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Introdução
Há várias tecnologias que possibilitam acesso à internet. Uma das mais conhecidas é
o ADSL. Sigla para Assymmetric Digital Subscriber Line (algo como "Linha Digital
Assimétrica para Assinante"), este padrão é bastante popular porque aproveita a
infraestrutura da telefonia fixa, permitindo conexões velozes a preços relativamente
baixos. Neste texto, você saberá o que é ADSL, entenderá como este padrão funciona,
assim como conhecerá brevemente suas variações, como ADSL2, ADSL2+ e VDSL.
O que é ADSL?
Quando a internet começou a se popularizar, a maioria das pessoas usava
conexões dial up, conhecidas como "conexões discadas" no Brasil. Para isso, era
necessário conectar o computador a um modem e este, por sua vez, a uma linha
telefônica. Em seguida, o usuário tinha que utilizar um programa específico para discar
ao número de um provedor de forma a estabelecer a conexão.
O problema é que conexões discadas oferecem muitas desvantagens: são lentas - por
padrão, suportam até 56 Kb/s (kilobits por segundo) -, deixam a linha telefônica
ocupada, estão sujeitas à tarifação convencional por minuto de uso e podem apresentar
instabilidade, fazendo com que uma nova conexão tenha que ser estabelecida de
tempos em tempos.
A tecnologia ADSL, cujo surgimento se deu em 1989, se mostra como uma alternativa
viável porque também utiliza a infraestrutura da telefonia convencional (tecnicamente
chamada de POTS, de Plain Old Telephone Service ), mas o faz sem deixar a linha
ocupada. Além disso, o padrão é capaz de oferecer velocidades de transferência de
dados altas e a sua tarifação é feita de maneira distinta das chamadas telefônicas.
Na verdade, o ADSL não é um padrão único, mas sim parte de uma "família" de
tecnologias chamada DSL (Digital Subscriber Line) ou apenas xDSL. Entre as
especificações "irmãs" estão padrões como HDSL e VDSL, que também serão
abordados neste texto.
Como serviços ADSL funcionam?
Ao utilizar uma linha telefônica comum, você sabe que, se alguém tentar te ligar naquele
momento, a pessoa receberá um aviso dizendo que o seu número está ocupado. Da
mesma forma, você não poderá utilizar esta linha para realizar uma nova chamada
enquanto não sair da ligação que está em andamento. Sendo assim, como é que as
tecnologias DSL conseguem estabelecer conexões à internet sem deixar a linha
ocupada?
Na verdade, não há nenhuma "mágica" nisso. O que acontece é que, quando o telefone
está sendo utilizado para uma chamada de voz, esta utiliza apenas uma pequena parte
da capacidade de transmissão da linha. O que algumas tecnologias DSL fazem é
justamente aproveitar a parte não utilizada.
Isso acontece porque, normalmente, uma chamada de voz - a parte POTS - utiliza uma
frequência de onda muito baixa, entre 300 Hz e 4000 Hz. Trata-se de um intervalo que
corresponde a uma faixa muita pequena da capacidade da linha. O restante pode então
ser utilizado para aplicações que funcionam em frequências maiores. É neste ponto que
as tecnologias DSL entram em cena.
A utilização do espectro livre, isto é, da parte não utilizada para POTS, geralmente é
feita com a técnica FDM (Frequency Division Multiplexing - Multiplexação por Divisão de
Frequência) ou com a técnica de Echo Cancellation (Cancelamento de Eco).
Com o FDM, parte do espectro livre é destinada ao envio de dados (upstream) e outra
ao recebimento de dados (downstream), sendo esta última maior e dividida em canais
menores mais e menos rápidos para melhor desempenho.
A modulação CAP, que normalmente utiliza a técnica FDM, "divide" a linha telefônica em
três partes: uma que corresponde às chamadas de voz, outra que é destinada ao envio
de dados (upstream) e uma terceira que é reservada ao recebimento de dados
(downstream), sendo que as duas últimas formam a conexão à internet em si.
Por padrão, a faixa de voz vai de 0 a 4 KHz (4000 Hz), enquanto que o upload fica com
a parte entre 25 e 160 KHz. A faixa do download, por sua vez, ocupa a maior faixa,
começando em 240 KHz e chegando, no máximo, até a 1.550 KHz (normalmente indo
até 1.100 KHz). Observe a imagem abaixo para compreender melhor:
Modulação CAP
Neste ponto, você já pode compreender o porquê do termo " Assymmetric" no nome do
ADSL: este tipo de tecnologia é considerado assimétrico porque a taxa de download é
comumente maior que a taxa de upload, uma vez que entende-se que a maioria das
conexões mais recebe dados do que os envia.
Mas, como já informado, a modulação DMT é a mais utilizada, podendo usar tanto a
técnica FDM quanto a técnica de Cancelamento de Eco. Nela, a linha telefônica também
é usada tanto para voz quanto para dados, obviamente, com a diferença de a faixa de
frequência - de 0 a 1.100 KHz, aproximadamente - ser dividida em até 256 canais, cada
uma com largura de 4 KHz e espaçamento entre elas de 4,3125 KHz. A parte inicial
desta divisão - os seis primeiros canais, normalmente - é destinada para chamadas de
voz, ficando também um grupo responsável pelo upstream (geralmente, os canais de 6 a
30) e outro, maior, pelo downstream. No entanto, havendo uso de Cancelamento de
Eco, os canais de upstream também podem ser utilizados para downstream,
obviamente.
Modems ADSL
Em um acesso à internet via ADSL, a linha telefônica é, na verdade, apenas um meio de
comunicação formado por um par de fios metálicos. A conexão em si acaba ocorrendo
graças aos equipamentos utilizados tanto do lado do cliente (que solicita a conexão),
quanto do lado do provedor (que estabelece a conexão).
Na ponta oposta da conexão está uma central telefônica (ou equivalente). Nela, o sinal
de cada linha telefônica é "separado" com a ajuda de splitters, de forma que o que é voz
seja enviado a uma rede PSTN (Public Switched Telephone Network) que trata deste
tipo de comunicação e o que são dados sigam para um equipamento
denominado DSLAM (Digital Subscriber Line Access Multiplexer).
Ilustração simplificada de uma conexão ADSL
DSLAM
Se o modem na residência ou escritório do usuário faz o papel de ATU-R, o DSLAM
assume o lado oposto, sendo o ATU-C (ADSL Terminal Unit - Central, algo como
"Unidade Terminal ADSL - Central"). Cabe a este equipamento concentrar os sinais
digitais de várias linhas telefônicas (que atendem a um bairro, por exemplo) como se
estas fossem uma só para conectá-las a um link de acesso à internet.
É importante frisar que o DSLAM não divide a velocidade do acesso entre as linhas. Em
outras palavras, o acréscimo de uma conexão não afeta a velocidade das demais. Por
outro lado, cada DSLAM - assim como cada BRAS - possui um limite para o número de
conexões, sendo necessário aumentar a infraestrutura da rede para ampliar o número
de usuários.
Há ainda uma variação deste equipamento chamada de Mini-DSLAM que tem uma
proposta parecida, mas atende a um número menor de conexões. Estes dispositivos são
interessantes porque custam menos e evitam desperdício em lugares em que não há
grande demanda, como uma rua ou um condomínio residencial.
Limite de distância
Há um fator importante que pode limitar ou até mesmo impossibilitar a assinatura de um
serviço de ADSL: a distância física entre o modem do usuário e o DSLAM, ou seja, entre
o ATU-R e o ATU-C. Quanto mais longe um estiver da outro, menor qualidade e
velocidade a conexão terá.
Versões do ADSL
Pode acontecer de uma operadora de telefonia oferecer um serviço de acesso à internet
em determinada região como sendo ADSL, mas na verdade utilizar uma variação desta.
Nada mais normal, afinal, assim como outras tecnologias, o ADSL também sofre
revisões com o tempo com base em determinadas necessidades, como atender à
demanda crescente de conexões com maior velocidade. A seguir, as principais versões.
ADSL
As especificações do que podemos chamar de "primeiro ADSL" foram ratificadas
pela International Telecomunication Union (ITU) em 1999, recebendo a
identificação ITU G.992.1 (G.DMT). Também houve padronização pela American
National Standards Institute (INSI) sob a identificação ANSI T1.413. Suas principais
características incluem downstream de até 8 Mb/s (megabits por segundo) e upstream
de até 1 Mb/s.
Posteriormente, houve uma versão chamada de ITU G.992.2 (G.Lite), que ficou
conhecida também como ADSL Lite. Como o nome sugere, trata-se de uma versão
simplificada da tecnologia. Sua principal característica é a de, pelo menos teoricamente,
não exigir splitters ou semelhantes. Por outro lado, suas taxas de download e upload
são de até 1,5 Mb/s e 512 Kb/s, respectivamente.
ADSL2 e ADSL2+
Em 2002, foram ratificadas as especificações do que ficou conhecido como ADSL2 (ITU
G.992.3 / ITU G.992.4). Este padrão tem praticamente os mesmos princípios do ADSL,
mas foi otimizado em vários aspectos: a modulação, por exemplo, é mais eficiente; além
disso, o ADSL2 consegue melhorar o fluxo de dados trabalhando com cabeçalhos para
sinalização com tamanho de 4 KB, sendo que no ADSL este parâmetro é fixado em 32
KB; existe ainda a possibilidade de uso da tecnologia IMA(Inverse Multiplexing for ATM),
que permite o aumento da capacidade de tráfego com o acréscimo de uma ou mais
linhas à conexão. Estas e outras características fazem com que esta versão consiga
atingir até 12 Mb/s no downstream mantendo o upstream em até 1 Mb/s.
Outros dos fatores que contribuem para o aspecto da velocidade são o uso de uma
técnica de "canalização", que permite a utilização de canais distintos da conexão para
uso exclusivo de uma aplicação (por exemplo, para streaming, isto é, transmissão de
vídeo e áudio) e a constante supervisão da comunicação, que ajusta as taxas de
transmissão para evitar erros e perda de pacotes de dados.
RADSL
Sigla para Rate Adaptative Digital Subscriber Line , o RADSL é uma versão não muito
conhecida do ADSL. Sua principal característica é o fato de o modem ser capaz de
ajustar as taxas de download e upload automaticamente, tendo como base critérios
como distância da central e a qualidade da transmissão em determinados momentos.
Por padrão, seus limites também são de 8 Mb/s no downstream e 1 Mb/s no upstream. A
sua capacidade de ajuste automático faz com que o seu uso seja mais comum em
conexões que não estão perto da central telefônica, desde que esta distância fique
dentro de um raio de, no máximo, 6 quilômetros, tal como no ADSL.
HDSL
Pode-se dizer que o ADSL, considerando também as suas variações, é a tecnologia
DSL mais conhecida do mercado. No entanto, isso não quer dizer que foi a primeira a
surgir: antes dela, por volta do final dos anos 1980, surgiu o HDSL (High Bit Rate digital
Subscriber Line), cuja identificação é ITU G.991.1.
A tecnologia HDSL acabou não se popularizando tanto quanto o ADSL por exigir o uso
de dois pares de fios trançados (podendo chegar a três pares em linhas E1), ou seja, de
duas linhas telefônicas simultaneamente, e também por não permitir chamadas de voz
durante a conexão à internet, já que as faixas de frequência destinadas a este fim são
utilizadas durante a transmissão de dados.
SDSL
O SDSL (Symmetric Digital Subscriber Line) é bastante parecido com o HDSL:
tipicamente, transmite dados de maneira simétrica, possui taxas máximas de 1,5 Mb/s
(T1) ou 2 Mb/s (T2) e não permite o uso de voz e dados ao mesmo tempo. Por outro
lado, possui a vantagem de exigir apenas um par de fios, facilitando consideravelmente
sua implementação. Além disso, a distância máxima de conexões do tipo tende a ser um
pouco menor que no HDSL.
SHDSL
Sigla para Single Pair High Speed Digital Subscriber Line , o SHDSL foi ratificado em
2001, recebendo a identificação ITU G.991.2. Trata-se de uma tecnologia que também
trabalha de maneira simétrica: caso utilize apenas um par de fios, conexões do tipo
podem ter velocidade de até 2,3 Mb/s; com dois pares, este limite aumenta para até 4,6
Mb/s.
Com o SHDSL, também não é possível o uso da linha para aplicações de voz e dados
ao mesmo tempo.
VDSL e VDSL2
Sigla para Very High Bit Rate Digital Subscriber Line , o VSDL (identificado como ITU
G.993.1) é uma tecnologia reconhecida em 2004 que se assemelha ao ADSL,
trabalhando, assim como este, de maneira assimétrica, utilizando mais frequentemente
a técnica DMT e permitindo uso de voz e dados simultaneamente.
Finalizando
Por causa disso, veremos os padrões DSL ainda por um bom tempo no mercado,
mesmo com o surgimento de tecnologias que conseguem oferecer velocidades e
coberturas melhores, como asredes 4G LTE. Versões como o ADSL2+ e o VDSL2 são
as apostas das operadoras para atender à demanda de taxas de transmissão de dados
cada vez maiores.
Veja também:
O que é IPv6?;
Endereço IP(Internet Protocol);
O que é DNS?;
Telefonia móvel 2G e 2,5G: TDMA, CDMA, GSM, GPRS e EDGE ;
Telefonia móvel 3G e 4G: CDMA-2000, UMTS, HSPA, HSPA+ e LTE .
Escrito por Emerson Alecrim - Publicado em 31_10_2012 - Atualizado em 31_10_2012