Você está na página 1de 9

QUARTZO – SiO2

O quartzo é um tectosilicato muito comum, o segundo mais abundante mineral em rochas terrestres
crustais depois dos feldspatos, importante como formador de rochas ígneas, metamórficas e sedimentares.
Como é muito resistente à alteração, é o principal constituinte de areias.
Cristais de quartzo quase sempre são formas combinadas; mais de 500 formas combinadas diferentes
foram registradas. Os maiores cristais de quartzo atingiram 6 m e 36 toneladas. É piezoelétrico e piroelétrico.
Pode ser triboluminescente e apresenta partição romboédrica. Geralmente contêm Al e Fe substituindo o Si;
para o equilíbrio das cargas ocorrem, intersticiais, Fe, Na, Li e K.
Os polimorfos de sílica são quartzo de baixa temperatura (<573ºC), quartzo de alta temperatura
(>573ºC), cristobalita, tridimita, moganita, coesita e stishovita.

1. Características:
Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem
Trigonal Incolor até preto com Maciço, microcristalino, Raramente observável.
trapezoédrico muitas cores entre esses granular fino, drusiforme, {01-10} má
Tenacidade dois extremos. prismas hexagonais com {01-11} má
2 romboedros, etc. {10-10} má
Quebradiço
Maclas Fratura Dureza Mohs Partição
Muito comuns: Conchoidal 7, variável segundo a Pode apresentar partição
Japão, Delfinado, direção e forma. romboédrica.
Brazil e outras.
Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)
Branco Vítreo a fosco Transparente 2.59 – 2.63

2. Geologia e depósitos:
Extremamente comum em rochas ígneas, metamórficas e sedimentares. Mesmo em rochas básicas
ocasionalmente está presente. É um mineral comum em veios hidrotermais de qualquer temperatura
(epitermais a alpinos), característico de granitos e pegmatitos graníticos. Formador de rocha em arenitos e
quartzitos, menos abundante em outros tipos de rocha. Ocorre também em depósitos de metais hidrotermais.
É comum em rochas carbonáticas e é um constituinte importante em solos e sedimentos como mineral
residual.
Nos depósitos hidrotermais de todos os tipos o quartzo é um dos principais minerais da ganga e
geralmente é anterior (mais velho) aos sulfetos. Entretanto, não são raras as situações em que ocorre em
várias gerações. Quartzo é comum preenchendo cavidades como vesículas em rochas vulcânicas.

3. Associações Minerais:
Não é possível apresentar uma lista de minerais que se associam ao quartzo, tal é a sua abundância.
Muito comum é sua associação com feldspatos (potássicos e calco-sódicos), anfibólios, micas em geral
(biotita, muscovita, clorita, etc.), calcita, zeolitas, epidoto e outros minerais. Em minérios associa-se com ouro
e aos mais variados sulfetos (pirita, calcopirita, etc.).
Quartzo é menos comum a ausente em rochas ígneas subsaturadas em sílica e seus correspondentes
metamórficos. Nunca ocorre junto a feldspatóides como nefelina, leucita, sodalita, cancrinita e outros. Em
sequências evaporíticas sua presença é acidental, portanto sua associação com halita, gipso, anidrita, ulexita,
kernita e outros sais solúveis não é esperada.
4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:
Índices de refração: ne: 1.553 no: 1.544

ND Cor / pleocroísmo: incolor. Nunca apresenta cor nem pleocroísmo.

Relevo: baixo, como os feldspatos.

Clivagem: clivagens más em {10-11}, {01-11} e {10-10}, que não são visíveis ao
microscópio. Além disso, possui partição romboédrica, que também não é visível
ao microscópio.

Hábitos: normalmente grãos anédricos. Em certas rochas vulcânicas, como riolitos, pode
apresentar grãos euédricos com seções hexagonais, que são paramorfos a partir
de quartzo beta.

NC Birrefringência e cores birrefringência máxima de 0,009, resultando em cores de meio de 1ª ordem:


de interferência: vários tons de cinza escuro a claro, branco, no máximo um amarelo pálido.

Extinção: paralela ao alongamento. Como os grãos quase sempre são anédricos, esta
constatação raramente é possível. Muito frequentemente o quartzo
apresenta extinção ondulante porque está subdividido em subgrãos.

Sinal de Elongação: SE(+) em relação ao alongamento, raramente observável porque os grãos


quase sempre são anédricos.

Maclas: muito raras, normalmente não apresenta em lâmina delgada.

Zonação: não apresenta em lâmina delgada.

LC Caráter: U(+), mas pode ser biaxial anômalo, o que é Ângulo 2V: pode apresentar um ângulo 2V
muito frequente em rochas ígneas e metamórficas. anômalo de até 20º

Alterações: nunca altera. Entre os minerais formadores de rocha comuns, o quartzo, a turmalina e o zircão
são os minerais mais estáveis em relação a alterações.

Pode ser confundida com: feldspatos tem maclas, clivagem, são biaxiais e normalmente apresentam-se
algo alterados a argilominerais, ficando com aparência turva, enquanto o quartzo se apresenta límpida. De
feldspatos sem maclas pode ser distinguido pelo seu caráter U(+). Semelhantes ao quartzo são escapolita,
apatita, cordierita, tridimita, nefelina e berilo, mas nenhum deles é U(+).

No centro das imagens, grande cristal de quartzo rodeado por baixo por feldspatos um pouco alterados e por
cima por outros grãos de quartzo. Imagem da esquerda a ND, imagem da direita a NC, onde se observa a
extinção ondulante que o grão de quartzo apresenta.
Quartzo euédrico em rocha Quartzos com bordas A NC, quartzo e calcedônia
vulcânica a NC. Quartzo preenchendo uma vesícula
corroídas em rocha
apenas é euédrico nestes (bolha de gás) em uma rocha
casos ou quando cristaliza em vulcânica ácida a NC.
vulcânica (preta na imagem).
cavidades e fraturas.

Quartzo a NC (centro da imagem) em rocha Quartzo a NC (centro da imagem) em


plutônica, com feldspatos (cinza, maclas) e rocha metamórfica, com muscovitas
muscovita (cores laranjas/vermelhas). (lamelares, coloridas).

Quartzo a NC em rocha metamórfica (quartzito), Quartzo a NC em rocha sedimentar (arenito).


em grãos muito estirados. Os grãos de quartzo estão cimentados por
calcedônia.
A NC, grãos de quartzo sem alteração (cores cinzentas A NC, esferulito em rocha extrusiva
muito límpidas) ao lado de grãos de feldspato muito ácida (riolito). São agregados que
alterados a argilominerais (caulinita) e sericita tendem a radiais, de cristais de quartzo
(muscovita de grão muito fino). e feldspato.

Em rochas extrusivas ácidas como riolitos encontram-se paramorfos idiomórficos de quartzo de alta
temperatura. São cristais de quartzo formados a T>573ºC, com um prisma hexagonal terminado em
ambas as extremidades por romboedros, simulando bipirâmides. Com o abaixamento da temperatura,
o quartzo converte para quartzo de baixa temperatura, mantendo sua forma original. Em seção
longitudinal (esquerda), os cristais são alongados, com extinção paralela e cores de interferência bem
claras. Em seção basal (direita) são hexágonos tendendo à seção de isotropia, por isso mesmo com
cores bem escuras.

A NC, textura granofírica


em uma rocha vulcânica
ácida. Trata-se de um
intercrescimento de quartzo
e feldspato, tendendo a
radial, muito comum.
A NC, cristais de quartzo que cresceram em etapas, com os limites de cada etapa preservados no
interior dos cristais na forma de sucessivas pontas (=romboedros), como se fossem anéis de
crescimento de troncos de árvores. É o chamado “quartzo phantom” ou “quartzo fantasma”.
À esquerda uma vista geral, onde todos os cristais de quartzo apresentam estas marcas.
À direita um dos cristais em detalhe para melhor visualização dos “fantasmas”.
É necessário observar com cuidado os cristais para constatar essas feições, que são raras.

Quartzo pode apresentar uma série de inclusões. Neste caso, com as imagens a NC, o quartzo está
repleto de cristais aciculares, provavelmente de um anfibólio.
À esquerda, um aspecto do grão de quartzo todo.
À direita, um detalhe destas inclusões.
Um grão de quartzo pode ser colocado, acidentalmente, em uma rocha subsaturada em sílica, como aqui
em uma rocha basáltica. Pode ser um xenólito durante a subida do magma, pode ser um grão de areia
lançada dentro da lava durante o evento vulcânico. Neste caso desenvolve-se ao redor do grão de quartzo
uma coroa (“corona”) de minerais como clinopiroxênios (augita), olivina e clorita, que é o caso das duas
imagens aqui, a ND (esquerda) e a NC (direita).

Aqui em detalhe a coroa de clinopiroxênios, olivina e clorita que se forma em rochas subsaturadas em
sílica ao redor de um grão de quartzo “alienígena”. Na base das imagens, a rocha basáltica. No topo das
imagens, o quartzo. No meio, na horizontal, os cristais de clinopiroxênio. Neste caso não se observou
olivina. Cores verdes a ND (esquerda) são de clorita. A coroa à vezes é mais estreita do que essa, às
vezes é um pouco descontínua e pode estar constituída de cristais muito pequenos, muito menores que
neste exemplo aqui.
Durante mais de um século assumiu-se que “Olho de Tigre” era uma pseudomorfose de quartzo
sobre crocidolita, que é uma variedade de riebeckita, um anfibólio fibroso. Não é. Recentemente
novas investigações (Heaney & Fisher, 2003) mostraram que é apenas quartzo. Nas imagens, olho-
de-tigre a ND (esquerda) e a ND (direita) A lâmina está um pouco espessa porque o quartzo nestes
cristais longos, fibrosos, oferece grande dificuldade no desbaste durante a confecção da lâmina
delgada.

Tronco fóssil, silicificado, a ND (esquerda) e a NC (direita). Nitidamente se observa as células


vegetais com formato bem preservado, integralmente substituídas por sílica.
5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA:
A microscopia de Luz Refletida evidentemente não é o método analítico recomendado para a
identificação do quartzo. Entretanto, é importante a confecção de uma lâmina ou seção polida para a
identificação dos minerais opacos que ocorrem associados ao quartzo.

Preparação da amostra: o polimento do quartzo é relativamente simples, apesar da elevada dureza. Adquire
um polimento melhor do que vários minerais de durezas semelhantes.

ND Cor de reflexão: Cinza escuro, semelhante aos feldspatos. Mais claro que a cor dos
anfibólios e piroxênios e muito mais claro que a cor da biotita.

Pleocroísmo: Não

Refletividade: ~4,5% Birreflectância: Não

NC Isotropia / Anisotropia: Não possui anisotropia.

Reflexões internas: Abundantes reflexões internas entre cinza claro e incolores, amareladas,
podem ser multicoloridas.

Pode ser confundida com: muitos outros minerais transparentes de cores claras. Quando idiomórfico é
mais fácil de reconhecer. A ausência de clivagem e o bom polimento são diagnósticos.
Forma dos grãos frequentemente é idiomórfica em minérios hidrotermais.
Substituição do quartzo por minérios ou calcita pode ocorrer.
Inclusões de finíssimas agulhas de rutilo podem ser observadas muito bem nas seções polidas.

Esquerda: a ND, uma seção longitudinal (comprida) e uma seção basal (hexágono) de quartzo com a cor de
reflexão cinza característica. Em cor creme, um mineral de minério.
Direita: a mesma imagem a NC. Quartzo apresenta reflexões internas leitosas e o mineral de minério mostra
cores de anisotropia entre amarelo e marrom.
Esquerda: a ND, cristais de quartzo em seções longitudinais. Em amarelado, niquelina.
Direita: a NC o quartzo mostra reflexões internas leitosas (podem ser multicoloridas). Niquelina
mostra as cores de anisotropia características (azul, lilás, etc.).

Versão de março de 2020

Você também pode gostar