Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Introdução
1
conhecimento tácito (NONAKA, 1994). Neste sentido, Abel (2001) sustenta que para
resolver problemas em domínios imagísticos são necessários conceitos que não podem
ser completamente representados através de um vocabulário proposicional.
O presente artigo está organizado como segue. Na seção 2, são discutidas as abordagens
utilizadas atualmente para derivar conclusões em domínios imagísticos. Na seção 3, é
apresentada a noção de conhecimento visual. Na seção 4, são introduzidos os conceitos
fundamentais da Estratigrafia Sedimentar - o domínio de aplicação da abordagem
2
apresentada. Na seção 5, é apresentada a abordagem proposta neste trabalho.
Finalmente, na seção 6 são resumidos os principais resultados atingidos.
3. Conhecimento visual
3
triângulo de Ullmann (ULLMANN, 1979), que representa a relação entre um objeto da
realidade, um conceito em uma conceitualização e um símbolo em uma linguagem. Um
objeto da realidade é uma porção distinta da realidade, um conceito constitui uma
representação mental abstrata do objeto da realidade que permite ao ser humano lidar
com o mundo externo, enquanto um símbolo constitui uma das possibilidades de
externalizar conceitos em processos de comunicação que visam compartilhar uma
conceitualização entre os membros de uma comunidade. Neste sentido, conhecimento
visual refere-se ao vértice do triângulo de Ullmann que corresponde à conceitualização.
Já uma representação pictórica de uma cena (como um desenho, ou mapa), por outro
lado, constitui uma representação externa de uma conceitualização interna. Estas
representações pictóricas do conhecimento visual são utilizadas pelas pessoas para
expressar o conhecimento que resiste a uma representação proposicional. Para
distinguir a representação simbólica de conceitos proposicionais e visuais e suas
visualizações, em (LORENZATTI, 2010) é proposta a extensão do triângulo de
Ullmann (Figura 1) através da adição de uma nova dimensão: representação pictórica
em uma visualização. Assim, um conceito é representado pelo seu nome em uma
linguagem e/ou por uma imagem, desenho, gráfico ou ícone. A correspondência entre a
representação pictórica e um símbolo em uma linguagem, quando ambos referem-se ao
mesmo conceito é estabelecida através de uma relação de ancoramento.
4
proposicionais para representar componentes tácitos do conhecimento visual dos
especialistas do domínio da Estratigrafia Sedimentar. Nesta abordagem as
representações pictóricas não são meras ilustrações de conceitos simbolicamente
representados, mas sim componentes significativos de conhecimento, sem os quais a
organização ontológica do domínio permaneceria incompleta, uma vez que sem tais
representações os especialistas não são capazes de comunicar conceitos visuais
importantes do domínio.
4. Estratigrafia Sedimentar
5
deposicional e organizando uma taxonomia de processos deposicionais com suas
características. Os modelos apresentados foram construídos com base no framework
teórico de meta-propriedades e meta-tipos desenvolvido por Nicola Guarino
(GUARINO, 2000) e Giancarlo Guizzardi (GUIZZARDI, 2005).
Um processo deposicional, por sua vez, é um ocorrente (que ocorre no tempo), que não
é analisado através das partes temporais que o compõem, mas através dos resultados
que produz. Assim, Processo Deposicional é classificado como um Processo (Process),
de acordo com a UFO-B (GUIZZARDI, 2005). Os processos deposicionais são
distinguidos através de 6 atributos fundamentais: agente transportador, viscosidade do
fluido, densidade do fluido, energia, regime de fluxo e tipo de corrente. Através do
levantamento destes atributos foi possível determinar uma taxonomia preliminar de
processos deposicionais (Figura 2).
5. A abordagem proposta
6
arquitetura que viabilize a utilização efetiva destes modelos híbridos em processos de
raciocínio automático, buscando demonstrar que as representações visuais previstas em
(LORENZATTI, 2010) capturam conceitos significativos e suficientes para dar suporte
à resolução de problemas no domínio.
7
representações são icônicas (PEIRCE, 1931-1958), ou seja, são signos que fazem
referência ao objeto da realidade através do compartilhamento de aspectos visuais com
os mesmos. É importante observar que, nesta perspectiva, o especialista integra a
abordagem como um recurso computacional, desempenhando o papel de extrator das
feições geológicas de interesse, e seletor das representações visuais que casam com
estas feições. Ao descrever um objeto da realidade com tais representações pictóricas,
subjacentemente, o sistema de descrição recupera o conjunto de símbolos ancorados a
elas. Na Figura 4 é apresentado um exemplo de definição de conceito que aplica este
procedimento.
8
propriedades do processo deposicional, a partir das propriedades visuais da fácies
descrita, utilizando para isso as regras que associam características do processo
deposicional a características da fácies gerada. A segunda etapa compreende a
classificação do processo deposicional gerador da fácies, a partir das características
levantas na etapa anterior, utilizando para isso a taxonomia de processos deposicionais.
6. Considerações finais
9
arquitetura com os resultados obtidos por especialistas que dão suporte a este projeto na
interpretação dos mesmos dados.
Referências
ABEL, Mara. Estudo da Perícia em Petrografia Sedimentar e sua Importância para a Engenharia
do Conhecimento. Tese (Doutorado em Ciência da Computação) - Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. 2001.
DUBEY, B.; BHAGWAT, S.; SHOUCHE, S.; SAINIS, J. Potential of Artificial Neural Networks in
Varietal Identification using Morphometry of Wheat Grains. Biosystems Engineering, [S.l.], v.94,
p.477–485, 2006.
FÁVERA, J. C. D. Fundamentos de Estratigrafia Moderna. Rio de Janeiro, Brasil: Editora da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2001.
GUARINO, N.; WELTY, C.,
A Formal Ontology of Properties
. Proceedings of the 12th Int.Conf.
on Knowledge Engineering and Knowledge Management, 2000.
GUIZZARDI, Giancarlo. Ontological foundations for structural conceptual models. Tese de
doutorado, University of Twente, Enschede, The Netherlands. 2005.
LATHROP, Scott. D. Extending Cognitive Architectures with Spatial and Visual Imagery
Mechanisms. Tese (Doutorado em Ciência da Computação) - The University of Michigan. 2008
LORENZATTI, Alexandre; ABEL, Mara; NUNES, Bruno R.; SCHERER, Claiton M. S.. Ontology for
Imagistic Domains: Combining Textual and Pictorial Primitives. In: Advances in Conceptual
Modeling - Challenging Perspectives. Anais... Gramado, Brazil: Springer, v. 5829, 2009. p. 169-178.
(LNCS).
LORENZATTI, Alexandre. Ontologia para domínios imagísticos: combinando primitivas textuais
e pictóricas. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
2010a
LORENZATTI, Alexandre; ABEL, Mara; FIORINI, Sandro R.; BERNARDES, Ariane; SCHERER,
Claiton M.. Ontological Primitives for Visual Knowledge. In: 20th SBIA - Brazilian Symposium on
Artificial Intelligence, 2010b, São Bernardo do Campo. Lectures Notes in Artificial Intelligence, 2010.
NONAKA, Ikujiro. The dynamic theory of organizational knowledge creation. Organization
Science, [S.l.], v.5, p.14–37, 1994.
PRESS, S, F., SIELVER, R., GROEZINGER, J., and JORDAN, T. H. (2004). Para Entender a Terra
4.ed. Porto Alegre: Bookman.
ROSS, N. E.; PRITCHARD, C. J.; RUBIN, D. M.; DUSE´, A. G. Automated image processing
method for the diagnosis and classification of malaria on thin blood smears. Medical and
biological engineering and computing, [S.l.], v.44, p.427–436, 2006.
PEIRCE, Charles S.. Collected Papers. Vols. 1-6, eds. C. Hartshorne & P. Weiss, vols.
7-8, ed. A.W. Burks. Cambridge, Mass.: Harvard Univ. Press, 1931-1958.
ULLMANN, S., Semantics: An Introduction to the Science of Meaning. Oxford: Rowman &
Littlefield. 1979.
10