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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELECTROTECNICA

CURSO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA

TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA


ELÉCTRICA II
Aulas Teóricas

Eng.º Anacleto Albino, MSc.


Eng.º Dario M. Nhacassane
Introdução Sobre o Problema de Fluxo
de Potência
Fluxo de Potência
• É o mais frequente estudo feito nos sistemas eléctricos de potencia;
• É o estudo que fornece a solução de uma rede eléctrica, em regime
permanente, para uma dada condição de operação, isto é, para uma dada
condição de carga e geração , sujeitas a restrições operativas e a acção
de dispositivos de controlo;
• Com a elevada demanda por energia, redes eléctricas vão tornando-se
cada vez mais complexas, sendo compostas por milhares de
componentes desde geradores, linhas, transformadores e diversos outros
equipamentos, responsáveis pelo transito de energia dos centros de
geração aos centros de consumo;
• A visualização de redes eléctricas é feita por meio de programas de fluxo
de potencia, que permitem analisar grandes redes eléctricas e sua
interação com o mercado de energia;
Fluxo de Potência
Uma rede trifásica balanceada considera-se em funcionamento normal,
caso se cumpram os seguintes requisitos:

• Geração fornece a carga necessária incluindo as perdas;

• Tensões nominais nos barramentos permanecem próximas dos valores


nominais;

• Os geradores operam dentro dos limites especificados de potencia activa


e reactiva;

• As linhas de transmissão e transformadores não estão sobrecarregadas.


Programas de Calculo de Fluxo de Potencia
PSS®E POWER WORLD SIMULATOR (PWS)

• O Power System Simulator for • PowerWorld Corporation é uma


Engineering (PSS/E) foi um dos empresa sediada em Champaign,
primeiras ferramentas de interface Illinois (USA), que desenvolveu o
grafica, sua primeira versão foi PowerWorld Simulator, que é um
lancada em 1976. Esta ferramenta foi conjunto de ferramentas de análise de
adquirida pela Siemens em 2005; sistemas de energia para o Windows.
O software se concentra em uma
• Funcionalidades da ferramenta abordagem visual para simulação do
incluem: fluxo de potencia, curto sistema de energia;
circuito, simulações dinâmicas, OPF,
analise de contingências • Funcionalidades incluem fluxo de
(probabilística e determinística), potencia, curto-circuito, análise de
protecção, analise modal, harmónicas contingência, os cálculos de
e estabilidade de pequenos sinais. sensibilidade, segurança restrita OPF,
estabilidade transitória, os cálculos
dos parâmetros da linha de
transmissão.
Este dois programas e outros usados na industria, usam métodos de resolução de equações
algébricas lineares para o calculo de fluxos de potencia
Soluções Directas de Equações
Algébricas Lineares
Eliminação de Gauss
Considere o seguinte conjunto de equações algébricas dispostas na forma matricial:

(1)
Ou
Ax = y (2)

• Onde x e y são N vectores e A é uma matriz quadrada NxN.


• Os componentes de x, y e A podem ser reais ou complexos.
• Dados A e Y, nosso objectivo é determinar os valores de x.
• Assumindo que o det (A) é diferente de zero, deve existir uma solução para o sistema de
equações;
Eliminação de Gauss
• A solução de x pode ser facilmente obtida quando A é uma matriz triangular superior sem
elementos nulos na diagonal

(3)

Uma vez que a ultima equação em (3) somente envolve 𝑥𝑁 , teremos:

(4)
Depois de Xn ser calculado, a penúltima equação pode ser calculada como:

(5)
Em geral, com Xn, Xn-1, …, Xk+1 já calculados, a k-esima equação pode ser resolvida:

Este método de resolução é conhecido como método de substituição.


Eliminação de Gauss
No caso de A não for uma matriz triangular superior, a equação (1) pode ser transformada para uma
equação equivalente com uma matriz triangular superior. Essa transformação é chamada eliminação
de Gauss, descrita pelos passos abaixo:
Passo 1: Usamos a primeira equação para eliminar o x das restantes equações. Isto é, equação 1 é
multiplicada por An1/A11 e depois subtraída da equação n, para n = 2, 3, …, N

(6)
Eliminação de Gauss
A equação (6) fica com a seguinte forma:

(7)

Onde o índice (1) denota o primeiro passo da eliminação como o método de Gauss.
Passo 2: Usamos a segunda equação para eliminar x2 das restantes (terceira, quarta, quinta e assim por
(1) (1)
diante) equações. Isto é, a equação 2 é multiplicada por 𝐴𝑛2 /𝐴22 , e subtraída da equação n, para n = 3, 4,
…, N. depois do segundo passo temos:

(8)

O procedimento é feito ate toda a matriz ficar triangular na parte superior


Eliminação de Gauss - Exemplos
EXEMPLO 1:
Resolva a seguinte equação usando o método de eliminação de Gauss e o método de substituição.

Uma vez que N = 2, teremos (N-1) = 1 passo do método de eliminação de Gauss.


Multiplicando a primeira equação por 𝐴21 /𝐴11 = 2/10 e depois subtraindo pela segunda:

Usando o método de substituição obtemos, para k = 2

e para k = 1
Eliminação de Gauss - Exemplos
EXEMPLO 2:
Use o método de gauss para triangularizar a seguinte

Existem (N-1) = 2 passos de eliminação de Gauss. Durante o primeiro passo, subtraímos 𝐴21 / 𝐴11 = -
4/2 = -2 vezes a equação 1 da equação 2, e subtraímos 𝐴31 / 𝐴11 = 10/2 = 5 vezes a equação 1 da
equação 3, e obtemos:

ou
Eliminação de Gauss - Exemplos
EXEMPLO 2: (continuação)

Durante o segundo passo, subtraímos 𝐴132 / 𝐴122 = -3/12 = -0.25 vezes a equação 2 da equação 3, e
obtemos:

ou

A partir daqui, os valores de x podem ser facilmente encontrados usando o método de


substituição.
Soluções Iteractivas de Equações
Algébricas Lineares
Jacob e Gauss-Seidel
Uma solução iteractiva geral para a equação (1), consiste no seguinte:
• Assumir uma condição inicial onde x(0);
• E de seguida utilizar: 𝑥 𝑖 + 1 = 𝑔 [𝑥(𝑖)] onde i = 0, 1, 2, … (9)
Onde: x(i) é a i-esima suposição e g é um vector N de funções que especificam o método de iteração.
• Se continua com o procedimento ate que seja satisfeitas as seguintes condições finais:

para todos k = 1, 2, 3 … (10)

Onde: 𝑥𝑘 (𝑖) é o k-esimo componente de 𝑥(𝑖) e ε é um nível de tolerância especificada


As seguintes questões são pertinentes:
1. Irá o procedimento de iteração convergir para uma solução única?
2. Qual é a rapidez de convergência (quantas iterações são necessárias)?
3. Usando um computador digital, quais são os requisitos de tempo e memoria de armazenamento
necessários?
Método de Jacobi
(Ou Método de Gauss)
• As questões apresentadas no slide anterior estão direcionadas para dois métodos
iterativos específicos: Jacobi e Gauss-Seidel.
• O método de Jacobi é obtido ao considerar-se a k-esima equação da equação (1)
como:
(11)

• Resolvendo para x, obtemos:

(12)
No método de Jacobi se empregam os valores velhos de x(i) na iteração i, no lado direito
da equação (12) , para gerar o valor novo 𝑥𝑘 (𝑖 + 1) no lado esquerdo da equação (12). Isto
é:

(13)
• O método de Jacob dado pela equação (13) pode também ser escrito na forma matricial
como se segue:
(14)

Onde:
(15)

(16)
No método de Jacobi, a matriz D é composta pelos elementos da diagonal da matriz A
Exemplo 3
Resolva o exemplo 1 usando o método de jacobi. Assuma as seguintes condições iniciais:
𝑥1 0 = 𝑥2 0 = 0 e continue ate que seja alcançada a tolerância ε = 10−4 .

Solução: a partir da equação (13), para N = 2, temos

Alternativamente, podemos recorrer a forma matricial, usando as equações (14) e (15)


Exemplo 3 (Cont.)
Após calcularmos os valores de x para as varias iterações obtemos a seguinte tabela:

Como se pode observar, a solução obtida pelo método de jacobi é igual a solução única
obtida no exemplo (1). O critério de convergência é satisfeito na decima iteração, uma vez
que:
Método de Gauss-Seidel
O método de Gauss-Seidel é dado por:
(17)

Ao compararmos a equação (17) com a equação (13), notamos que o método de Gauss-Seidel
é similar ao método de Jacobi, excepto que a cada iteração, os valores novos 𝑥𝑛 𝑖 + 1 , para n
< k se utilizam no lado direito da equação (17) para gerar o valor novo 𝑥𝑘 𝑖 + 1 no lado
esquerdo.
O método de Gauss-Seid da equação (17) também pode ser escrita na forma matricial das
equacoes (14) e (15), onde:

(18)

Para Gauss-Seidel, a matriz D na equação (18) é a porção triangular inferior de A, no entanto,


para o método de Jacob, a matriz D na equação (16) é a porcao diagonal de A.
Exemplo 4
Resolva de novo o exemplo 3 com o método de Gauss-Seidel.
Solução: A partir da equação (17):

Usando esta equação para 𝑥1 (𝑖 + 1), 𝑥2 (𝑖 + 1) também pode ser escrita como:

De maneira alternativa, podemos calcular na forma matricial com as equações (18), (14) e
(15)
Exemplo 4 – (cont.)
• Assumindo a condição inicial 𝑥1 0 = 𝑥2 0 = 0, a solução é apresentada na tabela
abaixo:

• Para este exemplo, o método de Gauss-Seidel converge em 6 iterações, comparadas


com as 10 iterações do método de Jacobi.
• A taxa de convergência pode ser mais rápida com o método de Gauss-Seidel para
algumas matrizes A, ou mais rápida com o método de Jacobi. Nalguns casos, um método
diverge enquanto o outro diverge. Noutros casos ambos métodos divergem, como
ilustrado no próximo exemplo.
Exemplo 5
Resolva o sistema de equações abaixo usando o método de Gauss-Seidel com as
seguintes condições iniciais: 𝑥1 0 = 𝑥2 0 = 0.

Solução: Note que estas equações são as mesmas que as do exemplo 1, excepto que 𝑥1
e 𝑥2 estão trocados. Usando a equação (17), temos:

Os cálculos sucessivos de 𝑥1 e 𝑥2 são apresentados na tabela a seguir:

Aplicando a inversão da matriz, a solução única seria a seguinte:


Exemplo 5 – (cont.)
Como se pode ver, com o método de Gauss-Seidel não se obtém a convergência para a
solução única. Poderíamos mostrar que com o método de Jacob também não se encontra
a convergência para a solução única.
• Se qualquer elemento da 𝐴𝑘𝑘 da diagonal é igual a zero, então os métodos de Jacobi e
Gauss-Seidel não estão definidos porque os membros do lado direito das equações (13)
e (17) estão divididos por 𝐴𝑘𝑘 ;
• Caso um dos elementos da diagonal possua uma magnitude muito pequena, ambos
métodos divergirão;
• Nos exemplos 3 e 4, os métodos de Jacobi e Gauss-seidel convergem, uma vez que os
elementos da diagonal (10 e 9) são ambos largos. No exemplo 5, os elementos da
diagonal (5 e 2) são pequenos comparados com os elementos fora da diagonal, e os
métodos divergem;
• Os requisitos de memoria para o método de Jacobi incluem 𝑁 2 lugares de memoria
para a matriz A, e 3N lugares para os vectores y, x(i) e x(i+1); Espaço de armazenamento
também é necessário para os ciclos, expressões aritméticas e espaço de trabalho para
os cálculos;
• O método de Gauss-Seidel necessita N lugares a menos de memoria, uma vez o
valor 𝑥𝑘 𝑖 + 1 pode ser armazenado no lugar do valor velho de 𝑥𝑘 𝑖 .
Soluções Iteractivas de Equações
Algébricas Não-Lineares
Método de Newton - Rapson
Newton-Raphson
Um conjunto de equações algébricas não lineares em forma de matriz esta dada por:

(19)
Onde y e x são N vectores, e f(x) é um vector de N funções.
Os métodos iterativos descritos na secção 6.2 podem ser aplicados a equações não
lineares bastando para o efeito o seguinte:
0 = y – f(x) (20)
Somando Dx a ambos lados da equação (20), onde D é uma matriz quadrada invertível de
NxN,
Dx = Dx + y – f(x) (21)
Multiplicando toda a expressão por 𝑫−𝟏
x = x + 𝑫−𝟏 [y – f(x)] (22)
Newton-Raphson (Cont.)
• Os valores velhos de x(i) são utilizados no lado direito da equação (22) para gerar os
novos valores x(i+1) no lado esquerdo. Isto é:
(23)

• Para equações lineares, f(x) = Ax, e a equação (23) se reduz a:


(24)

Que é idêntica aos métodos de Jacobi e Gauss-Seidel da equação (14);


• No entanto, para equações não lineares, deve ser feita a especificação da matriz D;
• Um método para especificação da matriz D, chamado Newton-Raphson, é baseado no
desenvolvimento da serie de Taylor de f(x), com relação a um ponto de operação 𝑥0 ;

(25)
• Desprezando os termos de ordem superior da equação (25), e resolvendo para x:
(26)
Newton-Raphson (Cont.)
• O método de Newton-Raphson substitui 𝑥0 pelo valor velho x(i) e x pelo novo valor x(i+1)
na equação (26). Por conseguinte:
(27)

Donde:

(28)
• A matriz J(i) de NxN, cujos elementos diagonais são as derivadas parciais mostradas na
equação 28, se chama matriz jacobiana. O método de Newton-Raphson é similar ao
método de Gauss-Seidel, excepto porque D na equação 23 se substitui por J(i) na
equação 27.
Exemplo 6
Resolva a equação escalar f(x) = y, donde y = 9 e f(x) = 𝑥 2 . Assumindo a condição inicial
x(0) = 1, resolva utilizando:
a) O método de Newton-Raphson e;
b) O método de Gauss-Seidel com D = 3 ate que a equação (10) se satisfaça com ε =
10−4 . Compare os métodos.
Solução:
a) Usando a equação (28), com f(x) = 𝑥 2 ,

Com J(i) na equação 27,

Inicializando com x(0) = 1, os cálculos sucessivos usando o método de Newton-Rapson


são ilustrados na tabela a seguir:
Exemplo 6 – (Cont.)
b) Usando a equação (23) com D = 6, o método de Gauss Seidel nos permite obter:

Os cálculos correspondentes de Gauss-Seidel são como se segue:

Como se pode ver, o método de Gauss-Seidel oscila em torno da solução, convergindo


lentamente, enquanto que o método de Newton-Raphson converge em 5 iterações para a
solução x = 3.
Exemplo 7
Resolva:

Utilize o método de Newton-Raphson inicializando com x(0) e continue ate que a equação
(10) se satisfaça com ε = 10−4 .
Solução:
Utilizando a equação 28 com 𝑓1 = (𝑥1 + 𝑥2 ) e 𝑓2 = 𝑥1 𝑥2

Com 𝐽(𝑖)−1 na equação


Exemplo 7 (Cont.)
Ao escrevermos as duas equações anteriores como duas equações separadas:

Os cálculos sucessivos destas equações se mostram na tabela seguinte:

O método de newton-raphson converge para 4 iterações neste exemplo


Newton-Raphson (Cont.)
A equação (27) contem a matriz inversa 𝐽−1 . Ao invés de calcularmos 𝐽−1 , podemos
rescrever a equação (27) como se segue:
(29)
Donde
(30)
e
(31)

Desta forma, durante cada iteração, são executados os seguintes quatro passos:
Passo 1: calcular Δy(i) da equação (31);
Passo 2: Calcule J(i) da equação (28);
Passo 3: Por meio de eliminação de Gauss e substituição aprendidos, resolva a equação
(29) para Δx(i);
Passo 4: Calcule x(i+1) da equação (30)
Exemplo 8
Complete os 4 passos anteriores para a primeira iteração do exemplo 7.
Solução:
Passo 1:
Passo 2:
Passo 3: Utilizando Δy(i) e J(0), a equação (29) se converte em:

Com a eliminação de Gauss, se subtrai 𝐽21 /𝐽11 = 9/1 = 9 vezes a primeira equação da
segunda, e se obtém:

Resolvendo por substituição aprendida atras:

Passo 3
Este resultado foi o mesmo obtido no exemplo 7.
Newton-Raphson (Cont.)
• Estudos sobre fluxo de potencia mostram que o método de Newton-Raphson converge
em muitos casos onde os métodos de Jacobi e Gauss-Seidel divergem;
• O numero de iterações necessárias para a convergência é independente da dimensão N
para o método de Newton-Raphson, enquanto que nos métodos de Jacobi e Gauss-
Seidel, o numero de iterações aumenta em função da dimensão da matriz N;
• A maior parte dos problemas de fluxo de potencia resolvidos com o método de Newton-
Raphson, convergem em menos de 10 iterações.
Problema do Fluxo de
Potência
O Problema do Fluxo de Potencia

O problema do fluxo de potencia consiste no calculo da magnitude de tensão e angulo de


fase em cada barramento de um sistema de potencia trifásico balanceado em regime
estacionário;
Como subproduto deste calculo, podem ser conhecidos os fluxos de potencia activa e
reactiva bem como perdas, em equipamentos tais como linhas e transformadores;
O ponto de partida para o problema de fluxo de potencia é o diagrama unifilar do sistema
de potencia, por meio do qual podem ser obtidos os dados de entrada para a solução
computacional;
Dados de entrada consiste no seguinte:
 Dados da rede eléctrica, resistência e reatância dos elementos,
 Geração ativa e reativa nos barramentos do sistema,
 Carga ativa e reativa nos barramentos do sistema.
O Problema do Fluxo de Potencia (Cont.)
• Como ilustrado na figura abaixo, as seguintes 4 variáveis estão associadas com cada
barramento k: magnitude da tensão 𝑉𝑘 , angulo de fase δ𝑘 , potencia activa 𝑃𝑘 , e potencia
reactiva 𝑄𝑘 fornecida ao barramento;

(1)
• Para cada barramento, duas destas variáveis são dadas como dados de entrada e outras
como dados desconhecidos, para serem calculados pelo programa de fluxo de potencia;
• Por conveniência, a potencia entregue ao barramento k, separada em geração e carga:
(32)
(33)
O Problema do Fluxo de Potencia (Cont.)
Os barramentos podem ser classificados das 3 seguintes formas:

Barramento de Compensação: Somente existe um barramento de compensação num


sistema. O barramento compensador é uma referencia para o qual , comummente
e é um dado de entrada. O programa de fluxo de potencia calcula 𝑃1 e 𝑄1 .

Barramento de Carga: 𝑃𝑘 e 𝑄𝑘 são dados de entrada. O programa de fluxo de potencia


calcula 𝑉𝑘 e δ𝒌 . A maior parte dos barramentos em um programa de fluxo de potencia são
de carga.

Barramentos de Tensão Controlada: 𝑃𝑘 e 𝑉𝑘 são dados de entrada. O programa de


fluxo de potencia calcula 𝑄𝑘 e δ𝑘 . Como exemplos estão os barramentos onde estão
conectado geradores, capacitores shunt ou SVC’s. Os limites de VAR máximo e mínimo
𝑄𝐺𝑘𝑚𝑎𝑥 e 𝑄𝐺𝑘𝑚𝑖𝑛 Que estes equipamentos podem fornecer também são dados de
entrada. Outro exemplo é um barramento que esta conectado a um transformador com
comutador de tomadas (tap changer); O programa de fluxo de potencia calcula as
posições do comutador.
O Problema do Fluxo de Potencia (Cont.)
• Note que quando o barramento k é um barramento de carga sem geração, 𝑃𝑘 = - 𝑃𝐿𝑘 é
negativo, isto é, a potencia activa fornecida ao barramento k da figura (1). Se a carga for
indutiva, 𝑄𝑘 = - 𝑄𝐿𝑘 ;
• Linhas de transmissão são representadas por circuitos π equivalentes;
• Dados de entrada para cada linha de transmissão incluem impedância serie Z’ e
admitância paralela Y’ do esquema π equivalente, os dois barramentos a que esta
conectada a linha e a capacidade máxima em MVA;
• Similarmente, os dados de entrada para cada transformador são as impedâncias dos
enrolamentos Z em pu, a admitância paralela do ramo de excitação em pu, e a
capacidade máxima em MVA;
• Os dados de entrada para os transformadores com comutador de tomadas incluem
também as posições máximas do comutador.
• A matriz de admitâncias 𝑌𝑏𝑢𝑠 pode ser construída a partir dos dados de entrada da linha e
do transformador:
Elementos da diagonal: 𝑌𝑘𝑘 = somatório das admitâncias conectadas ao barramento k; (34)
Elementos fora da diagonal: 𝑌𝑘𝑛 = -(somatório das admitâncias conectadas entre os barramentos k e n); k≠n (35)
Exemplo 9
Na figura abaixo é ilustrado um diagrama unifilar para um sistema de potencia de cinco
barramentos. Os dados de entrada são fornecidos nas tabelas (1), (2) e (3)
Exemplo 9 (Cont.)
Como se mostra na tabela 1, o barramento, no qual esta conectado um gerador, é o
barramento compensador. O barramento 3, no qual estão conectados um gerador e uma
carga, é um barramento de tensão controlada. Os barramentos 2, 4 e 5 são barramentos
de carga. Observe que as cargas dos barramentos 2 e 3 são indutivas uma vez que 𝑄2 = -
𝑄𝐿2 = -2.8 e -𝑄𝐿3 = - 0.4 são negativos.
Para cada barramento k, determine quais das variáveis 𝑉𝑘 , δ𝑘 , 𝑃𝑘 e 𝑄𝑘 são dados de
entradas e quais são desconhecidos. Também calcule os elementos da segunda linha de
𝑌𝑏𝑢𝑠

(2)

(1)

(3)
Exemplo 9 (Cont.)
Solução:
Os dados de entrada e as incógnitas estão listadas na tabela abaixo:

Os elementos de 𝑌𝑏𝑢𝑠 são calculados a apartir das equacoes (34) e (35). Uma vez que os
barramentos 1 e 3 não estão conectados ao barramento 2

Usando as equações (34) e (35):


O Problema do Fluxo de Potencia (Cont.)
• Utilizando 𝑌𝑏𝑢𝑠 , as equações nodais para a rede do sistema de potencia se podem
escrever como se segue: I = 𝒀𝒃𝒖𝒔 V; (36)
• Onde I é o vector N de correntes das fontes injectadas em cada barramento e V é o
vector N das tensões dos barramentos;
• Para o barramento k, a k- ésima equação é: (37)
• A potencia complexa entregue ao barramento k é: (38)
• As soluções de fluxos de potencia pelo método de Gauss-Seidel se baseiam em
equações nodais (37), donde cada fonte de corrente 𝐼𝑘 se calcula da equação (38).
Usando a equação (37) na (38) temos:
(39)
• Com a seguinte notação: (40)
(41)
O Problema do Fluxo de Potencia (Cont.)
A equação (39) se converte em: (42)

Tomando as partes reais e imaginarias da equação (42):


(43)

(44)

As soluções de fluxo de potencia pelo método de Newton-Raphson se baseiam nas


equações não lineares de fluxo de potencia dadas pelas equações (43) e (44).
Solução de Fluxos de Potencia
Mediante o Método de Gauss-Seidel
• As equações nodais I = 𝒀𝒃𝒖𝒔 V são um conjunto de equações lineares análogas a y=Ax,
resolvidas anteriormente pelo método de Gauss-Seidel;
• Uma vez que os dados de fluxo de potencia consistem de 𝑃𝑘 e 𝑄𝑘 para os barramentos
de carga ou 𝑃𝑘 e 𝑉𝑘 para os barramentos de tensão controlada, as tensões nodais não se
ajustam directamente ao formato de equação linear;
• O vector I das fontes de corrente é uma incógnita e, na realidade, as equações são não
lineares;
• Para cada barramento de carga, 𝐼𝑘 poder ser calculada da equação (38):
(45)
• Aplicando o método de Gauss-Seidel, equação (17), para as equações nodais, com o
valor de 𝐼𝑘 dado acima, obtemos:
(46)

• Para barramentos de carga, a equação (46) pode ser aplicado duas vezes durante cada
iteração; primeiro se utiliza 𝑉𝑘∗ (𝑖), e logo se substitui 𝑉𝑘∗ (𝑖) por 𝑉𝑘∗ 𝑖 + 1 no lado direito da
equação (46);
• Para barramentos de tensão controlada, 𝑄𝑘 é uma incógnita, pelo que pode ser
calculada pela equação (44)
(47)

Também, (48)
• Se o valor calculado de 𝑄𝐺𝑘 não excede os seus limites, então 𝑄𝑘 se emprega na
equação (46) para calcular
• A magnitude 𝑉𝑘 (𝑖 + 1) é mudada para 𝑉𝑘 , que é um dado de entrada para barramento de
tensão controlada;
• Se o valor calculado excede seus limites 𝑄𝐺𝑘𝑚𝑎𝑥 ou 𝑄𝐺𝑘𝑚𝑖𝑛 durante qualquer iteração,
então o tipo de barramento é mudado de barramento de tensão controlada a barramento
de carga, com 𝑄𝐺𝑘 fixado no seu valor limite;
• Nesta condição, o dispositivo controlador de tensão (banco de capacitores, SVC, etc.)
não é capaz de manter a 𝑉𝑘 como se especifica mediante os dados de entrada. O
programa de fluxo de potencia calcula o novo valor de 𝑉𝑘
• Para o barramento de compensação, denotado como barramento 1, 𝑉1 e δ1 são dados de
entrada. Como tal, não são necessárias iterações para o barramento 1. Depois de o
processo de iterações com, para calcular 𝑃1 e 𝑄1 basta usar as equações (43) e (44).
Exemplo 10
Para o sistema de potencia do exemplo 9, utilize o método de Gauss-Seidel para calcular a
tensão fasorial no barramento 2 depois da primeira iteração. Para começar o processo
iterativo, utilize ângulos de fase iniciais de zero graus e magnitudes de tensão iniciais de 1
p.u (excepto no barramento 3, donde 𝑉3 = 1.05).
Solução:
O barramento 2 é de carga. Usando os dados de entrada e os valores de admitância do
exemplo 9 na equação (46), temos:
Exemplo 10
De seguida, o valor anterior é usado na equação (46) para recalcular 𝑉2 1

Os mesmos cálculos são feitos para os barramentos 3, 4, e 5 para completar a primeira


iteração de Gauss-Seidel.

Para ver a convergência completa deste caso, abra o exemplo 6_10 do simulador
Power World.
Solução de Fluxos de Potencia
Mediante o Método de Newton-
Raphson
• Equações (43) e (44) são análogas a equação y = f(x), resolvida anteriormente usando o
método de Newton-Raphson;
• Os vectores x, y e f para o problema de fluxo de potencia são definidos como:

(49)

Onde os termos V, P e Q estão em p.u e os termos δ estão em radianos.


As variáveis do barramento de compensação δ1 e 𝑉1 são omitidos da equação (49), uma
vez que eles já são conhecidos. As equações (43) e (44) ficam com a seguinte forma:
(50)

(51)
A matriz Jacobiana tem a seguinte forma:

(52)

(53)
Os quatros passos por iteração aplicados no método de Newton-Raphson, demonstrados
anteriormente, podem ser aplicados, começando com:
na i-esima iteração;

Passo 1: (54)

Passo 2: Use as equações na tabela (53) para calcular a matriz jacobiana;

Passo 3: Use o método de eliminação de Gauss e substituição para resolver:

(55)

Passo 4: Calcule

(56)
• Começando com o valor inicial x(0), o procedimento continua ate a convergência ser
obtida, ou ate o numero de iterações exceder um máximo especificado;
• Os critérios de convergência são muitas vezes baseados em Δy(i) (chamado de
desajuste de potencia) e não Δx(i) (desajuste de ângulos de fase e magnitude de
tensão);
• Para cada barramento de tensão controlada, a magnitude 𝑉𝑘 já se conhece, e a função
𝑄𝑘 (𝑥) não é necessária. Por conseguinte, podemos omitir 𝑉𝑘 do vector x e 𝑄𝑘 do vector y;
• Nós podemos também omitir da matriz Jacobiana a coluna correspondente as derivadas
parciais com respeito a 𝑉𝑘 e a linha correspondente as derivadas parciais de 𝑄𝑘 (𝑥);
• Alternativamente, linhas e colunas correspondente aos barramentos de tensão
controlada podem ser mantidos na matriz Jacobiana; Então durante cada iteração, a
magnitude de tensão 𝑉𝑘 (𝑖 + 1) de cada barramento de tensão controlada é redefinida
para 𝑉𝑘 , que é dado de entrada para aquele barramento;
• No fim de cada iteração, calculamos 𝑄𝑘 (𝑥) a partir da equação (51) e 𝑄𝐺𝑘 = 𝑄𝑘 (𝑥) + 𝑄𝐿𝑘
para cada barramento de tensão controlada;
• Se o valor calculado de 𝑄𝐺𝑘 exceder seus limites, então o barramento é mudado para
barramento de carga com 𝑄𝐺𝑘 fixado em seu valor limite; O programa de fluxo de
potencia também calcula um novo valor para 𝑉𝑘 .
Exemplo 11
Determine a dimensão da matriz Jacobiana para o sistema de potencia no exemplo 9.
Calcule também Δ𝑃2 (0) no passo 1 e 𝐽124 (0) no passo 2 da primeira iteração do método de
Newton-Raphson. Suponha que um angulo de fase inicial de 0 graus e uma magnitude de
tensão de 1 p.u (excepto para 𝑉3 = 1.05).
Solução:
Uma vez que são N = 5 barramentos para o exemplo 9, (50) e (51) constituem 2(N-1) = 8
equações, para as qua J(i) tem dimensão 8x8. Contudo, existe um barramento de tensão
controlada, o barramento 3. Por conseguinte, 𝑉3 e a equação para 𝑄3 podem ser
eliminadas, e J(i) reduzida a uma matriz de 7x7.
Do passo 1 da equação (50),
Exemplo 11 (Cont.)
Do passo 2 e J1 dado na tabela 53,

Para ver a convergência completa deste caso, abra o caso do exemplo 6_11 do simulador
Power World.
Controlo de Fluxo de Potencia
Métodos para o Controlo de Fluxo de Potencia

Os seguintes métodos são usados para o controlo de fluxo de potencia:

Controlo das maquinas primarias e excitação de geradores;


Conexão de bancos de capacitores shunt, reactâncias shunt e sistemas estáticos de
compensação (SVC, Statcom, etc.), comumente designados por FACTS;
Controlo de transformadores de regulação com comutadores de tomada.
Controlo das maquinas primarias e
excitação de geradores
O circuito abaixo ilustra um esquema equivalente de Thévenin um modelo simples de um
gerador operando em condições trifásicas balanceadas no regime estacionário;

 𝑉𝑡 é a tensão nos terminais do gerador;


 𝐸𝑔 é a tensão de excitação;
 δ é o angulo de potencia;
 𝑋𝑔 é reactância síncrona de sequencia positiva.

A corrente do gerador é (57)

A Potencia complexa fornecida pelo gerador: (58)

Então, as potencias real e reactiva fornecidas são:


(59)

(60)
• A equação (59) mostra que a potencia activa P aumenta quando aumenta o angulo de
potencia δ;
• Do ponto de vista operacional, quando a maquina primaria aumenta a potencia de
entrada do gerador mantendo constante a tensão de excitação, se aumenta a velocidade
do rotor;
• A medida que aumenta a velocidade do rotor, também cresce o angulo de potencia
δ, causando um aumento da potencia activa P de saída do gerador;
• Ocorre igualmente uma diminuição da potencia reactiva Q de saída, dada pela equação
60;
• Contudo, quando δ é menor do que 15º, o aumento de P é muito maior do que a
diminuição de Q;
• Do ponto de vista de fluxo de potencia, um aumento da potencia da maquina primaria
corresponde ao aumento de P no barramento de tensão constante a que o gerador esta
conectado;
• A equação (60) mostra que a potencia reactiva de saída aumenta com o aumento da
tensão de excitação 𝐸𝑔 ;
• Do ponto de vista operacional, quando aumenta a saída da excitatriz do gerador
enquanto se mantem constante a potencia da maquina primaria, a corrente do rotor
cresce.
• A medida que se aumenta a corrente do rotor, a tensão de excitação 𝐸𝑔 também
aumenta, causando o aumento da potencia reactiva de saída do gerador;
• Do ponto de vista de fluxo de potencia, um aumento na excitação do gerador
corresponde a um aumento da magnitude de tensão no barramento de tensão
constante, ao qual o gerador esta conectado;
Conexão de bancos de capacitores shunt
• Na figura abaixo se ilustra o efeito de se ligar um banco de capacitores em derivação, num
barramento de um sistema de potencia;
• O sistema se modela através do seu equivalente Thévenin;
• Antes de se conectar o banco de capacitores, o interruptor SW esta aberto e a tensão do
barramento é igual a 𝐸𝑇ℎ ;
• Depois que se conecta o banco, o interruptor é fechado e a corrente do capacitor 𝐼𝑐 fica
adiantada 90º em relação a tensão do barramento 𝑉𝑡 ;
• O diagrama fasorial mostra que 𝑉𝑡 é maior do que 𝐸𝑇ℎ quando o interruptor SW esta fechado;
• Do ponto de vista de fluxo de potencia, a adição de um banco um banco de capacitor
em derivação num barramento de carga, corresponde a adição de uma carga reactiva
negativa, uma vez que o capacitor absorve potencia reactiva negativa;
• Similarmente, a adição de uma reactância shunt corresponde a adição de uma carga
reactiva positiva, por meio da qual o programa de fluxo de potencia calcula a
diminuição da magnitude de tensão.

Circuito equivalente Diagrama Fasorial com SW fechado


Controlo de transformadores de regulação
com comutadores de tomada
• Os transformadores que regulam a magnitude de tensão e os comutadores de tomada
são empregues controlar tensões de barramentos assim como os fluxos de potencia
reactiva nas linhas a que estão conectadas;
• Da mesma forma, os transformadores que regulam os ângulos de fase são empregues
para controlar os ângulos de tensão nos barramentos assim como os fluxos de potencia
activa nas linhas a que estão conectados;
• Tanto os transformadores de regulação como os comutadores de tomada são modelados
através de um transformador com razão de transformação não nominal c;
• Do ponto de vista de fluxo de potencia, uma mudança na posição do comutador de
tomadas, ou regulação de tomadas corresponde a uma mudança em c;
• O programa de fluxo de potencia calcula as mudanças em 𝑌𝑏𝑢𝑠 , as magnitudes de tensão
nos barramentos, os ângulos e os fluxos em cada troco do sistema;

Circuito equivalente π para C real


Fluxo de Potencia pelo Método de
Desacoplamento Rápido
• As contingências são um motivo de bastante preocupação nos sistemas de potencia;
• Por exemplo, o pessoal das operações precisa de saber que mudanças ocorrerão no
fluxo de potencia com a saída de serviço de um gerador, um transformador ou uma linha
de transmissão;
• Informação sobre contingências, quando obtidas em tempo real, podem ser usadas para
antecipar a solução de problemas causados pelas falhas em sistemas, bem como usadas
para concepção de estratégias operacionais para evitar tais problemas;
• Algoritmos rápidos de fluxo de potencia foram desenvolvidos para dar soluções de fluxos
de potencia em segundos ou menos;
• Esses algoritmos são baseado nas seguintes simplificações da matriz Jacobiana.
Desprezando 𝐽2 (𝑖) e 𝐽3 (𝑖), a equação (55) fica reduzida para dois conjuntos de equações
desacopladas:
(65)

(66)
• O tempo de processamento para o calculo das equações (65) e (66) é relativamente
menor do que o tempo necessário para o calculo da equação (55);
• Uma maior redução no tempo de computação pode ser obtido por meio de simplificações
adicionais da matriz Jacobiana:
• As contingências são um motivo de bastante preocupação nos sistemas de potencia;
• Por exemplo se assumirmos que 𝑉𝑘 ≈ 𝑉𝑛 ≈ 1.0 e δ𝑘 ≈ δ𝑛 , as matrizes 𝐽1 e 𝐽4 tornam-se
matrizes de constantes cujos elementos são os componentes imaginários de 𝑌𝑏𝑢𝑠 . De
tal forma, as matrizes 𝐽1 e 𝐽4 não precisam ser calculadas nas iterações sucessivas;
• As simplificações acima podem resultar em soluções rápidas para problemas de fluxo de
potencia;
• Para um numero fixo de iterações, o algoritmo de desacoplamento rápido dado pelas
equações (65) e (66) não é tao preciso como o método de Newton-Raphson.

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