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LIVE#2 - Santo Afonso Maria de Ligório, Doutor da Igreja

SUMÁRIO

1. BREVE HISTÓRIA SOBRE SANTO AFONSO


2. REFLEXÃO SOBRE A VIDA DO SANTO
3. DESAFIO DO DIA
1. BREVE HISTÓRIA SOBRE SANTO AFONSO

Foi em Marianela, onde vivia a família Ligório, que pela manhã de


27 de setembro de 1696 nascia Afonso. Sobre o seu berço já
cintilavam os esplendores de uma nobre linhagem e do renome
paterno.

D. José, o pai do santo, pertencia à nobreza, tendo nome e escudo


de fidalgo. Era preposto do rei Carlos VI, comandante dos navios
reais. Mas sobretudo era homem profundamente crente. Desposou
a D. Ana Cavalieri, não menos religiosa nem menos nobre que ele.
Era D. Ana irmã do Bispo de Tróia e pertencia à nobre família dos
Cavalieri.

Até a palavra profética de um santo — São Francisco de Jerônimo


da Companhia de Jesus — veio pôr em fulgores o berço de nosso
santo. “Esta criança — disse Jerônimo, tomando o menino que lhe
apresentavam os pais — está criança não morrerá antes de 90
anos; será bispo e realizará maravilhas na Igreja de Deus”.

Do pai herdara Afonso uma vontade férrea, uma inteligência viva e


perspicaz, enquanto a influência materna lhe punha no coração
uma ternura irresistível. Cedo começou sua carreira de santo e de
sábio. Mocinho ainda já freqüentava as associações religiosas,
fugia dos companheiros briguentos e amigos de palavras pesadas.
Não eram pequenas as esperanças que sobre ele nutria D. José de
Ligório. Destinou-o aos estudos das artes liberais, das ciências
exatas, das disciplinas jurídicas.

Rápidos foram os progressos de Afonso na jurisprudência. Com 16


anos e poucos meses doutourou-se em ambos os direitos, e
começou a colher louros e triunfos no foro. Imagine-se quantos
planos e quantos castelos de grandeza fazia sobre o filho o
envaidecido pai!

Mas no coração de Afonso já havia a graça divina aberto


profundos sulcos, e inspirado outras rotas de grandeza. Era ele
fervoroso sócio da Congregação dos Jovens Fidalgos e Doutores.
Qual imã o sacrário o atraía. A Maria Santíssima entregara o santo
a guarda do lírio de sua pureza. Todos os anos fazia os exercícios
espirituais.

Entretanto D. José já andava à procura de uma noiva para o filho.


Achou-a na pessoa de Tereza, uma sua sobrinha, filha do príncipe
de Presiccio. Aconteceu, porém, que esta sobrinha, em lhe
nascendo um irmãozinho já não ia ficar a única herdeira dos bens
paternos. E isso fez esfriar os entusiasmos de D. José Tereza
compreendeu o jogo e, ao ser novamente procurada pelo tio por
ocasião da morte do recém-nascido irmãozinho, desiludiu-o e foi
tomar o véu no convento das Sacramentinas.

A proposta de um outro noivado não foi aceita por Afonso, que já


se ocupava com outros planos. Afonso por sua vez sempre se
mostrara esquivo a tais projetos do pai. Além da piedade, da
ciência, cultivava também a música. Ia às óperas, mas fechava-se
no galarim para nada ver e apenas ouvir a música dos célebres
maestros.

A Providência tinha outras intenções com Afonso e ia intervir no


desenrolar das coisas. Em 1723 o Duque de Orsini entregava a
Afonso uma causa de suma importância contra o grão duque de
Toscana. Tratava-se nada menos de um feudo no valor de 600.000
ducados. Meticulosamente nosso advogado estudou o processo,
reviu os autos, conferiu documentos. Fez uma brilhantíssima defesa
no foro. A vitória parecia mais que garantida, quando o contra-
atacante lhe chamou a atenção para uma pequena falha que lhe
passara desapercebida. “Enganei-me”, — exclamou o santo.
Coberto de vexame retirou-se do foro, exclamando: “Ó mundo
falaz, agora, eu te conheço! Adeus tribunais!” Chegando em casa,
fechou-se no quarto por muitos dias, entregue à tristeza.

Estavam cortadas as amarras e o navio ia singrando por mares


novos e menos procelosos. Nosso advogado começou com uma
vida entregue às obras de caridade e à oração. Foi quando
trabalhava no hospital dos Incuráveis que ouviu por duas vezes o
chamado misterioso: “Afonso, deixa o mundo!” A 23 de Outubro de
1723 vestia o talar de clérigo. A 21 de Dezembro de 1726, foi ordenado
sacerdote. Tudo isso, porém, custou-lhe renhidas lutas com o pai,
o qual não podia se conformar com a escolha feita pelo filho. Mais
tarde, ainda com pavor Afonso recordava dessas horas de
combate. Agora foi rápida a carreira de Afonso. Do altar foi para o
púlpito, tornando-se popular como pregador e estimado como
verdadeiro apóstolo. Procurava de preferência os pobres Lasaroni
e a meninada abandonada pelas ruas de Nápoles. Muito se
mortificava D. José, em vendo o filho metido no meio do povinho,
zível a seus olhos de fidalgo. Nosso santo não se esmorecia
contudo. Passou a morar no Hospício dos Padres Chineses e
pensou seriamente em ir para as missões pagãs.

Mas o homem se agita e Deus o conduz. Adoentado, foi Afonso


enviado a Scala perto de Amalfi para repousar. Aconteceu que lá
havia um convento de Irmãs e entre elas destacava-se por sua
virtude a Irmã Maria Celeste Crostarosa. A 3 de Outubro de 1731
revelou-lhe a Irmã a visão que tivera: Afonso estava designado por
Deus para fundar uma Congregação. Começou então o duelo
entre Deus e a humildade do santo. A luta foi um verdadeiro
martírio para Afonso. A santa irmã chegou mesmo a intimá-lo “D.
Afonso, Deus não o quer em Nápoles; chama-o para fundar um
novo Instituto”.

Resolvido a isso, depois de se haver orientado com Falcoia, seu


confessor e mais tarde bispo, teve o santo de enfrentar tremenda
oposição do pai. Este recriminava ao filho dureza de coração por
querer abandoná-lo para meter-se na aventura de fundar um
novo Instituto.

Mas a graça venceu, e a 9 de Novembro de 1732 fundou Afonso em


Scala, a Congregação dos Padres Redentoristas, que no começo
tinha o nome de Instituto do Santíssimo Salvador. Em 1735 se
realizou a transferência da casa para Ciorani. Os primeiros
companheiros de Afonso eram todos sacerdotes, e logo
começaram a dedicar-se à pregação. Não tardou aparecer
desunião nas idéias. Queriam uns que o Instituto, além da
pregação, se dedicasse também ao ensino. Afonso insistiu na
exclusividade da pregação aos pobres, às regiões de gente
abandonada, na forma de missões e retiros. Venceu seu ponto de
vista. Em 1749 o Papa Bento XIV aprovou as Regras do Instituto, que
tinha por fim a imitação de Jesus Cristo e a pregação de missões
e retiros de preferência à classe mais abandonada.

À frente de seus súditos percorreu Afonso cidades e vilas do Sul da


Itália, convertendo pecadores, reformando costumes, santificando
as famílias. Era um facho ardente que deixava em chama de amor
divino os lugares por onde passava. Mais do que sua palavra
pregava o seu exemplo de virtude, de penitência, de caridade e de
santa inocência. As cidades disputavam Afonso como pregador.
Um dia chegou ao seu conhecimento, que o queriam nomear
arcebispo de Palermo. Pediu orações para que se evitasse “o
grande escândalo” desta sua nomeação. (Os Redentoristas se
obrigam a renunciar a toda dignidade eclesiástica). Mas em 1772 o
Papa Clemente VIII impunha-lhe a mitra de Santa Águeda dos
Godos. “Vontade do Papa é vontade de Deus”, disse o santo, e
curvou a fronte.

Durante 13 anos pastoreou sua Diocese, reformou-lhe o clero, os


costumes, as igrejas. Outra tornou-se a vida religiosa nos mosteiros
e conventos. Os diocesanos pasmaram mas viram que tinham um
santo por bispo, quando vendeu até as alfaias, os móveis de seu
pobre palácio, seu anel de bispo, para acudir aos necessitados.
Em 1775, a pedido seu, livrou-o do bispado o Papa Pio VI. O Santo
Patriarca voltou pobre para seu convento e ali a mão de Deus o
experimentou e lhe burilou lindas facetas de virtude. Afonso,
acabrunhado por sofrimentos físicos, teve o desgosto de ver a
cisão no seu Instituto e, por mal-entendidos, foi até excluído da
Congregação que fundara. Com heróica paciência a tudo se
sujeitou nosso santo. Velho e doente, animava a Clamante XIV para
resistir aos que queriam suprimir a Companhia de Jesus. E numa
prodigiosa bilocação foi assistir o referido Papa na hora de sua
agonia.

Os últimos anos do Santo são em síntese, tudo de adversidades


imagináveis na vida de um homem; equivalem ao aniquilamento
sem igual do próprio eu. De brilhante advogado, de festejado
sacerdote à pregador de penitência por excelência, de Religioso
estimado e Fundador querido, de Bispo douto, de príncipe da Igreja
santo e venerado, foi reduzido a nada. Vemo-lo bispo sem diocese,
superior sem súditos, Fundador desligado da sua Ordem. Não é
dizer demais, em se afirmar, que o Santo morreu de amargura de
coração, ao ver a sua obra esmagada, fato que mergulhou sua
alma em um mar de dor. Qual Santo Aleixo, como estranho, viveu
em sua própria casa. Tudo isto devido ao espírito ante-religioso do
século e não menos à falta de consciência e à deslealdade de
alguns dos seus discípulos, que injustamente o entregaram aos
poderes do governo hostil, e o puseram em situação esquerda com
a própria Santa Sé. A estas duríssimas provações se associaram
sofrimentos físicos próprios da velhice, que bastante o
maltrataram. Sobrevieram-lhe ainda a surdes e a cegueira, que o
reduziram a um estado de lastimável miséria.

Desencadearam-se tempestades furiosas em sua alma, e esta se


via atormentada de toda a sorte de angústias, de dúvidas, de
escrúpulos, como se fosse ele o causador culpado de todas as
desditas de sua querida Congregação. Das profundezas da sua
alma dorida clamava a Deus por misericórdia e auxílio, doença e
fraqueza exigiam-lhe muitas vezes o sacrifício de não poder
celebrar a Santa Missa. Em todas estas tormentas que lhe
advinham de todos os lados, eram sua singular energia, a
paciência e a fortaleza, que o faziam segurar firme o leme e este
não lhe escapava das mãos, fundado na mais sólida humildade
não acusava senão a si próprio; a todos que indignamente tinham
abusado da sua confiança, oferecia e dava pleno perdão. A todas
as pretensões de censura às decisões da Santa Sé tinha só esta
resposta: “O Santo Padre assim o quer; o Papa assim decidiu”. Em
tudo reconhecia a adorável vontade de Deus, a qual confessou
incondicional e completa sujeição. O piedoso Jó, golpeado de
todos os infortúnios do humano sofrer, traído e ludibriado pelos
companheiros do mesmo sangue, não a 1º de agosto de 1787 na
idade de 91 anos. Em 1816 foi declarado beato. Canonizado foi em
1839 por Gregório XVI, honra que Pio VIII lhe fizera prestar já em 1830,
não o podendo por causa da Revolução.

Afonso foi um escritor incansável. Deixou para os sacerdotes a sua


célebre Teologia Moral; para as religiosas A Verdadeira Esposa de
podia suportar a sua desgraça com mais humildade,
conformidade e de um modo mais edificante que Santo Afonso.
Após longo martírio no corpo e na alma, morreu calmamente no
Senhor Cristo; para o povo cristão, livros cheios de verdadeira e
ungida piedade, tais como as Meditações sobre a Paixão do
Salvador, Glórias de Maria, Visitas ao Santíssimo Sacramento,
Tratado sobre a Oração. Foi historiador, apologeta, pregador,
poeta, e exímio musicista. De tudo deixou valiosas lembranças ao
povo cristão. Chegam a 90 suas obras publicadas. A Igreja deu-lhe
o título de Doutor zelosíssimo. As obras de Afonso têm a perenidade
das fontes e das árvores seculares. Foram traduzidas em mais de
64 línguas os livros: “Visitas ao Santíssimo Sacramento” e “Glórias
de Maria Santíssima”.

A Congregação do Santíssimo Redentor, no bi-centenário de sua


fundação se compunha de 6240 religiosos, dos quais 3217
sacerdotes, formava 40 províncias e vice-províncias. À
Congregação pertence o grande taumaturgo São Geraldo Magela
e Apóstolo de Viena, São Clemente Maria Hofbauer.

2. REFLEXÕES

Afonso fez o voto de não perder uma parcela de tempo. Só assim,


se explica o muito que trabalhou, que rezou e que escreveu. E
tantos são os cristãos que perdem o tempo em pecados, em
deveres mal cumpridos, em devoções, praticadas só por motivos
humanos!
Afonso santificou-se com a devoção à Santa Infância, à Paixão de
Jesus Cristo, ao Santíssimo Sacramento, e à Mãe de Deus. É com
empenho e carinho de santo que as recomenda a todo os fiéis. É o
verdadeiro santo de Nossa Senhora e do Santíssimo Sacramento.
— Não pense o leitor que em outras devoções, que não estas
encontrará a força e a graça para salvar sua alma e santificar-se.

Afonso foi sobretudo o homem da oração. Na sua frase perde-se


quem não reza e salva-se quem não cessa de rezar.
Cuide-se o leitor, portanto de fazer pouco da oração ou de reduzi-
la ao mínimo possível na sua vida. Do contrário corre sério risco de
perder sua alma e sua glória.

3. DESAFIO DO DIA

Assim como Santo Afonso procurava aproveitar ao máximo o


tempo que dispunha, você vai procurar de hoje (11/12/19) até
amanhã (12/12/19) excluir TOTALMENTE da sua rotina uma atividade
que te leva ao ócio e, na maioria da vezes, a perder tempo. Ex: ficar
muitas horas no celular/computador/redes sociais ao longo do
dia.

Posteriormente, usar este tempo para um momento de oração,


seja um oração já pronta (ao seu critério de escolha) ou uma
oração expontânea e de intimidade com Deus.

Anderson Reis

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