervalos caracteristicos, a nota final é “f8” ou “si” (fa — si = tritom diaténico). No século XVI surgiram os modos edlio e jénio. MODO EOLIO m O modo edlio é um modo menor (ha um intervalo de terga menor entre os graus I e III). Nao existe intervalo caracteristico, pois 0 modo edlio é idéntico a escala la menor — forma primitiva. Cangaio folclérica: 167 MODO JONIO e bs. f O modo jénio € um modo maior (ha um intervalo de terga maior entre og graus | ¢ III). Nao existe intervalo caracteristico, pois 0 modo jénio é idéntico a escala Dé Maior — forma primitiva. Obs.: 1) No fim da Idade Média, a musica erudita foi dando preferéncia aos modos jénio e edlio que acabaram dominando a musica com os nomes de “modo Maior” (j6nio) e “modo menor” (edlio). © MODO LOCRIO foi muito pouco usado porque a sua estrutura é diferente de todos os outros modos. cescala si menor Ge = = forma primitive —a_S oO te bad Fm Omodo lécrioéum modo menor. Existem dois (!!) intervalos caracteristicos, segunda menor e quinta diminuta. Cangao folclérica: SS = = = ot = SS = 168 Teoria da Musica - 5* edigo 2 2 “[lero eélio mixolidio lidio frigio \dorico. MODOS PLAGAIS — conservam 0 mesmo nome dos modos auténticos € acrescentam 0 prefixo “hipo” (hipodérico, hipofrigio etc.) que se refere & extenso da linha melédica abaixo da ténica do modo auténtico. Formagao dos modbs plagais: Transcreve-se 0 segundo tetracorde do modo auténtico uma oitava abaixo e completam-se mais quatro notas. A ténica dos modos plagais encontra-se uma quarta justa abaixo da ténica dos modos auténticos. Modo dérico ‘ Modo hipodérico Es = Obs.: 1) Nos modos plagais nao se definem os intervalos caracteristicos. 2) Modos plagais foram introduzidos pelo Papa Gregério IX, 0 Magno, no séc. VI. 169 MODOS auténticos e plagais Dirico [Frigio aoe Hipodérico iio Hipolidio Hipomixolidio Hipoestio Hipojénio Alguns modos _ sao formados pelas mesmas notas (por exemplo 0 modo dorico e o modo hipomixolidio). No entanto, as regras que definem a utilizac&o desses modos sao diferentes para 0s modos auténticos e modos plagais (inicio e final da melodia, dominante etc.). Exemplo de duas melodias modais: Modo dérico Modo hipomixolidio Obs.: Nomes antigos dos modos litirgicos: Dérico — Protus; Hipodérico - Plaga Proti; Frigio - Deuterus; Hipoftigio - Plaga Deuteri; Lidio — Tritus; Hipolidio - Plaga Triti; Mixolidio - Tetrardus; Hipomixolidio - Plaga Tetrardi. 170 RPV eppesterpet Teoria da Misica - 5* edigo Exercicio n° 1: Identificar os modos nas seguintes melodias. 8) coral tcheco b) cangao eslovaca Teoria da Miisica - 5* edigao ©) cangfo russa 172 Al Se Teoria da Misica - 3° ed1ga0 Obs.: Os modos litirgicos influenciaram a criagao popular , por isso, muitas misicas folcléricas de inameros paises tém a estrutura modal. Modos litirgicos no folclore brasileiro, Modo Dorico: Fragmento do Reisado do Zé do Vale (E. de Pernambuco): d=120 ‘Tema da historia da macacaria (Geral no sert#o): Modo Frigio: Ponta (Parana): “~ Modo Lidio: antiga de cego (Geral no nordeste): J=66 ‘Aboio de vaqueiro (E. de Pernambuco): 173 a Teoria da Misica - $* edigiio "Nim Modo Mixolidio: Folclore pernambucano: Tema de viola de arame (sert4o): d=80 Embolada do tempo de Jgndcio de Catingueira (E. da Paraiba): d=92 Modo Eélio: Baio de viola (E. da Paraiba): desea aor ‘Jai - Cantiga da Serra Talhada (E. de Pernambuco): J=66 Obs.: 1) 0 cardter dos modos no passado era bem definido: modos auténticos tinham cardter alegre e festivo, modos plagais mais Simples, fino e elegiaco. As inovagdes harménicas introduziram Tolas cromaticas nos modos originais, tais como substituigao da 4 Aum do modo lidio pela 4"), criagio da sensivel artificial aos modos dérico ¢ frigio eo rebaixamento da 6°M no modo dérico, Com isso, 0s modos litirgicos perderam suas caracteristieas ¢ no Século XVII foram substituidos pelas escalas Maiores ¢ menores 2) Além dos modos gregos ¢ litirgicos existem modos modernos Criados pelos compositores Para estruturar combinagées por eles inventadas (por exemplo Modos de Messiaen). Pesquisa rei litdrgicos. Exercicio para trein compositores, ‘comendada: Historia dos modos gregos e dos modos amento: Procurar os modos na obra de grandes 174

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