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02/04/2021 A construção dos trópicos na medicina portuguesa: saberes e práticas no ultramar do século XVIII

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Debates
2021
Para assegurar a saúde do corpo e da alma: prevenção e cura na Europa e no Ultramar do século XVI ao
XVIII

A construção dos trópicos na


medicina portuguesa: saberes e
práticas no ultramar do século
XVIII
The construction of the tropics in Portuguese medicine: knowledge and practices overseas in the 18th century

J L N A

Resumos
Português English
O artigo tem por objetivo analisar a perspectiva de cirurgiões e médicos sobre o clima e as
doenças na América Portuguesa no decorrer do século XVIII. A partir dos tratados de medicina
e outros impressos, propõe compreender as observações locais e da experiência no Império
Português foram elementos que contribuíram para a construção de ideia de trópicos no saber
médico do período e para a elaboração de saberes específicos sobre as enfermidades e as
práticas de cura.

The article aims to analyze the perspective of surgeons and doctors on the climate and diseases
in Portuguese America during the 18th century. Based on the medical treaties and other printed
materials, it offers to understand how local observations and experience in the Portuguese
Empire were elements that contributed to the construction of the idea of the tropics in the

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02/04/2021 A construção dos trópicos na medicina portuguesa: saberes e práticas no ultramar do século XVIII
medical knowledge of the period and to the preparation of specific knowledge about illnesses
and healing practices.

Entradas no índice
Keywords: Tropics, Portuguese America, diseases, knowledge, 18th century
Palavras Chaves: trópicos, América Portuguesa, doenças, saberes, século XVIII

Texto integral

Saber local e experiências ultramarinas


1 Um dos aspectos que caracterizaram o saber médico na expansão ultramarina foi
não apenas a circulação de saberes, mas também a elaboração de interpretações sobre
os territórios coloniais. Com base no experimentalismo, os médicos, tanto na Europa
como em suas colônias, desenvolveram novos padrões de observação. Registros
deixados por viajantes, funcionários, colonos, médicos e cirurgiões foram importantes
para o conhecimento das potencialidades da natureza. Entretanto, alguns desses
relatos contribuíram para uma compreensão negativa dessas regiões, cuja natureza
fértil era também responsável por se tornar mortífera em razão das enfermidades,
muitas delas associadas à especificidade dos trópicos.1
2 Ao longo desse artigo pretendo abordar a perspectiva de cirurgiões e médicos sobre
o clima e as doenças na América Portuguesa no decorrer do século XVIII. A partir da
análise de tratados de matéria médica e outros impressos, busco mostrar como foram
construídas visões da natureza associada às enfermidades e de que maneira o saber
médico, nesse contexto, foi construído a partir das observações locais. Neste sentido,
apesar da diversidade da literatura médica do período, nas páginas seguintes serão
contemplados os textos produzidos a partir da experiência no Brasil e em outras
regiões do império português.
3 A perspectiva teórica se fundamenta, em grande parte, nas perspectivas que tomam
o saber local como elemento fundamental para se compreender a ciência na expansão
ultramarina. Distinta de uma abordagem difusionista da ciência moderna, o presente
estudo se articula com as abordagens centradas no papel da localidade no
desenvolvimento das práticas científicas e que têm se voltado para os estudos das
práticas e saberes nos espaços coloniais, privilegiando o “local” é um lugar de
circulação e reconfiguração do conhecimento. Parte-se do pressuposto de que a
produção do conhecimento ocorre dento de contextos regionais e delimitados. que
influem no tipo de saber obtido.2
4 Se por um lado, tal perspectiva abre um caminho para compreender o papel dos
agentes locais na elaboração da ciência; por outro, aponta para o fato de que a
circulação ocorre no âmbito de espaços, que são ao mesmo tempo sociais e físicos.
Sociais na medida em que diferentes formas de conhecimento são preservados por
grupos sociais ou instituições no âmbito de sociedades que extraem vantagens
específicas delas e procuram mantê-las; e físicos, porque ocorrem em espaços
delimitados por locais, áreas ou regiões.3
5 No que diz respeito ao conhecimento médico no contexto ibérico, a expansão
ultramarina e o contato com outros territórios, climas e enfermidades contribuíram
para a necessidade de elaboração de conhecimentos específicos que foram

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incorporados aos saberes médico e botânico desde o século XVI. De diferentes áreas
do Império Português, foram produzidas informações sobre os usos medicinais de
plantas, que circularam por meio de livros e manuscritos, difundindo conhecimentos
relevantes para os intercâmbios comerciais e de saberes e para a sobrevivência nas
embarcações e nos territórios.4 Nesse sentido, diversos estudos procuram dar ênfase
ao papel exercido pelos agentes locais na produção do saber médico no ultramar
ibérico, marcado pelo hibridismo de tradições médicas locais e europeias.5
Contemplando os processos de transferência e de circulação do saber médico,
Timothy Walker observa que, em razão da limitação convencional recursos médicos
europeus em seus enclaves coloniais, a prática médica portuguesa em todo o Império
era menos rígida e mais experimental do que o currículo nada flexível da
Universidade de Coimbra. Apesar do ensino fundamentado na tradição de autores
como Hipócrates, Galeno e Avicena, o qual perdurou até as reformas da Universidade,
em 1772, nos séculos XVII e XVIII houve considerável abertura a novos
conhecimentos médicos entre alguns médicos e cirurgiões, principalmente dentre
aqueles que serviam nas colônias. Distante da supervisão institucional restritiva, a
experimentação médica floresceu em Goa, Macau e no Brasil.6
6 Em amplo estudo sobre a ciência e a medicina no império português, Hugh Cagle
mostra como, a partir da segunda metade do século XVII, diversos médicos
portugueses – dentre os quais estavam Aleixo de Abreu, Simão Pinheiro Morão, João
Ferreira da Rosa, Manuel de Azevedo e João Curvo Semedo – transformaram o
império em um recurso epistêmico a partir de inquéritos em torno das doenças
“intertropicais”, como a varíola e a febre. Ao mesmo tempo em que incorporaram o
valor terapêutico de natureza, argumentavam que as doenças intertropicais exigiam
perspicácia curativa metropolitana. Dessa forma, procuraram construir sua
autoridade, reivindicando a combinação entre o ensino institucional e os itinerários
intertropicais como base de um conhecimento médico confiável. Ao longo do livro o
autor estabelece uma correlação entre o saber em torno das enfermidades, a expertise
médica adquirida nos domínios portugueses e a construção dos trópicos na medicina
portuguesa.7

“conforme a região e o clima onde nos


achássemos”
7 Um dos desdobramentos dos impressos de medicina publicados ao longo do
seiscentos sobre o Brasil foi o questionamento da imagem edênica, característica dos
primeiros tempos de colonização, a qual incluía, dentre outros motivos, o elogio à
temperança dos ares, fertilidade da terra e ausência das enfermidades.8 Tal percepção
se construiu ao longo do século XVII nos textos de medicina, dentre os quais se
destaca “Correçam de abusos” do médico frei Manuel de Azevedo, cuja primeira
edição data de 1668. Azevedo inicia sua obra exaltando seus feitos como protomédico
durante o período da União Ibérica. No período entre 1631 e 1635 viajou entre a Bahia
e as “Índias”, curando diversos enfermos de febres malignas. Procurando se distinguir
de seus pares, o médico considerava que as doenças curadas nas suas viagens, “em
terras e climas diferentes”, fizeram-no muito mais experiência que a dos médicos que
só saíram da Universidade.9
8 Conforme buscarei discutir, no século seguinte, a valorização da empiria e o contato
com as regiões assoladas por febres, disenterias e outras enfermidades continuaram a
ser relevantes para elaboração do saber médico português sobre o Brasil. Mesmo

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alguns relatos em que se procurava atenuar as condições de saúde na América


Portuguesa, era impossível ficar alheio aos males. É o caso das informações contidas
na “Historiologia médica”, publicada entre 1733 e 1752, do médico José Rodrigues de
Abreu. 10 O médico, integrante da comitiva do governador Antônio de Albuquerque às
Minas Gerais, em 1709, incorporou ao livro publicado posteriormente diversas
observações médicas sobre a Capitania de Minas Gerais, destacando seus “ares
benignos, e salutíferos”. Apesar do clima da região ser frio e úmido, por conjuração de
algum “astro benévolo”, em vez da destruição dos indivíduos, as espécies se
multiplicavam.11 Embora suas percepções possam ser inscritas na vertente edênica da
América,12 o médico não deixou de ressaltar que nas Minas não faltavam as febres
catarrais e inflamações distintas. Já em outras regiões, como São Paulo, abundavam
as níguas, conhecidos como “bichos de pé”, que os colonos tiravam de seus pés com
alfinetes; as lombrigas, as bexigas e resfriados.13
9 A maior parte dos dados sobre as doenças naquele contexto foram, entretanto,
produzidas por cirurgiões. Em razão do desenvolvimento da economia aurífera e da
vinda de muitos colonos e escravos para as Minas no século XVIII, a região se tornou
objeto de interesse dos cirurgiões e práticos de medicina. Atraídos pelas
oportunidades de ascensão econômica possibilitadas pelas atividades comerciais e
pelo tráfico de escravos, licenciados em cirurgia viram a possibilidade de irem além da
atuação que sua formação conferia, ocupando muitas vezes o lugar dos médicos,
fazendo prognósticos e curas, teorizando sobre enfermidades e medicamentos.14
Alguns desses cirurgiões viram na produção de tratados e outros impressos, formas de
obter distinção e reconhecimento, a exemplo de Luís Gomes Ferreira, João Cardoso
de Miranda e José Antônio Mendes. Seus escritos possibilitaram que o conhecimento
acerca do preparo de medicamentos singulares para diversos males e o uso de ervas
locais, que aprenderam com indígenas e mestiços, chegassem a Portugal.15 Apesar de
trajetórias distintas, esses cirurgiões tiveram em comum o fato de residirem na
América Portuguesa. Foi a partir das observações sobre as condições de vida das
populações locais e escravos que elaboraram o saber sobre as doenças. 16
10 Luís Gomes Ferreira foi o autor de um dos principais textos de matéria médica
sobre as Minas no setecentos, o “Erário Mineral” (1735). No livro, o autor destaca
aspectos de seu aprendizado no Hospital Real de Todos os Santos e sua experiência na
Carreira da Índia. Após desembarcar na Bahia, em 1707, fixou residência na Capitania
entre 1708 e 1733. Esse período foi de suma importância para que elaborasse seu
livro. Conciliando o saber médico da época – como Hipócrates, Galeno, Avicena e
também os autores portugueses, como Duarte Maderia e João Curvo Semedo – e as
tradições populares e locais sobre a doença, o livro de Gomes Ferreira oferece um
repertório das enfermidades que acometiam os habitantes das Minas e as terapêuticas
utilizadas para sua cura, dentre essas aquelas que eram “invento” do próprio autor.17
Observação e empiria foram o ponto de partida para o questionamento da autoridade
dos médicos da Antiguidade, presente em diversas partes do seu tratado: “quão
errados vão aqueles que são contumazes e atados aos conselhos e regras dos antigos” e
que “suposto que Hipócrates e Galenos sejam os oráculos antigos da medicina, não
são tão senhores dos entendimentos dos modernos que hajamos de crer por infalível
tudo o que eles disseram”.
11 O saber empírico que emerge das páginas do “Erário” permitiu também associar as
causas das doenças às condições específicas da natureza do Brasil. Neste sentido,
atribuía à doença que denominava de “corrupção-do-bicho” – caracterizada por
“largueza e relaxação do intestino reto e seus músculos” – o calor extraordinário que
aquela “parte adquire, ou por ser o tempo mui calmoso ou a região ser muito cálida,
como são os Brasis”. A “corrupção-do-bicho” era reputada como uma peste que

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assolou várias vidas na Bahia, a qual “procedia dos grandes calores que há na tal
cidade a maior parte do ano”. Luís Gomes Ferreira procura distinguir o Brasil e, em
particular a região Bahia, da zona tórrida: “como a causa desta doença é o excessivo
calor, como disse no princípio deste tratado, e esta região do Brasil foi reputada dos
antigos por zona tórrida e inabitável, enganaram-se, porque é habitável, e também se
enganaram em parte, porque não é tórrida, suposto bastantemente cálida quase todo
o tempo do ano (...) por ficar dentro dos trópicos”.
12 Ao mesmo tempo que procurava diferenciar os trópicos da “zona tórrida”, insistia
no fato de que os as doenças deveriam ser curadas “conforme a região e o clima onde
nos achássemos”, pois os autores quando escreveram a respeito das doenças das
Minas “estavam em outras terras mui remotas e de diferente clima e não tinham
notícia deste”.18
13 Ainda assim, não há como negar a influência de Hipócrates, Galeno e Avicena no
tratado em questão, autores que exerceram significativa influência na formação de
médicos e cirurgiões em Portugal naquele período.19 A despeito de sua complexidade,
tais concepções partiam do princípio de que o corpo era constituído por fluídos
essenciais, os humores (sangue, fleuma, bile amarela e negra) como mistura
equilibrada das qualidades dos humores (os temperamentos). A saúde do organismo
era entendida como harmonia das faculdades (o seco, o frio, o quente, o amargo, o
doce, etc) enquanto a doença era explicada como predomínio de uma qualidade ou
sua diminuição. Nessa perspectiva, a saúde poderia ser restituída por meio da adoção
de um “regime”, que constituía “as seis coisas não naturais”: o ar e o meio, o exercício
e o repouso, alimentação e as bebidas, o sono e a vigília, a retenção e a expulsão, e as
paixões da alma. Ou ainda por meio de intervenções, como a aplicação de remédios
purgativos e sangrias.20A influência dessas ideias é bastante sedimentada, podendo
ser identificada em vários tratados do setecentos.21
14 No “Erário” no lugar de “regime” utiliza-se o termo “regimento”, o qual deveria ser
observado para a cura de cada enfermidade. Assim, por exemplo, observava que a
cura dos cirros – uma espécie de tumor – conforme a opinião dos doutores, fazia-se
com “bom regimento de coisas de boa nutrição”.22 Mas os argumentos que serviam
para reforçar a autoridade do cirurgião era de que as enfermidades da região não
poderiam ser curadas por “principiantes do clima” e de que a experiência era a melhor
“mestra que todas as artes”.23 Com base nesses pressupostos, Gomes Ferreira buscou
elaborar não só as terapêuticas que melhor se adequassem ao clima, como questionar
a validade de outras, a exemplo das sangrias, um dos principais recursos
recomendados para reestabelecer o equilíbrio humoral na medicina da época.24 Em
diversas passagens, o cirurgião ponderava sobre sua necessidade, mobilizando dentre
outros argumentos, que era preciso usar “as sangrias com moderação, porque neste
clima é muito necessário poupar as forças, a respeito dos mantimentos serem de
pouca sustância e pouco nutritivos”.25
15 A reavaliação da terapêutica adotada em Portugal a partir das condições locais seria
objeto também de João Cardoso de Miranda. Formado em cirurgia em Portugal, em
1719, o cirurgião viajou para Espanha e França para aperfeiçoar seu aprendizado.
Além disso, foi integrante do círculo brasílico da Academia Portopolitana dos
imitadores da natureza, instituição criada em Portugal, em 1749. Antes de ser membro
da Academia, Cardoso de Miranda estabeleceu-se na Bahia, por volta de 1726, onde
autou como cirurgião e traficante de escravos. Com o propósito de divulgar o remédio
que descobrira para o escorbuto publicou “Relação cirurgica, e médica, na qual se
trata, e declara especialmente hum novo methodo para curar a infecção escorbutica”,
sendo a primeira edição impressa provavelmente em 1747.26

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16 No caso da “Relação cirúrgica”, a obra foi escrita para divulgar o remédio para a
cura do escorbuto, enfermidade que, em razão da sua suposta origem, era conhecida
como “mal de Luanda", responsabilizada pelo adoecimento e óbito de muitos escravos
provenientes do Reino de Angola e Costa da Mina para a Bahia. A ênfase em
enfermidades como o escorbuto, as disenterias e as febres faziam parte do catálogo de
doenças que eram, desde a segunda metade do seiscentos, identificadas com os
trópicos e objeto de atenção dos médicos portugueses.27 Além do escorbuto, Cardoso
Miranda incluiu em seu tratado o diagnóstico e tratamentos indicados para diversos
males, como as febres intermitentes, bexigas e sarampos, carbúnculo e outras
enfermidades de que teve notícias na Bahia.
17 Sua abordagem sobre a terapêutica a ser usada se aproximava em vários aspectos
da perspectiva adotada por Gomes Ferreira. Tal como seu colega de ofício
compartilhava da concepção hipocrática e galênica mencionada acima. Entre outros
aspectos, fundamentava-se em Hipócrates e seus comentadores para defender que nas
febres agudas não se devia usar de sangria e com muito poucos remédios.28
18 Apesar das várias menções a Hipócrates e Galeno, Cardoso de Miranda também
procurou adaptar as terapias indicadas no tratamento das enfermidades às condições
locais. Ponderava em diversas ocasiões que erravam aqueles que seguiam Galeno e
Avicena e faziam sangrar o enfermo até lançar sangue pela sepultura.29 Os médicos
nas purgas e sangrias deveriam considera o temperamento e a disposição do enfermo,
mas também o clima, que na Bahia era sempre calidíssimo.30 Em várias ocasiões, o
argumento da especificidade climática como critério a ser observado se repetia. Em
determinada passagem, Cardoso de Miranda mencionou o caso de um prático de
cirurgia que encontrou poucos casos de paralesias em clima frio, como é o da França,
mas seria diferente se ele assistisse no “clima desta Bahia”.31
19 A doenças situadas na América Portuguesa faziam-se presente igualmente na obra
de José Antônio Mendes, “Governo de mineiros mui necessário para os que vivem
distantes”, de 1770. O livro foi o resultado de mais de trinta e cinco anos em que atuou
entre as capitanias da Bahia e Minas, boa parte deles trabalhando nos hospitais do
Contrato diamantino e no hospital do Regimento dos Dragões da capitania das Minas,
localizado no Serro do Frio.32 A exemplo do “Erário”, Antônio Mendes procurou
divulgar conhecimentos para que os “curiosos da dispersa América” pudessem
remediar os escravos e domésticos de sua casa. Embora reconhecesse que a
administração dos remédios internos fosse atribuição dos “professores de medicina”,
justificava sua obra em razão da ausência de assistência médica naquelas paragens,
fazendo-se necessário que os “curiosos” soubessem como administrar os remédios
interiormente, em sua qualidade e quantidade.33 No período em que esteve na região
do Serro Frio, constatou que ali se encontravam “várias queixas, e casos nunca vistos
nesta Europa”. Por essa razão, explorava vários “inventos particulares”; remédios que
sua experiência e diligência tinham mostrado ter “singulares no efeito do clima da
América.” 34
20 Tais questões continuaram a ser relevantes na segunda metade do século XVIII,
período em que se aprofundou o contato com a natureza “tropical” a partir de novos
princípios. Nesse contexto, as investigações empíricas sobre as doenças e sua relação
com o meio ambiente, base do neo-hipocratismo, ganharam o reforço dos estudos
mais precisos, com base em questionários e métodos estatísticos que auxiliaram no
estabelecimento de topografias médicas. 35 A partir da influência da química na
medicina, na literatura médica europeia tornou-se comum associar as doenças aos
miasmas, causados pela infecção do ar por gases ou vapores pútridos.36 Um dos
autores associados ao neo-hipocratismo é Sydenham, que, no século XVII, a partir de
um conjunto de fenômenos e condições naturais, definiu uma abordagem histórica e

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geográfica da doença, constituída por meio das topografias – a situação dos lugares, o
terreno, a água, o ar, a sociedade, os temperamentos dos habitantes –, observações
meteorológicas, análise das epidemias reinantes e descrição dos casos
extraordinários.37
21 Tais premissas não deixaram de estar presentes nas obras que se referiam ou foram
produzidas a partir da América Portuguesa e outros domínios do Império Português
nas últimas décadas do século XVIII. A partir da reforma do ensino de medicina na
Universidade de Coimbra, em 1772, e do contato com centros de formação europeus,
como Edimburgo e Montpellier, os médicos portugueses e luso-brasileiros tiveram
contato com diversas teorias, o que permitiu a renovação dos estudos médicos em
Portugal.38 Nesse sentido, destaca-se a figura de José Pinto de Azeredo. Nascido no
Brasil, estudou medicina em Edimburgo entre 1786 e 1788, com passagem em Leiden
(1788). Em 1789, ele foi autorizado a exercer medicina em Portugal e nos domínios
ultramarinos e nomeado por D. Maria I como físico-mor de Luanda (Angola),
atividade que assumiria somente em 1790. Antes, exerceu a prática de medicina e
atividades clínicas no Rio de Janeiro, Pernambuco e na Bahia, voltando para Angola,
com chegada provável a Luanda em outubro de 1790, onde produziu sua principal
obra a partir das observações sobre as doenças que ali grassavam registradas no
“Ensaio sobre algumas enfermidades de Angola” (1799).39
22 A partir de experimentos que realizou no Rio de Janeiro, publicou uma memória no
“Jornal Enciclopédico”, importante periódico científico de divulgação impresso em
Portugal.40 Tratava-se do “Exame químico da atmosfera do Rio de Janeiro...”, em que
estabeleceu relações entre a qualidade do ar daquela cidade e as enfermidades.
Tributário das ideias de Sydenham, o “mais perspicaz observador da natureza”,
considerava a “patologia humoral” insuficiente para explicar as causas das doenças.
Segundo apontava, somente com as descobertas da ciência moderna e da química,
tornou-se possível examinar mais profundamente a atmosfera, de modo a distinguir a
qualidade de três tipos de ar e seus efeitos diversos no organismo: o ar puro, o ar fixo
e o ar mophete, de natureza praticamente desconhecida.41 Após realizar o exame da
atmosfera, concluía que aquela cidade “possuía menos ar puro e fixo e mais ar
mophete que na Europa, sustentando a hipótese de que talvez fosse aquele ar
“atraindo os vapores maus das lagoas, e águas encharcadas ainda servindo de
alimentos a certos insetos que atacam o nosso corpo [...] a causa condutora das
enfermidades”.42 Entretanto, foi na obra sobre as enfermidades de Angola que José
Pinto de Azeredo retomou a ideia do clima como elemento que reunia as diferentes
partes do Império Português, destacando que as “febres de Angola são da mesma
natureza daquelas que se observam em outros países situados na zona tórrida”, tendo
a oportunidade de observar o mesmo no “Rio de Janeiro, na Bahia e em
Pernambuco”.43 O périplo entre Angola e Brasil permitiu que o médico retomasse a
perspectiva de uma identificação epistêmica dos trópicos, fundada na natureza das
febres.
23 Embora seja difícil mensurar os impactos dos conhecimentos produzidos nesse
período acerca das regiões sob influência portuguesa, pode-se considerar que muitos
homens de ciência luso-brasileiros ligados à Ilustração não somente promoveram um
diálogo com o Iluminismo europeu, como também produziram um conhecimento
específico atrelado às necessidades dos trópicos.44 Em relação à América Portuguesa,
esse tipo de contribuição pode ser exemplificada não somente por Pinto de Azeredo,
como por outros relatos, a exemplo do “Tratado das enfermidades endêmicas do Rio
Negro”,45 memória de Antônio José de Araújo Braga, cirurgião de Barcelos, escrita
com o propósito de passar informações ao naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira.46
Encarregado de enviar dados a respeito da flora, da fauna, da população e da

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agricultura do Pará à Secretaria do Estado de Marinha e Negócios Ultramarinos,


Alexandre Rodrigues Ferreira solicitou ao cirurgião uma “escrupulosa averiguação de
cada uma das enfermidades, suas causas, sintomas e prognósticos”, bem como a
“história dos venenos e seus antídotos”.47
24 Antônio José de Araújo Braga procura estabelecer uma espécie de topografia
médica da região, com observações sobre o clima, a vegetação e a geografia. Destaca,
dentre outros aspectos, ser uma “constante, que a atmosfera entre os trópicos é
quente e úmida, e que estes países são regados de inundáveis e caudalosos rios”, razão
pela qual esssa atmosfera estava carregada de “miasmas podres” e, com as enchentes,
o ar tornava-se demasiado denso, resultando na proliferação de doenças. Com o calor
a “porção mais espirituosa do sangue todos os dias se dissipa; sai pela transpiração,
pelo suor e pela urina”, de onde procedem as lepras, vômitos, câmaras de sangue e
febres ardentes. Chamou atenção ainda para o fato de que índios e negros eram mais
suscetíveis aos achaques, concorrendo para isso os alimentos que usavam, os
violentos trabalhos e a “exposição do corpo ao ar ambiente, porque sempre andam
nus e deste modo sujeitos às impressões do sol e da chuva, do calor e da umidade.” 48
25 O próprio Alexandre Rodrigues Ferreira deixou manuscritos nos quais discorreu
sobre as enfermidades das regiões percorridas por ele, estabelecendo prognósticos e
terapêuticas adequadas a cada uma delas. O seu relato permite observar um esforço
de mediação entre o conhecimento médico disponível à época e a observação
empírica.49 Em acordo com os protocolos utilizados pela medicina do período, para
entender as causas próximas e remotas da enfermidade, o naturalista inicia com
considerações a partir de uma noção física do país. Observou que uma das principais
razões para a ocorrência das enfermidades na região do Mato Grosso era a inundação
dos rios. A exemplo do que ocorria em Portugal e Angola, depois das inundações, as
matérias das enxurradas apodreciam, infectando o ar e produzindo “podridão nos
corpos”, levando à manifestação de febres e disenterias. O próprio ar, com os efeitos
do seu calor, era a causa de diversas enfermidades.50
26 Ao longo desse artigo espero ter mostrado como cirurgiões e médicos elaboraram, a
partir de suas obras, uma percepção das doenças sobre a América Portuguesa. Os
textos aqui discutidos, embora tenham especificidades e tenham sido produzidos em
momentos distintos, tinham como elemento comum o fato de terem sido elaborados a
partir das experiências locais, em diversas regiões da América Portuguesa. Em face
das observações sobre as enfermidades, estabeleceram uma visão que associava a
natureza americana aos trópicos e esses – conforme é possível identificar em alguns
textos – a necessidade de uma terapêutica que se adequasse àquela realidade. Ao
mesmo tempo em que a distância de Portugal permitiu a elaboração de um saber
ancorado na empiria por parte de médicos e cirurgiões, esse contato colaborou
também para a elaboração de uma interpretação distinta sobre a natureza das
enfermidades dos trópicos.

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escravos”, in, Laura de Mello e Souza Furtado; Júnia Ferreira Furtado e Maria Fernanda
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Notas
1 Cagle, Hugh. Assembling the Tropics: science and Medicine in Portugal’s Empire, 1450-
1700, Cambridge Cambridge University Press, 2018; Arnold, David, “The place of the tropics in
Western medical ideas since 1750”, Tropical Medicine and International Health, vol. 2, no 4,
1997, p. 303-313
2 Para tais questões ver: Raj, Kapil, Relocating Modern Science: circulation and the
Construction of Knowledge in South Asia and Europe,1650–1900, Basingstoke, Palgrave
Macmillan, 2007; Raj, Kapil. “Beyond Postcolonialism... and Postpositivism. Circulation and
the Global History of Science”, Isis, no 104, 2013, p. 337-347; Raj, Kapil, Networks of
knowledge, or spaces of circulation? The birth of British cartography in colonial south Asia in
the late eighteenth century, Global Intelectual History, vol. 2, no 1, 2017, p. 49-66; Livingstone,
David N, Putting science in its place: geographies of science knowledge, Chicago, University of
Chicago Press, 2013.
Wendt, Helge, “Introduction: Competing Scientific Cultures and the Globalization of
Knowledge in the Iberian Colonial World” in Helge Wendt (Ed.), The Globalization of
Knowledge in the Iberian Colonial World, Series Max Planck Research Library for the History
and Development of Knowledge, Proceedings; 10, Edition Open Access, 2016, p. 17
3 Raj, Kapi, “Networks of knowledge, or spaces of circulation?, op. cit, p. 53
4 Sobre esses aspectos há diversos estudos, dentre os quais pode-se citar: Gesteira, Heloisa
M, “Práticas médicas e circulação de saberes na América Portuguesa”, in Heloisa Gesteira,
Franklin Leal e Maria Claudia Santiago (org.), Formulário Médico; manuscrito atribuído aos
jesuítas e encontrado em uma arca da igreja de São Francisco de Curitiba, Rio de Janeiro,
Editoria Fiocruz, 2019, p. 17-42, p. 17-42; Walker, Timothy, “Acquisition and circulation of
medical knowledge within the Portuguese Colonial Empire during the Early Modern Period” in
Daniela Bleichmar et al. (eds., Science, power and the order of nature in the Spanish and
Portuguese Empires. Stanford University Press, 2009, p. 247-270; Domingues, Ângela, “The
Portuguese discoveries and their influence on European Medicine” in Actas do Workshop
Plantas medicinais e práticas fitoterapêuticas nos trópicos, Lisboa, IICT, 2008; Cook, Harold
J; Walker, Timoth, “Circulation of Medicine in the Early Modern Atlantic World”, Social
History of Medicine, vol. 26, no 3, 2013, p. 337–351
5 Ver a respeitos os estudos de: Bracht, Fabiano, “Entre brâmanes, cirurgiões e mercadores:
agentes da produção e circulação do conhecimento médico no Oriente português setecentista”,
Topoi, Rio de Janeiro, vol. 21, n. 44, maio-ago. 2020, p. 374-393; Bracht, Fabiano, “Medicina
Oriental: Filosofia Natural, Medicina e Farmácia na obra de Luís Caetano de Meneses”, Revista
de História (USP), vol. 178, 2019, p. 1-40;Bracht, Fabiano; Polónia, Amélia, “Circulating
Knowledge: Eighteenth-Century Medical Manuscripts produced in Portuguese India” in
Poonam Bala (ed.) Learning from empire: Medicine, Knowledge and Transfers under
Portuguese Rule, Cambridge Scholars Publishing, 2018, p. 51-73; e Rodrigues, Eugénia,
“Moçambique e o Índico: a circulação de saberes e práticas de cura”, Métis”: história & cultura,
vol. 10, no 19, jan-jun. 2011, p. 15-41
6 Walker, Timothy, “Global Cross-Cultural Dissemination of Indigenous Medical Practices
through the Portuguese Colonial System: Evidence from Sixteenth to Eighteenth-Century
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Ethno-Botanical Manuscripts” in Wendt, Helge (Ed.). op. cit., p. 163-166; Walker, Timothy,
“The Medicines Trade in the Portuguese Atlantic World: Acquisition and Dissemination of
Healing Knowledge from Brazil (1580–1800)”, Social History of Medicine, vol. 26, no 3,
p. 403–431, 2013, p. 409.
7 Cagle, Hugh, op. cit, p. 12-13, p. 308.
8 Cable, Hugh, op. cit, p. 284-285
9 Azevedo, Manuel de, Correcçam de abusos introduzidos contra o verdadeiro methodo da
Medicina : em tres trattados... Lisboa, na Officina de Manoel Lopes Ferreira, 1690, p. IV-V Para
uma análise da trajetória de Azevedo e os significados de sua obra ver: Cable, Hugh, op. cit,
p. 282-285
10 A obra é dividida em dois tomos, com o 1º tomo em 1733, e o 2º tomo compreendendo
três partes, em 1739, 1745 e 1752, respectivamente.
11 Abreu, José Rodrigues de, Historiologia medica, fundada e estabelecida nos principios de
George Ernesto Stahl, Lisboa, na Officina de Antonio de Sousa da Sylva, 1739, Tomo segundo,
p. 515
12 Furtado, Júnia Ferreira, “As índias do conhecimento ou a geografia imaginária da
conquista do ouro”, Anais de história de Além-mar, Lisboa, vol. IV, 2003, p. 155-212.
13 Abreu, José Rodrigues de, op. cit, Tomo primeiro, p. 597-600
14 Ribeiro, Márcia Moisés, “Nem nobre, nem mecânico: A trajetória social de um cirurgião
na América portuguesa do século XVIII”, Almanack Braziliense, vol. 2, 2005, p. 64-75
15 Palma, Monique, “Construção e transferência de saberes médico-cirúrgicos entre Portugal
e a América portuguesa no século XVIII”, in Amélia Polónia et. al., História e Ciência: Ciência e
Poder na Primeira Idade Global, Porto, Portugal, 2016, p. 78-93; Walker, Timothy, “The
Medicines Trade in the Portuguese Atlantic World: Acquisition and Dissemination of Healing
Knowledge from Brazil (c. 1580–1800)”, op. cit, p. 409; Wissenbach, Maria Cristina,
“Cirurgiões e mercadores nas dinâmicas do comércio atlântico de escravos”, in, Laura de Mello
e Souza Furtado; Júnia Ferreira Furtado e Maria Fernanda Bicalho (Org.), O governo dos
povos, São Paulo, Alameda, 2009, p. 281-300; Furtado, Júnia Ferreira, “Tropical Empiricism:
Making Medical Knowledge in Colonial Brazil” in James Delbourgo e Nicholas Dew (Orgs.),
Science and Empire in the Atlantic World, New York, Routledge, 200, p. 127-152
16 Saber empírico, experimentação médica e conhecimento sobre as enfermidades dos
escravos caminharam juntos no século XVIII. Sobre a questão ver: Schiebinger, Londa, Secret
cures of slaves: people, plants, and medicine in the eighteenth-century Atlantic world, 2017
17 Furtado, Júnia Ferreira, “Arte e segredo: o licenciado Luís Gomes Ferreira e seu
caleidoscópio de imagens”, in Luís Gomes Ferreira, Erário mineral [1735], Belo Horizonte,
Fundação João Pinheiro, Centro de Estudos Históricos e Culturais; Rio de Janeiro, Fundação
Oswaldo Cruz, 2002. (Edição Organizada por Júnia Ferreira Furtado), 2 vol., p. 4-5;.
18 Ferreira, Luís Gomes, op. cit., p. 471
19 Sobre a tradição hipocrática e galênica ver, dentre outros: Rebollo, Regina Andrés, “O
legado hipocrático e sua fortuna no período greco-romano: de Cós a Galeno”, Scientiae Studia,
São Paulo, vol. 4, n. 1, 2006, p. 45-81; Nutton, Vivian, “The seeds of disease: an explanation of
contagion and infection from the Greeks to the Renaissance”,Medical History, vol. 27, 1983,
p. 1-34; Nutton, Vivian, Ancient medicine, London/New York, Routledge, 2013. Utilizamos a
edição em Português. Nutton, Vivian, Medicina Antiga, Rio de Janeiro, Forense Universitária,
2017, p. 96-97.
20 Vigarello, Georges; Porter, Roy, “Corps, santé et maladies” in Georges Vigarello (Dir.),
Histoire du corps. De la Renaissance aux Lumières, Paris: Éditions du Seuil, 2005; p. 336-339;
Porter, Roy, Das tripas coração: Uma breve história da medicina, Rio de Janeiro, Record,
2004, p. 42-45
21 Emch-Dériaz, Antoinette, “The non-naturals made easy” in Roy Porter (Org.), The
popularization of medicine 1650-1850, London, Routledge, 2001, p. 134-159.
22 Ferreira, Luís Gomes, op. cit., p. 498
23 Ferreira, Luís Gomes, op. cit., p. 651
24 Santos, Georgina Silva dos, “A arte de sangrar no Lisboa do Antigo Regime”, Tempo,
Niterói, vol. 10, no 19, 2005 p. 43-60
25 Ferreira, Luís Gomes, op. cit., p. 260

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02/04/2021 A construção dos trópicos na medicina portuguesa: saberes e práticas no ultramar do século XVIII
26 Miranda, João Cardoso de, Relação cirurgica, e medica, na qual se trata, e declara
especialmente novo método para curar uma infração escorbutica, ou mal de Loanda, e todos
os seus produtos, fazendo para que isso se manifeste de maneira específica e muitos remédios
particulares, Lisboa, Na Officina de Manoel Soares, 1752.
27 Cable, Hugh, op. cit, p. 278-279
28 Miranda, João Cardoso de, op. cit, p. 83-85
29 Miranda, João Cardoso de, op, cit, p. 212
30 Miranda, João Cardoso de, op. cit, p. 171
31 Miranda, João Cardoso de, op. cit, p. 179
32 Sobre a trajetória do cirurgião ver: Ribeiro, Márcia Moisés, “Nem nobre, nem mecânico: A
trajetória social de um cirurgião na América portuguesa do século XVIII”, op. cit, p. 64-75
33 Mendes, José Antônio, Governo dos mineiros, mui necessários aos que vivem distantes
de professores seis, oito, dez e mais léguas, padecendo por esta causa os seus domésticos e
escravos queixas, que pela dilaçam dos remédios se fazem incuráveis, e as mais das vezes
mortais, Lisboa, Officina de Antônio Rodrigues Galhardo, 1770, p. XV
34 Mendes, José Antônio, op. cit, p. XII-XVI
35 Sobre esses aspectos ver, dentre outros: Jordanova, Ludmila,“Earth Sciences and
environmental Medicine: the synthesis of the late Enlightenment” in Ludmila Jordanova e Roy
Porter (ed.), Images of the Earth. Essays in the History of the Environmental Sciences,
Chalfont St Giles: British Society for the History of Science, 1997 (Second, revised and enlarged
edition ), p. 127-151; Osborne, Michael A., “Resurrecting Hippocrates: hygienic sciences and the
French scientific”: expeditions to Egypt, Morea and Algeria”, In: David Arnold (Org.), Warm
climates and Western medicine: the emergence of tropical medicine, 1500-1900, Amsterdam,
Rodop, 1996, p. 80-98;
36 Corbin, Alain. Saberes e odores: o olfato e o imaginário social nos séculos dezoito e
dezenove, São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 19-22
37 Foucault, Michel, O nascimento da clínica, Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2001,
p. 23; Grmek, Mirko D, “Le concept de maladie”, in Mirko D. Grmek, (Dir.) Histoire de la
pensée médicale en Occident. De la Renaissance aux Lumières, Paris, Éditions du Seul, p. 167-
170
38 Sobre a reforma do ensino na Universidade de Coimbra ver: PITA, João Rui. Farmácia,
medicina e saúde pública em Portugal (1772-1836). Coimbra: Livraria Minerva Editora, 1996.
39 Sobre a trajetória de José Pinto de Azeredo ver: Oliveira, António Braz, “Do Rio a Lisboa,
passando a Luanda: achegas para uma biografia de José Pinto de Azeredo”, in José Pinto de
Azeredo, Ensaio sobre algumas enfermidades de Angola, Lisboa, Colibri, 2013, p. 153-176
(Edição de António Braz Oliveira e Manuel Silvério Marques); Abreu, Jean Luiz Neves, “O saber
médico e as experiências coloniais nos ensaios sobre algumas enfermidades de Angola”, in
Azeredo, José Pinto de, op. cit., p. 189-212;
40 REIS, Fernando Egídio,” Enciclopedismo – Conhecimento para um público
diversificado”, in Fernando Egídio Reis (Coord.) Felicidade, utilidade e instrução: A divulgação
científica no Jornal Enciclopédico dedicado à Rainha 1779; 1788-1793; 1806, Porto, Porto
Editora, 2005, p. 1-35
41 A nomenclatura utilizada por José Pinto Azeredo para designar as qualidades dos ares
corresponde à utilizada na química de fins do século XVIII. O ar puro correspondia ao oxigênio,
o ar fixo, ao dióxido de carbono, e o ar mophete uma composição em que entrava o azoto,
designava o nitrogênio. Pita, João Rui et al, O médico brasileiro José Pinto de Azeredo (1766-
1810) e o exame químico da atmosfera do Rio de Janeiro, História, ciências, saúde –
Manguinhos, vol. 12, no 13, set-dez, 2005, p. 617-673.
42 Exame químico da atmosfera do Rio de Janeiro, feito por José Pinto Azeredo, doutor em
medicina pela Universidade de Leyde, físico-mor, e professor de medicina do Reino de Angola,
Jornal encyclopédico, Artigo I, História Natural, Física e Química, março, 1790, p. 259-285.
43 Azeredo, José Pinto, Ensaios sobre algumas enfermidades de Angola, op. cit., p. VII.
44 Kury, Lorelai, “Homens de ciência no Brasil: impérios coloniais e circulação de
informação (1780-1810)”, História, Ciências, Saúde – Manguinhos, vol. 11 (suplemento 1),
2004, p. 109-129
45 Na edição consultada “da Viagem Filosófica” a memória do cirurgião é intitulada de
“Observações médicas de Antônio Araújo Braga”. A referência ao título “Tratado das

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02/04/2021 A construção dos trópicos na medicina portuguesa: saberes e práticas no ultramar do século XVIII
enfermidades endêmicas do Rio Negro” consta em: Kodama, Kaori, “As Artes da Cura e a
Medicina no Século XVIII na Botica de Viagem de Alexandre Rodrigues Ferreira”, in Ângela
Porto (Org.), Enfermidades Endêmicas da Capitania de Mato Grosso: a memória de Alexandre
Rodrigues Ferreira, Rio de Janeiro, Editora da Fiocruz, 2008, p. 123-145.
46 O naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira percorreu as capitanias do Grão-Pará, Rio
Negro, Mato Grosso e Cuiabá entre 1783 e 1792. Inserindo-se no movimento das viagens
filosóficas, o naturalista produziu uma série de manuscritos, que só vieram a público
posteriormente, no século XIX. Raminelli, Ronald, “Ciência e colonização: Viagem filosófica de
Alexandre Rodrigues Ferreira”, Tempo, Rio de Janeiro, n.6, 1998, p. 157-182
47 Ferreira, Alexandre Rodrigues, Viagem filosófica ao Rio Negro, Belém, Museu Paraense
Emílio Goeldi, CNPQ, Fundação Roberto Marinho, 1983, p. 743-744
48 Ferreira, Alexandre Rodrigues, op. cit,. 745-755
49 Kodama, Kaori, op. cit.,, p. 123-141.
50 Enfermidades endêmicas da Capitania de Mato Grosso, op. cit., p. 28

Para citar este artigo


Referência eletrónica
Jean Luiz Neves Abreu, «A construção dos trópicos na medicina portuguesa: saberes e
práticas no ultramar do século XVIII», Nuevo Mundo Mundos Nuevos [Online], Debates, posto
online no dia 29 março 2021, consultado o 02 abril 2021. URL:
http://journals.openedition.org/nuevomundo/84176

Autor
Jean Luiz Neves Abreu
Universidade Federal de Uberlândia

Direitos de autor

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Commons Attribution - Pas d'Utilisation Commerciale - Pas de Modification 4.0 International.

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